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Ciência da Informação e Biblioteconomia

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CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA 
NOVOS CONTEÚDOS E ESPAÇOS DE ATUAÇÃO 
 
Marlene de Oliveira 
Coordenadora 
 
Beatriz Valadares Cendón 
Eliany Alvarenga Araújo 
Francisca Rosalina Leite Mota 
Guilherme Atayde Dias 
Maria Eugênia Albino Andrade 
 
Belo Horizonte 
Editora UFMG 
2005 
Universidade Federal de Minas Gerais 
Reitora: Ana Lucia Almeida Gazzola 
Vice-Reitor: Marcos Borato Viana 
 
Pró-Reitoria de Graduação 
Pró-Reitora: Cristina H. R. Rocha Augustin 
Pró-Reitora Adjunta: Márcia Maria F. Pinto 
Av. Antônio Carlos, 6627 Reitoria 6° andar 
Campus Pampulha CEP31270-901 BH/MG 
Tel: (31) 3499-4054 / Fax: (31) 3499-4060 
E-mail: info@prograd.ufmg.br 
 
Editora UFMG 
Diretor: Wander Melo Miranda 
Vice-Diretora: Heloisa Maria M. Starling 
Av. Antônio Carlos, 6627 – Ala Direita da 
Biblioteca Central – térreo 
Campus Pampulha – CEP 31270-901 – 
Belo Horizonte / MG 
Tel: (31) 3499-4650 / Fax: (31) 3499-4768 
E-mail: editora@ufmg.br 
URL: http://www.editora.ufmg.br 
 
Conselho Editorial 
Wander Melo Miranda (presidente) 
Carlos Antônio Leite Brandão 
Heloisa Maria Murgel Starling 
José Francisco Soares 
Juarez Rocha Guimarães 
Maria das Graças Santa Bárbara 
Maria Helena Damasceno e Silva Megale 
Paulo Sérgio Lacerda Beirão 
 
Projeto gráfico: Paulo Schmidt 
Montagem de capa e Formatação: Giane 
Mendes Figueirêdo 
Revisão e normalização: Lourdes da Silva 
do Nascimento 
Editoração de texto: Ana Maria de Moraes 
Revisão de provas: Edilene Soares da 
Cruz e Warley Matias de Souza 
Produção gráfica: Eduardo Ferreira 
 
 
 
© 2005, Os Autores | © 2005, Editora UFMG 
 
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. 
 
C569 
Ciência da Informação e Biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação / 
Beatriz Valadares Cendón... [et al]. ; Marlene de Oliveira Coordenadora. - Belo 
Horizonte: Editora UFMG, 2005. 
 
143 p. - (Coleção Didática) 
 
Inclui referências. 
 
ISBN: 85·7041-473-0 
 
1. Ciência da Informação. 2. Biblioteconomia. I. Cendón, Beatriz Valadares. II. Oliveira, 
Marlene de. III. Série. 
CDD: 020 
CDU: 02 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Central de Controle de Qualidade da Catalogação da Biblioteca Universitária 
 
Este livro recebeu apoio financeiro da Pró-Reitoria de Graduação da UFMG. 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................4 
CAPÍTULO I - Origens e Evolução da Ciência da Informação.............................................6 
CAPÍTULO II - A Produção de Conhecimentos e a Origem das Bibliotecas....................24 
CAPÍTULO III - A Ciência da Informação no Brasil ............................................................36 
CAPÍTULO IV - Sistemas e Redes de Informação ..............................................................50 
CAPÍTULO V – Formação e Atuação Profissional..............................................................81 
CAPÍTULO VI – A Atuação Profissional do Bibliotecário no Contexto da Sociedade 
Informação: os novos espaços de Informação..................................................................93 
ANEXO A – Localização de Bibliotecas das Instituições Universitárias Federais e 
Estaduais.............................................................................................................................102 
ANEXO B – Escolas de Biblioteconomia no Brasil..........................................................106 
SOBRE OS AUTORES ........................................................................................................116 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A intenção deste livro é proporcionar aos iniciantes no estudo da Ciência da 
Informação e da Biblioteconomia alguns conhecimentos fundamentais, na opinião de alguns 
autores proeminentes na literatura da área. 
Para entender uma área ou tema é imprescindível o conhecimento da sua gênese, sua 
história, assim como das condições econômicas, sociais e culturais em que se 
desenvolveram. No Brasil, a Ciência da Informação e a Biblioteconomia trabalham em 
parceria desde a introdução da primeira na década de 1950, por bibliotecários. Foi um 
grande avanço naquela época trazer conceituações e técnicas para organizar e disseminar 
os registros de conhecimentos (documentos) existentes em bibliotecas e centros de 
documentação brasileiros. 
Vive-se hoje outro momento importante em que os documentos e outros registros de 
conhecimento migram para a era digital, fato que ao desencadear modificações nos 
conceitos da área conduz seus pesquisadores ao desafio de repensar a biblioteca, a 
localização e o acesso aos documentos. 
Na tentativa de contribuir com essa nova visão, foram escolhidos temas que agregam 
os entendimentos básicos das duas referidas disciplinas. O primeiro capítulo traz o 
entendimento de Ciência da Informação trabalhado pela UNESCO e adotado por consultores 
do CNPq. Explica também os paradigmas da Biblioteconomia e da Ciência da Informação. O 
segundo capítulo traz uma visão geral dos diferentes tipos de conhecimento produzidos pela 
sociedade. Tais conhecimentos são organizados nas bibliotecas na forma de documentos. 
Foi realizado um breve relato sobre a história das bibliotecas no Brasil e os diferentes tipos 
de bibliotecas. Ao final, explicam-se as diferentes funções de uma biblioteca. 
O terceiro capítulo discorre sobre a introdução da Ciência da Informação no Brasil e os 
aspectos da sua dimensão científica, esta analisada segundo as seguintes categorias: 
Instituições de ensino e pesquisa; Recursos Humanos qualificados; Comunicação e 
intercâmbio científico. 
O quarto capítulo tem como temática os sistemas e redes de informação, Traça a 
história e os caminhos de desenvolvimento dos sistemas de recuperação da informação; 
descreve o desenvolvimento da indústria on-line e suas grandes bases de dados, os diversos 
tipos de sistemas de informação e formas de acesso e aborda as principais redes e sistemas 
de informação no Brasil. 
O quinto capítulo inclui aspectos da formação do profissional de informação, na 
perspectiva de que o bibliotecário tem espaço privilegiado no exercício de todas as 
atividades ressaltadas. Explica o acesso à profissão, as habilidades necessárias, assim 
como alguns contextos de atuação profissional. O sexto capítulo apresenta uma reflexão 
sobre a função do bibliotecário na sociedade de informação e identifica serviços e produtos 
de informação no referido contexto. 
O conjunto de textos aqui organizados procura, de uma maneira geral, oferecer 
algumas conceituações fundamentais da Ciência da Informação e da Biblioteconomia. As 
questões abordadas, contudo, são introdutórias, dirigidas a iniciantes no campo de trabalho 
com informação, e não se esgotam aqui, mas abrem espaços para muitas reflexões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I - Origens e Evolução da Ciência da Informação 
Marlene de Oliveira 
 
Existe uma vasta literatura a respeito da fundamentação teórica que sustenta a 
Ciência da Informação, e quanto à origem desta, a qual reflete as diversas tentativas da 
comunidade da área de trazer a luz seus entendimentos sobre o que, propriamente, vem a 
ser Ciência da Informação, qual é o seu objeto de estudo (a informação) e quais as suas 
relações com outras disciplinas (interdisciplinaridade). 
 
1.1 Antecedentes Sociais 
 
Assim como outros campos interdisciplinares (Ciência da Computação, Comunicação 
Social, Ecologia), a Ciência da Informação nasceu no bojo da revolução científica e técnica 
que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Para algunsautores, a história da Ciência da 
Informação sofreu influências marcantes de duas disciplinas, que contribuíram não só para 
sua gênese, mas, também, para seu desenvolvimento: a Documentação, que trouxe novas 
conceituações; e a Recuperação da Informação, que viabilizou o surgimento de sistemas 
automatizados de recuperação de informações. Alguns autores que consideram tais 
disciplinas como antecedentes da Ciência da Informação são Harmon (1971), Saracevic 
(1992) e Pinheiro (1997). A seguir, será apresentado um breve histórico ressaltando a 
importância de cada um desses pilares. 
 
1.2 Documentação e Ciência da Informação 
 
Com a Revolução Industrial deflagrada em toda Europa e nos Estados Unidos, no final 
do século XIX, a quantidade de informações registradas cresceu de forma assustadora, e 
várias tentativas foram feitas para realizar um levantamento bibliográfico universal. A 
iniciativa mais importante foi assumida pelos advogados belgas Paul Otlet e Henri La 
Fontaine, que acreditavam poder solucionar o problema que era o de levar ao conhecimento 
de cientistas e interessados toda a literatura científica e todos os produtos do conhecimento 
gerados no mundo. Para isso, planejaram a criação de uma biblioteca universal a fim de 
divulgar, em fichas, os dados bibliográficos relativos a todos os documentos indexados. A 
biblioteca universal seria de referência dos produtos e não de reunião de acervos. Para 
coordenar tais atividades foi criado o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), que começou 
a criar ferramentas para registrar, de forma sistemática e padronizada, as referências dos 
documentos. 
Uma das primeiras preocupações do IIB era a de desenvolver um sistema de 
classificação único, a ser adotado por todos na indexação dos documentos, uma vez que a 
biblioteca universal seria uma biblioteca de referências. Assim surgiu a Classificação Decimal 
Universal (CDU), que oferecia a possibilidade de tratar outros tipos de documento além do 
livro e de outros produtos impressos. Outro fato relevante foi a elaboração, por Paul Otlet, do 
conceito de documento, que passou a ser "o livro, a revista, o jornal, a peça de arquivo, a 
estampa, a fotografia, a medalha, a música, o disco, o filme e toda a parte documentária que 
precede ou sucede a emissão radiofônica. São amostras, espécimes, modelos fac-símiles e, 
de maneira geral, o que tenha caráter representativo, com três dimensões e, eventualmente, 
em movimento". Essa nova visão de registros de conhecimento modificou a atuação do IIB, 
que foi transformado, em 1931, em Instituto Internacional de Documentação (IID), já com a 
preocupação de fornecer meios de controle para os novos tipos de suporte do conhecimento. 
Em 1938, esse instituto foi transformado em Federação Internacional de Documentação - 
FID, órgão máximo da área, que permanece atuante até hoje. 
O conceito de documento ampliou o campo de atuação dos profissionais da área ao 
ultrapassar os limites do espaço da biblioteca e agregar novas práticas de organização e 
novos serviços de documentação. Por isso, o Instituto Internacional de Bibliografia pode ser 
compreendido como acontecimento importante na gênese da Ciência da Informação, do qual 
brota a idéia de bibliografia como registro, memória do conhecimento científico, desvinculada 
dos organismos como arquivos e bibliotecas, e de acervos. A idéia de criação da Biblioteca 
Universal de Paul Otlet e Henri La Fontaine não foi implementada, mas a iniciativa deixou 
como legado, para os profissionais de informação, novos conceitos, como o de documento, 
de bibliografia e a Classificação Decimal Universal. 
 
1.3 O Surgimento dos Sistemas Automatizados de Recuperação da Informação 
 
Outro pilar, considerado sustentáculo para o surgimento da Ciência da Informação, é a 
Recuperação da Informação. 
A situação após a Segunda Guerra despertou, notadamente nos países 
desenvolvidos, um grande interesse pelas atividades de ciência e tecnologia, ocasionando 
um aumento considerável de conhecimentos. Este fenômeno, denominado como "explosão 
de informação" ou explosão de documentos, caracterizou-se por um crescimento exponencial 
de registros de conhecimento, particularmente em ciência e tecnologia. 
Tal fenômeno trazia em seu bojo um problema básico, que era a tarefa de tornar mais 
acessível um acervo crescente, proveniente daqueles registros. Novamente o problema de 
tornar acessíveis grandes massas de documentos, já levantado pelos iniciadores da 
Documentação, repete-se no surgimento da recuperação automatizada da informação. 
Em artigo publicado em 194511 um respeitado cientista do MIT (Massachussets 
Institute of Tecnology - USA), Vanevar Bush, chefe do esforço científico americano durante a 
Segunda Guerra Mundial, identificou e definiu o problema de tornar acessível o acervo 
crescente de conhecimentos e propôs uma solução. A proposta era a de usar as incipientes 
tecnologias de informação para combater tal problema. Ele chegou a propor uma máquina 
com capacidade de "associar idéias", que duplicaria os "processos mentais artificialmente". 
Na década de 1950, muitos cientistas, engenheiros e empreendedores começaram a 
trabalhar sobre o problema e na solução apontada por Bush. Com efeito, naquela época, o 
emprego do computador no tratamento e na recuperação da informação de maneira 
sistemática trouxe novas perspectivas para os serviços de biblioteca e de informação, notada 
mente, nas indústrias. O computador permite um comportamento mais preciso e racional no 
tratamento da informação, além de possibilitar a manipulação de grande massa de dados. 
O termo recuperação da informação foi cunhado por Mooers (1951) como um termo 
que "engloba os aspectos intelectuais da descrição de informações e suas especificidades 
para a busca, além de quaisquer sistemas, técnicas ou máquinas empregados para o 
desempenho da operação". A concepção de recuperação proposta por Mooers contém três 
perguntas básicas: 
• Como descrever intelectualmente a informação? 
• Como especificar intelectualmente a busca? 
• Que sistemas, técnicas ou máquinas devem ser empregados? 
As atividades desenvolvidas no âmbito da temática "recuperação da informação" 
conduziram a estudos teóricos e conceituais sobre a natureza da informação; a estrutura do 
conhecimento e seus registros (incluindo a bibliometria); os estudos relativos ao uso e aos 
 
1
 BUSH, As we may thing. Atlantic Monthly, p. 101-108, 1945. 
usuários de informação; estudos do comportamento humano frente à informação a interação 
homem-computador, dentre outros. Enfim, a recuperação da informação possibilitou o 
surgimento dos sistemas automatizados de informação. 
O trabalho com a recuperação de informações deu subsídio para o desenvolvimento 
de inúmeras aplicações bem-sucedidas (produtos, sistemas, redes, serviços). Segundo 
Pinheiro (1997), a evolução da recuperação da informação é vista como a grande 
responsável, não a única, mas a mais forte, pelo surgimento da Ciência da Informação. Na 
verdade, a Ciência da Informação progrediu para abarcar muito mais que a recuperação da 
informação, mas problemas relacionados à recuperação estão presentes no seu núcleo. 
 
1.4 Gênese da Ciência da Informação 
 
É uma tarefa difícil precisar o surgimento de uma nova ciência, mesmo em se tratando 
de uma disciplina científica recente, como é o caso da Ciência da Informação. 
A ênfase nessa atividade que veio a se denominar Ciência da Informação deve-se ao 
seu esforço para enfrentar os problemas de organização, crescimento e disseminação do 
conhecimento registrado, que vem ocorrendo em proporções geométricas, desde logo após a 
Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse sentido, a Ciência da Informação nasceu para 
resolver um grande problema, que foi também a grande preocupação tanto da 
Documentaçãoquanto da Recuperação da Informação, que é o de reunir, organizar e tornar 
acessível o conhecimento cultural, científico e tecnológico produzido em todo o mundo. 
Um evento importante é apontado por Meadows (1991) para o desenvolvimento da 
área. Segundo ele, a disciplina passou por uma acentuada evolução após a Segunda Guerra 
Mundial, ocasionada pelo surgimento da Teoria Matemática da Informação, descrita por 
Shanon e Weaver2 no final dos anos 1940. Essa teoria, adotada por muitas outras áreas, 
explica os problemas de transmissão de mensagens através de canais mecânicos de 
comunicação. O princípio de toda comunicação implica na transmissão de uma mensagem 
entre uma fonte (emissor) e um destino (receptor) utilizando um canal. O emissor ou fonte 
pode ser um indivíduo, um grupo ou uma empresa. O receptor ou destinatário é quem recebe 
a mensagem. Esse modelo de comunicação, elaborado por engenheiros para comunicação 
entre máquinas, não atendeu às necessidades teóricas da Ciência da Informação, uma vez 
 
