Buscar

150829050615_COM_ZER_DIR_TRIB_05

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
 COMEÇANDO DO ZERO 
 Direito Tributário 
 Josiane Minardi 
1 
IMUNIDADE SUBJETIVA – Art. 150, VI, “c” da CF 
 
A imunidade do art. 150, VI, “c” da CF visa tutelar a liberdade política, a liberdade sindical 
e estimular colaboradores do Estado na prestação de serviços de assistência social, desde que 
sem finalidade lucrativa. Tal imunidade refere-se a certas pessoas, razão porque é chamada de 
imunidade subjetiva. São 4 pessoas que nos termos desse dispositivo constitucional não irão 
pagar impostos sobre suas rendas, patrimônio e serviços: 
a) Entidades de Assistência Social Sem Fins Lucrativos; 
b) Entidade de Educação Sem fins Lucrativos; 
c) Partidos Políticos e Suas Fundações; 
d) Sindicato dos Trabalhadores. 
A parte final do art. 150, VI, “c” da CF estabelece que essas pessoas somente terão 
direito à imunidade tributária se atenderem requisitos estabelecidos em lei. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
VI - instituir impostos sobre: 
(...) 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das 
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem 
fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. 
 
 
Nesse sentido, o artigo 14 do Código Tributário Nacional prevê três requisitos que devem 
ser cumpridos pelas 4 pessoas jurídicas acima para poderem gozar da imunidade aludida. São 
eles: 
a) Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer 
título; 
b) Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus 
objetivos institucionais; 
c) Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de 
formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 
 
O § 1º do art. 14 do CTN estabelece que a Autoridade competente poderá suspender a 
imunidade da pessoa que não cumprir quaisquer um desses requisitos. 
Ressalta-se, ainda, que os Partidos Políticos, além de cumprirem os requisitos do art. 14 
do CTN devem cumprir mais dois: 
a) estarem devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral (art. 17, § 2º, CF), 
e; 
b) não atentarem contra os costumes e princípios do Estado brasileiro. 
 
Nos termos da Súmula 724 do STF todas pessoas do art. 150, VI, “c” da CF (entidade 
de assistência social sem fins lucrativos, entidades de educação sem fins lucrativos, partidos 
políticos e suas fundações e sindicato dos trabalhadores) ainda que tenham imóveis locados 
para terceiros não irão pagar IPTU desses imóveis, desde que utilizem o valor dos aluguéis para 
cumprimento de suas finalidades essenciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 COMEÇANDO DO ZERO 
 Direito Tributário 
 Josiane Minardi 
2 
Súmula 724 STF - AINDA QUANDO ALUGADO A TERCEIROS, PERMANECE IMUNE 
AO IPTU O IMÓVEL PERTENCENTE A QUALQUER DAS ENTIDADES REFERIDAS 
PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, DESDE QUE O VALOR DOS ALUGUÉIS 
SEJA APLICADO NAS ATIVIDADES ESSENCIAIS DE TAIS ENTIDADES. 
(Súmula 724, SESSÃO PLENÁRIA, julgado em 26/11/2003, DJ de 9/12/2003, p. 1; DJ de 
10/12/2003, p. 1; DJ de 11/12/2003, p. 1) 
 
 
Quanto às Entidades de Assistência Social, é oportuno salientar que são aquelas que 
auxiliam o Estado no atendimento dos direitos sociais, tais como, saúde, segurança, 
maternidade, trabalho, etc. Por essa razão, afirma-se que cumprir assistência social é respeitar 
o artigo 203 da CF. As entidades que cumprirem o art. 203 da CF e não visarem lucro, assim 
como as entidades beneficentes, as Organizações não Governamentais (ONGs), dentre outras, 
terão a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c” da CF. 
Outro exemplo de entidades que gozam de imunidade tributária são aquelas que 
compõem o Sistema “S” (SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE), que promovem a integração do 
mercado de trabalho. Imunidade reconhecida pelo STF, RE 235.737. 
Recentemente o STF reconheceu que as entidades fechadas de previdência privada que 
NÃO exigirem de seus associados contribuições para custeio do benefício, também têm direito 
à imunidade que se refere o art. 150, VI, “c” da CF. 
Súmula 730 STF - A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CONFERIDA A INSTITUIÇÕES DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, 
SOMENTE ALCANÇA ÀS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL PRIVADA SE 
NÃO HOUVER CONTRIBUIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS. 
(Súmula 730, SESSÃO PLENÁRIA, julgado em 26/11/2003, DJ de 9/12/2003, p. 2; DJ de 
10/12/2003, p. 2; DJ de 11/12/2003, p. 2) 
 
 
Ressalta-se, ainda, que as entidades de assistência social sem fins lucrativos, além de 
serem imunes ao pagamento de impostos, também gozam de imunidade das contribuições 
sociais, nos termos do artigo 195, § 7º da Constituição Federal. Assim, a única pessoa do artigo 
150, VI da CF que além de possuir o benefício de não pagar impostos, também não irá pagar 
contribuição social, é a Entidade de Assistência Social sem fins lucrativos. 
 
 
Classificação Tributária 
 
 
1) Tributo Real – Leva em consideração os tributos da coisa. Exemplo: IPTU, IPVA, etc.. 
Tributo Pessoal – Lei va em consideração os atributos da pessoa. Exemplo: IR 
 
2) Tributo Fiscal – Tem por finalidade a arrecadação. 
Tributo Extrafiscal – Visa estimular ou desestimular condutas. Exemplo: Tributo 
regulatório de mercado (II, IE, IOF e IPI) 
Tributo Parafiscal – Quando a pessoa que detém a competência tributária é distinta 
daquela que detém a capacidade ativa tributária. 
 
3) Tributo Direto – Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar tributo não 
existe intercalação de sujeitos. 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 COMEÇANDO DO ZERO 
 Direito Tributário 
 Josiane Minardi 
3 
Tributo Indireto - Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar tributo existe 
intercalação de sujeitos. Exemplo: (IPI, ICMS) 
 
4) Tributo Progressivo: A alíquota do tributo irá aumentar de acordo com o aumento da 
base de cálculo do tributo. (IR, ITR, IPTU e ITCMD) 
Tributo Proporcional: A alíquota é invariável ainda que a base de cálculo do tributo. 
 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
Nos termos do artigo 96 do CTN, a legislação tributária compreende: Leis, Tratados e 
Convenções Internacionais, Decretos e Normas Complementares. 
Assim, quando houver menção à expressão “legislação tributária”, não temos apenas a 
lei em sentido estrito, mas os demais atos normativos que cuidam de relações jurídicas 
tributárias. 
 
 
Lei Ordinária 
 
 
A lei ordinária é o veículo, por excelência, da matéria tributária, pois é o instrumento de 
instituição, modificação e extinção dos tributos. Os tributos irão ingressar no sistema jurídico 
pátrio, via de regra, por meio de lei ordinária. 
O artigo 97 do CTN estabelece as matérias que somente poderão ser tratadas por meio 
de lei: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus 
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de 
dispensa ou redução de penalidades. 
 
 
Lei Complementar 
 
 
Existem quatro tributos que só podem ser instituídos e majorados por meio de lei 
complementar. 
 
Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º CF); 
Empréstimo Compulsório (art. 148 CF); 
IGF (art. 153, VII CF); 
Imposto Residual (art. 154, I CF); 
 
Além desses 4 tributos que só podem ser instituídos por meio de lei complementar, a 
Constituição Federal determina que algumasmatérias também só podem ser tratadas por meio 
de lei complementar, nesse sentido, temos o art. 146 da CF: 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
 COMEÇANDO DO ZERO 
 Direito Tributário 
 Josiane Minardi 
4 
 
 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente 
sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como dos impostos discriminados nesta 
Constituição, e dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributárias; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades 
cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as 
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do 
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e 
da contribuição a que se refere o art. 239 
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir 
um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: 
(...) 
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo 
de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, 
estabelecer normas de igual objetivo.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes