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Loucura (Antropologia)

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Loucura
Introdução
Há diversos estereótipos em nossa sociedade, como o do rico, do pobre, do negro etc. Esses estereótipos estão na origem dos preconceitos que habitam o senso comum, mesmo assim, o preconceito não impossibilita a inclusão da maioria desses grupos na sociedade. 
Existem grupos, no entanto, que tendem a ser completamente excluídos pela sociedade. É assim com os portadores de transtornos mentais. Segundo a antropóloga Ilana Stozemberg, a concepção de loucura é, antes de tudo, uma construção cultural. As variações acontecem de sociedade para sociedade e dentro delas, podem se modificar com o tempo. A Antropologia pode ajudar a compreender a idéia de loucura, a partir do momento em que propõe a investigação das origens dessa construção cultural, fornecendo um instrumental de crítica a determinadas idéias que são amplamente aceitas pela sociedade. 
Aspectos históricos
A compreensão da doença mental tem passado por diversas fases e interpretações dentro da história da humanidade. Na antiguidade pré-clássica as doenças eram explicadas como resultantes da ação sobrenatural.
    No final da Idade Média até a Idade Moderna, houve uma mudança radical desses conceitos e o doente mental passou a ser visto como um possuído pelo demônio, dessa forma, o tratamento antes humanitário foi modificado para o espancamento, a privação de alimentos, tortura generalizada e indiscriminada, aprisionamento dos doentes para que estes se livrassem dessa possessão.
     Na Europa até o final do século XVIII, o louco era confinado no estabelecimento reservado a mendigos, ladrões e despossuídos de toda sorte (Foucault, 1963). A medicalização da loucura ocorreu simultaneamente à concepção do confinamento terapêutico, passando a inseri-los num espaço de observação e cura. 
Influenciado pelos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa, Philippe Pinel foi um dos primeiros a libertar os pacientes dos manicômios, propiciando-lhes uma liberdade de movimentos por si só terapêutica.
Desde que a questão dos loucos passa a ser um assunto médico-científico, surgem duas correntes diferentes de pensamento com relação ao trato dos pacientes e à origem de seus males. Uma crê no tratamento "moral", nas práticas psico-pedagógicas e nas terapias afetivas. A outra focaliza o tratamento físico, crendo ser a loucura um mal orgânico, fruto de uma lesão ou de um mal funcionamento encefálico. 
Mesmo após as reformas instituídas no século XIX por Pinel, o tratamento dado ao interno do manicômio ainda era uma prática de tortura do que uma prática médico-científico. Eram correntes as práticas de sangria, de isolamento em quartos escuros, de banhos de água fria, além dos aparelhos que faziam com que o paciente rodopiasse em macas ou cadeiras durante horas para que perdesse a consciência.
Este último século foi marcado pelo aumento da contribuição das ciências humanas no sentido de entender a loucura como também uma categoria social, com diferentes sentidos em diferentes culturas e períodos históricos. 
História dos manicômios
O termo manicômio surge a partir do século XIX e designa mais especificamente o hospital psiquiátrico, já com a função de dar um atendimento médico sistemático e especializado.
A prática de retirar os doentes mentais do convívio social para colocá-los em um lugar específico surge em um determinado período histórico. Segundo Michel Foucault, em a História da Loucura na Idade Clássica, ela tem origem na cultura árabe, datando o primeiro hospício conhecido do século VII.
Os primeiros hospícios europeus são criados no século XV. Na Itália eles datam no mesmo período, surgem em Florença, Pádua e Bérgamo.
No século XVII, os hospícios proliferam e abrigam juntamente os doentes mentais com marginalizados de outras espécies. 
Hospitais Psiquiátricos no Brasil
     Os hospitais psiquiátricos no Brasil surgiram no final do século XIX, influenciados pela psiquiatria francesa e pelo tratamento moral.
A diferença do contexto francês, a medicina mental brasileira não decorreu de uma nova conjuntura política associada a um ideário de igualdade entre todos os cidadãos. Seu estabelecimento se deu durante o Segundo Reinado, em plena vigência de um regime escravocrata, do qual um dos pilares era a Igreja e seus serviços assistenciais filantrópicos. O saber médico só assumiu o comando da assistência psiquiátrica após a proclamação da República e a consequente tentativa de conformar um Estado laico.
A promulgação da primeira lei de assistência aos alienados, em 1903, é um importante marco dessa mudança, que incluiu a constituição paulatina do estatuto propriamente jurídico do alienado.
Em 1921, criou-se o primeiro manicômio judiciário no Rio de Janeiro, destinado a acolher loucos criminosos considerados inimputáveis em consequência de sua doença.
No Brasil, a Reforma psiquiátrica surgiu vinculada ao cenário da Reforma sanitária (expressão usada para se referir ao conjunto de idéias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde), proposta por médicos engajados na crítica ao regime militar em fins da década de 1970.
Em 1990, vários estados brasileiros aprovaram legislações em prol da substituição progressiva da assistência hospitalar e da internação, pelo atendimento em serviços extra-hospitalares, tendo em vista a permanecia e o desenvolvimento da vida social do paciente, na qual estão incluídos seus direitos civis.

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