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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO				
DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA E FITOPATOLOGIA
FITOPATOLOGIA ESPECIAL – IB 238
FUNGICIDAS PARA A PROTEÇÃO DE PLANTAS
 Prof.Dr.Luís Antônio Siqueira de Azevedo
Dezembro de 2006
CAPÍTULO 1
Proteção Integrada de Plantas com Fungicidas:
Filosofia ,Conceitos e Impacto das Doenças
1 – Introdução
Neste início de milênio , quando a sustentabilidade econômica ,técnica e ambiental torna - se um dos objetivos principais da moderna agricultura, não podemos fechar os olhos para os problemas e prejuízos causados pelas doenças de plantas. A diversidade da população de espécies de plantas tem sido eliminada, para que em seu lugar seja cultivada uma só espécie , muitas vezes exótica e em grandes áreas. Exemplo disso é o tipo de agricultura predatória extensiva que é praticado nas novas fronteiras agrícolas do oeste brasileiro. Este tipo de manejo inadequado, tem contribuído para alterar profundamente o equilíbrio ecológico existente - no que diz respeito à baixa intensidade de doenças de plantas. É necessária, a utilização de medidas práticas e eficazes no controle de doenças de plantas. A principal, a meu ver, está na proteção química de plantas com fungicidas.Os fungicidas são considerados fatores de produção importantes na cadeia produtiva de alimentos. Porém , não devem, em hipótese alguma , serem considerados como, a única alternativa para o controle de doenças de plantas. O controle mais eficaz , equilibrado e econômico, tem sido obtido, pela utilização de todas medidas disponíveis de controle, ou seja, a adoção das práticas de manejo integrado de doenças( MID). Apesar de todos os esforços da área de melhoramento genético e biotecnologia na obtenção de cultivares resistentes para as doenças mais destrutivas, muitas culturas, como as de alho,amendoim ,arroz ,banana ,batata , cebola , cenoura , cevada , feijão ,maçã ,morango , pêssego , soja ,tomate ,trigo e uva , ainda não podem abrir mão da proteção química com fungicidas. Pois só produzem econômica e estavelmente se forem adequadamente protegidas com fungicidas. 
2 – O impacto destrutivo das doenças de plantas nos sistemas agrícolas
O impacto destrutivo das doenças de plantas nos sistemas de produção agrícola está fartamente ilustrado e documentado na literatura nacional e internacional. O poder destrutivo de determinadas doenças de plantas tais como a Requeima , a Pinta Preta ( tomate e batata ) , a Brusone , a Mancha de Grãos ( arroz ) , a Sarna ( maçã ) , a Ferrugem da folha , a Helmintosporiose , o Oídio ( cereais de inverno ) , as Doenças de Final de Ciclo , o Oídio ( soja ) , a Mancha Angular ( feijão ) , a Vassoura de Bruxa ( cacau )têm alcançado uma velocidade de destruição e de ataque , que causa espanto até ao mais experiente fitopatologista. Se elaborássemos, hoje, uma lista com os dez patógenos mais destrutivos e problemáticos , com ligeiras mudanças de colocação , em função da região agrícola , teríamos algo assim : Phytophthora infestans ( batata , tomate ) ; Pyriculararia grisea , Helminthosporium oryzae( arroz de terras altas ) ; Drechslera tritici – repentis , Helminthosporium sativum , Puccinia recondita( cereais de inverno ) ; Hemileia vastatrix ( café ); Alternaria solani ( batata , tomate ) ; Venturia inaequalis (maçã) ; Septoria glycines, Cercospora kikuchii ( soja ) ; Mycosphaerela musicola ( banana ) ; Phareoisariopsis griseola ( feijão ).Isso para não nos referirmos a doenças potenciais que estão ainda restritas a algumas regiões do Brasil tais como a Sigatoka Negra ( banana ) e a Mela da Soja.
A ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi H. Sydow & Sydow),(FAS) até a safra 2004/05, já havia sido relatada na Austrália, Rússia, Coréia, Japão, China,Taiwan, Filipinas, Nepal, Índia, Nigeria, Moçambique, Ruanda, Uganda, África do Sul, Zâmbia, Zimbábue, Paraguai, Brasil e Argentina. No Brasil, a FAS já foi identificada em todos os Estados produtores. O dano, devido à incidência da FAS tem variado desde 10% a 91%. Na safra 2005/2006, o nível epidêmico que a doença atingiu em diversas regiões produtoras do Brasil, acarretou perdas estimadas em US$ 5 bilhões. Sempre que o processo de infecção inicia-se a partir do estádio R1/R2 da soja, é observado aumento significativo do dano, embora a ocorrência da doença em estádios fenológicos mais avançados, também possa acarretar dano muito elevado.
Dos métodos de controle disponíveis hoje, para o conter o avanço desses patógenos com alto poder de destruição, a proteção química com fungicidas é, sem dúvida , o mais utilizado na nossa agricultura. A proteção química tem sido empregada, na maioria das vezes , com eficácia para o controle desses patógenos , na maioria das situações , de forma isolada , ( o que é incorreto - epidemiologicamente e ambientalmente ), por meio da utilização de inúmeros fungicidas existentes no mercado.
À primeira vista , a existência de um determinado princípio ativo com alta fungitoxicidade , para os patógenos resolveria ou diminuiria o impacto negativo das doenças nas culturas citadas anteriormente. No entanto, apesar da eficácia comprovada dos fungicidas nessas culturas , mesmo mostrando benefícios, não tem resolvido por completo os danos causados pelas doenças. Quais as razões para explicar esse comportamento errático dos fungicidas ? Por que encontramos no mercado as mais modernas moléculas químicas para a proteção de plantas e elas muitas vezes não funcionam no campo? Onde estariam as falhas ?Nas recomendações complexas de produtos , bulas mal escritas , falta de informação no campo , indiferença e conservadorismo do agricultor? Como diminuir a probabilidade de erros e equívocos na utilização no campo ?Melhorar as recomendações técnicas , redigir de forma mais clara os rótulos e bulas e aumentar a facilidade de informações para o produtor , técnicos e agrônomos. No decorrer de alguns capítulos , irei abordar essas questões e apresentar sugestões para o bom funcionamento dos fungicidas.
3 – Proteção de plantas com fungicidas ou controle químico de doenças ?
	Para estabelecer alguns parâmetros, vejamos o que dizem o dicionário e/os glossários específicos sobre proteção de plantas e controle :
a)Proteção s.f. 1.Ato ou efeito de proteger – se. 2.Abrigo , resguardo. 3.Dedicação pessoal aquilo ou aquele que precisa. 4. Auxílio , amparo. ( Minidicionário Aurélio ,1993, p.447 )
b)Proteção – Barreira que visa impedir o contato entre o hospedeiro e o patógeno já estabelecido. ( Goulart,1991, p.139 )
c)Controle s.m. 1.Ato ou poder de controlar. 2. Fiscalização exercida sobre pessoas e orgãos. 3.Domínio físico e psíquico de si mesmo ( Minidicionário Aurélio ,1993,p.145 )
d)Controle -1.Medidas que visam reduzir ao mínimo as perdas causadas por pragas ou doenças. ( Goulart,1991, p. 48 )
e)Controle Químico – Aquele que se realiza por meio de defensivos agrícolas , para destruir , controlar ou impedir o desenvolvimento de certa pragas , ervas daninhas e doenças.(Goulart,1991, p.49)
f)Controle Integrado – Estratégia que procura utiliza todos os métodos disponíveis para controlar , de forma efetiva , um inseto , patógeno ou plantas daninhas com menor custo e agressão ao meio ambiente. ( Borém,1998,p. 32 )
Pelas definições lexicais e técnicas desses dois termos, pode –se dizer que no universo da ciência fitopatológica , as duas terminologias estãocorretas , são pertinentes e podem ser utilizadas. Pode –se até pensar numa evolução do emprego desses termos nos métodos de controle. Mas não evolução das medidas de controle , já que é impossível se pensar em realizar proteção de plantas sem controle químico. O controle químico visa mais ao patógeno e a proteção de plantas é mais abrangente ; visa à planta e também à manutenção do patógeno num nível abaixo do limiar de dano econômico. 
A proteção das culturas de é uns dos princípios de controle de doenças de plantas.Para as inúmeras situações de controle no campo , torna- se quase impossível e impraticável a utilização de métodos que visem à sobrevivência ,à inoculação e à disseminação de patógeno. Para estas situações , a proteção de plantas com fungicidas é o método mais útil e recomendado.
A proteção de culturas com produtos químicos , proporciona a colocação de uma barreira química que visa impedir ou dificultar o contato entre o hospedeiro e o patógeno , no caso dele já estar estabelecido.O controle químico é uma forma de proteção de plantas que atua mais diretamente sobre o patógeno. A proteção de plantas é mais abrangente no sentido holístico e visa mais à planta.
Portanto a proteção de plantas só se torna efetiva quando existe a possibilidade concreta da pulverização e deposição de um fungicida (sistêmico , protetor de contato , penetrante ou mesostêmico ) no alvo biológico( Zambolim et al,1997). A eficácia da proteção de plantas está ligada a vários fatores e depende do : fungicida utilizado , do intervalo de aplicação , do número de aplicações , do timing de aplicação , das misturas utilizadas e da qualidade e tecnologia de aplicação. O fungicida utilizado deve ser tóxico ao patógeno e ter grande estabilidade metabólica , mesmo nas condições mais adversas de clima. Não deve ser fitotóxico à planta e ser de baixo impacto ambiental, evitando assim injúrias a cultura e ao meio ambiente. 
Dentro da diversidade de culturas que todo ano precisam ser pulverizadas com fungicidas , pode –se dizer que, no estágio atual da tecnolgia na agricultura , pratica –se mais o controle químico que a proteção de plantas. O controle químico pressupõe, muitas vezes, uma falsa idéia de controle quase que total da doença ao, passo que a proteção aceita algum dano , o que, na maioria das vezes, ocorre no campo.
4 – Análise da evolução dos grupos químicos de fungicidas
Os fungicidas têm sido utilizados há mais de duzentos anos para proteger as plantas do ataque de fungos e de doenças(Brent,1995). Desde o começo dos primórdios do controle químico , quando se protegia as sementes de cereais e se pulverizava as parreiras com enxofre e cobre , o número de doenças , a área tratada , a freqüência de uso , a efetividade dos tratamentos têm aumentado muito. Somente na década passada , a quantidade e classes de fungicidas mais utilizadas no mundo, a do fungicidas protetores de contato, alcançou um grau de maturidade e estabilidade. A evolução e o surgimento dos diversos grupos químicos , nos mostram que antigos fungicidas , a base de enxofre e cobre , são ainda muito utilizados na agricultura. Vários grupos de fungicidas de meia idade ( Ftalidamidas , Ditiocarbamatos , Dinitrofenóis , Clorofenil ) são utilizados com sucesso por mais de 30 anos. Um grande número de fungicidas , extremamente eficazes , com uma nova estrutura química e com atividade sistêmica ( principal propriedade biológica ) foram introduzidos no final da década de 60 e na década de 70. Estes incluem : 2 – Amino – Pirimidina , Benzimidazóis , Carboxianilidas , Morfolinas , Dicarboximidas , Fenilamidas e os inibidores da demetilação do esterol ( DMI’s) ( triazóis e imidazoles ). A década de 80 assistiu à introdução de novos produtos , mais especificamente de fungicidas análogos aos existentes , particularmente DMI’s , geralmente similares , algumas vezes com propriedades biológicas melhoradas.
Recentemente , novos compostos têm sido lançados comercialmente ou já tem alcançado um estágio avançado de desenvolvimento como é o caso dos S.A.R ( Systemic Aquired Resistance), Fenilpirróis , Anilinopirimidinas e análogos da Estrobirulinas.Na tabela 1 encontram - se os principais grupos químicos de fungicidas existentes no mercado mundial de proteção de plantas.
Tabela 1.Evolução dos grupos químicos de fungicidas e antibióticos e espectro de ação sobre os fungos fitopatogênicos.
	
