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Curso Filosofia da Educação

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Curso Gratuito Filosofia 
da Educação 
 Carga horária: 55hs 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
Introdução 
O Sentido da Filosofia para a Educação 
A concepção de Educação 
Educação e Senso Comum 
Tendências Pedagógicas e a Pedagogia Progressista 
Pedagogia liberal 
Pedagogia Progressista 
Síntese Histórica da Filosofia 
Em busca de uma melhor educação 
Conhecimento Indutivo 
As correntes filosóficas: Racionalismo 
Empirismo inglês 
Criticismo kantiano- Immanuel Kant (1724-1804) 
Marxismo - Karl Heinrich Marx (1818-1883) 
Fenomenologia 
Existencialismo 
Pragmatismo e o Neopragmatismo 
Estruturalismo 
Reflexão Final 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
No contexto da educação escolar, a importância dada às 
disciplinas revela um compromisso em garantir o acesso aos 
saberes elaborados socialmente, pois estes se constituem como 
instrumentos para o desenvolvimento, a socialização, o exercício 
da cidadania e a atuação no sentido de reformular os 
conhecimentos, as imposições de crenças e valores. Através da 
educação estamos tratando do ato de educar, orientar, 
acompanhar, nortear, mas também o de trazer de "dentro para 
fora" as potencialidades do individuo (GASPARELLO, 1986). 
Falar do ensino da Filosofia, da sua importância, da luta pela 
autonomia, é pensar em mudança cultural, em mudança de visão 
de mundo, de paradigmas. 
Filosofar dentro da estrutura escolar com as crianças, 
adolescentes e jovens é capacitá-los para o debate, para a 
confrontação de ideias. Se a Filosofia consiste na experiência 
com o conceito, é importante que o jovem estudante tenha a 
oportunidade de fazer ele mesmo a experiência do pensamento e 
não apenas reproduzir. 
Portanto, abrir espaços para uma educação filosófica com as 
crianças, adolescentes e jovens é, acima de tudo, buscar um 
novo posicionamento diante da realidade social. Trata-se de sair 
do senso comum e ir para a consciência crítica. Isto não está 
somente a cargo do ensino da Filosofia, não será ela, por si só, 
que despertará o aluno para as mudanças de atitude perante o 
mundo, ou que o fará agir como sujeito responsável de sua 
história. É da sua essência e do seu fazer, alcançar 
tais finalidades, quando ensinada e vivenciada no período 
escolar, juntamente com as demais disciplinas (GADOTTI,1979). 
A experiência vivida por outros, sempre tendo como base uma 
tradição de pensamentos filosóficos. Afinal, os filósofos convivem 
conosco. Assim, havendo uma mudança de mentalidade, da 
forma de pensar, via educação, alcançaremos uma mudança 
política. 
O caminho da mudança pela educação filosófica passa pelo 
esclarecimento e consolida-se na íntima relação entre saber, 
poder, cultura e transformação, isto é, passa pela emancipação 
do indivíduo. Tendo-se em vista este panorama, pode-se 
entender o porquê da importância da Filosofia não somente para 
os alunos, mas também para os professores, a chave mestra 
para a mudança na educação está nos professores. Para ensinar, 
é preciso que o professor, em primeiro lugar, tenha claro para si 
quais são seus anseios, suas metas, suas frustrações. Após olhar 
para bem dentro de si, só então, é que o professor poderá olhar 
para o aluno como sujeito. Buscando o potencial de cada 
criança/jovem, e expandindo seu potencial por intermédio de uma 
orientação de acordo com a capacidade de cada um. 
O aluno deve ser convidado a refletir sobre o mundo que o cerca 
o conhecimento de uma realidade da qual ele próprio faz parte. 
Faz-se necessário ao educador o comprometimento como 
profissional durante as suas inter-relações em que o 
compromisso não pode ser um ato passivo, mas sim a inserção 
da práxis na prática educativa de professor e aluno. Sendo assim, 
o objetivo deste curso é evidenciar não apenas a importância do 
ensino de Filosofia para a educação, mas a importância da 
filosofia na reflexão da educação em si. 
 
O QUE É FILOSOFIA 
A filosofia trata da realidade não a partir de recortes, mas do 
ponto de vista da totalidade. A visão da filosofia é de conjunto, de 
entendimento do problema, não de modo parcial mas 
relacionando cada aspecto observado outros do contexto em que 
está inserido (CUNHA,1992). 
A Filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas 
juízos de valor. Isto significa que filosofar é ir além do que é, é 
buscar entender como deveria ser, julgar o valor da ação, ir em 
busca do significado. Filosofia propriamente surge quando um 
pensar torna-se objeto de uma reflexão (CUNHA,1992). Podemos 
então conceituar a filosofia como uma reflexão sobre os 
problemas que a realidade apresenta: 
“a filosofia não é, de modo algum, uma simples abstração 
independente da vida. Ao contrário ela é a própria manifestação 
humana e sua mais alta expressão(...) A filosofia traduz o sentir, 
o pensar e o agir do homem. Evidentemente, o homem não se 
alimenta da filosofia, mas sem dúvida nenhuma, com a ajuda da 
filosofia” (BRANGATTI,1993) 
Este ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três 
modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função 
que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. 
Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia 
trata de conceitos como o bem, beleza, justiça, verdade. Mas, 
nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os 
indicados acima. Inicialmente, na Grécia, a Filosofia tratava de 
todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação 
entre ciência e filosofia, incorporava todo o saber. No entanto, a 
Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a 
que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de 
conhecimento do mundo até então vigente (ARANHA,1996). 
A filosofia em sua trajetória histórica procura resposta as 
questões percebidas e a cada época são respondidas a partir de 
diferentes reflexões que constituem correntes ou escolas de 
pensamentos. Platão (427-347a.C) e Aristóteles (384-322 a.C) 
deram à filosofia uma de suas melhores definições. Eles viram a 
filosofia como um discurso admirado e espantado com o mundo. 
A filosofia faz, na concepção tradicional que aparece em Platão e 
Aristóteles, ou seja , põe certas perguntas que nos obrigam a 
olhar o banal como não mais banal. 
A filosofia, então, é o vocabulário com o qual desbanalizamos o 
banal. Tudo com o qual estamos acostumados torna-se motivo 
para uma suspeita, tudo que é corriqueiro fica sob o crivo de uma 
sentença indignada, e então deixamos de nos aceitar como 
acostumados com as coisas que até então estávamos 
acostumados. A maioria das definições de filosofia são 
razoavelmente controversas, em particular quando são 
interessantes ou profundas. Esta situação deve-se em parte ao 
fato de a filosofia ter alterado de forma radical o seu âmbito no 
decurso da história e de muitas das investigações nela 
originalmente incluídas terem sido mais tarde excluídas 
(ARANHA, 1996). 
Uma definição é que a filosofia consiste em pensar sobre o 
pensamento. Isto permite-nos sublinhar o caráter de segunda 
ordem da disciplina e tratá-la como uma reflexão sobre gêneros 
particulares de pensamento — formação de crenças e de 
conhecimento — sobre o mundo ou porções significativas do 
mundo (ARANHA,1996). Uma definição mais pormenorizada, 
mas ainda assim incontroversa e abrangente, é que a filosofia 
consiste em pensar racional e criticamente, de modo mais ou 
menos sistemático sobre a natureza do mundo em geral 
(metafísica ou teoria da existência), a justificação de crenças 
(epistemologia ou teoria do conhecimento), e a conduta de vida a 
adaptar (ética ou teoria dos valores).Cada um dos três 
elementos listados possui uma contraparte não filosófica, da qual 
se distingue pelo seu modo de proceder explicitamente racional e 
crítico e pela sua natureza sistemática. Todos nós temos uma 
concepção geral sobre a natureza do mundo em que vivemos e 
do lugar que nele ocupamos. A metafísica interroga-se sobre os 
pressupostos que sustentam acriticamente estas concepções 
recorrendo a um conjunto organizado de crenças (ARANHA, 
1996). 
Conforme Chauí (1985),”ocasionalmente, duvidamos e 
questionamos crenças, não só as nossas como as alheias, e 
fazemos com mais ou menos sucesso sem possuirmos uma 
teoria acerca do que fazemos”. Também orientamos as ações 
com vista a objetivos e fins que valorizamos. A ética, ou filosofia 
moral, no sentido mais inclusivo, pretende articular, de uma forma 
racional e sistemática, as regras ou princípios subjacentes. (Na 
prática, a ética tem-se restringido aos aspectos morais da 
conduta e, em geral, tem tendência para ignorar a maioria das 
ações que praticamos em virtude de critérios de eficiência ou 
prudência, como se fossem demasiado básicos para justificarem 
um exame racional). 
Os primeiros filósofos reconhecidos, os pré-socráticos, eram 
sobretudo metafísicos preocupados em estabelecer as 
características essenciais da natureza no seu todo. Platão e 
Aristóteles escreveram penetrantemente sobre metafísica e ética; 
Platão sobre o conhecimento; Aristóteles sobre lógica (dedutiva), 
a técnica mais rigorosa para justificar crenças; estabeleceu as 
suas regras de uma forma sistemática e manteve intacta a sua 
autoridade durante mais de 2000 anos. 
Na Idade Média, ao serviço do cristianismo, a filosofia apoiou-se 
primeiramente na metafísica de Platão, e em seguida na de 
Aristóteles, com o propósito de defender crenças religiosas. No 
Renascimento, a liberdade de especulação metafísica ressurgiu; 
na sua fase tardia, com Bacon e, de um modo mais influente com 
Descartes e Locke, dirigiu-se para a epistemologia com o objetivo 
de ratificar e, tanto quanto possível, acomodar a religião e os 
novos desenvolvimentos das ciências naturais ( CUNHA,1992). 
Boa parte da filosofia volta-se mais para o modo pelo qual 
conhecemos as coisas do que propriamente para as coisas que 
conhecemos, sendo essa uma segunda razão pela qual a filosofia 
parece carecer de conteúdo. No entanto, discussões a respeito 
de um critério definitivo de verdade podem determinar, na medida 
em que recomendam a aplicação de um dado critério, quais as 
proposições que na prática deliberamos serem verdadeiras. As 
discussões filosóficas da teoria do conhecimento têm exercido, 
ainda que de modo indireto, importante efeito sobre as ciências 
(CUNHA,1992). 
Diferentes partes da filosofia, e diferentes elementos que 
compõem nossa visão de mundo, deveriam integrar-se. Sendo 
assim, conceitos à primeira vista muito distanciados podem vir a 
afetar de modo vital outros conceitos que envolvem mais de perto 
a vida diária. A filosofia merece ser valorizada por si própria, e 
não por seus efeitos indiretos de ordem prática. E a melhor 
maneira de assegurarmos esses bons efeitos práticos é nos 
dedicarmos em encontrar a verdade, buscando-
desinteressadamente. 
 
A TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM ATRAVÉS DA FILOSOFIA 
O homem é um ser que interroga a vida, e deve interrogá-la 
continuamente. O modo de perguntar difere de homem para 
homem, mas o próprio enigma sempre permanece. A resposta do 
homem ocorre dentro de um determinado contexto histórico 
(HUSSERL,1965). 
Para Aristóteles (384-322 a C.), “todos os homens desejam 
naturalmente saber. Muitos, contudo, se perdem nesta tarefa ao 
longo da vida, talvez por desconhecerem um caminho”. É preciso 
buscar conceituar a filosofia de forma simples e existencial, 
compreender o que ela é, e verificar o seu significado para a vida 
humana. 
A filosofia está associada tanto ao saber teórico quanto à 
sabedoria prática. De fato, o sucesso da filosofia teórica não nos 
oferece qualquer garantia de que seremos filósofos no sentido 
prático ou de que agiremos e sentiremos de modo correto sempre 
que nos envolvermos em determinadas situações práticas. 
A filosofia se manifesta como uma forma de entendimento que 
tanto propicia a compreensão de sua existência, em termos de 
significado, como oferece um direcionamento para sua ação. A 
filosofia é o campo de entendimento que, quando nos 
apropriamos dele, nos percebemos refletindo sobre a 
cotidianidade dos seres humanos: Desde as coisas mais simples 
até as mais complexas. O ato de filosofar não é unicamente um 
processo individual, mas também um processo que possui uma 
contrapartida social. 
Ao colocar-se na posição de que o homem, ser da natureza, 
constitui entre muitos outros cósmicos, físicos, biológicos , um 
agente da transformação do universo, a filosofia situou na 
experiência de campo e processo dessas contínuas 
metamorfoses. Não agimos por agir. Agimos por certas 
finalidades, que podem ser mais amplas ou restritas; as 
finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido 
da existência, busca o bem da sociedade, lutar pela emancipação 
dos oprimidos, e assim por diante. Isso porque é certo que a vida 
só tem sentido se vivido em função de valores dignos e 
dignificantes (HUSSERL,1965). 
Todos têm uma forma de compreender o mundo, ninguém age no 
escuro, sem saber onde vai ou porque vai. Só se pode agir a 
partir de um esclarecimento do mundo e de uma realidade. Todos 
vivem de uma concepção do mundo, agem e se comportam de 
acordo com uma significação inconsciente que emprestam a vida. 
É neste sentido que podemos dizer que todo homem é filósofo. 
Todos temos uma filosofia de vida, ou seja, nos orientamos por 
valores implícitos ( inconsciente ) ou explícitos (conscientes) . 
De acordo com Husserl(1965) ”quando falamos em filosofia de 
vida queremos dizer que esse direcionamento diário inconsciente 
pode ocorrer da massificação, do senso comum, que adquirimos 
e acumulamos espontaneamente” . Não é possível viver sem 
pensar, uma das características do homem é a necessidade, de 
não só conhecer a natureza a fim de poder transformá-la pelo 
trabalho, mas a necessidade de compreender-se a si mesmo. 
Não há, portanto, vida humana consciente de si mesma sem 
reflexão filosófica, sem reflexão crítica sobre o real, considerado 
em sua totalidade. A filosofia vai coincidir com que se chama de 
processo de consciência ou conscientização, tanto no sentido do 
tempo como no julgamento (Reflexão Crítica). 
Não existe um modelo de homem, é impossível existir um homem 
padrão, um modelo que todos deveriam seguir a risca. O que 
existe é uma condição humana que resulta do conjunto das 
relações humana, de sua vocação como homem. Este último 
ponto é importante, pois afasta qualquer tentativa de estabelecer 
a existência de uma natureza humana fixa e imutável, ou de 
estabelecer distinções entre os homens com base em qualquer 
aspecto extrínseco, como a raça, a cor, ou religião 
(HUSSERL,1965). 
O homem, como os outros seres vivos, também se esforça para 
se preservar, numa das coisas que difere dos outros organismos 
é que produz os meios para sua existência, reorganizando e 
modificando os recursos naturais disponíveis. Age dirigido por 
finalidades conscientes, para responder aos desafios da natureza 
e para lutar pela sobrevivência. 
O homem, ao colocar-se no mundo, estabelece uma ligação entre 
o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido. O sujeito 
se transforma mediante o novo saber e o objeto também se 
transforma, pois o conhecimento lhe dá sentido (COTRIN, 1993). 
O homem é um agente transformador da natureza, e a natureza é 
o resultado dessa transformação. Ao atuar através de sua 
atividade produtiva sob a natureza, pelo trabalho cuidando de 
prover sua existência mediante a apropriaçãoe incorporação dos 
recursos naturais transformados, o homem não estabelece 
apenas relações individuais com a natureza. Ao mesmo tempo 
em que estabelece relações técnicas de produção, vai 
instaurando relações interindividuais, relações com os outros 
homens. Cria a estrutura social segundo Cotrin (1993).O homem 
se descobre e se afirma no mundo, não como um mero objeto 
integrante da realidade total, mas como sujeito no qual essa 
realidade se transfigura. 
Ao interpretar e transformar a realidade, o homem se encontra 
com outros seres humanos envolvidos na mesma tarefa, é o que 
chamamos de confronto com outros sujeitos. Na medida em que 
alguém fala e acolhe a palavra do outro realiza o reconhecimento 
mais profundo outro como sujeito. No instante em que o homem 
reconhece o outro e com ele dialoga em busca de um sentido 
para o mundo para a existência, nasce a história. Dar um sentido 
ao mundo no diálogo das consciências, é existir plenamente 
como homem e, portanto, existir plenamente como sujeito do 
processo histórico (HUSSERL,1965). 
Na medida de nossas forças, construímos, uma filosofia e a ela 
nos acomodamos, tão bem como tão mal, em nossa ânsia e 
inquietação de compreender e de pacificar o espírito. Quando a 
ciência vai refazendo o mundo e a onda de transformação 
alcança as peças mais delicadas da existência humana, só quem 
vive à margem da vida, sem interesse e sem paixões, sem 
amores e sem ódios, pode julgar que dispensa uma filosofia. Só 
com uma vida profundamente superficial podemos não sentir as 
solicitações diversas e antagônicas das diferentes fases do 
conhecimento humano, e os conflitos e perplexidades 
atordoantes da hora presente. 
Aprender concepções e verdades que engessam o processo de 
ação e reflexão diante do mundo e de sua própria existência , é 
desta que filosofia transforma o homem. Contudo, boa parte da 
filosofia volta-se mais para o modo pelo qual conhecemos as 
coisas do que propriamente para as coisas que conhecemos, 
sendo essa uma segunda razão pela qual a filosofia parece 
carecer de conteúdo. 
No entanto, discussões a respeito de um critério definitivo de 
verdade podem determinar, na medida em que recomendam a 
aplicação de um dado critério, quais as proposições que na 
prática deliberamos serem verdadeiras. Não é tarefa da filosofia 
investigar intenções ocultas e preexistentes da realidade, mas 
interpretar uma realidade carente de intenções, mediante a 
capacidade de construção de figuras, de imagens a partir dos 
elementos isolados da realidade; ela levanta as questões, cuja 
investigação exaustiva é tarefa das ciências; uma tarefa a qual a 
filosofia permanece continuamente vinculada, porque sua intensa 
luminosidade não conseguiria inflamar-se em outro lugar a não 
ser contra essas duras questões. 
A filosofia tem exercido, por mais que ignoremos isso, uma 
admirável influência indireta até mesmo sobre a vida de gente 
que nunca ouviu falar nela. Indiretamente, tem sido destilada 
através de sermões, da literatura, dos jornais e da tradição oral, 
afetando assim toda a perspectiva geral do mundo. Em grande 
parte, foi através de sua influência que se fez da religião cristã o 
que ela é hoje. Devemos originalmente a filósofos ideias que 
desempenharam papel fundamental para o pensamento em 
geral, mesmo em seu aspecto popular, como, por exemplo, a 
concepção de que nenhum homem pode ser tratado apenas 
como um meio ou a de que o estabelecimento de um governo 
depende do consentimento dos governado. 
No âmbito da política, a influência das concepções filosóficas tem 
sido expressiva. É inegável que a influência da filosofia sobre a 
política pode às vezes ser nefasta: os filósofos alemães do século 
XIX podem ser parcialmente responsabilizados pelo 
desenvolvimento de um nacionalismo exacerbado que 
posteriormente veio a assumir formas bastante deturpadas. 
Todavia, não resta dúvida de que essa responsabilidade tem sido 
frequentemente muito exagerada, sendo difícil determiná-la 
exatamente, o que se deve ao fato de aqueles filósofos terem 
sido obscuros. 
Contudo, se uma filosofia de má qualidade pode exercer 
influência nefasta sobre a política, com as filosofias de boa 
qualidade pode ocorrer o contrário. Não há meios de impedir tais 
influências sendo portanto extremamente oportuno que 
dediquemos especial atenção à filosofia com o intuito de 
constatar se concepções que exerceram alguma influência foram 
mais positivas do que nefastas. Uma boa filosofia, ao influenciar 
favoravelmente a política, pode gerar uma prosperidade incapaz 
de ser alcançada sob a égide de uma filosofia inferior 
(HUSSERL,1965). 
 
O Sentido da Filosofia para a Educação 
As experiências vitais da maioria dos Homens, aquelas que 
tecem a estrutura de suas personalidades e determinam o curso 
de suas vidas, são amplamente ignoradas na pesquisa mental e 
social. À medida que nos aproximamos da experiência interior do 
Homem, dos métodos necessários à compreensão dessa 
experiência, vai-se ingressando em um novo universo, de mitos e 
significados, de valores pessoais, de imagens mentais e 
simbolismos criativos. 
As questões decorrentes desse universo interno de experiência, 
quando traduzidas e reificadas pelo indivíduo, representam as 
amplitude e profundidade da personalidade humana. Surgem 
polaridades vitais: amor e ódio, vida e morte, alegria e pena, 
crime e castigo, estabilidade e mudança, criatividade e 
conformismo, responsabilidade e dependência, e tudo isso adota 
relações de tensão que devem ficar abertas à conscientização. 
As concepções e teorias filosóficas limitadas do homem são 
aquelas que preferem vê-lo, ou como vítima predestinada por 
uma programação genética, construída ao longo de milênios, ou 
de uma complexa história de reforço de comportamento; ou 
somente como joguete em um duelo de forças psíquicas 
inconscientes e pressões sociais externas, na busca da 
satisfação de seus instintos e pulsões. O homem perde 
virtualmente o controle de sua própria direção vital, vítima de uma 
" existencial", seguindo uma trajetória psicopatologização
conhecida, que passa pela angústia, depressão, apatia, tédio, 
podendo chegar até ao suicídio, todos, sintomas existenciais. 
A educação se vê diante desses desafios, cruciais para o 
estabelecimento de seus objetivos e suas práticas. Educar para 
cidadania requer, reflexões a cerca da condição humana 
(GADOTTI,1979 ): 
"A partir das relações que estabelecem entre si, os homens criam 
padrões comportamentos, instituições e saberes, cujo 
aperfeiçoamento é feito pelas gerações sucessivas, o que lhes 
permite assimilar e modificar os modelos valorizados em uma 
determinada cultura. È a educação, portanto, que mantém vida a 
memória de um povo e dá condições para sua sobrevivência. Por 
isso dizemos que a educação é um instância mediadora que 
torna possível a reciprocidade entre indivíduo e 
sociedade.(ARANHA, 1996, p.15)." 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) incorporam essa 
tendência e a incluem no currículo de forma a compor um 
conjunto articulado e aberto a novos temas buscando um 
tratamento didático que contemple sua complexidade e sua 
dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas 
convencionais. 
Uma tomada de posição implica necessariamente eleger valores, 
aceitar ou questionar normas, adotar uma ou outra atitude. Essas 
capacidades podem ser desenvolvidas por meio da 
aprendizagem. Portanto, análise crítica das diferentes situações 
possibilita a contextualização histórica e cultural, favorecendo o 
desenvolvimento da capacidade de analisar criticamente, assim 
as escolhas pessoais serão conscientes e respeitam os valores 
que expressam a vida do individuo. As diferentes visões e até 
conflitos entre as normas respondem de maneira diversa às 
diferentes visões e interpretações do mundo.Nesse contexto, a Filosofia ganha importância e se confronta com 
esses novos desafios, analisando, interpretando, entendendo 
como se processa a ação docente e discente. A filosofia pode 
causar espanto a muita gente, e para muitos é assunto de 
especialistas e, por isso, desinteressante. Porém, na escola, é 
preciso abrir perspectivas que despertem o gosto pela Filosofia 
sem gerar no aluno uma aversão à tarefa de pensar 
(GADOTTI,1979 ). 
Dar um lugar para a Filosofia dentro do processo educacional 
significa levar a sério a necessidade que todos os jovens têm de 
pensar e de questionar, de voltar-se sobre seu pensamento e 
refinar suas respostas, para que tenham uma chance real de 
explorar assuntos de importância(GADOTTI,1979 ). 
“Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento dos 
jovens e das novas gerações de uma sociedade, a filosofia é a 
reflexão sobre o que e como devem ser ou desenvolver estes 
jovens e esta sociedade. (...)O educando, que é, o que deve ser, 
qual o seu papel no mundo; o educador , quem é, qual o seu 
papel no mundo; a sociedade, o que é, o que pretende; qual deve 
ser a finalidade da ação pedagógica. Estes são alguns problemas 
que emergem da ação pedagógica dos povos para a reflexão 
filosófica, no sentido de que esta estabeleça pressupostos para 
aquela(LUCKESI,1994,p.31-32)”. 
O ensino filosófico, com as crianças, adolescentes e jovens, 
portanto, na educação infantil, no ensino fundamental e médio, 
deve contribuir para a formação de uma consciência crítica, abrir 
o entendimento para as formas atuais de dominação e opressão 
que estão presentes em todas as relações sociais da vida, 
manifestadas por ideologias e convenções. Deve-se aprender a 
pensar, através da Filosofia, fazendo-se uma crítica constante a 
cultura dominante e as manifestações que nos levam a um 
pragmatismo reducionista da vida. A premissa reside em 
reconhecer que todos os homens são filósofos, enquanto pensam 
e agem racionalmente, como dizia Gramsci. É papel essencial da 
escola, oferecer uma formação que leve ao aprimoramento 
constante da racionalidade. 
Ao se trabalhar a filosofia com as crianças, percebe-se facilmente 
que elas têm inclinação natural para a curiosidade, admiração, 
indagação, discussão e reflexão. Esses são traços cognitivos do 
empenho que a criança faz para descobrir como as coisas 
funcionam no mundo. 
“Uma filosofia para crianças e jovens não estaria preocupada em 
formar discípulos para perpetuar uma certa corrente filosófica, 
uma certa visão de mundo, mas para ajudar a pensar e a 
transformar o mundo. Conceber a filosofia como uma 
especialidade é derrotá-la antes mesmo de iniciar a batalha por 
ela. ” (GADOTTI, 2000,p.28) 
É preciso levar os jovens, por meio de questionamentos, a 
trabalharem os conceitos e os problemas filosóficos que surgem 
no cotidiano e se aproximam da vida. É preciso a reflexão crítica 
e autônoma do pensar. É preciso aprimorar a reflexão filosófica 
nos alunos, os valores que orientam a sociedade, o que é ser 
justo , como é um bom politico, o que é moral, o que dá sentido à 
vida, para que servem as armas, entre outros (GADOTTI,1979 
).Por isso, experiência filosófica para os jovens é extremamente 
apaixonante, pois leva a busca da verdade e das respostas 
preenchendo seu espírito inquieto. 
“Serão as crianças que construirão suas filosofias e seus modos 
de produzi-las. Não é mostrando que as crianças podem pensar 
como adultos que vamos revogar o desterro de sua voz. Pelo 
contrário, nesse caso haveremos cooptado, o que constitui uma 
outra forma de silenciá-las. Seria mais adequado preparar-nos 
para escutar uma voz diferente como expressão de uma filosofia 
diferente, uma razão diferente, uma teoria do conhecimento 
diferente, uma ética diferente e uma política diferente: aquela voz 
historicamente silenciada pelo simples fato do emanar de 
pessoas estigmatizadas na categoria de não adultos”(KOHAN, 
1999,p.70) 
A filosofia é interdisciplinar, pois seu pensamento crítico se funde 
com as demais disciplinas através do questionamento, espírito de 
auto correção, logicidade e a racionalidade. Pode ser trabalhada 
a partir de temas reais e atuais com diversos tipos de textos orais 
ou escritos: literários-prosa e verso, jornalismo, musicais pinturas, 
mas acima de tudo trabalhar os textos filosóficos. 
Os textos filosóficos são meio de conhecimento, uma vez que 
devemos passar por eles para conhecer os filósofos, para que 
entrem em contato com suas ideias, ampliando sua compreensão 
de mundo, e para que descubram novos significados para sua 
existência, auxiliando-os em suas escolhas, ações no convívio 
humano e com a natureza. Conhecer os problemas que foram 
colocados e as soluções propostas, também conhecer os 
conceitos e o vocabulário da Filosofia. 
É preciso evitar que as aulas de filosofia se transformem apenas 
em discussões sobre assuntos polêmicos, para isso é necessária 
uma seleção de textos para servir a uma proposta de objetivos 
claros e bem definidos. O caminho para conduzir o aluno deverá 
ser feito desde a tomada de consciência de sua ingenuidade 
sobre os fatos até a compreensão da trajetória de sua 
vida(GADOTTI,1979 ) . 
 
A concepção de Educação 
O professor Georgeocohama no seu texto “Curso de Introdução à 
Filosofia” ele afirma que “Um curso de introdução à filosofia 
consiste numa tentativa de se iniciar na compreensão da 
totalidade do mundo, (...) do ‘pensar todas as coisas em função 
da totalidade”. Ele busca definir a filosofia da seguinte forma: 
“(...) Filosofia é, a um só tempo, forma de conhecimento e forma 
de vida. (...) Filosofia é um saber pelo saber, diferente da ciência 
que seria um saber de dominação e da religião que seria um 
saber da salvação. (...) Filosofia é um discurso, uma rede 
conceitual de caráter demonstrativo”. 
Acredito que o papel da filosofia na educação é o de questionar, 
estranhar as coisas e buscar dizê-la de uma forma diferente do 
senso comum, como forma de apreender e compreender a 
realidade na totalidade do mundo. 
No livro de Maria Cecília M. de Carvalho “Metodologia Científica 
Fundamentos e Técnicas: Construindo o Saber” afirma que a 
nova dinâmica educacional culmina no estabelecimento de novos 
papéis para o professor e para o aluno que passam de professor-
informante para professor-orientador e de aluno-receptor para 
aluno-pesquisador. Uma nova linguagem se faz necessária para 
estabelecer, representar e projetar as ideias. As novas formas de 
integração são: diálogo professor-aluno, dinâmica de grupo, 
trabalho cooperativo, interdisciplinaridade, extensão da escola 
para comunidade, etc. 
A educação atualmente é concebida em uma nova forma de 
transmissão e aprendizagem, em que o professor e alunos estão 
engajados na descoberta e elaboração do conhecimento. O 
professor tem o papel de orientar o aluno na seleção e no 
processamento crítico das informações. O aluno deverá ter um 
trabalho de auto aprendizagem acompanhado pelo professor. O 
estudo aparece como forma de pesquisa. 
O método dialético utilizado pelo professor que orienta o trabalho 
de pesquisa desenvolvido pelo próprio aluno estabelece uma 
nova dinâmica educacional. Esta nova forma de aprendizagem 
nos faz lembrar da antiga maiêutica de Sócrates e da sua eterna 
busca da verdade dialética. Estamos vivendo a era do "deixar 
aprender", que é a metodologia de pesquisa adequada à nossa 
realidade social atual. 
O professor Georgeocohama mostrou que a função do professor 
no processo de ensino atual é de “motivador da aprendizagem” 
na tentativa conjunta com os alunos da busca de conhecimentos. 
Ele vai mais adiante e afirma que “A participação do aluno se fará 
de forma livre e dinâmica, contribuindo na interação 
aluno/professor, aluno/aluno”. No processo dialético ao mesmo 
tempo em que nos tornamos sujeito, transformamosas coisas em 
objeto, transformando-os em conhecimento. O sonho do 
professor é ensinar para adolescentes para que possa romper 
com o sistema atual vigente, criando uma “anarquia nitzschiana” 
e quem sabe criar uma sociedade diferente e mais justa, com 
uma nova ética e moral. Aquela pessoa que consegue romper as 
“estruturas” se torna sujeito, subjetivo, maduro e autêntico. 
 
Educação e Senso Comum 
No livro de Dermeval Saviani, ele defende a necessidade da 
prática educativa desenvolvida pelos educadores brasileiros 
passar do “senso comum ao nível da consciência filosófica” 
(Saviani, 1987:10). Ele vai mais longe e afirma que: 
“Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar 
de uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, 
implícita, degradada, mecânica, passiva e simplista a uma 
concepção unitária, coerente, articulada, explícita, original, 
intencional, ativa e cultivada” (Ibidem). 
A concepção de mundo hegemônica favorece a um conceito 
universalizado de consenso entre as diferentes camadas que 
integram a sociedade, convertendo-se em senso comum. Cabe 
entender a educação como um instrumento de luta que “permita 
construir um novo bloco histórico sob a direção da classe 
fundamental dominada da sociedade capitalista - o proletariado” 
(Ibidem, 11). 
Saviani cita Marx e seu “Método da Economia Política” que 
poderá auxiliar em superar a concepção dominante através de 
instrumentos lógico-metodológicos e faz uma distinção entre a 
lógica dialética e a lógica formal: 
“(...) a lógica dialética não é outra coisa senão o processo de 
construção do concreto de pensamento (ela é uma lógica 
concreta) ao passo que a lógica formal é o processo de 
construção da forma de pensamento (ela é, assim, uma lógica 
abstrata). Por aí, pode-se compreender o que significa dizer que 
a lógica dialética supera por inclusão/incorporação a lógica formal 
(incorporação, isto quer dizer que a lógica formal já não é tal e 
sim parte integrante da lógica dialética)” (Ibidem). 
O concreto é o ponto de partida para este entendimento. O 
concreto não é o empírico, dado, mas uma “totalidade articulada, 
construída e em construção” (Ibidem, 12). O concreto é 
construído através de um processo histórico e revelado através 
da práxis. A abstração e o empírico são momentos implícitos no 
processo de conhecimento. A educação deve ser tomada como 
fenômeno concreto e a prática educativa como “totalidade 
orgânica que sintetiza as múltiplas determinações características 
da sociedade que historicamente a produz” (Ibidem, 13). 
É necessário que haja uma formação da consciência de classe 
para que haja uma organização transformadora da sociedade. 
Para que isso aconteça é necessário que a educação se 
preocupe com a elevação do nível cultural das massas que 
partem de uma diferença heterogênea no ponto de partida e uma 
igualdade no ponto de chegada. Saviani cita Gramsci afirmando 
que “A filosofia da práxis não busca manter os ‘simplórios’ na sua 
filosofia primitiva do senso comum, mas busca, ao contrário, 
conduzi-los a uma concepção de vida superior” (Gramsci, apud 
Saviani, Ibidem, 14). 
Tendências Pedagógicas e a Pedagogia Progressista 
Utilizando-se do esquema fornecido pelo professor 
Georgeocohama, podemos dividir as tendências pedagógicas 
entre a Pedagogia liberal e Pedagogia progressista. 
 
Pedagogia liberal 
a) Na escola tradicional. 
Na análise do relacionamento verificamos que predomina a 
autoridade do professor que impede qualquer canal de 
comunicação. O professor transmite o conteúdo em forma de 
verdade e a disciplina é imposta pela coação e castigos 
físicos.Com relação à aprendizagem é pressuposto que a 
capacidade de assimilação da criança é inferior ao do adulto. Os 
programas são organizados em sequência lógica não levando em 
conta as características da idade do aluno. 
Acredita-se que o aluno responde as situações novas de forma 
semelhante às respostas dadas em situações anteriores. A 
prática escolar é realizada em escolas religiosas ou leigas 
através de uma orientação clássica-humanista ou humana- 
científica. O papel da escola é de preparar intelectualmente e 
moralmente os alunos e tem como premissa o ensino 
profissionalizante para os menos capazes. O problema da escola 
é com a cultura, os problemas sociais pertence à sociedade. 
O conteúdo de ensino fornece conhecimentos e valores 
acumulados e transmitidos como verdades, separando as 
experiências dos alunos das realidades sociais e são 
determinados pelos órgãos oficiais. O método de ensino é 
realizado através de exposição verbal da matéria e/ou através de 
demonstração. É dada ênfase aos exercícios através da 
repetição de conceitos ou de fórmulas. A memorização visa 
disciplinar a mente e formar hábitos, pois os alunos são 
considerados passivos. 
 
b) Na Escola Renovada Progressivista. 
Analisando o aspecto relacionamento, o professor auxilia o 
desenvolvimento livre e espontâneo da criança e é o orientador 
da aprendizagem, existindo uma vivência democrática. A 
aprendizagem tem um pressuposto que aprender é uma atividade 
de descoberta. É realizada uma auto aprendizagem em que o 
ambiente é um meio estimulador e o professor reconhece os 
esforços e os êxitos na avaliação. 
Na prática escolar das pré-escolas o ensino é baseado na 
psicologia genética de Piaget. Também é utilizado o método do 
centro de interesse de Dewey, o método de Decroly e o método 
de Montessori. O papel da escola é de adequar as necessidades 
individuais ao meio desde que atendam ao mesmo tempo, os 
interesses do aluno e das exigências sociais. 
Os conteúdos de ensino são estabelecidos em função para 
formações de experiências vivenciadas com desafios cognitivos e 
situações problemáticas. São adotados os pensamentos de 
Piaget, se valorizando mais os processos mentais e menos o 
próprio conteúdo. 
O método de ensino é realizado através do fazer e do aprender, 
valorizando a descoberta, a pesquisa, os estudos do meio 
natural, social e o método da solução de problemas. 
 
c) Na Escola Não-Diretiva. 
O professor garante um clima de relacionamento pessoal com a 
turma garantindo um clima pessoal e autêntico, condutor e 
facilitador da aprendizagem. O aluno necessita de aceitação 
plena. Como pressuposto da aprendizagem é desenvolvida a 
valorização do “eu” e a motivação é maior quando o aluno 
melhora o sentimento de que é capaz de agir. A prática escolar é 
inspirada por Carl Rogers e o papel da escola é voltado para a 
formação de atitudes através de um clima de 
autodesenvolvimento e realização pessoal. 
Os problemas psicológicos ou sociais são mais acentuados. O 
conteúdo de ensino parte dos interesses do educador e é dada 
mais ênfase ao desenvolvimento das relações e na comunicação 
secundária ficando em segundo plano a transmissão dos 
conteúdos. 
Os métodos de ensino visam a aceitação da pessoa e do aluno. 
O professor é considerado um facilitador da aprendizagem e 
ajuda ao aluno a se organizar. Ele utiliza técnicas de 
sensibilidade e os sentimentos são expostos sem ameaças. 
 
d) Na Escola Tecnicista. 
Nesta escola, o professor tem um relacionamento com os alunos 
administrando as condições de transmissão da matéria. É um elo 
de ligação entre a verdade científica e o aluno, não havendo 
comunicação pessoal com entre professor e aluno. As 
relações afetivas e pessoais pouco importam, sendo o aluno 
considerado um indivíduo responsivo, porém não participa da 
elaboração do programa educacional. 
Nos pressupostos da aprendizagem, do aprender deriva a 
modificação do desempenho e desta o aluno sai da situação de 
aprendizagem diferente de como entrou. Adota o 
condicionamento operante de Skinner. 
Na prática escolar os marcos de implantação dos modelos 
tecnicistas são as leis: nº 5.540/68 que reorganizouo ensino 
superior e a lei nº5.692/71 que reorganizaram o ensino do 1º e 2º 
graus. É adotado o módulo de ensino, os telecursos, o ensino por 
objetivos operacionais de Maget, o ensino por hierarquias de 
Gagne e a classificação científica de Bloom. 
 
Pedagogia Progressista 
a) Libertadora (Paulo Freire). 
A escola visa a transformação e deve questionar de forma 
concreta a realidade das relações do homem com a natureza e 
com os outros homens. Deve propor temas geradores, pois os 
alunos têm uma necessidade social, psicológica e cultural. O 
conteúdo de ensino tem o objetivo de transformar a 
personalidade dos alunos num sentido libertário e auto 
gestionário. 
O método de ensino serve para preparar o aluno para o mundo 
adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por 
meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma 
participação organizada e ativa na democratização da sociedade. 
O relacionamento entre professor e aluno é realizado na relação 
horizontal em que o educador e educando se posicionam como 
sujeitos do ato de conhecimento. 
A relação não é autoritária e é indireta. Os pressupostos da 
aprendizagem não são diretivos sem a obrigação e ameaças. O 
professor é um orientador e catalisador (dinamizador) se 
misturando ao grupo para uma reflexão comum, não impondo 
suas concepções e ideias, não transforma o aluno em objeto. 
A prática escolar serve par abrir perspectiva a partir dos 
conteúdos relacionados com o estilo de vida do aluno, tendo 
consciência inclusive dos contrastes entre sua própria cultura e 
do aluno, havendo uma diretividade não-autocrática. 
 
b)Libertária. 
O papel da escola é extraído da vida prática dos educandos. O 
importante não é a transmissão de conteúdos específicos, mas 
despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida 
que emerge do saber popular. 
Os conteúdos de ensino são colocados à disposição do aluno, 
mas não são exigidos e resultam de necessidades e interesses 
manifestados pelo grupo. Os métodos de ensino ligam-se de 
forma indissociável à sua significação humana e social e são 
reavaliados face às necessidades sociais. O relacionamento 
professor e aluno se dão através da “educação problematizadora” 
em que aprender é um ato de tomar conhecimento da realidade 
concreta e só tem sentido se resulta de uma análise crítica dessa 
realidade. 
Os pressupostos da aprendizagem estabelecem que a motivação 
está no interesse de crescer dento da vivência grupal. A 
aprendizagem informal ocorre através do grupo e existe uma 
negação de toda a forma de repressão. Somente o que é 
experimentado é usado em novas situações. 
A prática escolar visa que a aprendizagem é significativa e o 
aprender é desenvolver a capacidade de processar informações 
e lidar com os estímulos do ambiente, organizando os dados 
disponíveis da experiência. 
 
c)Crítico-Social dos conteúdos. 
O papel da escola visa o inter-relacionamento entre o educador e 
educando através de uma relação de autêntico diálogo. O 
trabalho educativo implica na discussão de grupo em que ocorre 
uma troca de experiências. O professor tem a função de 
animador e deve caminhar junto com o grupo intervindo o mínimo 
possível. Os conteúdos de ensino são elaborados através de uma 
auto-gestão, buscando trabalhar de uma forma grupal. 
Os alunos têm a liberdade de trabalhar ou não, ficando o 
interesse pedagógico na dependência de suas necessidades ou 
das do grupo. O livro é adotado visando o desenvolvimento crítico 
no método de ensino em que se vai desde a ação à compreensão 
e da compreensão à ação até que ocorra uma síntese. 
É relacionada a prática vivida pelos alunos com os conteúdos 
propostos pelo professor, não se atendo apenas ao conteúdo, e 
nesta dialética ocorre a ruptura. O relacionamento entre professor 
e aluno ocorre com da influência dos movimentos sociais 
populares e dos sindicatos. Embora esteja relacionado com 
a educação de adultos ou à educação popular em geral, muitos 
professores colocam em prática em todos os graus de ensino. 
Os pressupostos da aprendizagem abrangem quase todas as 
tendências não autoritárias em educação, entre elas, a 
anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos e a dos professores 
progressistas. A prática escolar propõe modelos de ensino 
voltados para a interação conteúdos-realidades sociais, 
procurando articular o político e o pedagógico, ou seja “a 
educação a serviço da transformação das relações de produção”. 
 
Síntese Histórica da Filosofia 
Utilizaremos o livro de Marilena Chauí, “Convite à filosofia” da 
unidade 8, capítulos 1 e 8 para realizar esta síntese que é 
constituída de uma colagem de fragmentos. Não seguiremos a 
metodologia científica, pois somente temos como objetivo realizar 
uma breve abordagem e entendimento sobre o que é cultura e 
religião. 
 
A Cultura 
Os seres humanos variam sua forma de vida em consequência 
das condições sociais, econômicas, políticas, históricas em que 
vivem. A ação determina o seu modo de ser, de agir e de pensar. 
A ideia de um gênero humano natural não possui fundamento na 
realidade. A ideia de natureza humana como algo universal, 
intemporal e existente em si e por si mesma, não se sustenta 
cientificamente, filosoficamente e empiricamente. 
Os seres humanos são culturais ou históricos. Tem várias formas 
de tentar definir o que é a natureza. Natureza é uma força 
espontânea, capaz de gerar e de cuidar de todos os seres por ela 
criados e movidos. É a substância (matéria e forma) dos seres, é 
a essência própria de um ser ou aquilo que um ser é necessária e 
universalmente. É a organização universal e necessária dos 
seres segundo uma ordem regida por leis naturais. É tudo o que 
existe no universo sem a intervenção da vontade e da ação 
humanas. Natural é tudo quanto se produz e se desenvolve sem 
qualquer interferência humana. 
Cultura é o cuidado do homem com a natureza. A partir do século 
XVIII, passa a significar os resultados daquela formação ou 
educação dos seres humanos. Cultura é uma segunda natureza, 
que a educação e os costumes acrescentam à primeira 
natureza, isto é, uma natureza adquirida, que melhora, aperfeiçoa 
e desenvolve a natureza inata de cada um. Kant considera que a 
natureza opere mecanicamente de acordo com leis necessárias 
de causa e efeito. O homem é dotado de liberdade e razão, 
agindo por escolha, de acordo com valores e fins. 
Na contemporaneidade a cultura torna-se sinônimo de história, 
em que a cultura é a transformação racional da natureza 
(repetição). A cultura é enfatizada por Hegel e depois por Marx 
como história. Para Marx a história-cultura é o modo como, em 
condições determinadas e não escolhidas, os homens produzem 
materialmente, pelo trabalho, pelas organizações econômicas, 
sua existência e dão sentidos a essa produção material. 
Para Marx a história-cultura narra as lutas reais dos seres 
humanos reais que produzem e reproduzem suas condições 
materiais de existência, isto é, produzem e reproduzem as 
relações sociais, pela quais distinguem-se da natureza e 
diferenciam-se uns dos outros em classes sociais antagônicas. O 
antropólogo procura determinar em que momento e de que 
maneira os humanos se afirmam como diferentes da natureza 
fazendo o mundo cultural surgir. 
A diferença homem-natureza surge quando os humanos 
decretam uma lei (proibição do incesto) que não pode ser 
transgredida sem levar a culpada à morte, exigida pela 
comunidade. A ordem simbólica, elaborada através da lei 
humana constituída pela linguagem cria uma ordem de existência 
e que não é natural e sim um imperativo social. Em sentido 
antropológico, não falamos em cultura, no singular, mas em 
culturas no plural, pois a lei, os valores, as crenças, as práticas e 
instituições variam de formação social para outras formações 
sociais.A cultura é a maneira pela qual os humanos se humanizam por 
meio de práticas que criam a existência social, econômica, 
política, religiosa, intelectual e artística. No sentido antropológico 
e histórico, todos os humanos são cultos, pois são todos seres 
culturais. As diferentes classes sociais produzem culturas 
diferentes e mesmo antagônicas. A ideologia é resultado da 
imposição da cultura dos dominantes à sociedade inteira, como 
se todas as classes e todos os grupos sociais pudessem e 
devessem ter a mesma cultura, embora vivendo em condições 
sociais diferentes. 
A ideologia é uma das maneiras pelas quais as sociedades 
históricas buscam oferecer a imagem de uma única cultura e de 
uma única história, ocultando a divisão social interna. 
 
A religião – a experiência do sagrado e a instituição da religião. 
O sagrado opera o encantamento do mundo, habitado por forças 
maravilhosas e poderes admiráveis que agem magicamente. O 
sagrado pode suscitar devoção e amor, repulsa e ódio. Esses 
sentidos suscitam um outro: o respeito feito de temor. Nasce, 
assim, o sentimento religioso e a experiência da religião. 
A religião pressupõe que, além do sentimento da diferença entre 
natural e sobrenatural, haja o sentimento da separação entre os 
humanos e a natureza. Religião em latim significa “re” (outra vez) 
e “ligare” (ligar, vincular).A narrativa sagrada religiosa é a história 
sagrada. Os gregos as chamavam de mito, depois surge a 
filosofia e logo após a teologia. Chamamos de teogonias: “theos” 
(deus) e “gonia” (geração), a geração ou nascimento dos heróis e 
deuses. A cosmogonia: “cosmos” (mundo) e “gonia” (geração) 
narra o nascimento, a finalidade e o perecimento de todos os 
seres sob a ação dos deuses. A teologia é a tentativa de 
transformar a religião (crença) em saber racional, porém crença 
não é saber. 
Os ritos são cerimônias em que determinados gestos, palavras, 
objetos, pessoas e emoções adquirem um poder misterioso de 
presentificar o laço entre os humanos e a divindade. Uma vez 
fixada a simbologia de um ritual, o rito dependerá da repetição 
minuciosa e perfeita de como foi praticado na primeira vez. Um 
rito religioso deve repetir um acontecimento essencial da história 
sagrada (ex.: a comunhão da Santa Ceia) e manter e repetir os 
atos, gestos, palavras e objetos porque na primeira vez foram 
consagrados pelo próprio Deus. 
O rito é a rememoração perene do que aconteceu numa primeira 
vez e que volta a acontecer, graças ao ritual que abole a 
distancia entre o passado e o presente. O objeto simbólico pode 
ser observado também no “tabu” que é uma palavra da polinésia 
e que significa intocável. É um interdito que não pode ser tocado 
por ninguém que não esteja religiosamente autorizado para isso. 
Por exemplo, a vaca na Índia ou o cordeiro perfeito consagrado 
para o sacrifício na páscoa judaica. 
A lei divina é a vontade divina e a manifestação da verdade que 
pode tornar-se parcialmente conhecida dos humanos sob a forma 
de leis divinas ou mandamentos. Deus, profetas e videntes falam 
por meio de enigmas, dessa maneira, o caráter transcendente e 
misterioso da lei divina é preservado. 
Nas religiões de salvação (judaísmo, cristianismo, islamismo) a 
divindade promete perdoar a falta originária, enviando um 
salvador, que, sacrificando-se pelos humanos, garantem-lhes a 
imortalidade e a reconciliação com Deus. A redenção dos 
humanos ocorre se acreditarem e respeitarem a lei divina escrita 
nos textos sagrados e se guardarem a esperança nos textos 
sagrados e se guardarem a esperança na promessa de salvação 
que lhes foi feita por Deus. 
Nas religiões messiânicas (messias do hebraico e cristo em 
grego) a obra de salvação é realizada por um enviado de Deus, e 
são religiões da fé e da esperança. No milenarismo existe a 
crença que Cristo voltasse pela segunda vez e instituísse o reino 
de Deus na Terra com a duração de mil anos em que no fim 
haveria a ressurreição dos mortos e ocorreria o Juízo Final e o 
fim do mundo terreno e o início da felicidade plena. Esta crença é 
própria das classes populares, excluídas e vivendo na miséria. O 
mal surge de alguns anjos que aspiraram ter o mesmo poder e 
saber que a divindade, lutando contra ela. Expulsos, não 
reconhecem a derrota, formando um reino em separado. Devido 
a liberdade do homem tentam corrompe-lo através do pecado, da 
transgressão da lei divina, realizada por Adão e Eva, o pecado 
original. 
Segundo Santo Agostinho, o mal é a ausência do bem, a 
ausência da luz. Para Marx “a religião é o ópio do povo” oprimido 
e explorado. Ele disse que a “religião é lógica e enciclopédia 
popular, espírito de um mundo sem espírito”, que serve para 
explicar pelo povo e a realidade. O mito é uma fala, um relato ou 
uma narrativa, cujo tema principal é a origem do mundo, do 
homem, dos deuses, das relações entre homens e deuses, etc. 
O mito inicialmente é efeito das causas sociais, mas torna-se 
causa, pois passa a produzir efeitos sociais. Para a filosofia não 
sentimos Deus, mas o conhecemos pela razão. 
A religião não é considerada um saber, mas uma crença e 
também está presente desde o início da humanidade (trovão, sol, 
etc.), passando pela mitologia (deuses com formas humanas) na 
idade antiga, seu apogeu na idade média (cristianismo, etc.) e 
racionalizada na contemporaneidade (agnósticos etc.). Ela 
sempre teve um papel importante na história humana e faz parte 
do nosso cotidiano como no noticiário jornalístico com guerras 
entre muçulmanos, israelitas, católicos e protestantes, afetando e 
modificando alguns estados ateus que tiveram de se adaptar às 
demandas da sociedade. Entretanto Marx que se tornou ateu 
afirmava que: 
"O sofrimento religioso é ao mesmo tempo a expressão do 
sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião 
é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem 
coração e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo". 
(Marx, apud Site Crítica). 
 
Em busca de uma melhor educação 
O professor Georgeocohama inicia o seu texto sobre “Em busca 
de uma melhor explicação sobre o conhecimento do 
conhecimento, do homem e da realidade” afirmando que: 
“O universo é o ser fora-e-dentro do tempo e do espaço que se 
cria e se recria numa luta infernal ou celeste dos seus elementos 
constituintes que se criam e se transformam, constituindo uma 
totalidade infinita e eterna porque constituídos dessa mesma 
totalidade”. 
Através dessa luta é que nasce a vida, a consciência, a razão 
(consciência da consciência) e a intuição (um saber sem saber 
como sabe). É através do conhecimento e desenvolvimento que o 
homem toma consciência da realidade. A unidade na sua 
diversidade é a existência única do homem, conhecimento e 
realidade. 
O homem constrói e produz coisas e a si mesmo. Sendo assim “a 
realidade é fabricada pelo homem” e a linguagem media as 
relações sociais. Como afirmava Wittgenstein “os limites de 
minha linguagem são os limites do meu mundo”. Como afirma 
Georgeocohama “o homem é um ser que se torna homem e ao 
se tornar homem, ao se perceber no mundo, compreenderá o 
mundo num processo de construção-compreensão”. 
Prosseguindo na nossa pesquisa, e agora utilizando trechos de 
uma pesquisa sobre o “Marxismo e Educação”, Sarup no seu livro 
apresenta que Marx surgiu como teórico social quando os 
sociólogos se deram conta da ligação entre a luta para 
democratizar a vida econômica estava ligada com a luta para 
libertar a educação. 
A escola é vista através da visão marxista como uma “instituição 
onde as crianças são doutrinadas na ideologia que convém ao 
papel que devem desempenhar na sociedade de classes” (Sarup, 
1980:138). É na escola que as crianças aprendem o modo e as 
formas que a sujeitam à ideologia e as práticas dominantes, 
sendo o sistema de educação consideradocomo parte do 
Estado. 
A Economia Política, pela visão de Gintis se contrapõe a esta 
teoria marxista e pode segundo Sarup servir para a construção 
de uma Sociologia da Educação Marxista, em que a práxis 
humana pode modificar a influencia do Estado que é apenas 
um “instrumento” da classe dominante. Sarup acrescenta que: “O 
socialismo não é um acontecimento, é um processo. O objetivo 
desse movimento não é a simples reorientação do poder político, 
mas uma transformação da vida social”.(Sarup, 1980:164). 
A Sociologia da Educação segundo Sarup, deve tornar-se um 
mecanismo para a transformação da realidade social e deve ser 
exercido através da práxis, modificando a ordem social 
repressiva. O autor defende a rejeição do marxismo determinista 
que transfere a iniciativa e a responsabilidade políticas dos seres 
humanos para entidades estruturais, e defende a seguinte 
tese:“Exigimos uma concepção do conhecimento, da consciência, 
que seja ao mesmo tempo uma expressão do mundo material e 
um agente criativo transformador. Em outras palavras, uma 
concepção dialética das relações entre consciência e estruturas; 
uma teoria na qual a atividade humana seja modelada pelas 
estruturas sociais, mas seja também a criadora de novas formas 
que desafiem e superem essas mesmas estruturas”. (Ibidem, 
171). 
Com relação a formação escolar, segundo Nogueira, Marx 
propunha uma qualificação profissional aos estudantes que 
fossem necessárias para conquistar um poder sobre a 
organização do trabalho e desse modo transformá-la. 
“A educação politécnica – tal qual foi concebida pelos fundadores 
do marxismo – seria o meio de romper com os efeitos nefastos da 
divisão capitalista do trabalho (notadamente a especialização), 
permitindo o desenvolvimento das capacidades teóricas e 
práticas demandadas pelo trabalho, e ensejando, assim, o 
desenvolvimento das diversas faculdades do 
trabalhador”.(Nogueira, 1990:177). 
Baseado nestas premissas dos fragmentos de Marx e nesta 
pesquisa sobre o Marxismo e a Educação, gostaria de elaborar e 
deixar a seguinte hipótese: Devemos reformar o nosso sistema 
educacional para atender a demanda da pós-contemporaneidade 
e os educadores não devem ensinar, mas educar; os alunos não 
devem somente “passar”, mas aprender e transformar. 
O mundo continuará dialético, eclético e contraditório. Com 
religiosos, agnósticos e ateus. Com conhecimentos científicos, 
intuitivos e lingüísticos: com várias formas de saber. 
O homem histórico, social, cultural e ativo atingiu um grande 
estágio de desenvolvimento científico, porém continua com 
questionamentos ontológicos. O homem é um ser consciente, 
racional, inconsciente e analítico. Devemos buscar desvelar as 
estruturas (sociais, políticas e do homem), através da história, da 
ciência e da intuição, partindo do mundo concreto, material e 
quem sabe, transcendental. Isto é a dialética, com as suas 
contradições, conflitos e desenvolvimento. 
 
Conhecimento Indutivo 
Utilizando o livro de Marilena Cahuí, “Convite à Filosofia” ela 
afirma que “A intuição é uma compreensão global e instantânea 
de uma verdade, de um objeto, de um fato”.(Chauí, 1999: 63). Ela 
vai mais longe e afirma que a intuição: 
“Nela, de uma só vez, a razão capta todas as relações que 
constituem a realidade e a verdade da coisa intuída. É um ato 
intelectual de discernimento e compreensão, como, por exemplo, 
tem um médico quando faz um diagnóstico e apreende de uma 
só vez a doença, sua causa e o modo de trata-la”. 
Marilena define que a intuição pode ser do tipo sensível ou 
racional. A intuição sensível ou empírica é o conhecimento 
cotidiano que temos da nossa vida. É o conhecimento direto e 
imediato das qualidades sensíveis do objeto externo tais como as 
cores, sabores, odores, paladares, texturas, dimensões e 
distâncias. É também o conhecimento imediato dos estados 
mentais tais como as lembranças, desejos, sentimentos e 
imagens. 
A intuição racional ou intelectual difere da sensível por sua 
universalidade e necessidade. Quando nós afirmamos que “O 
todo é maior que as partes” sabemos que isto é verdade, pois é 
uma forma necessária das relações entre as coisas e não 
precisamos demonstra-la. 
“A intuição intelectual é o conhecimento direto e imediato dos 
princípios da razão (identidade, contradição, terceiro excluído, 
razão suficiente), das relações necessárias entre os seres ou 
entre as ideias, da verdade de uma ideia ou de um ser” (Ibidem, 
64). 
As correntes filosóficas: Racionalismo 
Racionalismo 
Os filósofos racionalistas atribuem à razão um papel 
determinante na construção do conhecimento. Os grandes 
filósofos racionalistas (Platão, Descartes, Espinosa, Nicolas 
Malembranche, Leibniz) procuram explicar o conhecimento (que 
só merece este nome quando é logicamente necessário e 
universalmente válido) como resultado exclusivo da razão. 
 
a) Platão (c.428 a 348 a.C.) (racionalismo transcendental). 
Com o regime democrático que vigorava em Atenas, o exercício 
da função política dependia da arte de bem falar na Ágora, e os 
sofistas foram mestres e professores que ensinavam esta técnica 
formal de persuasão. 
Sócrates (c.470 a 399 a.C.) e posteriormente o seu aluno Platão 
(c.428 a 348 a.C.) surgiram afirmando que os sofistas “cobravam 
para ensinar”, só faziam retóricas e por isso era o lixo e escória 
da sociedade. Sócrates e Platão defendiam e buscavam a 
verdade dialética. Como afirma Hessen “Sócrates é chamado de 
criador da filosofia ocidental” (2000: 5), pois com o seu espanto e 
questionar eterno, introduzia a noção de razão, de reflexão, do 
saber, do conhecimento científico, os valores do verdadeiro, do 
bom e do belo.Após Sócrates ser condenado a morrer bebendo 
veneno pela Assembléia de Atenas, Platão após fundar em 387 
a.C. a Academia, decide honrar a memória de Sócrates. Busca 
resolver a aporia entre Heráclito e Parmênides, demonstrando 
seu conceito de um Ser Imóvel (ideia) e Múltiplo. 
Para isso, Platão invoca o “Mito da Caverna”, e apresenta a 
Teoria das Ideias onde cria um “mundo inteligível” de formas 
incorpóreas, imateriais, imutáveis e idênticas. Este é o “mundo 
das ideias” onde existe a unidade das formas, porém com 
pluralidade de essências que são as ideias. Este mundo se 
distingue do “mundo sensível” que é o mundo das coisas 
materiais, corpóreas, que mudam constantemente, fluxo eterno e 
conhecido por meio das sensações. É o “mundo das aparências”, 
das mudanças. 
Abbagnano entende que a parte central do livro “A República de 
Platão” é dedicada ao delineamento da tarefa própria do filósofo 
que deve levar o homem a caminhar da opinião até à ciência e ao 
conhecimento do ser, e acrescenta: 
“Tal como as sombras, as imagens refletidas, etc., são cópias das 
coisas naturais, também as coisas naturais são cópias dos entes 
matemáticos e estes, por sua vez, cópias das substâncias 
eternas que constituem o mundo do ser. E, com efeito, o mundo 
do ser é o mundo da unidade e da ordem absoluta. Os entes da 
matemática (números, figuras geométricas) reproduzem a ordem 
e a proporção do mundo do ser. Por sua vez, as coisas naturais 
reproduzem as relações matemáticas e, assim, quando queremos 
julgar a realidade das coisas recorremos à medida. Todo o 
conhecimento tem, pois no seu cume o conhecimento do ser: 
cada um dos seus graus recebe o seu valor do grau superior e 
todos do primeiro”.(Abbagnano, 1991:154). 
Com o Mito da Reminiscência, Platão demonstra que o homem 
nasce dotado de razão, as ideias são inatas ao espírito e a 
dialética nos leva para a verdade, pois nascemos no verdadeiro e 
estamos destinados a ele. Para conhecer a natureza da alma e 
para compreende-la, Platão recorre ao “Mito do Cocheiro” onde 
demonstra que somos mortais, porém o espírito do filósofo é 
alado, se esquecendo os negócios terrenos do mundosensível, 
pois permanece no nível das sensações é tornar impossível a 
construção de um conhecimento seguro e estável. No “Mito do 
Destino”, Platão descreve miticamente a escolha e decisão 
individual de cada homem sobre o seu destino. Abbagnano se 
referindo a ideia platônica, afirma que: “a liberdade do homem no 
decidir a própria vida, fecha dignamente a República, o diálogo 
sobre a justiça, que é a virtude pela qual todo o homem deve 
assumir e levar a cabo a tarefa que lhe incube”. (Abbagnano, 
1991:160). 
Platão critica Heráclito, porque este se submeteu à sensação, ao 
mundo corpóreo, onde tudo muda, pois é um “mundo de ilusão”, 
porém conserva o conceito de ser múltiplo, ou seja, ideias 
múltiplas. Afirma que o devir incessante impossibilita o 
conhecimento, uma vez que este exige que encontremos as 
essências. Seres idênticos a si mesmos no espaço e no tempo, 
garantindo um conceito, uma ideia universal e 
consequentemente, seu conhecimento. Vejamos o que Marilena 
Chauí fala sobre a questão do devir em Heráclito e Platão: 
“Heráclito é o filósofo que explica o mundo em que vivemos e que 
de fato, está em devir. O fluxo eterno existe, o engano de 
Heráclito estava em considerar que o devir era a totalidade do 
real, quando é a marca do mundo sensível, isto é, do mundo das 
coisas materiais corpóreas, submetidas ao nascimento, à 
transformação e à corrupção ou morte e conhecidas por meio das 
sensações. O devir é a marca própria do mundo das aparências, 
percebido por meio de nossos sentidos. Porque o mundo sensível 
é o mundo das aparências e das mudanças, nele e dele só 
podemos ter opiniões e estas são mutáveis e contraditórias como 
seus objetos”. (Chauí, 1997: 186). 
Platão termina também “matando o seu pai” Parmênides quando 
demonstra que a idéia de não-ser existe e é diferente da idéia de 
nada. O não-ser é algo diferente do ser, mas não é nada, é o 
Outro. Platão afirma que a idéia de Uno é, e se o Uno participa 
das idéias do Ser, do Mesmo e do Outro, então há várias idéias e 
por isso, a idéia do Uno pressupõe a idéias de Múltiplo. 
Bernadette destaca: 
“O nada, antes impensável, muda de significado em Platão: é o 
Outro algo que não são as idéias (o Mesmo), isto é, a própria 
matéria de que é feito o mundo. É esse Outro que faz com que o 
mundo seja, em seus aspectos particulares, dominados por 
variações, pluralidade, aparências, opiniões e injustiças”. 
(Bernadette, 1999: 49). 
Com isto Platão resolve a aporia de Heráclito e Parmênides, 
construindo o conceito de um Ser Imóvel (idéia) e Múltiplo, onde 
o não-ser existe e é diferente da idéia de nada, é o outro. Platão 
funda o “pensamento ocidental” que será a base para o que 
conhecemos como Ocidente. Vejamos o que nos diz no livro 
Aristóteles na coleção Os Pensadores: 
“Platão retoma o problema e, na fase final de sua obra 
(particularmente no diálogo Sofista), considera o ser e o não-ser 
dois dos gêneros supremos dentro da hierarquia das idéias. E o 
importante é que Platão renova a noção de não-ser, entendendo-
o não como um nada ou como o vazio: o não-ser seria o outro, a 
alteridade que sempre complementa o mesmo, a identidade. (...) 
Aristóteles não considera satisfatória a solução platônica. Para 
fundamentar a ciência do mundo físico – mundo múltiplo e 
mutável –seria preciso romper mais fundo com o eleatismo. 
Substitui, então, a concepção unívoca de ser, que o concebe de 
modo único e absoluto – impedindo a compreensão racional do 
movimento e da multiplicidade – pela concepção analógica: o ser 
seria análogo, isto é, dotado de diferentes sentidos” (Aristóteles, 
2000: 22). 
 
b) René Descartes (1596 - 1650). 
Filósofo francês. Um dos fundadores da filosofia moderna. 
Nasceu em La Haya-Descartes (Turena), no seio de uma família 
nobre. Estudou entre 1604 e 1612 no colégio jesuíta La Flèche. 
Alistou-se nos exércitos do príncipe Maurício de Massau e no de 
Maximiliano da Baviera.Viveu em Paris. De 1628 a 1649 fixou 
residência na Holanda. A pedido da rainha Cristina, em 1649, 
partiu para a Suécia aonde viria a falecer. 
A filosofia de Descartes assenta numa concepção unitária do 
saber, fundada na razão. A sabedoria é única, porque a razão é 
única, e só ela nos permite distinguir o verdadeiro do falso, o 
conveniente do inconveniente. Com o objetivo de criar um 
fundamento seguro para a filosofia, desenvolve um método de 
dúvida radical, que constitui a base da sua filosofia. 
Este método surge como resposta ao ambiente de incerteza do 
seu próprio tempo. Com ele empreende um enorme trabalho de 
reconstrução de todo o saber que é deduzido a partir de certezas 
indubitáveis. Após ter posto em causa todo o saber adquirido pela 
experiência, chega à primeira certeza indubitável: a da sua 
existência como ser pensante ("Penso, logo existo"). É com base 
nesta evidência que irá desenvolver uma ciência universal. 
Foram notáveis as suas contribuições para a matemática, sendo 
considerado um dos criadores da geometria analítica. 
 
c) Baruch Espinosa (1632-1677). 
Filósofo holandês. Filho de um mercador judeu português exilado 
em Amesterdão. Ainda muito jovem aprende hebraico e as 
línguas clássicas. 
Devido às suas ideias foi excomungado da Sinagoga, facto que 
lhe permitiu uma maior aproximação às ideias de pensadores 
cristãos como Descartes. Em 1656 é vítima de uma tentativa de 
assassinato. Para fugir às perseguições que era vítima foge para 
Leyden, depois para Rynsverg e finalmente para Haya, onde vive 
até à sua morte. 
A sua filosofia funda-se numa concepção panteísta da realidade, 
na qual se identifica Deus com a Natureza. Para Espinosa só 
existe uma única substância ilimitada que se manifesta numa 
infinidade de forma e com infinitos atributos. Nega a imortalidade 
da alma e a natureza pessoal de Deus. Rejeitou o Livre-arbítrio, 
afirmando que a autodeterminação, isto é, agir em função da 
natureza de cada um, é a única liberdade possível. Esta 
concepção panteísta está bem patente nas suas concepções 
metafísicas, éticas e políticas. 
 
d) Gottfried Wilhelm Leibniz - (1646- 1716). 
Filósofo, matemático, historiador, jurista, filólogo, teólogo 
Gottfried Wilhelm Leibniz, é um espírito verdadeiramente 
universal. Era natural da Saxónia, Alemanha. Filho de um 
professor de Filosofia Moral na Universidade de Leipzig. Estudou 
matemática em Iena e na Universidade de Altdorf jurisprudência. 
Aos 21 anos recusa uma cátedra na universidade, envolve-se 
numa organização semi-secreta (os Rosacruzes), entra ao 
serviço do eleitor da Magúncia. Enviado a Paris numa missão 
diplomática, procurou influenciar Luis XIV par abandonar o 
projecto de combater a Holanda. Nesta cidade corresponde-se 
com figuras cimeiras da intelectualidade do tempo, como 
Galileu, Descartes e Hobbes. Viajou até Inglaterra onde discutiu 
com matemáticos do circulo de Isaac Newton.Em 1675 regressou 
à Alemanha, tornando-se bibliotecário do duque de Hannover. 
Contando com o apoio e a protecção da princesa de Hanover 
funda a Academia de Ciências da Prússia. Faleceu em 
Hanover.A obra de Leibniz é muito diversificada, sendo-lhe 
atribuida a autoria de notáveis descobertas. 
Na matemática, por exemplo, junto com Newton, foi um dos 
inventores do cálculo infinitesimal. Inventou também uma 
máquina de calcular. Na física criou o conceito de energia 
cinética. 
A filosofia de Leibniz estabelece uma ponte entre a filosofia 
renascentista e a iluminista, lançando as bases para os grandes 
sistemas da filosofia contemporânea.A monadalogia ( do grego 
monas = unidade) exprime a concepção original de Leibniz sobre 
a natureza das coisas."O universo é considerado uma ordenação 
de mónadas, isto é, de centros espirituais dinâmicos, em que se 
compenetram, misteriosamente, individualidade e 
subtancialidade. Cada nômada é um espelho do mundo e, 
simultaneamente,uma criação original indestrutível, dotada de 
tendências ou mesmo de ação. O seu lugar na ordem hierarquica 
determina-se pelo grau de clareza e distinção com que consegue 
representar o universo" (F.Heinnemann). Deus é a mónada 
original, criador da infinidade das mónadas que compõem o 
mundo.O conceito central da filosofia de Leibniz é a Harmonia 
Universal identificada com Deus. Vivemos, segundo Leibniz, no 
melhor dos mundos possíveis. Criado por Deus este só poderia 
ter escolhido o melhor entre todos os possíveis. O mal é uma 
carência ocasional e acidental e não existe por si próprio. Todos 
os seres aspiram à realização plena das suas potencialidades. 
Em termos políticos, preconiza uma vasta comunidade 
internacional, que possa garantir a paz e a difusão do 
cristianismo. 
Nesse sentido procurou demonstrar a unidade fundamental de 
todas as línguas, assim como desenvolver uma linguagem 
universal, baseada num sistema binário que é usado nos nossos 
dias na informática. Foi um precursor da lógica simbólica 
contemporânea. No direito defendeu uma concepção de direito 
natural fundamentada no próprio Deus. 
 
e) Nicolas De Malebranche (1638-1715). 
Conforme verificamos no livro “História da Filosofia Moderna: da 
revolução científica a Hegel” de Sofia Vanni Rovighi, 
Malebranche tinha uma visão profundamente religiosa da 
realidade, porém também se interessou sobre problemas 
científicos. 
Malebranche ingressou em 1660 no Oratório após ter estudado a 
filosofia aristotélica e a teologia escolástica. Estudou hebraico 
para conhecer bem a bíblia, a história eclesiástica e Santo 
Agostinho. 
Estuda em 1664 Descartes e se interessou pela separação que 
este filósofo fazia entre espírito e corpo servindo para inspirar 
Malebranche nas suas teorias sobre “a visão das coisas em Deus 
e o ocasionalismo”. 
 
Empirismo inglês 
O empirismo afirma ser da experiência sensível que obtemos 
todos os nossos conhecimentos, que são constituídos e 
controlados pelas experimentações sucessivas. Tem por princípio 
fundamental a “tese enunciada por John Locke de que todas 
nossas idéias vêm da experiência, da percepção sensível e da 
introspecção”. 
Ou seja, é somente através dos sentidos que passamos a 
perceber, a apreender um objeto, a conhecê-lo. A sensação que 
temos do objeto já é percepção e apenas por abstração é que 
isolamos a sensação para estudá-la.Fundamentalmente o que os 
empiristas rejeitam no raciocínio é o inatismo. Isto é, a doutrina 
segundo a qual o homem seria dotado de idéias inatas e, 
portanto anteriores a qualquer dado dos sentidos. 
A preocupação com a matemática influenciou os filósofos 
racionalistas e também os empiristas. Porém, enquanto os 
racionalistas acreditavam chegar a certezas absolutas, os 
empiristas nunca afirmarão esta certeza. Dirão: “pelo fato do 
conhecimento vir da experiência, não podemos chegar a certezas 
absolutas”. 
Para eles o raciocínio procede sempre por indução. 
 
a) Francis Bacon (1561-1626). 
Considerado o primeiro empirista, insistiu na experiência da 
ciência e na necessidade da indução. Francis Bacon enalteceu a 
experiência e o método dedutivo de tal modo, que o 
transcendente e a razão acabam por desaparecer na sombra. 
Falta-lhe, no entanto, a consciência crítica do empirismo, que 
foram aos poucos conquistando os seus sucessores e discípulos 
até Hume. Ademais, Bacon continua afirmando - mais ou menos 
logicamente - o mundo transcendente e cristão; antes, continua a 
considerar a filosofia como esclarecedora da essência da 
realidade, das formas, sustentáculo e causa dos fenômenos 
sensíveis. É uma posição filosófica que apela para a metafísica 
tradicional, grega e escolástica, aristotélica e tomista. Entretanto, 
acontece em Bacon o que aconteceu a muitos pensadores da 
Renascença, e o que acontecerá a muitos outros pensadores do 
empirismo e do racionalismo: isto é, a metafísica tradicional 
persiste neles todos histórica e praticamente ao lado da nova 
filosofia, tanto mais quanto esta é menos elaborada, acabada e 
consciente de si mesma. 
 
b) Thomas Hobbes (1588-1679). 
Também insiste em que o conhecimento se origina pelo sensível, 
mas não despreza o método matemático (dedução). Se para 
Descartes a razão é substância pensante, para Hobbes a razão é 
pura atividade, é razão operativa, é ato de raciocinar. Ou seja, é 
cálculo, adição de juizo a utilizar sinais convencionais, as 
palavras. 
 
c) John Locke (1632-1704). 
Deu-se ao trabalho de criticar veementemente a teoria das idéias 
inatas. Afirma que o conhecimento nasce da experiência, mas as 
idéias não estão todas ligadas às experiências sensíveis. Isto é, 
apenas as idéias simples estão imediatamente ligadas às 
experiências sensíveis, pois somente assim teremos condições 
de construir idéias mais complexas (substância material). O 
substrato material não é ele próprio perceptível. 
 
d) George Berkeley (1685-1753). 
A substância material de que fala Locke é incognoscível, pois não 
podemos ter desta uma percepção imediata. Berkeley afirma 
ainda que, o que é incognoscível pela percepção não existe. O 
que podemos ter garantia é apenas da nossa percepção, pois as 
coisas que percebo, digo apenas que percebo. Nunca percebo a 
pluralidade das coisas, mas apenas a coisa em si. O que nós 
temos são fenômenos. O que nós captamos ó o modo de como a 
coisa nos aparece, mas não a coisa em si. Berkeley nega a 
substância material, porém, diz que podemos ter substância 
espiritual, pois estas são de outra ordem de conhecimento, que 
não nos é perceptível. 
 
e) David Hume (1711-1776). 
Tudo o que nós conhecemos depende das impressões que estas 
coisas causam em nós. Então, não existe nem substância 
material nem substância espiritual, pois elas não nos causam 
qualquer impressão. O que podemos afirmar são fatos que 
mostram a percepção de uma associação. Não temos impressão 
direta da causalidade. Não podemos extrapolar os fatos em si e 
usar a idéia de causalidade para afirmar impressões. 
 
f) John Stuart Mill (1806-73). 
Foi o mais famoso filósofo da Grã-Bretanha no século XIX. Era 
filho de James Mill, que escreveu The Analysis of the Phenomena 
of the Human Mind (1829), um manual que explicava os 
princípios da associação de idéias. Esses princípios foram, 
naturalmente, mencionados por Hume, mas só transformados em 
princípios gerais da psicologia por David Hartley no seu 
Observations of Man (1749). Na opinião de ambos os Mills, o 
associacionismo acompanhava o sensualismo, a doutrina 
segundo a qual todos os fenômenos mentais podem ser 
derivados de certas sensações minúsculas. Esta opinião deve 
muito à tese de Hume sobre a dependência das idéias em 
relação às impressões, e a dependência de todas as impressões 
complexas de impressões simples. 
A obra começa com um estudo da linguagem, no curso da qual 
ele formula uma teoria de significação envolvendo uma distinção 
entre a denotação e a conotação das expressões. Um termo 
conotativo é aquele que “denota um sujeito e implica um atributo”. 
Nomes próprios são não-conotativos no sentido em que sua 
função é apenas a de denotar – opinião esta que, sob uma forma 
ou outra, tem sido muito discutida em tempos recentes. Na base 
dessa opinião, sustenta que as proposições necessárias são 
meramente verbais, no sentido em que simplesmente tornam 
explícita a conotação de uma palavra. As proposições 
matemáticas, por outro lado, não são meramente verbais, e 
tampouco necessárias, mas apenas generalizações amplamente 
confirmadas com base na experiência. As opiniões de Mill a este 
respeito são talvez as mais radicalmente empiristas já feitas e, de 
modo geral, têm que ser mencionadas apenas para serem 
refutadas. 
As idéias epistemológicas de Mill são analogamente empiristas, 
particularmente sua versão do conhecimento

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