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JUIZADOS ESPECIAIS

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Marco Antônio G. L. Lorencini
Juizados Especiais
Juizados Especiais
Marco Antônio G. L. Lorencini
3.ª edição / 2010
Juizados Especiais
Doutor e Mestre em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito da 
Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Direito Internacional pela USP. 
Professor Universitário. Professor da Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB/
SP. Membro do Centro Brasileiro de Pesquisas Judiciais (CEBEPEJ). Advogado.
Marco Antônio Garcia Lopes Lorencini
Sumário
Os Juizados Especiais Cíveis 
e o acesso à justiça ......................................................................9
A influência do tema acesso à justiça no cenário brasileiro .........................................9
A revisita aos institutos processuais fundamentais ...................................................... 11
Juizados Especiais Cíveis 
e processo tradicional: convivência .................................................................................... 11
Juizados Especiais Cíveis 
e processo tradicional: interdependência ........................................................................ 13
Juizados Especiais Cíveis 
e processo tradicional: fatores convergentes e divergentes ..................................... 14
Fatores que restringem o acesso à justiça ........................................................................ 14
Os entraves sociais .................................................................................................................... 15
Juizados Especiais Cíveis e a técnica processual ............................................................ 17
Sujeitos e princípios processuais 
nos Juizados Especiais Cíveis ............................................... 21
Princípios processuais e critérios orientadores .............................................................. 21
Princípios processuais e Constituição Federal (CF) ....................................................... 23
Critérios orientadores .............................................................................................................. 24
Sujeitos do processo e a tarefa estatal .............................................................................. 25
O conciliador e a tarefa da conciliação .............................................................................. 25
O momento da conciliação 
e o seu papel na celeridade da solução da controvérsia ............................................ 26
O juiz leigo ................................................................................................................................... 27
O árbitro e a solução arbitral ................................................................................................. 28
Sujeitos parciais do processo ................................................................................................ 28
Institutos processuais 
nos Juizados Especiais Cíveis ............................................... 31
Jurisdição e competência ....................................................................................................... 31
Competência de foro ............................................................................................................... 33
Organização judiciária e juizado .......................................................................................... 34
Ação, os elementos da demanda e suas condições ...................................................... 34
Pressupostos de admissibilidade 
do provimento jurisdicional .................................................................................................. 36
Processo e procedimento ....................................................................................................... 38
Cautelares e antecipação de tutela ..................................................................................... 38
Procedimentos especiais e Juizados Especiais ............................................................... 39
Aspectos procedimentais 
nos Juizados Especiais Cíveis ............................................... 41
Juizado Especial e audiência ................................................................................................. 41
A prova nos Juizados Especiais Cíveis ................................................................................ 43
Os meios de prova específicos: 
depoimento pessoal e oitiva das partes ........................................................................... 44
Prova pericial e inquirição de técnico ................................................................................ 44
A prova testemunhal e a documental ............................................................................... 45
A inspeção judicial .................................................................................................................... 48
Atividade saneadora ................................................................................................................ 48
A sentença e sua imunização ................................................................................................ 49
Estrutura recursal....................................................................................................................... 52
Juizado Especial e recurso contra a sentença ................................................................. 52
Juizado Especial e agravo ....................................................................................................... 54
Juizado Especial e recurso adesivo ..................................................................................... 54
Juizado Especial e embargos de declaração ................................................................... 55
Juizado Especial e órgãos de superposição ..................................................................... 56
Efetividade – a execução do Juizado Especial Cível ..................................................... 58
Juizados Especiais 
Cíveis Federais: Lei 10.259/2001 ......................................... 61
Juizados Especiais Federais e aplicação 
do modelo dos juizados em outros ramos....................................................................... 61
Juizados Especiais Cíveis 
Federais e hipóteses de cabimento .................................................................................... 62
Juizados Especiais Federais e a regra de interpretação ............................................... 63
Peculiaridades do Juizado Especial Federal ..................................................................... 63
Sentença e estrutura recursal no Juizado Especial Cível Federal ............................. 70
Execução no Juizado Especial Cível Federal .................................................................... 74
Referências .................................................................................. 77
O tema acesso à justiça envolve diferentes aspectos da prestação jurisdi-
cional e da solução de controvérsias. 
Com a finalidade de atacar pontos sensíveis identificados por Cappelletti 
e Garth (1988)1, tais como as custas judiciais, os poucos recursos financei-
ros das partes, a desinformação e a falta de aptidão dos cidadãos para saber 
reconhecer o que lhe é devido e como reparar eventual lesão, fatores todos 
ligados, portanto, aos aspectos econômico e sociocultural, aliados à necessi-
dade de mecanismos diferentes dos tradicionais, bem como pessoas (leia-se 
operadores do direito) com mentalidade diferente para tratar de tais assuntos 
– nosso ordenamento jurídico, seguindo a cartilha desses autores, endos-
sou as preocupações por eles externadas nas famosas ondas renovatórias,ampliando a assistência judiciária aos pobres e instituindo um novo modo 
de prestação jurisdicional para controvérsias até então não jurisdicionaliza-
das, ou jurisdicionalizadas, que, contudo, não chegavam ao Poder Judiciário 
justamente em razão de barreiras de diferentes ordens, criando os Juizados 
Especiais. 
De fato, a partir da identificação de pontos sensíveis que dificultam a con-
cretização da promessa estatal de pacificação social, o enfoque de acesso à 
justiça propôs atacar essas barreiras de forma coordenada, sugerindo, assim, 
ideias condensadas no que se convencionou chamar de ondas renovatórias.
A influência do tema 
acesso à justiça no cenário brasileiro
A grande virada doutrinária, portanto, foi a obra de Cappelletti e Garth 
(1988), que logo ganhou eco no Brasil, ao passo que, do ponto de vista legis-
lativo, a Lei dos Juizados de Pequenas Causas (Lei 7.244/84) tornou direito 
positivo parte do anseio de prestigiar a prestação jurisdicional sob a pers-
1 Se não pioneira, a obra foi propulsora entre nós da expressão e dos temas tratados pelos autores a esse propósito.
Os Juizados Especiais Cíveis 
e o acesso à justiça
10
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
pectiva do consumidor de justiça. Depois disso, a Constituição Federal (CF) de 
1988 consolidou esses avanços ao içar vários dos conceitos contidos nessa ideia 
ao status de norma constitucional. O último retoque a esse esforço foi comple-
tado com a Lei 9.099/95 e, posteriormente, com a Lei 10.259/2001, que instituiu o 
Juizado Especial Federal.
O tema acesso à justiça pôs em relevo, de maneira clara e singela, uma preocu-
pação que os juristas recentes jamais abandonaram: fazer a prestação jurisdicio-
nal chegar a todos, apreciando toda sorte de conflitos. 
As perguntas técnicas feitas a partir de constatações da realidade tinham res-
postas acadêmicas; inviáveis, contudo, na aplicação concreta em razão da ausên-
cia de um corpo legislativo que abraçasse essas concepções. 
Não sendo mais possível esconder a existência de uma sociedade de massas e 
uma relativa incapacidade do Estado soberano de entregar a prestação jurisdicio-
nal plena e tempestiva; e ainda que determinados direitos materiais tinham na 
definição do titular em juízo um problema a ser solucionado; enfim, que mudan-
ças sociais e conflitos delas decorrentes estavam sendo ignorados, impôs-se então 
a necessidade de uma regulamentação legal. Foi então que o que já era consenso 
dentro da boa doutrina propiciou o surgimento de diversos diplomas legislativos, 
atacando diferentes aspectos do acesso à justiça. 
Além do advento da Lei da ação civil pública (LACP), do Código de Defesa do 
Consumidor (CDC), do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei 7.244/84 
introduziu a expressão pequenas causas nos tribunais pela porta da frente, tra-
zendo conflitos que até então não chegavam para a sua apreciação em razão de 
diversos obstáculos. 
Admitida a existência de uma litigiosidade contida, optou-se por introduzir, 
mediante o diploma legal, um novo modo de pensar a prestação jurisdicional, 
esforço indicado pela letra da lei. Esse modo de pensar apresentou pelo menos 
duas perspectivas que merecem reflexão: em primeiro lugar, a coragem de admi-
tir que a prestação jurisdicional é influenciada por fatores externos ao fenômeno 
processual e, a partir daí, ter buscado meios de identificá-los, entendê-los, consi-
derá-los e, dentro do possível, discipliná-los, ainda que muitos deles sejam imunes 
ao tratamento legal; em segundo lugar, o reconhecimento de que os institutos 
fundamentais e a técnica do processo tradicional nem sempre dão a resposta 
necessária a esse modo de pensar; porque não cabem nas concepções e exigên-
cias desse novo cenário, ou, pelo menos, que merecem uma nova análise. 
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
11
Essa última perspectiva criou duas realidades distintas, a esta altura inexorá-
veis, que convivem lado a lado, interdependentes e com interpenetrações: de um 
lado, a do Processo Civil tradicional, aqui entendido como aquele existente desde 
o nascimento da ciência processual no século XIX, com seus institutos, sujeitos e 
princípios fundamentais; e, de outro, aquela proposta pelos Juizados de Pequenas 
Causas, hoje, com o advento da Lei 9.099/95, chamados Juizados Especiais. 
