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livro tecnologia farmacêutica

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 3
TÉCNICA 
FARMACÊUTICA E 
FARMÁCIA GALÉNICA 
I Volume 
4- Edição 
 
 
 
 
 
 
 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 13
 
Preâmbulo 
Circunstâncias várias concorreram para que fosse ganhando corpo a ideia de escrever este 
livro sobre Técnica Farmacêutica e Farmácia Galénica. 
E como era por demais sensível a falta de um ic\lo no nosso próprio idioma sobre estas 
disciplinas basilares do curriculum cios estudos farmacêuticos, não quisemos esquivar-nos, uma 
vez equacionada a possibilidade da sua publicarão, a tentar converter em realidade um tão 
aliciante projecto. 
Por is.so, assegurada a sua edição pêlos competentes serviços da benemérita Fundação 
Calouste Gulbenkian, lançámo-nos. entusiasticamente, na realizarão da tarefa que nos 
propuséramos levar a cabo. guiados pela ideia de sermos ti l ei s aos estudantes e aos nossos 
colegas. 
No entanto, se bem que ao iniciarmos a feitura deste livro tivéssetnos a consciência das 
dificuldades com que iríamos deparar, a verdade é que elas se revelaram, à medida que 
prosseguia o trabalho, bem custosas de tornear. 
De facto, os assuntos relacionados com a Técnica Farmacêutica e a Farmácia Galénica são 
hoje Ião vastos e multiformes que se tornou, em certos casos, extremamente difícil concatená-los 
de modo a dar-lhes uma forma harmoniosa e equilibrada. 
Poderá ta/vê: parecer que a obra agora apresentada se In um tatuo extensa e excessivamente 
pormenorizada em certos capítulos. A razão disso filia-se, porem, f i o carácter que pretendemos 
emprestar a este livro, que foi escrito com a dupla finalidade de servir de texto a estudantes e 
poder, simultaneamente, interessar aos pós-gradtiados. 
Exactamente por causa da sua vastidão e variedade dos tópicos nele tratados, admitimos, 
francamente, que este livro não fera saído tão perfeito quanto desejávamos que ele se 
apresentasse. Por isso, .serão bem acolhidas todas as críticas e sugestões tendentes a aperfeiçoá-
lo, se algum dia viermos a ter oportunidade para o fazer. 
É-m>s particularmente graio reconhecer, neste momento, que um dos principais motivos que 
nos levou a escrever este manual foi o caloroso incitamento que alguns categorizados colegas nos 
dispensaram, fcsie fado contribuiu para que nunca nos sentíssemos desamparados e se não fosse os 
estímulos deles recebidos, a ajuda que nos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
 
deram e os sábios conselhos que nos prodigalizaram talvez não tivéssemos »hegado ao fim. E se 
apesar de tudo alguma deficiência houver que apontar nas páginas que se seguem, a culpa é 
exclusivamente nossa, que não soubemos apreender convenientemente aquilo que outros nos 
transmitiram correctamente. 
Resta-nos agradecer a todos quantos directa ou indirectamente concorreram, de algum modo, 
para tornar possível a concretização desta obra. Um imperativo de consciência impõe-nos, contudo, 
que individualizemos algums agradecimentos. 
Assim, confessamo-nos particularmente gratos ao E\mo. Senhor Professor Dr. José Vale 
Serrano, que gentilmente se dignou discutir alguns capítulos deste livro e cujas sugestões e elevado 
espírito crítico muito contribuíram para o melhorar em vários aspectos. 
Também ao Exmo. Senhor Professor Dr. Carlos Ramalhào desejamos agradecer o ter 
amavelmente acedido a apreciar o capítulo sobre Esterilização. 
Aos nossos colegas Exmos. Senhores Doutores Aluísio Marques Leal, Alfredo do Amaral e 
Albuquerque e Alberto Roque da Silva queremos, do mesmo modo, patentear a nossa gratidão pela 
prestimosa ajuda que nos dispensaram. 
igualmente agradecemos ao Exmo. Senhor Doutor Rui Morgado a sua valiosa colaboração, a 
qual, entre outros aspectos, nos foi particularmente úti l na compilação e ordenação das gravuras 
que ilustram o texto. 
E também com o maior prazer que registamos a amável anuência de Wulkex ao pedido para 
que nos fosse permitida a utilização de várias gravuras do seu catálogo de instrumentos de vidro 
para laboratório, o mesmo acontecendo com a firma Emíl io de Azevedo Campos, Lda., que com a 
melhor vontade nos cedeu fotografias de alguns aparelhos de marcas por si representadas. 
E porque os últimos não são, necessariamente, os menos importantes, queremos terminar 
expressando o nosso reconhecido agradecimento à Fundação Calousle Gulbcn-kian, sem cujo 
decisivo apoio este livro talvez nunca viesse a ser publicado. 
Porto, Setembro de 7967. 
 
 
 
 
 
 
 
 15
 
I PARTE 
 TÉCNICA FARMACÊUTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21
 
 
 
2 
Operações farmacêuticas de uso geral 
 
 
 
 
 Como o seu nome indica, consideram-se neste grupo as operações 
incaracterísticas do ponto de vi sta farmacêutico mas correntemente praticadas em todos os 
laboratórios, como a pesagem e a medição de volumes de l íquidos. 
2.1. PESAGEM 
Pode di/,er-se que a pesagem é a operação mais vulgarmente executada na preparação de 
formas farmacêuticas. Tanto a teoria da pesagem como a dos instrumentos uti l i zados para a sua 
execução são estudadas, com o devido pormenor, nos cursos de Física, motivo por que nos 
dispensamos de lhes fazer aqui qualquer referencia. 
Entretanto, lembramos que, por imposição legal, o farmacêutico deve possuir, no seu 
laboratório, uma balança de precisão e uma balança ordinária ou de Roberval. 
2.1.1. BALANÇAS DE PRECISÃO 
As balanças de precisão destinam-se à pesagem rigorosa de substâncias prescr i tas em 
pequenas quantidades c podem ser dos mais variados modelos e sensibilidades uti l i zando-se hoje 
correntemente as balanças monopralo sensíveis a 0,1 mg. 
As balanças ordinárias, muitas delas sucessoras da clássica balança de ROBIÏRVAL, são também 
de diversos tipos, desde as que uti l i /.am massas marcadas e possuem um ou dois pratos, até às que 
constituem alavancas interfixas de braços desiguai s c de dimensões variáveis em que o equilíbrio é 
conseguido pelo deslocamento de uma massa de peso fi xo. Destinam-se ã pesagem de quantidades 
de substâncias que podem osci lar entre algumas fracções do grama e vários kg de peso. A sua 
sensibi l i dade é, na maior parte das vezes, da ordem de 0,1 a 0,2 g 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
2.1.2. PESOS 
Na maioria dos países vigora o sistema métrico decimal, cuja unidade fundamental é o kg, 
com os seus múl t i pl os e submúl ti plos. 
Acontece que na Inglaterra e nos Estados Unidos o sistema decimal tem sido facultativo, 
ulili/undo-se ainda hoje os pesos usados no comércio em geral ou em Farmácia, designando-se 
estes úl timos por por pesos, apotecúrios. l 'ma vê/ que lai s pesos figuram nos l i vros sobre 
Farmácia Galé nica originários daqueles países, julgamos conveniente indicar a correspondência 
dos diversos pesos apotecários e o seu valor em g, a qual é dada na Tabela I.Tabela I. Pesos apotecários 
/'*.,, Sinthvh 
 
Corresporiênci* 
 
1 'ítlor cm <*ráuía 
 
Libra 1 i b 
 
12 onças 
 
373,242 
 
On<,a ;1 
 
8 dracmas 
 
 ̂1 . 1 00 
 
Dracma 5 
 
3 escrúpulos 
 
ï.SKO 
 
Hscrópulo :) 
 
20 grãos 
 
1,2879 
 
Gr:io gr 
 
 
 
0.06-48 
 
2.2. MEDIÇÃO DE VOLUMES DE LÍQUIDOS 
2.2.1. INSTRUMENTOS UTILIZADOS 
A medição do volume de l íquidos é outra das operações correntemente prati cada nos 
laboratórios farmacêuticos e fa/-se ut i l i /andu instrumentos de vidro ou plásti co, como buretas, 
pipetas, provetas, balões volumétricos e copos graduados, os quai s têm gravada uma escala cuja 
unidade fundamental é o ml . 
Sempre que seja necessár io medir com rigor um determinado volume de l i qui do deve 
uti l i /ar -se uma pipeta, que pode apresentar duas modal idades de graduações. Umas apenas 
permitem medir o volume que indicam e que pode ser defi ni do a par t i r de um traço superior até 
escoamento lotai, ou por dois traços entre os quais se l i mi l a o volume marcado e que pode ser de l, 
2, ,5. IO. 20. 25. 50, 100 ml. Outras apresentam uma graduação em ml com subdivisões em 
décimos e até mesmo em centésimos de ml . Assi m, é evidente que deve escolher-se o tipo de 
pipeta mais apropriado á medição que se pretende efectuar. 
Por seu turno, os balões volumétricos destinam-se a preparar soluções de concentração 
rigorosa. Diferem dos balões vulgares por apresentarem um colo bastante estrei to, onde existe 
um círculo gravado a toda a volta que marca o volume assinalado no balão. 
 
 
 
 
 
 
 23
. Há-os de variadíssimas capa-
cidades, desde alguns ml até 
l litro e mais. 
As provetas servem para medir volumes de líquidos quando tal operação não exija um 
rigor extremo. As de menor capacidade são graduadas em 0,1 ml, espaçando-se a 
graduação à medida que a sua capacidade aumenta. 
Finalmente, os copos graduados, de forma 
cónica, são os instrumentos que menor rigor dão na 
medição de volumes, dado que a sua parte 
superior é sempre bastante larga, o que provoca erros 
apreciáveis na lei- tura do volume pretendido. Como já alrás 
dissemos a respeito dos pesos, também ainda se 
usam hoje as medidas antigas de capacidade na 
Inglaterra e nos Estados Unidos, indicando-se na Tabela 
II a sua correspondência 
com as medidas decimais. 
 
Tabela II. Correspondência das medidas antigas de capacidade 
 
Correspondem- ia 
Símbolo Inglaterra Estados Unidos 
 
 
2.2.2. CONTA-GOTAS NORMAL 
Acontece que certos medicamentos líquidos, geralmente muito activos, são prescritos 
em gotas e não em peso ou em volume. Para contar o número de gotas indicado na 
prescrição é costume retirar incompletamente a rolha do frasco que contém o líquido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1 Vários instrumentos usados para a medição 
de líquidos 
Medida 
Galão 
 
C 
 
4,546 l 
 
3,785 1 
 Pinto 
 
O 
 
0,568 l 
 
0.473 1 
 Onça fluida 
 
f l. oz., f 
 
28,4(K) ml 
 
29,570 ml 
 Dracma fluida 
 
fl. dr., f 
 
3,550 ml 
 
3,690 ml 
 Mínimo 
 
m 
 
0,059 ml 
 
0,061 ml 
 
 24
e deixá-lo escoar do gargalo, ou utili/ar pequenas pipetas munidas com tetmas de borracha, o 
que está longe de constituir um modo rigoroso de executar esla operação. 
Qualquer destes processos não origina gotas de peso uniforme, pois tanto este como o volume 
da gota dependem de vários factores, como a forma do recipiente donde aquela escoa, a 
temperatura, a capilaridade e a densidade do líquido. Deste 
modo, corre-se o risco mais que provável de a mesma prescrição, 
executada em duas farmácias diferentes, poder apresentar uma 
actividade variável se as golas forem contadas por qualquer dos 
processos acima indicados, pois só por mero acaso as condições 
instrumentais serão as mesmas nos dois laboratórios. Para evi tar 
esta variabilidade do peso das golas criou-se o conta-gotas normal, 
instrumento que ta/ parle do equipamento obrigatoriamente 
existente em todos os laboratórios farmacêuticos, cujas 
características vêm indicadas na Farm Porl. V, V. 1.1. 
Como aí se di/, podem ser utili/ados outros contas-gotas 
desde que satisfaçam ao seguinte ensaio: 20 gotas de água a 
2()±1"C que se escoam em queda livre de um conta-golas 
? normal conservado em posição vertical , com um débi to de uma 
gota por segundo, pesam 1000 -t 50 mg, lendo o conta-gotas 
sido lavado cuidadosamente antes do emprego. Com um dado 
conla-gotas, executar pelo menos 3 determinações: nenhum 
resultado deverá afaslar-se mais de 5 por cento da média das 
3 determinações. 
Outra das vantagens do conta-goias nornuil é a de permi ti r determinar pequenas massas 
de líquidos sem recorrer ao emprego de uma balança, o que torna esta operação exlrema-J.OU 
J,O.) mente simples de executar. Na realidade, uma vê/ que o refe-Fig. 2. Conta-gotas normal 
r'^° 
instrumento permite a obtenção de gotas de peso eons-Dimensões em milímetros (ante. basta 
saber-se o número de golas originado por l g de 
líquido por este processo. Na Tabela III dá-se o número de 
golas correspondente a l g de líquido, medido por um conta-goitis nanuul à temperatura de 
15"C. indicando-se também o peso de XX golas do mesmo líquido fornecidas pelo referido 
instrumento. 
Vejamos como se utili/am, na prática, os valores que figuram na Tabela 111 e, para isso, 
suponhamos que pretendíamos usar 0,2 g de tintura de ópio. Conforme está indicado na referida 
tabela, LV1 gotas desta tintura pesam I g; logo, por uma simples regra do três. calcula-se que a 
0,2 correspondem 11.2 gotas, Basta, portanto, contar XI golas de tintura de ópio, utili/.ando o 
conta-goias nonuiíl. para que tenhamos o peso pretendido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25
Tabela III. N.° de gotas correspondente a 1 g e peso de xx gotas dos principais 
medicamentos líquidos à temperatura de 15°C (') 
 
 
A'." de golas corrres- 
 
Peso de xx golas 
 Medicamento 
 
pondente a l ,ç 
 
em g 
 Acetato de amónio (solução) 
 
20 
 
1,002 
 » » etilo 63 0,316 
Ácido acético cristal izável, d =1,05 56 0,358 
» clorídrico, d = 1,171 21 0,942 
» láctico, d = 1,24 39 0,515 
» fosfórico, d = 1,349 19 1,032 
» sulfúrico, d = 1 ,84 26 0,781 
Álcool absoluto 68 0,295 
» de 95° 64 0,315 
» » 90Ü 61 0,330 
» » 80° 57 0.347 
» » 70° 56 0,358 
» » 60° 53 0,380 
Álcool canforado 60 — 
Amónia, d = 0,925 25 0,803 
Bromofórmio 41 0,487 
Clorofórmio 59 0,340 
Cloreto férrico (sol.), d = 1,260 18 1,091 
Creosota, d= 1,085 41 0,487 
Elixir paregórico 
 
53 
 
0,375 
 Essência de anis 42 0,478 
» » hortel ã-pi menta 52 0,385 
» » terebintina 56 0,358 
Éter sulfúrico 93 0.214 
Extracto fluido de boldo 38 0,526 
» » » bardana 38 0,526 
» » » coca 54 0,372 
» » » cravagem 
 
54 
 
0,372 
 » » » grindélia 56 0.357 
» » » hamamélia 50 0.4ÍK) 
» » » hidraste 59 0,339 
» » » viburno 58 0,344 
Eucalipto! 53 0,378 
l-.au d ano 43 0,468 
óleo de cróton 50 0,398 
Salicilato de metilo 37 0,537 
Solução de adrenalina a l%o 
 
20 
 
1,000 
 » » digitalina a l%o 50 0,356 
» » trinilrina 60 0,333 
Tintura de acónito 57 0,350 
» » beladona 57 0,35 1 
» » dedaleira 52 0,351 
» » grindélia 
 
55 
 
0,363 
 » » noz vómica 57 0,348 
» » ópio 
 
56 0,354 
 Vinho de ipecacuanha 22 — 
Vinagre cilílico 
 
26 
 
— 
 
C) Extraído de VEIGA, J. URBANO da, Formulário Oficial e Magistral, 4* Hdição, Lisboa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
Querendo uti l i zar os dados indicados na coluna que nos dá o peso corresponde n lê a XX gotas de 
medicamenlo, ver i fi ca-se, no exemploapontado, que XX gotas de ti ntura de ópio pesam 0,354 g. Desle 
modo, pelo processo atrás retendo, calcula-se que são precisas XI gotas para se obter 0,2 g de produto. 
2. 2. 3. CORRESPONDÊNCI A ENTRE PESO E VOLUME 
Ao executar uma prescrição médica é necessário ter em consideração as densidades dos líquidos que nela 
figuram, nunca se devendo, sem prévia correcção, medir um volume quando se indica um peso, ou 
inversamente. Assim, por exemplo, se o médico prescrever 10 g de uma t i ntur a e quisermos executar a 
prescrição medindo o volume de líquido correspondente àquele peso, teremos de medir 10,75, 11 ou 11,23 ml 
conforme a ti ntur a t i ver uma densidade de 0,930, 0.910 ou 0,890. respectivamente, sendo esses volumes 
calculados pela fórmula: 
P V = — 
d 
Dum modo geral, pode dizer-se que as tinturas têm uma densidade compreendida entre 0,870 e 0,980. e os 
extractos fluidos uma densidade que vai desde 1,030 a 1,10 e mais, ao passo que os xaropes são ainda mais 
densos: d= 1.30-1,33. 
A Tabela IV indica a densidade de alguns l íquidos de interesse farmacêutico, podendo, com os dados nela 
contidos, fazer-se, sem dificuldade, a conversão de um peso em volume, ou vice-versa, para o que basta 
ul i l i /ar a fórmula acima referida. 
Tabela IV. Densidades de vários líquidos a 15°C (') 
Produto Densidade 
Acetato de etilo 0,900-0,904 
» » amónio (sol.) 1,032-1.034 
Ácido acético 1,064 
» azótico 1,390 
» clorídrico l. l H6 
» láctico 1.210-1,220 
fosfórico 1,660-1,680 
» sulturico 1.S30-1.843 
» » diluído 1.068 
(') Segundo DKNOFL, A., Cours de Pharmacie Pratique. L pág. 34. 1955, Lês Presses, Unívcrsilaires de 
Licge. 
 
 
 27 
 
 28 
 
2. 2. 4. MEDI ÇÃO DE DOSES DE MEDI CAMENTOS 
Um medicamento líquido para uso interno, como um xarope, uma poção, etc., raramente é prescrito para ser 
administrado de uma só vez. Em regra destina-se a ser ingerido em doses fraccionadas, as quais são, quase sempre, 
indicadas na respectiva prescrição. Como não é de esperar que o doente possua em casa os instrumentos de medida 
usados nos laboratórios, é bastante corrente usarem-se certos utensílios caseiros, como colheres, cálices ou copos, 
na medição das doses das preparações farmacêuticas líquidas. 
Deste modo, c da maior conveniência que o farmacêutico conheça a capacidade dos recipientes geralmente 
utilizados para esse fim, bem como o peso de medicamento que podem conter, a f i m de ser possível estabelecer, com 
certo rigor, a posologia de um medicamento assim adminislrado. Na Tabela V indica-se a capacidade de algumas 
dessas medidas mais utilizadas na prática diária, bem como a quantidade, expressa em g, correspondente ao volume 
assinalado, para o caso da água, de um xarope e de um óleo. 
Tabela V. Medidas usadas na administração de medicamentos líquidos 
Volume 
Medida Xarope 
Colher de café 4,75 
» » sobremesa 
» » sopa 13,75 
Cálice de licor 
» >•* vinho licoroso 
Copo de vinho 
» » água 
Chávena de café 
» » chá 
As capacidades referidas para os diversos tipos de colheres são obtidas enchendo--as bem e rasando, depois, a 
superfície do líquido com a lâmina de uma faca. Os volumes indicados são geralmente aceites como mais ou menos 
uniformes, mas já o mesmo não acontece no caso dos copos e chávenas. Na realidade, a capacidade destes 
recipientes varia de tal modo que não devem ser utilizados na medição de doses de medicamenlos bastante aclivos. 
Para minimi/ar este inconveniente, muitos destes medicamentos, hoje de preparação industrial, são acompanhados 
de um instrumento de medida próprio que pode consistir numa colher de material plástico ou de um pequeno copo 
convenientemente graduado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
BIBLIOGRAFIA 
DENOCL, A., Cours de Pharmaàe Pratique, Lês Presses Universitaires de Liège. 1955, Tomo I . GouwrhiN, 
S. W., Metrology, in RF,MINGTON'S Pharniaceutical Sciences. Cap. 9, 81. Marck Puhlishitig Company. 
Easlon. U. S. A. 1980. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
Operações farmacêuticas propriamente ditas 
As operações farmacêuticas propriamente ditas são todas aquelas que se praticam com o objectivo de 
transformar um fármaco numa forma farmacêutica. Se bem que nalguns casos se utilize uma única operação, 
acontece, por vezes, que a obtenção de uma forma farmacêutica implica a execução de várias operações 
devidamente programadas. Assim, para obtermos um pó a partir de uma droga de natureza vegetal teremos 
que a submeter, previamente, a uma série de tratamentos, como a monda, secagem e divisão grosseira, e só 
então ela estará apta a ser pulverizada mediante um processo adequado. Além disso, para que o pó a obter 
apresente as características de tenuidade requeridas, aquele terá que ser submetido à tamisação. 
No exemplo dado verifica-se que algumas das operações citadas precedem a redução da droga a pó, ao 
passo que a tamisação só se aplica à droga já dividida. É por este motivo que é costume dividir as operações 
farmacêuticas, independentemente da sua natureza, em operações preliminares, operações principais e 
operações complementares ou acessórias. Assim, ao fazermos a pulverização de uma droga esta será a 
operação principal, enquanto que a monda, a secagem e a divisão grosseira serão operações preliminares, 
A tamisação. como é evidente, representará a operação complementar. 
Consideradas na generalidade, as operações farmacêuticas propriamente ditas podem dividir-se em dois 
grandes grupos: as operações mecânicas e as operações físicas. 
Entende-se por operações mecânicas todas aquelas que apenas modificam o aspecto exterior das 
drogas, sem, no entanto, alterarem o seu estado físico ou constituição química. Conforme o objectivo a que 
conduzem, podem considerar-se dois grupos: Operações de separação e de divisão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
 
Operações mecânicas de separação 
4.1. SEPARAÇÃO DE CORPOS SÓLIDOS 
4.1.1. TRIAGEM OU MONDA 
É uma operação mecânica que se pratica para separar as partes inertes ou alteradas que acompanham, por 
vezes, as drogas, principalmente as de origem vegetal, ou, ainda, para eliminar as substâncias estranhas 
fraudulentamente ou não adicionadas àquelas. 
Com a monda pretende-se, por conseguinte, eliminar tudo o que esteja a contaminar uma droga e que 
possa fazer baixar a sua actividade farmacológica por um efeito de diluição, quando se trata de produtos 
inertes, ou alterar essa actividade no caso de se tratar de produtos dotados de acção farmacodinâmica 
própria. 
A monda constitui, como é evidente, uma operação preliminar a que devem submeter-se todas as drogas 
vegetais antes de as transformar em formas medicamentosas, fazendo-se por vários processos, conforme a 
natureza da droga, os quais passamos a descrever. 
4.1.1.1. À mão 
São várias as drogas cuja monda tem que ser feita utilizando esta técnica. Assim, as amêndoas, utilizadas 
na preparação da Emulsão comum, devem ser privadas do respectivo tegumento para que fiquem 
completamente brancas e sem a adstringência que os taninos existentes na película que as envolve lhes 
comunicam. Para mondar as amêndoas mergulham-se em água aquecida a 60/70°C, deixando-as permanecer aí 
durante alguns minutos. Deste modo, o tegumento incha e torna-se flácido, destacando--se, então, com relativa 
facilidade, bastando, para tanto, premi-las entre os dedos. 
Outras vezes monda-se a droga à mão, separando-a de partes inertes ou de produtos estranhos que lhe 
são misturados. Se uma determinada droga é constituída por 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
folhas, deverão separar-se e rejeitar-se as dores, frutos ou sementesque as acompanham. 
Também é frequente proceder à separação manual de partes de caule misturadas com folhas, de cascas 
juntas com lenhos, dos pedúnculos das flores ou das radículas aderentes a certas raízes. 
Nalguns casos há necessidade de mondar determinadas drogas utilizando instrumentos cortantes 
próprios para lazer uma raspagem. Este processo de monda está, no entanto, ligado à própria produção da 
droga e raramente se pratica nos laboratórios farmacêuticos. Estão, neste caso, por exemplo, o alcaçuz, cujas 
raízes devem ser privadas do respectivo súber. c a canela, cujas cascas, depois de colhidas, devem ser ras-
padas de modo a eliminar-se toda a zona cortical externa. 
4.1.1.2. Por crivo 
Este processo de monda é utilizado para eliminar as partículas de terra que aderem às raízes (ruibarbo, 
ipecacuanha, valeriana, salsapurrilha, etc.). É executado colocando a droga num cr i vo ou tamis feito de 
arame e tendo malhas bastante largas, ao qual se imprimem sacudidelas bruscas. Deste modo, os fragmentos 
de terra destacam-se das raízes e passam alravés da rede do crivo, ficando a droga retida neste. 
4.1.1.3. Por ventilação 
É ulilizado para separar ceríus matérias muito leves, como poeiras, restos de pedúnculos, glumas, 
glumélulas, etc., que acompanham algumas sementes. Para executar este processo de triagem pode colocar-se 
a droga num pene iro e expor este ao vento ou a uma corrente de ar proveniente de um compressor ou mesmo 
de uma ventoinha, a qual faz voar as partículas aderentes às sementes, ficando estas retidas no peneira 
devido à sua elevada densidade. 
4.1.1.4. Por lavagem 
A monda por lavagem é menos utilizada do que os processos atrás referidos, estando indicada apenas 
naqueles casos em que as impurezas que se pretendem eliminar estão de tal modo aderentes à droga que só 
uma lavagem consegue arrastá-las. 
Assim, aplica-se a lavagem com água para mondar a goma-urábica e algumas sementes utilizadas na 
preparação de emulsões, como as amêndoas doces, as sementes de abóbora c outras. 
Os folíolos do sene, uti l i /ados pela sua acção purgativa devido aos antraglucósidos que contêm, 
devem ser lavados com álcool para el i minar uma substância resinosa e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
 
certas antraquinonas sob a forma reduzida neles existentes, as quais provocam cólicas. Para extrair esses 
produtos têm sido aconselhados vários processos, todos eles baseados na maceração do seni; c.n álcool de 
graduação variável, como, por exemplo, o de KRE-MEL, que utiliza álcool de 50°, e o de MAURIN, que emprega 
álcool de 95°. 
O sulfato ferroso cristalizado é outra droga que se recomenda mondar por lavagem com álcool, a fim de 
eliminar o sesquióxido de ferro e o sulfato férrico formados à superfície dos respectivos cristais c^mo 
resultado da acção oxidante do ar. 
4.1.2. TAMISAÇÃO 
A tamisação é uma operação destinada a separar, mecanicamente, através das malhas de um 
tecido apropriado, partículas sólidas com diferentes dimensões. 
Os tecidos utilizados na tamisação actuam como uma verdadeira rede, apenas deixando passar 
aquelas partículas cujas dimensões sejam, pelo menos, ligeiramente inferiores à abertura das 
respectivas malhas e retendo, por outro lado, as de tamanho superior, como a Fig. 3 ilustra. Deste 
modo, é a largura das malhas que condiciona a dimensão das partículas que atravessam o tecido e, 
assim, conhecida esta largura, poder-se-á estabelecer o tamanho dos grânulos que passarem através 
dele. 
A tamisação representa, portanto, não só um processo de 
separação de corpos sólidos como serve, também, para estabelecer as 
dimensões das partículas que constituem os pós, sendo praticada no 
campo farmacêutico com esta dupla finalidade. 
Umas vezes, a tamisação reveste-se do caracter de operação 
principal, como no caso da preparação das polpas, em que se faz uso da 
sua característica de processo separativo; outras vezes constitui uma 
operação acessória, como na pulverização, em que representa um papel 
da maior importância para a determinação da tenuidade e 
homogeneidade dos pós. 
A tamisação, como operação separativa, conduz, 
necessariamente, à obtenção de um resíduo formado por grânulos de 
dimensões superiores à abertura das malhas do 
tecido tamisante. Quando, porém, esta operação é praticada 
acessoriamente a uma pulverização, serve exclusivamente para garantir a uniformidade do tamanho das 
partículas resultantes da divisão da droga, e esta terá que ser dividida até que seja lotalmente 
tamisada. No primeiro caso faz-se uma tamisação com resíduo e no segundo uma tamisação sem 
resíduo, sendo esta a que geralmente se pratica como operação complementar da pulverização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3. Diagrama 
representando como 
 36 
 
 
 
4.1.2.1. Tamises 
Os instrumentos utilizados para fazer uma tamisação denominam-se tamises e são constituídos 
por um aro de diâmetro variável, tendo, geralmente, 15 cm de altura e 
apresentando uma das extremidades fechada por um tecido apl icado de 
modo a ficar bem tenso. (Fig. 4). Este tecido representa a parte fundamental 
do tamis, pois é ele que, em função da abertura das respectivas malhas, 
permite a separação das partículas submetidas à lamisação consoante os seus 
diâmetros. Os tecidos utilizados na fabricação dos tamises são constituídos 
por fios da mais variada natureza, como ferro galvanizado, latão, aço 
inoxidável, seda, crina ou fibras sintéticas, 
sendo de notar que tanto a abertura das malhas dos tecidos como a homogeneidade dos pós que 
originam dependem do material utilizado. 
Assim, os fios de ferro servem para a preparação de tecidos de malhas relativamente largas, usados na 
fabricação de tamises que recebem a designação de crivos, e cuja utilização na monda das drogas já 
atrás referimos. Por sua vez, as redes de fios de latão originam pós bastante homogéneos, de 
tenuidade intermédia, ao passo que os tecidos de seda são os utilizados na fabricação dos tamises de 
malhas mais apertadas; os tecidos feitos de crina são irregulares, susceptíveis de se deformarem, 
originando, por conseguinte, pós caracterizados por falta de homogeneidade das respectivas 
partículas. Na prática farmacêutica usam-se duas espécies de tamises, 
denominados, respectivamente, tamises simples e tamises cobertos. Estes 
últimos devem ser empregados sempre que as drogas a tamisar sejam irritantes 
ou tóxicas e são constituídos de modo a formar um conjunto fechado que evita a 
disseminação das partículas na atmosfera, impedindo, assim, que elas entrem 
em contacto com os olhos, o nariz e a boca do operador, panes do organismo 
onde a sua acção se faz sentir imediatamente. Como se pode ver na Fig. 5, um 
tamis coberto consta, essencialmente, de três partes: o tamis propriamente dito 
(B), a tampa (A) c a parte inferior (C), destinada a receber o pó tamisado, e 
tanto esta 
como a tampa são fechadas numa das extremidades por uma carneira bem 
esticada, devendo a parte lisa da pele ficar virada para o interior do tamis, a 
fim de permitir que o pó se destaque facilmente, acabada a operação. 
4.1.2.2. Classificação dos tamises 
Como já tivemos ocasião de dizer, a parte principal de um tamis é o tecido utilizado como 
elemento separador das partículas a tamisar e qualquer que seja a natureza do material empregue na 
fabricação de um tecido este é sempre constituído por 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig, 4. Tamis simples 
 
Fig. 5. Tamis coberto 
 37 
 
um certo número de malhas por unidade de superfície, de modo que as características dessas malhas 
constituem os factores fundamentais para bem se definir um tamis. 
Na Fig. 6 representamos uma malha, ou seja, aquilo que se pode considerar como a unidade 
constitutiva de um determinado tecido. Como o esquema indica, a malha é igual à soma do diâmetro 
dos fios (d) com a distância que separa dois fios consecutivos, que é designada por lúmen ( l ) . Deste 
modo, pode cscrever-sc: M = / + d. Poroutro lado, qualquer tecido terá 
l 
um número de malhas por cm, n ~ ——. e um número 
i M 
de malhas por cm-, n = ——. 
M2 
É costume considerar ainda a superfície útil de um tamis, que é a relação entre 
a superfície correspondente apenas ao lúmen ou orifício da malha c a superfície 
total desta, e que c dada pela expressão: 
l2 K = ————— = 
l3 n2 
(l + d)~ Fig. 6. Malha de um tamis 
- 
a qual mostra que a superfície útil está directamente relacionada com o diâmetro das partículas 
tamisadas, aumentando este quando aquela aumenta. 
Uma vez que os tamises são especialmente usados para estabelecer a tenuidade dos pós, é necessário 
dispor-se nos laboratórios farmacêuticos de vários daqueles instrumentos, os quais diferem entre si 
pela abertura das respectivas malhas, a qual se escalona desde uma dimensão máxima a outra, 
mínima. 
Dado que a malha é a unidade basilar dos tecidos e como estes, por seu turno, constituem a 
peça fundamental dos tamises, é natural que aquela fosse escolhida como o elemento sobre que 
assenta a classificação destes instrumentos. Pode dizer-se, no entanto, que essa classificação está 
longe de ser uniforme, tendo variado bastante através dos tempos e sendo diferente de país para país. 
Em geral, os tamises foram designados sempre por um número, costume que ainda hoje se 
mantém, mas antigamcnle lal numeração era puramente empírica e não ti nha qualquer relação com 
as dimensões das malhas. Depois começou a usar-se uma numeração que indicava o número de 
malhas por polegada ou por cm, até que, modernamente, se estabeleceu um critério mais rigoroso de 
classificação. 
Um simples relance de olhos à Fig. 7 mostra como é inconsistente a classificação dos tamises 
baseada, apenas, no número de malhas por unidade de superfície, como fazia a Farmacopeia 
Portuguesa IV, 2.a edição. Suponhamos que os dois quadrados maiores A e fi, representando 
pedaços de tecidos diferentes, têm l cm2 de superfície e estão divididos cm dezasseis quadrados 
pequenos. Ambos têm, portanto, o mesmo número de malhas por unidade de área e seria de admitir, a 
priori, que originassem um 
 
 
 
 
 
 
 
l — 
 38 
 
tamisado igual . Porém, como a Fig. 7 mostra claramente, isso é impossível, vi sto que o lúmen das 
malhas do tecido A é maior do que o do tecido B, resultando, portanto, que o tamisado originado por 
A será constituído por partículas maiores do que o dado por B. 
Reconhecida a possibi l idade de existi rem tamises podendo apresentar o mesmo número de 
mal has mas com abertura desiguais, foi-se levado a conclui r que um tamis 
só ficaria bem definido estabelecendo o número de 
malhas por unidade de comprimento e f i xando as 
respectivas aberturas e o diâmetro dos fios, critér io já 
adoptado pelo Suplemento à Farmacopeia Portuguesa IV 
(' ). 
Na Tabela VI indicam-se os tamises inscritos na 
Farmacopeia Portuguesa V (V. 1.4), bem como as 
respectivas características. Estes tamises têm malhas 
quadradas, embora para operações não destinadas à 
anál ise possam ser uti l izados instrumentos de malhas 
circulares 1,25 vezes a largura das malhas quadradas 
Tabela VI. Características dos tamises descritos na 
Farmacopeia Portuguesa V (V.1.4. 
Tolerância das aberturas 
 
Diâmelni do l ïu 
 Dimensões Imi jk--, 
;idiinssi\t~is 
 
Número dos 
tamises 
(Dimensões 
nominais dai 
abertura ̂
 
Tolerância 
máxima para 
uniu abertura 
+ X 
 
Tolerância 
para a média 
das aberturas 
± Y 
 
Tolerância 
intermédia + 
Z 
 
Dimensões 
nominais 
recomendada
s a 
 d max 
 
il min 
 11 200 
 
770 
 
350 
 
560 
 
2500 
 
2900 
 
2 100 
 8 000 600 250 430 2000 2300 1 700 
5 600 470 180 320 1 600 1 900 1 300 
4 000 370 130 250 1 400 1 700 1 200 
2 XOO 290 90 190 1 120 1 300 450 
2 0(X) 230 70 150 900 1040 770 
1 400 180 50 110 710 820 fiOO 
l 000 140 30 90 560 640 4 SÓ 
710 112 25 69 450 520 ,180 
500 89 18 54 315 360 270 
355 72 13 43 224 260 190 
250 58 9,9 34 160 190 130 
180 47 7,6 27 125 150 106 
125 38 5,8 22 90 104 77 
90 32 4,6 18 63 72 54 
63 26 3,7 15 45 52 38 
45 22 3,1 13 32 37 21 
38 
 
— 
 
— 
 
— 
 
30 
 
35 
 
24 
 
( ' ) O lei tor poderá encontrar mais pormenores a respeito desta matéria na .V pág. 37 e 
seguintes. 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 7. Variação da abertura das 
malhas em função do diâmetro 
dos fios do tecido 
cujo diâmetro interior seja do 
tamis correspondente. 
igual 
dcsie l ivro, 
 39 
 
 
Tolerância máxima (') para uma abertura + X: nenhuma dimensão da abertura deve 
ultrapassar a dimensão nominal de mais de X com 
2(w°-75) 
X = ————— + 4(w°'25) W = abertura da malha 
Tolerância para a média das aberturas ± Y: a abertura média não deve afastar-se da abertura 
nominal mais de ± Y com 
 
Tolerância intermédia + Z: não mais de 6 por cento do total das aberturas do tamis deve ter 
dimensões compreendidas entre os limites do «nominal + X» e do «nominal + Z» com 
X + Y 
Diâmetro do fio d: os diâmetros dos fios dados no quadro aplicam-se à tela metálica montada 
num caixilho. As dimensões nominais recomendadas dos diâmetros do fio podem afastar-se destes 
valores dentro dos limites d max e d min. Estes limites correspondem a um intervalo de + 15 por 
cento em relação às dimensões nominais recomendadas. Num tamis de controlo, os fios da trama e 
da urdidura devem ter o mesmo diâmetro nominal. 
4.1.2.3. Técnica da tamisação 
Em primeiro lugar, deve escolher-se o tamis a utilizar na operação de acordo com a tenuidade 
que o material tamisado deve apresentar, sendo necessário, ainda, que a rede do tamis e o produto a 
tamisar sejam compatíveis entre si. Quer isto dizer que pode haver substâncias capazes de atacarem 
os fios do tecido do tamis, ou vice-versa, e, por isso, deve ter-se sempre em atenção este facto ao 
seleccionar o instrumento a empregar. 
Ao fazer uma tamisação poderemos usar um tamis simples ou coberto, sendo de aconselhar o 
emprego de um tamis deste último tipo sempre que se trabalhe com substâncias irritantes ou tóxicas. 
Uma vez colocado o produto a tamisar sobre o tecido 
(') Ver Norma Internacional OIN 3310/1 (1975). 
 
 
 
 
 
 
 
 
,6 
27 
 40 
do instrumento, imprimem-se a este movimentos alternados para um e outro lado, procurando evitar 
sacudidelas e golpes violentos, de modo a que o material deslize naturalmente c sem qualquer 
pressão sobre a rede tamisantc, passando através das respectivas malhas apenas as partículas cujo 
diâmetro c ligeiramente i nfer i or à abertura 
daquelas. A lamisação será dada por terminada quando já não 
passar mais pó através das malhas e em nenhuma caso se deve 
comprimir o produto sobre a rede tamisante. pois em tai s 
circunstâncias as malhas podem deformar-se e permitir a pas-
sagem de partículas maiores, o que faria com que o material 
tamisado perdesse a sua homogeneidade. Na Fig. K as setas 
representam os movimentos que se devem imprimir ao tamis e 
como este ____________________ é um tamis simples o 
tamisado é recolhido sobre 
Fig. 8. Movimento a ,mpnmir ao tamis uma folha de Paï*l «tendida na 
banca de tra- 
durante a tamisação balho. 
4.1.3. LEVIGAÇÃO 
Esta operação, também chamada Diluição ou Elutriação, consiste em suspender um produto 
sól ido num l íquido, geralmente a água, a f i m de se separarem, por sedimentação, as partículas 
mais leves das mais pesadas. 
Tal processo de separação implica que o sólido seja insolúvel no líquido utili/.ado para o 
suspender e baseia-se na diferente velocidade de sedimentação das partículas em função dos 
respectivos diâmetros. Na realidade, se prepararmos uma suspensão de um sólido constituído por 
partículas de vários tamanhos, verifica-se que os fragmentos maiores e, portanto, mais pesados, se 
depositam mais rapidamente, enquanto que os mais leves se distribuem por diferentes alturas do 
líquido ou ficam mesmo à superfície deste. Pratica-se esta operação come-
çando por misturar o corpo a levigar. já no estado pulverulento,com o líquido 
escolhido, que é. em regra, a água, ale formar uma pasta. Di lui -se, então, esta 
massa corn uma grande quantidade do mesmo l íquido, uti l izando, para isso, 
vasos especiais, como o que está representado na Fig. 9, agita-se e deixa-se 
repousar durante algum tempo. Deste modo, as partículas que constituem o 
sólido vão-se difundindo ao longo do líquido, caminhando mais rapidamente na 
direcção do fundo do vaso as maiores e mais pesadas. Ao fim de alguns 
instantes formam-se, ao longo da coluna líquida, camadas distintas 
constituídas por fragmentos de dimensões sensivelmente iguais, que podem ser Fig. 9. 
Vaso de elutriação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
41 
recolhidas pelas aberturas laterais que os vasos de levigação apresentam. Submetendo, 
isoladamente, cada uma das porções assim obtidas a nova levigaçào é possível melhorar-se o grau 
de separação conseguido no decurso da primeira operação e obler novas fracções cujas partículas 
serão cada vez mais finas. 
BIBLIOGRAFIA 
ECANOW, B. e SAUIK. F — i n — Dispcnsing of Medication, pág. 98, Mack Publ. Co., Pennsylvania, 
1976. Enciclopédia Farmacêutica, Editorial Científico-Médica, Barcelona, 1963, Tomo I I , pág. 20. 
Farmacopeia Portuguesa V (V. 1.4), 1989 
GORIS, A,. LIOT. A.. JANOT, M. M., e GORIS. A., Pharmacie Galénique, Tomo I. pág. 253, Masson et Cie, 
Paris. 1949. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
4.2. SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS DE LÍQUIDOS OU 
DE LÍQUIDOS IMISCÍVEIS 
4. 2. 1. DECANTAÇÃO 
Trata-se de uma operação mecânica que tem por fim separar um l íquido sobrenadante de um 
sólido ou de um l íquido. Para que tal separação se possa realizar é condição necessária que o 
sólido se lenha depositado, previamente, no fundo do vaso contendo a mistura a decantar, ou, no 
caso de dois líquidos, que estes sejam imiscíveis e se disponham cm camadas perfeitamente 
separadas, de acordo com as respectivas densidades. 
A decantação pratica-se, correntemente, nos laboratórios quando se pretende isolar um 
precipitado formado no decurso de uma reacção química, quando se quer separar das águas-mães os 
cristais obtidos numa cristalização ou quando se pretende pur i f i car um sólido por lavagem, no 
caso de este conter impurezas solúveis num determinado líquido. Todos estes casos constituem 
exemplos de decantação em que se despreza o líquido sobrenadante, sendo a operação praticada 
com o objectivo de aproveitar o sólido depositado, podendo, no entanto, acontecer que, por vezes, 
seja o l íquido decantado a parte que interessa conservar. 
A decantação de dois líquidos é também um processo de separação muito uti l i zado e implica 
sempre a presença de duas fases imiscíveis, sendo uma geralmente aquosa e a outra constituída por 
um ou mais líquidos orgânicos. Dela se I a/ largo uso, como, por exemplo, nas técnicas de dosagem 
dos alcalóides exi stentes nas drogas vegetais e em mui tos processos extractivos e de purificação 
de substâncias. 
4.2.1.1. Por escoamento 
É um processo de decanlação aplicado exclusivamente para separar um líquido de um sólido. 
Colocada a mistura a decantar num recipiente apropriado, deixa-se repousar durante o tempo 
necessário para que o sólido deposite completamente e o l íquido sobrenadarHc fique límpido. 
Uma vê/ conseguido isto, incl ina-se lentamente o vaso que contém a mistura, vertendo o 
l íquido sobrenadante noutro recipienle. Deve proceder-se de modo a evi tarem-se movimentos 
bruscos, que provocariam a disseminação do sólido já deposilado. continuando-se a decantação até 
que a parte sólida comece a misturar-se com o l íquido ou atinja o bordo do vaso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43 
 
Durante a operarão deve apoiar-se ao bico ou hordo cio r eci pi ente que t: n L-erra a 
mi stur a a decantar uma vareta em posição vertical (Fig. 10). para que o l i qui do adi r a e 
escorra ao longo dela, diminuindo-se, assim, o el ei to dos movimentos r esul tantes da 
contracção do veio l íquido, que, de outro modo, poderão Ia/e r l evantar o sedimento. 
4.2.1.2. Por pipeta 
F.sta técnica é aplicada, indiferentemente, à 
decantação de um l íquido de um sól ido ou de dois 
líquidos, mas apenas se usa quando o volume de l íquido a 
decantar seja redu/.ido. Pratica-se mergulhando uma 
pipeta no l íquido que se pretende separar, aspirando-se 
este. por sucção, com a boca ou com o auxí l i o de uma pêra 
de borracha adaptada à parle superior da pipeta. Neste 
último caso. a pêra deve ser comprimida antes de imergir o 
i nstrumento no l íquido, fa/endo-se, então, a sua 
descompressão gradualmente, o que permi te controlar o 
volume do l íquido aspirado para a pipeta. 
Ao decantar dois líquidos há a considerar se se pretende 
r eti r ar a camada super i or ou a inter ior. No pr imei ro caso, basta mergulhar a pipeta até um 
pouco acima da superfície de separação e aspirar, depois, o l íqui do que const i tui a (ase mai s 
leve. Na segunda hipótese, teremos que tapar o orifício superior da pipeta e só então ela será 
mergulhada até penetrar na fase mais densa. Deslapando-a depois, o l íqui do que const i tui a camada 
infer ior subi r á até certa al tura, podendo a subida ser auxi l i ada por sucção. 
Como variantes do processo da pipeta podemos referir, ainda, o uso de conta-gotas e de 
seringas hipodérmicas. as quais, graças ao seu êmbolo faci l mente inanejável . são 
especialmente i ndi cadas pura a decantação de pequenos volumes de l íquidos. 
4.2.1.3. Por sifões 
A s i fonação uti l i /a-se, sobretudo, para decantar grandes volumes de l íquidos e, 
ainda, na decantação de l íquidos que sobrenadem sólidos, quando estes sej am consti tuídos por 
par tículas i nui l o leves, pois esta técni ca não exige que o recipi ente contendo a mi si ui a a 
decantar seja incl inado, evitando-se, assim, movimentos susceptíveis de promovei o levantamento das 
partículas sólidas depositadas. 
Neste processo de decantação empregam-se instrumentos denominados si fões, os quai s 
são consti tuídos por um tubo de vi dro, de metal ou de borracha, dobrado em 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 10. Decdntdção por escoamento 
 44 
ângulo, distinguindo-se estes últimos pela sua grande flexibilidade, o que os torna muito úteis em 
certos casos. 
Os sifões apresentam, em regra, braços desiguais e quando tal acontece o braço mais curto 
deve mergulhar no líquido a decantar, mas esta condição não é, todavia, absolutamente essencial 
para o seu funcionamento. Na realidade, a única força que promove o escoamento é a resultante da 
diferença de peso das colunas líquidas contidas nos dois ramos do sifão, a qual só depende das 
alturas das referidas colunas, uma vez que, salvo casos excepcionais, os sifões são de secção 
constante. 
Portanto, para que um sifão funcione é, de facto, indispensável que as duas colunas de líquido 
que o constituem sejam de alturas desiguais e a velocidade de escoamento depende directamente 
dessa diferença, como facilmente se pode demonstrar. 
Suponhamos que se pretendia transferir o líquido contido num recipiente A para outro, B, como 
esquematicamente se representa na Fig. I I . A força que solicita o líquido de A para B c igual à 
pressão atmosférica diminuída do peso da coluna de líquido que tem por base a secção do sifão c por 
altura h. Por sua vez, a força que solicita o liquido de B para A é igual à diferença entre a mesma 
pressão atmosférica 
e o peso da coluna de líquido que tem também por base a 
secção do sifão e por allura h'. Uma vez que a pressão 
atmosférica e a secção do sifão são iguais em ambos os casos, 
as duas forças dependem directamente de h c h', como já antes 
referimos, e a velocidade com que o líquido se desloca pode 
calcular-se pela expressão: v = \ 2g(h'-h). Desta expressão é 
intui ti vo dedu/ir-se que a velocidade de escoamento depende da 
diferença (h'-h), que vai diminuindo à medidaque os valores 
das duas alturas se aproximam e se anula quando elas se 
igualam, ou seja, que o sifão deixa, nesse momento, de 
funcionar. Para que tal não aconteça, e reportando-no s ainda 
à Fig. 11, torna-se necessário que os dois recipientes se 
não encontrem ao mesmo nível, só se obtendo transvasamento total do 
líquido de A para B se as duas colunas de líquido nunca atingirem alturas iguais durante Ioda a 
operação. 
Para que um sifão funcione terá que ser posto em carga, isto é, terá que ser cheio com o líquido 
a sifonar. Tratando-se de um sifão rígido e de pequenas dimensões, é relativamente fácil carregã-io, 
para o que basta virar as aberturas dos ramos para cima e enchê-lo com o líquido a decantar. 
Conseguido isto, tapa-se o orifício do ramo maior com um dedo e inverte-se, depois, o instrumento, 
mergulhando de seguida o ramo menor no recipiente contendo o líquido a transvasar e colocando o 
ramo maior no reservatório destinado a receber o decantado. Este processo toma-se, porém, de 
difícil execução quando o sifão é flexível, como os constituídos por tubos de borracha, e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 11. Sifão 
 45 
nestes casos carrega ••(• u si f ão aspuando pela .thci i ui a do ramo mai oi . ate q; > • o 
l i quido comece a i, orrer. | -s(a ; ispn,KLi ,i pode !a/< T-M_- (.0111 a hoca desde que o 
l iquido .1 decanUu uáo sej a IOMI O nem eonosi \o ou eaustKo; t|ii.iiulo tal aconteça c 
ncccssar 10 ul ih/ai di spo^i l i v os cs|ii\'i;iis. (|U'.- pcmi i luni carrcí_'.ir o si l ; o 
opci .klor \a \ - \ ^ . \ ?_ i Tproi l u/eni -se dois upos cspc ciai s Je Mfoes: o niodclo \ [ u-de 
sei posio rin e;ui:;( por aspi iaeao ,1 liota. yi',i>,as :io mho Ji.1 SOLMHJIK;I kiie-i.il. ao 
passo que o modelo f, r c;ine;j.ado por aspini^ao niecaniea udh/.indo o i -mhol.i j cie 
aeopukido. 
4.2.1.4. Por vasos florentinos 
(K \; i sos l loiei i i i i ios ehissi ros s.io reeipienie^-em 101 n ia 
de Lianata leiuin uma iiihu ladina l ai era l dobiada em sMVio ei i j j 
al l ma e sempie mlei ioi ao eai - 
galo ( ] - I L T - l1 ̂ . \ \ e sei \em paia sepai.u os olros e-^seneiai s ii.i .ÍLUI.I quando es(i.-s 
produtos sãu prepaiatios poi de^nhKão cm oMi ente de \api> i O ds-si i l ado t.1 lecehido 
num desies recipientes e apôs ,d»uim (empo de icpou-,0 ,t rsseiu i a. poique e menos densa, 
sohicnada a aiiua e |i inl .i -se no colo elo \a--o, cnLj i i .inlo esl a ul íima \ a i escoando pelo 
luho lateral. Nos i ^asox m,i[s NI I OS cm que a essência e de maioi densidade que a asMia 
ui i h/arn-se ie*. i i ei ues unno o da f ü: l ; í : em tal cnvui isiãncia. a a^iu. a 
 
Fiq 13 Vasos florenlmos p r̂n líquidos 
mais 'f\-0f- 
D! MARf " . H M' Pr 
medida que o ileslilaJu \'\\\ sendo lecolliidn. eseoa p>'|o tuho u-l ocado na pane 
sii|>erioi di rei ta do vaso. ücaniio a essência no lundu deste. 
() aparelho di- D I SM V K I is e Mi KI> e uma moddicai ,ao dos \asos t l oi ent i nos 
cl ássicos. di si i noi i i [ i di i se destes pela pari K u landade de apresentai di i a^- inhuladura-.. 
uma superioi e ouha mlei i oi i f j j j . I 4i . O desnlado e iccehido no di sposi i i \o alu\es do 
tuni l de ponta huen ai neule r eeui \a* l a e a essênci a, separando-se da as.Mia. I ka a 
 
 
 
 
 
 
 
 
F ig. 12. ' .pó de .'toe 
 
\ 
Fíg. 14. de 
 46 
sobrenadar esta. que vai sendo descarregada da proveta pelo sifào. Logo que a essência atinja o 
pequeno tubo, situado na parte superior esquerda do aparelho, sai para o exterior, o que permite 
recolhê-la à medida que se separa, evitando-se, assim, a substituição do vaso quando estiver cheio, 
como acontece com os recipientes florentínos. 
4.2.1.5. Por funis ou ampolas de decantação 
 
Fig. 15. Ampolas de 
decantação 
São instrumentos de vidro, de forma variável, como 
mostra a Fig. 15, e que servem, exclusivamente, para separar 
líquidos imiscíveis. 
Estes aparelhos têm um orifício na parte superior, por 
onde se introduzem os líquidos, o qual é fechado por uma 
rolha de vidro. Deste modo, torna--se possível agitar os 
líquidos neles contidos, operação esta muito utilizada quando 
se pretende extrair um sólido de uma solução por um outro 
solvente. Após repouso, as duas fases líquidas separam-se 
por ordem das respectivas densidades, podendo, então, 
decantar-se, facilmente, a camada debaixo, para o que basta 
retirar a rolha da ampola e abrir a torneira existente na 
parte inferior desta, deixando escorrer o líquido até que a 
superfície de separação das duas fases atinja o orifício de 
saída. 
4.2.2. EXPRESSÃO 
É uma operação destinada a separar de um corpo sólido ou de consistência mole os líquidos 
nele existentes. Em geral, pratica-se com o fim de aproveitar os líquidos separados, rejeitando-se, 
quase sempre, a parte sólida, que se designa por marco ou resíduo. 
A expressão é frequentemente utilizada nos laboratórios farmacêuticos e na indústria, podendo 
representar a operação principal, como na preparação dos sucos vegetais e óleos. Muitas vezes, 
porém, reveste-se do carácter de operação acessória, sendo empregue como tal quando se faz uma 
solução extractiva, para se recuperar parte do líquido que fica sempre a embeber o corpo submetido 
à extracção. 
Trata-se de uma operação puramente mecânica, em que se submete o produto a espremer a 
uma pressão que obrigue os líquidos nele contidos a fluírem para o exterior. Naturalmente que a 
maior ou menor facilidade com que um corpo cede os líquidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47 
que constituem os respectivos sucos celulares depende da sua textura e, por conseguinte, o grau de 
compressão a aplicar para se conseguir uma expressão conveniente dependerá da natureza do 
material a tratar. Deste modo, é de esperar que as substâncias polposas ou moles e os vegetais 
herbáceos, dada a relativa fragilidade das suas paredes celulares, não necessitem de ser sujeitos a 
tão fortes pressões como os produtos de textura compacta para cederem os líquidos que contêm. 
A expressão é, em regra, praticada a frio, devendo, em casos especiais, ser feita em aparelhos 
aquecidos, e, além disso, pode ser executada manualmente ou por meio de prensas. 
4.2.2.1. Expressão manual 
Este processo pode apresentar duas variantes, consistindo a primeira em esmagar a substância 
a espremer com a mão. Aplica-se a casos muito restritos, como na preparação de sucos de amoras e 
groselhas, sendo estes frutos transformados numa pasta por pressão manual, completando-se depois a 
expressão por um processo mecânico. 
A segunda variante consiste em encerrar o material num tecido apropriado, apl icando-se, 
seguidamente, uma torção progressiva nas extremidades daquele, o que obriga o líquido a 
abandonar o sólido e escorrer para o exterior do invólucro de pano, sendo recebido num recipiente 
colocado por baixo. 
Se bem que este processo de expressão não possa ser considerado tão eficiente como os que 
utilizam as prensas, c, no entanto, bastante utilizado como operação acessória na preparação de 
soluções extractivas. Na realidade, sempre que se submete um produto vegetal a uma extracção com 
um solvente, completada a operação apenas se obtém uma fracção do volume de líquido inicialmente 
adicionado à droga, pois, encontrando-se esta mais ou menos seca, fixa, por embcbição das suas 
células, uma parte importante do solvente. Tal facto resultaria num prejuízo considerável se nos 
limitássemos a aproveitar o líquido que sobrenada o sólido e desprezássemos aquela parte que fica 
retida pelas partículas da substância extraída. 
Esse é o motivo porque a preparação de qualquer solução extractiva, seja um decocto, 
macerado ou tintura, deve ser sempre completada com a expressão do marco, islo é, da parte da 
droga submetida ao processo extractivo e que não foi dissolvida, a fim de se recuperar o líquido por 
ela retido. Esta operação pode ser feita vantajosamente por meiosmecânicos, mas no caso de 
preparações em muito pequena escala, em que o marco a espremer pesa, no máximo, algumas 
dezenas de gramas, é evidente que o processo de mais fácil e prática execução é, precisamente, a 
expressão manual por torção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48 
4.2.2.2. Expressão mecânica 
Exceptuando o caso de o resíduo a espremer ser diminuto, a expressão deve ser feita por um 
processo mecânico, o qual é mais eficiente e or i gi na maior quantidade de l íquido. Os aparelhos 
utilizados na expressão mecânica são chamados prensas* das quai s exi stem numerosos modelos, 
adequados a cada caso, permitindo operar a frio ou a quente e capazes de exercerem, por vezes, 
pressões mui to consideráveis, e que se podem dividir em dois lipos distintos: as prensas de 
parafuso e as prensas hidráulicas. 
4.2.2.2.1. Prensas de parafuso 
A prensa de COLLAS (Fig. 16) representa o tipo mais simples de prensa de parafuso, tendo sido 
muito utilizada na oficina farmacêutica. É constituída por dois ci l i ndros 
concêntricos apoiados num suporte, sendo o i nter i or perfurado e 
de diâmetro menor que o situado externamente. O parafuso que exerce a 
pressão termina por um disco justo ao ci l indro interior, sendo aquele 
obrigado a subir ou descer ao longo da prensa conforme o movimento que 
se imprime ao volante que acciona o parafuso. 
A substância a espremer é envolvida num tecido resistente, a fim de 
evitar que a pressão exercida force as partículas a passarem através dos 
orifícios do ci l indro perfurado c. eventualmente, os obstruam, sendo 
então colocada no ci l indro interno. Feito isto, desce-se o disco accio-
nando o volante da prensa, de modo que a pressão exerci da sobre a 
substância vá aumentando progressivamente e actue de modo uniforme 
sobre toda a superfície do corpo 
a espremer, o qual deve ser disposto na prensa em camadas 
uniformes que ocupem todo o cilindro. A medida que a pressão vai actuando, o líquido escorre para 
o espado entre os dois cilindros e sai pelo bico da prensa, sendo recolhido num vaso colocado por 
baixo deste. 
A Fig. 17 mostra um outro modelo de prensa de parafuso, mais poderoso do 
que o anteriormente descrito. A diferença fundamental entre estes dois 
aparelhos reside na circunstância de a prensa de dupla ai\ão (Fig. 17) ter 
uma roda dentada acopulada ao parafuso. Assim, quando este atinge o fim 
do seu curso e já não desce mais por acção do volante, pode apl icar-se uma 
pressão suplementar movendo a mani vela l ateral , que, fazendo girar a 
roda dentada soldada ao parafuso, obriga este a deslocar-se para baixo, 
aumentando, por isso, a pressão anteriormente exercida sobre o material 
colocado na 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fig. 16. Prensa de COLLAS 
 49 
 
Quando se verifique que não há mais aumento de pressão por accionamento da alavanca como 
atrás se descreve, esta é retirada da posição inicial A, colocada conforme se vê na Fig. 18 e 
novamente accionada para trás e para diante, conseguindo-se, deste modo, um apreciável aumcnlo 
da força aplicada sobre o material. Acabada a operação, querendo subir o parafuso para poder 
retirar o produto espremido e colocar outra carga 
na prensa, removem-se as peças de aço terminadas em forma 
de cunha (B) que se projectam sobre a superfície do anel que 
rodeia o parafuso A, rodam-se e tornam-se a colocar nos 
respectivos orifícios, Como as cunhas terminais destas peças 
ficam, agora, colocadas ao contrário, quando se puxa a alavanca 
na direcção do operador o anel funciona como roda l i vre, mas ao 
fazer-se o movimento oposto o parafuso anda para cima e, 
portanto, a pressão diminui. 
Qualquer que seja o lipo de prensa de parafuso 
considerado, há certos pormenores de construção a respeitar paru 
que o aparelho funcione eficientemente. Assim, é de mencionar que 
a rosca do parafuso deve apresentar as superfícies das espirais 
superior e inferior paralelas e não convergentes e terminando em 
ponta aguçada, como acontece nos parafusos vulgares. Além 
disso, o bloco da prensa não deve estar ligado à extremidade do parafuso, para que aquela se 
mantenha imóvel quanto este é accionado, e as partes interiores do aparelho serão estanhadas ou de 
aço inoxidável para evitar reacções com os taninos e ácidos porventura existentes no material a 
espremer. É necessário, ainda, que o parafuso exerça a pressão bem no centro do disco terminal, a 
f i m de se evitar que o aparelho sofra avarias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existe um outro modelo de prensa, denominado prensa 
diferencial de dupla acção (Fig. 18), que permite obter pressões ainda 
mais elevadas do que as fornecidas pela prensa de dupla acção, com a 
vantagem de o seu accionamento exigir um esforço menor ao 
operador. 
O material a espremer é colocado dentro de um saco de tecido 
resistente e posto no cilindro perfurado. A pressão inicial é aplicada 
por uma alavanca de ferro que encaixa na cabeça do parafuso A e se 
move para trás e para a frente. Cada movimento na direcção do 
operador faz girar o parafuso e obriga a descer o disco a ele ligado na 
extremidade inferior, mantendo-se a pressão assim aplicada durante o 
recuo da alavanca, graças a um disposi tivo de roda l ivre. 
Flg. 17. Prensa de 
parafuso de dupla 
acção 
 Fig. 18. Prensa 
diferencial de dupla 
acção 
 50 
4.2.2.2.2. Prensas hidráulicas 
As prensas deste tipo apenas são usadas em instalações à escala industr ial , podendo espremer uma 
grande quantidade de material com a maior efi ci ência c um dispêndio mínimo de trabalho, 
baseando-se o seu funcionamento na pertei ta elasticidade dos líquidos, expressa pelo conhecido 
princípio de Pascal. 
Nestas circunstâncias, quando dois cilindros A e B, contendo um f l ui do qualquer (' ) , estão ligados 
por um tubo (Fig. 19). toda a pressão exercida sobre a superfície do líquido em A é transmitida 
integralmente e em todas as direcções ao l íquido encerrado no (ubo de ligação e, desle, ao líquido 
no ci l indro 6. Se os dois ci l i ndros ti verem a mesma secção, é evidente que a (orça ou pressão 
aplicada em A será a mesma que se transmitirá a B: admitamos, porém, que o ci l indro B icm uma 
área da base t O vezes superior à de A. Sendo a 
pressão, como se sabe, a força exercida por 
unidade de superfície, fácil se torna concluir que a 
torça que se exerce em A se toma, efectivamente, 
10 ve/es superior em fl. 
O mecanismo que opera estas prensas esiá 
representado na Fig. 19. Fa/endo subi r o pistão 
em A por acção da respectiva alavanca, o óleo é 
aspirado do reservatório f através da vál vula 
C. que impede, depois, que o 
óleo volte para trás. O abaixamento do pistão 
força o óleo a passar para o ci l indro fi, sendo 
impossível o seu retrocesso mercê da válvula D. 
Operando a alavanca, o óleo é continuamente 
bombeado para B, o que obriga o pislào H a 
subir, comprimindo o material colocado na 
plataforma G contra o anteparo /. Terminada a operação, di mi nui --se a pressão na prensa 
abrindo-se uma torneira, o que faz com que o óleo abandone o cilindro B e retome para o 
reservatório /' e, como consequência disto, o pistão H descerá ate ati ngi r o seu curso mais baixo. 
No mercado encontram-se vários modelos destas prensas, usadas, principalmente, na 
preparação industrial de óleos obtidos por expressão de frutos ou sementes. Uns e outros são 
previamente esmagados em moinhos de rnós ou rolos, colocando-se, então, a massa assim obtida em 
seiras de cairo, as quais são, depois, empilhadas na prensa e convenientemente espremidas. 
C) O fluido geralmente usado nestas prensas é um óleo. que serve de l ubr i f i cante e 
transmissor da pressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 19. Diagrama de uma prensa hidráulica 
 51 
 
Dadas as suas dimensões e capacidade, estes tipos de prensas raramente são uti lizados para 
espremer os marcos resultantes das soluções extractivas farmacêuticas. No entanto, existe um moi>'o 
de prensa para trabalho em pequena escala, próprio para espremeras drogas uti l í/adas na 
preparação de tinturas, o qual incorpora o princípio do parafuso e da prensa hidráulica. 
Uma prensa deste tipo está representada na 
Fig. 20. O material a espremcr L colocado no ci l i n 
dro perfurado, fazendo-se descer o disco compressor 
da extremidade do parafuso accionando o volante. A 
pressão adicional necessária para a expressão com 
pleta do marco é aplicada movendo as alavancas 
situadas à direita, que, por sua vez, fazem girar outro 
parafuso, o qual aplica uma pressão ao líquido encer 
rado no pequeno e estreito cilindro inferior, em cujo 
interior existe um pistão. Como o ci l i ndro perfurado 
ende se colocou a droga nasce na extremidade supe 
rior do pistão, este, ao subir, comprime a substância 
centra o disco ligado ao parafuso e, assim, se realiza Fjg_ 20 Prensa para {inturas accío_ 
uma expressão bastante eficiente. nada por parafuso e pressão hidráulica 
4.2.2.3. Prática da expressão 
Na expressão mecânica de qualquer substância devem respeitar-se certas condições para que a 
operação se realize com o máximo rendimento e os líquidos espremidos não sejam alterados. São os 
seguintes os principais factores a que se deve atender ao praticar uma expressão: 
1) E necessário que o material de que é fabricada a prensa .seja compatível com a substância a 
espremer. Deste modo, deve ter-se em consideração que o ferro reage com os taninos existentes em 
muitos vegetais, e nesse caso impõe-se a utilização de prensas estanhadas ('} ou esmaltadas. No 
caso da preparação de sucos acentuadamente ácidos recomenda-se empregar prensas de aço 
inoxidável. 
2) O material herbáceo deve ser submetido a uma contusão prévia, a fim de se fenderem as 
respectivas paredes celulares, o que facilita a expressão. Feito isto, pode ser colocado directamente 
na prensa, não necessitando ser envolvido em tela. 
3) Toda a substância a espremer que esteja reduzida a pó deve ser envolvida num tecid» 
resistente e só então colocada na prensa, procurando-se, com isto, evitar a obstrução dos orifícios 
do cilindro interno do aparelho pêlos fragmentos do produto sujeito à operação. 
C) Não devem utilizar-se com algumas drogas, como as amoras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 52 
 
4) A substância deve ser colocada na prensa de modo a formar uma camada uni forme, 
isto é. lendo igual espessura em toda a superfície do ci l indro. 
5) A pressão deve ser aplicada lenia e progressivamente, de modo a evi tar que o 
tecido envolvente do material a espremer se rompa. 
6) A pressão deve ser uniforme e intermitente, só se aplicando nova força depois de ter 
cessado o escoamento do l iquido libertado pela pressão anterior. 
7) Ao atingi r -se o l imi te da pressão dada pelo aparelho, deve deixar -se este em 
repouso durante algum tempo, mas manlcndo-se a pressão, para se oblcr o máximo de 
rendimento cm líquido. 
8) Tratando-se de materiais que or iginem sucos viscosos, deve misturar-se-lhes uma 
substância sólida, como pulha cortada e lavada ou casca de arroz, o que faci l i ta o 
escoamento dos sucos com tais caracteríslicas. 
9) Quando a substância que se prelende obler por expressão é sól ida ã temperatura 
ambiente no local onde se pratica a operação, é necessário ut i l i /ar prensas com pralos e 
disco compressor convenientemente aquecidos, para que ela funda e possa escorrer 
livremente. 
4.2.3. CENTRIFUGAÇÃO 
É um» operação destinada a separar sólidos de líquidos ou líquidos não mi.scíveis. 
Efectua-se uti l i zando aparelhos especiais — as centrífugas — que fazem a separação, 
por meio de força centrífuga, de duas ou mais substâncias de densidades diferentes, 
devendo uma delas ser. necessariamente, um líquido. 
A centrifugação pode ser praticada com u fim de se isolar um sól ido em suspensão 
num líquido, operação correntemente praticada nos laboratórios de anál ises bioquímicas 
para se conseguir, por exemplo, um sedimento de urina. Outras vezes execu Ia-se para se 
obter um líquido límpido, quando a fi l tração através de papel ou de outra membrana 
porosa não é aplicável, devido ao facto de o sólido a separar, por ser de natureza 
gotnosa ou gelatinosa, obstrui r os poros da superfície filtrante. A cenirifugacáo úti l i /a-se, 
ainda, para desfazer emulsões tantas vezes formadas durante os processos de extracção. 
4.2.3.1. Tipos de centrífugas 
As centrífugas de laboratório são. em regra, accionadas por um motor eléctrico, 
colocado na base, donde emerge um eixo vertical sobre o qual assentam os vários tipos de 
cabeça ou rotor, que está montado dentro de uma caixa metálica fechada. Fïsla tem. 
habitualmente, uma lampa na parte superior e consti tui um disposi tivo destinado a 
proteger o operador contra os fragmentos de vidro, resultantes do estilhaçamento dos 
 
 
 
 
 
 
 
 53 
 
tubos, ou de metal, provenientes da própria centrífuga, caso esta se avarie quando em 
funcionamento. As ccnirífugas são fabricadas em diversos tamanhos, desde os modelos 
laboratoriais, cujos tubos comportam no máximo cerca 
de 200 ml, até aos grandes modelos utilizados na 
indústria. 
As centrífugas usadas nos laboratórios podem ser 
equipadas com três tipos de cabeça. O modelo mais 
vulgar é o de cabeça vertical, representado na Fig. 21, 
em que os tubos de vidro são colocados em suportes 
metálicos, tendo no fundo uma almofada de borracha, 
estando aqueles soldados a gonzos que se apoiam sobre 
ranhuras abertas no rolor. Como o centro de gravidade 
está situado abaixo dos gonzos, os tubos mantêm-se 
verticais quando a centrífuga está em repouso, mas logo 
que o rotor comece a girar vão-se movendo sobre os 
gonzos, até atingirem a horizontalidade, retomando a 
primeira posição logo que a centrífuga pare. 
O material a separar é obrigado, nestas centrífugas, 
a atravessar a camada líquida em toda a sua extensão até atingir o fundo do tubo, onde 
se deposita. Em resultado disto, há um aumento de concentração de partículas sólidas 
próximo do fundo durante a centrifugação, de que resulta uma certa interferência 
recíproca entre elas. Estes factos 
representam outros tantos defei 
tos inerentes a este tipo de 
centrífugas, o que torna, por 
vezes, a sedimentação do sólido 
incompleta, se bem que uma 
centrifugação longa e feita a alta 
velocidade possa, em certos 
casos, remover os inconvenientes 
apontados. Por outro lado, as 
centrífugas de cabeça vertical 
apresentam a vantagem de per- 
Fig. 22. Centrífuga com cabeça cónica mitirem o uso de tubos gradua 
dos, próprios para a medição do 
volume dos sedimentos obtidos, pois estes depositam-se regularmente no fundo dos 
tubos. 
Outro tipo de centrífuga é o de cabeça angular ou cónica, no qual o rotor é um 
tronco de cone com orifícios onde encaixam os suportes metálicos para os tubos, os 
quais formam, geralmente, um ângulo de 45-50° com o eixo do aparelho. Nestas 
centrífugas (Fig. 22) os tubos mantêm sempre a posição angular, sendo possível 
 
 
 
 
 
 
 
 
Flg. 21. Centrífuga de 
cabeça 
 
 
 54 
obter-se com elas maiores velocidades do que com as do modelo anter i or , r esul tando 
daí urna melhor sedimentação. Além disso, cm vê/ de as par tículas atravessarem iodo 
o comprimento do tubo para sedimentarem, como acontece com y s centr ífugas de 
cabeça vertical, deslocam-se neste caso segundo um ângulo de 45-5(1", chovam contra 
as paredes do tubo e descem para o fundo, como 
se mostra na Fig. 23. Uma vê/ que o trajecto 
através do líquido é menor c a resistência ao 
atr i to das partículas sobre as paredes do tubo é. 
geralmente, pequena, a sedimentação torna-se 
mais fácil e rápida. É este. al i ás, o mol ho por 
que alguns sólidos l ïoculentos e tin;unente 
divididos, difici lmente sedimentáveis numa 
centrífuga de cabeça ver ti cal . deposi tam sem 
di f i cul dade quando submetidos à 
centr i fugação num rotor angular. Hste tipo de aparelho nào 
serve, contudo, para a mediçãovolumétrica dos 
sedi mentos, pois estes. c'imo a |-ig. 13 
mostra, depositam-se formando uni ângulo com o ei vo do 
lubo. 
O terceiro tipo c representado pelas centrífugas de cesto (Fig. 24) . usadas, sobretudo, para 
separ ar os cr i stai s das respectivas águas-màes, ser vi ndo ai nda para os secar. 
O cesto é consti tuído por um recipiente ci l índr ico, 
geralmente perfurado, que roda dentro de uma câmara 
onde se j unta o l íquido separado, que é depois reti rado 
para o exter ior através cio tubo lateral que se si tua, no 
caso da Fig. 25. na parte di rei ta do aparelho. 
A fim de se reter o sólido no interior do cesto, 
este deve ser previamente forrado com papel dç f i l t r o. 
rede de arame de malhas mui to apertadas ou qualquer 
outro material adequado. Fstas centr ífugas, no entanto, 
só trabalham bem com sedimentos cr i stal i nos cujas 
partículas tenham dimensões ra/.oáveis. 
Na real idade, se o produto a sedimentar c de 
nature/a gelatinosa, depressa obstruirá os poros do 
material filtrante que tenha sido uti l i zado para forrar o 
cesto, de modo que a fi l tração, a parti r de cerlo 
momento, é retardada ou cessa por completo. 
Em casos destes deve usar-se um césio sem or i fíci os, como o da Fig. 25. A 
suspensão a eent r i fugar é introduzida lenta mas cont i nuamente pela parte i nter i or do 
cesto, deslocando-se as partículas sól idas para a per i fer i a, onde se deposi tam sobre as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Super,ic'.e 
u\/re 
rotaçã
Camr.ho 
seguido 
pela 
Ui.pert.ci
e livre ern 
repouso 
Seaim.ertj ern ângulo 
Fig. 23. Sedimentação numa 
centrífuga de cabeça 
cónica 
 
Fig. 24. Centrífuga de césio 
 55 
 
paredes, fluindo o líquido límpido pela parte superior para a câmara de drenagem. Quando a 
camada do sedimento depositado sobre as paredes do césio atinge proporções consideráveis, o 
liquido começa a sair turvo e, nessa altura, é necessário interromper a centrifugação e proceder à 
limpeza do aparelho. 
Por vezes, utilizam-se centrífugas especiais. Assim, emprega-se uma centrífuga aquecida 
para clarificar líquidos viscosos ou quando a substância que se pretende separar tem um 
ponto de fusão superior à temperatura ambiente, como acontece com a gordura do leile, cuja 
dosagem se faz centrifu-gando a quente aquele 
produto, depois de t r atado com ácido sulfúrico. 
Existem também centrífugas Sedimento 
refrigeradas que se utilizam para centrifugar 
produtos biológicos, operando-se a temperaturas 
capazes de inibirem as acções enzimáticas susceptíveis 
de alterarem os referidos produtos. Estes aparelhos 
servem, ainda, para separar substâncias que apenas 
se mantêm sólidas a baixas lemperaturas ou para obter 
os produtos formados numa cristalização fraccionada a 
diferentes temperaturas, como, por exemplo, no 
caso das proteínas do soro sanguíneo. O 
processo de arrefecimento mais vulgarmente 
usado nestas máquinas é um sistema de compressão e 
expansão, estando a serpentina de evaporação 
colocada no interior do aparelho. 
A Fig. 26 representa o diagrama de uma supercentrífuga SHARPLES, tipo centrífuga contínua, 
que serve para separar sólidos de líquidos e desfazer emulsões. Esta centrífuga, ao contrário do que 
é usual, é movida por um motor colocado na parte superior, verificando-se a separação na parte 
móvel, espécie de panela, que eslá suspensa do eixo ligado ao motor. O material a centrifugar entra 
pela parte inferior do aparelho e emerge da parte superior deste. Durante o trajecto ao longo da 
câmara de separação o material é submetido a uma força centrífuga relativa da ordem de 62 000 G, 
de modo que, ao atingir a saída, deu-se a sedimentação das partículas que estavam em suspensão. 
As ultracentrífugas constituem um outro tipo de centrífuga especial que se caracteriza pelas 
altas velocidades que é capaz de desenvolver. De facto, tais máquinas, que em geral estào equipadas 
com um rotor relativamente pequeno, podem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saída do líquido 
 
Fifl. 25. Sedimentação numa centrífuga de 
cesto não perfurado 
 56 
atingir mais de 100000 r.p.in, c exercem forças da ordem de l mi lhão de G. São, por isso, usadas na 
investigação de colóides e para determinar o tamanho das partículas e o peso molecular de certos 
compostos, como as proteínas e ácidos 
nuclcicos, por observação directa ou indirecta do ritmo de separação 
das partículas em solução ou em suspensão. 
i i r ; £s=>i 
Motor — 
i
 
i
j
j
j
 
S
i
 
.
ü
.
^ 
4.2.3.2. Cálculo da força centrífuga desenvolvida por uma 
centrifugadora 
Passados em revista os principais tipos de centrífugas 
utilizadas no trabalho laboratorial, consideremos, agora, al guns 
aspectos teóricos da forca centrífuga que const i tui , no fundo, 
o pri ncípi o sobre que se baseiam as máquinas que acabámos 
de descrever. 
Numa imagem bastante simples, poderemos di/er que a força 
centrífuga é representada por um peso f i xado na extremidade de um f io 
girando à vol ta de um eixo. Ela iguala a força, di r i gi da para fora do círcul o descri to na sua 
rotação, que o peso exerce sobre o t i o, enquanto LI força 
centrípeta, que se lhe opõe, corresponde á 
força que o fio exerce sobre o mesmo peso puxando-o para dentro e o 
mantém na sua trajectória circular. 
A força centrífuga pode ser expressa em termos de múl t i pl os da força gravitacional. G, e actua sempre 
ern direcção perpendicular ao ei xo de rotação. No caso de este ser vertical, como acontece nas 
centrífugas de laboratório, o peso do corpo que gira torna-se insignificante quando a força centrífuga 
relativa é igual ou superior 25 G. De facto, nestas condições o vector resul tante da torça cent rí f uga 
que pux a o corpo para fora c o peso de \ g, actuando para baixo, é equi val ente a 25,09 g ou 25,02 G, 
o que corresponde apenas a um acréscimo de 0.08% sobre a força centrífuga, tomada i sol adamente. Ora, 
como as centrífugas usadas desenvolvem sempre torças centrífugas rel ativas muito superiores a 25 G, na 
prática só se consideram aquelas, despre/ando-se o efeito do peso do corpo, uma vc?. que quanto maior 
for a força centrífuga desenvol vi da pel a máquina mui s o vector se aproxima da normal ao ei xo de 
rotação (Fig. 27). A força centrífuga pode cal cul ar-se a partir da expressão: 
 
 
 
 
 
 
- Suporte tntrada 
do l í qui do 
Fig. 26. Diagrama de 
uma supercenlrífuga 
Sharples 
F = R @2 (1) 
 57 
 
 
em que F é a força centrífuga, M a massa do corpo rolante, (O a velocidade angular, e r representa 
a distância que vai do eixo de rotação ao centro de gravidade do corpo. Fazendo as necessárias 
substituições, a equação (1) pode transformar-se nesta outra: 
F' =0,00001117 M r N2 (2) 
representando F' a força centrífuga total, expressa em G, M a massa do corpo rolante, em g, N a 
velocidade de rotação em revoluções por minuto, tendo r o significado acima referido. 
Força centrífuga =25 G = 
25 g 
——— ____ 
Vector = 25,02 g 
Fig. 27. Força centrífuga 
Muitas vezes usa-se uma oulra grandeza chamada força centrífuga relativa (F. C. R.), a qual se 
define como o número de gravidade G que aclua sobre uma massa girando à volla de um eixo num 
determinado raio e velocidade. A força centrífuga relativa pode ser calculada a partir da equação 
(2), desde que se tome para valor de M a unidade. Assim lemos que: 
F. C. R. = 0,00001117 r N2 (3) 
Dado que a F. C. R. apenas depende do raio e da velocidade da centrífuga, Iodas as partículas, 
qualquer que seja a sua forma, massa e densidade, terão, necessariamente, a mesma F. C. R., sem que 
isso queira significar que depositarão todas ao mesmo lempo. Na realidade, admilindo que elas 
parlem Iodas do mesmo ponlo, as de maior densidade serão as primeiras a sedimenlar, já que a força 
cenlrífuga lolal depende

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