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Resolução casos práticos de Direito Administrativo I

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Resolução casos práticos de Direito Administrativo I 
Tópicos e conteúdos admissíveis (aflorados na aula). 
Caso Prático1 
a) Órgãos singulares e colegiais: são órgãos “singulares” aqueles que têm apenas 
um titular; são “colegiais” os órgãos compostos por dois ou mais titulares. O órgão 
colegial na atualidade tem, no mínimo, três titulares (Presidente, Vogal e Secretário), e 
deve em regra ser composto por número ímpar de membros. Atribuições (conjunto de 
fins ou de interesses públicos que a lei incumbe uma determinada pessoa coletiva 
pública de prosseguir - tipos: atribuições múltiplas, como por exemplo, autarquias locais 
e atribuições especializadas, como os institutos públicos - IGESPAR – ou as empresas 
públicas - A Parpública) e Competências (artigos 36º-43º do CPA – conjunto dos 
poderes legalmente atribuídos a um órgão ou conjunto de poderes funcionais que a lei 
confere para a prossecução das atribuições das P.C.P. - v.g., autorizar, nomear, 
contratar, punir ou sancionar). Legitimação (qualificação específica para um órgão 
exercer um poder ou um a sua competência numa situação concreta). Fatores ou 
elementos de legitimação: a investidura do titular do órgão; a autorização para a prática 
de um ato (na relação entre a câmara municipal e a assembleia municipal – autorização 
constitutiva de legitimação); o impedimento do titular do órgão (art. 69.º do CPA); e a 
falta de quórum nos órgãos colegiais (“fração ou percentagem mínima do número legal 
de membros do órgão colegial cuja presença é necessária na reunião para que possam 
ser votadas as deliberações”), pelo que a falta de quórum implica a falta de 
legitimação do órgão para decidir na situação concreta. 
Art. 29.º do CPA – análise. Note-se que há leis, como a lei das autarquias locais, em 
que se distingue entre quórum de funcionamento (os órgãos só podem reunir com a 
presença da maioria do número legal do número legal dos seus membros) e quórum de 
deliberação. Há, assim, que destrinçar entre um quórum de funcionamento e um 
quórum de deliberação - os quais muitas vezes coincidem, mas podem ser diferentes, 
nomeadamente quando a lei se basta, para o órgão poder começar a funcionar, com um 
número de presenças inferior ao exigido para que o mesmo órgão possa deliberar. No 
CPA apenas está previsto o quórum de deliberação. 
As deliberações seriam nulas, nos termos do art. 161.º, n.º 2, h), do CPA. 
 
b) 1.º tópico: violação do art. 24.º/4, do CPA; 2.º tópico: violação do art. 24.º/3; 3.º 
tópico: violação do art. 25.º/1; 4.º tópico: violação dos arts. 26.º/1 (exceção no 
n.º 2) e do 31.º/1. 
c) Cfr. o Art. 31.º/2 e 3 (escrutínio secreto). Empate: art. 33.º do CPA. 
d) Cfr. o Art. 32.º. Não seria válida. Caraterísticas da competência: 
imodificabilidade, irrenunciabilidade e inalienabilidade, por serem poderes de 
ordem pública, funcionalizados à realização de interesses públicos, que têm base legal. 
A competência pode ser definida por lei e regulamento (art. 36.º/1). Sanção é a 
nulidade: art. 36.º/2. O Presidente pode reagir nos termos do art. 21.º/4 (esta norma tem 
também consagração no art. 55.º, n.º 1, e), do CPTA). 
e) Cfr. o Art. 21.º/3. 
 
Caso Prático2: 
1.1 A distinção entre vinculação e discricionariedade. Vinculação e 
discricionariedade como momentos de complementaridade antagónica de uma mesma 
realidade, que se verificam em todos os actos administrativos. Aproximação à noção 
de discricionariedade, enquanto conceito amplo que aponta para um espaço de 
avaliação e decisão da responsabilidade da Administração, decorrente de uma 
indeterminação legal (conceitual ou estrutural) e susceptível apenas de um controlo 
atenuado pelo juiz, englobando, 
- as faculdades (diretas) de ação (indicadas pelo elemento deôntico de 
“pode”), 
- os espaços de apreciação na aplicação de conceitos imprecisos de tipo, 
- as prerrogativas administrativas de avaliação, que a lei processual designa 
agora como dimensões decisórias que impliquem a “formulação de valorações próprias 
do exercício da função administrativa” (artigo 71.º, n.º 2 do CPTA). 
1.2 a existência de uma situação de indeterminação concessora de 
discricionariedade resulta da interpretação das leis habilitadoras (tendo em conta, 
designadamente, o tipo de tarefa e a função do poder discricionário e a ligação entre 
conceitos imprecisos na hipótese e faculdades de acção na estatuição legal). 
Para percebermos o significado desta ideia é necessário termos em atenção a 
estrutura da norma atributiva de poderes discricionários. Tipicamente, a norma é 
constituída por duas partes: uma hipótese e uma estatuição. A hipótese, que fixa os 
pressupostos da atuação da administração, contém uma descrição típica de uma situação 
da vida (recorta uma situação da vida social: “se houver perigo de ruina… em caso de 
perigo de saúde pública…perante condições meteorológicas adversas…); a estatuição 
inclui as medidas ou providências que o destinatário deve adotar perante a verificação, 
em concreto, dessa situação (trata-se da consequência: “pode a autoridade 
administrativa ordenar a demolição….proceder à destruição de bens alimentares 
apreendidos….suspender a circulação rodoviária) – trata-se, portanto, da escolha do 
conteúdo do ato e das consequências jurídicas. 
Entre a estatuição e a hipótese há um elemento de ligação que define o sentido 
do dever (devido, autorizado, proibido). O elemento de ligação entre a hipótese e a 
estatuição (functor deôntico): o devido (deve), o permitido/autorizado (pode) e o 
proibido. Ora, não há dúvida de que estamos perante a concessão de poder 
discricionário quando a norma jurídico-administrativa tiver uma natureza facultativa, 
isto é, quando o elemento de ligação for um “pode”, caso em que estaremos perante 
normas autorizativas (elemento deôntico “pode”, o que significa que a autoridade 
administrativa pode fazer A, como pode não fazer A); ou quando a estatuição 
compreender medidas em alternativa (A, B ou C). Nestas situações de indeterminações 
estruturais, a discricionariedade é essencialmente um problema de escolha do 
conteúdo, uma vez que o que está em causa é: 
a) Utilizar ou não utilizar a medida contida na estatuição – norma 
autorizativa (A ou não A), havendo aqui discricionariedade de decisão; 
b) Escolher uma das medidas pré-ordenadas na estatuição – norma com 
medidas ou faculdades alternativas (A, B ou C), havendo aqui 
discricionariedade de escolha (discricionariedade como escolha de 
soluções) 
 
Podemos, por isso, dizer que este é o âmbito natural da discricionariedade – 
não dúvidas de que ela existe nestes casos. 
 
 
2. A natureza do poder discricionário 
A partir das considerações feitas, podemos agora acentuar os aspectos 
relevantes que caracterizam o poder discricionário: 
2.1 Por força do subprincípio da precedência de lei, a discricionariedade é 
uma concessão legislativa, determinada por interpretação da norma, e não um 
poder originário da Administração. É uma concessão legislativa à AP de um poder 
próprio para encontrar a melhor solução na decisão de casos concretos. Princípio 
da competência que rege a atuação pública (“aquilo que não for permitido, é proibido”) 
contrasta com o princípio da liberdade e autonomia, que rege a actuação dos particulares 
(“aquilo que não é proibido, é permitido”). 
2.2 A discricionariedade exprime a autonomia do poder administrativo, que 
tem legitimidade própria no contexto das restantes funções do Estado. A 
discricionariedade foi construída no contexto da teoria do ato administrativo, isto é, 
em relação às decisões individuais e concretas de aplicação de normas legais. 
2.3 Apesar de constituir um instrumento de engrandecimento do poderda AP, a 
discricionariedade não é um “mal necessário” que deva ser reduzido ao mínimo 
possível, desempenha um papel positivo, quer para a realização do interesse público, 
quer para a protecção dos direitos e interesses dos particulares — as funções de 
adaptação, técnica, de planeamento, de cooperação económica e de gestão exigem 
discricionariedade autêntica. Por isso, hoje proliferam diversos tipos especiais: a 
discricionariedade regulamentar; no direito do urbanismo, a discricionariedade de 
planeamento (maior liberdade conformadora da Administração, perante normas-fim, 
através de conceitos indeterminados); no direito fiscal, a admissibilidade da 
concretização administrativa dos conceitos legais indeterminados para quantificação 
da matéria colectável; no direito administrativo da economia, a discricionariedade 
atribuída à AP para estímulo e incentivo aos agentes económicos, no contexto da 
execução de directivas político-estratégicas de governo. 
 
2.4 Note-se que a discricionariedade é um espaço funcional e materialmente 
jurídico, onde a administração tem de, em maior ou menor grau, concretizar a lei (o 
fim legal), actuando segundo princípios jurídicos (igualdade, imparcialidade, justiça, 
proporcionalidade, boa fé, que implicam ainda a racionalidade e a proibição do arbítrio) 
e estritamente vinculada pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. 
2.5 O poder discricionário é um poder de escolha ou de avaliação, 
implicando uma responsabilidade própria que se reflecte directamente na fixação dos 
efeitos da decisão. O que abrange? Pode haver discricionariedade quanto à tomada ou 
não da decisão (o “an”), quanto ao conteúdo da decisão e meios a utilizar (o 
“quid”), quando ao momento da tomada da decisão (o “quando”), quanto ao modo 
de produção dos efeitos jurídicos da decisão (o “quomodo”) – AFONSO QUEIRÓ. 
Portanto, a discricionariedade, em sentido amplo, pode incluir todos os espaços de 
escolha conferidos por lei aos órgãos administrativos (espaços de escolha organizativos, 
procedimentais e formais), mas, em sentido estrito, a discricionariedade diz respeito às 
escolhas substantivas, isto é, ao conteúdo das decisões. 
 
 
3. O problema do âmbito ou extensão da discricionariedade. 
Frequentemente, as normas legais fazem uso de conceitos cujo conteúdo não é 
de antemão determinável, deixando uma margem de imprecisão que tem de ser vencida 
pelo intérprete. Conceitos como interesse público, bem comum, equilíbrio do 
mercado, conveniência de serviço, soluções e medidas estruturais adequadas, 
perigo para a saúde pública. A questão que se coloca é a de saber se a AP também 
dispõe de poderes discricionários naquelas situações em que a lei utiliza conceitos 
indeterminados, designadamente na estatuição da norma, mas também na hipótese da 
norma (o “Tatbestand”, o que se pode revelar altamente problemático, já que aí a 
autoridade administrativa pode definir os pressupostos da sua actuação e, em último 
termo, da decisão final). A análise do caso concreto – em especial a distinção, no 
contexto dos conceitos indeterminados, entre conceitos classificatórios, conceitos 
imprecisos de tipo e conceitos subjectivos. Para tanto, é necessário analisar as 
categorias de conceitos utilizados para verificar se existe discricionariedade. 
 
Tradicionalmente, as primeiras posições eram bem estremadas: por um lado, as 
teorias do controlo total (RUPP), que negavam a existência de discricionariedade na 
aplicação de conceitos legais indeterminados (o que significa que o preenchimento de 
conceitos indeterminados era visto como um problema de interpretação que podia ser 
refeito totalmente pelos tribunais) e, por outro, as teorias da discricionariedade 
(LAUN), que afirmavam que toda a indeterminação legal implicava discricionariedade, 
estando excluído o controlo intrínseco pelo juiz (reexame), ou seja, o juiz ficava 
impedido de reconstruir o juízo valorativo do conceito empreendido pela AP. 
Atualmente, tais construções evoluíram para posições moderadas: as teorias 
da discricionariedade admitem a existência de alguns conceitos legais indeterminados 
susceptíveis de controlo intrínseco pelo juiz (reexame) e as teorias do controlo total 
reconhecem conceitos concessores de discricionariedade na estatuição da norma e 
aceitam, em relação a casos circunscritos de conceitos indeterminados na hipótese 
legal, a existência de uma margem de livre apreciação, isto é, a recondução da 
situação concreta ao esquema fixado por interpretação, que o juiz deve respeitar (teoria 
da folga ou margem de apreciação – OTTO BACHOF). A operação da subsunção 
devidamente enquadrada pode deixar alguma margem ou folga de apreciação (“em caso 
de inundação grave…; em caso de perigo para o trânsito…) – quem está em condições 
de melhor interpretar e saber se há perigo ou é grave é a AP, cujos serviços exercem 
funções especializadas e se encontram no terreno perante a autoria das circunstâncias 
concretas. De enorme relevância é, também, a teoria da prerrogativa de avaliação 
(WOLFF): o tribunal não pode refazer a interpretação feita pela AP quando ela exija uma 
apreciação especial dos factos, designadamente quanto a aspetos técnicos e ou 
valorativos que envolva ou quanto à sua evolução futura (no fundo, não faz sentido 
substituir um juízo técnico e/ou deontológico da Administração por outro juízo 
técnico/deontológico do juiz). 
 
Portanto, a concessão de poderes discricionários à AP pode resultar de 
situações de abertura ou indeterminação das normas, quer se encontrem: no lado da 
estatuição da norma, formulada como preceito de possibilidade ou como faculdade de 
ação, ou no lado da hipótese, através da utilização de conceitos indeterminados. Mais 
especificamente, quanto ao problema de saber se os conceitos indeterminados utilizados 
pela lei concedem, ou não, um espaço discricionário, temos que excluir: 
 
a) os conceitos classificatórios, que são conceitos determináveis por remissão 
para juízos de experiência comum (“urgência imperiosa”) ou de uso de institutos 
jurídicos (“propriedade”, “funcionário público”, “parecer”), ou de conceitos de ciências 
exactas ou em relação aos quais se verifique um consenso científico (“substância 
tóxica”, “plataforma eletrónica”) — porque aí a indeterminação normativa não existe ou 
se resolve por via interpretativa (hermenêutica). São aquilo que se pode chamar de false 
friends e, portanto, não concedem poderes discricionários. 
 
Pelo contrário, conferem discricionariedade os: 
b) conceitos subjetivos (“abastecimento adequado dos mercados”, “ordem 
pública”, “conveniência de serviço”, “interesse nacional”), que, pela sua extrema 
abertura ou vastidão, em regra associada a faculdades de acção concedidas pelo 
legislador, têm de ser entendidos como “delegações no poder administrativo”. 
c) conceitos imprecisos tipo, que remetem a AP para juízos de valor da sua 
própria responsabilidade (há “margem de livre apreciação”, “prerrogativa de avaliação” 
ou um “espaço de decisão” próprio da Administração): 
1) utilização pela lei de conceitos indeterminados de valor no âmbito de 
juízos sobre aptidões pessoais (“juristas de reconhecido mérito”) ou de avaliações 
técnicas especializadas (“reabilitação de qualidade do edificado; “terreno com aptidão 
agrícola”; “adequada integração no respeito pela volumetria e morfologia existentes na 
zona”; “incapacidade permanente para o trabalho”); 
2) decisões que implicam juízos com elementos determinantes de prognose 
(“perigo para a saúde pública”; “perigo para o trânsito”; “necessidades do mercado”; 
“ameaça de ruína”); 
3) casos que obriguem a ponderação de interesses complexos (v.g., decisão 
sobre a localizaçãode um aeroporto, de uma co-incineradora, de uma ponte ou de uma 
barragem); 
4) decisões com consequências políticas (v.g., a autorização para a realização 
de uma oferta pública de aquisição de ações de um banco em fase de reprivatização; a 
recusa de um visto para a entrada no país de uma personalidade de relevo internacional 
ou de concessão de asilo). 
 