2
 A teoria da comunicação de Claude Shannon e Warren Weaver foi descrita no Mathematical theory of 
comunication. 
que, ao se tratar de pessoas, o receptor é submetido a um fluxo de mensagens que chegam 
de todos os lados, sendo necessária uma seleção para compreender aquelas que interessam 
particularmente a um indivíduo. A contribuição da teoria para o desenvolvimento teórico da 
Ciência da Informação foi pequena, mas importante para a sua história, uma vez que atraiu a 
atenção para a necessidade de se definir claramente o caráter da informação com que os 
profissionais da área se preocupavam. 
A data de 1958 é assinalada como um dos marcos na formalização da nova disciplina, 
quando foi fundado, no Reino Unido, o Institute of Information Scientists (IIS). Alguns autores 
descrevem a origem da nova disciplina a partir das bibliotecas especializadas (em indústrias 
e outras organizações) e especialmente pela ênfase dada por estas à idéia de 
documentação. Na indústria moderna houve uma crescente demanda de informação para 
maior desempenho das organizações. Então, alguns cientistas qualificados se deslocaram 
para a área de pesquisa e desenvolvimento ou de produção com o intuito de estabelecer um 
serviço de informação ativo para seus colegas. Eles se consideravam como cientistas da 
informação, já que eram cientistas que pesquisavam para cientistas. Como a atividade se 
expandiu e se formalizou, houve necessidade de treinamento para aqueles que optavam por 
essa atividade. O conjunto desse treinamento passou a se chamar ciência da informação. O 
uso do termo cientista da informação pode ter tido a intenção de distinguir os cientistas da 
informação dos cientistas de laboratório, uma vez que o interesse principal daqueles 
membros era a organização da informação científica e tecnológica (Ingwersen, 1992). Os 
membros denominados cientistas da informação eram profissionais de várias disciplinas que 
se dedicavam às atividades de organizar e suprir de informação científica seus colegas 
pesquisadores de P & D (Foskett, 1969; Meadows, 1991; Ingwersen, 1992). 
Um ponto importante salientado por Meadows (1991) foi a intensidade com que o 
computador afetou a estrutura dentro da qual a Ciência da Informação opera. Como outros 
campos científicos de natureza semelhante, por exemplo, a Ciência da Computação, a 
Ciência da Informação tem sua origem na esteira da revolução científica e técnica que se 
seguiu à Segunda Guerra Mundial. Segundo alguns autores, como Saracevic (1992), as 
novas tecnologias projetam-se sobre a Ciência da Informação da mesma maneira que o 
fazem sobre muitos outros campos do conhecimento. No entanto, há consenso entre 
estudiosos da Ciência da Informação de que ela está inexoravelmente conectada à 
tecnologia da informação. A recuperação da informação, que teve papel importante no 
surgimento da área, guarda em sua evolução as associações da ciência com a tecnologia da 
informação. 
Os avanços da informática desde a década de 1960 transformaram e estimularam as 
atividades de armazenamento e recuperação da informação. Com a utilização do 
computador, a Ciência da Informação passou a enfrentar novos desafios. Assim, da atividade 
de recuperar informações emergiram novas questões a serem estudadas, necessidades de 
novas conceituações e construções teóricas, empíricas e pragmáticas. O impacto dos 
computadores e das telecomunicações 110 gerenciamento da informação foi tão grande que 
hoje a Ciência da Informação e tecnologia da informação estão freqüentemente juntas 1101 
discussão sobre o percurso da área. 
 
1.4.1 Conceituação da área 
 
A Ciência da Informação é um campo científico recente, e, portanto, ainda em 
construção. Cada disciplina científica possui conceitos e teorias consistentes, reconhecidas e 
partilhadas por sua comunidade. Com cerca de 30 anos de existência, a Ciência da 
Informação não conta, ainda, com uma construção teórica que integre todos os seus 
conceitos e práticas. Por isso, opera baseando-se em construções teóricas mais ou menos 
fragmentadas. Por exemplo, a Representação da informação seria uma, Estudo de usuários 
outra etc. 
Desde o seu surgimento, muitos estudiosos da área já conceituaram o que é Ciência 
da Informação. Alguns apresentam uma visão ampla da área, outros têm dela uma visão 
mais restrita, dependendo do entendimento do autor sobre o que é informação e seu 
universo de atuação. Apresentam-se, a seguir, algumas conceituações da área, de forma 
sucinta, por sua relevância e atualidade. 
Borko (1968) definiu a Ciência da Informação como uma disciplina que investiga as 
propriedades e o comportamento da informação, as forças que governam seu fluxo e os 
meios de processamento para otimizar sua acessibilidade e utilização. Relaciona-se com o 
corpo de conhecimento relativo à produção, coleta, organização, armazenagem, 
recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação. 
As idéias de Borko, ao conceituar a nova disciplina, apontam a essência do problema 
que orienta o campo da Ciência da Informação: organizar e disponibilizar para uso as 
informações sobre o que é produzido culturalmente. 
O problema básico da Ciência da Informação foi estudado por Saracevic (1996) 
quanto à sua evolução e ao enfoque contemporâneo. Ele a redefiniu como 
(...) um campo dedicado a questões científicas e à prática profissional, voltadas para 
os problemas da efetiva comunicação do conhecimento e de registros de 
conhecimento entre seres humanos, no contexto social, institucional ou individual do 
uso e das necessidades de informação. No tratamento destas questões são 
consideradas de particular interesse as vantagens das modernas tecnologias 
informacionais. (Saracevic, 1996, p. 47) 
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão 
federal de financiamento à pesquisa no País, adotou uma conceituação para a área para 
assim administrar a demanda de financiamento à pesquisa. Essa definição foi descrita no 
documento Avaliação e Perspectiva, CNPq (1983), que analisa a Ciência da Informação, a 
Biblioteconomia e a Arquivologia. Tal documento, que descreve as atividades da área de 
Ciência da Informação, no Brasil, foi elaborado por uma comissão composta por consultores 
de tais disciplinas. A conceituação da área, elaborada por aquela comissão, apoiou-se nas 
orientações da UNESCO, que, então, estimulava a criação de uma infra-estrutura de 
informação como base de sistemas nacionais de informação. No contexto daquele 
documento a área é assim definida: 
Ciência da Informação designa o campo mais amplo, de propósitos investigativos e 
analíticos, interdisciplinar por natureza, que tem por objetivo o estudo dos fenômenos ligados 
à produção, organização, difusão e utilização de informações em todos os camposdo saber. 
(CNPq. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVA, 1983, p. 52) 
No entendimento daqueles consultores, a biblioteconomia e a arquivologia são 
disciplinas aplicadas, que tratam da coleta, da organização e da difusão de informações 
preservadas em diferentes tipos de suportes materiais. Diferenciam-se, basicamente, pelo 
fato de que as bibliotecas e outros órgãos assemelhados lidam com a necessidade de prover 
os usuários com informações substantivas sobre o universo dos conhecimentos, ou parte 
deles, enquanto que os arquivos lidam com aqueles documentos que foram produzidos como 
resultado das atividades desenvolvidas por uma pessoa física ou jurídica e que, portanto, 
documentam essas atividades. (CNPq. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVA 82,1983) 
Percebe-se no estudo daquele documento que a Ciência da Informação é vista como 
uma grande área na qual estão abrigadas subáreas, como d Biblioteconomia e a 
Arquivologia, disciplinas mais voltadas para a aplicação de técnicas, o que não quer dizer 
que no âmbito daquelas disciplinas não se realizem pesquisas ou se produzam novos 
conhecimentos. Percebe-se que tal entendimento da área é bastante flexível, com 
possibilidades de distender-se para abrigar novas habilidades ligadas às novas atividades de 
informação. 
A Ciência da Informação se desenvolveu no Brasil, mais do que nos países centrais, 
imbricada com a Biblioteconomia, mesmo sendo orientadas por paradigmas diferentes, o que 
será visto mais adiante. 
 
1.4.2 O objeto da Ciência da Informação 
 
A Ciência da Informação, desde o seu surgimento, padece de dificuldades para isolar 
e descrever seu objeto de pesquisa, a informação. Há muitas definições para o termo 
informação, que conduzem às diferentes visões dos autores sobre o que é um processo de 
informação. 
Como agravante para o entendimento do termo é preciso relembrar que esse objeto 
não é exclusivo da Ciência da Informação. A informação é preocupação de pesquisa da 
Comunicação Social, da Ciência da Computação, da Biologia e de outros campos de estudo. 
O fenômeno é visto e interpretado de forma diversa pelas diferentes áreas. 
Em primeiro lugar é preciso esclarecer que, na ótica da Ciência da Informação, o 
objeto "informação" é uma representação. Como é uma representação de conhecimento, que 
já é uma representação do real, ela se torna uma representação de representação. Por isso, 
a informação é um objeto complexo, flexível, mutável, de difícil apreensão, sendo que sua 
importância e relevância estão ligadas ao seu uso. 
Grande parte dos autores analisados enxerga a informação como conhecimento. Ela é 
algo que ajuda na resolução de um problema ou completa uma lacuna no conhecimento da 
pessoa, conforme cada necessidade. Nessa linha, Brooks (1980) afirma que informação 
produz efeitos no usuário e propõe a seguinte equação como forma de sistematizar o 
processo de informação: K(S) + ∂K = K (S + ∂S) 
 | 
 ∂ | 
A equação exprime a passagem de um estado de conhecimento que é K(S) para outro 
de conhecimento expresso por K(S + ∂S). Os signos ∂K significam a contribuição de um 
conhecimento extraído de uma informação que é expressa por ∂|, então, o efeito dessa 
modificação é ∂S. 
Muitos autores consideram a informação como um resultado da interpretação do 
indivíduo. Isto é, o usuário é quem lhe confere importância e confiabilidade, sendo que a 
apreensão do dado e/ou fato se relaciona a um conhecimento preexistente do indivíduo. 
A informação é um conhecimento3 inscrito (gravado) sob a forma escrita (impressa ou 
numérica), oral ou audiovisual. A informação comporta um elemento de sentido. É um 
significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um 
suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda sonora, etc. Essa inscrição é feita 
graças a um sistema de signos (a linguagem), signos estes que são elementos da linguagem 
que associa um significante a um significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação. 
(Le Coadic, 1996) 
O objeto da área, a informação, conforme Pinheiro (2002), está imerso em um campo 
vasto e complexo de pesquisas que, por tradição, se relacionam a documentos impressos e 
a bibliotecas. No entanto, a informação de que trata a Ciência da Informação não se restringe 
a documentos impressos, pode ser percebida em conversas entre cientistas e outros tipos de 
comunicação informal. Ela se apresenta também em uma inovação para o setor produtivo, na 
forma de patente, fotografia ou objeto, no registro magnético de bases de dados, numa 
biblioteca virtual ou repositório na Internet. 
Para facilitar a tarefa sobre o entendimento do que venha a ser informação, Pinheiro 
(1997) extraiu dos escritos de vários autores os seguintes atributos de informação: 
• A informação tem o efeito de transformar ou reforçar o que é conhecido, ou julgado 
conhecido, por um ser humano; 
• É utilizada como coadjuvante da decisão; 
• É a liberdade de escolha que se tem ao selecionar uma mensagem; 
• É algo necessário quando enfrentamos uma escolha (a quantidade de informação 
requerida depende da complexidade da decisão a tomar); 
• É matéria-prima de que deriva o conhecimento; 
• É trocada com o mundo exterior, e não meramente recebida; 
• Pode ser definida em termos de seus efeitos no receptor. 
A informação é um fenômeno tão amplo que abrange todos os aspectos da vida em 
sociedade; pode ser abordado por diversas óticas, seja a comunicacional, a filosófica, a 
semiológica, a sociológica, a pragmática e outras. Essa multiplicidade de possibilidades de 
 
3
 Le Coadic esclarece que conhecimento (um saber) é resultado do ato de conhecer. ato pelo qual o espírito 
apreende um objeto. Conhecer é ser capaz de formar a idéia de alguma coisa: é ter presente no espírito. Isso 
pode ir da simples identificação (conhecimento comum) à compreensão exata e completa dos objetos 
(conhecimento científico). 
análise do fenômeno conduz a uma reflexão sobre a natureza interdisciplinar4, ou até 
transdisciplinar5, da área, uma vez que esta, se por um lado busca sua identidade científica, 
por outro, fragmenta-se ao abordar diferentes temáticas relacionadas ao binômio 
informação/comunicação. 
 
1.5 A Natureza Interdisciplinar da Ciência da Informação 
 
Há unanimidade entre os praticantes e pesquisadores da Ciência da Informação sobre 
o fato de esta ser um campo interdisciplinar6. Isso significa que os problemas da área, tanto 
os de natureza teórica quanto os técnicos, têm sido equacionados com a participação de 
outros ramos do conhecimento. 
Na opinião de Saracevic (1992), a interdisciplinaridade foi introduzida na Ciência da 
Informação pela variedade de antecedentes de todas as pessoas que se ocuparam com seus 
problemas (já descritos). Entre os pioneiros havia engenheiros, bibliotecários, químicos, 
lingüistas, filósofos, psicólogos, matemáticos, cientistas da computação, homens de negócios 
e outros, oriundos de diferentes profissões ou ciências. Nem todas as disciplinas das quais 
tais pessoas se originaram tiveram contribuição relevante, mas essa multiplicidade de visões 
na construção da área foi responsável pela introdução e pela permanência do objetivo 
interdisciplinar na Ciência da Informação. 
A participação de outros campos do conhecimento na Ciência da Informação 
permanece em função da complexidade dos problemas a serem equacionados pela área, o 
que exige a contribuição de diferentes profissionais e/ou pesquisadores. 
Dentre as disciplinas com as quais a Ciência da Informação tem trabalhado 
distinguem-se: Biblioteconomia, Ciência da Computação, Comunicação Social. 
Administração, Lingüística, Psicologia, Lógica, Matemática, Filosofia/Epistemologia. 
A aproximação dos praticantes da área com outros campos de conhecimento, 
segundo Ingwersen (1992), foi motivada pela necessidadede se resolverem problemas 
teóricos da Ciência da Informação. Na opinião do autor, contudo, houve um exagero na 
 
4
 O termo interdisciplinaridade aqui empregado trata da síntese de duas ou várias disciplinas, instaurando um 
novo nível de discurso, caracterizado por uma nova linguagem. 
5
 A transdisciplinaridade é o reconhecimento da interdependência de todos os aspectos da realidade, É 
conseqüência normal da síntese provocada pela interdisciplinaridade, quando esta for bem-sucedida (Weeil, 
1993). 
6 O termo interdisciplinaridade, empregado aqui, trata da síntese de duas ou várias disciplinas, instaurando 
nível de discurso, caracterizado por uma linguagem (Weeil, 1993). 
busca de aproximação com outras disciplinas por parte da Ciência da Informação. Ao tentar 
resolver problemas teóricos, a comunidade tem trabalhado em demasia 110S espaços 
fronteiriços da Ciência da Informação. Dessa maneira, a busca da interdisciplinaridade, sem 
muita reflexão, pode estar tornando-a vulnerável em vez de resolver sua fragmentação. 
 
1.6 Ciência da Informação e Biblioteconomia 
 
Como já foi dito, a Ciência da Informação é um conjunto de teorias e práticas e, como 
campo científico, produz intercâmbio com outras disciplinas. Uma delas é a Biblioteconomia, 
área com a qual ela tem falado mais de perto, pelo menos na realidade brasileira. 
A Ciência da Informação não é uma evolução da Biblioteconomia, conforme a crença 
de alguns autores, uma vez que cada uma delas se baseia em orientações paradigmáticas 
diferenciadas. As teorias da Ciência da Informação aliadas às novas tecnologias de 
informação vêm contribuindo com novas práticas e serviços bibliotecários. Como já 
mencionado, a Biblioteconomia e a Ciência da Informação trabalham juntas na busca de 
solução para o mesmo problema que orienta a área; contudo, representam campos 
científicos norteados por paradigmas diferentes. Vale salientar que o conceito de paradigma 
aqui utilizado se sustenta nas idéias de Thomas Kuhn. Segundo esse historiador da Ciência, 
o paradigma é visto como um modelo ou padrão de ciência que é compartilhado por uma 
determinada comunidade. Dentro desse conceito não caberiam, portanto, as propostas de 
teorias, caminhos teóricos e metodológicos ainda não compartilhados. 
 
1.6.1 O paradigma da Biblioteconomia 
 
A abordagem dada a este tópico se fixa em autores que buscaram os paradigmas da 
área por meio do exame da literatura produzida. Um desses autores é Francis Miksa (1992). 
Conforme seus achados, a Biblioteconomia e a Ciência da Informação representam campos 
científicos orientados por paradigmas diferentes. O paradigma da Biblioteconomia, segundo 
o autor, consiste em um grupo de idéias relacionadas com a biblioteca, então considerada 
como uma instituição social. Suas origens encontram-se nos trabalhos de estudiosos da 
Escola de Biblioteconomia de Chicago, durante os anos 1920 e 1930. Tal paradigma 
desenvolveu-se usando idéias e metodologias buscadas nos campos da Sociologia e da 
Educação. O ponto focal desse paradigma é a biblioteca em si mesma. Através dele, ela é 
vista como uma instituição social e, mais especificamente, como uma organização social 
bem definida e única. Como toda organização social, a biblioteca tem material organizacional 
e características intelectuais que servem como significado para expressar suas funções em 
uma estrutura social. 
Nesta visão é possível identificar, nas funções da biblioteca, três propriedades, que 
pressupõem as bases: material, profissional e organizacional, as quais efetivam o exercício 
de tais funções. 
Propriedades materiais: incluem coleções de objetos representando o conhecimento 
(documentos) e equipamentos especializados. 
Propriedades organizacionais: referem-se ao conjunto de estruturas administrativas e 
de pessoal. 
Propriedades intelectuais: englobam a idéia de sistema, como, por exemplo, sistema 
de classificação, estrutura de catalogação, política de seleção. 
Dentre as funções da biblioteca, no entanto, a mais importante é a de dar acesso à 
sua coleção de documentos. 
Sob o enfoque deste paradigma, a biblioteca existe, principalmente, para tornar 
possível o uso, por um dado público, de suas coleções de documentos. Para isso, ela exerce 
várias tarefas, tais como aquisição, organização e arranjo físico dos materiais coletados. O 
exercício dessas tarefas exige ferramentas apropriadas e pessoal especializado, o que vai 
desde a seleção e a aquisição até a recuperação das coleções e o seu uso. 
Em resumo, o paradigma da biblioteca como uma instituição social conhecida - a 
biblioteca - é caracterizado em termos de sua propriedade institucional e de suas funções. 
Tal paradigma abarca também a instituição em um contexto amplo, envolvendo um processo 
de mudança social em que indivíduos, embora apenas lendo, usam o estoque de 
conhecimento social na condução de suas vidas, facilitando, assim, o processo social geral. 
A função social da biblioteca enquanto uma instituição social está, principalmente, em 
ser o fio condutor entre indivíduos e o conhecimento do que eles necessitam. 
É importante ressaltar dois pontos principais que fragilizaram a manutenção do 
paradigma em questão. O primeiro diz respeito à preocupação excessiva das bibliotecas em 
armazenar e manter acervos para uma possível utilização considerando o documento mais 
importante que as muitas informações nele contidas. Outro ponto foi sua preocupação menor 
com os usuários. Apesar das muitas pesquisas existentes sobre usuários, a metodologia 
utilizada esteve sempre centrada na avaliação dos serviços da biblioteca, e não nos 
problemas fiasses usuários. Essa posição equivocada dos estudos de usuários tem 
dificultado a concretização da tão almejada função social da biblioteca. /\s mudanças 
ocorridas na instituição, nas últimas décadas, segundo Almeida Júnior (2002), ativeram-se ao 
mínimo imprescindível para atender aos reclamos da sociedade. Presume-se que tais 
mudanças não tenham sido profundas e nem consensuais, concretizando apenas o 
suficiente para não sofrerem um rompimento paradigmático. 
 
1.6.2 O paradigma da Ciência da Informação 
 
O paradigma da Ciência da Informação compõe-se de um grupo de idéias relativas ao 
processo que envolve o movimento da informação 11m um sistema de comunicação 
humana. Este paradigma surgiu nos anos 1950, quando as idéias da engenharia de 
comunicações e teorias cibernéticas obtiveram êxito na representação das propriedades do 
sistema de transmissão de sinais em termos matemáticos. Tornou-se, então, a base das 
tentativas para caracterizar e modelar o processo de recuperação da informação e/ou do 
documento. 
Este paradigma tem influenciado profundamente o campo da Biblioteconomia, 
contribuindo não só com a palavra "informação" para denominar o novo campo, mas, 
também, suprindo a área com um conjunto completamente novo de termos com os quais os 
praticantes caracterizaram suas atividades. O paradigma evidencia particularmente o fluxo 
de informação que ocorre em um sistema no qual objetos de representação do conhecimento 
(documentos) são buscados e recuperados em resposta à pergunta iniciada pelo usuário. 
Isso pressupõe uma grande extensão de assuntos específicos envolvendo processos 
também específicos - por exemplo, a criação e o crescimento do volume de documentos na 
sociedade, a organização e a recuperação desses documentos e/ou da sua representação e 
também o seu uso. Esse modelo de sistema de informação tem origem em um contexto mais 
geral, que é a teoria matemática da comunicação. A teoria consiste em um ponto de origem 
(emissor), um canal pelo qual passa a informação e um ponto de destino (receptor), com 
possibilidade de codificação e decodificação para fins de retroalimentação. 
Essa estrutura tem sido aplicada em bibliotecascomo modelo de recuperação de 
documentos e para caracterizar agências que se dedicam às atividades tanto de 
Biblioteconomia quanto de Ciência da Informação. O modelo permitiu estudo sobre fluxos de 
informação em agências públicas e privadas, entre membros de uma disciplina, profissões, 
especialistas etc. 
A importância desse paradigma para a área, segundo Miksa (1992), se expressa em 
três idéias básicas: 
1. Permitiu a formalização da idéia de que informação é algo que flui dentro de um 
sistema. A partir daí, surgiram os conceitos de entropia e incerteza, redundância, 
retroalimentação, sinal para taxas de ruídos; 
2. A informação passou a ser entendida como algo divisível dentro de unidades feitas em 
partes, num sistema; 
3. A idéia de movimento da informação tem intensificado a busca de entendimento da 
informação em si mesma. A princípio tal movimento foi discutido como fenômeno 
físico - isto é, como a transmissão de sinais mensuráveis -, o que tornou flexível o 
conceito principal do paradigma. Depois foram acrescentados outros domínios do 
movimento da informação, por exemplo, aqueles relacionados ao fluxo de idéias, 
significados, ou mensagens cheias de significados envolvidos com a semiótica e a 
semântica. 
No campo da Ciência da Informação e da Biblioteconomia, este paradigma tem, então, 
como fenômeno central o movimento da informação em um sistema de comunicação. O 
processo é modelado em termos de fluxo da informação entre dois pontos através de um 
canal, permitindo, para controle, a incorporação do feedback. 
Este paradigma também contém fragilidades que não puderam ser superadas. O fato de 
originar-se da Teoria Matemática da Comunicação, idealizada para transmissão de sinais, ao 
ser transposto para o ambiente da Ciência da Informação, não permitiu considerar os 
aspectos cognitivos da informação e nem o desejo do usuário como componentes que 
alteram significativamente o processo de recuperação da informação dentro de um sistema. 
Além disso, Miksa (1992) comenta que tanto os modelos matemáticos de recuperação 
quanto as conceituações advindas daquele modelo não foram vastamente testadas por meio 
da prática da pesquisa. 
Pode-se notar que a literatura sobre os modelos matemáticos de recuperação da 
informação, assim como os conceitos de pertinência, relevância e outros, diminuiu, por algum 
tempo. Quando surgiu a rede mundial de computadores e, com isso, a oferta de inúmeros 
serviços de informação, esses modelos voltaram a ser preocupações de pesquisa. 
Segundo Thomas Kuhn (1975), a transição de um paradigma em crise para um novo não 
chega a ser um processo cumulativo. A reconstrução da área de estudos é feita a partir de 
novos princípios, reconstrução que altera algumas generalizações teóricas mais elementares 
do paradigma, bem como muitos de seus métodos e aplicações (Kuhn, 1975). Assim, apesar 
da ação revolucionária do novo paradigma, há um período de transição entre o velho e o 
novo modelo, havendo coincidências entre os problemas que podem ser resolvidos por 
ambos. 
À luz dos estudos de Kuhn (1975) parece ser este um momento de transição da área, 
quando ela testa uma nova teoria na busca de solução para uma crise. Essa crise coincide 
com o surgimento das novas tecnologias de processamento, armazenamento e 
disseminação da informação, principalmente deslocando os catálogos de bibliotecas de seus 
locais de origem, levando-os para perto dos usuários através das bases de dados. A unidade 
de análise da Biblioteconomia não é mais somente o livro, mas também a informação; e suas 
atividades, agora automatizadas, ultrapassam o espaço da biblioteca. 
Isso conduz à percepção de que as atividades profissionais de ensino e pesquisa, na 
área, estão sendo orientadas por paradigmas diferentes. A literatura produzida na Ciência da 
Informação e na Biblioteconomia não expressa conflitos existentes na comunidade 
profissional ou científica, apesar da formação nessas duas áreas ser oferecida em diferentes 
níveis. O perfil do bibliotecário é formado em cursos de graduação, já os mestres e doutores 
em Ciência da Informação são titulados em cursos de pós-graduação stricto sensu. 
Esse compartilhamento de paradigmas, conforme as idéias de Kuhn, permanecerá até o 
fortalecimento de um dos dois e/ou o surgimento de um terceiro paradigma. 
Resumindo, esta é uma área em construção, uma vez que é um campo disciplinar muito 
recente. Suas teorias e conceituações para o crescimento de seu campo teórico e de suas 
práticas profissionais dependem de uma boa formação acadêmica e compromisso por parte 
dos profissionais. 
 
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CAPÍTULO II - A Produção de Conhecimentos e a Origem das Bibliotecas 
Eliany Alvarenga Araújo 
Marlene de Oliveira 
 
