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CAMPUS FLORESTA CENTRO MULTIDISCIPLINAR CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM Professor da Universidade Federal do Acre Área: Cuidados Clínicos Intensivos e Bloco Cirúrgico. Doutorando em Ciências – UNIFESP; Mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local -‐ EMESCAM Kleyton Góes Passos PARTE II Situações Clínicas no Sistema Hepático. * revisão de Anatomia e Fisiologia; * histórico; * avaliação diagnóstica; * disfunção Hepática; * transtorno dos Pacientes com distúrbios Hepáticos; * tratamento de pacientes com distúrbios hepáticos não virais; * varizes esofágicas; * câncer de fígado; * Cirrose; * transplante de fígado; * abscessos hepáticos. Para prestar assistência a clientes com doenças hepáticas a enfermeira deve ter habilidades avançadas de avaliação clínica e manejo. O Boxe 25.1 ressalta algumas considerações importantes pertinentes à avaliação de clientes com doença hepática. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. DOENÇAS HEPÁTICAS Icterícia A coloração amarelada da pele e das escleróticas é causada pela redução da capacidade do fígado de metabolizar e secretar bilirrubina. A icterícia torna-‐se perceptível quando o nível de bilirrubina sérica é maior que 3 mg/dℓ. As elevações das concentrações de bilirrubina sérica podem ser causadas por doenças hepáticas agudas ou crônicas. O diagnóstico diferencial da icterícia pode incluir as seguintes causas: * Icterícia hepatocelular causada por hepatites virais, hepatotoxinas (inclusive fármacos e álcool), doenças metabólicas, isquemia, hepatite autoimune ou gravidez; (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações clínicas da disfunção hepática * Icterícia obstrutiva causada pela obstrução dos ductos biliares; cálculos biliares; inflamação dos ductos biliares causada por colangite esclerosante primária, estenoses biliares, neoplasias malignas do sistema biliar, cânceres de pâncreas e fígado ou pancreatite; * Icterícia hemolítica causada pela produção aumentada de bilirrubina em consequência de hemólise, doenças hematológicas, reabsorção de hematomas ou transfusões repetidas; * Hiperbilirrubinemia hereditária causada por distúrbios hereditários do metabolismo da bilirrubina, inclusive várias síndromes, sendo que algumas requerem transplante de fígado. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações clínicas da disfunção hepática Continuação A hipertensão portal é causada pelo aumento da resistência ao fluxo sanguíneo do fígado e ao aumento do fluxo sanguíneo devido à dilatação da circulação esplâncnica. As duas complicações principais da hipertensão portal são ascite e varizes esofágicas (descritas adiante) (Runyon, 2009). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Hipertensão portal Nos clientes com ascite, líquidos acumulam-‐se na cavidade peritoneal. O aumento do fluxo sanguíneo das veias que drenam o sistema portal causa dilatação e formação de veias varicosas. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Ascite A hipertensão portal e o aumento resultante da pressão capilar e a obstrução do fluxo sanguíneo venoso pelo fígado doente são fatores que contribuem para isso. A incapacidade do fígado de metabolizar aldosterona aumenta a retenção de água e sódio pelos rins. A retenção de água e sódio, o aumento do volume de líquido intravascular, a ampliação do fluxo linfático e a redução da síntese de albumina pelo fígado doente contribuem globalmente para a transferência de líquido do sistema vascular para o espaço peritoneal. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Fisiopatologia Em consequência da lesão hepática, volumes expressivos (15 ℓ ou mais) de líquido rico em albumina podem acumular-‐se na cavidade peritoneal na forma de ascite (Schiff, Sorrell e Maddrey, 2007). A Figura 25.1 ilustra a fisiopatologia da ascite. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Fisiopatologia Continuação Fisiopatologia Continuação Figura 25.1 Fisiopatologia da ascite (teoria da dilatação arterial). através dos tecidos da parede abdominal. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. -‐ Os sinais e sintomas referidos comumente pelos clientes com ascite são aumento da circunferência abdominal; -‐ aumento do peso e edema dos membros inferiores; -‐ Esses clientes também podem apresentar dispneia causada pela distensão abdominal ou por derrames pleurais; -‐ Hérnias abdominais secundárias à elevação da pressão intra-‐abdominalpodem ser detectáveis, assim como veias colaterais e estrias (marcas de estiramento) visíveis. Os clientes também podem ter saciedade precoce, anorexia e fraqueza generalizada (Schiff et al., 2007). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações clínicas e avaliação A detecção da ascite pelo exame físico pode ser conseguida por percussão para demonstrar macicez móvel. Com o cliente em decúbito dorsal, o líquido livre na cavidade abdominal acumula-‐se nos flancos; a percussão do abdome detecta timpanismo na região anterior do abdome e macicez nos flancos. Quando o cliente vira para um dos lados, a repetição da percussão demonstra macicez móvel (a área mais superior produz som timpânico, enquanto a área mais inferior tem som de macicez à percussão). O teste da onda líquida abdominal também detecta ascite (Figura 25.2). Abaulamento dos flancos também pode indicar ascite. A avaliação física cuidadosa da ascite por meio do exame físico pode não ser tão precisa quando o volume do líquido ascítico é menor que 1.500 ml ou quando o indivíduo é obeso (Runyon, 2009). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações clínicas e avaliação Continuação Figura 25.2 Teste da onda líquida abdominal. O examinador coloca as mãos nos lados dos flancos do cliente e, em seguida, percute firmemente um dos flancos de modo a detectar qualquer onda líquida com a outra mão. A mão de um auxiliar pode ser colocada (com a superfície ulnar para baixo) ao longo da linha média do abdome do cliente para evitar que a onda líquida seja transmitida (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐ Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações clínicas e avaliação Continuação -‐ Modificação de dieta; -‐ Diuréticos; O tratamento farmacológico combinado com espironolactona (bloqueador da aldosterona) e furosemida (diurético de alça) é o esquema mais eficaz para controlar a ascite e o edema dos membros inferiores. -‐ Paracentese; -‐ Shunt portossistêmico intra-‐hepático transjugular. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manejo clínico e de enfermagem Peritonite bacteriana espontânea (PBE) é uma complicação importante da ascite e ocorre quando há infecção do líquido ascítico, geralmente por Escherichia coli, uma bactéria gram-‐ negativa (i. e., febre, calafrios, dor abdominal) – Atb terapia de forma imediata deve ser iniciado. Complicações Varizes esofágicas são encontradas em 50% dos clientes com cirrose e esta é a complicação potencialmente mais grave dos clientes com doença hepática crônica. O sangramento ou a hemorragia das varizes esofágicas está associado a redução expressiva da sobrevivência em geral e a taxa de mortalidade alta (até 20% nos primeiros 6 meses depois do primeiro episódio de sangramento) (Garcia-‐Tsao, Sanyal, Grace et al., 2007). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Varizes esofágicas Varizes esofágicas são veias dilatadas e tortuosas, geralmente encontradas na camada submucosa do terço inferior do esôfago, embora possam também se formar nos segmentos esofágicos mais altos ou se estender até o estômago. Hipertensão portal é o mecanismo principal responsável pela formação da circulação colateral. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Fisiopatologia Em consequência da obstrução acentuada da veia portal, o sangue venoso proveniente do trato intestinal e do baço procura uma saída por meio da circulação colateral (vasos novos abertos para retornar o sangue ao átrio direito). A consequência disso é o aumento da pressão, principalmente nos vasos da camada submucosa do terço inferior do esôfago e nos segmentos proximais do estômago. Esses vasos colaterais não são muito elásticos; pelo contrário, eles são tortuosos e frágeis e sangram facilmente (Schiff et al., 2007). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Fisiopatologia Continuação • sangramento gastresofágico (Figura 25.4) é atribuído à elevação da pressão portal e à ampliação do fluxo sanguíneo colateral, causando dilatação e adelgaçamento das varizes. Qualquer aumento adicional da pressão ou uma lesão da parede das varizes pode causar ruptura e hemorragia. • Os fatores que podem provocar hemorragia são etilismo, esforço físico e qualquer atividade que aumente a pressão intra-‐ abdominal (p. ex., levantar peso, fazer esforço para defecar, vomitar, tossir), (Schiffet al., 2007). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. REF. ENDOSCOPIATERAPEUTICA.COM.BR 18.01.16 REF. ENDOSCOPIATERAPEUTICA.COM. BR 18.01.16 Carcinoma hepatocelular (CHC) é a quinta causa principal de câncer e é responsável por grande número de mortes relacionadas com neoplasias malignas (Schiff et al., 2007). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Carcinoma Hepatocelular CHC está diretamente relacionado com cirrose e infecções crônicas pelos vírus das hepatites B e C. DHA, esteatose hepática não alcoólica (inflamação e acumulação de gordura no fígado), cirrose biliar primária e hemocromatose (acumulação excessiva de ferro no corpo) também parecem aumentar o risco de desenvolver CHC. Idade maior que 50 anos e sexo masculino também aumentam a probabilidade de desenvolver esse tumor nos clientes com cirrose (Schiff et al., 2007). O CHC pode desenvolver-‐se nos clientes sem cirrose e, em geral, estes indivíduos têm hepatite B crônica. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Fatores de risco • icterícia; • ascite; • varizes e estigmas da doença hepática crônica são comuns; • Perda involuntária de peso; • Anorexia; • dor no quadrante superior direito podem ser sinais iniciais adicionais. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações Clínicas Nos casos avançados, o cliente pode apresentar sangramento intra-‐abdominal causado pela ruptura do tumor. Alguns estudos demonstraram que, nos clientes considerados sob risco de sangramento por ruptura do tumor, a triagem rotineira por ultrassonografia abdominal e a dosagem dos níveis de alfafetoproteína facilitam a detecção do câncer de fígado (El-‐ Serag, Marrero, Rudolph et al., 2008). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manifestações Clínicas continuação Baseia-‐se nos sinais e sintomas clínicos, na história de saúde e no exame físico e nos resultados dos exames de laboratório e imagem. O cliente pode apresentar níveis séricos altos de bilirrubina, fosfatase alcalina, GGT e alfafetoproteína. Anemia é um achado comum e a avaliação laboratorial também pode mostrar leucocitose, hipercalcemia, hipoglicemia e hipocolesterolemia. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Diagnóstico Como o transplante de fígado hoje é reconhecido como uma modalidade terapêutica estabelecida, em vez de apenas um procedimento experimental para tratar essas doenças, o número de centros que realizam transplantes de fígado está aumentando. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Transplante de Fígado procedimento de transplante requer a remoção completa do fígado doente e sua substituição pelo órgão de um doador saudável, que é implantado na mesma posição anatômica (transplante de fígado ortotópico [TFO]). A eficácia dessa modalidade terapêutica foi demonstrada por índices de sobrevivência acima de 85% em 1 ano e acima de 75% em 5 anos (Koffron e Stein, 2008). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. O cliente em processo de avaliação para transplante de fígado geralmente tem vários problemas sistêmicos que afetam os cuidados pré-‐operatórios e pós-‐operatórios. A condição clínica do cliente precisa ser melhorada ao máximo de modo a evitar complicações e assegurar um resultado satisfatório. Os clientes precisam realizar exames e testes psicossociais para determinar se o transplante de fígado é exequível, bem como testes de compatibilidade com o órgão doado. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Seleção e avaliação para transplante A cirurgia de transplante consiste na remoção total do fígado doente (hepatectomia), sua substituição pelo órgão do doador, anastomoses vasculares do fígado do doador com os vasos sanguíneos do receptor e reconstrução do sistema biliar. Os estágios desse procedimento cirúrgico complexo são divididos em três fases: hepatectomia, fase anepática (sem fígado) e fase de reperfusão. (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Manejo Cirúrgico As complicações pós-‐operatórias imediatas podem incluir sangramento, infecção, rejeição e demora na recuperação da função do enxerto. Outras complicações são vazamentos e obstrução do fluxo biliar, trombose da artéria hepática e tromboseda veia portal (Koffron e Stein, 2008). (PELLICO) PELLICO, Linda Honan. Enfermagem Médico-‐Cirúrgica. Guanabara Koogan, 10/2014. VitalBook file. Complicações * Intervenção Pré e Pós Operatória; * Família; Enfermagem Trabalhar Nanda – NIC e NOC Trazer OS diagnóstico de Enfermagem das doenças hepáticas trabalhadas. SAE “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Coralina Obrigado! Kleyton.ufac@gmail.com
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