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AULA 05 Direito Penal CONCURSO APARENTE DE NORMAS e CONCURSO DE CRIMES Professora: Débora Aparecida Dias CONCURSO APARENTE DE NORMAS Fato único e duas ou mais leis aplicáveis ( Luiz Flávio Gomes). E agora? Non bis in idem penal => não pode haver duas condenações sobre o mesmo fato 1. CONCURSO APARENTE DE NORMAS Considerações preliminares: o concurso é meramente aparente e deve ser resolvido através da interpretação. Princípios regentes 1. Princípio da especialidade:O princípio da especialidade evita o bis in idem, determinando a prevalência da norma especial em comparação á geral, que pode ser estabelecido in abstracto. Ex: homicídio, art.121 CP em relação ao infanticídio, art. 123 do CP). Outros exemplos: Art. 312 (peculato) e art.168 (apropriação indébita). => Elementos especializantes Art. 12 do CP => relação de gênero e espécie Morte no trânsito. Artigo 302 do CTB ou 121, parágrafo 3, do CP? Atropelamento e morte no trânsito com bicicleta. Aplica-se o CP ou CTB? 2. Princípio da Subsidiariedade: considerado o soldado reserva. Relação de primariedade e subsidiariedade entre normas quando descrevem graus de violação do mesmo bem jurídico. Infração definida pela subsidiária é de MENOR gravidade que a da principal, sendo absorvida por esta. Lex primaria derrogat leg subsidiarie A norma principal prepondera sobre a norma secundária A Subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. EXPRESSA Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave. ASSIM, se caracterizar crime mais grave, um homicídio ou uma lesão corporal, deixar-se-á de aplicar o 132. Outro exemplo> art. 15 da Lei de Armas Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. TÁCITA Quando há violações mais graves ao bem jurídico, excluindo-se a aplicação da norma subsidiária. Quando um crime menor aparece implicitamente na descrição típica de um crime maior. VEJAMOS Dano Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; Outros exemplos O furto está no roubo. O roubo está no latrocínio. LOGO, o roubo afasta o furto, o latrocínio afasta o roubo. Assim, o primeiro crime é subsidiário do segundo. 147 CP => 146 CP 146 CP => é subsidiário de todos os crimes que têm como meio executório a vis absoluta e a vis compulsiva . Ex. ART. 126, § único e 213, ambos do CP. Análise in concreto. Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: 3. Princípio da Consunção: A norma definidora de um crime constitui o meio necessário ou fase formal de preparação ou execução de outro crime. O crime fim afasta o crime meio. Ex. Direção perigosa-> homicídio culposo Homicídio culposo é mais grave, a direção perigosa foi fase de execução do delito culposo. 311 CTB e 302 CTB HIPÓTESES DE CONSUNÇÃO 1- CRIME MAIOR ABSORVE O MENOR 2- CRIME FIM ABSORVE O CRIME MEIO. 3- CRIME PRECEDENTE ABSORVE O CRIME POSTERIOR. 4- CRIME POSTERIOR ABSORVE O CRIME ANTEDECENTE 1- CRIME MAIOR ABSORVE O MENOR 1.1.Crime consumado absorve crime tentado. Ex. Sujeito defere um tiro contra uma pessoa e não a mata, dali duas horas, desfere outro tiro e mata. A tentativa fica absorvida pela consumação 1.2Autoria absorve a participação Ex. Sujeito planeja um furto a uma joalheria, mas depois resolve ir e arrombar a loja com os demais comparsas. Assim, ele vai responder como co-autor e não partícipe. =>2. CRIME FIM ABSORVE CRIME MEIO => crime progressivo – o sujeito para alcançar o crime mais grave, passa pelo menos grave. Para alcançar o homicídio, passa pela lesão corporal. Crime progressivo quando o agente visa produzir um resultado mais grave; atos sucessivos revelam crescentes violações ao bem jurídico. Ex1. filha mata pais a pauladas. O homicídio absorve as lesões corporais. Ex2. A falsidade fica absorvida pelo estelionato, quando a falsidade foi o meio fraudulento usado para chegar no artigo 171. Súmula 17 do STJ Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Ocorrem os chamados “delitos de passagem”. => Progressão criminosa- o sujeito quer o delito menor e o consuma, depois delibera pelo delito maior e também o consuma. Ele quer o menor e depois de consumado delibera pelo maior. Ex. Quer bater, bate e depois resolve matar e mata. O homicídio absorve o delito de lesão corporal. Diferença entre crime progressivo e progressão criminosa- No crime progressivo desde o princípio o agente quer o crime mais grave, já na progressão criminosa, ele deseja o menos e depois decide o mais, aqui há uma substituição de dolo. 3 - CRIME PRECEDENTE ABSORVE CRIME POSTERIOR (pos factum impunível) Fato posterior não é punível Ex.: Furta e depois vende ou destrói o produto de furto. => Após realização do fato, novo ataque do bem jurídico. Mero exaurimento do crime. 4- CRIME POSTERIOR ABSORVE O ANTECEDENTE (ante factum impunível) Fato anterior não é punível Ex. Violação de domicílio para furtar. Ex. Toques corporais antes do estupro O fato anterior menos grave praticado como meio necessário para realização de outro crime mais grave. 4 . Princípio da alternatividade: Aplica-se quando a norma descreve inúmeras formas de realização da figura típica, em que a realização de uma, algumas ou de todas configura o mesmo e único delito. Ex: Participação em suicídio; art. 33 da Lei n. 11.343/2006. Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 2. CONCURSO DE CRIMES O concurso de crimes ocorre quando o agente, com uma só conduta ou várias, realiza vários crimes. Assim, ele pode ser material, formal ou caracterizar crime continuado. 2.1.Concurso material Quando o agente, mediante duas ou mais ações ou omissões, comete dois ou mais crimes idênticos ou não. Ex: Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. => Dois ou mais crimes que tenham entre si relação de contexto ou que ocorra conexão ou continência ( art. 76 e 77 do CPP). d 25 Ação: um ou vários atos. Atos são componentes da ação. Ex. “A” desfere vários disparos de arma de fogo contra “B”, com “animus necandi”, causando-lhe a morte. A ação consistiu na conduta finalisticamente dirigida a causar a morte da vítima. Ação exercício de uma atividade final. CONCURSO Pluralidade de condutas MATERIAL Pluralidade de resultados Ex: “A” invade uma residência com a intenção de roubá-la e além do roubo, estupra a dona da casa. Duas infrações penais dentro do mesmo contexto. 157 e 213, ambos do CP. Concurso material pode ser: Homogêneo: crimes da mesma espécie, idênticos. Ex. Um homicídio e uma tentativa de homicídio. Heterogêneo: crimes de espécies diferentes.Ex. Um roubo e um estupro, em uma residência. Crimes da mesma espécie => doutrina dominante: crimes previstos no mesmo tipo penal. Pena: Cúmulo material § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. Substituição da pena restritiva de direito é inviável, POR OUTRO LADO... § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais 2.2. Concurso Formal: Quando o agente com uma única conduta produzir dois ou mais resultados. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicar-se-lhe-a a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.(CONCURSO MATERIAL BENÉFICO) DOIS TIPOS DE CONCURSO FORMAL 1- PRÓPRIO ou PERFEITO - Quando o agente mediante uma ação ou omissão produz dois ou mais crimes idênticos. Ex1.: Motorista que, dirigindo de forma imprudente, colide o carro matando os três passageiros que o acompanhavam (concurso formal próprio) Conduta única => três resultados morte. Ex.: João quer ferir seu desafeto e lança uma garrafa em sua direção, acertando o alvo e também um terceiro que por ali passava (concurso formal próprio ou perfeito) => Concurso formal próprio ou perfeito: depende do elemento subjetivo do agente ao iniciar sua conduta. 2. FORMAL IMPRÓPRIO ou IMPERFEITO Parte final do artigo 70=> Ex: João dispara arma de fogo em direção a Maria e Pedro, pretendendo, com um único projetil, atingir ambos os desafetos. Morrendo ambos, somam-se as penas dos dois homicídios dolosos. DESÍGNIOS AUTÔNOMOS CONCURSO Uma única conduta Duplicidade de resultados FORMAL
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