Buscar

Anos 1930

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
HISTÓRIA DA MODA NO BRASIL
Anos 1930
*
*
O crash de 1929
Nos Estados Unidos, que saíra da guerra como a nação mais poderosa do planeta, a expressão mais acabada desse crescimento econômico eram as constantes altas das ações na Bolsa de Valores de Nova York. No entanto, a euforia era injustificada: bastou uma queda no indicador da bolsa , em outubro de 1929, para que houvesse uma reação em cadeia cujos efeitos seriam sentidos em todas as partes (...) 
Em pouco tempo, as economias dos outros países foram arrastadas para a crise (...) Entre 1929 e 1932, o movimento de comércio exterior no mundo caiu de 68,8 para 26,6 bilhões de dólares – e chegou a atingir apenas 14,5 bilhões em 1934. Ao todo, uma redução de mais de 75% em apenas cinco anos. (CALDEIRA, 1996, p.257)
*
*
O Brasil não escapou dos efeitos dessa catástrofe mundial. O preço do café no mercado nacional desabou de 67,3 mil libras esterlinas por tonelada, para 26,2 mil em 1932 e 17,8 mil no ano seguinte. Porém, antes que o governo pudesse reagir à crise, ele seria derrubado. 
Um mês depois de desencadeado o movimento revolucionário, Getúlio Vargas tomou posse como presidente da República no dia 03 de novembro de 1930. O programa de governo que então apresentou tinha duas promessas principais: extirpar os males dos governos passados e implantar um programa de desenvolvimento para o país.
(...) Já em 12 de novembro de 1930 o governo publicou um decreto pelo qual era dissolvido não apenas o congresso, mas também as assembleias estaduais e as câmaras municipais. A partir daí, a única fonte de poder passou a ser o presidente. (CALDEIRA, 1996, p.257/265)
*
*
A ditadura Vargas
O esforço de centralização do poder iniciado em 1930 completou-se sete anos depois. Com a ditadura vieram a censura à imprensa, o culto a personalidade de Getúlio, o controle dos sindicatos operários, as prisões arbitrárias. Uma nova Constituição outorgada pelo presidente às presas e modificada apenas pelo presidente era a única ordem legal vigente, na qual o governo podia muito e os cidadãos quase nada. E, como em toda ditadura, oferecia-se um grande plano como lenitivo para as dores do momento: a industrialização rápida do país. (CALDEIRA, 1996, p.280)
*
*
A moda
O estilo que dominou e vestiu a década de 1930 foi o oposto ao dos anos anteriores. A depressão econômica causada pelo crack da bolsa de valores de NY imprimiu novas modalidades no vestir, uma vez que as finanças mundiais afetadas pela crise americana, exigiam cortes em tudo que fosse supérfluo(...) O que aconteceu, inclusive no Brasil, foi uma espécie de revisionismo no setor, aparando as arestas mais frágeis e apostando em soluções mais duradoras, práticas e clássicas. (CHATAIGNIER, 2010, p.115)
*
*
Belmonte 
O Fim das Andróginas , 1933 
Página ilustrada originalmente na revista O Cruzeiro, em 1933.
*
*
(...) no Rio de Janeiro e em São Paulo, cursos de corte e costura apareciam nos centros das cidades, e os figurinos com moldes e especificações técnicas fáceis de serem executadas nunca venderam tanto. (CHATAIGNIER, 2010, p.115)
*
*
(...) um estilo foi logo aceito pelas brasileira chiques e modernas: o esportivo, tendo como inspiração esportes como tênis, ciclismo, natação, equitação e até golfe. (CHATAIGNIER, 2010, p.115)
A atriz Olivia de Havilland.
Piscina do Esporte Clube Pinheiros, São Paulo, década de 1930.
*
*
Outra característica da década de 1930 tinha como imagens as estrelas do cinema que se tornaram modelos em razão de seus próprios figurinos ou dos criados pelos profissionais atrás das telas. As artistas que mais influenciavam a moda em todo o mundo e eleitas pelas próprias mulheres foram Greta Garbo, Joan Crawford, Katherine Hepburn, Clara Bow, Myrna Loy, Norma Schearer e Merle Oberon. As estrelas brasileiras com maior brilho chamavam-se Carmen: A Miranda e a Santos. (CHATAIGNIER, 2010, p.116)
A atriz, produtora e diretora de cinema, Carmen Santos, em capa da revista A Scena Muda.
*
*
A volta das curvas
A silhueta ganhou mais curvas, mas manteve-se magra e elegante. 
Os vestidos de cetim marcaram a silhueta dos anos 1930.
Vestidos longos para a noite. E curtos para o dia, com 25 cm acima do chão. 
Alguns vestidos foram criados para serem vistos por trás, com as costas nuas.
Mangas morcego, amplas no ombro e cavas quase na a linha da cintura.
Jean Harlow.
*
*
As roupas femininas tornaram-se mais sóbrias, e a barra desceu de novo. 
*
*
Ginger Rogers
*
*
Drapeados e pregas helênicas desfilavam nos hotéis chiques como Ritz e Plaza em Paris, e aqui no Brasil, nos cassinos e clubes elegantes.
 
