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DIREITO CIVIL - Personalidade e Capacidade

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PERSONALIDADE, PESSOA NATURAL E CAPACIDADE
Pessoa natural e início da personalidade.
  Pessoa natural é o ser humano titular de direitos e deveres. Para ser pessoa, tem que ser dotado de personalidade e jurídica.
  A personalidade, nos termos do artigo 2° do CC, representa o atributo necessário para ser sujeito de direitos e de obrigações no âmbito civil.
 A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Personalidade Jurídica é a aptidão genérica para ser titular de direitos e contrair obrigações na ordem jurídica.
Momento de aquisição da personalidade jurídica
a) Teoria Natalista
Para essa teoria, a personalidade do ser humano se inicia com o nascimento com vida, devendo o subsequente ser registrado no Cartório de Registro das Pessoas Naturais.2 
b) Teoria concepcionista
Para essa teoria se adquire a personalidade desde a concepção, e o nascituro já possui personalidade jurídica.
  De acordo com a doutrina majoritária, o sistema jurídico brasileiro adotou a teoria natalista, segundo a qual os direitos da personalidade começam a partir do nascimento com vida (isso independentemente de o nascido ter forma humana ou de sua viabilidade, nem tampouco do tempo de duração dessa vida pós nascimento). Não obstante, o legislador também resguardou ao nascituro alguns direitos.
OBS(1): o exame da Docimasia Hidrostática de Galeno é utilizado para se saber se a criança nasceu viva ou morta e, dessa forma, determinar se houve ou não aquisição de personalidade.
OBS(2): teorias concepcionista (desde a concepção ao nascituro já seria atribuída personalidade – exceto quanto à aquisição de direitos patrimoniais) e da personalidade condicional (se nascesse com vida, a aquisição da personalidade retroagiria à data da concepção) são também utilizadas pela doutrina tradicional no intuito de definir o início da personalidade civil.
  De qualquer maneira, uma distinção há de ser feita. O conceito de nascituro não se confunde com o de embrião. Nascituro é o ser que está por nascer, já inserido no útero materno. Por óbvio que a proteção conferida a um e outro não são idênticas, até mesmo porque a noção embrião pode abranger aqueles que se encontram congelados, porque excedentários do procedimento de reprodução humana assistida. Esse foi o entendimento esposado pelo STF no julgamento da ADI 3510 em 2008 que, ao confirmar a constitucionalidade da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05), explicou ser distinta a proteção conferida ao nascituro daquela atribuída aos embriões congelados que ainda não se encontram inseridos num projeto parental.
Início da capacidade
  A personalidade, no entanto, não se confunde com a capacidade jurídica, embora os institutos se completem.
  A capacidade pode ser de direito e de fato. Aquela consiste na medida jurídica da personalidade. Sabe-se que a personalidade é atribuída a todo indivíduo que nasce com vida, mas a capacidade de direito, enquanto aptidão genérica para a aquisição de direitos e deveres, apesar de ser reconhecida indistintamente a qualquer pessoa, será atribuída de acordo com as características pessoais desse indivíduo (idade, sexo, estado civil, nacionalidade), de modo então que pode ser restringida em determinadas situações. Esta capacidade de direito também é a chamada de gozo ou de aquisição. Ex.: só pessoa maior de 18 anos pode adotar (as menores não podem adotar, nem mesmo por representação, porque lhes falta essa aptidão); pessoas já casadas não podem se casar novamente, com quem quer que seja, se não dissolverem a união precedente (falta capacidade de direito para contraírem esse segundo casamento sem dissolução do anterior).
A capacidade de direito, por sua vez, não se confunde com a capacidade de fato.  Esta atribui ao indivíduo capacidade de autodeterminação, de exercer os seus direitos sem interferência de qualquer outra pessoa. Essa capacidade é gradativa: incapacidade absoluta (quando surge o instituto da representação) ? capacidade relativa (quando surge o instituto da assistência) ? capacidade plena (pode praticar sozinho os atos da vida civil).