Conhecer a origem das bibliotecas implica em abordar a produção de conhecimentos 
e dos registros de conhecimentos, pois, desde a sua origem na Antigüidade Clássica, a 
biblioteca é um espaço de preservação dos conhecimentos gerados pela humanidade a partir 
de diferentes sociedades. 
Explicar o que é conhecimento é uma tarefa difícil, face aos diversos entendimentos 
do termo. Por isso, adotou-se a visão de Burke (2003): conhecimento é algo que denota o 
que foi processado e sistematizado pelo pensamento. Conforme o autor, com a reabilitação 
do saber cotidiano, do saber local, deve ficar óbvio que há "conhecimentos" no plural em 
toda cultura. 
Para melhor entendimento desta questão, descrevem-se, resumidamente, alguns tipos 
de conhecimento: 
Filosófico - É um tipo de conhecimento de caráter mais geral e reflexivo, que busca os 
princípios que tornam possível o próprio saber. Atualmente, um dos principais objetivos do 
conhecimento filosófico é a investigação de pressupostos, de consciência de limites, de 
crítica da ciência e da cultura. 
Religioso - Esse conhecimento apóia-se em doutrinas que contêm proposições 
sagradas por terem sido consideradas reveladas pelo sobrenatural. É um conhecimento 
sistemático do mundo (origem, significado, finalidade, destino) que acredita possuir a 
verdade sobre as questões fundamentais do homem, mas apoiando-se sempre numa fé ou 
crença. 
Senso comum ou Conhecimento popular - É uma forma espontânea de conhecer a 
realidade no trato direto com as coisas, no cotidiano. É reflexivo, porém falível e inexato. 
Oriundo dos diferentes sentidos, constitui-se num conjunto de opiniões e valores 
característicos daquilo que é correntemente aceito em um meio social determinado. 
Científico - É um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, organizados e 
suscetíveis de serem transmitidos por um processo pedagógico de ensino. Trata-se de 
conhecimento sistemático por se constituir de um saber ordenado logicamente, formando um 
sistema de idéias (teorias). Pretende ser verificável, objetivo e comunicável. Objetiva explicar 
racional e metodicamente a realidade. 
Há outros tipos de conhecimento, produzidos em muitas organizações e contextos 
diferentes, também importantes, que não serão discutidos aqui. Entretanto, vale salientar que 
os produtos (registros) representativos desses conhecimentos, assim como a produção 
cultural, se constituem em acervos que são preservados em bibliotecas, arquivos, unidades 
de informação, museus etc. 
Para efeito deste texto, considera-se conhecimento na sua forma concreta, tangível, 
que são os produtos gráficos e objetos materiais. Na Ciência da Informação e na 
Biblioteconomia são denominados documentos, tais como livros, revistas, jornais, moedas, 
imagens, CDs, arquivos eletrônicos etc. 
A origem exata das bibliotecas, assim como a da linguagem e a da escrita, é 
desconhecida. Entretanto, podemos considerar que, diferentemente da linguagem e da 
escrita, as bibliotecas apareceram na era histórica, ou seja, quando tem início a preservação 
de registros escritos 111: conhecimentos. É necessário, contudo, esclarecer que as expressões 
culturais vão além da escrita e se expressam em diversos produtos e artefatos, mas, no 
contexto de bibliotecas, a linguagem escrita tornou-se a forna mais comum para registrar 
conhecimentos. 
A dedução de que a produção de conhecimentos conduz à criação de bibliotecas 
aponta para o pressuposto de que onde houve grande 11Iodução de conhecimentos também 
ali estarão grandes bibliotecas, arquivos, museus etc., ou seja, unidades de informação em 
seus diferentes formatos. 
Podemos considerar que os pré-requisitos principais para o aparecimento de 
bibliotecas são: 
• Condições econômicas - São observadas ao longo do tempo como altamente 
significantes na produção de conhecimentos e de unidades de informação. Quando 
existe um excedente de riqueza em um país ou região, aumenta a disponibilização de 
recursos para o incentivo à produção cultural, aqui incluindo-se a produção de 
conhecimentos e de bibliotecas. 
• Condições sociais - Um dos fatores importantes neste item diz respeito às influências 
positivas, como o aparecimento de grandes centros urbanos que, em suas atividades 
múltiplas e cada vez mais complexas, produzem inúmeros registros e requerem 
sofisticados sistemas de informação. Essas necessidades podem encorajar o 
desenvolvimento de bibliotecas, arquivos, museus etc. Outro fator relevante é a 
educação. Um sistema formal de educação necessita tanto de registros de 
conhecimento e sua conservação quanto de bibliotecas para participar e dar apoio ao 
sistema educacional. 
• Condições políticas - Aparecem em dois níveis, o primeiro diz respeito ao clima de 
tranqüilidade política e social de uma nação, que pode conduzir e ampliar o 
crescimento de bibliotecas. Em ambientes de conflitos e crises políticas, as 
bibliotecas, como outros repositórios de cultura, sofrem sérios riscos em conseqüência 
de tumultos, atentados etc. Assim, as bibliotecas florescem geralmente em sociedades 
onde prevalece a prosperidade econômica, a população é instruída e o comércio 
livreiro é bem organizado. Em outro nível, as bibliotecas, assim como toda produção 
de conhecimentos, necessitam de políticas governamentais para seu estímulo e 
crescimento. 
O surgimento e desenvolvimento dos conhecimentos, seus produtos, assim como seu 
armazenamento, organização e divulgação, podem ser observados sob essas condições 
desde a Antigüidade. As grandes bibliotecas da Antigüidade Clássica de que se tem notícia 
eram formadas por grandes conquistadoresou se localizavam em cidades que exerciam 
poder econômico e/ou político. 
Há indícios e comprovações de grandes bibliotecas na Antigüidade. Dentre elas, cita-se a 
Biblioteca de Nipur, na Babilônia, descoberta em um templo, com registros em tábuas de 
argila e em escrita cuneiforme. Também famosa é a Biblioteca de Assurbanipal, rei da 
Assíria que viveu no século VII a.C. A biblioteca situava-se em seu palácio na cidade de 
Nínive e contava com milhares de tabletes de argila com transcrições e textos sobre os mais 
variados assuntos, coletados sistematicamente pelo rei em outros templos do seu reino. 
A mais famosa biblioteca da Antigüidade ficava em Alexandria, no Egito, e seu 
desaparecimento deveu-se a saques de conquistadores, fanáticos religiosos e a desastres 
naturais. Cabe salientar, contudo, que, no final de 1990, ela foi reconstruída pelo governo do 
Egito com a colaboração da UNESCO. Os temas dominantes do seu acervo relacionam-se 
às antigas civilizações de Alexandria e do Egito, desde a Antigüidade até a Idade Média. 
Na Idade Média, as igrejas e mosteiros foram os grandes guardiões dos ricos acervos das 
antigas bibliotecas. Esse fato coincide com a riqueza e o poder da Igreja, que, naqueles 
séculos, não só produzia, mas também legitimava os conhecimentos. 
 
2.1 A Invenção de Guttenberg 
 
Desde a Antigüidade até o final da Idade Média foram utilizados diferentes suportes 
como base para o registro de conhecimentos: a pedra, o barro, a madeira, o linho, a seda, o 
papiro, o pergaminho e o papel. Com a invenção da imprensa por Guttenberg, em 1452, e 
seu desenvolvimento nos séculos seguintes, houve grandes modificações na produção, no 
armazenamento e na difusão dos conhecimentos. Esse fato ocasionou o rompimento do 
monopólio que a Igreja exercia na geração e guarda dos conhecimentos. Até então, o acesso 
aos conhecimentos, assim como consultas a bibliotecas, constituía-se em privilégio da elite. 
A criação de Guttenberg e o processo de fabricação do papel facilitaram, aos poucos, a 
democratização dos conhecimentos e do livro. Esses eventos permitiram maior produção de 
registros impressos e elevaram a biblioteca a uma condição de maior importância à época. 
A expressão "geografia do conhecimento" é usada por Burke (2003) para mapear a 
produção de conhecimentos, notada mente dos séculos XVI. XVII e XVIII. Ele distingue a 
distribuição espacial do conhecimento desde os locais onde foi produzido, descoberto, 
guardado até onde era difundido. Naqueles séculos, os centros tradicionais eram os 
mosteiros, que guardavam grandes bibliotecas, assim como as universidades e os hospitais. 
Como produtores e divulgadores de conhecimentos, o autor cita também o laboratório, a 
galeria de arte, a livraria, a biblioteca, o anfiteatro de anatomia, o escritório e o café. Esse 
mapeamento do conhecimento exemplifica a visão do autor de que o conhecimento é visto 
na sua forma plural e não só como atividade científica. Prosseguindo, Burke (2003) percebeu 
a existência de conhecimentos também em ambientes de comércio, particularmente os 
portos, que eram especiais na difusão de informações. Os habitantes dos portos se dirigiam 
ao cais para conversar com marinheiros de embarcações recém-chegadas. Ali filam 
encontrados cartas, mapas e globos, além de o local propiciar o intercâmbio de 
conhecimentos. Dessa maneira, justifica-se a importância de Lisboa na história do 
conhecimento dos séculos XV e XVI, derivada de sua posição como capital do Império 
Ultramarino Português. O autor cita também Veneza como a mais importante agência de 
informações dos primórdios do mundo moderno, por sua posição intermediária entre o 
Ocidente e o Oriente. 
Quando se refere à localização das bibliotecas, Burke (2003) cita a Itália e a França, 
países onde se concentrava o maior número delas. Algumas cidades italianas, como 
Nápoles, Florença, Veneza e Milão, abrigaram grandes bibliotecas. Roma hospeda 
bibliotecas de diversas ordens religiosas, além da Biblioteca do Vaticano. Paris superava 
Roma em quantidade de bibliotecas, principalmente no século XVII. Um guia de Paris, 
datado de 1692, arrola 32 bibliotecas onde se permitia que os leitores entrassem "como um 
favor" para consulta em suas coleções. Naquela época, teve início a formação de centros de 
estudos nas principais cidades da Europa, o que contribuiu para o aparecimento de novas 
bibliotecas, tanto universitárias como públicas. Esse fato coincide com o início da 
formalização da atividade de pesquisa, ocasionando o surgimento das agências de fomento 
à pesquisa naquele século. 
Com o aparecimento dos Estados Nacionais e a estruturação da pesquisa científica, 
os conhecimentos produzidos no mundo passaram a crescer significativamente. Com o 
correr do tempo, a atividade de construção de conhecimentos expandiu-se para incluir 
empresas, indústrias, área jurídica e outras, que passaram de consumidoras a também 
produtoras de conhecimentos. Mais recentemente, com o surgimento da Internet, a 
divulgação de conhecimentos tornou-se mais rápida, agilizando os serviços das bibliotecas. 
 