A revisita aos institutos 
processuais fundamentais
É verdade que o Processo Civil atual não é o mesmo que surgiu com a ciência 
processual. Tampouco o Processo Civil brasileiro permaneceu inalterado desde 
quando se desgarrou formalmente de sua origem lusitana. Contudo, o desenvol-
vimento da fase metodológica instrumentalista apresentou novos ingredientes 
necessários para alcançar uma prestação jurisdicional integral e tempestiva, bem 
como sugeriu novas reflexões acerca dos institutos fundamentais – jurisdição, 
ação e a correlata exceção, e processo – dos princípios e sujeitos do processo. 
A revisita a esses aspectos fundamentais da ciência processual foi motivada pela 
necessidade de acomodar o Direito Processual às exigências do direito material, 
que não encontrava na então conformação o melhor modo de ser concretizado. 
O chamado Processo Civil de resultados exige essa postura, que implica um traba-
lho sem cessar de todos os preocupados com a prestação jurisdicional. 
De certa forma, essa revisita concretizou-se com as pequenas causas, hoje trata-
das pelos Juizados Especiais. Por outro lado, é interessante investigar quanto dos 
aspectos do processo tradicional foi abalado por essa revisita e o quanto os pilares 
fundamentais encontram-se incólumes apesar desta nova realidade. 
Juizados Especiais Cíveis 
e processo tradicional: convivência
O Direito Processual contemporâneo não vive sem a noção de acesso à jus-
tiça. Foi essa noção que reavivou a ciência processual e deu novo vigor à função 
jurisdicional. A fim de atualizar a missão que lhe cabe, essa função estatal reno-
12
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
vou-se e ganhou neste tema mais uma forma de apresentar-se aos jurisdiciona-
dos, embora o tema acesso à justiça possa resvalar na não atuação da função 
estatal, como ocorre com os meios extrajudiciais de resolução de controvérsias.
Boa parte dos assuntos ligados ao acesso à justiça remete à universalidade da 
jurisdição, destacando-se a respeito dessa última os interesses coletivos e difusos 
e as pequenas causas. A cada momento, com o fito de proteger o homem, novos 
direitos surgem e daí a exigência de mecanismos para que a proteção seja efetiva. 
De maneira sui generis, os Juizados Especiais propõem a busca de soluções de 
conflitos via processo, porém absorvendo equivalentes jurisdicionais, o que, apa-
rentemente, poderia levar a supor que a função jurisdicional estaria enfraquecida 
com essa opção. Contudo, é preciso ponderar que essa iniciativa não é exclusiva 
dos Juizados Especiais, mas sim uma tendência do Direito Processual contempo-
râneo . 
Em uma primeira ordem de ideias, é inegável que a tônica aos meios alterna-
tivos de resolução de controvérsias, como a conciliação e a mediação, resulta da 
constatação de que o Estado, em um dado momento histórico, foi incapaz de lidar 
com conflitos de determinada natureza. 
Em uma segunda ordem de ideias, o reavivamento da conciliação tem raiz na 
ineficiência da entrega da prestação jurisdicional. Porém, as vias alternativas de 
solução de controvérsias só convivem e ganham força na medida em que o inte-
ressado esteja sempre ciente de que a via jurisdicional estatal existe e pode ser 
utilizada, em que pesem todas as suas deficiências.. Postas de um lado e de outro 
as vantagens e desvantagens de cada uma das formas de solução de controvér-
sias, a opção da via autocompositiva só faz sentido se claro estiver que outra forma 
existia e não se quis2. Pelo menos é esseum dos elementos necessários para dar 
aderência aos métodos alternativos de solução de controvérsia. Acrescente-se que 
nem por isso o fim da controvérsia por intermédio de uma via autocompositiva 
deixa de passar pelo crivo estatal3. 
2 É o que adverte Ada Pellegrini Grinover (1988, p. 74) ao concluir os critérios orientadores para a eficácia da conciliação: “b.2) a 
firme possibilidade de acesso à justiça, em caso de insucesso da conciliação; b.3) sua facultatividade, a fim de não obstaculizar 
o livre acesso aos tribunais.”
3 Além de, obviamente, a conciliação endoprocessual, jurisdicional no processo tradicional e não jurisdicional nos Juizados 
Especiais, a conciliação extrajudicial, de qualquer valor ou natureza, pode ser homologada pelo juízo dos Juizados Especiais 
(Lei 9.099/95, art. 57), o que demonstra, pela sua abrangência, o relevo emprestado à conciliação, a operar não só nos Juizados, 
como em todo o sistema.
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
13
Juizados Especiais Cíveis 
e processo tradicional: interdependência
O acesso à justiça e, dentro dele, os Juizados Especiais, é capítulo fundamental 
do sistema processual civil atual, considerado em sua integralidade. De modo que 
se referir ao sistema processual atual e negligenciar o método preconizado pelos 
Juizados Especiais, concebido para atuar sobre controvérsias de pequena monta 
ou complexidade, é ter uma visão apenas de parte do sistema processual atual. 
De outro lado, resumir o sistema processual atual ao universo dos Juizados Espe-
ciais é tomar a parte pelo todo, o que é igualmente inconcebível. 
No atual estágio, os Juizados Especiais não são a panaceia do sistema proces-
sual, pois visam atacar determinadas controvérsias mediante a admissão de pes-
soas específicas, embora algumas de suas soluções terão ou virão a ter aplicação 
no processo tradicional. Outras, porém, sejam as que envolvem seus operado-
res, sejam as ligadas à técnica e aos institutos processuais que são de aplicação 
remota no processo tradicional.
É inegável que a atuação do mecanismo dos Juizados sem a prévia noção de 
Estado, jurisdição, ação, defesa, processo, princípios e sujeitos processuais seria 
impossível. 
Não há como desenvolver qualquer ideia de solução de controvérsia sem esse 
pano de fundo. Esse cenário, quem oferece, é o Processo Civil tradicional, ainda 
que o intuito seja o de, logo em seguida, questionar suas premissas ou o modo 
pelo qual ele opera.4 Porém, a ideia de deformalização das controvérsias, enten-
dida como forma de evitar o processo judicial, atinge as duas esferas. A busca das 
chamadas vias alternativas funciona como o filtro necessário para que tudo não 
desemboque na solução jurisdicional via sentença estatal. De outro lado, a defor-
malização do processo atinge a esfera do Processo Civil tradicional e dos Juizados 
Especiais de modo e intensidade diversos.5 
4 O modo de operar tem a ver com a deformalização das controvérsias no sentido de deformalização do processo, tal como 
preconizado por Ada Pellegrini Grinover (1998a).
5 Ada Pellegrini Grinover (1988, p. 280) esclarece que “o termo (deformalização das controvérsias) há de ser utilizado em duas 
distintas acepções: de um lado, a deformalização do próprio processo, utilizando a técnica processual em busca de um processo 
mais simples, rápido, econômico, de acesso fácil e direto, apto a solucionar com eficiência tipos particulares de conflitos de 
interesses. De outro lado, a deformalização das controvérsias, buscando para elas, de acordo com sua natureza a equivalentes 
jurisdicionais”.
14
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
Juizados Especiais Cíveis e processo 
tradicional: fatores convergentes e divergentes
O paralelismo entre processo tradicional e Juizados Especiais não pretende 
demonstrar a excelência nem a supremacia de um modelo em face de outro. Não 
se trata disso. Até mesmo porque ambos encontram-se inseridos e interagem no 
sistema processual. Para atacar parte dos obstáculos que impedem de se tornar 
realidade o acesso à justiça, o sistema processual brasileiro adotou a fórmula dos 
Juizados Especiais, sem prejuízo de outras iniciativas para atacar outros aspectos 
do problema. Desse modo, no contraste entre processo tradicional e Juizados 
Especiais, trata-se, sim, de verificar as diferentes realidades que cada modelo atua 
e a demonstração de que eles, respectivamente, adotaram mecanismos mais efi-
cientes para a finalidade de resolver as controvérsias afetas a cada um dos mode-
los, mediante o respeito ao devido processo legal. Claro está que no conjunto 
integram o sistema processual e essa última noção depende de ambos. 
Fatores que restringem o acesso à justiça
No aspecto externo, é possível identificar fatores políticos, sociais e econômi-
cos que restringem o acesso à justiça e atacam o sistema como um todo. O cenário 
ofertado pelos Juizados Especiais leva à conclusão de que alguns desses fatores 
foram por eles tratados, embora não os tenha dissipado. A nova proposta que os 
Juizados Especiais encerram tem o nítido caráter de tentativa de neutralizá-los. 
Porém, é equivocado pensar que a introdução do novo modelo tudo pode. No 
aspecto político, a análise deve ser dupla. As funções estatais, por enfeixarem o 
modo de convivência entre poder e liberdade, são equilibradas pelos poderes do 
Estado. No que toca à função jurisdicional, a primeira análise passa pelo debate 
em torno do controle do órgão encarregado de exercê-la, o Poder Judiciário, e sua 
independência. O modelo dos juizados oferece um contraste flagrante com o pro-
cesso dito tradicional. A instituição dos conciliadores e juízes leigos não encontra 
paralelo no Processo Civil tradicional e é sinal de que o clamor pelo arejamento do 
Poder Judiciário e do exercício da função jurisdicional surtiu efeitos. Esse respaldo 
institucional vem se somar a outras formas de intervenção popular.6 
6 Acerca da intervenção indireta, Ada Pellegrini Grinover (1998b, p. 12) exemplifica: “A indireta configura o controle da função 
jurisdicional pelos destinatários, ora mediante as relações justiça-informação (com a problemática inerente à publicidade dos 
atos processuais, passando pelo controle dos meios de comunicação até o sigilo, como publicidade restrita às partes e a seus 
procuradores); ora pela técnicas de responsabilização do juiz; ora pelos controles sobre a atuação e inércia dos órgãos da acu-
sação no processo penal.”
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
15
Os entraves sociais
Entre os entraves sociais, o resultante da combinação entre falta de informação 
e descrença no Judiciário é o que mais chama a atenção. A despeito do conteúdo 
técnico de que são portadores o processo e as coisas da justiça, os operadores 
do direito reforçam a aura de indecifráveis de ambos. O elemento mais evidente 
desse fenômeno é a linguagem.7 Para quebrar essa distância, bem como fazer fluir 
a informação e tirar o Judiciário do descrédito, é que o modelo dos juizados se 
instaurou.8 Os seus critérios orientadores – notadamente a simplicidade, informa-
lidade e oralidade – revelam a proposta de aproximação do cidadão da Justiça.9 
No capítulo relativo à educação e informação, é lícito dizer que o modelo dos jui-
zados é o único com a preocupação explícita de esclarecer e instruir. Ele assumiu 
a tarefa, ao que parece de bom grado, de cartão de visita do Judiciário, seja para 
os litigantes habituais seja para os eventuais. 
O órgão encarregado de atuar a jurisdição por intermédio do processo, 
método e caminho de sua atuação, sempre reforçou a ideia de que esta deve se 
dar frente a um caso concreto. É conhecida a tradicionalíssima posição de que 
o Judiciário não é órgão de consulta. Os juizados, pautados na ideia da justiça 
coexistencial, não prescindem da jurisdição. Contudo, sua estrutura e orientaçãovoltadas a, sem medir esforços, pôr fim à controvérsia, ressaltam o lado de presta-
ção de esclarecimentos e conscientização do cidadão a respeito de seus direitos. 
Tão importante quanto fazer atuar a jurisdição de forma correta e adequada, os 
juizados se preocupam em disseminar a notícia acerca da existência de deter-
7 É inegável, como lembra Dinamarco (2000, p. 136), que “Mede-se o grau de desenvolvimento de uma ciência pelo refinamento 
maior ou menor de seu vocabulário específico. Onde os conceitos estão mal definidos, os fenômenos ainda confusos e insatisfa-
toriamente isolados sem inclusão em uma estrutura adequada, onde o método não chegou ainda a tornar-se claro ao estudioso 
de determinada ciência, é natural que ali também seja pobre a linguagem e as palavras se usem sem grande precisão técnica.” 
Na verdade, o obstáculo natural da linguagem, comum a todas as ciências, tem no bacharelismo, em seu sentido pejorativo, o 
seu lado perverso. Este merece ataque.
8 Nesse aspecto, a instituição dos Juizados de Pequenas Causas, hoje Especiais, demonstra que a proposta não caberia na mera 
reformulação do procedimento sumário, do artigo 275, do CPC. Há uma dimensão bem maior a ser considerada que só o tempo 
demonstrou ter sido correta a opção por um modelo exclusivo. Conferir Athos Gusmão Carneiro (1988, p. 333-345 e p. 338- 
-341).
9 A respeito da informação que todo cidadão deve receber acerca de seus direitos, da educação que o Estado deve prover e da 
descrença da população na justiça, Kazuo Watanabe (1988, p. 131) ressalta ser a participação, mais uma vez, a chave para tais 
problemas: “A par das vantagens mais evidentes, que são a maior celeridade e maior aderência da Justiça à realidade social, a 
participação da comunidade traz, ainda, o sentido pedagógico da administração da justiça, propiciando o espírito de colabora-
ção. Os que têm a oportunidade de participar conhecerão melhor a Justiça e cuidarão de divulgá-la ao segmento social a que 
pertencem. Demais disso, a organização de uma Justiça com essas características, organizada para pessoas mais humildes, tem 
a virtude de gerar, pela própria peculiaridade do serviço que presta e pela exigência das pessoas que a procuram, ordinaria-
mente pouco instruídas, um serviço paralelo, que é o de informação e orientação. ‘Paralelo’ é um modo de dizer, pois na verdade 
é um serviço que se completa com o de solução de conflitos, formando um todo único. Juizados Informais de Conciliação e 
Juizados Especiais de Pequenas Causas que não tenham o serviço de informação e orientação, além do serviço de assistência 
judiciária, não estão completos e não cumprirão o relevante papel que lhes é destinado.”
16
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
minado direito material violado e a possibilidade de o jurisdicionado obter uma 
forma de reparação. Daí o perfeito casamento dos juizados com órgãos ligados à 
administração ou centros universitários. 
A presença do julgador, personificação do Estado-juiz, em ambiente diferente 
do qual ele normalmente atua, é um elemento a mais no cenário, diluído entre 
conciliadores, assistentes e funcionários. Desse modo, além de irradiadoras do 
poder e função do Estado quando a jurisdição é chamada a atuar, tais unidades 
são centro de referência e informação, prestando relevante serviço público. A juris-
dição, se necessário, é chamada a atuar, sem prejuízo de informar e educar.. Assim, 
se, para o processo tradicional, o modo como a jurisdição cumpre seu escopo 
social de educar e informar significa propiciar o acesso à justiça e demonstrar a 
eficiência do sistema, o modelo dos juizados dá um passo a mais, pois propõe ir 
ao encontro dos jurisdicionados, orientá-los, e ter a atuação da jurisdição como 
uma das alternativas para a solução de eventual controvérsia: informação e solu-
ção da controvérsia andam lado a lado. 
O entrave social mais evidente ao acesso à justiça é o que diz respeito à men-
talidade dos envolvidos na prestação jurisdicional. A despeito de a ideia de acesso 
à justiça envolver todos os operadores de direito, costuma-se centrar na figura 
do julgador as principais recomendações acerca da nova postura que o acesso 
à justiça significa. Não são poucas as críticas reservadas aos que exercem a juris-
dição em nome do Estado. É comum acusar a magistratura de conservadora e 
resistente a mudanças (GRINOVER, 1998b, p. 25). Por outro lado, a conduta acon-
selhada pelo acesso à justiça atinge o sistema processual como um todo. Não se 
pode vislumbrar aí elementos dissonantes que afastam o processo tradicional do 
modelo dos juizados. O juiz a atuar em um sistema e no outro deve ser, em essên-
cia, o mesmo. O processo aqui adjetivado de tradicional não impede que o seu 
operador o maneje com os olhos do acesso à justiça, pois a ideia de acesso, a ideia 
de justiça e de ordem jurídica justa passa por várias perspectivas.
Quando se faz referência a determinadas características que o juiz a atuar nos 
juizados deve ter, certamente se quer pôr em relevo a dimensão social que o jul-
gador assume nessa modalidade de justiça. Os juizados são a explicitação de uma 
das vertentes do acesso à justiça e da democracia participativa. Assim, ciente de 
todas as implicações da expressão “ordem jurídica justa”, deve ele compreender:
a importância da conciliação no quadro dos juizados e da óptica do consu- �
midor de justiça;
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
17
a existência de determinados litigantes desacompanhados de advogados e �
a necessidade de tratamento paritário;
a informalidade dos atos processuais e do procedimento; �
a tônica sobre a simplicidade; �
a celeridade pautada na oralidade e na economia processual; �
a gratuidade e os desdobramentos da assistência judiciária; �
os juizados como centro de informação e referência. �
Em razão das diferenças de concepções entre o processo tradicional e o dos 
juizados, é possível identificar com maior nitidez o julgador não vocacionado 
para sua missão no modelo dos juizados. O contato maior e mais direto com os 
jurisdicionados e auxiliares, a maior liberdade na forma, obrigando-o a pautar-se 
pelos princípios processuais com status constitucional ou não, a necessidade 
de empenho na conciliação, são circunstâncias que o colocam à prova a todo o 
momento, fazendo com que sua atuação fique mais exposta e, por consequên-
cia, sujeita a maior observação.10 Se o modelo dos juizados entregou ao julgador 
maior liberdade de atuação, sem dúvida isso implicou igualmente em maior res-
ponsabilidade no tocante ao êxito do modelo dos juizados. De qualquer forma, 
definitivamente, não há espaço para o julgador desinteressado ou fiel à crença na 
divisão entre processo de primeira classe (tradicional) e de segunda classe (jui-
zado). Julgador com esse espírito não é o melhor indicado para atuar em ambos.
Juizados Especiais Cíveis e a técnica processual
No terreno da técnica processual é que o observador preocupado em enfatizar 
as distinções entre um modelo e outro encontrará um campo mais fértil. Além 
dos princípios processuais, analisados à luz dos critérios orientadores e dos ins-
titutos fundamentais, notadamente o processo, alterado por tais critérios típicos 
dos juizados, é possível encontrar condutas e orientações que consubstanciam as 
distinções. 
Portanto, no campo das diferenças, podem ser elencadas: a parte estar ou 
não representada por advogado; a intervenção de um juiz leigo e um conciliador 
10 Luis Fux, (1997, p. 210): “na medida em que o juiz deixa de ser um mero espectador e passa a influenciar diretamente na solu-
ção do conflito, cresce também o seu compromisso e a sua responsabilidade pelo bom funcionamento da Justiça”.
18
Os Juizados Especiais Cíveis e o acesso à justiça
personificado em uma figura diversa da do juiz; o ônus de comparecimento sob 
pena de revelia, sejapara o autor, seja para o réu; a relativização dos atos fora 
da comarca com carta precatória simplificada; produção da prova por qualquer 
meio idôneo, não prolongamento na colheita das provas e repulsa às comple-
xas; meio peculiar na colheita da prova pericial e da oral; simplicidade na docu-
mentação dos atos processuais, mediante oralidade; vedação à ação rescisória; 
não previsão acerca de recursos, como o de agravo e embargos infringentes 
e, mais recentemente, a tendência em não se admitir recurso especial; e, final-
mente, gratuidade no caso de conformação com a sentença de primeiro grau. 
Nesse rol exemplificativo atinente, principalmente ao processo de conheci-
mento, há orientações que são a explicitação dos critérios orientadores dos jui-
zados. 
Como visto, a convivência entre processo tradicional e Juizados Especiais 
Cíveis é muito rica e só contribui para o aperfeiçoamento das formas de solução 
de controvérsias.
Ampliando seus conhecimentos
Indicamos a leitura da obra abaixo:
Acesso à Justiça, de Mauro Cappelletti e Bryant Garth, Fabris Editor. 
Princípios processuais 
e critérios orientadores
Há diferentes modos de apresentar os princípios processuais e diferente é 
a importância que os estudiosos atribuem a eles no cenário do sistema pro-
cessual. Em geral, a diferença entre uma análise e outra está na perspectiva, o 
que implica dizer que uma não desmerece nem anula a outra. Assim, entre os 
métodos de análise, dois merecem destaque: o que apresenta os princípios 
informativos ou deontológicos. Arruda Alvim (1991, p. 7) anota, conforme, 
ainda, Alcides Mendonça Lima (1994, p. 11), bem como Ada Pellegrini Grino-
ver (1975):
Os princípios de ordem técnica se denominam, tradicionalmente – a partir de uma classifi-
cação que vem da segunda metade do século passado, idealizada na Itália – de princípios 
informativos. Diz-se que tais princípios informativos são: o lógico, o jurídico, o político e 
o econômico. Há quem pretende serem eles destituídos de permeação ideológica maior, 
pois que a carga ideológica diria respeito, apenas, aos princípios fundamentais, o que é 
inexato. Se se deve ter presente que os chamados princípios fundamentais (pois que deno-
tam caráter eminentemente político) têm, por isso mesmo, decisiva permeação ideológica, 
saliente-se, todavia, que, nem pela circunstância de os princípios técnicos (informativos) 
aparentarem (e, realmente, nestes a “carga” ideológica é menor) menos este componente, 
errôneo será considerá-los exclusivamente técnicos, no sentido de estarem desligados do 
ambiente político-cultural em que foram editados, onde existem e funcionam. Consig-
ne-se que, os princípios informativos, em última análise, colimam, teleologicamente, criar 
condições “técnicas” para a consecução de finalidades assumidas pelo Estado.
Também merece destaque o método relativo aos princípios fundamentais, 
também denominados por alguns de gerais. Essa é a maneira tradicional de 
apresentar os princípios processuais.
Ao lado dela, ganhou importância suprema analisar o Direito Processual 
sob a óptica constitucional. Essa postura metodológica inovadora reforça a 
importância da jurisdição, do processo e da ação, bem como seus postulados 
e o acesso a eles como direito fundamental.
Sujeitos e princípios processuais 
nos Juizados Especiais Cíveis
22
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
As pequenas causas, no que foram seguidas pelo Juizado Especial, desde seu 
surgimento, evitaram o termo “princípios” para delinear seus paradigmas. Pre-
feriram critérios orientadores. Seriam eles os que norteariam o modo de solução 
de controvérsias trazidas aos Juizados Especiais. Assim, se no Direito Processual, 
salvo uma ou outra diferença1, encontra-se consolidado quais são os tais prin-
cípios gerais, bem como os mais amplos que têm status constitucional, tarefa 
instigante é lê-los a partir dos critérios orientadores propostos pelo modelo dos 
Juizados Especiais Cíveis. 
Os princípios são a cristalização de um modo de pensar e agir, fruto de uma 
cultura e de um tempo2. São, assim, dotados de premissas cuja decorrência é a 
consagração do próprio Direito Processual como ramo do Direito Público. O Di- 
reito Processual, por sua vez, também comporta ramificações, entre elas a do 
Direito Processual Civil. 
Dentre os denominados princípios fundamentais, ditos gerais, há os que são, 
antes de tudo, garantias e encontram-se consagrados constitucionalmente. Por 
serem pontos de partida, não comportam modificação, o que não impede que 
novas necessidades levem o observador atento à realidade a repensá-los, quando 
não a propor interpretá-los segundo a necessidade do tempo atual. 
Em linhas gerais, é possível adiantar – nem poderia ser diferente – que os prin-
cípios processuais têm plena aplicação no modelo dos Juizados Especiais. O que 
ocorre é que a sua interação com os critérios orientadores e a própria mentalidade 
e filosofia apresentadas pelos juizados autorizam uma releitura. 
1 É normal que, dentro da doutrina, não haja exata coincidência entre os princípios fundamentais do Processo Civil enunciados 
por cada autor. A doutrina brasileira não foge à regra. Por outro lado, é possível encontrar determinados princípios presentes 
na grande maioria dos autores. A respeito de um panorama comparativo sobre os princípios fundamentais, conforme Wambier, 
Correia de Almeida e Talamini, (1999, p. 62-70). Recentemente, Dinamarco (2001a, p. 196), destaca: “Existem inúmeras outras 
regras técnicas de grande importância e prestígio, também geralmente indicadas como princípios, mas que não o são. É o caso, 
p. ex., do chamado princípio da demanda, pelo qual a jurisdição só se exerce mediante provocação de parte (CPC, art. 2.º, art. 
262); do princípio da correlação entre provimento e demanda, pelo qual o juiz não pode conceder ao autor senão o que foi 
pedido, sendo também obrigado a pronunciar-se sobre o pedido todo (arts. 128, 560); do princípio do livre convencimento, que 
dá ao juiz liberdade para examinar os resultados da prova segundo sua própria capacidade perceptiva e atento a que consta dos 
autos motivando sua decisão (art. 131 c/c art. 458, II); do princípio da oralidade, que postula a preponderância do verbal sobre o 
escrito no procedimento; do princípio dispositivo, da lealdade, da instrumentalidade das formas etc.”
2 Hans Walter Fasching, citado por Fernando Noal Dorfmann (1989, p. 8), exprime bem como os princípios processuais devem ser 
entendidos: “Os princípios processuais não são – talvez com a única exceção do princípio do contraditório – de acordo com a sua 
própria natureza, nem dogmas, tampouco axiomas, senão o resultado de uma experiência acumulada ao longo de muitos anos 
com os diferentes modelos processuais, com a sua aplicação e com a sua finalidade. Esses princípios não devem se converter 
em um fim em si mesmos, devem, ao contrário, manter confirmadas, sempre renovadas a sua aprovação e a legitimidade de sua 
própria existência. Justamente o desenvolvimento do processo civil na prática das últimas décadas tem sido caracterizado pela 
constatação de que o processo transformou-se num fenômeno de massas. As instituições tradicionais da Justiça e as formas 
processuais assimiladas do passado são somente condicionalmente adequadas para superar a nova situação de maneira rápida, 
econômica e satisfatória para aqueles que buscam a Justiça.”
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
23
Princípios processuais 
e Constituição Federal (CF)
Além de consagrar o próprio processo como método de solução de controvér-
sias ante o monopólio da jurisdição por parte do Estado, a CF contempla cláusu-
las, garantias e limites, verdadeiros substratos do Estado Democrático de Direito. 
Como ressalta Dinamarco (2001a, p. 193-194): 
[...] a percepção de que o ProcessoCivil é ramo do direito público constitui uma grande 
premissa metodológica que conduz a colocá-lo como alvo de uma série de preceitos 
e garantias na Constituição, os quais se traduzem um verdadeiro sistema de promes-
sas e limitações: promessas de dar solução aos conflitos e conduzir os sujeitos à ordem 
jurídica justa e limitações consistentes em uma série de condicionamentos e restrições a esse 
exercício. Tais limitações são ditadas com vista a assegurar às partes uma série de posições e 
possibilidades no processo, que o juiz não pode desrespeitar. 
E arremata (2001a, p. 194-195): 
[...] mas a tutela constitucional do processo não seria efetiva se as grandes linhas mestras dese-
nhadas pela Constituição (princípios) não ganhassem eficácia imperativa mediante as corres-
pondentes garantias. Consistem as garantias constitucionais em preceitos dotados de sanção, 
isso significando que sua inobservância afetará de algum modo a validade ou eficácia do ato 
transgressor, o qual não pode prevalecer sobre os imperativos constitucionais. Por isso é que 
geralmente os dispositivos constitucionais reveladores dos grandes princípios são encarados 
como garantias, a ponto de ser usual o uso indiferente dos vocábulos princípios e garantia para 
designar a mesma ideia.
Assomam, assim, os princípios constitucionais a orientar todo o sistema pro-
cessual e, por consequência, os processos sujeitos aos Juizados Especiais Cíveis. 
O devido processo legal, a inafastabilidade da jurisdição, a igualdade, o contraditó-
rio, a ampla defesa, o juiz natural, a publicidade e a motivação das decisões dão os 
contornos fundamentais ao processo brasileiro com a finalidade de possibilitar o 
acesso à justiça.3 Por outro lado, é verdade que tais garantias e princípios têm a 
matriz comum do devido processo legal. 
Ao mesmo tempo, pode-se eleger o devido processo legal como ponto de 
partida ou como ponto de chegada. Em outras palavras: o devido processo legal 
pode ser o princípio maior do qual os outros (a inafastabilidade da jurisdição, a 
igualdade, o contraditório, a ampla defesa, o juiz natural, a publicidade e a motiva-
ção das decisões) são desdobramentos; sob outro raciocínio, um dos princípios 
3 É sempre Dinamarco (2001a, p. 197) que resume: “A Constituição formula princípios, oferece garantias e impõe exigências 
em relação ao sistema processual com um único objetivo final, que se pode qualificar como garantia síntese e é o acesso à 
Justiça”.
24
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
a ele ligado desemboca no devido processo legal. De uma forma ou de outra, é 
inegável que a expressão devido processo legal comporta uma amplitude muito 
grande, razão pela qual ela é invocada para resumir todas as garantias fundamen-
tais, inclusive as que envolvem a prestação jurisdicional e seu modo de ser. 
No âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, todos os princípios e garantias acima 
aludidos estão presentes e convivem com os demais princípios processuais e crité-
rios consagrados pelo modelo dos juizados. A busca da simplicidade e informali-
dade resulta na liberdade de formas; a oralidade, bem mais presente em atos se 
comparada com o processo tradicional, persegue a celeridade.
Critérios orientadores
Justamente por encerrar ideias e conceitos, os princípios processuais e critérios 
orientadores não se sujeitam a fórmulas. A amplitude de determinado princípio 
ou critério, como visto, é a chave para a sua perenidade. 
Por causa disso, explicar o que são os critérios orientadores não soluciona o 
dilema de determinar todas as hipóteses e circunstâncias em que eles são aplica-
dos. Tampouco a sua convivência com os princípios processuais, constitucionais 
ou não, bem como as regras jurídicas. O que é possível dizer é que, no modelo do 
juizado, os critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual 
e celeridade (Lei 9.099/95, art. 2.º) têm função sob dois aspectos: 
como modo inspirador, junto com os demais � princípios processuais, de 
determinadas regras consagradas legalmente; e 
como elemento de interpretação diante de ausência de norma específica, �
de conteúdo vago ou de conflito.4
Há vários momentos em que essa última função dos princípios e critérios é 
praticada. Exemplificativamente, são os princípios processuais e os critérios orien-
tadores que ditam a admissão ou não de pedido contraposto por pessoa jurídica, 
a admissibilidade de interposição de recurso adesivo, a possibilidade de comple-
mentação de preparo no recurso, a admissão do agravo, de medidas cautelares e 
tutela antecipada do processo monitório. 
4 Como lembra José Carlos Barbosa Moreira (1997, p. 57), usamos mal um princípio “quando o pomos em prática sem levar 
em conta os outros princípios que lhe servem de contrapeso e com ele precisam conjugar-se para assegurar o equilíbrio do 
conjunto”.
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
25
Sujeitos do processo e a tarefa estatal
À primeira vista, causa espécie que o sistema dos Juizados Cíveis, consagrando 
o princípio da simplicidade, tenha introduzido outras figuras que auxiliem o juiz 
togado e monocrático na tarefa de remover os impasses da vida que lhe são apre-
sentados, tenham eles o status de juiz investido ou não, praticando atividade 
jurisdicional ou não. 
Vista a questão com mais cuidado, fica patente que a introdução de novas figu-
ras pelo legislador do Juizado Especial não afeta o princípio da simplicidade que 
ele consagrou, assim como a própria introdução do modelo do Juizado Especial 
convivendo lado a lado com o sistema tradicional não compromete o princípio 
do juiz natural.5
O conciliador e a tarefa da conciliação
A conciliação é, sem dúvida, o principal pilar no qual o modelo do Juizado 
Especial se assenta. Tanto que destacou uma figura específica para desempenhar 
essa função, embora o juiz leigo ou togado possam exercê-la. Contudo, a ênfase 
atribuída à conciliação não é exclusividade do legislador dos Juizados Especiais. 
Na história do Processo Civil brasileiro, a via conciliatória não é estranha; moderna-
mente, passou ela a ser a pedra de toque do Processo Civil tradicional6. No Juizado 
Especial, para dar o devido destaque, bem como imprimir eficiência à atividade, 
foi introduzida a figura do conciliador, pessoa diversa do juiz togado. 
A escolha de pessoa diversa do julgador para esse mister teve tripla intenção. 
Antes de tudo, a entrega dessa tarefa significa aumentar a capacidade de traba-
lho do julgador, que poderá, enquanto o conciliador estiver desempenhando 
5 Com a confirmação da facultatividade de ajuizar ação perante os Juizados Especiais, algumas vozes se levantaram objetando 
que a introdução dos Juizados Especiais feriria o princípio do juiz natural. O óbice é descabido. Ainda sob o pálio da Constituição 
anterior, Grinover (1984, p. 39) observa que “[...] o princípio do juiz natural, entre nós, é tutelado por dupla garantia: consiste 
a primeira na proibição de juízos extraordinários, constituídos ‘ex post facto’; e, a segunda, na proibição de subtração do juiz 
constitucionalmente competente”. Portanto, com a introdução dos Juizados Especiais, não se trata de instituir um órgão depois 
da ocorrência do fato (problema que se colocou apenas quando da introdução da lei) nem de subtrair a atribuição do juiz 
competente. A existência de pluralidade de vias de acesso – Juizados Especiais, com renúncia ao crédito excedente, e Justiça 
Comum – não macula o juiz natural, uma vez que ambos são previstos constitucionalmente. De todo modo, aconselhável seria 
a exclusividade dos juizados no rol de hipóteses de sua competência. (Lei 9.009/95, art. 3.º).
6 O CPC brasileiro vigente, no início de sua vigência, trazia tão somente a incumbência do juiz de tentar a conciliação sobre 
direitos disponíveis na abertura da audiência de instrução dejulgamento (CPC, art. 477). A fim de enfatizar essa exigência, a 
minirreforma não só introduziu a audiência preliminar, mas também a tentativa de conciliação em uma de suas etapas, como 
ainda consagrou a tentativa de conciliação entre os deveres do juiz (art. 125, IV).
26
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
sua função, julgar outros casos cuja tentativa de conciliação tenha sido infrutí-
fera. Além disso, de um lado, o conciliador, não sendo o juiz da causa, não corre 
o risco do prejulgamento, isto é, de antecipar seu entendimento quanto à ques-
tão objeto de controvérsia, o que lhe possibilita desempenhar sua função sem 
nenhuma amarra; a tarefa de conciliar e julgar concentrada em uma só pessoa é 
uma verdadeira camisa de força, que resulta, a mais das vezes, em cautela no enca-
minhamento da solução conciliadora. É o que ocorre no Processo Civil tradicional. 
De outro lado, a entrega da conciliação a uma pessoa diversa do julgador é uma 
aposta na eficiência da especialidade: embora o juiz togado, hoje em dia, deva ter 
uma técnica de conciliação apurada, pois do contrário não pode ser tido como 
bom juiz, já que ele também exerce a tentativa de conciliação – é de se presumir 
que uma pessoa com este fim único – conciliar – torne-se expert, desenvolva essa 
habilidade, tratada ora como arte ora como ciência. Por óbvio, contudo, que a arte 
de conciliar não se resume a conjugar habilidades no encaminhamento de ques-
tões de cunho econômico. Requer, mais do que nunca, sensibilidade no campo da 
sociologia e da psicologia. Embora as questões levadas tenham um fundo patri-
monial, o caminho da conciliação não passa apenas por esse aspecto.
A lei esmerou-se em recrutar conciliadores preferencialmente entre os bacha-
réis de Direito (Lei 9.099/95, art. 7.º). Em que pese a nobreza e importância da 
tarefa do conciliador, não cumpre ele função jurisdicional. Como é sabido, o 
desempenho da jurisdição só se dá por quem é investido pelo Estado para tanto. 
A investidura, por sua vez, implica certas garantias de independência e imparcia-
lidade. As regras de independência, ligadas ao Poder Judiciário, não se estendem 
aos conciliadores. 
O momento da conciliação e o seu papel 
na celeridade da solução da controvérsia
O momento da conciliação tem profunda influência no seu êxito. Sensível a 
isso, o legislador do Juizado Especial compreendeu esse ingrediente sutil para o 
sucesso da conciliação e colocou sua realização logo depois de procedida a cita-
ção do réu, com a importante ressalva de que a audiência de tentativa de conci-
liação tem esse fim único, evitando que o réu já tenha que vir preparado com sua 
defesa, oral ou escrita, na hipótese de fracasso da conciliação. 
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
27
Neste aspecto, distanciou-se da sucessão de atos previstos no procedimento 
comum sumário do Processo Civil tradicional para valorizar a conciliação. Não 
impediu, entretanto, em nome da celeridade processual, que a audiência de ins-
trução e julgamento, ocasião em que tradicionalmente a defesa é apresentada 
no procedimento concentrado, ocorra imediatamente após a conciliação sem 
sucesso, desde que não cause prejuízo à defesa. Deixou-se, portanto, o controle 
do contraditório ao juiz, segundo as peculiaridades do caso: se a parte ré estiver 
preparada para apresentar sua defesa oral ou escrita, a audiência de instrução e 
julgamento pode ter lugar, fracassada a conciliação e afastada a via arbitral; do 
contrário, ela é designada para os próximos 15 dias subsequentes.
O juiz leigo
Dentro do espírito de divisão de trabalho que preside o juizado, há previsão 
legal quanto à condução do processo por juiz leigo. Juiz leigo é a denominação 
atribuída àquele que exerce as funções primaciais de conduzir o processo – princi-
palmente na atividade de sanear, instruir e decidir – sem estar investido na função 
jurisdicional.7 Como dito, o exercício da função jurisdicional é prerrogativa do juiz 
togado, investido para fazer atuar esse poder do Estado e cercado de garantias de 
independência e de imparcialidade.8
A figura do juiz leigo é justamente a consagração da ideia de deformalização 
do processo. Recrutado entre advogados militantes, ele representa o arejamento 
no perfil daquele que é, tradicionalmente, incumbido da função de julgar. Nessa 
medida, é sempre saudável esta integração de pessoas na atividade de julgar e 
necessária para que a vivência daquele que desempenha outras funções que não 
a de juiz, aperfeiçoe o desempenho dessa função estatal. 
No desempenho de suas funções, o juiz leigo é juiz, embora sua formação 
tenha sido outra. Por tal razão, conduz o processo da mesma forma que o juiz to-
gado. Não há diferença entre o processo conduzido pelo juiz leigo e o juiz togado. 
O liame que se estabelece com os polos da relação jurídica processual é o mesmo, 
seja perante os juízes leigos, seja perante o juiz togado, porque, no fundo, ambos 
7 É recrutado entre os advogados com mais de cinco anos de exercício profissional, na dicção do artigo 7.º da Lei 9.099/95.
8 Embora sejam auxiliares da justiça, a exemplo dos conciliadores, os juízes leigos, para que possam exercer sua função com isen-
ção, não podem advogar nos Juizados Especiais em que exercem o munus de juiz leigo (Lei 9.099/95, art. 7.º, parágrafo único).
28
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
agem em nome do Estado. O primeiro, entretanto, por não ter investidura, sub-
mete sua decisão ao juiz togado para homologação, pois só este último é veículo 
de manifestação do poder estatal pautado na definitividade e inevitabilidade, 
atributos da jurisdição. 
Sob o aspecto dos poderes no processo, portanto, o juiz leigo só tem subtraído 
o poder de dar imperatividade à sua decisão; no mais, sempre sob a óptica dos 
atos no processo, é juiz. 
O árbitro e a solução arbitral
A arbitragem apresenta-se como um dos caminhos para que a controvérsia 
levada ao Juizado Especial chegue a bom termo. Como em uma estrada com 
bifurcação, o procedimento dos juizados, frustrada a conciliação, oferece às partes 
dois caminhos: o julgamento pelo julgador ou o julgamento por arbitragem. 
A escolha, como é óbvio, deve ser livre e no final, de um jeito ou de outro, o que 
se busca é uma solução à controvérsia. 
As partes fazem a escolha, portanto, na medida de sua conveniência, ao passo 
que o Estado, pelos dois caminhos, estará dizendo o Direito, sem perder de vista o 
escopo jurídico, político e social.
De outro lado, o modelo do juizado limita o universo de indivíduos habilitados 
a funcionar como árbitros. Pela lei, apenas os juízes leigos podem desempenhar 
a arbitragem.9
Sujeitos parciais do processo
Por se tratar de uma justiça voltada para o cidadão, apenas as pessoas físicas 
podem figurar no polo ativo da demanda perante os Juizados Especiais Cíveis. 
Admite-se, ainda, que o condomínio, desde que residencial, possa também 
figurar no polo ativo com a exclusiva finalidade de cobrar quotas condominiais 
em atraso. Não havendo interesse de incapazes, admite-se que o espólio possa 
figurar no polo ativo da demanda, assim como em razão de legislação específica, 
admite-se que as microempresas também possam.
9 Lei 9.099/95, artigo 24, parágrafo 2.º.
Sujeitos e princípios processuais nos Juizados Especiais Cíveis
29
Apesar da vedação legal quanto a figurar no polo ativo de uma demanda 
perante os Juizados Especiais Cíveis, admite-se que a pessoa jurídica ré possa 
apresentar pedido contraposto.
Por outro lado, proibidos de figurar, seja no polo ativo ou no polo passivo da 
relação jurídica processual são, nos termos do artigo 8.º da Lei 9.099/95, o preso, 
as pessoas de direito público, as empresas públicas da União10, a massa falida e o 
insolvente civil.
Cumpre ainda assinalar quea presença do advogado, em causas de até 20 
salários mínimos, é facultativa. Obrigatória é a sua intervenção no caso de inter-
posição de recurso contra a sentença proferida, seja qual for o valor. 
Por último, cumpre observar que o Ministério Público pode intervir no pro-
cesso quando se tratar de interesses de réu incapaz.
Ampliando seus conhecimentos
Para aprofundar a matéria vista nesta aula, sugerimos a leitura dos seguintes 
livros:
“A supremacia dos princípios nas garantias processuais do cidadão”, artigo de 
José Augusto Delgado publicado em As Garantias do Cidadão na Justiça, de Sálvio 
de Figueiredo Teixeira (Coord.), editora Saraiva.
“A experiência brasileira dos Juizados de Pequenas Causas”, artigo publicado 
na Revista do Processo, n. 101, p. 175-189, 2001.
10 No polo passivo, o cenário sofreu mudança com a Lei 10.259/2001, que dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais 
Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.
É fato que os escopos das partes e do Estado-juiz não são coincidentes. 
Partindo-se dessa premissa, a proposta dos Juizados Especiais Cíveis é, dentro 
de direitos disponíveis, atingi-los com a prevalência do interesse das partes, e 
não a imposição desmedida da vontade do Estado. 
Longe de questionar a autoridade e a força do Estado, é possível dizer que 
o escopo social do processo, com a introdução de meios alternativos de solu-
ção de controvérsias no seio do juizado, pode ser atingido com a conciliação 
(as mais das vezes transação), com a decisão arbitral, ou mediante a decisão 
judicial. Infelizmente, não se pode medir a prevalência de um meio ou de 
outro. Porém, nos dias em que vivemos é de entregar aos diferentes meios 
de resolução de controvérsias uma equivalência. 
É sabido que o caminho que culminou com o monopólio da jurisdição 
confunde-se com o aparecimento do que hoje chamamos Estado. É possível 
que este, não mais temente de que seu poder possa ser desafiado, ou bem 
em razão de sua recente incapacidade de responder às exigências cada vez 
maiores do cidadão, ou ainda pelas duas razões, tenha passado a aceitar, com 
maior naturalidade, esses equivalentes jurisdicionais. De qualquer modo, é 
bem provável que o que se chama hoje de meio alternativo de controvérsia 
perca o adjetivo “alternativo” no futuro, e esteja lado a lado com a jurisdição 
estatal, a solucionar, cada vez mais, as controvérsias de direitos disponíveis 
com mais vigor. 
Jurisdição e competência
O primeiro ponto envolvendo a competência nos Juizados Especiais Cíveis 
tem a ver com a facultatividade. O exercício de direito de ação é facultativo 
para o autor no âmbito dessa forma de justiça. O autor cidadão1 pode optar 
entre ajuizar uma demanda perante a justiça tradicional ou perante os Juiza-
dos Especiais. Mas a determinação da competência envolve uma conjugação 
de critérios e fatores.
1 Como, em regra, a pessoa jurídica não pode ser autora no âmbito dos juizados, podem ser autores a microempresa e o 
condomínio residencial. Mesmo este último para a cobrança de verbas relacionadas à razão de ele existir. 
Institutos processuais 
nos Juizados Especiais Cíveis
32
Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
O primeiro critério envolve a pessoa. Assim como não é qualquer pessoa 
que pode figurar no polo ativo da demanda perante o Juizado Especial, tam-
pouco pode ela ser proposta em face de qualquer um, como preveem as hipó-
teses de cabimento.2 
O segundo vem a ser a matéria. Explicitamente, há causas excluídas do Jui-
zado Especial, notadamente em razão da indisponibilidade do direito material 
em debate, a inviabilizar a conciliação.3 Excluídas determinadas matérias, há, em 
consequência, a exclusão de determinadas pessoas, como é o caso daquelas que 
envolvam os interesses da Fazenda Pública.4
O procedimento vem a ser outro critério definidor da competência. Exceção 
feita à ação possessória em bem imóvel no valor de até quarenta salários mínimos, 
todas as demais hipóteses atinentes ao Juizado Especial Cível cuidam de espécie 
semelhante a do procedimento comum do processo clássico, seja ele ordinário ou 
sumário. Não há total equivalência com o procedimento comum do processo tra-
dicional porque este se biparte em comum ordinário e comum sumário, ao passo 
que o do juizado é único, ora denominado de especialíssimo, ora de sumaríssimo. 
Além disso, o procedimento previsto para o modelo do Juizado Especial Cível 
não prevê, naquele que pede um provimento de cunho condenatório, um pro-
cesso de execução destacado. Ele reúne, no mesmo processo, cognição e execução, 
isto é, uma ação executiva lato sensu, concepção adotada só depois pelo processo 
tradicional. Dito de outra forma: reúne a atividade jurisdicional e jurissatisfativa, na 
nomenclatura cara a Celso Neves (1997, p. 33). Assim, a ação a ser ajuizada, ainda 
que preencha todas as demais condições, pode ser inviabilizada pelo óbice do 
2 Além disso, dispõe o artigo 8.º da Lei 9.099/95: 
Art. 8.º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as 
empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil. 
§1.º Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial:
I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas;
II - as microempresas, assim definidas pela Lei no 9.841, de 5 de outubro de 1999; 
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 
23 de março de 1999; 
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.
§2.º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para afins de conciliação.
3 Lei 9.099/95, artigo 3.º, parágrafo 2.º:
Art. 3.º [...] 
§2.º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da 
Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de 
cunho patrimonial.
4 É sempre bom lembrar que, mesmo neste âmbito, existe a Lei 10.259/2001, instituidora dos Juizados Especiais Cíveis Federais, 
que traz algumas exceções a esta regra geral.
Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
33
procedimento, já que algo que só pode ser buscado por procedimento especial, 
em regra, não tem como tramitar no Juizado Especial.
Há quem veja outro óbice na complexidade da prova.5 Em tais situações, o pro-
cesso deve ser extinto. Assim, antes mesmo de seu ajuizamento, se a questão a 
ser deslindada indicar prova complexa, a causa não tem cabimento no juizado 
(ROCHA, 2000, p. 24). Se ajuizada, a extinção é por sentença sem julgamento de 
mérito (Lei 9.099/95, art. 51, II).
Um último aspecto que precisa ser levado em conta é o do valor em jogo. Na 
generalidade dos casos, o autor não está vedado de ajuizar perante o modelo do 
Juizado Especial Cível demanda que exceda quarenta salários mínimos. Contudo, 
deve estar ciente de que a opção pelo procedimento previsto na lei importará em 
renúncia ao crédito excedente ao limite de quarenta salários mínimos, excetuada a 
hipótese de conciliação (Lei 9.099/95, art. 3.º, §3.º). Apesar disso, as causas cíveis 
enumeradas no artigo 275, II, do Código de Processo Civil (CPC), e possíveis de tra-
mitar perante os Juizados Especiais por força do artigo 3.º da Lei 9.099/95, admi-
tem condenação superior a quarenta salários mínimos e sua respectiva execução, 
perante o próprio Juizado Especial.
Competência de foro
No processo tradicional, competente é o foro do domicílio do réu. Essa é a 
regra geral também com aplicação no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis (Lei 
9.099/95, art. 4.º). Porém, ao lado dessa regraampla, o autor, a seu critério, pode 
também ajuizar sua demanda no local em que o réu exerça atividades profissio-
nais ou econômicas, ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou 
escritório. Essa regra facilitadora para o demandante demonstra a real intenção 
da lei de evitar que exista uma barreira para que as causas cheguem aos juiza-
dos, pondo em equivalência tanto o domicílio do réu como também um local em 
que ele exerça suas atividades, ainda que não principais.
Ao lado disso, tratando-se de obrigação, competente é o juizado do foro do 
lugar onde ela deve ser satisfeita, ao passo que nas ações para reparação de dano 
de qualquer natureza, competente, ao lado da regra geral, é o do domicílio do autor 
ou do local do ato ou fato. 
5 Sobre o que entender por pequena complexidade, vide Ricardo Chimenti (1999, p. 31): “É a real complexidade probatória que 
afasta a competência dos Juizados Especiais.” Lembra o autor que, ao tempo da instituição do mandado de segurança, tentou-se 
confundir a complexidade ligada ao aspecto do direito. Daí que se decidiu, à época, com aplicação à atualidade: “As questões 
de direito, por mais intrincadas e difíceis, podem ser resolvidas em mandado de segurança (RT 254:104)” A regra tem plena 
pertinência no modelo do juizado.
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Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
Por outro lado, o imperativo de celeridade fez com que o juizado impusesse a 
extinção do processo sem julgamento de mérito no caso de incompetência absoluta 
ou relativa. De fato, reconhecida a incompetência territorial ou a incompetência 
absoluta, não há a remessa dos autos ao juízo competente. 
Organização judiciária e juizado
Apesar de toda a mudança que o modelo do juizado representa, não se pode 
ignorar que medidas na seara da organização judiciária dão concretude a esse 
desiderato e que delas depende a eficácia de boa parte das iniciativas trazidas 
pelo modelo. A mudança de mentalidade proposta implica a existência de fun-
cionários e julgadores vocacionados para atuar no modelo do juizado. Com isso, 
se a intenção foi construir uma prestação jurisdicional em novas bases, é aconse-
lhável que os aspectos que a envolvem devam ser renovados. É desejável que o 
local não se misture ao local em que a justiça tradicional é administrada. É preciso 
que os funcionários e julgadores desempenhem suas funções exclusivamente no 
juizado, isto é, não dividam seu tempo de trabalho entre juizado e vara da justiça 
tradicional. 
A autorização para que os atos processuais ocorram em horário além do que o 
processo tradicional prevê teve a preocupação de não prejudicar a rotina dos que 
trabalham, já que um atestado que justifique a ausência nem sempre resolve ou 
traz de volta ao jurisdicionado a parte do dia dedicada às coisas da justiça, sem 
dizer dos profissionais liberais, para quem as horas em audiência são horas não 
trabalhadas. Para que a legitimidade seja plena, a preocupação deve ser também 
com a acessibilidade às turmas recursais, cujos julgamentos, a exemplo dos pro-
feridos pelo juiz monocrático, devem se preocupar com que as pessoas possam 
comparecer e entender como os recursos são julgados. Uma contribuição que 
não pode ser desprezada é a profissionalização da administração do Poder Judi-
ciário.
Ação, os elementos da demanda e suas condições
Aparentemente, pouco haveria de se extrair do confronto entre os elementos 
da demanda no processo tradicional e no modelo do juizado. É conhecida a utili-
dade de se identificar os elementos da demanda, pois isso traz várias consequên-
cias, principalmente reflexos sobre a coisa julgada e a litispendência. 
Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
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É preciso verificar que o Direito Processual Civil permaneceu intocado quanto 
à iniciativa de apresentação da demanda: vige no modelo do Juizado Especial, 
como vige, em regra, em todo o sistema processual, o princípio da demanda, que 
impõe às partes a iniciativa de solicitar a atuação do poder estatal. A observação 
a ser feita para o Juizado Especial é que a precisão dos fatos narrados e a funda-
mentação jurídica do pedido não podem ser analisadas pelo julgador com o rigor 
da técnica processual, sob pena de contrariar tudo aquilo que o juizado significa 
e determina, qual seja: 
oralidade acentuada (possibilidade de apresentação de petição inicial ver- �
balmente); 
inexistência inicial de autos (transcrição dos fatos narrados em um breve �
histórico); 
inexistência de despacho de recebimento; �
simplicidade; �
baixa complexidade dos direitos em jogo, entre outros. �
Transportar mecanicamente os conceitos forjados na ciência processual para 
o modelo do juizado, sem adaptações, é decretar sua morte, é operar esse novo 
modo de fazer justiça de forma atécnica. Por outro lado, ser benevolente na exi-
gência de definição desses elementos também constitui erro grave.
Pelo modo como o modelo do juizado se apresenta, é possível distinguir duas 
situações que têm relação com a apresentação da demanda, com a petição inicial 
e o pedido: 
hipóteses nas quais a inércia da jurisdição é quebrada mediante a apresen- �
tação de pedido formulado por um funcionário da Secretaria ou estagiário, 
isto é, um não advogado, com base em fatos trazidos oralmente pelo autor, 
que são reduzidos a um histórico por esse funcionário; e 
hipóteses nas quais o polo ativo movimenta a jurisdição por meio daquele �
que tem capacidade postulatória, o advogado, um técnico, portanto, que 
deverá observar os requisitos mínimos do modelo que opera. 
A postura do ente estatal frente a essas duas situações distintas deve ser igual-
mente diversa. Não se pode ignorar esse aspecto fundamental, que diz respeito ao 
Princípio da igualdade, notadamente à paridade de armas, o qual pode comprome-
ter aquilo que se aguarda da prestação jurisdicional e frustrar o jurisdicionado.
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Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
Quanto ao pedido em si, ele pode ser oral ou escrito. Desde que não seja pos-
sível determinar, desde logo, a extensão da obrigação, é possível formular pedido 
genérico (Lei 9.099/95, art. 14, §2.º), mas a sentença que o apreciar deve ser, 
necessariamente, líquida (art. 38, parágrafo único). Nada impede que haja pedido 
alternativo ou cumulação de pedidos, desde que os assuntos sejam conexos (art. 
15), já que o limite apenas diz respeito ao valor dos quarenta salários mínimos 
(art. 39) naquelas hipóteses em que a lei prevê.
A defesa, igualmente, pode ser apresentada de forma oral ou escrita, e sem 
advogado nas causas até vinte salários mínimos. Nas causas em que o réu apre-
senta defesa sem o auxílio de um advogado, enfrenta as mesmas dificuldades que 
o autor, sem advogado, enfrenta para apresentar o seu pedido inicial. 
O pedido contraposto pode ser apresentado até mesmo por pessoa jurídica ré 
e deverá estar fundado nos mesmos fatos que constituem o objeto da controvér-
sia (Lei 9.099/95, art. 31).
Pressupostos de admissibilidade 
do provimento jurisdicional
As condições da ação, os pressupostos processuais e os pressupostos de regu-
laridade de procedimento são modernamente agrupados sob a denominação de 
pressupostos de admissibilidade do provimento jurisdicional, já que todos consti-
tuem preliminares à análise do mérito. 
Na prática, portanto, a ausência de um dos citados elementos das menciona-
das categorias impede a análise do meritum. No processo tradicional, a incom-
petência não é causa extintiva do processo, ao passo que no modelo do juizado, 
seja ela absoluta ou relativa, é. O que merece nota é que o fenômeno processual, 
que tanto pode ser estudado sob o ângulo de quem requer a tutela jurisdicional 
como de quem é merecedor dela, implica, no modelo do juizado, uma análise 
quase simultânea pelo órgão jurisdicional, conquanto no plano teórico seja pos-
sível divisarum e outro ângulo ou momento da análise. Explica-se: no processo 
tradicional, a possibilidade de verificar a presença dos pressupostos de admissibi-
lidade do provimento jurisdicional ocorre ao longo da marcha processual, embora 
tudo recomende que o julgador se pronuncie de pronto, na hipótese de verificar 
a ausência de um pressuposto inviável de ser contornado, com a consequente 
extinção do processo sem julgamento do mérito.
Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
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Ao longo da marcha processual, porque o procedimento comum assim autoriza, 
vez que ele se estende no tempo, implicando um maior número de oportunidades 
de o juízo se pronunciar a respeito, é bem verdade que no procedimento comum 
sumário essas oportunidades se reduzem em razão da sua concentração típica. 
Porém, nada se compara com o que ocorre no procedimento especialíssimo que 
preside o processo no modelo do juizado, já que a concentração é ainda maior.
Aquele que requer a tutela, portanto, seja perante o processo clássico, seja 
perante o processo do juizado, tem plena convicção na apreciação do meritum 
causae, pois ninguém apresenta demanda por puro exercício teorético. Assim, a 
verificação da ausência de um pressuposto de admissibilidade do provimento juris-
dicional é motivo de frustração, já que o impasse da vida, com a decretação de 
extinção do processo sem julgamento de mérito, permanece. 
Embora o julgador, uma vez apresentada a demanda perante o juizado, possa 
analisar a presença dos pressupostos de admissibilidade do provimento jurisdicional, 
a verdade é que ele não toma contato com o pedido apresentado de imediato, 
fazendo-o tão somente depois de frustrada a conciliação ou para homologá-la, 
se frutífera. Além disso, a audiência de instrução e julgamento que pode seguir 
imediatamente à de tentativa de conciliação, se frustrada esta, as mais das vezes, 
não ocorre logo depois. 
Em geral, a audiência de tentativa de conciliação, conduzida, em sua maioria, 
por conciliador, não é seguida imediatamente da audiência de instrução e julga-
mento, embora o modelo assim autorize e disponha, salvo se isso não prejudicar 
a defesa.
Assim, é inquestionável que o tempo que medeia entre a apresentação do 
pedido e a análise por quem pode apreciar a presença dos pressupostos de admis-
sibilidade do provimento jurisdicional é considerável e, na hipótese de ausência de 
um pressuposto, a incontornável extinção do processo virá muito tempo depois. 
No caso de conciliação, como já referido, pode-se até cogitar de se deixar de lado 
tal análise e dar força de lei ao acordo de vontades, o que é igualmente polêmico, 
porém afinado com o espírito coexistencial do modelo. Contudo, superada a pos-
sibilidade de conciliação, o decreto de extinção por ausência de um pressuposto 
ou condição da ação gera uma frustração enorme no jurisdicionado que se utiliza 
do processo tradicional, maior ainda naquele que busca o modelo do juizado, 
para quem a simplicidade e informalidade impediriam que isso acontecesse.
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Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
Processo e procedimento
O procedimento é o desenho determinado pela lei para a prática dos atos 
processuais. Ele deve ser respeitado pelo julgador, pois assim é transmitida às 
partes a segurança necessária do que cada uma deve esperar do desenrolar do 
processo.
A distribuição, em pé de igualdade, de faculdades e ônus, obviamente respei-
tada a posição de autor e réu que cada litigante respectivamente assume, tudo 
mediante o estrito cumprimento, pelo juiz, da ordem de sucessão dos atos previs-
tos, é aplicação do devido processo legal no procedimento. 
No Processo Civil brasileiro, o procedimento é rígido, embora a prática dos tri-
bunais mitigue a rigidez excessiva. O pilar dessa rigidez é a preclusão, fundamen-
tal para a superação das fases lógicas e o caminhar para frente do processo. 
Também nessa seara, é rico o paralelo entre processo tradicional e juizado. 
Assim é que as partes, em razão do ônus de comparecimento fixado pelo jui-
zado, caso não compareçam à audiência de tentativa de conciliação, põem tudo 
a perder, com o autor tendo seu pedido extinto sem julgamento do mérito caso 
seja ele o ausente, e o réu, em caso de revelia, veja o pedido do autor acolhido, 
desde que do contrário não resulte dos autos. 
Nos Juizados Especiais Cíveis, a concentração dos atos não admite que as 
questões decididas em audiência fiquem cobertas pela preclusão, pois em tais 
hipóteses, ainda que a audiência seja cindida no tempo, deve ser lembrado que 
ela é um ato complexo, de modo que a questão decidida poderá ser atacada no 
bojo do recurso que for interposto contra a sentença que fatalmente virá. 
Cautelares e antecipação de tutela
O silêncio acerca do cabimento das medidas cautelares e da tutela antecipada 
não significa que o modelo do juizado não as abone, já que com elas, constitu-
cionalmente, a promessa de apreciar toda lesão ou ameaça de lesão a um direito 
torna-se completa. O Processo Civil moderno busca a aproximação entre os ins-
titutos da cautelar e do pedido de antecipação de tutela, com o intuito de operar 
melhor o sistema. Ambas fazem parte do gênero tutela de urgência.
Institutos processuais nos Juizados Especiais Cíveis
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Procedimentos especiais e Juizados Especiais
Ao consagrar para o processo de conhecimento um procedimento único, o 
modelo do Juizado Especial Cível manteve-se fiel ao critério da simplicidade. Ou 
seja, o procedimento do modelo do juizado, por alguns rotulado de sumaríssimo, 
por outros de especialíssimo, é único em todas as acepções do termo.
Único porque é um só, já que na análise comparativa com o processo tradicio-
nal não existe, no modelo do juizado, a bipartição entre procedimento comum 
e especial, tampouco a divisão em ordinário e sumário. Único também porque 
é um procedimento exclusivo do juizado. Apesar de uma ou outra semelhança 
com algum ato do procedimento comum sumário do processo tradicional, com 
ele não se confunde e o procedimento do juizado tem uma identidade cujos atos 
previstos remetem a tudo o que o modelo preconiza (oralidade, concentração, 
informalidade, entre outros traços característicos). Daí ser voz corrente que os 
procedimentos especiais não têm lugar no modelo do juizado, inclusive o pro-
cesso monitório. Há quem ressalve que a inviabilidade do prosseguimento de 
demanda regida por procedimento especial só se dá se infrutífera a conciliação 
(CHIMENTI, 1999, p. 36), em fidelidade ao real propósito buscado nesse modo de 
fazer justiça.
Ampliando seus conhecimentos
Diagnóstico dos Juizados Especiais, disponível no site da Reforma do Judiciário 
do Ministério da Justica: <www.mj.gov.br/reforma/>.
Juizado Especial e audiência
O modelo do Juizado Especial Cível prefere a nomenclatura sessão de con-
ciliação para o momento em que a conciliação é tentada (Lei 9.099/95, art. 
21), destacando-a da audiência de instrução e julgamento, momento subse-
quente na hipótese de frustrada a conciliação e não instituído o juízo arbitral 
(art. 27). Não trabalha o juizado, portanto, com duas audiências. O certo é que 
o modelo reconhece que a concentração ajuda para que haja celeridade e, 
fiel a esse entendimento, inexitosa a sessão de conciliação e descartada a via 
arbitral, autoriza a audiência de instrução e julgamento tão logo encerrada a 
tentativa de compor o conflito. Mas o próprio modelo reconhece que a audi-
ência de instrução e julgamento que ocorra imediatamente depois da tenta-
tiva de conciliação pode prejudicar o direito das partes, notadamente o do 
réu, razão pela qual ressalva que ela só tem lugar imediatamente depois da 
sessão de conciliação desde que não resulte em prejuízo para a defesa. Desse 
modo, fica aberta a possibilidade de haver a adaptação às peculiaridades 
locais, decidindo-se se é caso de haver

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