	
	
	
	GRUPO QUÍMICO 
	NOME QUÍMICO
	NOME COMUM / ANO DE INTRODUÇÃO
	ESPECTRO DE AÇÃO
	Benzimidazóis 
    
  
(metil benzimidazol, carbamato 
mbc, bmc)
	Benzimidazóis
	benomyl 1970
 carbendazim 1973
fuberidazole 
thiabendazole 
thiophanate 1969
thiophanate-methyl 1969
	Amplo Espectro
	Dicarboximidas
	Dicarboximidas
	iprodione 1972
  procymidone 1971
vinclozolin 1972
	Manchas Foliares , Sclerotinia spp
Sclerotinia spp
Sclerotinia spp
	DMI 
(Inibidores da demetilação)
	Imidazóis 
  
  
  
------------------------- 
Piperazinas 
------------------------Piridinas 
------------------------- 
Pirimidinas 
------------------------- 
Triazóis 
(incluindo conazóis)
	imazalil 1986
triadimefon 1976 
prochloraz 1980
triflumizole 
------------------------ 
triforine 1967
------------------------ 
pyrifenox 
------------------------ 
fenarimol 1975
nuarimol 
------------------------ 
bitertanol 1981
bromuconazole 
cyproconazole 1989
diclobutrazole 
difenoconazole 1991
diniconazole 
epoxiconazole 1996
fenbuconazole 
fluquinconazole 
flusilazole 
flutriafol 
hexaconazole 
metconazole 
myclobutanil 
paclobutrazol 
penconazole 
propiconazole 1979 
tebuconazole 1989
tetraconazole 
triadimefon 1972
triadimenol 1972
triticonazole
	 Cercospora spp
Ferrugens , Oídios
Manchas Foliares
Ferrugens, Oídios
Oídios, Manchas Foliares
Oídios
Oídios, Ferrugens
Oídios, Ferrugens
Amplo Espectro
Ferrugens
Sarna, Manchas Foliares
Sarna
Oídios
Amplo Espectro
Amplo Espectro
Ferrugens, Oídios
Ferrugens, Oídios, Trat. Sementes
Tratamento de Sementes
	Fenilamidas
	Acilalaninas 
  
    
  
------------------------- 
Oxazolidinonas 
------------------------- 
Butirolactonas
	benalaxyl 1976
  furalaxyl 1976
metalaxyl 1974
metalaxyl-m 1994
------------------------ 
oxadixyl 1983
------------------------ 
ofurace
	Oomicetos ( restrito )
Oomicetos ( restrito )
Oomicetos ( amplo espectro )
Oomicetos ( amplo espectro )
Oomicetos ( restrito )
Oomicetos ( restrito )
	Morfolinas
	Morfolinas 
  
------------------------- 
Piperidinas 
------------------------- 
Spirocetalaminas
	aldimorph 
fenpropimorph 1981
tridemorph 1968
------------------------ 
fenpropidin 1986
------------------------ 
spiroxamine
	
Oídios, Ferrugens
Oídios, Ferrugens
Oídios, Ferrugens
	Tiofosforados
	Organofosfóricos
	edifenphos 1968
  iprobenfos 
isoprothiolane 
pyrazophos 1974
	Brusone 
 
Oídios, Manchas
	Oxatin
	Anilida
	benodanil 
carboxin 1966
flutolanil 
mepronil 
oxycarboxin 1967
	
Carvões, Rhizoctonia
Ferrugens
	Hidroxipirimidinas
	Pirimidinois
	bupirimate 
  dimethirimol 1976
ethirimol 1968
	
Oídios
Oídios, Tratamento de Sementes
	Anilinopirimidinas
	Anilopirimidinas
	cyprodinil 1997
mepanypyrim 
pyrimethanil 1998
	Manchas Foliares, Sarna
Manchas Foliares, Sarna
	N-Fenil carbamatos
	Dietofencarb
	diethofencarb
	
	“STAR”
(modo de açãoe resistência semelhante a estrobilurinas)
	Estrobilurinas : 
Metoxiacrilato 
Oximinoacetato 
  
------------------------ 
Não-estobilurinas: 
Oxazolidinediona
	azoxystrobin 1997
kresoxim-methyl 1997
trifloxystrobin 1998
------------------------ 
famoxadone 1998
	Amplo Espectro
Alternaria, Cercospora
Colletotrichum spp, Pyricularia
Alternaria, Phytophthora
	Fenilpirróis
	Fenilpirrol
	fenpiclonil 1996
fludioxonil 1998
	Rhizoctonia, Fusarium
Rhizoctonia, Fusarium e Helminthosporium
	Quinolinas
	Quinolina
	quinoxyfen
	Pyricularia
	Hidrocarbonetos aromáticos
	Clorofenil 
  
  
  
  
-------------------------
	dicloran 
chloroneb 
quintozene 
tolclofos-methyl 
tecnazene 
------------------------ 
biphenyl 
etridazole
	
Sclerotium, Sclerotinia e Rhizoctonia
	Ácidos Cinâmicos
	Ácido cinâmico 
	Dimethomorph 1995
	Oomicetos ( restrito )
	Inibidores da Biossíntese da Melanina (MBI)
	 Inibidores da redutase 
  
------------------------- 
Inibidores da desidrase 
	fthalide 
pyroquilon 1990
tricyclazole 1975
carpropamid
	
 Pyricularia
 Pyricularia
	Hidroxianilida
	Hidroxianilida
	fenhexamid
	
	Antibióticos
	 
	blasticidina 
kasugamycina 
streptomycina 
validamycina
	
	Polioxinas
	 
	polyoxin
	
	Fenilurea
	 
	pencycuron
	
	Indutores de resistência em plantas
	Benzotiadiazol BTH
	acibenzolar-S-methyl 1998
	Amplo Espectro
	Miscelânea
	Ciano-acetamida oxima 
------------------------- 
Carbamato 
------------------------- 
Organo-estânico 
------------------------- 
 
	cymoxanil 1976
  
----------------------- 
iodocarb 
propamocarb 
----------------------- 
tri-phenyl estanho 
----------------------- 
dinocap 
fenfuram
	 Oomicetos ( restrito )
Oomicetos ( amplo espectro )
Manchas Foliares, Antracnoses
Oídios
	Atividade em Múltiplos sítios
	Fosfonato 
  
------------------------ 
Inorgânicos 
  
------------------------ 
Ditiocarbamatos e relacionados 
  
  
  
  
  
 
Ftalimidas 
  
------------------------ 
Cloronitrilo 
----------------------- 
Sulfamidas 
----------------------- 
Guanidinas 
  
------------------------ 
Anilazina 
------------------------ 
Quinona 
------------------------ 
Fenil-piridinaminas
	fosetyl-Al 
phosphorous acid 
----------------------- 
arsenates 
cobre 
calda bordaleza 1882
óxido cuproso 1932
hidróxido de cobre 1932
sais de enxofre 
---------------------- 
ferbam 1942
mancozeb 1943
maneb 1943
metiram 
propineb 
thiram 
zineb 
ziram 
---------------------- 
captan 1952
captafol 
folpet 
----------------------- 
chlorothalonil 
----------------------- 
dichlofluanid 
tolyfluanid 
----------------------- 
dodine 1956
guazatine 1968
iminoctadine 
----------------------- 
anilazine 
------------------------ 
dithianon 
----------------------- 
fluazinam 1995
	Gomose , Phoma spp
Amplo Espectro
Oídios
Amplo Espectro
Amplo Espectro
Amplo Espectro
Tratamento de Sementes
Amplo Espectro
Amplo Espectro
Amplo Espectro
Amplo Espectro
Fonte : Modificado de Crop Production and Crop Protection, 1997 e do site FRAC. URL: http://www.gcpf.org/frac/chemical%20group.html . Consultado em 28 dezembro de 2005 .
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Capítulo 2
Evolução e Desenvolvimento da Proteção de Plantas
1 - Introdução
É um fato conhecido e consenso geral que as pragas , doenças e plantas invasoras competem com as culturas econômicas causando quedas na produção e , como conseqüência , a garantia de altas produções e produtividade só é obtida com plantas sadias. Todavia, os métodos empregados na proteção de plantas vem apresentando uma evolução muito grande nas últimas décadas. Pode - se enumerar alguns motivos:
- Os produtos químicos de hoje são muito mais específicos e seletivos do que os seus antepassados de 30 anos atrás , e por isto mesmo com menores chances de provocar efeitos secundários indesejáveis. Por outro lado , os novos produtos ,de modo geral são empregados em doses muito mais reduzidas ( Tabela 2 ) , além de apresentarem perfil toxicológico e ecotoxicológico mais favoráveis , sob o ponto de vista de segurança para os aplicadores e ambiente( Zuppi,1999).
- Têm havido avanços marcantes na tecnologia de formulação dos produtos , bem como nas técnicas e equipamentos de aplicação.
- Nos países de clima temperado houve aumentos significativos no cultivo intensivo de hortaliças e determinadas frutíferas em casa de vegetação e estufas , tendo sido desenvolvidos métodos específicos de controle fitossanitário nessas condições , indispensáveis na obtenção de plantas sadias com alta produtividade.No Brasil existe um crescimento muito grande desse setor , porém infelizmente pouco se sabe sobre o manejo de pragas e doenças em estufas, principalmente o comportamento de fungicidas e inseticidas aplicados nesse ambiente. 
- O conhecimento e a utilização de métodos de diagnose envolvendo dinâmica populacional e epidemiologia , em várias culturas , possibilita prever a ocorrência de pragas e doenças, e, como resultado , adotar as medidas de proteção mais adequadas a cada caso , ou seja , o Manejo Integrado de Pragas.
- Algumas práticas culturais podem ser empregadas para reduzir a incidência de pragas , doenças e plantas invasoras( ver capítulo 4, ítem 8).
- Métodos biológicos de controle fitossanitário vêm sendo gradativamente introduzidos e a adoção do Manejo Integrado de Pragas é , nesse particular , o procedimento que melhor atende os parâmetros de aplicar , quando necessário , utilizando o método mais adequado , e visando a garantia de produtividade mas sem perder de vista fatores tão importantes quanto a preservação de inimigos naturais e prevenção ao possível desenvolvimento de resistência das pragas e doenças.
2- Desenvolvimento da proteção de plantas com fungicidas
2.1- Histórico de surgimento dos fungicidas
A utilização de substâncias químicas com propriedades fungicidas ocorre desde as mais antigas civilizações. Há relatos do uso de fungicidas pelos gregos e romanos no controle de doenças de plantas, empregando fumigação e tratamento das partes das plantas. O grande avanço no conhecimento de fungicidas deu-se após o século XVIIII, devido a descobertas de novos grupos químicos. Os fungicidas têm sido utilizados há mais de duzentos anos para proteger as plantas do ataque de fungos e de doenças. O início da aplicação de fungicidas em grande escala para o controle de doenças está fortemente ligado à descoberta da calda bordalesa por Millardet em 1882, em Bordeaux. Essa mistura, composta por sulfato de cobre e cal hidratada, constituiu o principal fungicida utilizado por mais de 50 anos ( Hewiit,1998; Zambolim et al, 1997 e Ghini,2000). A seguir, de acordo com Zambolim & Chaves, 1983 e Zambolim et al,2000 um relato resumido da história do desenvolvimento dos fungicidas .
1000 A.C. – O poeta grego Homero relata o uso do enxofre elementar para controlar o que denominavam de pestes.
Século XVII e XVIII – 1637 – Remant mencionou o valor do tratamento de sementes de trigo com cloreto de sódio para o controle do carvão.
1755 – Aucante referiu-se ao uso de arsênico e cloreto de mercúrio para prevenção do carvão do trigo.
1761 – Schulthess foi o primeiro a sugerir o uso do sulfato de cobre para o tratamento de sementes no controle do carvão nos cereais.
1807 – Prevost, na França, mostrou que o carvão do trigo poderia ser controlado pelo sulfato de cobre, devido sua ação sobre a germinação dos esporos. Prevost é consideradoo pai dos testes de fungicidas.
1821 – Robertson, na Inglaterra, faz a primeira referência do enxofre como fungicida, relatando a eficiência do produto contra o míldio do pessegueiro. Durante o séc. XIX, o enxofre elementar já era usado no controle de míldio pulvurulento de várias plantas, em mistura com a cal.
1834 – Knight recomendou, na Inglaterra, o tratamento de pessegueiro com a mistura enxofre e a cal para controlar a crespeira do pessegueiro.
1853 – H. A. De Bary publicou seu trabalho clássico demonstrando o papel dos fungos como agentes causadores de doenças em plantas. A partir dessa época, o desenvolvimento com fungicidas foi acelerado e teve um grande impulso.
1882 – Pierre Alexis Millardet, na França, acidentalmente descobriu calda borda bordaleza controlando o míldio da videira.
1886 – Uma formulação comercial de enxofre e cal líquida foi introduzida nos E.U.A para controlar a cochonilha e a crespeira do pessegueiro. A mistura de enxofre-cal tornou-se, assim, o primeiro fungicida erradicante.
1894 – W. Saunders, S. A. Bedford and Mackay introduziram a proteção de sementes por produtos químicos.
No século dezenove o desenvolvimento dos fungicidas pode ser resumidamente descrita pelos eventos descritos a seguir :
1908 – Scott, tentando tornar a mistura enxofre-cal menos fitotóxica, adicionou água e ferveu-a até obter uma pasta que deveria ser diluída em volume maior de água, antes de ser usada. Essa mistura denomina-se calda sulfo-cálcica. Foi muito usada por plantadores de pessego no tratamento de inverno.
1914 – Foram introduzidos no mercado os fungicidas organo mercuriais.
1932 – A utilização da calda bordaleza começou a diminuir devido à fitotoxidez para algumas culturas, e pela dificuldade de seu preparo. Surgiram, então, os compostos de cobre menos solúveis também chamados de compostos fixos de cobre, como substitutos da calda bordaleza.
1932 – Horsfall, trabalhando em Nova York, estudou o valor de compostos de cobre com baixa solubilidade na prevenção do tombamento de mudas em sementeiras e viveiros. Seu trabalho mais tarde resultou no desenvolvimento, dos fungicidas denominados hidróxidos de cobre e óxido cuproso.
1934 – Tisdale e Williams, nos E.U.A., relataram a fungitoxidade dos ditiocarbamatos. Esta contribuição marcou o início da era dos fungicidas orgânicos, embora só tenham entrado em produção comercial mais tarde.
1942 – Goldsworth e colaboradores publicaram os primeiros resultados do valor fungicida do dimetil – ditiocarbamato-férrico (Ferban).
1943 – Dimond e co-autores introduziram o etileno-bis-ditiocarbamato como fungicida. 
1952 – Kittelson introduziu o Captan, como fungicida de largo espectro de ação (sementes, solo, doenças de fruteiras, ornamentais e de vegetais).
1965 – Von Schmeling e Kulka relataram a atividade sistêmica dos derivados do 1,4-oxathiins (carboxin e oxicarboxin) para tratamento de sementes e em atomização para certos basidiomycetos. O ano de 1966 marca o início da era dos fungicidas sistêmicos.
Após a Segunda Grande Guerra, iniciou-se o desenvolvimento de fungicidas que penetrassem na planta, erradicando o patógeno após a infecção ou protegendo partes que não entram em contato direto com o fungicida. A partir do final da década de 1960, com a ampla aceitação de benomyl e carboxin e, a seguir, de outros fungicidas sistêmicos, o controle químico de doenças de plantas passou por grandes mudanças. Segundo Kirby (1972), os fungicidas sistêmicos, em uso na época, caracterizam-se por apresentar fungitoxicidade direta; muito baixa a baixa solubilidade; penetração nos tecidos aéreos e raízes, passando para o xilema; movimento ascendente pela corrente transpiratória, acumulando-se nas margens das folhas; incapacidade de chegar a órgãos que não transpiram e de reexportação para regiões de novos crescimentos; ausente ou reduzida translocação descendente, via floema; e amplo ou estreito espectro de ação.
1968 – Foi descoberto por Delp e Klopping, o Benomil, fungicida com propriedades sistêmicas.
De 1970 a 1980 foram desenvolvidos numerosos fungicidas sistêmicos, protetores e misturas de fungicidas. Entre os sistêmicos destacam-se o Pyrocarbolide, o Triadimefon, o Triforine, o Ethirimol, o Dimethirimol, o Metalaxyl , o Propiconazole.A década de 70 é considerada como a década dos fungicidas sistêmicos, provavelmente foi uma das fases mais importantes para a proteção de plantas com fungicidas. A diversidade de grupos químicos descorbertos e comercializados supera em muito outras fases do controle químico.A década de oitenta foi dominada pelo aparecimento de fungicidas sistêmicos análogos aos já existentes no mercado, especialmente dos triazóis.A década de noventa é caracterizada pela introdução de novos grupos químicos , diferentes dos até então existentes no mercado ,alguns deles de origem natural, exemplos são as estrobilurinas e os fenilpirróis. Outro grupo descoberto nesta década é o dos compostos ativadores dos mecanismos de defesa das plantas.
A história do surgimento dos fungicidas pode ser dividida, baseada na predominância de um grupo de químico sobre o outro. Teremos assim cinco fases distintas e quatro gerações de fungicidas. Inicialmente temos a fase do enxofre que teve início em 1000 a .c até a descoberta da cada bordaleza em 1882, quando começou a fase dos produtos a base de cobre. A segunda fase (fungicidas cúpricos), iniciada em 1882 estendeu-se até 1934.A calda bordaleza foi bem aceita para controlar principalmente doenças da videira, mas não apresentava a mesma eficiência do enxofre para controlar o míldio pulvurulento, doença de suma gravidade naquela época. A primeira e segunda fase é também considerada como a primeira geração de fungicidas, caracterizada pelo uso intensivo de fungicidas de origem inorgânica a base de enxofre e de cobre.A partir do ano de 1934 com a descoberta dos ditiocarbamatos, iniciou-se a terceira fase, a dos fungicidas orgânicos.Esta fase é também considerada como a segunda geração de fungicidas caracterizada pela descorberta de fungicidas de origem orgânica(Agrios,1997;Zambolim et al,2000).Foi nesta fase que surgiram os principais grupos de fungicidas protetores de contato, muito utilizados ainda hoje no controle de doenças de plantas, tais como os ditiocarbamatos,ftalimida,ftalonitrila,guanidina. Em 1966, surgiram os fungicidas com propriedades sistêmicas, iniciando-se assim a quarta fase.Esta fase representa um marco especial na proteção de plantas com fungicidas.Pela primeira vez a agricultura podia dispor de produtos com características bem diferentes dos até então existentes, ou seja, produtos que penetravam e translocavam nas plantas.Esta fase é também considerada como a terceira geração de fungicidas caracterizada pelo surgimento de grande quantidade de produtos com propriedades sistêmicas.