Incapacidade absoluta: art. 3º do CC (precisam de representantes sob pena de nulidade do ato jurídico praticado):
I - os menores de dezesseis anos (impúberes);
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; (Estão sujeitos à interdição).
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (Não estão sujeitos à interdição).
OBS(1): a velhice por si só não tem o condão de gerar incapacidade para os atos da vida civil
OBS(2): o processo de interdição ou de curatela é aquele por meio do qual se diagnostica, por meio de perícia médica, a ausência de discernimento (total ou parcial) de um sujeito para a prática dos atos da vida civil, nomeando-se um curador que terá a função de gerir seus bens e sua pessoa.
Incapacidade relativa: art. 4º CC (precisam ser assistidos, sob pena de anulabilidade do ato jurídico praticado):
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (menores púberes);
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
A capacidade dos índios é regulada pela Lei 6009/73 – Estatuto do Índio – sujeitos à tutela da União até se adaptarem à civilização.
A capacidade plena é atingida:
- aos 18 anos – natural.
- quando cessa a causa que motivou a incapacidade. Ex.: enfermo que se curou;
- pela emancipação, que pode ser:
Voluntária – outorga dos pais- entre 16 e 18 anos, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial. 
Judicial: por decisão judicial, quando o menor estiver sob tutela.
Legal – art 5º incisos II a V (casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior; pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria). Independe de registro para produzir efeitos.
A emancipação constitui ato irretratável e irrevogável, salvo existência de fraude, a qual possibilita a revogação.
OBS: incapacidade de fato também não se confunde com falta de legitimação. Esta seria uma espécie de incapacidade específica, que leva à proibição de determinadas pessoas para a prática de alguns atos jurídicos em razão da peculiar situação que este sujeito se encontra. Ex.: o ascendente não pode vender bens a um de seus descendentes sem que os demais e seu cônjuge autorizem essa alienação (art. 496, CC).
Diferença entre Capacidade e Legitimação. A capacidade é a medida da personalidade, já a legitimação é uma condição especial, uma capacidade específica para um determinado ato.
Fim da personalidade
  Termina com o fim da existência da pessoa natural, ou seja, pela morte real ou presumida.
O que prevalece é a morte encefálica. 
Art. 3º da Lei n. 9.434. A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
Morte real:  Morte real é a que tem a declaração de óbito, pressupõe a análise do corpo morto.
Morte Presumida: morte presumida, sem decretação de ausência, é o juiz que declara em procedimento de justificação (da morte). Nessas hipóteses o registro é feito no livro de óbito, equiparando-se a morte real, porém a pessoa não está efetivamente morta. Sendo que aqui não há prévia declaração de ausência.
 A morte será presumida, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
Comoriência = presunção de morte simultânea, quando numa mesmaocasião não for possível determinar a precedência do falecimento entre dois ou mais indivíduos - art.8º, CC.
Registro e averbação:
Registro civil das pessoas naturais
Os atos da vida civil que dizem respeito ao estado ou capacidade das pessoas naturais devem ser inscritos no registro público competente (Registro Civil das Pessoas Naturais). O registro civil tem dupla finalidade: documentar e dar publicidade ao estado das pessoas e à situação dos bens. Serão inscritos em Registro Público os nascimentos, os casamentos, as separações judiciais e os divórcios, os óbitos, a emancipação por outorga dos pais ou a judicial, a interdição dos loucos, surdos-mudos e dos pródigos, a sentença declaratória da ausência e as opções de nacionalidade. O registro, contendo as inscrições dos momentos capitais da vida do indivíduo, atesta o seu estado, que dele se infere enquanto subsistir. Entretanto, não faz prova absoluta do que patenteia, eis que passível de anulação por erro ou falsidades
Art. 9º. – Registrados = primeira anotação, criação de um documento.
Art. 10 – Averbados = anotação posterior à criação do documento.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
– Noções gerais acerca dos Direitos da Personalidade
  O reconhecimento e a proteção de alguns direitos em favor das pessoas humanas foi um movimento que surgiu ao longo da evolução da humanidade. Foi principalmente após a II Grande Guerra Mundial que esse movimento de reconhecimento de uma categoria básica de direitos atribuíveis ao homem ganha força e expressão. Notória é a sua consagração constitucional e especificação de alguns desses direitos no Código Civil de 2002 (arts. 11 a 21). Aliás, pode-se dizer que a CF/88 teria instituído uma espécie cláusula geral de tutela da personalidade, segundo Gustavo Tepedino, ao elencar como fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, ao lado dos objetivos de constituir uma sociedade livre, justa e solidária, de erradicar a pobreza e de redução das desigualdades sociais regionais.
  Também são desse mesmo autor as seguintes lições:
Daí considerar-se que os direitos humanos são, em princípio os mesmos da personalidade; mas deve-se entender que quando se fala dos direitos humanos, referimo-nos aos direitos essenciais do indivíduo em relação ao direito público, quando desejamos protegê-lo contra as arbitrariedades do Estado. Quando examinamos os direitos da personalidade, sem dúvida, nos encontramos diante dos mesmos direitos, porém sob o ângulo do direito privado, ou seja, relações entre particulares, devendo, pois defendê-los frente aos atentados perpetrados por outras pessoas (TEPEDINO, 2001, p. 33).
Importante diferençar os conceitos de personalidade dos direitos da personalidade. Verifica se no art. 2º do Código Civil que a personalidade é a aptidão genérica, reconhecida a todo ser humano para contrair direitos e deveres na vida civil, bem como podemos dizer que se trata de um conjunto de atributos naturais.
A tutela desses atributos é o direito da personalidade, que se classifica em direito à integridade física, direito à integridade intelectual e os direitos à integridade moral.
De acordo com a doutrina clássica, os direitos da personalidade são faculdades jurídicas cujo objeto são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito.
Pode-se afirmar que são direitos subjetivos absolutos os presentes nos arts. 11 a 20 da legislação civilista que possibilitam a atuação legal, isto é, uma faculdade ou um conjunto de faculdades na defesa da própria pessoa, nos seus aspectos físicos e espirituais, dentro do autorizado pelas normas e nos limites do exercício fundado na boa-fé.
  Fonte dos direitos da personalidade/ Discussão doutrinária: adviria do Direito Natural (como se fossem natos aos seres humanos); ou do reconhecimento expresso pelo ordenamento jurídico, defendem os positivistas.
  Características: são personalíssimos, absolutos (oponíveis erga omnes), inatos, imprescritíveis, intransmissíveis, extrapatrimoniais e vitalícios.
Direitos inatos São direitos adquiridos como o surgimento da personalidade. Os direitos inatos da personalidade, diversamente dos demais, não necessitam de uma manifestação de vontade para firmar sua titularidade. De acordo com a Teoria Natalista, a partir do nascimento, automaticamente já se detém o direito subjetivo da personalidade, ou seja, já se possui direito ao nome, à honra, ao recato etc. Por isso, se diz que eles são inatos, já que os mesmos são inerentes ao próprio surgimento da personalidade, qualquer que seja o entendimento adotado (natalista ou concepcionista).
b) Direitos vitalícios Os direitos da personalidade perduram durante todo o ciclo vital da pessoa, ou seja, iniciam- se com a vida e se findam com a morte.
c) Direitos absolutos - Os direitos absolutos são aqueles que se exercem erga omnes, enquanto os relativos possuem sujeitos passivos determinados ou determináveis.
d) Direitos indisponíveis Os direitos da personalidade estão fora do comércio, mas é preciso esclarecer que isso não ocorre com todos os bens da personalidade, pois alguns, como a imagem ou o nome, são disponíveis.
Art. 11 do Código Civil: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
e) Direitos extrapatrimoniais Os direitos da personalidade não têm valor patrimonial. Não há como valorar a vida ou a honra de uma liberdade cerceada.
f) Direitos intransmissíveis Não há como se transmitir honra, recato, vida, já que os direitos da personalidade são ínsitos ao aspecto físico e espiritual do seu titular. O que não impede que os herdeiros demandem em caso de uma ofensa à pessoa falecida
  Nome civil
Elemento designativo do indivíduo e fator de sua identificação na sociedade é o nome, ainda, atributo da personalidade, nas lições de Caio Mario da Silva Pereira.
Envolve ele, simultaneamente, um direito individual e um interesse social. É direito e é dever, nele são compreendidos o prenome (designa o indivíduo) e o sobrenome (indica a origem familiar).
O mesmo possui um aspecto privado e um aspecto público. No aspecto privado o nome é um direito da personalidade ligado ao princípio da dignidade humana. O nome é um elo entre a pessoa e a sociedade, do que resulta seu aspecto público .
No aspecto público, o nome é uma necessidade de todos nós sermos identificados, está ligado à ideia de uma identidade. O aspecto privado possibilita à pessoa mudar o seu nome de acordo com a trajetória da sua vida.
No aspecto público há uma índole conservadora, pois a sociedade exige que o nome seja imutável para haver uma segurança na identificação de cada um.
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Mesmo que não seja exposto ao desprezo público, o nome da pessoa não pode ser utilizado por uma terceira pessoa, sem a devida autorização, sob pena de reparação, por violação À honra objetiva e subjetiva.
Da proteção da imagem
Salvo autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, ao seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
O art. 20 do Código Civil, de 200223 se refere à imagem, cabendo ao prejudicado postular a proibição da divulgação, bem como requerer a reparação cabível, desde que seja atingida a honra, a boa fama, ou seja, quando é ferida a dignidade da pessoa humana.
Proteção da privacidade da pessoa natural
A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providênciasnecessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. Trata- se do direito do indivíduo a estar só, bem como, é o poder de excluir do conhecimento alheio as escolhas existenciais. Um exemplo claro de violação da privacidade ocorre quando os programas de televisão realizam a leitura labial dos jogadores de futebol.
Vedação de atos de disposição do próprio corpo
Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
O ato previsto no art. 13 será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Mediante contraprestação pecuniária, estão vedados todos os atos de disposição do próprio corpo, que reduzam a integridade física do indivíduo ou que venham a contrariar os bons costumes e a moral.
Na visão moderna, o art. 13 do Código Civil não veda as cirurgias de mudança de sexo, pois se deve dar ênfase à dignidade da pessoa humana; imaginem aquelas pessoas que vivem em constante conflito interno quanto a sua sexualidade.
Nesse sentido foi aprovado o Enunciado n. 6 da I Jornada de Direito Civil: Art. 13. a expressão “exigência médica”, contida no art. 13, refere-se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar psíquico do disponente.
 O princípio do consenso afirmativo
É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Hoje vigora a doação consentida ou o princípio do consenso afirmativo, pois aqui prevalece a autonomia privada da vontade do ser humano, principalmente por se aproximar do princípio da solidariedade. É possível a feitura de um testamento manifestando a vontade de que após a morte sejam doados os órgãos.
Os princípios da autonomia do paciente e da não maleficência
Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
O dispositivo deve ser interpretado restritivamente, não podendo jamais priorizar a liberdade do paciente em detrimento à vida, que tem primazia constitucional. Muitas vezes busca-se a tutela jurisdicional para dirimir essas questões.
Resumindo:
a)  integridade física: proteção à vida e ao corpo. Envolve ainda o direito de ninguém ser obrigado a se submeter a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica que importe em risco para a sua vida.
b)  nome:  prenome e sobrenome. Sem a autorização do seu titular, o nome não pode ser utilizado em propaganda comercial.
  Abarca a proteção ao agnome (complemento ao nome que indica grau de parentesco ou de geração. Ex.: Filho, Neto)e pseudônimo ou heterônimo (nome que identifica alguém no exercício de sua profissão, ocultando a identidade civil desse titular).