4. No caso prático em apreço, relativo à opção entre o procedimento de 
concurso público – procedimento regra ou preferencial – e os procedimentos de 
concurso aberto a candidatos especialmente qualificados ou de ajuste directo, 
parece estar sobretudo em causa o recurso, na hipótese, a verdadeiros conceitos 
subjectivos (interesse nacional) e a conceitos imprecisos tipo que remetem para 
avaliações técnicas especializadas, implicando ainda com juízos de prognose e com a 
ponderação de interesses complexos (se a estratégia definida para o sector o exigir ou 
quando a situação económico-financeira da empresa o recomendar) associados, na 
estatuição, a faculdades (directas) de acção (indicadas pelo elemento deôntico 
“pode”) – o processo da reprivatização referido no número anterior poderá – 
mitigadas por conceitos subjectivos – a título excepcional. 
 
5. Os problemas da discricionariedade colocam-se no quadro das relações 
tripolares “Legislador-Administração-Juiz”. Na zona da discricionariedade (de 
apreciação ou de decisão) há uma repartição de competências entre a Administração e o 
juiz: a autoria dos actos e a inerente responsabilidade pela prossecução do interesse 
público cabem à AP; a fiscalização da conformidade ou compatibilidade da actuação 
administrativa com as normas legais e os princípios jurídicos a que está submetida 
(“juridicidade”) compete aos tribunais. Contudo, estes não julgam da conveniência e 
oportunidade (do “mérito”) dessa atuação. 
Assim, o dispõe o artigo 3.º, n.º 1 do CPTA: os tribunais administrativos, em 
cumprimento do princípio da separação e interdependência dos poderes, “julgam do 
cumprimento pela Administração das normas e princípios jurídicos que a vinculam 
e não da conveniência ou oportunidade da sua atuação”. Deste modo: 
a) o exercício de poderes discricionários é susceptível de fiscalização, mas não 
de reexame pelo juiz: além do desvio de poder (utilização da competência para fim 
diverso do fim legal, designadamente para prosseguir interesse privado) e do erro 
de facto (se a AP baseou a sua decisão em factos inexistentes ou falseados) são 
controláveis, igualmente, o erro manifesto de apreciação (quando se torna evidente 
que a AP valorou erradamente ou qualificou juridicamente, de forma incorrecta, 
os factos) e, em geral, a compatibilidade da “vontade decisória” com os princípios 
jurídicos constitucionais que regem a actividade administrativa. De elevada relevância 
é a fundamentação da decisão administrativa, que permite controlar os “motivos” em 
que se funda a escolha do conteúdo da decisão. 
 
b) O controlo da discricionariedade é atenuado. Contudo, o juiz pode condenar 
a Administração na prática de actos administrativos, bem como na adopção ou 
abstenção de comportamentos ou na realização de prestações, mas só na medida em 
que tal resulte de uma imposição legal ou de um princípio jurídico nas circunstâncias 
específicas da situação concreta – a vinculação jurídica pode resultar da “redução da 
discricionariedade a zero”, quando, apesar de haver à partida um espaço de valoração 
ou decisão próprio da Administração, a apreciação do caso concreto permita identificar 
uma única solução como juridicamente possível. 
 
Caso Prático n.º 3 
Tópicos 
1 – Aproximação ao conceito de discricionariedade. 
2 – Natureza jurídica: a discricionariedade como uma concessão legislativa à 
Administração de um poder próprio na decisão de casos concretos. 
3 – Âmbito do poder discricionário (hipótese, estatuição, elemento de ligação; 
teorias da discricionariedade, do controlo total e da folga ou margem de apreciação; 
conceitos classificatórios, subjetivos e imprecisos tipo). 
4 – Vinculação e discricionariedade como momentos de complementaridade 
antagónica de uma mesma realidade, que se verificam nas decisões administrativas. 
Numa análise atenta, verifica-se que são utilizados conceitos subjetivos, como “a título 
excecional”, mitigados com conceitos indeterminados de valor no âmbito de 
avaliações técnicas especializadas e de juízos de prognose (“quando ocorra grave 
perigo para o trânsito rodoviário” ou “se realizem obras urgentes”), tratando-se da 
utilização de conceitos indeterminados na hipótese da norma – o problema da 
administração determinar os pressupostos da sua própria atuação. 
Entre a hipótese e a estatuição da norma observa-se a existência de faculdades 
(diretas) de ação (indicadas pelo elemento deôntico “pode”). Na estatuição, a utilização 
de conceitos subjetivos, tratando-se de medidas de carácter proibitivo temporário. 
5 – O controlo do poder discricionário. Independentemente do meio processual, o 
controlo (atenuado) pelo juiz da conformidade ou compatibilidade dessa atuação 
administrativa com as normas e os princípios jurídicos que a vinculam. 
O exercício de poderes discricionários é suscetível de fiscalização (mas não de 
reexame) pelo juiz: além do desvio de poder e do erro de facto, são controláveis o 
erro manifesto de apreciação e, em geral, a compatibilidade da “vontade decisória” 
com os princípios jurídicos constitucionais da actividade administrativa. 
Obrigatoriedade de fundamentação dos actos administrativos como importante 
garantia jurídica. No caso em apreço, em causa está o erro de facto (1.º argumento da 
empresa); o erro manifesto de apreciação e a violação do princípio da 
proporcionalidade (2.º argumento da empresa). 
 
 
 
 
Caso Prático n.º 4 
Tópicos 
1 – Aproximação ao conceito de discricionariedade. 
2 – Natureza jurídica: a discricionariedade como uma concessão legislativa à 
Administração de um poder próprio na decisão de casos concretos. 
3 – Âmbito do poder discricionário. 
4 – Vinculação e discricionariedade como momentos de complementaridade 
antagónica de uma mesma realidade, que se verificam nas decisões administrativas. In 
casu, vinculação em relação aos aspectos das alíneas a) e d); discricionariedade 
relativamente aos aspectos das alíneas b) e c). Numa análise mais atenta, verifica-se 
que, na alínea c), são utilizados conceitos subjetivos, como “interesse para o 
município”, mitigados com conceitos indeterminados de valor no âmbito de 
avaliações técnicas especializadas (“qualidade ambiental do projecto”); na alínea b), 
registam-se conceitos indeterminados de valor no âmbito de avaliações técnicas 
especializadas e de ponderação de interesses complexos (“aspeto exterior e a inserção 
urbana e paisagística das edificações”). Entre a hipótese e a estatuição da norma 
observa-se a existência de faculdades (diretas) de ação (indicadas pelo elemento 
deôntico “pode”). 
5 – O controlo do poder discricionário. Independentemente do meio processual, o 
controlo (atenuado) pelo juiz da conformidade ou compatibilidade dessa atuação 
administrativa com as normas e os princípios jurídicos que a vinculam. 
O exercício de poderes discricionários é suscetível de fiscalização (mas não de 
reexame) pelo juiz: além do desvio de poder e do erro de facto, são controláveis o erro 
manifesto de apreciação e, em geral, a compatibilidade da “vontade decisória” com os 
princípios jurídicos constitucionais da actividade administrativa. Obrigatoriedade de 
fundamentação dos actos administrativos como importante garantia jurídica. O juiz 
pode condenar a Administração na prática de atos administrativos (bem como na adoçãoou abstenção de comportamentos), desde que tal resulte necessariamente de uma 
imposição legal ou de um princípio jurídico na situação concreta. 
 
 
 
 
 
Caso Prático n.º 5 
Tópicos 
1 – Aproximação ao conceito de discricionariedade. 
2 – Natureza jurídica: a discricionariedade como uma concessão legislativa à 
Administração de um poder próprio na decisão de casos concretos. 
3 – Âmbito do poder discricionário. 
4 – Vinculação e discricionariedade como momentos de complementaridade 
antagónica de uma mesma realidade, que se verificam nas decisões administrativas. In 
casu, vinculação segura em relação aos aspectos das alíneas a) e d); 
discricionariedade aparente relativamente aos aspectos das alíneas b) e c). Numa 
análise mais atenta, verifica-se que, na alínea b), os conceitos “circunstâncias 
imperiosas e propriedade” podem ser tidos como conceitos classificatórios, que não 
conferem discricionariedade; já os conceitos de “defesa pessoal e razões 
profissionais” podem, no limite, ser tidos como conceitos indeterminados de valor no 
âmbito de juízos sobre aptidões pessoais. No âmbito do licenciamento de uso e porte 
de arma, o juízo sobre a idoneidade do requerente pode exigir avaliações técnicas 
especializadas sobre aptidões pessoais [c)]. Entre a hipótese e a estatuição da norma 
observa-se a existência de faculdades (diretas) de ação (indicadas pelo elemento 
deôntico “pode”). 
5 – O controlo do poder discricionário. Independentemente do meio processual, o 
controlo (atenuado) pelo juiz da conformidade ou compatibilidade dessa atuação 
administrativa com as normas e os princípios jurídicos que a vinculam. 
O exercício de poderes discricionários é suscetível de fiscalização (mas não de 
reexame) pelo juiz: além do desvio de poder e do erro de facto, são controláveis o 
erro manifesto de apreciação e, em geral, a compatibilidade da “vontade decisória” 
com os princípios jurídicos constitucionais da actividade administrativa. 
Obrigatoriedade de fundamentação dos actos administrativos como importante 
garantia jurídica. O juiz pode condenar a Administração na prática de actos 
administrativos (bem como na adoção ou abstenção de comportamentos), desde que tal 
resulte necessariamente de uma imposição legal ou de um princípio jurídico na situação 
concreta (o contencioso administrativo português é de jurisdição plena). 
 
 
Caso Prático6: 
a) Enquadrar nos conceitos de órgão administrativo e competência. 
Caraterísticas da competência e critérios de definição de competência. A 
competência territorial. O problema dos conflitos de competência territorial – Cfr. e 
analise os Arts. 40.º e 39.º. 
b) Legitimação (qualificação específica para um órgão exercer um poder ou 
um a sua competência numa situação concreta). A falta de quórum nos órgãos colegiais 
(“fração ou percentagem mínima do número legal de membros do órgão colegial cuja 
presença é necessária na reunião para que possam ser votadas as deliberações”) implica 
a falta de legitimação do órgão para decidir na situação concreta. 
Art. 29.º do CPA – análise. Pode a lei distinguir entre quórum de funcionamento 
(os órgãos só podem reunir com a presença da maioria do número legal do número legal 
dos seus membros) e quórum de deliberação. Há, assim, que destrinçar entre um 
quórum de funcionamento e um quórum de deliberação - os quais muitas vezes 
coincidem, mas podem ser diferentes, nomeadamente quando a lei se basta, para o órgão 
poder começar a funcionar, com um número de presenças inferior ao exigido para que o 
mesmo órgão possa deliberar. No CPA apenas está previsto o quórum de deliberação. 
No caso em apreço, a deliberação seria nula, nos termos do art. 161.º, n.º 2, h), do 
CPA. 
c) e d) Análise da figura da delegação de competências 
Noção: ato pelo qual um órgão administrativo, especificamente autorizado pela lei, 
permite que a sua competência para a prática de atos jurídicos seja exercida por outro 
órgão, da mesma pessoa coletiva. 
Com base no regime jurídico estabelecido nos artigos 44.º a 50.º do CPA, conclui-se 
que delegação tem a natureza jurídica de uma concessão constitutiva, na medida em 
que o ato do delegante qualifica o delegado para o exercício, em nome próprio, de 
uma competência alheia. Relação entre Câmara (órgão delegante) e o Presidente (órgão 
delegado); e entre o Presidente (órgão delegante) e o Vereador (subdelegado). A 
Subdelegação é muito relevante porque alivia os órgãos dirigentes do excesso de 
poderes e responsabilidades que se concentram nas suas mãos. 
 
Regime jurídico da delegação de competências: 
1 – A possibilidade da delegação de poderes depende de a lei a prever – habilitação ou 
autorização legal (art. 44.º/1). Sem essa autorização, a delegação corresponde à 
renúncia de competências, pelo que é nula (art. 36.º/2). 
2 – A delegação carece, para se tornar operativa, de um ato de delegação de poderes 
(art. 44.º/1), praticado pelo delegante. 
3 – A lei admite a possibilidade de uma competência delegada ser subdelegada (art. 
46.º). Em princípio, não é necessária autorização da lei, o que é necessário é que a lei 
não proíba uma subdelegação e que o delegante tenha autorizado o delegado a 
subdelegar. 
4 – Do ponto de vista do conteúdo, o delegante deve especificar os poderes que são 
delegados, mencionar a norma atributiva do poder delegado e aquela que habilita o 
órgão a delegar (art. 47.º/1). Visa-se, assim, impedir “delegações genéricas” - art. 45.º 
a). 
5 – Os atos de delegação e de subdelegação estão sujeitos a publicação, nos termos do 
art. 47.º, n.º 2, sob pena de ineficácia. 
6 – A lei exige que o subdelegado faça menção da sua qualidade no uso de 
subdelegação (art. 48.º). Esta exigência é importante para se determinar os meios de 
reação contra o autor dos atos jurídicos praticados. 
d) Como se estabelece a relação entre o delegante e o delegado? O ato de delegação 
cria entre o delegante e o delegado uma relação jurídica nova: 
1) A delegação cria para o delegado o poder-dever de exercer a competência 
delegada; 
2) Por sua vez, o órgão delegante pode emitir diretivas ou instruções vinculativas 
para o delegado sobre o modo como devem ser exercidos os poderes delegados (art. 
49.º/1). Note-se que isso não significa determinar o conteúdo do ato a praticar, que é 
escolhido pelo delegado; 
3) O órgão delegante tem o poder de avocar, bem como o de anular, revogar ou 
substituir o ato praticado pelo delegado ao abrigo da delegação (art. 49.º/2). Com a 
avocação, preclude-se a competência do órgão delegado, mas apenas em relação ao caso 
abrangido (ou seja, trata-se de avocação da decisão na matéria delegada); 
4) O órgão delegante tem o poder de revogar os atos do delegado, como vimos, 
mas também o poder de revogar o próprio ato de delegação – art. 50.º a). Mas além 
disso, a delegação pode extinguir-se por anulação e por caducidade. Por força da 
caducidade, os efeitos da delegação esgotam-se, desde logo em razão da mudança de 
titulares do órgão delegante – art. 50.º, b). Isso é assim porque, entre nós, a delegação de 
competências é considerada um ato intuitus personae, isto é, um ato funcionalmente 
alicerçado numa relação de confiança pessoal entre o delegante e o delegado; 
5) Uma última nota tem que ver com as impugnações administrativas: nos termos 
do art. 199.º/2, cabe recurso para o delegante dos atos praticados pelo delegado, mas 
desde que haja expressa previsão legal.

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