O desenvolvimento dos fungicidas encontra - se atualmente numa outra fase ou se quisermos ser numéricos , numa quinta fase ( quarta geração de produtos) , caracterizada principalmente pela descorberta e introdução no mercado de grupos de produtos de origem natural ( Estrobilurinas A, Oudemasinas A, Fenilpirróis e produtos de fermentação ( mildiomicina,validamicina, polyoxina e prumicina ) ( Hewitt,1998;Venâncio et al,1999).Outra característica desta quinta fase são o desenvolvimento dos produtos indutores ou ativadores de resistência das plantas( Acibenzolar- S- Methyl e compostos derivados da proteína harpin ).Encontramos também nesta fase a presença de produtos com propriedades e características mesostêmicas , de alta afinidade com as camadas cerosas das plantas.
3- Análise do processo de pesquisa de compostos químicos
Nos anos 30 foram descobertosos fungicidas ditiocarbamatos e nos anos 40 os inseticidas organoclorados e organofosforados e nas décadas de sessenta e setenta os fungicidas sistêmicos. Desde então têm havido substânciais alterações na pesquisa desses compostos. Os investimentos em pesquisa aumentaram significativamente e novos ingredientes ativos vêm sendo continuamente lançados no mercado mundial para o controle das principais pragas , doenças e plantas invasoras .Os novos produtos são submetidos a uma metodologia de avaliação muita mais crítica sob o ponto de vista toxicológico e nos possíveis efeitos que possam causar no ambiente . Hoje cerca de 40% dos investimentos em pesquisa se destinam às avaliações toxicológicas e ecotoxicológicas.(Zuppi,1999)
Na década de 60 era necessário sintetizar cerca de 4.000 compostos e destes apenas um conseguia chegar ao mercado , num prazo de avaliação entre 4 e 5 anos . No início da década de 1990, esta proporção é de um produto comercial para 20.000 sintetizados para um período de 8 – 10 anos , significando que as chances de sucesso diminuíram e o tempo de pesquisa e desenvolvimento aumentou muito.
Para as empresas que fazem pesquisa básica , isto significa que o retorno do capital investido é muito mais demorado do que foi no passado , levando muitas empresas a rever suas estratégias quanto a permanecer neste setor de atividade.O mercado mundial de produtos fitossanitários varia de região para região e tem experimentado crescimentos substanciais desde a década de 1960. Não é todavia o objetivo deste trabalho a análise desse mercado , mas, sim, a forma que ele se desenvolveu ,visando trazer ao conhecimento dos leitores o que vem sendo feito pela pesquisa básica , no sentido de trazer ao mercado produtos que melhor atendam o anseio da sociedade.
A situação de uso dos fungicidas desde a década de sessenta pode vista na tabela 2.Os números demonstram com clareza a tendência de redução das doses de aplicação , resultado de um trabalho consciente e pertinaz das áreas de pesquisa da indústria , buscando produtos mais eficientes e ao mesmo tempo menos tóxicos e agressivos ao ambiente.
Tabela 2 – Lançamento Mundial de Grupo de Fungicidas a Partir da Década de Sessenta e Doses Registradas no Brasil 
Décadas		Produtos		Doses no Brasil ( gi.a / ha )	Média Brasil(g/ha) 
Até 1960		Edifenphos			500 - 750
				Hidróxido de Cobre		495 - 2970
				Mancozeb			1.600 – 4.000		M = 661 - 1778
				Oxicloreto de Cobre		1.050 – 2.100
				Thiophanate Metil		210 - 490
				Triforine			114 - 356
Até 1970		Benomyl			125 - 1000
				Carbendazin			250 - 500
				Fenarimol			10,8 - 72
				Fosetyl – AL			1.600 – 4.000
				Iprodione			250 – 750		M = 300 - 803
				Procymidone			250 - 750
				Propiconazole			62,5 - 187,5
				Pirazophos			180 - 300
				Triadimefon			125 - 250
				Tricycazole			150 - 225
Até	1980		Bitertanol			125 - 250
				Fenpropimorph		560 – 750
				Oxadixyl			160 - 240
				Prochloraz			337,5 - 1.350		M = 261 - 568
				Tebuconazole			125 - 250
FONTE : (ZUPPI, 1999)
4 - A indústria de defensivos agrícolas no Brasil 
Em nosso país , a primeira fase da implantação do uso dos produtos fitossanitário particularmente os inseticidas , é atribuída ao cultivo de algodão que , no Centro Sul ,substituiu em parte o café , após a crise mundial de 1929 . Naquela época quase toda a economia brasileira dependia do cultivo do café . (ZUPPI,1999).Após o advento da II Guerra Mundial , os países de indústria química mais adiantada retomaram estudos já existentes iniciaram programas de pesquisa e desenvolvimento de novos compostos
O estímulo inicial apara a implantação das primeiras unidades de formulação de defensivos agrícolas veio da necessidade de solução dos problemas fitossanitários das culturas do algodão e do café . Nesta , a existência da broca -do – fruto forçou o desenvolvimento da indústria nacional de defensivos agrícolas , partindo inclusive para a síntese de produtos técnicos , implantando ao crescimento da agricultura brasileira como um todo .Diversos fatores contribuíram para desencadear a evolução que hoje se observa no panorama brasileiro da produção , comércio e uso de defensivos agrícolas ,entre os quais :
a grande expansão das áreas de cultivo de soja , cotonicultura cada vez mais tecnificada ; o aparecimento da ferrugem das folhas do cafeieiro ; o aumento da utilização de herbicidas na mais variadas e importantes culturas ; o incremento do emprego de fungicidas em trigo, soja, e cacau ; a utilização dos defensivos em fruticultura e em horticultura e tratamento de sementes , levando em conta , ainda , a evolução e tecnificação da citricultura , pomicultura e viticultura .
a necessidade da redução da dependência externa , representada pela importação de “ produtos técnicos “ ou de “ produtos formulados “.
CAPÍTULO 3
Classificação dos fungicidas
Classificar vt.1. distribuir em classe e/ou grupo,segundo sistema de classificação.2.Determinar as categorias em que se quer dividir e subdividir um conjunto.3.Por em ordem(documentos,coleções, etc).4.Ser aprovado em concurso ou torneio;qualificar-se.(minidicionário Aurélio,1993,pg.125)
1. Introdução 
Existem diversas abordagens para a proteção de plantas com fungicidas. No entanto , duas delas tem nos chamado a atenção ultimamente e são objetos de discussão por parte dos especialistas em fungicidas . Estamos nos referindo a Prevenção ( aplicação e ação preventiva ) e Terapia ou Cura ( aplicação e ação curativa ). A prevenção de uma doença de planta com fungicidas , previne a infecção pela inibição do patógeno antes dele ter penetrado no hospedeiro. As aplicações preventivas de fungicidas são e devem ser sempre recomendadas , já que as chances de êxito no controle são grandes. Elas visam o patógeno , nas fases em que eles estão mais vulneráveis , que são os macroprocessos de germinação e penetração. Os fungicidas com esta capacidade , são denominados de protetores . A maioria dos fungicidas são deste tipo. 
A terapia ou cura de uma doença de planta com fungicidas ,visa eliminar estruturas do patógeno no interior dos tecidos da planta. Atua nos macroprocessos de infecção e colonização. Os compostos que possuem esta capacidade são denominados de fungicidas sistêmicos com ação curativa / erradicante. As aplicações curativas / erradicantes de fungicidas , devem o quanto possível serem preteridas . As chances de êxito no controle são menores , porque na maioria dos casos o patógeno se encontra numa fase mais avançada de infecção , fora da ação curativa / erradicante dos produtos. Tem se observado na prática , com ligeiras variações , que o efeito curativo / erradicante da maioria dos fungicidas não passa de 48 – 72 horas do período pós- infecção do patógeno.Conforme foi explicado anteriormente , o efeito curativo refere -se a destruição das estrututras do patógeno no interior do tecido vegetal. Não existe qualquer relação com recuperação de tecidos que eventualmente possam ter sidos lesionados pelos patógenos. Na proteção de plantas ,não existe cura no sentido estricto sensu da palavra.
	 Um fungicida num sentindo amplo , pode ser definido como um composto químico que mata ou inibe o crescimento do fungo , muito embora compostos que inibem o crescimento fúngico sem matar, sejam denominados de fungistáticos.Os fungicidaspodem ser classificados de diversas formas , de acordo com : os seus usos mais correntes , princípios de controle envolvidos ou mais simplificadamente pelos grupos químicos aos quais genericamente pertencem.Baseando-me no princípio em que se fundamenta a sua aplicação , os fungicidas podem ser classificados em apenas três classes: protetores de contato ou residuais , erradicantes e curativos . Esta classificação está baseada principalmente no modo de ação desses produtos .As três classes estão descritas a seguir :
2- Fungicidas protetores de contato
 São efetivos na sua totalidade somente se aplicados antes da ocorrência da penetração do patógeno nos tecidos do hospedeiro.Estes produtos quando aplicados as plantas , garantem proteção somente contra as infecções no local da aplicação. São denominados também de protetores de superfície ou residuais , mais modernamente fungicidas convencionais , não sistêmicos e de pouca mobilidade. São aqueles fungicidas que uma vez aplicados nos orgãos aéreos das plantas , formam uma barreira tóxica protetora , devido a formação de depósitos na superfície foliar. Dessa forma quando os esporos são depositados nos tecidos suscetíveis e germinam , o ingrediente ativo entra em contato com o tubo germinativo , e através de inúmeros mecanismos bioquímicos , causa a morte do protoplasma.(Kimati,1997;Azevedo,2001;Novo et al,2001).Os fungicidas protetores agem , evitando ou diminuindo a taxa de penetração do patógeno nos tecidos do hospedeiro. A proteção das partes suscetíveis das plantas com fungicidas , só é efetiva , quando a pulverização permite a deposição de um fungicida de contato no local ou locais de penetração do patógeno(Zambolim et al,1997).O nível de controle quando se emprega este tipo de fungicida , entre outros fatores depende :da eficácia do fungicida utilizado ,da fungitoxidade do princípio ativo; do intervalo de aplicação , do número de aplicações ,da época de aplicação e da eficiência do equipamento de aplicação. 
O fungicida protetor deve ser fungitóxico , e ter grande estabilidade , mesmo sob condições adversas de clima . Não ser fitotóxico ou provocar desiquilíbrio biológico. Os fungicidas protetores devem ser insolúveis em água ou ter solubilidade lenta. Isto para que o seu princípio ativo seja liberado lentamente conferindo assim maior período de proteção à planta.Mesmo entre os fungicidas protetores existem diferenças de solubilidade.
Os fungicidas pertencentes a este grupo , normalmente exigem aplicações periódicas e cobertura total dos orgãos suscetíveis. São lavados pela água da chuva , sofrem hidrólise , fotólise e reagem com a atmosfera. Soma -se a isto , que devido ao crescimento vegetal(Figura 1) , surgem áreas desprotegidas ; por isso são aplicados , dependendo da cultura e das condições climáticas , em intervalos de 3 a 7 dias.Como exemplo podemos citar a cultura da rosa, que cresce cerca de 15 cm por semana.Nesta cultura é intenso a utilização de fungicidas protetores.Os bons produtores chegam a fazer de 60 a 70 pulverizações anuais para o controle do míldio, 50 pulverizações para o controle do mofo cinzento e 8 para o controle de oídio.Esta sem dúvida é a grande limitação dos fungicidas protetores , isto porque outra a limitação dos protetores , sua fitotoxidade tem sido diminuida , uma vez que os compostos mais modernos são menos fitotóxicos e raramente causam injúrias as plantas. Uma vez ocorrida a penetração do patógeno na planta , esses produtos não têm mais condições de impedir a colonização dos tecidos pelo fungo.
 
 
 
Figura 1.Crescimento de uma planta e a brotação nova não atingida pelo fungicida protetor
2.1Fungicidas protetores erradicantes
	 
	 Certos fungicidas protetores atuam também diretamente sobre o patógeno, eliminando-o da superfície das partes da planta, sendo denominados erradicantes. Calda Sulfo-Cálcica, Enxofres Pós- Molháveis e GRDA, Dinocap, Dodine são bons exemplos destes fungicidas.Os produtos deste grupo pelo menos teoricamente “curam” uma infecção estabelecida no local de aplicação. São aqueles fungicidas que ao entrarem em contato com a parede celular dos esporos causam a sua morte(Braga,1993).Quando aplicados sobre as plantas tem por objetivo destruir o inóculo na superfície antes que ocorra a germinação do propágulo. São erradicantes porque eliminam o patógeno na fonte de inóculo , mesmo aqueles que estão em estado de dormência. Os fungicidas erradicantes devem também ser solúveis em água para remover as estruturas do patógeno das partes da planta.
	 Um produto químico com ação erradicante pode ser também eficiente no tratamento de sementes, do solo, bem como no tratamento de inverno das plantas de clima temperado, na fase de repouso vegetativo. Os fungicidas protetores não podem de maneira alguma, penetrar através da cutícula do vegetal porque vão causar fitotoxicidade.
2.2 Fatores que condicionam a escolha do fungicida protetor para o controle de doenças
	
Para atingirmos os objetivos esperados do controle químico de uma doença ou de um complexo de doenças numa cultura ,segundo Reis & Forcelini,1994, deve - se considerar os fatores intrínsecos ao fungicida ou seja : a ) modalidade de uso ( tratamento de solo , tratamento de sementes , protetor de parte aérea, tratamento pós – colheita ) ; b) patógenos e ou doenças alvo de controle ; c ) características químicas e biológicas do fungicida ( princípio ativo , espectro de ação , compatibilidade ,dose mais eficaz ,toxicologia e segurança na aplicação ) ; d)programas de tratamento preventivos e sistemáticos ( critérios de “ timing “ , número e intervalos de aplicação ).
A escolha de um fungicida (propriamente dita do princípio ativo) para o controle de uma uma doença não é um procedimento simples. É relativamente extensa a lista de produtos registrados para as principais doenças fúngicas . A dificuldade maior certamente não é esta ,mas encontrar num só produto o maior número possível de características desejáveis sob o ponto de vista prático e agronômico. Um fungicida pode apresentar ou possuir até doze características ( propiedades químicas, físicas e biológicas ) desejáveis. Algumas são mais pertinentes aos fungicidas protetores de contato ( tenacidade ,aderência ,cobertura , redistribuição e resistência à chuva ).Outras são mais pertinentes aos fungicidas sistêmicos ( penetração , translocação , solubilidade , estabilidade metabólica e seletividade ), outras características são comuns aos dois grupos, tais como período residual , fungitoxicidade e atividade da fase de vapor. 
Na prática , é quase impossível, se juntar ou se encontrar num só produto todas essas características desejáveis .A escolha deve ser feita baseada no fungicida ou fungicidas que apresentarem o maior número de benefícios para aquela situação de controle. Em resumo : quase sempre são escolhidos àqueles produtos de eficácia conhecida e comprovada , sem problemas ambientais e que economicamente satisfaçam as exigências do usuário.
3. Fungicidas sistêmicos
	 
	 Os fungicidas sistêmicos apresentam mobilidade na superfície foliar e na planta (Hewitt,1998). Atuam prevenindo o desenvolvimento da doença em regiõesda planta distante do local de aplicação. Para ser considerado sistêmico, o fungicida deve apresentar princípio ativo translocável na planta capaz de inibir a infecção do patógeno distante do local em que foi aplicado.São aqueles que são capazes de paralisar ou diminuir o desenvolvimento do processo da doença já iniciado, permitindo recuperação da planta. 
 	São aqueles fungicidas que penetram nas folhas , caules e sementes e/ou são absorvidos pelas raízes , sendo posteriormente translocados pelo sistema vascular da planta ( xilema preferencialmente e floema )(Zambolim,1998).Os fungicidas sistêmicos teoricamente devem ser recomendados após a penetração do tubo germinativo ou nos estádios de infecção seguintes , principalmente a colonização ( paradigma ) , devido a ação curativa que visa eliminar as estruturas do patógeno no interior dos tecidos da planta.Nos estádios de surgimento de sintomas e sinais do patógeno , fungicidas sistêmicos com ação anti – esporulante deveriam ser recomendados.Sob o ponto de vista estritamente epidemiológico , os fungicidas sistêmicos, mesmo aqueles com propriedades curativas e erradicantes ( a maioria possui pelo menos a ação curativa ), não deveriam ser recomendados curativamente, porque nas situações práticas de controle , é extremamente difícil determinar o limiar de intensidade de doença para qual a “cura e erradicação “ com fungicidas sistêmicos é efetiva.Esta regra prática deveria ser adotada , principalmente para aquelas doenças , que se multiplicam muito rapidamente como é o caso dos Míldios , Ferrugens e Oídios. De um modo geral os produtos sistêmicos não atuam como fungicidas protetores mas podem ser caracterizados como fungicidas erradicantes. Entretanto, nem todo fungicida erradicante é sistêmico.Os fungicidas sistêmicos devem apresentar alta solubilidade para que o princípio ativo seja liberado prontamente, penetrando e translocando nos tecidos da planta..A figura 3 mostra a rota ou caminho percorrido por um composto sistêmico ao ser aplicado numa planta.
 
 Figura 3.Rota ou caminho de um fungicida sistêmico na planta.
 
4. Nova classificação dos fungicidas
A classificação comentada acima é válida , porém, antiga . Está baseada no modo de ação dos produtos , no timing de aplicação relativo a infecção , absorção , translocação e mobilidade dentro dos tecidos da planta. 
Tendo em vista os usos mais correntes e os princípios de controle envolvidos , os fungicidas podem ser classificados de forma mais abrangente em : protetores convencionais de folhagem , erradicantes para o tratamento de partes aéreas , erradicantes para o tratamento do solo , residuais e / ou contato para o tratamento de sementes , residuais e / ou de contato para o tratamento pós -colheita e sistêmicos curativos.( Zambolim,1998;Reis&Forcelini,1994;Kimati,1997 e Ghini & Kimati,2000)
Será que com o avanço da pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas para a proteção de plantas ,não podemos ter outros produtos com diferentes modo de ação ? Por exemplo : Fungicidas penetrantes com apenas ação de profundidade , sem translocação. Fungicidas com características de fungicidas protetores , de fungicidas penetrantes e de fungicidas sistêmicos , com uma ação totalmente nova – a ação mesostêmica. Dessa forma a classificação anteriormente proposta ficaria assim : fungicidas protetores (de ação de contato e de ação erradicante ), fungicidas penetrantes ( de ação de profundidade ) ; fungicidas Mesostêmicos ( de ação mesostêmica ) e os fungicidas Sistêmicos ( de ação sistêmica )(Tabela 2). 
Tabela 2.Classificação moderna dos fungicidas
Fonte: (AZEVEDO,2001)
A seguir apresento os conceitos de fungicidas penetrantes e fungicidas mesostêmicos.
4.1Fungicidas Penetrantes
Os fungicidas deste grupo penetram no tecido foliar e podem atuar como curativos e erradicantes. Possuem ação translaminar ou de profundidade , mas não translocam na planta.(Figura 5).Um exemplo bem ilustrativo de fungicida penetrante é o cymoxanil do grupo químico das acetamidas.Este fungicida devido sua ação de profundidade tem sido utilizado com muito sucesso no controle erradicativo da requeima(P.infestans) nas culturas de batata e tomate.
 
Figura 5.Corte transversal de um folha mostrando a rota de um fungicida penetrante
Muitos grupos de fungicidas sistêmicos possuem também esta característica adicional de atuação.Dentre eles podem ser citados Triazóis,Morfolinas,Estrobilurinas,etc.A atividade translaminar do fungicida azoxystrobin sobre os uredosporos de Hemileia vastatrix é muito pronunciada(Figura 6).Isso faz com que infecções que se iniciam pela página inferior das folhas sejam prontamente paralisadas.
 
Figura 6. Atividade translaminar do fungicida azoxystrobin sobre Hemileia vastatrix. 
4.2 Fungicidas mesostêmicos 
Os fungicidas mesostêmicos possuem uma alta afinidade com a superfície foliar da planta e são absorvidos pelas camadas de cera da cutícula(Figura 7). São redistribuídos na superfície da planta pelo movimento superficial da fase de vapor e redeposição. Penetram no tecido da planta , tem atividade translaminar. Não são translocados dentro do sistema vascular.( ver capítulo 8).
 
Figura 7. Fotomicrografia eletrônica de camada de cera epicuticular em folha de trigo tratada e não tratada com o fungicida trifloxystrobin 
Fonte: (NOVARTIS,1998)
5. Comparação entre fungicidas protetores e fungicidas sistêmicos
Quando se aborda a proteção de plantas com fungicidas , a pergunta é inevitável. O que é melhor para se utilizar em um programa de pulverização ? Um fungicida sistêmico ou um fungicida protetor ? Quais dos dois compostos vai controlar mais as doenças ? No universo abrangente que é a proteção de plantas , onde não só a eficácia e o tipo de fungicida utilizado, que vão determinar o sucesso de um programa integrado de controle , seria muito simplista este tipo de comparação. Se analisarmos estritamente pelo lado evolutivo da síntese química , os fungicidas sistêmicos levam vantagens sobre os protetores. É inegável as qualidades biológicas desses produtos. Essas vantagens são : a especificidade de ação,maior fungitoxicidade inerente, maiores efeitos protetor,imunizante,curativo e erradicante, menor fitotoxicidade,menores doses e menor contaminação ambiental.Paradoxalmente,segundo (Kimati,1996), a especificidade de ação que permite a atuação fungitóxica dentro da planta, traz aos sistêmicos a desvantagem de possibilitar o surgimento de populações resistentes do patógeno, sendo alguns grupos mais vulneráveis que outros nesse aspecto.
Por outro lado se analisarmos o consumo de fungicidas no mercado mundial , os fungicidas protetores levam vantagem , pois são os mais consumidos. Sob o ponto de vista de manejo de fungicidas numa determinada cultura , ambos os produtos devem , obrigatoriamente, fazer parte de qualquer programa inteligente de controle de doenças.É importante ressaltar que um dos principais problemas hoje na utilização de fungicidas sistêmicos, é a probabilidade de surgimento da resistência em populações fúngicas.E uma das estratégias recomendadas é a alternância e rodízio entre fungicidas sistêmicos e protetores. Uma comparação das qualidades biológicas dos fungicidas sistêmicos e dos fungicidas protetores encontra-se na tabela 3. Se tivermosconhecimento das características desses compostos , os mesmos poderão ser melhor escolhidos e recomendados com eficácia no controle das doenças.
Tabela 3. Comparação entre os fungicidas sistêmicos e protetores
	
	 Tipo de Fungicida
	Qualidade Biológica
	Sistêmico
	Protetor de Contato
	Solubilidade
	Alta
	Baixa
	Translocação
	Sim
	Não
	Espectro de Ação
	Estreito +/ Amplo -
	Amplo
	Especificidade
	Alta
	Baixa
	Dose
	Menor
	Maior
	Resistência
	Risco maior
	Risco bem menor
	Necessidade de Adjuvantes
	Raramente
	Comumente
	Custo
	Maior
	Menor
	Modo de ação
	Específico
	Não Específico
	Efeito erradicativo/curativo
	Sim
	Não 
	Fitotoxicidade
	Baixa
	Alta
	Penetração no tecido da planta
	Rápida / Média
	Não penetra
	Depósito
	Forma para alguns grupos
	Pode ser removido por chuva e água de irrigação
	Persistência na superfície das plantas
	Menor
	Maior
	Persistência interna
	Sim
	Não
	Intervalo de aplicação
	Maior
	Menor
	Número de aplicações
	Menor
	Maior
	Resíduos
	Raro
	Comum
	Agente de decomposição
	Luz, umidade, temperatura,
Microorganismos, pH, misturas
	Usos
	Pulverização, tratamento de sementes, solo, pós-colheita
	Formulação
	PM, CE, Flowable (Susp. Concentrada), PS, GRDA
Fonte: ( Modificado de ZAMBOLIM, 1998 )
6.Classificação dos fungicidas protetores de acordo com a estrutura química
É mais utilizada e aceita dentro do controle químico de doenças de plantas, devido a facilidade de uso, popularização dos nomes químicos e forte ligação do grupo químico com marcas comerciais consagradas no mercado. É também uma classificação simples que não utiliza fórmulas ou extensos caminhos para a denominação dos fungicidas.Outro ponto importante é que não existem princípios ativos sinônimos, existem marcas comerciais diferentes com o mesmo princípio ativo.De forma simplificada, os fungicidas protetores são quimicamente classificados em:
6.1Fungicidas protetores inorgânicos( primeira geração de produtos)
	 Esta denominação de fungicidas da primeira geração é antiga,porém ainda válida.Às vezes,dá uma idéia de produtos que já foram muito utilizados e que não são mais, o que não é verdade.Apenas especialistas no assunto sabem de bate pronto o que significa a primeira geração de fungicidas.Ë constituída por fungicidas protetores inorgânicos com ação residual de contato e de protetores com ação erradicante. Quanto à natureza química, destacam-se na primeira geração, os fungicidas a base de cobre e enxofre, amplamente utilizados no controle de doenças de plantas. A importância histórica dos fungicidas cúpricos e sulfurados atravessaram os séculos.Estes produtos se utilizados preventivamente ainda serão muito valiosos no campo da proteção de plantas. Os fungicidas a base de mercúrio, inorgânicos ou orgânicos, usados em larga escala nas primeiras décadas do século XX, fazem parte também da primeira geração. Os mercuriais não serão abordados e nem recomendados para o controle de doenças, ou mesmo para tratamento de sementes. Estes produtos possuem DL50 30 e 40 mg/Kg de peso vivo, situando-se entre os produtos altamente tóxicos, sendo proibido, por lei, o seu uso.
6.2.Fungicidas protetores orgânicos( segunda geração de produtos)
É constituída por fungicidas orgânicos descobertos para o controle de doenças de plantas a partir de 1940. É atualmente o grupo de fungicidas mais usado no controle de doenças de plantas, pois são amplamente empregados na agricultura em pulverizações, tratamento de sementes,tratamento de tubérculos, tratamento de bulbos de plantas ornamentais, tratamento de frutos em pós-colheita, do solo e no tratamento de madeiras.
Outra características desses produtos é o largo espectro de ação. Geralmente exercem ação fungitóxica contra vários grupos de patógenos. Além dessas características apresentam baixo grau de fitotoxidez, baixa toxidez ao homem e animais e compatibilidade com inseticidas e adjuvantes, o que recomendam o seu uso em culturas sensíveis aos produtos a base de cobre ou enxofre elementar. Taís vantagens associadas ao grande poder fungicida e melhor estabilidade química, abriram-lhes uma ampla faixa de preferência, colocando-os entre os defensivos mais usados.
São fungicidas de grande eficiência, versáteis, o que concorreu desde cedo para associar o seu uso no controle de certos fungos, contra os quais os inorgânicos eram pouco eficientes. Como exemplo podemos citar a Requeima da batatinha e do tomate.
A utilização dos fungicidas orgânicos na agricultura começou com os ditiocarbamatos para o controle de requeima nas culturas de batata e tomate,sendo depois acompanhada pelo uso das ftalimidas no controle de doenças foliares e pós colheita de frutíferas importantes como maçã,pêssego,uva e também em hortaliças.
Alguns fungicidas orgânicos, como os ditiocarbamatos, os nitrogenados heterocíclicos, as nitrilas,além dos usos mencionados anteriormente, desempenham na agricultura atual - uma função logística - no manejo da resistência de fungos a fungicidas sistêmicos.São ferramentas fundamentais nos programas e estratégias anti-resistência, adotadas no mundo inteiro em culturas de valor econômico;quer sendo formulados em misturas prontas,misturas de tanque ou em rotação com produtos sistêmicos.Outro aspecto pouco explorado e estudado na performance desses produtos no campo, é a ação profilática que desempenham sobre o inóculo remanescente de determindas doenças(Requeima,Míldio e Manchas Foliares).Em situações de campo, quando as mesmas são controladas com fungicidas sistêmicos, é visível a melhora na eficácia do controle após a aplicação do fungicida protetor.
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Capítulo 4
Fungicidas Protetores Inorgânicos
1 Introdução
Os fungicidas de contato também denominados de protetores são considerados os mais importantes e os mais empregados no controle de doença de plantas, devido apresentarem baixo custo, baixa toxicidade para o homem e animais, amplo aspecto de ação, múltiplos sinais de ação, raramente induzem o surgimento de mutantes na população dos fungos e baixa fitotoxidez. São considerados protetores de folhagem, sementes, frutos e solo e não apresentam ação em profundidade, por conseguinte não se translocam nas plantas.
Fazem parte dos fungicidas de contato produtos inorgânicos (enxofre e cobre) desenvolvidos no século XIX e início do século XX e orgânicos (ditiocarbonatos, nitrilos, nitrogenados heteroácidos etc.) desenvolvidos a partir da década de 40. Entretanto, alguns produtos aqui classificados são considerados como erradicantes como é o caso do enxofre e do dinocap que são específicos no controle de oídio (míldio pulverulento).
A classificação adotada nesta publicação constitui uma tentativa de agrupar os fungicidas compatibilizando a ordem cronológica do seu aparecimento com o grupo a que pertence, considerando também se o produto é de contato ou sistêmico.
Fazem parte dos fungicidas de contato produtos que foram enquadrados na primeira e segunda geração.
A primeira geração é constituída de fungicidas inorgânicos protetores e alguns com ação erradicante. Quanto à natureza química, destacam-se, na primeira geração, os fungicidas a base de enxofre e cobre, amplamente utilizados no controle de doenças de plantas.
2 Grupos de fungicidas da primeira geração
2.1 Fungicidas a Base de Enxofre
2.1.1 Enxofre elementar
 	Sem dúvida é o mais antigo dos pesticidas e ainda é vendido em grande quantidade para controle de doenças de plantas. Foi conhecido pelos gregos cerca de 1.000 a.C.. Forsyth, em 1802, foi o primeiro a recomendar sua aplicação no controle de míldio pulverulento de árvores frutíferas, em mistura com cal, broto de sabugueiro e cocção de fumo. Em 1824, Robertson apresentou, perante a Sociedade de Horticultura de Londres, o resultado de suas pesquisas, mostrandoque o enxofre foi o único produto eficiente no controle de oídio do pessegueiro. Relatou ainda que a eficiência da ação fungicida do enxofre era aumentada quando se adicionava sabão e se cobriam uniformemente as plantas. Em 1835, Mearns recomendou-o, em mistura com sabão e esterco de curral, para controle do oídio da roseira. Murra, em 1841, sugeriu a mistura de álcool e enxofre, para controle do oídio do pessegueiro. Recomendou que essa mistura fosse pincelada nas árvores frutíferas, no início da primavera, para quebra de dormência. Bergamann, 1852, sugeriu que o enxofre fosse pintado em canos de aquecimento de casa-de-vegetação, para controle de doenças no seu interior, através de sua oxidação. Na metade do século XIX, o enxofre tornou-se bem conhecido pelas suas propriedade fungicidas.
O uso do enxofre como fungicida aumentou gradualmente, até 1885, quando Milladert descobriu as propriedades fungicidas da calda bordalesa para o controle do míldio da videira. A calda bordalesa aumentou de importância até quando, em 1888, Hale reincentivou o uso de enxofre. 
Importância
A quantidade de enxofre vendida no mundo superou a de todos os outros fungicidas. Entre as razões do seu grande consumo como fungicida, destacam-se:
Alta eficiência no controle dos oídios. As doenças denominadas "oídio" eram consideradas de grande importância econômica para grande número de fruteiras e plantas ornamentais. O enxofre chegou a ser considerado específico para esta doença.
Atuação sobre outras doenças. Além do oídio, era também recomendado para controlar doenças importantes como a pinta preta da roseira, a sarna da macieira, a sarna do pessegueiro, a podridão parda do pessegueiro, etc. Sharvelle, em 1961, listou 30 culturas onde o enxofre era utilizado.
A sua importância no controle de ácaros foi notada quando de sua substituição pelos novos fungicidas orgânicos sintéticos. Problemas com míldio pulverulento e ácaros surgiram após esta substituição.
Ausência de resíduos tóxicos. Normalmente não se requer tolerância de resíduos em produtos onde o enxofre foi utilizado. Todos os produtos à base de enxofre pertencem a classe toxicológica da formulação IV.
Compatibilidade com inúmeros defensivos. O enxofre sob a forma de pó-molhável pode ser misturada a cerca de 33 inseticidas e fungicidas. Mas deve-se ter cuidado quando é misturado aos óleos agrícolas e em mistura com inseticidas que possuem o grupo nitro, pois essas combinações são comumente fitotóxicas.
Quando o enxofre é misturado à cal (calda sulfo-cálcica), é mais reativo, tornando-se incompatível com a maioria dos inseticidas e fungicidas.
A despeito das inúmeras vantagens do enxofre, a partir de 1950 houve grande redução na sua utilização como fungicida. A principal causa do declínio foi o desenvolvimento de fungicidas orgânicos sintéticos, como os Ditiocarbamatos, e outros grupos. Uma grande desvantagem de enxofre é não apresentar características de um bom protetor, como os novos orgânicos sintéticos apresentam. Apesar disso, o enxofre apresenta-se, em alguns casos, como opção, sendo considerado fungicida específico e erradicante no controle dos oídios ou míldios pulverulentos.
- Baixo custo em relação aos orgânicos sintéticos.
Uso
Como fungicida de solo e de sementes não teve grande aceitação. Halstead, em 1900, recomendou-o para reduzir a incidência da sarna da batata. Sugeriu que sua eficiência no controle dessa doença era devida ao aumento da acidez do solo, que resultava da oxidação do enxofre elementar para ácido sulfúrico. Em relação ao tratamento de sementes, o enxofre mostrou-se efetivo para controlar patógenos transmitidos externamente às sementeiras de trigo e cevada. Embora tenha sido recomendado em certos casos para controle de fitopatógenos do solo e sementes, é considerado fungicida da parte aérea das plantas.
Fitotoxicidade
Um problema sério que surge quando o enxofre é usado em pulverização é seu efeito fitotóxico, principalmente nas cucurbitáceas e nas rosáceas frutíferas. A fitotoxicidade expressa-se pela redução no crescimento das folhas, queda da produção, queimadura e até desfolha prematura.
O grau de fitotoxicidade varia com a cultura. Geralmente causa desfolha prematura e queda dos frutos nas espécies de plantas mais sensíveis, principalmente em macieira e groselheira. Os dados apresentados na literatura, de modo geral, mostram que a calda sulfocálcica é muito mais fitotóxica do que o enxofre elementar. Talvez seja devido ao aumento da solubilidade e maior reatividade do polissulfeto de cálcio da calda sulfo-cálcica. Para certas variedades de maçã, a aplicação a baixo volume, à temperatura de 33°C, não é fitotóxica, enquanto que a aplicação a alto volume pode apresentar fitotoxicidade.
A forma química responsável pela fitotoxicidade do enxofre, é objeto de especulação. O sulfeto de hidrogênio e os sulfetos solúveis formados pela aplicação de enxofre elementar e da calda sulfo-cálcica têm sido sugeridos como as formas responsáveis.
O mecanismo de fitotoxicidade provocado pelo enxofre não foi ainda elucidado, mas a redução na assimilação de gás carbônico parece ser fundamental no efeito da fitotoxicidade. Outros pesquisadores têm sugerido que o enxofre resulta num decréscimo da fotossíntese e, possivelmente, aumento na atividade respiratória, ao invés de redução na assimilação do gás carbônico. Aparentemente, tanto a forma do enxofre como a temperatura possuem efeito marcante na fitotoxicidade.
Em geral, o efeito fitotóxico é reduzido pela utilização do enxofre elementar ao invés da calda sulfo-cálcica, aplicando-se quando a temperatura não for superior a 28°C.
Propriedades Físicas e Químicas
Na sua forma comercial, o enxofre elementar é um pó amarelo, de textura fina, com ponto de fusão a 115°C. Nessa temperatura, torna-se um líquido escuro e, a 160°C, assume a forma viscosa. Há várias formas alotrópicas de enxofre; algumas cristalinas e outras amorfas. Todas as formas cristalinas são solúveis em bissulfureto de carbono; mas há formas amorfas solúveis e insolúveis neste composto químico. O enxofre é insolúvel em água e levemente solúvel em álcool, éter e acetona. É hidrolisado lentamente em água. É classificado como não venenoso e apresenta pequeno risco para o homem e a vida selvagem. Mas é irritante aos olhos e pode causar irritação da pele de indivíduos sensíveis.
Formulações
O enxofre é aplicado sob a forma de pó, pó molhável ou vapor. Pós e pós-molháveis são utilizados mais em condições de campo. Os pós são aplicados em partículas finíssimas e são veiculados em material inerte como o talco, caolin, bentonita etc. O enxofre sublimado, que possui 96% do elemento, constitui ótima forma de pó, devido sua uniformidade de tamanho (8-30 micra). O enxofre triturado também é usado em pó. Por ser muito fitotóxico, atualmente não é mais empregado.
Nomes comerciais de enxofre em pó: Benzenex 40 S, Formipre 40, Zetapó 80. Grande parte dos fabricantes transforma as várias formas de enxofre em pó-molhável. Qualquer forma, seja o triturado, o sublimado ou o precipitado, pode ser transformada em pó-molhável, desde que seja moído com material protetor coloidal, com a caseína e bentonita. No mercado brasileiro os pós-molháveis de enxofre são comercializados com os seguintes nomes: Elosal, Cosan, Enxofre basf(Kumulus), Microfes 81, Microsol PM-80, Sofril 81, Sulfan, Thiovit PM-82, Zeta enxofre 85, etc.
A aplicação do enxofre por volatilização foi sugerido em 1852 e mais tarde recomendada para uso em casa-de-vegetação, no controle de doenças e ácaros.
As formulações de pós-molháveis são recomendadas, atualmente, para o controle dos oídios ou míldios pulverulentos. Exemplos de algumas das culturas e patógenos onde os pós-molháveis são recomendados para controle dessas doenças: macieira, pereira e pessegueiro (Podosphaera leucotricha), ornamentais em geral (Erysiphe spp.), videira (Uninula necator), trigo e cevada (Erysiphe graminis f. sp. tritici), ervilha, feijão e feijãode vagem (Erysiphe polygoni), abóbora, abobrinha, melão, melancia e pepino (Erysiphe cichoracearum), groselheira (Sphaerotheca mors-uvae), mangueira (Oidium mangiferae), roseira (Sphaerotheca pannosa) e quiabeiro (Oidium sp.).
Além destas doenças é indicado no controle de ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus) e ácaro vermelho (Oligonichus ilicis) em algodão, café e citros. Também apresenta ação contra o ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis), ácaro das gemas dos citros (Eriophyes sheldoni), e ácaro da falsa ferrugem dos citros (Phyllocoptruta oleivora). Os produtos a base de enxofre também são indicados no controle de Sarna da Macieira e Pereira (Venturia inaequalis) e do Pessegueiro (Cladosporium carpophylum).
A dosagem dos produtos recomendados para controle desses fitopatógenos varia com cultura, temperatura ambiente e quantidade de ingrediente ativo das formulações. Em geral os pós-molháveis são recomendados em torno de 0,3 a 0,5% em aplicações a alto volume.
2.1.2 Calda Sulfo-Cálcica
A calda sulfo-cálcica é preparada pela combinação de cal hidratada com enxofre. Sua composição é a seguinte: enxofre, como polissulfeto de cálcio 266,0 g/l, enxofre como tiossulfeto de cálcio 14,7 g/l, cálcio calculado com óxido de cálcio 122,0 g/l, enxofre como monossulfeto 69,6 g/l, ingredientes inertes 527,7 g/l. Foi preparada pela primeira vez em 1852. Sua fórmula empírica é representada por CaS. Sx, onde Sx = polissulfeto de enxofre. Algumas das propriedades físicas e químicas da calda sulfo-cálcica diferem das do enxofre elementar. Quando a calda é aplicada na superfície foliar, o polissulfeto e o tiossulfeto de cálcio são rapidamente convertidos a enxofre elementar e vários compostos não fungitóxicos.
A calda sulfo-cálcica é uma suspensão concentrada muito solúvel em água e é decomposta por ácidos, formando H2S. A alta solubilidade dessa forma de enxofre em água, quando em combinação com grupos altamente ativos como os sulfitos, provavelmente contribui para torná-la incompatível com outros pesticidas. Possui odor de ovo choco e é de coloração amarelada. É irritante aos olhos, raiz e pele. Não há especificação de tolerância de resíduos permitidos. Não se deve misturá-la com pesticidas orgânicos instáveis em solução alcalina. Pertence a classe toxicológica IV. É um produto corrosivo para peças de ferro, e cobre, por isso os equipamentos após o uso devem ser lavados imediatamente. A calda sulfo-cálcica é preparada tornando-se 5 kg de enxofre, ao qual se adiciona um pouco de água. Leva-se a recipiente que não seja de cobre e aquece-se, adicionando-se 25 litros de água. No início da ebulição, adicionam-se 2,5 kg de cal e deixa-se por mais 1 hora em ebulição. O volume final não deve conter menos que 20 litros; para isto, deve-se ter o cuidado de manter constante o volume inicial, compensando-se o líquido que evapora na fervura pela adição de água morna. Após o resfriamento, a solução é coada, obtendo-se uma solução concentrada, de coloração amarelada, que pode ser diluída para uso imediato em plantas, ou armazenadas para diluição e uso posterior.
Antes da aplicação sobre as plantas, sob a forma de pulverização, a calda concentrada deve ser diluída. Para tal, determina-se a densidade através do aerômetro de Beaumé. A calda deve apresentar densidade que varia de 27° a 33° Be (graus de Beaumé). A partir da calda padrão (concentrada), várias concentrações são formuladas para uso, de acordo com a concentração de calda desejada. A concentração vai depender da sensibilidade da cultura, das condições de meio ambiente e do patógeno. Em tempo quente e úmido deve-se dar preferência às caldas mais diluídas (1:40). Na época do repouso vegetativo de determinadas plantas, empregam-se caldas mais concentradas (1:25). Se a calda preparada tem uma concentração de 30°Be e deseja-se aplicá-la a 4,0°Be, numa dada cultura, determina-se, no Quadro 5, o encontro das duas colunas 30°Be e 4,0°Be e diluí-la em 8,2 litros de água, para ter-se a calda à concentração de 4,0°Be.
Tabela 1. Tabela de Diluição de Calda Sulfo-Cálcica (em graus Bé)
	Concentração Original
	Concentração da Calda a Preparar
	
	
	
	4,0°
	3,5°
	3,0°
	2,0°
	1,5°
	1,0°
	0,8°
	0,5°
	0,3°
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	33°
	9,4
	10,9
	12,9
	20,2
	27,3
	41,4
	52
	84
	142
	32°
	9,0
	10,5
	12,4
	19,3
	26,2
	38,7
	50
	81
	137
	31°
	8,6
	9,9
	11,9
	18,5
	25,1
	38,1
	48
	77
	131
	30°
	8,2
	9,5
	11,3
	17,7
	24,0
	36,5
	46
	74
	129
	29°
	7,8
	9,1
	10,8
	17,0
	23,0
	34,8
	44
	71
	120
	28°
	7,4
	8,7
	10,3
	16,2
	21,9
	33,3
	42
	68
	116
	27°
	7,1
	8,3
	9,8
	15,4
	20,9
	31,9
	40
	65
	110
	25°
	6,4
	7,4
	8,9
	13,9
	18,9
	29,0
	36
	59
	101
	22°
	5,3
	6,2
	7,5
	11,8
	16,2
	24,7
	31
	51
	86
	20°
	4,7
	5,5
	6,6
	10,5
	14,4
	22,0
	28
	45
	77
	17°
	3,7
	4,4
	5,3
	8,5
	11,7
	17,0
	23
	37
	64
A calda sulfo-cálcica é bastante fitotóxica para muitas plantas, principalmente quando a temperatura ambiente é elevada. Por isso, deve-se suspender as aplicações quando a temperatura ultrapassar a 28°C. É um produto alcalino por isso é muito cáustico. Seu maior emprego nas culturas é no período do inverno, ou seja, de repouso vegetativo das culturas.
É usada como fungicida protetor e erradicante nas regiões de clima temperado, visando eliminar fonte de inóculo em plantas, na fase de repouso vegetativo. Além do efeito fungicida, exerce ação sobre ácaros, cochonilhas e outros insetos sugadores.
A calda sulfo-cálcica ainda é usada em algumas regiões do Brasil, principalmente no tratamento de fruteiras, durante o inverno (1 a 2 aplicações). Na primeira o intervalo deve ser de 10 a 15 dias, e suspender a aplicação no verão. A calda é recomendada para o controle de algumas doenças, dentre as quais se destacam: Macieira - Sarna (Venturia inaequalis); Pessegueiro - Sarna (Venturia pirina; oídio (Podosphaera leucotricha); Marmeleiro - mancha ocular (Entomosporium maculatum); Videira - Antracnose (Elsinae amplina).
Também pode ser empregada para controle de certas doenças do figo, videira, caquizeiro e pereira. A concentração aconselhada para videira, caqui, macieira e pereira, em estado de dormência, é de 4,0°Bé; para o pessegueiro é de 35°Bé. A calda sulfo-cálcica a 32°Bé, quando encontrada no comércio, deve ser usada na razão de 1 litro para 100 litros de água.
2.2 Fungicidas a Base de Cobre
Empiricamente, os compostos a base de cobre foram utilizados no final do século XVIII e início do século XIX. Em base científica, coube a Prévost, em 1807, o trabalho clássico da demonstração das propriedades fungicidas do sulfato de cobre sobre a germinação de esporos de carvão dos cereais. Por observações microscópicas, Prévost verificou que a germinação dos esporos do carvão era inibida pela adição de cerca de 1 ppm de solução aquosa de cobre. Com a descoberta de Prévost, no século XIX, tornou-se comum a prática do tratamento de sementes de trigo com sulfato de cobre, em toda a Europa. No início do século XX, o sulfato de cobre foi substituído pelos mercuriais orgânicos, para desinfecção de sementes.
Entretanto, os trabalhos envolvendo a proteção de parte aérea das plantas com compostos de cobre iniciaram-se por volta de 1842, tanto na França como na Inglaterra. Em 1882, os franceses Millardet e Gayon descobriram, acidentalmente, que a mistura de sulfato de cobre e cal hidratada, denominada calda bordalesa, controlava eficientemente o míldio da videira (Plasmopara viticola). Acredita-se que a calda bordalesa foi preparada pela primeira vez pelo químico francês Proust, em 1800, e utilizada por várias pesquisadores antes da descoberta de Millardet e Gayon. Em 1885, a calda bordalesa foi introduzida nos Estados Unidos e tornou-se fungicida padrão, usado no controle de doenças da videira, melão, batata, tomate, pepino, etc. Foi considerada tão importante, naquela época, que alguns autores afirmaram ter esse

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