    Vigora, quanto ao nome, o princípio da imutabilidade relativa.
c)  Honra: direito à boa-fama. Envolve a honra objetiva (conceito externo que traduz o que as pessoas pensam sobre um indivíduo) e a honra subjetiva (estima pessoal, é o que a pessoa pensa de si própria).
d)  Imagem: subdivide-se em imagem-retrato (características físicas), imagem-atributo (qualidades pessoais), e imagem-voz (timbre sonoro)
e)  Privacidade, intimidade e sigilo: estes estão inseridos dentro da idéia do que o direito à vida privada representa.
  Necessidade também de se valer da técnica da ponderação dos interesses em jogo para resolver situações de conflito quando dois interesses, que refletem a proteção de direitos da personalidade aparentemente antagônicos, surgirem.
Tipos de tutela dos direitos da personalidade: preventiva (inibitória, remoção do ilícito, sub-rogatória) e repressiva/reparatória (indenização civil).
Perdas e danos em se tratando de morto – legítimos para requerer são cônjuge sobrevivente, qualquer parente linha reta ou colateral até 4º. grau (art. 12, parag. único, CC).
Pessoa natural e início da personalidade.
  Pessoa natural é o ser humano titular de direitos e deveres. Para ser pessoa, tem que ser dotado de personalidade jurídica.
  A personalidade, nos termos do artigo 2° do CC, representa o atributo necessário para ser sujeito de direitos e de obrigações no âmbito civil.
  De acordo com a doutrina majoritária, o sistema jurídico brasileiro adotou a teoria natalista, segundo a qual os direitos da personalidade começam a partir do nascimento com vida (isso independentemente de o nascido ter forma humana ou de sua viabilidade, nem tampouco do tempo de duração dessa vida pós nascimento). Não obstante, o legislador também resguardou ao nascituro alguns direitos.
OBS(1): o exame da Docimasia Hidrostática de Galeno é utilizado para se saber se a criança nasceu viva ou morta e, dessa forma, determinar se houve ou não aquisição de personalidade.
OBS(2): teorias concepcionista (desde a concepção ao nascituro já seria atribuída personalidade – exceto quanto à aquisição de direitos patrimoniais) e da personalidade condicional (se nascesse com vida, a aquisição da personalidade retroagiria à data da concepção) são também utilizadas pela doutrina tradicional no intuito de definir o início da personalidade civil.
  De qualquer maneira, uma distinção há de ser feita. O conceito de nascituro não se confunde com o de embrião. Nascituro é o ser que está por nascer, já inserido no útero materno. Por óbvio que a proteção conferida a um e outro não são idênticas, até mesmo porque a noção embrião pode abranger aqueles que se encontram congelados, porque excedentários do procedimento de reprodução humana assistida. Esse foi o entendimento esposado pelo STF no julgamento da ADI 3510 em 2008 que, ao confirmar a constitucionalidade da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05), explicou ser distinta a proteção conferida ao nascituro daquela atribuída aos embriões congelados que ainda não se encontram inseridos num projeto parental.
Início da capacidade
  A personalidade, no entanto, não se confunde com a capacidade jurídica, embora os institutos se completem.
  A capacidade pode ser de direito e de fato. Aquela consiste na medida jurídica da personalidade. Sabe-se que a personalidade é atribuída a todo indivíduo que nasce com vida, mas a capacidade de direito, enquanto aptidão genérica para a aquisição de direitos e deveres, apesar de ser reconhecida indistintamente a qualquer pessoa, será atribuída de acordo com as características pessoais desse indivíduo (idade, sexo, estado civil, nacionalidade), de modo então que pode ser restringida em determinadas situações. Esta capacidade de direito também é a chamada de gozo ou de aquisição. Ex.: só pessoa maior de 18 anos pode adotar (as menores não podem adotar, nem mesmo por representação, porque lhes falta essa aptidão); pessoas já casadas não podem se casar novamente, com quem quer que seja, se não dissolverem a união precedente (falta capacidade de direito para contraírem esse segundo casamento sem dissolução do anterior).
A capacidade de direito, por sua vez, não se confunde com a capacidade de fato.  Esta atribui ao indivíduo capacidade de autodeterminação, de exercer os seus direitos sem interferência de qualquer outra pessoa. Essa capacidade é gradativa: incapacidade absoluta (quando surge o instituto da representação) ? capacidade relativa (quando surge o instituto da assistência) ? capacidade plena (pode praticar sozinho os atos da vida civil).
Incapacidade absoluta: art. 3º do CC (precisam de representantes sob pena de nulidade do ato jurídico praticado):
I - os menores de dezesseis anos (impúberes);
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; (Estão sujeitos à interdição).
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (Não estão sujeitos à interdição).
OBS(1): a velhice por si só não tem o condão de gerar incapacidade para os atos da vida civil
OBS(2): o processo de interdição ou de curatela é aquele por meio do qual se diagnostica, por meio de perícia médica,a ausência de discernimento (total ou parcial) de um sujeito para a prática dos atos da vida civil, nomeando-se um curador que terá a função de gerir seus bens e sua pessoa.
Incapacidade relativa: art. 4º CC (precisam ser assistidos, sob pena de anulabilidade do ato jurídico praticado):
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (menores púberes);
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
A capacidade dos índios é regulada pela Lei 6009/73 – Estatuto do Índio – sujeitos à tutela da União até se adaptarem à civilização.
A capacidade plena é atingida:
- aos 18 anos – natural.
- quando cessa a causa que motivou a incapacidade. Ex.: enfermo que se curou;
- pela emancipação, que pode ser:
a) Voluntária – outorga dos pais- entre 16 e 18 anos, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial.  b) Judicial: por decisão judicial, quando o menor estiver sob tutela.
  c) Legal – art 5º incisos II a V (casamento; pelo exercício de emprego público efetivo; pela colação de grau em curso de ensino superior; pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria). Independe de registro para produzir efeitos.
OBS: incapacidade de fato também não se confunde com falta de legitimação. Esta seria uma espécie de incapacidade específica, que leva à proibição de determinadas pessoas para a prática de alguns atos jurídicos em razão da peculiar situação que este sujeito se encontra. Ex.: o ascendente não pode vender bens a um de seus descendentes sem que os demais e seu cônjuge autorizem essa alienação (art. 496, CC).
Fim da personalidade
  Termina com o fim da existência da pessoa natural, ou seja, pela morte real ou presumida.
Morte real: é aquela atestada por profissional da medicina com base no cadáver.
Morte presumida:
a)  com prévia declaração de ausência: aqui, à decretação da morte, precede um procedimento prévio de declaração de ausência. A morte será presumida, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
Declaração de ausência e suas fases:
1ª) Curadoria: Ausente sem representante ou procurador. O juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do MP, nomear-lhe-á curador.
2ª) Sucessão provisória: Decorrido 01 ano depois de arrecadados os bens ou, se deixou procurador ou representante, decorridos 03 anos, podem os interessados requerer que se declare ausência e se abra a sucessão (legítimos: cônjuge, herdeiros, direitos dependentes da morte (condição), credores e o MP caso nos prazos do art. 26 não haja interessado).
Prestação de garantias para os herdeiros se imitirem na posse, salvo cônjuge e herdeiros legítimos.
Alienação de bens imóveis: só com expressa autorização judicial.
Aparecendo o ausente depois da posse provisória, ficam os sucessores com suas vantagens cessadas, sendo esses obrigados a devolver a integralidade dos bens que recebeu.
3ª) Sucessão definitiva: Dez anos depois de passada em julgado a sentença que conceder a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Regressando o ausente nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, aquele receberá só os bens existentes e no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
b)  sem prévia declaração de ausência (art. 7º):
§  se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
§  se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
OBS: as buscas devem ser esgotadas. Procedimento especial de justificação.
Comoriência = presunção de morte simultânea, quando numa mesma ocasião não for possível determinar a precedência do falecimento entre dois ou mais indivíduos - art.8º, CC.
Registro e averbação:
Art. 9º. – Registrados = primeira anotação, criação de um documento.
Art. 10 – Averbados = anotação posterior à criação do documento.

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