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Direito Administrativo I - Aulas - Luciano Chaves

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DIREITO ADMINISTRATIVO I
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Professor: Luciano Chaves
Aulas 2015.2
1. SURGIMENTO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ADMINISTRATIVO:
1.1. Relacionamento com a organização do Estado: O Direito Administrativo se relaciona
com a organização do Estado, pois, quando este se organiza internamente, surge a necessidade
de se compreender o fenômeno da administração estatal. 
1.2. Surgimento anterior ao reconhecimento da disciplina: Surgiu antes do seu efetivo
reconhecimento como disciplina. O seu reconhecimento como disciplina ocorre em 1800,
quando o Estado se organizou internamente. O Direito Administrativo se dá a partir da formação
do Estado como uma sociedade política permanente (a partir da obra ‘O Príncipe’ de Maquiavel).
O Direito Administrativo está umbilicalmente relacionado à organização do Estado. O direito
administrativo surge como ramo autônomo entre os séculos XVIII e XIX, anteriormente já
existiam normas administrativas, pois já havia o Estado. O conteúdo do direito administrativo
varia de acordo com o tempo e com o espaço, conforme o tipo de Estado adotado.
1.3. Inexistência do Direito Administrativo na Idade Média: O Estado na Idade Média
era o Estado Absolutista, e neste ambiente em que a vontade do monarca era predominante, o
Direito Administrativo não existia, pois não havia segurança jurídica (a vontade do Estado era a
vontade pessoal do rei – “l’etat c’est moi”). Não havia segurança jurídica para sistematizar as
instituições estatais. A Idade Média não encontrou ambiente propício para o desenvolvimento do
Direito Administrativo, já que existiam monarquias absolutistas e que a vontade do soberano era
a lei.
1.4. Formação com o Estado de Direito: O Direito Administrativo surge com a
consolidação do Estado de Direito. Estado de Direito é aquele que ao mesmo tempo que cria as
regras, se submete as estas mesmas regras por ele criadas. A base do Estado de Direito é o
princípio da legalidade (a lei vale para todos inclusive para os governantes). A formação do
direito administrativo tem sua origem juntamente com a o direito constitucional e outros ramos
do direito público, a partir do Estado Moderno, quando começou a se desenvolver a ideia de
estado de direito, estruturando no princípio da legalidade e sobre a separação de poderes,
objetivando resguardar as relações entre particulares e entre os particulares e o Estado.
1.5. Surgimento com as revoluções: Os Estados de Direito surgem a partir das revoluções
do final do século XVII, principalmente a partir da Revolução Americana e da Revolução
Francesa, que puseram fim ao velho regime absolutista, estabelecendo uma fase de transição
entre o Estado Absolutista e o Estado de Direito. 
1.6. Teoria da Separação dos Poderes: A construção da Teoria da Separação dos Poderes
representou um impulso decisivo para a consolidação do Direito Administrativo. A partir do
momento em que as funções do Estado são segregadas, a função Executiva (administrativa)
ganha destaque. A função Administrativa foi atribuída ao Poder Executivo, e houve a
necessidade de estudar este fenômeno de modo sistemático e aprofundado. Diferentemente
das funções legislativa e judiciária, a função administrativa é mais complexa.
 Moldura Constitucional: A Separação de Poderes é princípio fundamental da República
Federativa (art. 2°, CF). A Constituição Federal de 1988 considera o princípio da Separação de
Poderes como uma cláusula pétrea. As cláusulas pétreas não podem ser abolidas, mas podem
ser alteradas (voto secreto, direito e universal, direitos fundamentais, forma federativa e
separação de poderes).
 Forma Tripartite: É a positivação da Teoria da Separação de Poderes. A forma tripartite foi
consagrada a partir da obra de Montesquieu, mas não foi a primeira teoria criada, sendo esta
atribuída à Aristóteles. 
 Evolução da Concepção Clássica: Se restringe à concepção de que a Teoria da Separação de
Poderes serviu para segregar funções, criar poderes, e atribuir a cada um desses poderes
criados, respectivas funções. O Estado cumpriria melhor as suas atividades a partir da
especialização. Esta concepção é arcaica, e não condiz efetivamente com o núcleo da teoria da
separação dos poderes.
 Núcleo do princípio: O núcleo da Princípio da Separação de Poderes é a existência de
controles recíprocos entre os poderes, ou seja, do sistema de freios e contrapesos.
 Ideia fundamental: A ideia fundamental da Teoria da Separação dos Poderes é evitar a
concentração de poderes, e consequentemente, o exercício despótico deste.
1.7. Nascimento na França: Costuma-se associar a origem do Direito Administrativo a
França por dois motivos: Foi na França que ocorreu a Revolução Francesa e, além disto, existia e
ainda existe, um conselho de Estado francês, que exerce a jurisdição administrativa. A jurisdição
administrativa é uma das espécies dos mecanismos de controle de atos.
1.8. Sistema Administrativo (mecanismos de controle dos atos): 
 Definição: São regimes adotados pelos Estados para a correção de atos administrativos ilegais
ou ilegítimos.
 Dois Modelos: Existem dois tipos de sistemas administrativos:
a) Modelo Francês: É um modelo em que há uma jurisdição paralela e autônoma à jurisdição
comum. É a chamada jurisdição administrativa. A jurisdição administrativa, realizada pelo
Conselho de Estado Francês, resolve os conflitos relacionados à administração pública,
portanto, na França existe a jurisdição dúplice, também chamado de contencioso
administrativo. O Conselho de Estado Francês possui a prerrogativa de decidir
definitivamente as questões que envolvam o Estado Francês. O processo já se inicia na
jurisdição administrativa. Alguns processos que envolvem a administração são julgados pela
justiça comum (exemplo: direitos da personalidade, direito sobre a propriedade, etc.). Por
conta da desconfiança em relação aos juízes do velho regime e do apego à separação de
poderes, ocorreu na França a criação da jurisdição administrativa (contencioso
administrativo) e da jurisdição comum. A jurisdição administrativa era realizada pelo
Conselho de Estado Francês, em questões que envolvessem a administração pública (exceto
alguns temas, como propriedade, direitos da personalidade). O direito administrativo francês
é em grande parte não legislativo. Porque formulado pelo juiz. O direito francês é um dos
pioneiros na elaboração doutrinária do direito administrativo e na colocação do mesmo como
matéria universitária. Há a rejeição das normas do Código Civil (caso Blanco) nas questões
de Direito Administrativo.
b) Modelo Inglês: É o modelo da jurisdição una, havendo somente uma única esfera de poder
para decidir definitivamente sobre todas as questões. Só existe uma instância de poder para
produzir coisa julgada. O poder judiciário exerce sobre a administração pública o mesmo
controle que exerce sobre os particulares – na Inglaterra e nos EUA havia receio acerca do
Poder Executivo por parte dos revolucionários.
c) Modelo brasileiro: O modelo brasileiro segue o modelo inglês, da jurisdição una, desde
1891. Em 1856 surgiu o Direito Administrativo como disciplina no Brasil na Faculdade de
Direito de São Paulo, ministrada por Ribas. No período do Império, havia um Conselho de
Estado, porém com o advento da República e com o fim do poder moderador, o Conselho do
Estado deixa de existir. A partir da Constituição de 1934, o Direito Administrativo
experimentou grande avanço, como consequência, cresce a máquina estatal pela criação de
novas pessoas jurídicas. Atualmente, ocorre o alargamento do princípio da legalidade e da
democracia participativa.
 Direito Fundamental à Inafastabilidade da Apreciação pelo Poder Judiciário: (Art. 5º,
XXXIII). Seo Poder Judiciário for acionado, ele deverá proporcionar uma resposta definitiva à
questão.
 Direito Incondicionado: Não há exigência de implemento de condição prévia para o exercício
do direito fundamental à inafastabilidade da apreciação pelo poder judiciário.
 Exceção à incondicionalidade do exercício livre do direito fundamental: Artigo 217, §1º:
Causas desportivas: as questões que versem sobre competições desportivas ou qualquer
questão que envolva desportos, para serem apreciadas pelo judiciário devem ter sido
previamente exauridas pelas instâncias administrativas (TJD e STJD). Segundo a doutrina é
necessário que um habeas data deve ter sido negado pelo poder judiciário.
 A Jurisdição Única não veda o controle pela própria Administração (ou por outras
instâncias): No ordenamento jurídico brasileiro existem várias formas de corrigir os atos da
administração pública. Qualquer forma de controle do poder administrativo brasileiro será
passível de recurso, porém, a decisão final tende sempre a ser do Poder Judiciário. As outras
formas de controle não inibem a jurisdição. 
 Consequências da Jurisdição Administrativa (modelo francês): Os produtos iniciais do
Direito Administrativo surgiram de forma parcial, inclusive, o Conselho de Estado Francês não
possuía nenhuma forma de processo seletivo imparcial. O próprio presidente indicava os
membros do conselho.
1.9. Data de nascimento do Direito Administrativo (Lei Francesa de 1800 e o
Decreto Imperial 608/1851 – Instalação obrigatória da cadeira): A Lei Francesa de 1800
estabeleceu a organização administrativa no Estado francês (tratando dos institutos do direito
administrativo). A partir desta lei, percebeu-se a necessidade da inserção do direito
administrativo como uma disciplina do curso de direito. No Brasil, em 1851, o direito
administrativo foi estabelecido como disciplina obrigatória nos cursos jurídicos, pelo Decreto
Imperial 608.
1.10. Características principais do Direito Administrativo:
- É uma disciplina nova, possuindo menos de 200 anos no Brasil.
- É uma disciplina em formação – os institutos da disciplina ainda estão se consolidado.
- É um direito multável – muda com a alteração das normas e com a alteração da administração
pública.
2. ESTADO, PODER E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
2.1. A associação dos três elementos para definição do Direito Administrativo: Esses
elementos se associam para definir e influenciar o direito administrativo.
2.2. Estado:
 Noção geral: O Estado é uma ficção jurídica, um fenômeno político que decorreu da
experiência de diversos povos do mundo. A sociedade enxergou no Estado algo fundamental
para a convivência. O Estado seria o regulador das relações sociais. 
 Teorias justificadoras: Existem algumas teorias que justificam o nascedouro do Estado.
 Definição de Estado: É um núcleo social, politicamente organizado e ordenado, com Poder
soberano, exercido em um território, com um povo, para cumprimento de finalidades
específicas.
 Elementos do Estado: Soberania (elemento condutor entre povo e território), território
(espaçamento geográfico onde ocorre a tutela específica) e povo (componente humano). Todos
os elementos devem estar presentes obrigatoriamente.
2.2.1. Organização do Estado
 Forma de Estado no Brasil: Federativa. A federação brasileira é sui generis, pois é uma
federação multifacetada (União, estados, distrito federal e municípios – todos possuem
autonomia).
 Forma de governo: República.
 Sistema de governo: Presidencialismo.
 Sistema político: Democracia.
2.2.2. Forma centrípeta (agregação) e forma centrífuga (segregação): A agregação ocorreu
no Estado Federado Norte-Americano. O Estado federado brasileiro se formou a partir do
movimento de segregação. O Brasil alcança sua independência em 1822 e é concebido
como Estado Unitário, porque os atuais estados-membros eram apenas províncias (que
correspondiam às sesmarias). Com o movimento abolicionista, transformou-se o sistema de
governo e a situação político-administrativa (do Estado-Unitário para a Federação). A
organização Brasileira é diferenciada da dos outros Estados, pois possui características
próprias: além da União e dos estados, os municípios também são entes federativos. O
Estado Unitário passou a ser Estado Federativo, ou seja o governo central foi segregado e
vários outros entes passaram a possuir 
 Consequência da diferença da forma de origem do Estado: No Brasil, os entes federativos
possuem menos autonomia que nas formas que agregação como nos Estados Unidos.
2.2.3. Cláusula pétrea: A forma federativa é cláusula pétrea. Essa cláusula não pode ser abolida
mas pode ser modificada.
2.2.4. Foco nas funções essenciais do Estado: é o foco do direito administrativo.
2.3. Poder:
2.3.1. Poderes do Estado: Poderes oriundos da teoria da separação: legislativo, judiciário e
executivo. Figuras autônomas independentes: Ministério Público, Tribunal de Contas da União
e Defensoria Pública. São poderes estruturais do Estado.
2.3.2. Funções típicas e atípicas: A cada um dos poderes estruturais é atribuído uma função
precípua, uma função típica: ao legislativo, a função de produzir o direito e de fiscalizar, ao
judiciário, a função de compor os conflitos, função jurisdicional, e ao executivo de gerir a
coisa pública, exercer as funções administrativas. Além dessas funções, existem funções
atípicas. De acordo com a predominância e prioridade das funções, temos funções típicas ou
atípicas. As funções atípicas são auxiliares, e servem inclusive, para equilibrar os poderes.
 Funções atípicas do Executivo: Pode editar medidas provisórias, leis delegadas, processos
disciplinares administrativos.
 Funções atípicas do Legislativo: Julgar em caráter definitivos, membros do Estado
envolvidos nos crimes de responsabilidade. O legislativo também gere ele mesmo internamente.
 Funções atípicas do Judiciário: O judiciário legisla através dos seus regimentos internos. As
súmulas vinculantes não são lei diretamente, mas vinculam comportamentos obrigatórios.
2.3.3. Restrição à função administrativa: O Direito Administrativo existe para estudar a função
administrativa. Não é somente o poder executivo que exerce funções administrativas, assim
como, o poder executivo não exerce somente funções administrativas.
2.3.4. Contornos da função administrativa: atividade do Estado para realizar seus fins debaixo
do ordenamento jurídico – Otto Mayer. A atividade de administrar envolve diversas funções.
2.3.5. Função administrativa e serviços públicos: Função administrativa não deve se confundir
com serviços públicos. Serviço público é uma das espécies de função administrativa.
2.3.6. Tipos de funções administrativas: Di Pietro.
a) Serviços públicos: proporciona utilidades e comodidades oferecidas pelo Estado.
b) Poder de polícia administrativa: consistente na atividade de conter ou restringir o
exercício das liberdades e o uso, o gozo e a disposição da propriedade particular, visando
adequá-las aos interesses públicos e bem estar social.
c) Atividades de fomento: incentivo à iniciativa privada.
d) Atividade de intervenção: compreende a atuação direito do Estado no domínio
econômico.
e) Atividade regulação.
2.4. Administração pública: 
2.4.1. Conceituação genérica: A administração pública é o objeto do direito administrativo. É a
face do Estado que atua no desempenho das funções administrativas, ou seja, é a máquina
que faz o Estado funcionar, é o instrumento estatal que desempenha atividades
administrativas.
2.4.2. Exprime mais de um sentido: 
 Sentido objetivo, material ou funcional: é um conjunto de funções ou atividades de caráter
essencialmente administrativo. Levaem consideração o objeto, a matéria e a função
desempenhada pela administração pública.
 Sentido subjetivo, formal ou orgânico: Leva em consideração os sujeitos, as pessoas que
irão desempenhar as atividades administrativas. Seria o conjunto de pessoas jurídicas e agentes
públicos que formam o aparelhamento orgânico ou a estrutura formal do Estado.
2.4.3. Conjugação dos dois sentidos: conjunto de pessoas ou entidades jurídicas, de órgãos
públicos e de agentes públicos que estão, por lei, incumbidos do dever-poder de exercer a
função ou atividade administrativa.
2.4.4. Grafia maiúscula e minúscula: No seu sentido objetivo, deve-se grafar a administração
pública com letras minúsculas; e ao se referir ao sentido subjetivo, utiliza-se letras
maiúsculas.
2.4.5. Evolução do modelo de Estado: o modelo de gestão pública vai ser compatível com o
modelo de Estado. No século XVI já havia uma organização estatal, porém não havia um
Estado de Direito. O primeiro modelo de Estado de Direito foi inaugurado com a derrubada
do regime absolutista e com as revoluções americana e francesa. Os Estados liberais foram
os primeiros a surgirem como Estado de Direito, deixando a iniciativa privada participar
incisivamente na vida estatal. As nações começaram a perceber que não havia como
continuar com o Estado Mínimo, e com isso, passa-se a caminhar para o Estado do Bem
Estar Social, estados provedores e intervencionistas, que pretendiam abarcar todas as
esferas da vida social (VASP, VARIG, Hotel da Bahia – empresas estatais). Após isto, surge o
Neoliberalismo, já que percebeu-se que os gastos com o Estado Social eram enormes. O
Estado Neoliberal é aquele que é regulador ou subsidiário, ou seja, o Estado irá atuar em
áreas específicas (criação das agências reguladoras).
2.4.6. Evolução do modelo de Administração Pública: 
 Administração Pública Patrimonialista, Patriarcal ou Paternalista: Confusão do público
com o privado, surge na Idade Médica (Estados Absolutistas; monarquia absolutista), por isso foi
um modelo de gestão pré capitalista, que chegou ao fim no século XIX. Ocorria aqui a
centralização do poder real e o enriquecimento da nobreza. A administração é do Estado, porém
não é pública. O Estado era ‘propriedade do rei’, pois não havia uma intenção de satisfazer o
interesse público. Havia o predomínio de práticas clientelistas (compra-se na mão de quem for
‘amigo’), de nepotismo, empreguismos, favoritismos, e fisiologismos. Esse modelo ruiu pois se
tornou incompatível com o capitalismo industrial e com os valores democráticos. 
 Administração Pública Burocrática: Este modelo traz a racionalidade; ou seja, se buscou
trazer os ideais da razão para a gestão pública, ocorreu portanto, a profissionalização. O serviço
público passa a ser voltado para satisfazer o interesse público. Este modelo surge na segunda
metade do século XIX e perdura até os Estados Sociais, visando combater os males da
Administração Pública patrimonialista. Possui como princípios básicos a profissionalização, a
organização em carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo (necessidade
de segurança jurídica). O formalismo passou a ser exacerbado, tornando a administração
pública morosa. Passaram a existir mecanismos de controle das condutas da administração
pública, porém, o controle era prévio e não de resultado, ou seja era para que o gestor não
errasse, voltados internamente para a administração pública. Ocorria a necessidade de
apresentar números, sem a preocupação com a qualidade do serviço público, não haviam
maiores preocupações com a eficiência na prestação dos serviços públicos ao cidadão.
 Administração Pública Gerencial: Busca-se a eficiência e qualidade da gestão. Surge na
segunda metade do século XX. Os pressupostos deste modelo decorrem da expansão das
funções do Estado e da globalização da economia mundial. Tinha como objetivos reduzir os
custos (o modelo do Estado Social era muito custoso) e aumentar a qualidade dos serviços. É
característico desta fase o desenvolvimento de uma cultura gerencial no âmbito das
organizações públicas, além disso, havia a preocupação maior com os resultados. 
2.4.6.1. Diferença fundamental entre modelos burocrático e gerencial: Ambos os modelos
primam por racionalidade e buscam profissionalizar a gestão. A forma de controle ocorre de
modo diverso: no modelo burocrático o controle era prévio e forma, e no modelo gerencial
era um controle finalístico, ou seja controlava-se posteriormente e concomitantemente,
interessando o resultado do comportamento administrativo. Uma outra diferença entre os
modelos é a flexibilização dos procedimentos: no modelo burocrático não havia flexibilidade
diferentemente do modelo gerencial, que preocupa-se com o resultado do ato e não com o
ato em si.
2.4.6.2. Ineficácia dos modelos puramente gerenciais: Não mais atendem os anseios da
sociedade pois ainda são modelos hierarquizados, herméticos, verticalizados, e a sociedade
é plural, possuindo novos interesses diariamente, e a administração pública não dá conta
disto sozinha. O Estado precisa se preocupar com as necessidades coletivas, e os modelos
gerenciais eram compatíveis com o Estado Social, mas não com o Estado Neoliberal
2.4.6.3. Variedade de interesses privados x Estado centralizado: O Estado tende a perdem
a sua centralidade, é necessária a adoção de novos métodos como por exemplo o diálogo.
2.4.6.4. A consensualidade substituindo a hierarquia: A administração pública
contemporânea precisa estabelecer gestões compartilhadas com a iniciativa privada.
2.4.6.5. O novo modelo de Administração Pública: Atualmente ocorre uma transição do
modelo gerencial para o modelo ‘societal’ ou ‘pluricêntrico’ ou ‘policêntrico’ ou ‘consensual’,
etc.
3. CONCEITUAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO E SEU OBJETO: Houve uma sucessão
cronológica de vários critérios para definir o objeto do direito administrativo, até que se
chegasse critério ao atual.
3.1. Os critérios para definição do Direito Administrativo: 
 Critério do Serviço Público: Na França, existia a Escola do Serviço Público, que entendia que
os serviços públicos eram a pauta do direito administrativo. O direito administrativo existia para
tratar dos serviços públicos. A partir de um determinado momento, percebeu-se que a
Administração Pública prestava outros serviços além do serviço público.
 Critério do Poder Executivo: Se entendia que Direito Administrativo seria uma disciplina para
regulamentar e compreender o Poder Executivo. Esse critério não prosperou pois ignorou-se os
outros poderes exercendo função administrativa de modo atípico, bem como as funções atípicas
que são realizadas pelo Poder Executivo.
 Critério das relações jurídicas: Entendia-se que o direito administrativo seria uma disciplina
jurídica que tratava das relações entre administração pública e administrados. Esse critério não
foi adiante, já que o direito administrativo também trata de relações jurídicas internas.
 Critério teleológico: Visou a finalidade. Entendia-se que o Direito Administrativo era uma
disciplina que buscava regular as atividades do Estado para que este cumprisse as suas
finalidades. O Estado possui múltiplas finalidades e não são todas essas atividades que são
reguladas pelo Direito Administrativo. Este critério se tornou amplo demais.
 Critério negativo ou residual: Questiona-se o critério teleológico. O Direito Administrativo
seria uma disciplina que regulamente as finalidades do Estado, desde que não sejam as
Legislativas ou as Judiciais. No âmbito da ciência não é apropriado definir algo a partir da
negação, ou residualmente. 
 Critério da Administração Público: É o critério atual. ODireito Administrativo existe para
regular a Administração Pública.
3.2. Conceito de Hely Lopes Meirelles: Conjunto harmônico de princípios jurídicos que
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado.
3.3. Conceito de Carvalho Filho: Conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao
interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este
e as coletividades que devem servir.
3.4. Direito não codificado: O Direito Administrativo não possui um código específico,
encontra-se na Constituição, nas leis esparsas, portarias (as produzidas pelo Poder Executivo
são meramente administrativas e a maioria das emitidas por um outro poder também possuem
este caráter), e em outras fontes secundárias. Parte da doutrina acredita que a codificação é
desnecessária, uma outra parte crê que seria necessário, e a terceira parte crê em uma
codificação parcial (modelo brasileiro).
3.5. Objeto: O objeto do Direito Administrativo é a Administração Pública.
3.6. Amputação do âmbito real da atividade administrativa: Não pode-se considerar a
integralidade da atividade administrativa. Existem algumas atividades administrativas que não
são tratadas pelo direito administrativo (exemplo: atividades de planejamento e arrecadação
tributária – direito tributário).
3.7. Alcance do termo atividade administrativa: Há um alcance amplo da terminologia
‘atividade administrativa’, inclusive não sendo ela exercida somente pelo Executivo.
3.8. A função de Governo exercida pela Administração Pública não constitui objeto
do Direito Administrativo: Função de Governo trata das atividades que dizem respeito a
superior gestão da vida política da nação (exemplo: celebração de tratado internacional). As
funções de governo são tratadas pelo Direito Constitucional.
4. FONTES DO DIREITO ADMNISTRATIVO:
4.1. Definição: É o nascedouro do direito administrativo.
4.2. Lei: Fonte primária. A Constituição, leis esparsas e normas infralegais, são as fontes
primárias do direito administrativo.
4.3. Doutrina: Fonte secundária. A doutrina é um conjunto teórico de ideias emanadas dos
estudiosos de determinado ramo. Incide de maneira relevante o Direito Administrativo,
indicando os melhores caminhos interpretativos. Em qualquer situação existe a necessidade de
interpretação, mesmo quando há clareza do conteúdo normativo. Muitas vezes a doutrina
influencia na criação ou alteração de leis.
4.4. Jurisprudência: Fonte secundária. Reiteradas decisões sempre no mesmo sentido.
Existe jurisprudência no âmbito administrativo. A jurisprudência irá influenciar a construção e a
consolidação das normas, além de determinar o comportamento do gestor e da administração
pública (em muitos casos de forma vinculante). As decisões em sentido contrário a uma
jurisprudência são raras, mesmo que não se trate de casos onde há a vinculação.
4.5. Costumes: Fonte secundária. São práticas contínuas e habituais. O direito administrativo
se pauta no princípio da legalidade. Exemplo de costume do direito administrativo: concessão
da licença sabática – para o descanso). 
4.6. Tratados e acordos internacionais: Fontes secundária. Quando o Brasil é signatário
de tratados e acordos, estes passam a influenciar no comportamento dos gestores públicos.
Muitos tratados viram fonte primária dentro da Constituição.
5. SUPERAÇÃO DA DICOTOMIA ENTRE DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO:
5.1. A grande dicotomia do Direito: Ainda ocorre residualmente, mas não é correta,
inclusive, já foi superada. Existem outras classificações do direito. Essa classificação diz respeito
a origem das relações jurídicas que integram o ramo do direito.
5.2. Direito Público e Direito Privado: A disciplina de direito público rege as relações
jurídicas em que o Estado é um dos polos. A disciplina de direito privado é aquela que rege as
relações entre particulares. O Direito Administrativo se enquadra no âmbito do direito público na
antiga dicotomia.
5.3. O Jardim e a Praça: Metáfora de Nelson Saldanha – o jardim significava o direito
privado e a praça o direito público. Cada ramo se regulava individualmente. Eram dois polos
distintos, estanques e incomunicável.
5.4. Não correspondência à realidade atual: Muitas vezes os ramos do direito tratam de
relações privadas e públicas, e por isso, a dicotomia passou a ser superada. Tem-se hoje uma
administração pública consensual, onde existem vários centros. Atualmente, instituiu-se que, as
relações de direito privado devem cumprir uma função social.
5.5. Os dois grandes motivos para a superação da dicotomia: Complexidade da
sociedade, ou seja, tanto o direito privado quanto o direito público, interferem um no outro.
Constitucionalização de todos os ramos do direito, encerrando a dicotomia entre direito público
e direito privado.
5.6. TEORIA GERAL DOS PRINCIPIOS NO PÓS-POSITIVISMO: A partir do reconhecimento
da força normativa dos princípios, ocorre a saída do positivismo para o pós-positivismo. O direito
positivo é uma ordem escalonada hierarquizada. As normas jurídicas obrigatoriamente se
relacionam entre si, formando o sistema jurídico. O princípio unificador é a norma fundamental
que encontra-se no topo do sistema. O ordenamento jurídico consiste na reunião das diversas
unidades normativas. Ocorreu a passagem de um sistema onde não havia nenhum valor
atribuído aos princípios, para um sistema onde eles possuem elevada importância. É necessário
que exista equilíbrio.
5.7. O papel do princípio jurídico no sistema normativo: Os princípios se constituem
como a base do sistema normativo, são os mandamentos nucleares de todo o sistema
normativo, refletindo sua ideologia e apontando a forma de interpretar e aplicar suas normas.
Diversas leis trazem princípios em si. Existem princípios fora do ordenamento que são aceitos
no direito. Seria mais grave violar um princípio do que uma regra.
5.8. Tridimensionalidade funcional dos princípios: A doutrina resume que os princípios
possuem uma tripla função: primeiramente, consagram valores. Servem para orientar a
interpretação e aplicação do sistema. Serve como fonte supletiva do direito. Hoje há a distinção
entre norma-regra e normas-princípio, ambas com força normativa.
6. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO: Arsenal normativo principiológico que conforma toda a
Administração Pública.
 Bipolaridade do Direito Administrativo: A doutrina costuma dizer que o direito
administrativo é bipolar, que existe um binômio do direito administrativo. A administração
pública possui prerrogativas especiais e deveres, sujeições. O direito administrativo acaba
assumindo a bipolaridade do dever-poder. O princípio da supremacia do interesse público sobre
o interesse privado representa o polo do poder e prerrogativas especiais. Representando o polo
dos deveres tem-se o princípio da indisponibilidade do interesse público. 
6.1. O princípio da supremacia do interesse público sobre os interesses privados:
Pressuposto de uma ordem social estável em que todos e cada um possam se sentir garantidos
e resguardados. É possível realizar uma subdivisão: O interesse público primário é o interesse
da coletividade. O interesse público secundário é o interesse da máquina estatal. O interesse
público primário é o que possui supremacia (relação vertical entre Administração e particulares).
O interesse secundário não possui supremacia sobre o interesse privado, a relação é horizontal,
negocial. 
 Exemplos de prerrogativas de autoridade: desapropriação, utilização temporária de
propriedade privada, atribuições executáveis (multas), alterar ou reincidir contratos
administrativos, prazos dilatados para a Fazenda Pública.6.1.1. Princípio da indisponibilidade do interesse público: Os sujeitos aos quais competem
zelar pela coisa pública, não podem dispor deste interesse. Os bens de interesse público são
indisponíveis, pois pertencem à coletividade. É por isso, o administrador, mero gestor da
coisa pública.
7. PRINCÍPIOS EXPRESSOS: Estão positivados no texto constitucional. Os princípios são
vinculantes. Art.37, CF: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Segundo Carvalho Filho, “os princípios
administrativos são postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da
Administração Pública, Representam cânones pré-normativos, norteando a conduta do Estado
quando no exercício de atividades administrativas.” Ainda segundo o autor, os princípios
expressos devem “ser observados por todas as pessoas administrativas de qualquer dos entes
federativos (...) revelam diretrizes fundamentais da Administração, de modo que só se poderá
considerar válida a conduta administrativa se estiver compatível com eles.
7.1. Princípio da Legalidade: Decorre do Princípio da Indisponibilidade do Interesse Privado.
Segundo Maria Zanella di Pietro, é o princípio que representa o polo dos deveres. Este princípio
tem como base o Estado de Direito, onde quem cria as leis se submete a ela. Segundo Seabra
Fagundes, administrar é executar a lei de ofício, porém, atualmente, isto se mostra insuficiente.
Por este princípio, entende-se que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada
por lei, não o sendo, atividade será ilícita. Os direitos individuais dependem da existência deste
princípio pois, autoriza aos indivíduos que confrontem a atividade administrativa com a lei.
Segundo Hely Lopes Meirelles, enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o
que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza. No âmbito da
administração pública não há a autonomia da vontade.
 Nova leitura do princípio a legalidade: Deve-se enxergar o princípio da legalidade em
sentido amplo, ou seja, deve-se perceber a vinculação do gestor público ao direito e não a lei,
pois o direito é mais amplo que a norma. Alguns autores sugerem a alteração do nome Princípio
da Legalidade para ‘Princípio da Juridicidade Administrativa’.
 Restrições excepcionais ao princípio da legalidade: Alguns autores, como Celso Antônio
Bandeira de Mello entendem que existem restrições excepcionais ao princípio da legalidade.
Essas restrições encontram-se na Constituição: As Medidas Provisórias (art.62) são a primeira
exceção do princípio da legalidade. Estado de Defesa (art.136) e Estado de Sítio (art. 137) são
as outras exceções – aqui, direitos garantidos por lei ficam relativizados.
7.2. Princípio da impessoalidade: Previsto na Constituição e na Lei 9.784/99. Se exige
sempre que os comportamentos e atos da administração pública sejam sempre realizados de
maneira a atender todos os administrados e não determinados membros. Por esse princípio se
exige uma atuação impessoal da administração pública. Este princípio se aplica às atividades
administrativas. Segundo Carvalho Filho, o princípio objetiva a igualdade de tratamento que a
Administração deve dispensar aos administrados que se encontrem em idêntica situação
jurídica. 
 A atuação impessoal da administração pública é um imperativo que funciona como
uma via de mão dupla: Os gestores precisam atuar de maneira impessoal para atingir a todos
os administrados. Os administrados precisam enxergar o comportamento administrativo como
um ato do órgão, da pessoa jurídica e não da pessoa física. Os atos administrativos são do órgão
não do agente (serve como base para a administração objetiva do Estado).
 Aproximação do princípio da Igualdade: No momento em que a Administração Pública deve
atuar de modo a atingir todos os administrados, pode-se fazer uma aproximação do Princípio da
Impessoalidade com o Princípio da Igualdade (material).
 Aplicação prática do princípio da impessoalidade: concursos públicos – contrata-se o
servidor público de modo impessoal. Licitação – processo que busca fazer uma compra lastreada
no princípio da impessoalidade.
7.3. Princípio da Moralidade: Exige que a Administração Pública e seus agentes atuem
sempre de acordo como os padrões de conduta éticas de lealdade, honestidade, boa-fé,
probidade, e também de acordo com as regras que assegurem a boa administração.
 Ineditismo da Constituição Federal: A Constituição de 1988 trouxe positivado o princípio da
moralidade. Antes o princípio era cobrado, mas sua previsão era implícita, não tendo tanta
força. A constitucionalização deste princípio trouxe mais força para reforçar o cumprimento do
princípio (ex: ação popular).
 Moralidade Administrativa x Moralidade Comum: Este princípio se refere à moralidade
administrativa que é diferente da moral comum. A moral comum é basicamente a distinção
entre o bem e o mal. A moral administrativa exige da administração pública além de conduta de
acordo com a ética, lealdade, honestidade, boa-fé e probidade, exige um pouco mais que a
moral comum, exige visar a boa administração (não basta que o sujeito seja passivo, deve-se
perseguir a boa administração).
 Origem na antiguidade romana: Neste período se construiu a máxima que dizia que “nem
tudo que é legal é honesto”, e esta é a essência do princípio da moralidade.
 Precursor da Teoria da Moralidade: Maurice Hauriou. Baseado na máxima romana, lançou a
tese de que a ilegalidade era insuficiente para exaurir todos os casos de nulidade do ato
administrativo – um ato administrativo pode estar viciado e consequentemente vir a ser
anulado, mesmo que legal, pela não observância do princípio da moralidade.
 Aplicação também aos administrados: Também se exige uma conduta leal, honesta, ética e
de boa-fé por parte dos administrados, inclusive possibilitando a nulidade do ato administrativo
por conta disto, já que há a contaminação do ato (exemplo: processos licitatórios – combinação
de preço, utilização de laranjas, empresas fantasmas).
 Caráter imperativo: Este princípio é um vetor fundamental da administração pública, e
portanto, uma imposição.
7.4. Princípio da Publicidade: Se exige que a administração pública tenha uma atuação
transparente, visível. É a divulgação dos comportamentos administrativo. A publicidade é a
essência da democracia. A Lei de Acesso à Informação (12.527/11), vem para reforçar o
princípio da publicidade. Negado o exercício de direitos relacionados à informação, ou ainda não
veiculada a informação, ou veiculada incorretamente, tem-se a evidente ofensa de direitos
constitucionais, ensejando desta forma o direito a se utilizar de mecanismos para garantir a
restauração dos seus direitos, tais como o mandado de segurança e o habeas data.
 Finalidade precípua: dar conhecimento público dos comportamentos administrativos.
Qualquer gestor público exerce as suas atividades administrativas em nome do povo.
 Funções:
a) Representar o início da produção dos efeitos externos dos atos administrativos. É através da
publicidade que os administrados tomam conhecimento de um ato administrativo fazendo
com que haja a possibilidade do cumprimento. A publicidade é requisito de eficácia dos atos
administrativos, ou seja, só se tornam imperativos e operantes com a sua publicidade.
b) Oportunizar o início da contagem dos prazos. Os prazos administrativos só começam a
correr a partir da publicação.
c) Viabilizar o controle dos atos praticados pelo Poder Público. Só se pode controlar aquilo que
se conhece. A publicidade deve ser a regra, a confidencialidade deve ser exceção.
A publicidade não se restringe à publicação oficial: Os órgãos da administração pública
devem utilizar todos os meios de comunicação legítimos. A divulgação via internet é obrigatória
(Lei Complementar 131 e Lei12.527/11)
 Exceções ao princípio:
a) Art. 5º, X – Inviolabilidade à intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas.
b) Art. 5º, XXXIII – Garantia ao direito à informação, ressalvadas aquelas que sejam
imprescindíveis à segurança e do Estado.
c) Art.5º, LX – A lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigem.
 Publicidade x propaganda: A constituição impõe a publicidade e veda a publicidade como
propaganda governamental. É a exploração de imagem, símbolo ou nome que faça referência a
autoridade pública. Art.37, §1º; CF. 
7.5. Princípio da Eficiência: O nome técnico deveria ser “Princípio da Efetividade”, pois o
gestor deve utilizar os recursos da melhor maneira possível e alcançar resultados. Por esse
princípio se exige que a Administração Pública busque sempre resultados práticos de
produtividade e economicidade com a consequente redução de desperdício.
 Eficiência x eficácia x efetividade x economicidade: Eficiência é fazer corretamente aquilo
que está sendo feito, é utilizar os meios e instrumentos disponíveis da melhor maneira possível.
A ênfase da eficiência é no procedimento. A eficácia é fazer aquilo que deve ser feito, a eficácia
é o alcance do objetivo, é atingir o fim, a meta planejada. Efetividade abarca os dois conceitos
anteriores – busca garantir a efetivação dos direitos, garantir a satisfação coletiva. A
economicidade é possuir o máximo de efetividade com menos recursos.
 Status constitucional com a Emenda 19/98: Antes a Administração Pública era burocrática,
e por isso, a eficiência não foi prevista da Constituição de 1988. Com o modelo de Administração
Pública gerencial, surge a necessidade da eficiência, que foi inserida no âmbito constitucional a
partir da Emenda Constitucional nº19 de 1998.
 Rapidez, perfeição e rendimento: Para um comportamento administrativo ser eficiente, ele
deve ser rápido, perfeito e rentável. Rapidez no sentido de celeridade e dinamismo. Perfeição no
sentido da completude, da satisfação. Rentabilidade no sentido de custo-benefício, é a atuação
mais produtiva e menos onerosa.
 Duplo aspecto: 
a) Em relação ao modo de atuação da Administração Pública: Os órgãos da administração
pública precisam agir de modo eficiente
b) Em relação ao modo de atuação do agente público: As pessoas físicas que compõem a
Administração Pública devem agir com eficiência, que é inclusive requisito de admissão e
perda do cargo.
7.6. Princípio da Razoabilidade/Proporcionalidade: É um princípio implícito reconhecido.
 Ideia de fungibilidade dos dois princípios: Pode-se trocar um pelo outro sem prejuízo
segundo a doutrina majoritária. Ambos possuem mesmos valores subjacentes: valores da
racionalidade, da equidade, da justiça, do senso comum e da rejeição aos arbítrios do poder
público.
 Origem dos princípios: O princípio da razoabilidade é de origem anglo-saxônica e o princípio
da proporcionalidade possui origem alemã.
 Derivam do princípio do devido processo legal (art.5º, LIII; CF): São extraídos do devido
processo legal (dimensão substancial – ideia de razoabilidade e proporcionalidade).
 Positivação dos princípios: Estes princípios estão positivados em normas infraconstitucionais
(exemplo: Lei 9.784/99).
 Função: Limitar a atuação e discricionariedade dos Poderes Públicos e proíbe os excessos.
Servem como balizadores. A discricionariedade não é absoluta.
 Estabelece uma pauta de natureza axiológica (pauta valorativa): Estes princípios
consagram diversas ideias de pauta valorativa: prudência, bom senso, moderação, justiça,
equidade, etc.
 Aplicação aos casos concretos: Somente analisando casuisticamente o comportamento
administrativo é que pode-se perceber se houve razoabilidade/proporcionalidade.
 A tríplice exigência (ou subprincípios):
a) Adequação/utilidade: Se exige que a medida adotada dela administração pública seja
adequada, apta, útil.
b) Necessidade/exigibilidade: Impõe que a administração pública adote entre as soluções
juridicamente possíveis aquele que menos sacrifício e limitações imponha aos
administrados. Significa a escolha do meio mais suave.
c) Proporcionalidade em sentido estrito: Significa o equilíbrio entre o motivo e a
providência – se exige que as vantagens do ato superem as suas desvantagens.
8. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO ESTADO:
8.1. Administração Pública Direita e Indireta: Obedecendo os limites constitucionais, o
Estado tem a autonomia de se organizar da melhor maneira para desempenhar suas atividades.
A administração pública brasileira é dicotômica, pode ocorrer de maneira direta e a indireta. A
administração pública direta ocorre quando o Estado exerce atividades administrativas de modo
centralizado, por isso, é exercida de modo centralizado. A administração pública indireta vai
ocorrer quando o Estado desempenhar suas atividades administrativas por meio das entidades
jurídicas (é o mesmo que administração pública descentralizada). Os órgãos públicos irão
compor a administração pública direta.
8.2. Órgãos Públicos e Entidades Jurídicas: Os órgãos públicos são entes
despersonalizados, não possuem personalidade jurídica própria (exemplo: secretarias,
ministérios). As entidades jurídicas por sua vez, irão integrar a administração pública indireta e
são entes com personalidade jurídica própria, ou de direito privado ou de direito público
(exemplo: banco central).
8.3. Descentralização x Desconcentração: Ambas são técnicas de distribuição de
competências. A diferença entre as duas se dá no aspecto da distribuição. Na descentralização
há uma distribuição de competência de forma externa, ou seja, de um ente para o outro ente. Já
na desconcentração, a distribuição é de forma interna, ou seja, pressupõe a existência de
apenas um ente (exemplo de desconcentração: Secretaria de Educação Municipal – DIRECS).
8.4. Formas de Descentralização:
a) Territorial: Ocorre dentro de um território federado. Irá se criar uma entidade dentro do
território com poderes gerais de gestão. 
b) Por colaboração: Ocorre quando a entidade jurídica que presta determinadas atividade
administrativas é uma entidade particular. Há uma colaboração de uma empresa privada.
Entidades privadas irão colaborar com a administração pública (exemplo: COELBA – empresa
privada que fornece energia, ou seja, possui contrato de concessão com o estado da Bahia).
c) Por serviço ou funcional: Ocorre quando o Estado cria a entidade para realizar determinadas
atividades. O Estado cria a entidade e transfere a esta entidade a função de realizar
determinada atividade.
8.5. Administração direita: Composta pelos órgãos públicos. Os órgãos públicos são
centros de competência despersonalizados e instituídos por lei para desempenho de funções
estalas, por meio de agentes públicos.
8.6. Administração pública indireta: O estado exerce as funções de maneira
descentralizada através de entidades jurídicas dotadas de personalidade. É constituída por um
conjunto de entidades de personalidade jurídica, responsáveis pelo exercício em caráter
especializado e descentralizado de certos serviços públicos.
8.6.1. Composição da Administração Pública Indireta (Decreto-lei 200/67, art.4º):
a) Autarquias: Pessoas jurídicas dotadas de personalidade de direito público, criadas por lei para
exercer, em caráter especializado e com prerrogativas públicas, atividades típicas referentes à
prestação de certos serviços públicos. As autarquiasexistem para o exercício de funções típicas
estatais, com caráter especializado. A autarquia sempre deve ser criada por lei específica
(art.37, XIX, CF). A autonomia da autarquia é técnica e financeira, não possui autonomia
política. Possui personalidade jurídica própria de direito público (pode celebrar contratos
administrativos pessoalmente, respondem perante terceiros). O regime jurídico adotado é o
estatutário. O patrimônio das autarquias é próprio (impenhorabilidade, imprescritibilidade, não
sujeita-se a usucapião). As autarquias possuem as mesmas prerrogativas que a Fazenda Pública.
São exemplos de autarquias: BACEN, INSS, Universidades Federais, INCRA, IBAMA, Agências
Reguladoras. Existe autarquia em regime especial – possui algumas prerrogativas que as outras
autarquias não possuem – em tese possuem maior autonomia, os presidentes das autarquias
possuem mandatos físicos).
 Fundações: Patrimônio público personalizado e afetado/vinculado/destinado a um determinado
fim. Desse modo, se quem afetou o patrimônio foi o ente estatal, a fundação será pública É
pessoa jurídica de direito público – segundo o STF pode possuir duas naturezas jurídicas:
fundação pública de direito público (fundação autárquica) e fundação pública de direito privado.
Diferentemente das autarquias que só podem ser criadas por lei específica, a criação da
fundação é autorizada por lei específica, mas não criada. Um exemplo de fundação seria o IBGE.
b) Empresas públicas: São entidades jurídicas dotadas de personalidade de direito privado, com
patrimônio próprio e participação única do Poder Público no seu capital, criada na forma da lei,
para explorar atividades econômicas ou prestar serviços públicos. Existem duas espécies de
empresas públicas: as prestadoras de serviços públicos e as exploradoras de atividade
econômica. É considerada empresa estatal, assim como a sociedade de economia mista.
 Regime jurídico: Diploma normativo que irá reger a relação jurídica entre o agente público e o
Estado – aqui, aplica-se o regime celetista, que se origina da CLT.
 Principais características: São admitidas qualquer forma jurídica de sociedade civil ou
comercial; não gozam de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado e sujeitam-se a
licitação e a concurso público (podem haver cargos comissionados). Algumas empresas estatais
não se submetem à licitação por conta de lobby feito no Congresso, mas via de regra é
necessário que haja processo licitatório.
 Exemplos de empresas públicas: Caixa Econômica Federal, Correios.
c) Sociedade de economia mista: Personalidade de direito privado. São entidades jurídicas
dotadas de personalidade de direito privado, com patrimônio próprio, criada sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria ao Poder Público.
Se submete ao regime jurídico celetista, é necessário que ocorra processo licitatório e concurso
público.
 Diferenças entre Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista: Forma de
organização – a empresa pública pode adotar qualquer forma de organização, e a sociedade de
economia mista tem que ser obrigatoriamente uma sociedade anônima; composição de capital –
na empresa pública o capital é somente público e na sociedade de economia mista, existe o
capital público e o capital privado; e é possível que haja mais capital privado, porém o direito de
voto será em maioria do poder público; e foro competente – empresa pública federal é de
competência da Justiça Federal, mas a sociedade de economia mista possui como foro
competente a justiça comum (art.109, I, CF).
 Exemplos de sociedade de economia mista:
d) Associação pública (lei federal nº11.1007/2005) – normas gerais para contratação de
consórcios públicos para realização de objetivos de interesse comum. As associações são
formadas pelos consórcios públicos e tem natureza de direito público. A autarquia se assenta
nas pessoas, nos agentes públicos, a essência das fundações se assenta no patrimônio, pois não
existe fundação sem patrimônio. 
9. PODERES E DEVERES ADMINSITRATIVOS: PODER ADMINSITRATIVO – CONCEITO E
MODALIDADES:
9.1. Conceito: São os meios ou instrumentos através dos quais os sujeitos da Administração
Pública exercem as atividades administrativas. São os instrumentos de trabalho da
administração pública – conotação instrumental.
9.2. Poderes do Estado x Poderes Administrativos: Poderes do Estado são estruturais e
Poderes Administrativos são poderes instrumentais. Os poderes administrativos são inerentes e
irrenunciáveis. São inerentes pois já nascem com o próprio cargo, não precisam ser requisitados.
Quem tem o poder não pode deixar de exerce-los pois ele não é facultativo (indisponibilidade do
interesse público); os poderes podem ser delegados – delegação não é renúncia.
9.3. Tipologia (modalidades):
9.3.1. A depender da liberdade de atuação: poder vinculado e poder discricionário.
10.Poder vinculado (regrado): É aquele que a lei confere à Administração Pública para a prática de
ato de sua competência, determinando, desde logo, todos os seus elementos e requisitos. O
poder já está vinculado e regrado pela lei.
11. Poder autônomo: polêmica de Di Pietro.
12. Poder discricionário: é a faculdade de que dispõe a administração pública para escolher uma
entre várias situações juridicamente possíveis. Discricionariedade não é o mesmo que
arbitrariedade. Aqui existe a possibilidade de controle judicial (não há discricionariedade
absoluta).
12.1.1. Com relação à capacidade de organização:
13. Poder hierárquico: relaciona-se com a organização administrativa. É aquele poder que confere à
Administração Pública a capacidade de ordenar, coordenar e corrigir as atividades
administrativas no âmbito interno. É uma típica e fundamental técnica de organização.
- Ordenar: capacidade de distribuir e escalonar as funções administrativas entre seus órgãos e
agentes, estabelecendo relação de subordinação (essa relação se subordinação gera o dever de
obediência – tem intimidade com o poder disciplinar).
- Coordenar: capacidade de proporcionar entrosamento e harmonia entre os órgãos.
- Controlar – capacidade de acompanhar o rendimento e a conduta de cada agente público.
- Corrigir – capacidade de revisar os atos dos agentes inferiores.
Delegação de funções ou competências: o agente público pode, com base no poder
hierárquico, delegar funções a outros agentes do mesmo poder. Delegação na Lei de Processo
Administrativo; Lei 9.784/99 – disciplinou regras relacionadas à delegação de funções entre os
órgãos de mesma hierarquia funcional: Pode haver delegação vertical (de cima para baixo) ou
horizontal. Não pode haver delegação de competência entre poderes distintos; não pode haver
delegação integral de competência, ela deve ser sempre parcial. Quem recebe a competência
não pode se recusar, mas isto só se aplica na delegação vertical, na horizontal, o aceite é
facultativo. A responsabilidade que surgir de um determinado ato, será do delegado e não do
delegante, a não ser que a delegação seja ilegal. A delegação pode ser dar de forma livre.
- Existem casos em que não se permite a delegação: não pode haver distribuição de
competência exclusiva do agente público. A edição e atos de caráter normativo não pode ser
delegada (exemplo: editar portarias, resoluções, etc.). Decisões de recursos administrativos não
podem ser delegadas.
Não há poder hierárquico da administração direta para a indireta, mas pode existir vinculação,
supervisão (não subordinação).
- Avocação de funções: também com base no poder hierárquico, os agentes superiores podem
avocar funções, ou seja, chamar para si funções atribuídas a um subordinado – art.15. A
avocaçãoé o contrário da delegação. Não existe avocação horizontal; a avocação é um ato
extraordinário e pouco usual.
13.1.1. Com relação à possibilidade de apuração e punição: poder disciplinar – apurar e
punir as infrações cometidas no âmbito da administração pública.
14.Poder disciplinar: é a atribuição de que dispõe a administração pública de apurar as infrações
administrativas e punir seus agentes públicos responsáveis e as demais pessoas sujeitas à
disciplina administrativa. Mesmo que não ocorra a punição, havendo a apuração, ocorre a
manifestação do poder disciplinar. O poder disciplinar não se aplica somente ao agente público.
As formas básicas de punição são advertência, suspensão, demissão, cassação da
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão e função de confiança –
art.127 da Lei Federal n.º8.112/90. É necessário que haja a proporcionalidade no momento de
punir.
14.1.1. Com relação à capacidade de regulamentar atividades internas e explicar o
conteúdo das leis:
15.Poder normativo ou regulamentar: É aquele que confere à Administração Pública a possibilidade
de explicar, esclarecer, explicitar as leis ou disciplinar matéria que não se sujeita à iniciativa de
lei. A administração pública poderá criar atos normativos. A nomenclatura adota tem pequenas
diferenças, pois “regulamento” é uma espécie normativa, então seria mais técnico utilizar a
nomenclatura “poder normativo”. Muitas leis não são auto aplicáveis, ou seja, é necessário que
surjam regulamentos para que ocorra o cumprimento e a aplicação delas.
- Poder normativo x princípio da legalidade: o poder normativo não se confunde com o princípio
da legalidade. Existe hierarquia entre lei a atos normativos e, esses atos devem ser editados
cumprindo o princípio da legalidade. Apesar do ato normativo possuir caráter normativo, não é
lei, portanto não pode criar direitos ou impor sanções, por exemplo.
15.1.1. Condicionar ou restringir o exercício das liberdades e a propriedade privada:
16.Poder de polícia: é a atividade que dispõe sobre os limites da liberdade e sobre o uso, gozo e
disposição da propriedade, objetivando condicioná-los e adequá-los ao interesse público. Na sua
essência, o poder de polícia é aquele poder limitador das liberdades e propriedades. O poder de
polícia se encontra positivado na Constituição e conceituado no Código Tributário Nacional,
art.78 (exemplo: DETRAN, TANSALVADOR, IBAMA, SUCON, vigilância sanitária, etc.). Não deve
ser confundido com a polícia de segurança pública (polícia civil e polícia federal são partes da
polícia judiciária).
- Fundamento do poder de polícia: Supremacia geral da administração pública sobre os
administrados, ou seja, supremacia do interesse público sobre os interesses privados. Se a
supremacia não for geral, mas específica, provavelmente não se estará diante do poder de
polícia. Ao exercer o poder de polícia, a administração pública pode requer a presença da polícia
de segurança pública.
- Finalidade do poder de polícia: Possui dupla finalidade: prevenir ou obstar atos contrários ou
lesivos aos interesses públicos (finalidade preventiva e repressiva).
- Manifestação do poder de polícia: o poder de polícia se manifesta através de atos
administrativos:
Atos normativos ou gerais: a administração pública expede atos gerias e abstratos restringindo
o exercício da liberdade e o uso/gozo/disposição de propriedade (exemplo: rodízio de veículos,
proibir venda de bebida alcóolica em postos).
Atos concretos ou individuais: injunções que a administração pública faz sobre a liberdade de
um indivíduo ou sobre uma propriedade específica – o poder de polícia se manifesta
repressivamente através de um ato concreto (exemplo: interdição de uma fábrica que está
jogando resíduos no mar).
Atos de fiscalização: são manifestações que previnem possíveis danos que podem decorrer da
ação dos administrados. Aqui o poder de polícia se manifesta de modo preventivo (exemplo:
fiscalizações feitas pelo PROCON).
- Delegação do poder de polícia a particulares: o exercício do poder de polícia é indelegável por
ser atividade típica do Estado. Os capitães de navios e comandantes de aeronaves podem,
excepcionalmente, receber delegação tácita do poder de polícia, pois muitas vezes não há o
contato direto com o Estado (exemplo: impossibilidade de utilizar o celular durante o voo). Não
se deve confundir o poder de polícia com atos materiais prévios ou sucessivos à sua
manifestação (exemplo: instalação de fiscalização eletrônica delegada a particulares; empresa
de guincho particular contratada pela transalvador). 
- Sanções aplicáveis: Multas; interdição de atividades; 
16.1. Deveres Administrativos: são deveres genéricos.
16.1.1. Poder-dever de agir: Quem tem a prerrogativa de atuação tem a obrigação de atuar;
16.1.2. Dever de eficiência: É preciso agir com eficiência (rapidez, perfeição, rentabilidade).
16.1.3. Dever de probidade: É necessário agir com honestidade (princípio da moralidade).
16.1.4. Dever de prestar contas: (art.70, parágrafo único, CF). Se estende ao gerenciador de
recursos públicos e está relacionado com o princípio da publicidade. 
16.2. Uso e Abuso de poder: 
16.2.1. Definições: O abuso de poder é a atualização das prerrogativas públicas de maneira
contrária à lei. O abuso se manifesta de dois modos: a partir do excesso de poder e do
desvio de poder (ou de finalidade): o excesso de poder ocorre quando o agente público que
exerce o cargo não possui competência para a prática daquele ato. O desvio de poder ocorre
quando o sujeito é competente para a prática do ato mas se afasta da finalidade do ato – ou
seja, se afasta do interesse público. Um ato desproporcional não significa abuso de poder
necessariamente.
17.ATOS ADMINISTRATIVOS: Materialização das atividades administrativas. O ato administrativo
é um ato jurídico. A administração Pública produz Atos Administrativos e Fatos Administrativos
(Atos Administrativos são Atos Jurídicos por meio dos quais a Administração Pública exprime
uma declaração natureza constitutiva, declaratória, enunciativa, modificativa e extintiva).
17.1. Atos Administrativos x Atos da Administração:
 Conceito: Toda declaração do Estado – ou quem lhe faça às vezes -, no exercício de
prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei, a
título de lhe dar cumprimento, sujeito a controle de legitimidade por órgão jurisdicional.
17.2. Atributos do Ato Administrativo:
a) Presunção de legitimidade e veracidade: Os atos administrativos, a priori, serão
considerados verídicos (presunção relativa – juris tantum). O ônus da prova em contrário é do
administrado.
b) Imperatividade: Impõe obrigações aos administrados. Poder extroverso corresponde ao
atributo da imperatividade.
c) Auto-executoriedade: Qualidade de compelir materialmente os administrados a cumprirem
uma obrigação imposta pelo Estado. A administração pública não pode executar as multas
(exceção).
d) Tipicidade: Os atos devem ser tipificados, devem ter previsão legal.
17.3. Elementos ou requisitos do Ato Administrativo:
a) Competência: Conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo
direito positivo.
b) Finalidade: É o resultado ou o bem jurídico que a Administração Pública quer alcançar com o
ato.
c) Forma: É o revestimento do ato administrativo, é o modo de se manifestar externamente.
d) Motivo: É a razão ou circunstância de fato ou de direito que autoriza ou determina a prática do
ato. Teoria dos Motivos Determinantes.
e) Objeto: É a coisa ou relação jurídica sobre a qual o ato incidirá.

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