2.2 Bibliotecas no Brasil 
 
No Brasil, as primeiras bibliotecas foram criadas por ordens religiosas. A ordem dos 
Jesuítas foi a mais atuante. Em 1549, fundou a Companhia de Jesus, organização que 
objetivava catequizar índios e colonos. Nas escolas daquela Companhia os padres criavam 
bibliotecas que, aos poucos, se tornaram as melhores e mais numerosas. Fundaram escolas 
e bibliotecas em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, no Maranhão, Pará e em 
vários outros estados e cidades. Tais bibliotecas atendiam necessidades tanto de alunos em 
seus primeiros aprendizados, como até de alunos de Filosofia, que equivaleriam aos das 
Faculdades de hoje. As consultas não se restringiam aos alunos e professores das escolas, 
mas eram possíveis a qualquer pessoa que justificasse o pedido. A Biblioteca do Mosteiro de 
São Bento, em Salvador, Bahia, organizada no início do século XVI, formalizou atividades de 
uma biblioteca pública (Moraes, 1979). 
Com a expulsão da Companhia de Jesus do Brasil, pelo Marquês de Pombal, seus 
bens foram confiscados, inclusive as bibliotecas. Os acervos foram selecionados e grande 
parte enviada ao Colégio do Rio de Janeiro, o restante foi entregue ao bispo da Diocese. 
Com isso, o conhecimento produzido por brasileiros e estudiosos daqueles colégios ficou 
perdido. Outras ordens religiosas se incumbiram da educação dos brasileiros e criaram 
colégios e bibliotecas para isso, como os franciscanos, Beneditinos e Carmelitas. Dentre as 
bibliotecas mais relevantes, estavam as beneditinas. As abadias beneditinas tinham boas 
bibliotecas e enriqueciam seus acervos por meio de compra e herança. 
A vinda da Corte Portuguesa para o Brasil alterou as condições políticas, econômicas 
e sociais da Colônia. Foi uma transformação radical no Rio de Janeiro, sua população 
cresceu consideravelmente com a chegada de nobres, funcionários de muitas categorias, 
comerciantes, burgueses ricos etc. Esse fato ocasionou novas necessidades na cidade e, em 
conseqüência, transformou a situação do livro e das bibliotecas. Junto com os tesouros do 
Estado Português, como ouro, diamantes, pratarias e paramentos da Capela Real, vieram 
também arquivos das repartições públicas, manuscritos da Coroa e do Infantado e a 
Biblioteca Real da Ajuda. O acervo da biblioteca era composto de coleções ricas e versáteis, 
como as primeiras edições portuguesas e espanholas, edições de clássicos portugueses e 
espanhóis, coleção de folhetos, manuscritos, fotos, mapas e gravuras. A partir daí, a 
biblioteca desenvolveu-se recebendo também doações e, principalmente, através da 
obrigação do depósito legal, pela qual a biblioteca passou a receber um exemplar de tudo o 
que é publicado em território nacional. Com o retorno da Corte Portuguesa à Europa, a 
BibliotecaReal ficou desfalcada de parte de seu acervo, mas, mesmo assim, ainda 
conservou uma parte valiosa. Com o advento da Independência, a biblioteca ficou 
subordinada a uma repartição pública e passou a denominar-se Biblioteca Nacional (Moraes, 
1979). 
A primeira biblioteca pública surgiu, em Salvador, como expressão da sociedade. Um 
senhor de engenho, Pedro Gomes Ferrão de Castelo Branco, planejou a biblioteca como 
uma instituição para promover a instrução do povo. A Biblioteca Pública da Bahia foi a 
primeira a ser fundada com essa característica de não contar com recursos do governo. A 
experiência não deu certo e o governo passou a dar subsídios e outras bibliotecas públicas 
floresceram em outras capitais e cidades importantes. 
É importante ressaltar que a divulgação da cultura até a República já não estava 
restrita às livrarias e bibliotecas dos conventos religiosos. No Rio de Janeiro funcionavam 
vários institutos de estudos superiores criados pelo governo, como a Real Academia Militar, o 
Laboratório Químico-prático, a Academia Médico-Cirúrgica, o Arquivo Militar e a Academia 
Real dos Guarda-Marinhas. Essas organizações estabeleciam em seus estatutos a criação 
de bibliotecas (Moraes, 1979). 
Com o desenvolvimento do sistema educacional brasileiro, a criação de agências de 
fomento e principalmente das Universidades Federais, o crescimento do conhecimento no 
Brasil expandiu-se consideravelmente, não só pela produção dos brasileiros, mas também 
pela compra de coleções para atender a essas novas organizações. Contudo, o número de 
bibliotecas ainda é insuficiente para atender toda a sociedade. 
O país não conta com estatísticas sobre os diferentes tipos de bibliotecas existentes, 
mas é possível calcular o número de bibliotecas em instituições de nível superior, uma vez 
que a autorização para o funcionamento destas depende exatamente da existência de 
bibliotecas. Considerando-se o número de universidades federais existentes no país, estima-
se que o número de bibliotecas universitárias esteja em torno de 62. O Anexo A elenca 
instituições universitárias federais e estaduais que, portanto, oferecem serviços 
bibliotecários. 
 
2.3 Conceituações 
 
As teorias e conceitos que embasam grande parte das atividades das bibliotecas são 
oriundos da Ciência da Informação, em função de orientações comuns na resolução de 
problemas. Assim, a biblioteca é uma coleção de documentos bibliográficos (livros, 
periódicos etc.) e não bibliográficos (gravuras, mapas, filmes, discos etc.) organizada e 
administrada para formação, consulta e recreação de todo o público ou de determinadas 
categorias de usuários. 
 
2.4 Tipos de Bibliotecas 
 
Segundo a finalidade, as bibliotecas se dividem em: 
a) Nacionais - têm como principal finalidade a preservação da memória nacional, isto é, 
da produção bibliográfica e documental de uma nação. 
b) Públicas - surgiram com a missão de atender às necessidades de estudo, consulta e 
recreação de determinada comunidade, independentemente de classe social, cor, 
religião ou profissão. 
 Seus objetivos principais são: 
 - estimular nas comunidades o hábito de leitura; 
 - preservar o acervo cultural. 
c) Universitárias - a finalidade desse tipo de biblioteca é atender às necessidades de 
estudo, consulta e pesquisa de professores e alunos universitários. 
d) Especializadas - são aquelas dedicadas à reunião e organização de conhecimentos 
sobre um só tema ou de grupos temáticos em um campo específico do conhecimento 
humano. 
e) Escolares - são destinadas a fornecer material bibliográfico necessário às atividades 
de professores e alunos de uma escola. 
f) Infantis - devem estar mais voltadas para a recreação e proporcionar outras atividades 
como: escolinhas de arte, exposição, dramatizações etc. Necessitam de um acervo 
bem selecionado para seus usuários. 
g) Especiais - são aquelas que se destinam a atender a um tipo especial de leitor e, por 
isso, detêm um acervo especial, como, por exemplo, as bibliotecas para deficientes 
visuais, presidiários e pacientes de hospitais. 
h) Biblioteca ambulante ou Carro-biblioteca ou Bibliobus - são bibliotecas volantes, que 
objetivam a extensão dos serviços bibliotecários às áreas suburbanas e rurais, quando 
estes são deficientes ou inexistentes. São serviços de extensão de bibliotecas já 
existentes, como bibliotecas públicas ou universitárias. 
i) Popular ou comunitária - é um tipo de biblioteca criada e mantida pela comunidade. 
Tem os mesmos objetivos da biblioteca pública, mas não se vincula ao poder público. 
E mantida por órgãos, como associações de moradores, sindicatos e grupos 
estudantis. 
 
2.5 Atividades de uma Biblioteca / Unidade de Informação 
 
A biblioteca ou outra unidade de informação, aqui entendida como uma unidade que 
trata de informação, desde a organização até sua difusão (base de dados, serviço de 
informação especializada, centro de informação, telecentro, videotecas, mapotecas etc.), 
pressupõe atividades bem características, por trabalhar a informação. Isso faz com que esse 
tipo de instituição ou serviço ofereça serviços e produtos particularizados. 
É importante salientar que os esclarecimentos aqui fornecidos sobre 
bibliotecas/unidades de informação são gerais e presumem metodologias que podem ser 
utilizadas tanto em bibliotecas tradicionais quanto em unidades de informações eletrônicas, 
como as bibliotecas virtuais. 
A biblioteca como uma organização pressupõe três grandes funções: 
1) Função gerencial - administração e organização. 
2) Função organizadora - seleção, aquisição, catalogação, classificação, indexação. 
3) Função divulgação - referência, empréstimo, orientação, reprografia, serviços de 
disseminação, extensão. 
A função gerencial pressupõe gestão e políticas para a biblioteca/unidade de 
informação para buscar o seu melhor desempenho. Conforme Guinchat e Menou (1994), a 
gestão é o processo que dirige as competências e a energia dos indivíduos com a finalidade 
de atingir um determinado objetivo. Motta (1997) sugere que uma boa gestão não se limita 
ao domínio de técnicas administrativas, uma vez que a capacidade gerencial demanda 
outras habilidades mais complexas: capacidades analíticas, de julgamento, de decisão e 
liderança e de enfrentar riscos e incertezas. É também um conjunto de técnicas que 
permitem tomar decisões racionais e colocá-Ias em prática para que todos os recursos do 
organismo sejam empregados da melhor forma possível, visando a sua eficácia. Ainda 
segundo os autores, as políticas são princípios gerais que ajudam a traduzir os objetivos em 
ações, para preparar as regras de conduta que serão adotadas no momento da tomada de 
decisões e da execução das atividades. Visto dessa maneira, toda biblioteca deve ter uma 
gestão e políticas específicas nos seguintes aspectos: organização dos serviços, pessoal, 
equipamento, recursos financeiros, serviços aos usuários, produção, interação com os 
usuários e com a instituição a que está subordinada, intercâmbio com outros organismos e 
outras unidades de informação (Guinchat; Menou, 1994). 
A função organizadora aglutina atividades muito especializadas do profissional de 
informação: selecionar materiais para aquisição, catalogar, classificar e indexar aqueles 
materiais. 
Antes de oferecer uma visão dessas atividades, torna-se necessário um entendimento 
da representação dos documentos, feito em dois níveis. O primeiro é sobre a representação 
física do documento, como a catalogação, e o segundo é sobre sua forma temática. A 
representação temática inclui os processos de indexação e classificação, ou seja, diz 
respeito ao(s) assunto(s) do documento. 
Seleção e Aquisição - a seleção é uma atividade intelectual importante que deve ser 
realizada com o responsável pelo tema tratado, com a participação dos usuários. Tanto a 
seleçãoquanto a aquisição fazem parte de uma política de gestão da unidade e, por isso, 
estarão condicionadas a elementos da política organizacional como: natureza dos serviços 
prestados, orçamento, objetivos da unidade. 
Catalogação - pode ser entendida como o trabalho de descrever a estrutura física dos 
objetos ou documentos que fazem parte de um acervo ou coleção. Este trabalho pode se 
desdobrar na elaboração de catálogos impressos ou on-line e ainda na chamada 
catalogação na fonte, que consiste na inserção da descrição física do documento no próprio 
documento. Os catálogos, por sua vez, se apresentam sob a forma de listas onde são 
registrados e descritos fisicamente os documentos conservados em uma Biblioteca ou 
Unidade de Informação. Geralmente são organizados alfabeticamente e apresentados em 
uma ordem específica: por autor, assunto, local ou título. 
A diferença básica entre catálogos impressos e catálogos on-line está no tipo de 
suporte utilizado e, ainda, no processo de busca e recuperação da informação contida nos 
mesmos. Os catálogos on-line oferecem várias vantagens no acesso à informação que os 
impressos não têm, como a rapidez na busca, uma maior possibilidade de padronização das 
informações etc. 
Guinchat e Menou (1994) descrevem vários tipos de catálogos, dentre os quais, 
destacam-se: catálogo dicionário, catálogos sistemático, cronológico, geográfico, topográfico 
e coletivos. 
Classificação ou ato de classificar pode ser entendido como um processo mental, por 
meio do qual se dá a reunião de objetos em classes ou grupos que apresentam, entre si, 
certos traços de semelhança ou, ainda, de diferença (Souza, 1950, p. 3). Na Biblioteconomia, 
a classificação é a tarefa de descrever o conteúdo de um documento de onde é extraído o 
assunto principal e, eventualmente, um ou dois assuntos secundários, os quais são 
traduzidos para o termo mais apropriado da linguagem documental adotada na unidade de 
informação. 
A Biblioteconomia e a Ciência da Informação lidam, mais comumente, com a 
classificação dos conhecimentos que estão registrados nos mais diversos suportes. Assim, 
nas Bibliotecas e Unidades de informação, os documentos são classificados e agrupados 
conforme os assuntos de que tratam. Para esta tarefa específica existem sistemas de 
classificação bibliográfica que visam a organização de documentos, com o intuito de facilitar 
o acesso dos usuários à informação contida em seus respectivos acervos. 
Ao longo da história, surgiram vários modelos de sistemas de classificação. Os mais 
estudados são a Classificação Decimal de Dewey - CDD, a Classificação Decimal Universal - 
CDU e a Classificação Facetada de Ranganathan, entre outras. Como já foi mencionado, na 
história do surgimento da CDU, as classes da Classificação Decimal de Dewey foram 
utilizadas na sua construção, assim, ambas carregam a mesma filosofia. A CDU, segundo 
Miranda (1996),"caracteriza-se como um instrumento de representação da informação e, 
conseqüentemente, de organização do conhecimento registrado em sistemas de 
recuperação da informação" (Miranda, 1996, p. 23). 
Esse sistema é dividido em classes decimais, o que permite a inclusão de temas e 
subtemas. As classes principais da CDU são: 
0 Generalidades. Ciências e conhecimento. Organização. Informação etc. 
1 Filosofia. Psicologia. 
2 Religião. Teologia. 
3 Ciências Sociais ... Direito. Administração etc. 
4 Vaga. 
5 Matemática e ciências naturais. 
6 Ciências aplicadas. Medicina. Tecnologia. 
7 Arte, Belas Artes. Recreação. Diversões. Esportes. 
8 Linguagem. Lingüística. Literatura. 
9 Geografia. Biografia. História. 
Como podemos observar, a classe 0 é a mais geral das classes e é usada para 
trabalhos sem uma limitação, por exemplo, enciclopédias, jornais, periódicos, e ainda para 
algumas disciplinas especializadas, como Ciência da Computação, Biblioteconomia e Ciência 
da Informação, Jornalismo. Tais sistemas buscam acompanhar os avanços do conhecimento 
humano, contudo, as atualizações ainda são lentas. 
Indexação - é uma das principais atividades desenvolvidas numa Biblioteca ou 
Unidade de Informação. Consiste na descrição dos conteúdos dos documentos e possui 
como principal objetivo a recuperação a informação desejada pelo usuário. Segundo 
Guinchat e Menou (1994), esses conteúdos são expressos por meio de um vocabulário 
oriundo da linguagem documental escolhida na unidade de informação. Essa tarefa tem 
como desdobramento a construção de índices de termos, o que possibilita maior facilidade 
de pesquisa ou consulta por parte do usuário. 
Esta atividade era realizada essencialmente por seres humanos. No entanto com o 
advento do computador, passou a ser desenvolvida por softwares capazes de reconhecer os 
principais termos utilizados no corpo do documento e indexá-los, daí originou-se a chamada 
Indexação automatizada. 
A função divulgação é uma atividade fundamenta nas unidades de informação e, por 
isso, deve ser sua principal preocupação. Ela consiste em comunicar ao usuário as 
informações de que ele necessita e dependendo do procedimento, antecipar-se à pesquisa 
do usuário, como, também, propor-lhe as possibilidades de acesso a estas 
informações/documentos. As diferentes formas de atuação da biblioteca nesta atividade 
englobam um conjunto de serviços a que se denominam Serviços de Disseminação. 
Os Serviços de Disseminação em Bibliotecas e Unidades de Informação vêm ao longo 
dos anos se fortalecendo, na medida em que os profissionais de Biblioteconomia e Ciência 
da Informação passaram a perceber tais serviços como um elo a ser estabelecido entre os 
usuários e os diversos serviços/materiais existentes e disponibilizados pela unidade de 
informação. Esta ligação passou a ser fundamental para o bom desempenho das atividades 
desenvolvidas em consonância com as políticas estabelecidas pela organização. Os serviços 
de divulgação reúnem instrumentos como: referência, orientação ao usuário, empréstimo, 
fornecimento de fotocópias e os serviços de alerta, que incluem os sumários correntes e a 
disseminação seletiva da informação. 
A Biblioteca é um organismo vivo a serviço da comunidade; nela, obtemos respostas 
às nossas mais diversas indagações. O lugar de destaque que ela ocupa no mundo atual 
decorre da importância que a informação tem para cada sociedade. Assim, a biblioteca 
participa do aprimoramento intelectual, humanístico, técnico e científico de todos os 
segmentos sociais. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. 241 p. 
 
FIGUEIREDO, Nice. Paul Otlet e o centenário da FID. In: ORGANIZAÇÃO do conhecimento 
e sistemas de classificação. Brasília: IBICT, 1996. p. 14-19. 
 
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GOMES, Hagar. Organização do conhecimento e novas tecnologias. In: ORGANIZAÇÃO do 
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GUINCHAT, C.; MENOU, M. Introdução geral às ciências e técnicas da informação e 
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MIRANDA, M. L. C. A CDU nos currículos dos cursos de graduação em Biblioteconomia no 
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MORAES, Rubens Borba. Livros e bibliotecas no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Livros 
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MOTTA, Paulo Roberto. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. São 
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SOUZA J. S. Classificação: sistemas de classificação bibliográfica. 2. ed. São Paulo: 
Departamento Municipal de Cultura, 1950. 
 
 
CAPÍTULO III - A Ciência da Informação

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