*
*
O chapéu (...) era mais leve e parecia querer voar no modelo capeline, usado em todas as ocasiões. Os chapéus com abas pequenas muitas vezes feitos com organdi ou palha de Itália no verão, e de feltro no inverno. O véuzinho no rosto fez seu charme. Outros eventos realizados à tarde também convidavam ao uso do chapéu, tais como corridas de cavalo, chás femininos (às vezes com desfiles de moda no Copacabana Palace, Jockey Club Brasileiro e outros) ou jogos de cartas, como bridge. (CHATAIGNIER, 2010, p.117)
Chapéu capeline de palha e de feltro.
*
*
Surgiu um novo tipo de festa,: o garden party, feita à tarde nos jardins de grandes mansões, na Zona Sul do Rio, e nas casas de campo em Petrópolis. Vestidos chiques e diáfanos, protegidos por pequenos casacos de pele ou boleros, eram os trajes preferidos para as ocasiões. Rio Magazine, Chuvisco e Sombra eram as revistas mais vistas pelas elegantes ou por aquelas que gostariam de ser. (CHATAIGNIER, 2010, p.116)
*
*
Os penteados eram feitos com mechas louras onduladas e comprimento médio de corte.
Marlene Dietrich
Mae West
*
*
Tecidos: rica de giz, flanela, musselina, organdi e organza, piquê branco, laise, sedas moles estampadas ou listradas.
*
*
As cores de verão eram o branco, o rosa e ao azul, e o preto começava a se impor até nos modelos para a tarde.
Em geral as estampas eram ramagens; imagens de monumentos; figuras geométricas; surrealistas; frases como “Je t’aime”. 
*
*
Boa parte da lingerie passou a ser produzido em malha, e surgiu o grand corset, espécie de body contemporâneo, agregando sutiã, cinta, liga e calça. O material elástico dava conforto às peças internas. Continuaram em pauta as peças de seda ou cetim, além do prático algodão, o mais usado no Brasil. (CHATAIGNIER, 2010, p.119)
*
*
A calça comprida (...) sai do campo e das praias elegantes para as ruas, mas apenas usada por (...) uma minoria. 
Nas praias, o maiô tipo macaquinho era bem-visto, assim como aquele que se chamou de banhista: decote na frente e atrás, em jérsei de lã. Shorts com pernas larguinhas e corte enviesado, roupão atoalhado (...). (CHATAIGNIER, 2010, p.119)
*
*
 
Referências Bibliográficas
BRAGA, João, e PRADO, Luís André do. História da Moda no Brasil: das influências às autorreferências. São Paulo: Pyxis Editorial, 2011.
CALDEIRA, Jorge, e outros. Viagem pela História do Brasil. São Paulo: Editora Schwarcz, 1997.
CHATAIGNIER, Gilda. História da Moda no Brasil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
Prof. Flávio Bragança
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais