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ex -lil;eig lEVI CARNEIRO Principios de SOCIOLOGIA JPRIDICA EUSEBIO DE QUE IROZ LIMA P,., .... , C.l. d.o""" ~. f.eu'd ... d. 0".11. do Uol .. ,.ldodo do RIG d. s. .. i,o 3 .' . EDiÇÃO LIVR' RIA EDITORA FREITAS ~ASTOS RUA BETHENCOURT DA SILVA, 21-,\ E TREZE DE MAIO, 74-76 IU O DE JANflRO • SOCIOLOGIA jURIDICA DU A[TOR: COXCBI1'O DE DOMINlO li; POI5::$t: "OficiJUtl! Graficns" do JOI'ual do Hrnzil - 19l7, CREDITO RURAL ;'oncin3S Oa-arica/!" do ,101'11111 do Brazil - 1920. rEoatA DO BSTADO Linaria Preilas Uasto!! - 1930, EM PREPARO: OIREITO CONSTITUCIONAL BRAZrLEIRO 2 volumes. , { 3 -.1,0 PRINCIPIOS DE POR EUSEBIO DE QUEIROZ LIMA 3. ' EDiÇÃO LIvraria Freitas a •• los FREITAS BASTOS & CIA. Ru "1-'1" "'" IH • U .. M'" 14·. Rio de Janeiro 1933 • o. "PRINOIPIOS DE 800/OJ~OGIA JUfUDIOA", ao aparererel,,", em· junho de 1922, cieram. prccrdiflo, dfl' 'C' guintu paI4t.'1'af: .. Elite lilJf'o, 110. idéo. q1JAJ o il"l,irou, IUJ. fONn4 em que fe duCIII;'Olvcu e 110 fir,. a que 'e deI/iria, é tão de,· pretcllcio,o e tãQ aimpl(8, q"o dispenaa qualqlltr apre· sentação: é 11m. tratado elementar de enllino, é um· com· pendjo. Telldo de ,ubo/'dinar a cOllformflçiio de meu f',ludo (I CU6 /citi" e,peciat e r-igoro,o, o ('f.minJeo se me tk· parou traçado d-tJ antcl7uio. Ttio pe8ada, 11O/'Cm., CI'a (I ta/'('fo, quI.' me 11110 animo o 'II/Xlr me tellha tkla /taida a COlltctltO. A. difictdda(f.e. ,CI7~ conta (Iue 'e inter· põem á feitura de qU1Jlqucr obra didatictJ cre'ccru"~ 8i,,- gularmente de .. .'oluln(! no meu ()(Uo, por '6 tmtar ~ tHRIl materia inicial, ell~ q//6, 8fll1t O UI/(bifio de nenhuma outra cadeira, dcc,'f:ln. .tn" upliCOdolJ, de forma clara 6 collci.w. - na. m.a.t OrigCM, colldigúc. ohUlM 6 tenden· cia8 evolutivas - 08 prillcipios domillanle, de todol o. ramO.! do direito. ATem dil8o, dada IJ orifmlaç(;<J que adotei, 7/I,uito me ,cnti da falta, ql/e ,o/rem, o. flOU<J1 {;Ur,o., de umf' cadeira lif'opcdeutica de sOOiQ1ogia g(>1'at, em qlw OI c.' tlUlalltel hOU-C688Cfn recebido /.lI fI(Içõe, de que. forço- lamente, file tiee do utili:ar. Para. fia 1Mdida do po,· .i1:el, remediar cua lacl/llo, cIK'ontreillle lia 1Iece"idade de 6Zpo1', 111"" "titulo pl'eliminar", o JBotodo a. que me cj'lgi, 08 CO/lCf;itOIl flmdamerttl/WI sobre que firmei o meu pl"O!lralJ/a.e a. jU8tificarão do 1101110 quc dei ao nu., trabalho. Tenho COfll(l oumprid<J '1111 ardllO dCl:cl' de I/rofel· - • ,-~ " ~ ----'" " .... .J """, < ~ " "-'~ -...... . ..;~ ~ .\. 801"; C, 11O me d~/lobrigllt· deS/lC ellA:Ol'yo, procurei, t(mto quallto .,Cu, recurBOII pcr"útira1l1~ !/uardar e$l,-ita J~' delidnde li. IMII!,,", IUII~ão . Si de atgrem modo alcancei 08 rcqUÍ$itoll de Ixmu:idadc, Ifimpli(;iáadc, precisáo e ela- reztl, ill.fti.8peltilUVCi.s 1/(.08 escritos d·este gCIlC/"O, não é a mim, que compete àct,-id;r. Ull~ lauva,., apenas, cdolc (/ue ti I/I.crc(;ido; /J 8illccridad~ com, que tmbai/lei /){),. acertar . Nilo me i1ldullcti. /JO sectarismo de ncnhwna cl$CQla· - r:itutifico, t)olitu;a 01~ JifOBO/,ica; COIII· a 1I!U- ma. franqueza, e lealdade aceitei, dos diversos cllcritorell, em apoio d~ 1IIillhfl dc~llÍ4 c 00111. !l"tH/de proveito dalt itléus ltuJJtcllfada-IJ, qu.anto m.e pu,'ci:ea Nnl!orlllr 11() //leu ponto de tJilJto, c, pOI' OI/Ira lado, fundil1lu:nte, as ,n.Í+ nlw8 irredutibilidades e di","t:r!Jcllci1t$, ainda mesmo C'Q/I.- tra UfJ!tdcs q,lc 1nftilf acatam.ento 'Uw '/JwweCCI1l-. OOm a certeza (],e te" df'dw(I(UJ a. milfs(io a que me propu: tudo o que, Cllt trabalho e aplicaçi1o, de mim poderia dar, f.Í IIf'J1I illllfi}elf, mas tambem sem lfo!JrCSlful, tOll, ql/6 entrrfjo o mcw liL'ro Ú I)orte qlle lhe cou!Jcr" . .ti faUl1 de COI"-CI)/Jolldcnf'iIL Clt/ao c~illtcllt.e entre (.I li, "''''0 c a ory«n.iz(lçdQ oficial do ellSillO so sc fez f'!fracar, COII~ a, ,·cfol'l»ll' de 191!J, em eOIt<JequellcUJ fie dl/(lÍl iJl,ÚVf/{'ÓCS, ql/.c di8JJcran~ rCSl>etto particulfll·/1WIltc 0.0 c1l8i1~O (/0 dircito: It ultcraç(iQ f[al) I1II'kriru {lo Clill/W ccsUbular c a· Jl(f,lSflOuell~ do cadr:iru de filoi/ofia (lo direito, do 1,rilllcil·o /Iam o qlÚlltO (1/10. No ('.l'(III1C velJtiblllar, milito lonu!! de Ife incluir a, so- ciolo!}ia, sc illtrO(/I/zi" (( filosofia - a vcllw filosofia {los scminario8 - OOIlUJ di8C;/,/11I1Io obl"igatoria. Por outro lado. ft INll/sfcrcnda dAI ,radicional filosafia do dircito, do 1micio /lo (·W·SI) {K/.I'a O flll~, tirOu a.o IIlClt {'n- s{lia a. ,.,,::üo pnllir:a de ~r,· . -'li'lha ilttcnçilo f6m p'·edar ao ell-8itlo da cadeira de ilt!/I-C8~O lIoçoes e.rolf/.8 de soci.o' logia, (/.() mctodo pOlJifiro, /lo col/ccito objc~ivo (lo Din:ito e do Estado, afim de que, palllatimlmntte, IJC fOSiM IJI~b&ti, t.ftill(/.() o fll/aerQ/lil1lt!O fio dil'í-Hv lliltnral. Jlor 11m cS/lldo , cl<.m.cntar de lei/i<J cientifico. Á Irall8po,ição da diIJciplillG inidal para o. pclio(/'o filial do. cltuào, t:cio m.atar toda p<!1I.ibilidadc de"e 1'cc:ur,o de rwovação. J:J'I~ boa hora, a rclOl'ma. de 198/ (Dcc. n.O 19.8;)2, dll 1 L fie (J,bril) vew trazer ao ellsitlO diretri:e. 110008: 011 cstudo, IIcc,melario, foram. dirididoll em. doia (;UrlOI 8u('c8BicOB - 'Um. fUlldamclltal, de oi/teo allOI, uni.forme para loda' aI CG'Tcira.B, e IH)~ c:omplclIlt:tltar, de doia anQ" com a8 material adequada, a cada. um· do, rum·CUI do en..ti,j.() ltupe,;or; Xo Cllr~ de direito lo~ ad(Itada, IH",bora COln Q titulo illtprop,.jo de ., Jlltrodu.çdo 6, Cianci", do Direito" - de pro- 1lIIIlCiado cU/lho alemiio - a cadeira de Tco,;a GeraL do Di· rdto, em molde. mui8' amplo, do (JIU: tudo que havmmo, tillr) até (Igora. Por auel a!l'piCimos lIIotioof, ao tiror, 11C8IIe IItClllIIO alIO, a scgullda edição do livro, clltcI,di IIão fuzcr IHl trubulho de nove (mos (draz 1loetthuma. 11lOáificaçãQ quc pude88c ü,tc- rC88ur o piaM da obra, u, di$tribuiç(lo das matcri/H; ou Q ".etodo seguido, LiIl~itundo,"UJ a liyeiros retoqucs, em que file dC880 CQllta dali prOyl'CSIOS realiz(U/as lia solUÇão dcde O" daquele problema. Sc"do o livro, em .tua. lin,ha.t gt:t"ais, uma. (mteci-paçào do quc, na lei de hoje, em. partc IC cnconlrG fei/o, logica- "wmt6 .6 .eyll-e que (I. reforma do ClIsinu a,.te.t lhe deu, da ql~ Ih,c retirou, o cunha de atmllid{/(u. • • • h~fc1izmcntc, porem, lU e8J1cra"~'(,s, ('0". q"e a reforma (a' "cccbida, 1WO 86 eOllfirmaralll. O caminho ,c!1"idO, cn. tnatcl"i(/ dc tI/SitIO, pei() Afi,,;." teria da Educat'/iO, deldo que sc itwu9I1r(J!t, parece oriCI~t«do fiO .tcntido de anular I/a praticIf U-8 c.riyc/H·;(,-, di>,ciplilwdo- nu contidas na lei. UI" I)t"jm.cil'o ato, aliá', é ""terio!' (Í in.stalaçdo d-o 11O"/) nu jVi",iaterio: (I jubileu concedido ao8 e8tudarltC8, pelo decreto f'I..o 19.~O~, de 14 de rwrcmbro de 1930. Tcuilo em vi8ta. ql16 a intc,.ruMão da-3 fHda8~ nwtit-Ylda pela rCI'Oluçiio, e a per turbação da pa:: de CSpil"i.tO, que prcaelkl/. () movimcnto r6- I;oluctonario, havia'" prejudicado o preparo normald4.g tur_ ma8 para ° cza,n.e no fim dAJ ano, o governo adol,r.nt o alvilre eJ:atamente oposto á"mcdilWII qlU! e8.ta.8 ci.rcllrtdan.ci/l8 in.- dieavall~: ao i1ltié8 de adiar 08 e.ramell para (I, 8cgunda cpoca, oom a 1Jrorrogafid() do regime de /lIdas e obrif/f~toried/lde de freque"cW, como 8C ·im.prmha., 1lnta vez quc a prc8u'w;:do cra. de quc os ed-udantCII não lU/viam completado Batu/atoria" mente o.s traballlOB e8colare8, rc801t:eu, muito /1'0 contrario diuo, Cfm.gitlerur aprol..'atl08 todos qlfc o requeressem" irw.e- pendcntemenlc de qU/I'lqucr 7n'Ot"G de llabilitaçlfo. 08 matriculados tiveruII' Vl'Omoçdo de 8erie ou a co ... • clusilo do cur.so, e qua,lquer pe8soa, de8de que já hOlfVe8se pr'estado algum preparatorio,ptJude requ,erer cerH/iendo da aprovação cm qUiltro materi/l'&, cllco/hiMII á 'Vontade, sendo, naturalmente, prefcrid.u8 aquelall que ao candidato maio,'u dificllld.ade8 ofercce8/Ui'/ll, 00111 08 ezatll-ell lIeclltldariQ.8 cO)lcluid-08 etl~ tão melqlli- n1WII eondiÇÕCII, oiCl"am, as turma~ pedir matricula, ús eBcoklB lIupcriore8, olide 08 falwrcs âc88a na.tll.re::a têtl~ sido li/lcra,- 11::011011, pelo cur80 C". f6,.~. A. reforma de 1931, no art. 43, di.8liõe: "S6 1>odcnlo in8· crecer·lC [1Ora tU prOt'U8 firlai.8 08 alun08 '1"C tenham, fre- quentado doia terços, pela IIWII08, (101 aulas da rc'pectiL'O rudeir'U .. c q"c t-Cr/1w,m obtido li nota Cinco, no mínimo, oomo media d/l.s proC/l' parciais". Elite 1)1"OCe880, 11(1, "rimeira vez c,,~ que havia fIe 8cr po,to cm e~'ão, foi tl.u.li.ficado, pelo Dce. n" 20.783, de 28 de 110t;embro do mc,rno ano. que dis· pettllOU. /l-3 prot;a8 filiais ao.! alun08 qm!. pelo nl.e"os em duo~ prot"U8 pareia"', horweuem obtido media igrwl ou 'lIperior li 8CU. 08 qlUl nliO ti,tlC8Itcm a!ClJ/lÇfldo ('88C media Itltjeitar. Be~m a. c.:.r»me oral, ficondo dispe.waMII nã(l ,6 da media - ,x como da prooo. de frcqucn.oia.. A medi4 para. a aprovação Im reduzida a quatro. Em 19S!, tr"e. deorctOil lIeguido. - n: 22.004, de 24 de outubro, no" Z2.04Z, de fI de nooem.bro, c n.- !2.167, de 5 àe dezembro - cadiJ, um koondo a liberalid4:lde mau longe do que o aderior, fizeram vigorar para 68ft: ano o tri.te deGreto das media., de 1931, lendo q"c, pelo ultimo, a media de aproooçdo, paTa OI q!UJ fO-B.em /lltbmctiwu a e.t(I.me oral, de,ceu fi, irez. fJUO-IJ oontagen.s, por mo,f. clltranho ql,e f,.o fXl.rcça, em- tClldera'~lIeJ na, Faculdade. de Direito, ao CII/'/lO de dal/- tarado. O, estudante, de Direito ti",crUI1t, aletll. dj8lo, favorel e.peciai$: Sob o jllnda"wmto do ado71ta-çoo da Ileri~o de codeiroll I/cgllida na lei anterior (Dca. 11-.0 16.782".4, de 18 de janeiro de 19!5) /to regime de lei l~OL-a, pcrmid" o Ministro d(~ Edtj~ COÇa0, por simples U\'jso, qtj(J o. qllorla"i8ta8 de 1931 lermi- "a88C11~ o cur,o, por m,eàia8, 1&0 8Cglll/.do epoca,- Em 1932, OI alimo, do quarto ano con.scglriram, oprOIJ{Jr de, por med.ia.8, formar-ac cln rwoombro; 0' q/wrtanuta8 atuai" q/lC oblivcranl prt8tar, por me· ditu, conjuntlJmente com. o terceiro ano, a cadeira. de di- reito odnl.inistrntivo, que é do (l/ânto, Um já as,egurado o direito de receber 110 fim de8te an.o o grau de bacharel . . . '. Oumpre aOB profelBoreB não $6 dmar im;adir pelo delJ· unilno, pela dc4arença geral, que e8l(J./l medida, 8t'1n nezo tradu:em. , B é tanto mais facU e"6 e8/orço dc reaçM, qrmn- to é certo qu.e, todQ, cn an.Q" 6111. roda ,ene, '6 dcdaca tllll grupo d6 e8tudioltOB u/orr"-ado,, q/j,(' ,c '6ntcm IÍf>jJrimidn, por taiB faL'Oru e, até, 110 rCOU8am a ulfflfruir-lhelJ 08 pro- ,,-citoll . Flue pug{lo de gente moça, q!l~ .c afirm-a no meio /mi· x l't'f'lUario, v'rá. 8(llt:or a. gcrQÇÕU futura. do baque irremc- diat.'el da dcoadencia intelectual, que GI facilidade. adlnj· IJ"lraH,,-a' cdimuw.I'" Sentilldo perto de mim pul.ar o coração e lampejar a illleligcncio. dU'a elite~ enCOntre ..... me com "!limo d'!, lIeda tercei~ edicão, n.o lim.ite de millh", po.,ibiLidadCIl, 71lcllw· ,-ar 8 atltpliar o elcl"ito primitivo, i,~lrodu:jlldo em ,CII quo, dro fUpectO' 11000' de cdudo 6 dc.etlt.'Olrendo terlo, ponto" de e.plana9i1o deficiente. A e'la minoria, do. oopa:e., do, IJCnccdore8, aJel-cça o mcu tra'balha. RiQ, abril, 1983. QUEIROZ UiJfA. '. INDICE TITULO PRELIMINAR CAPITULO I : Teoria c: arte 1. O lK'n.>llllltnlo ~od. l . :l. Teoria,: a rte CAPITULO U : Clenda 3. I)(>rlnl(!J.o. ~. 1.1'1_ .... ~lItltlcRll. - ã. H1llOlt'/j(!~. - U. Cleoclu - ("OubedmelllO 4lIlulltleq fi b'llOleÚ{'O. - 7 • ..u <Iln!r.II:II' d· enclas. - R. i.' 11l~~lrl('IU:i'io tln~ elen('la~. - (l. ClenMa~ llbelrtlla" to OOllCretU". - lO. TNlrl,. (' Ilrl", _ 11. n."ltlcll."o ,b~ del!- .-lUA a lotlrral1l8. - 12. !<.odoIOltla. - 13. P!;k'Olo,..'"ia. - H. Illpo[(';Ie blo-;welaL. - H ti. l1ateHoUenoo hl~lorl('(t 11 hJeaUsmo hlll- torlro . CAPITULO 111 : FilOlJOn. 1;;;. Il!!fln!t;;Ao. - la. nlvel'llldu\l@ <lI' ~I"'e IQU. - 11. 1.1'1 """ tl1" l'~tRdO!l. - 18. nC$trlç,lo 1l1.'ft'1<~Qrht. _ lI), 1"lIo!KIfla t~lo. g:lCII. - ::!CI. FlJollOfin mNons!l'II. - :!l . nlOl\(ltla 111)/1111"". -- ~. Hc~trlcio hllrto· ri!:!!. - 2:1. ~'UO>nrlll 1:1'1111 e tilO!IOfhl8 el!' peclals . . ............ ............. .., CAPITULO IV: Estetlca :!-i. I'k·flnICio. - :!:;. 1':<'('lk:l alrnwlh ... CAPITULO V: Aç-io ~. lk'flnl<.i1O. :!i. I.!ln· erbllr[o t- dI!- !ptnl[nl'IIlO. - :!!:I. 1 .. -1,1(' tln,lIhllulc . - 2!1. TlIIIO!<'"il' .Iu Jl~kQnull>O(>. 3/).:\l1 norUlIl1I tle a<.:lIo. - :n. " ... rUl~" tecn\('Il.~. - :r.. N"otruas ellcu . ... . ........ ~ xu CAPITULO VI: Metodo 33. ~'~hlllde de um melodo. - 84. Me- todo pOIIltI'I'o. - 3:>. lIetodo lndutl,·o. 36. Metodo de o'*erl'acAo. - 81. ltetodo de experlmentll<:1I0. - 38. lfetodo de com· pa.raçAo. - 39. Metodo OI! analogia. blo- logies. - 40. Mecodo ewogratleo. - 41. Metodo bh;lOrleo. - C. lfetodo de gene- l'1l11znclo. - 4.1. - Metodo deduth'o. _ 44. lIetodo floaUatlco . . . 7:; CA.PITULO VU; Teoria geral d o dJ.relto "Ií. Xeeet!Sldade de uma ClIdeira Inirla!. - 46. EDclclopedln Jurldlca. - 47. F'lI08Ofhl do dlrl!lto. - 4$. E$!Ohl do dIreito onlU· ralo - ~j). t:ecoll hl~tortt". - 00. f'~la ofganlca. - 00 a. SObnrdveoda do direito II.Iltural. _ 51. A etlea oAo ê uma elen- ela. - :i!!. Teoria do direito. - 53. TooM~ gerJIl do dlrelt.o . . . 56 TITULO 1 DI" 11. ~4J'lTULO I : O dl.reito e . llIorN M. EtJea. - M. O direito e 11 monl: ,.a- riu teoria.. - 66. Conceito da vldl. - 117 . Adapu.<:Ao lIuIUaO •. - M . O homem e 11 &Octcdllde. - CiO. JlliItlca e moralLdllde. - 60. D1811n~o entre o direito e /I. morul. - 60 (I. O conceito do dl l'1!lto ............ 133 CA. PIT ULO TI : Dhe1to obJedY~ ti . IlbJet.ho 61. O t undamento do direito. - ~. Con· ceito IDdh'lduaUata do direito. - 63. Con· celto lJOdal do direito. - 64. Din!lto aliJe- 1ITO I' Jublt'tlYo ............ _ 161 CAPITULO lU : ObrlgaUlrlodado do direito 6,';. O direito e /I. eoa<:llo. - 00. O di reito como pn>eelto obrlll'lIforlo. - 67 . OrlJl'elU d4 obr lgalorlednde do direito. - 68. O dl l'd· to e li. Ju~tlca. - 69. Di reito e obl'!ga~ao. li:! CAPITULO IV; o. tCllomeoOll Jllrkll~ . 0. IJII'f'ltOl'l I' obrlIW;tles. - ti. Elerue,,· ICh OODlI"'Dl'llte" UI) tellomeuo jurldk:o. - .:.!. 1'- - ~uJello 01,,, n!lor:õe~ jurldlca • . - .3. :-;nJl'llít JlII,~I .·o dl1l rela<:ões jUl'lo1l· cu. '-l. Ob,leto lia .. re1o~~ jUrid.lcaB. - '.:i. Itel.<;i\o jurl<lI,... .1'1. Pro~o· COD.lnlu!dWI'DW. _ ... 1~5 jorldlcu. XIII - ,~. ruud(\~~.. • . 1.8t TITULO 11 Suledlde CAPITULO I ; O individuo (I li 8Oclcdaolo .9. ('OD~!tO tll' l'O('lf~I'lIle. - 80. Teoria mel"onlcu. - 81 : 'l'eorill organtc •. - 82. Teoria lOCiolOj:tica . CAPITULO 11: AlI lnKItui(Vee lIOdaiA 83. OrIGem dO!! 1Il!IIIt ul,!<>es lIGelals. - S4. O~ tia ol'g'..l..Db.ae/lo ..ocIal. - s.... PrI· mel .... IDSt1tul!:Õêl publicas. - 86. Ol'goul· UI~ilo pOUtlca. - 87. Primeiras ID~tltul<jie&: 'Oi vrh'oda$ . . :!09 CAPITULO In : AIJ IOlllltu1çõeo! Jurld.leu 118. EI·oluçil.o da po.'l'I!OnalhJadl'. - 89. 1'1'1" I>Oualldade e I!OlIdariednde. _ 00. PereoDa. Ildat\e I' u!<QC1a{:Ao. - 91. EvolutAo do 0111'('110. - !C. Qon,;t1!ultAo jurli.lka, da t .. · ruma. - 03. E"olu(110 do casamento. - IM.. E"oluCilo dll Ilroprl('dade. - 9.:;. E\'o' lu~ilo do direito obrluclolllll. - 00. "vo· lutA0 (lO direito IHK'eUOttO .•••. . ••.•••.•. :!lS CAPITULO rv: A orgaub&çio ecooomk. 97. lIep.lrtlo;:iio dDl!l 1>1'''1. - 98.~'"'untll' meDIO !la prollrll!(llId(' IndiVidual. 99 •• ~ .. o- 11lI;10 dD.ii feuomeruw t'CUnomk'OlJ. - 100. t::srola. e«IDOm!clIs. - 101. F.srolo Uberll l, ou IndlvklulIllslo. - !O:!. :O:oclaUsmo do E8- todo. - 103. S(Wlntl~lDo. - 1001. ADarqulB' mo. - ] o.~. COOjll!rntil·r~mo. _ 100. O .~,- lado cnr\lOtati'·o . . . ........•.. :!OO TITULO lU Estado CAPITULO I: Conceito de Estado 107. !-õftdo. - lOS. ~:'~Ífti,lo. - 100. A~ con~~ jllr[d[('>I.I' do t:statlo. - 110. O .l<otnlto COIIIO peso;oIt jurldll'lt. - w. -Sobe- rania n~I...,IQttnl. li:.!. COllcelto obJeth'o do ESt:ttlo. - l1a. I'crsoual\(htde jutldlee. d(o .;5(11(\1) 271S CAP ITULO li: Just.lfj~.w do Estado tu. 1.<:I:;[tI11l1dlule do poder I)ubll('(). - l.I;;. Doutrmll leolo;.:I("u. - 11iJ. Uourrlllll do 1.11· tt'!to di ... ill" IIObce.tuuurnl. - lJ7. Ooutnnll do direIto dh'[HO provhlenrlnl. - 118. '1"1'0- rlà da tor-;:a.. - 119. 'l"l ..... ria Imttla.n·",!. - l".!O. 1't>t.orln N)urr~luul. - 121. Ooutrlna h,~torl(;ll. - IZ2. E~t .... lll ol"glllllctl. _ t:!.1. Oolllrln" .In Wlh ... rslll" III\"lonal. - 1:!4. DoutrlJUI tll\ ~ol>('l"!Lula 8I1ell,,'el do povo. - :t2;i. lJoutrlun III{'mil clu robl1rsnlu cio EIi' Isllo. - I:!G. Ootllrinll ,10 l>qullibrlo >,oclal. 1:!6 <I. O I':,;tllllo {' u~ cln;,""l!CS $OCl,tls zga CAPITULO In: o Est./luo o (> governo 127. Teoria aubJl1tJ\"(. dE' ~o\·erno. - 128. T/!QrJa oI1J('tto'n dE' ,,"terno. - IZ8 fi. O ~ ,.,mo e o 11OI1f~·r eJeltoNlI. - l:?!l. Gotetno e a(lwllll,,"lnt~o. - 130. I""n~õel! e org;;OlI de Il"o'·enw. - 131. O Estlldo e o l"dh'I\llIo 228 TITULO IV Div is ão do Direito CAPITULO I: OI~l t(> publico o prlvlldo 132. \"orloa erlteMOtI de IIlferencla.;:ilo. - 13::. (1as~ltll1ll(!Ve:s atlll(!ntes li w~terln do direito. - 134. - Cluslflctltôel:l tormnlB. - 13:>. ("hISllII1(11.~ ob1etl'"II .... - 136. DI- reito pUblico e pMnulo 353 CAPITULO 11 : Direito pllbllco 13 • • Oh'ido do <Ilrelto lIubUeo. - I~ . f)jr('ltO eolliltltul'loual. - 139. Direito \ld· wlnl5U111lvo. - HO. Direito Inlerna~lou91 1 . .ubllco. 'Hl. Uin.-Ilo venal. _ 142. UI- rello juJIl'lllrlo . . . 3(1.1 CAPITuLO 111: DIreito prh'n<!o 143. O rel/lllll' "h·U. IH. m ... 15IIo <lo '!tl- re\to vrlrado. - J..j:i. U1relto M..-I!. - 14(1. Dlf!'lto t-ome~lal. 147. Plr~llo Indu trla!. - 1-1'1. DIreito rur,,1. - H~. Dl~lto iJne r- ll8c!onal prl"ado . ................... S88 TITULO V Direito P os iti v o CAPITULO 1: Conceito do di re ito poeJth'o 150. Direito doutrlnarlo e direito _ti"". - UI1. ~'"DtllS do direito po!<lth·o. - 1:;2. Di",lto eo~tunlêlro. - 153. Jutleprutlellcla. - 15-i. DIreito _·rlto. _ 1:;':;. In"l'IItJ&a- elo doutrinaria . . . . . . .....•........... <100 CAPITULO U : LoI • 156. Detlnl(llo. - I;;;. lIlerarqola du lellt. - 1~. Constltultllo. - 1;:;9. Leis. - 160. RegulamentOll. - 101. Etll'IlClo. !Ia lei no Ollpaf.:(l. - lll!!. 8r1CII('\1l da lei no tempo. - 163. :SAo-relro~tlvld.(le da 11'.1. - líW. :Sil~xc:ul!B dn 11,'lIOrll llela tia leI. 16.5. Interprelael!o . ............. 4:''9 TITULO PRELIMINAR CAPI1'ULO I TEORIA E ARTE L. o ~/I",clllo "0<'111/' t' Gr /e . !. Teor/li 1. - O PE..'(SAMEXTO SOCIAL. - A ati- vidade mental do homem apresenta, em sua evolu- ção no meio social, de que é inseparavel, em seus multiplos contactos no mundo dos fenomenos, que a envolve, quatro formas capitais distintas, rigo- rosamente dependentes umas das outras: 1,', a ci- cncil~ - forma analitica; - 2,', a filosofia - for- ma. sintetica; 3,", fi estctica - forma, simbol·ica; 4,", a ação - forma pratica e teleologica. ou fina.- listica (1) _, (1) Eua. DE RQIlDTT. YOII,"tall proqralrlm.t; df! ,ociO/OfIfc. U .. , 111, cap. I. .... dl8l"rim[na\:flo do. modot 1'8.1I1w.ls por que .I!e m8..lll1et1l. o pen- umento IIOct.aI foi felt •. elll", 061. por !o:IL\"JQ UOll:UO (l..'lUoio de /ilfmJ!/o do d;~cito, tlIp. In). l}eelarnndO!ler I'\I.te ·0 poII!o Cl!:D' trtll do lI88l1nto·, o ·ponto I'Ulmlnnnle de !leI' modo de n:~r nest.' materllll~. reconh_ a ext.!tencltt \te cinro !ortnlJ. dt.llld". df1 II'CII- ,OlM'llto. ou, l!I!gundo • denowlnttçAo por ele dada, "cõ_ ~. r"lI4Gmcnlat. 11 irrtldllltíl.'CÓf do A""ltlllldad(l": rellgWo. arte. "Icllc(/l (compreendcn')o JilQtoJilJ), politiCIJ (tomll(la no IItntldo mnl" geno- rito, comportando moral e l!mlo) e, tlulLlmeole, fI«lulria.. E ... erea(Õe8 humana. do 'tllldllnteftlaf •• porque -n10 b •. DAo bouve JA· mais um '" teoomeno bnml no, um 86 proouto da atl"ldade (lo bomem, nm 116 rt'IIlutado de tlun energia espirItual, emoX'lonal, ou mental, que nilo peneuça li uma qualquer dt'llSll.s e1UlM'I!". Sito illdcJIeIldenlc., 2 Na ordem causal, o 1nodo arwlitico, ou cienti~ fico, precede e prepara o modo sintetico, ou filo- so/ica, que, por sua vez, pree..xiste e dá origem ao modo simbolico, ou estetico; e esses trez modos an- tecedem e amoldrun, de uma maneira direta ou in- direta, o modo pmtico, a ação (n." 14: a). Efetivamente, as grandes sintcses l'eligiosas e filosofic:1S apoiam-se, baseiam-se nas idéas e cren- ças gerais, resultantes das noções cientificas em voga ao tempo de sua formação. E as douh'inas que não tiverem em si vitalidade bastante para lWla continua adaptação de seus priucipias fundamen- tai!:; ;105 com:eitos fOl'uec.idos pela Illlalise tientifi- ca estão irremedianlmellte ,'otadas á decadcllcia e á morte. Por sua vez, o gosto artistico, as concepções estctitas silo, em cada epoC'a (' em cada meio, es- treitamente subordinadas ús idéas e crenças filoso- ficas e l'eligiosas, então e ali predominantes. Quanto á ação, em qUAlquer de suas formas - modo de proceder, costumes, trabalho. indush'ia. - está íóra de toda duvida que é, em 111'gas pro- porções, determinada l)elos conceitos fornecidos pe- las trez forma5 anteriores do pensamento social. ~ ossos atos refletem nossas idéas e sentimentos: uossas idéas, que cabem, todas elas, em lUna das trez categorias - idéas cientificas, idéas filosofi- êua e idéas esteticas - e nossos sentimentos, que não são mais do que o aspecto carateristico que as idéas revestem durante certa fase de sua elabora- porque Mllllo !!e pode trocar. ou sulHltltuLr, uma {)uul{)uer (lellll! por OUfrll"'. M:;;1l0 Irred~ti~ci~ . llOl"1jll(! pu.r!E'm Ih.' baile eSjl!rltual dh"eJ1Ul. (llrlgl!lll.l/e a nh·og dlfel"('ntes. procurlllltlo rl~llI.zQr el!4.'OjlOi dl!ilLutOll e por eamlllh05 tnmbem sepurnd09~. AtoeltnrnOl!. em !!eUS tl'll<)(lS gero I ... n doutrina do filosofo brasl· lelt'<), ma:! euteudeulo8. de UOOTtlo c;(lm 11 lIçllO de flO"':STT, que 11. fllo'ofia, abruugendo a reli!)f60. tomH! d.a!!8e independente lia l'ic,," <lÍ(I e que a pOllfica e 11 IIlodudrf6, «IWltltLH:1lI Ul1l11 1!6 clnSlle. 8Gb o uome I:eríl\ e compreeush·o <le ação. TEOR"" r. AR'TfI 3 ção, no momento em que, sob a influencia de con-dições naturais, não sómente de ordem moral e psicologi(,3, mas tambem de ordem puramente fi- sica, ddel·minam nossa vont.."\de, objetivando-se em ações (2) . 2. - TEORIA E ARTE. - Essa discrimi- nação dos "quatro grUll(tes graus da escala dos fa- tores superorgauicos", jsto [.. dns quatro formas gerais 1Jor que se manifesta o pensamcllto, repousa sobre o prulcipio, que é fund~lmcntal, de que a (!a- pllcidade mental do homcm sc divide em duas gran-des ('orrentes: especulação e (Lção, .ou, por outros termos, teoria e pratica. Ao rampo da especulação pertencem a ciencUr, a filosofia c a cstelica, tomada esta em suas mani-festações abstratas j a q1Jl.lrtll e ultima forma da atividade mental, a ltçeio, que se realiza por mul- tiJ'las e variadas mal1eü·as - a <,ondnta prati('a (in-dividual e coletiva), o trabalho, .já emancipado de sua fase cspeculativa e entregue á sua função au- tonoma de produção, a indush"ia - toma o nomo gcncricodo arte (3) . Pam a coerencia e harmonia de qUlllquer cons- tru!:ão cientifiea ou mosoficil., é indispcnsavel quo se tenba noção e.. ... ata da distinção. que existe bem uitida e frisante, entre m-t.e e teoria. A1·le é o as· lJcctO pratico, finnlist ico do pcnsum.f'l/toi teoria ô o a_9pecl.o puramente abstrato (! e81Jeculativo. A tcoda leva-nos simplesmente ao descobrimento da verdade, dentro dos principios positivos da relati- 12\ ItOtn:nT, ("flII./' ./to 1"1'11If'l"(·. enl). 11: F:. l:>'ntRI. LlI '0· cfolúQ/(' rrlmi>ll'/I!,. ('111). 111. (3) I)ejoljl"mllllOll nqul pelUII 1E'""(t!I "rI!' t' ",""o. nllo Il Ilpll{"f\~o fIldcll (111 nth·ld,,!le do homem. ou o prOlhuo corl)Ornl de ,,"u ('II rof(;(lo nlll.8 1110 "·lInellle n /Ornl(! prntkG do '('11 "rMl""ell'o. OI! IltlnclpiOll pelo~ fjullla aUIl IIth·hlndE' Illft/I'rlnl 1<11 I'xerro. n~ rf'j::r,,~ qUE' lhe ('011- vem ndotllt para 11 prOilfClll!lvfl ~IIU~ç!O dc ~lIn IIdnptn("ào 110 TIlclo nslro e ~oc!nl l'TIlfjue F<' 1'1lC<Jlltrn. • TIlOII.I A E ARTE vidnde de uossos conhecimentos; a arte tem por objetivo uma 1ltilidade qualquer. Os atos humanos são orientados para a obtenção de um resultado, ao p[t~80 que nus indagaçõc:i de caratcr tcorit'o se deve fazer abstra!:.ão de qualquer consideração de ordem pratic..'l, ou teleologi(,8. AUG. CO:m::E, insis- tindo nesse preceito, cita a frase de COl"DORCET: ':0 marinheiro, que uma exata observação da longitu- de preserva de um naufragio, de,'c a vida a uma teoria concebida, ha dois mil auos, por homens de gcuio que tinham cm yista simples espccuhl!:ões gcomctricas" . Do fato de SeI'cm distintas nâo se segue que a teoria e a arte sejam independentes, divorciadas lima da outra; ao contrario. a ação humana firma- se, e teude a firmar-se cadn vez mais, nos dados fornecidos pela especulação, segundo a formula de CO:\lTE: Da cict/cia elecol're o prcL'ielcllciu, e ela pre- uidcllcia a açã.o (4). (4) E. OI; ROllDtTT, OO",WlltWIl de j'étlllqllt, tap, lI; ÁU- Gu.n: COlol:TE, COll,., de plltlolOllhi6 pMtl~e, eIll<:1I0 de 1S71, T. I (2, ' ll{:llo). - CAPITULO II CIEJNCIA 3. Dt/lnf-:6o. ~. ü!f &,411//('4#. -5. IUpoU'If>'. - 8. C"t'7Idtl _ eIlAAt'('IIl1t'ft. to /Jlluutil'O C MpOlctk:o. - 1. A~ dl~.u c/CtlI'/'u. - 8. C/uo.lfi{'lJ("iJa dlll c::1eJIcUr,. - 9. Ciçnc/a. Ilr...,ralo.. r COlK'rCt/l'. - lI]. TtlW'la da ar/c. _ 11. Clunffktlcda da. t~ C!t('w, ob,trulUf. - /d, ,swlolllglu. _ IJ . P'feolfJ(Jl4. - 14. /llpO/Cf': bôO-'/J(iol. lia, Materlal/,'IIo /I/ .. Iorioo e Id('lflifmo ,\I,. torl~o. 3. - DEFINIÇÃO. - Giencia é O conjunto de flOCÕC8 e regras pcla-s quais o homem procura e.rplicar a 1'calidade complexa e confusa das cousas e dos falos, desdobralUlo-os em !)Cus elementos ab- stratos e distintos. Os conhecimentos cientwcos são o rC::iultado do processo mental pcla qual se a.tl'ibuem ás causas observad'ls certas qua1idades, certas prOl)l'iedades, que não são mais do <jue relações entre causas e efeitos; isto é, ciencia é a modalidade teorica do pensamento pela qual se estabelecem, com o au..u· lio do metodo positi,o (u: 34), laços ideais de fi· liação e dependencia entre os fenomenos, fi Rabcf, as leis cientlyicas (1) . 4. - LEIS CIEXTIFICAS. - Leis 8<'0 as relações constantes de sucessão (' semelhança entre 08 fenomcnos, segundo AIJo. COMTE. oU 'relações (1) E\."O. PC nOilU;1T, :'1'. prOVrP'IH1IC. loc. cit. 6 C'IIlSC'L~ constantes, necessarfas, 1°nvariaveis, que ligam os fenomenosJ como prefere PEDRo LESBA (2). Esta definição, amoldada ao criterio positivo da eieneia moderna, corrige o aceutuado traI:o de rnctafisica que oferece a definição dassic3, de Mo~ lT.$QUlEU, com a (lua] abre ele as portas do seu imortal Espirito das Leis: são as relUf:ões 1Zcces- sarias decorrentes da natureza da,s cousas. Efeti- vamente, a ciencia não pode ter por objeto sinão o conhecimento das relações entre as cousas, e nunca a úwestigação da lIatuTrZl' última dos 1('110men08. O saber humano ê essencialmente relcttit:o. Com se conhecerem, o mais unta c perfeitamente passivel, as relações entre os fenomenoIS, tem-se fei- to tudo quanto é cientificamente admissivel, no sentido de se desvendar o segredo da twturezu das COItSll,s. 5. - HIPOTESES. - Em muitos easog, por faltar o conhecimeoto exato de um dos tm'mos da rcJn!:no que ge pretende estabelecer, náo se pode enunciar desde logo n lei cientifiéa. Formula-se en- tão uma sltposiCão prol'isoria, uma conjetura apoia- da na experiencia - um.'l hipotese (3). A hipotese, todavia, só é permitida, só é cien- tifico, quando sU:;('eth'el de verificação positiva. As hipotescs são, uesse caso, simples autecip:l!:ões ao que a e.xpel'ieuci:l e o ratiocinio teriam podido desvendar imediatamente, si mais favol'ftveis tives- sem sido as ('ondiç:ões em que o pl'oblema foi Cor- mulado (4). 6. - CIEXCIA - COXIlECIMEXTO A...'\A- (~) .\. C'OIoln:. H,I.lel"; .... I.~ ...... 1 .• /,,,lQl! ,/,. 1I00000/i/l 1ft) di- ,·('ltll. p:ijr. 23. (3) f:. OI'.: UOUl:IITY • .v. pro.'Ira'H,"' . 10'<. dI. I") .\. CO)<Tl;, Ibld~lll. CIESCI.\ 1 LITICO E HIPOTE1'ICO. - A cicncia tem por objeti\*o alcançar, pela analise dos fenomenos, pelo eUlprego do metodo positivo, pela admissão de hi- poteses - de conjeturas verificaveis - o desco- brimento das leis, isto é, das relações COltstantes de sucessão e similitude. A cicncla é, e sempre foi, em todas as fases de seu desenvolvimento - desde a primiti"a, rudi- meutar, empirica, até a atual, positiva - essen- cialmente analitica e hipotetiea. 7. - AS DIVERSAS CIENCLIS. - A ex- pressão cielLcia é tomada em dois valores distin- tos: no primeiro (acepçiio lata) significa todo o saber altalitico, o conjunto de todos os conheci"nel/r tO.Ii positivos formulados C1n leis e hipoteses ver-i- fict'l'eis; no segundo (acepção restrita e especial) dentia é <,nda um dos I'umos em que se pode des- membrar o saber universal, é um conjunto limita- do de lrill teorictU~. referentes a fenomcnos que te- 1l1UUll entre si laços de scme7Jwnça. afinidade e de- prtulcncüt. Podem-se conceber, assim, tantas ciencias lJar- titulares quantos grupos limita<los de leis homogc- ncas se admitirem. 8. - CLASSIFICAÇÃO DAS CIENCLlS. - Sobre quais e quantas sejam as ciencias pnrti- ('luares e sobre a ordem que devam guardar entre lii, está longe de haver elltre os escritores UnifOl'- midade de vista e concordaneia. Muitas têm sido as clas.c;;ificações propostas, desde A!USTOTELES, obedecendo umas ao critcrio subjetivo e outras ao criterio objetiro. Classificações objctivM são aquelas em que a seria~.ão é feih\ cm aten<:rtO ao objeto de que ns ci- oueias se ocupam; subjetivas são as organizadas 8 CIIliNClA com referencia á parte que ao cspirito hum.ano com- pete na creação de cada disciplina. São exemplos de classificação objetiva a de A1.1PEru; segundo a qual as ciencias se dividem em dois grandes departamentos - ciencias cosmologi- eas (ou do mundo fisico) e noologicas (ou do mun- do da inteligencia) j a de BENTHUl, pela qual as ciencias se dividem em somatologia (ou estudo dos corpos) e pncumatoZogia (ou conhecimento dos en- tes espirituais). Exemplo de cla1jsificação subjeti- tJa é a de BACON J na qual as ciencias se di videm em trcz ramos, conforme a natuJ'Cza da faculdade es- piritual que a concebe: a historia, formulada pela memoria; a fIlosofia, pela 1"Uzãoj e a poesia) pela imaginação. NílO cabendo aqui o collÍronto c critica dessas teorias, limitar-nos-emos a c.. .... por a classificação de AUG. CO:MTE, que, 'Vcncendo todas as que a ante- cederam, pelo seu caratc.r de naturalidade e logiea, é hoje ainda geralmente adotada, If A classificação das eieneias segundo uma ordem hiera,rquica - diz ROBERTY - é, utlvez, a unica parte dn obra do fun- dador do positivismo que 11a deficar por muito tempo, si não para semprc, inatacada e inataeavel", 9. - CIENCIAS .ABSTRATAS E CONCRE- TAS. - A classificac;ão de AUG. COMTE baseia-se na divisão capital das cieneias em duas grandes classes : ciencias abstratas e COJlcretas, Chamam-se ciencias a·bstrata.s, gerais, ou fun- damentais as que Utêm por objeto o descobrimento das leis que rcgem as diversas classes de fenome- nos", a iudagaçilQ das diversas propriedades da ma- teria, dcstacaudo-as do complexo de condições em que normalmente se apresentam, abstraindo-as das outras mais propriedades que não interessarem ao seu estudo; e concretas, descritivas, ou pa1"ticula,.. 9 JOes, as que aplicam as leis assim obtidas a certos agregados de fatos naturais, estudando-os em toda a sua complexidade, descrevendo-os o mais exata- mente possivel, tais como efetivamente se produ- zem. Por essa. forma, temos que a biologia geral, por exemplo, é uma ciencia abstrata, visto que in- vestiga e formula as leis gerais da 'Vida, isto é, as rela.ções constantes de sucessão e semelhança entre os fenomellos vitais j ao passo que a botanica e a zoologia são ciencias concretas, pois se limitam a determinar, por meio de um estudo puramente des- critivo, o modo de existellcia de cada corpo vivo" Segundo o mesmo erit€rio, a qu,i,tnica e a fisica são ciencia.s abstrata.s, ao passo que a geografia, a geo- logia e a 1nineralogia são ciencilts concretas, ou des- c,. iti'VClS (5) . Para que um dado conjunto de leis teoricas possa constituir uma ciencia abstrata~ ou fmtdar mental~ é necessario que tenha por objeto o estudo de uma propriedade irredutivd (ou atualmente ú·reduzida) da ruateria - uma propriedade com- pletamente distinta de todas as que fazem objeto de outras cieneias abstratas (6). Um mesmo fellomeno ou fenomenos de llatu- r eza homogenea não podem ser estudados por cien- cias diversas; fenomenos heterogeneos não podem ser estudados por uma mesma ciencia (7) . As ciencias abstratas são, portanto, inconfun- diveis e indi'Visiveis. O mesmo niio se dá. com as ciencias concretas, descritiva.s, ou 681Jcciais, que não estão sujeitas a uma discriminação rigorosa. Sempre que quizer- mos estudar, separadamente, um dado conjunto de (5) A. eo"n:. lbl()em. (6) O.U1LLt:T. t.lémçntll de lI0ci0lofrie. eap. VIII. (7) Á. CoIolTE, IbIdem. 10 CIENCIA fatos de uma meSllla natureza,' pode.remos ter uma ciencia e8pecial~ uma vez que submetamos o nosso estudo ás leis teoricas pelas qu.<üs esses Icnomenos se regem, e nos conformemos tom os principias do metado positivo (u.o 34). Exemplo: A biologia é uma ciencia cLbstl'ata, c. COUlO tal, seu campo de estudo é irredutiveL e in- divisivel. Mas niio se dá oulro tanto com as cien- cias biologicM (ciencias concretas), cuja formação é mais ou menos arbitraria. Poderemos ter, neste terreno, tantas ciencias especiais, concretas ou des- critivas, quantos grupos de fcnomenos hODlogeneos houvermos de adm.itir: si fizermos fi descrição dos corpos vivos, tomados em seu conjunto, teremos a eoologia e fi bot'al1icuj si limitarmos o C<'UllpO de indagação, para estudar particularmente a estru- tura dos corpos organizados, teremos a amL.!;mnilL; si restringirmos ainda mais a. investigação, pesqui- zaudo a estrutura dos corpos sob um determinado aspecto, teremos a anatomia plLfologica, n nnatomia felltl, a nnormaJ,~ (~ cirwrgiclL, etc. 10. - TEOHIA DA ARTE. - Auo. COMTE, insistindo, muito embora, na distinção fWldamen- tal - sobre que faz assentar toda fi construção científica ou filosofica - entre teoria e ltrte, enhe especulação e a1'ão (n.o 2), r econhece que, a.lem das ciencias - abstratas e concretas - e.;'tiste uma or- dem particular de disciplinas, que se podem desi- gnar peja denominação de teorias da arte. Cada arte comporta, .10 lado da sua parte propriamente tecnica, um corpo especial de regras teorico-prati- C(M, que serve de trato de ligação entre essa. tecnica e os conceitos fornecidos pe1a investigação cien- tifica. Na verdade, não ha arte que niio exija, a par de suas regras de aplicação imediata, limitadas á CIESCIA 11 c.....:ecução dos fatos em que se objetiva, um conjun- to de regras gerais e doutrinarias, que formam, num corpo harmonieo de principios, a linha de união entre as teorias cientificas e a execu\úo pratica_ COllqU3.nto a ciencia seja a bnse da arte, con- quanto seja dos dados fornecidos pela e81Jeculação teorica que ti. ação tira sua eficac.ia 11ratica, não obstante isso, a tccnicn de uma arte qualquer não repousa diretamente nos principias abstraias for- necidos pelas meneias em que se apoia_ Existe entre as duas ordens de idéas - a tem-ia e a pratica. - uma ordem intermecUaria, a teoria da cu-te, illdispensavel como campo de har- monia das duas primeil'as: a teoria da arquitetura, da balist'ica, da estra,tegia, da, navegação, da 1J~U8i cu, da pilltU'ra~ etc. Teoria da arte é u'm, corpo de regras que pro- cura adaptar os dados fornecidos pela. especulação cientifica ás 1tecesl;idades de ordem, l)ratica, c cor- rigir a pratica, nos pontos etn que se afasta dos principios cientificos_ Essas doutrinas intervenientes entre a teoria e a arte são tanto mais neecssarias, quanto é eerto que uma mesma arte depende, ao mesmo tempo, de diversas ciencias. A teoria da agricultura, por exemplo, exige uma combinação da biologia, da qnimica, da fisica e até da astronomia e da mate- matica (8)_ A diferença entre teoria da arte e ciencia está, l)rincipa.Imente, em que as especulações cientificas são propriamente, verdadeiramente, teoricaB, são indiferentes aos resultados praticas que se possam delas tirar (9). ao passo que as regras doutrinarias (8) A_ CoNTE. Ibidem_ (9) Le 'a~(I,., éludlfl leI tlll/I, " ,"" leI Jliger; li ch6rche Ô éllJ- 12 CIE~C IA que cada arte encerra são essencialmente teleologi- eM, finalistioas, destinadas á obtenção de resulta- dos uteis. Enquanto as primeiras são cientificas, as ultimas são rigorosamente artisticas (10). 11. - CLASSIFICAÇÃO DAS CIENCIA.S ABSTRATAS. - A classificação de AUG. COMTE abrange tão sómente as ciencias abslratc/iS, ou tun- dum;enlais, uma vez que as ciencias concretas, ou especiais - que não apresentam as condições de irredutibilidade e indivisibilidade - não se pres- tam a uma discriminação perfeita (0.0 9). Dentro dos limites em que foi traçada, é rigorosamente objetivista, conforme se vê dos principias capitais sobre que repousa : 1.° Deve-se procurar o fundamento de uma classificação natural e positiva das meneias na com- paração das diversas ordens de fcnomenos cujas leis elas têm por fim descobrir e coordenar. Da dependencia entre as varias classes de fenomenos resulta a das meneias correspondentes. bllr lei 101" ~~cntiflqllf;~, .1111& .6 d.em/lndcr &ô la conll/lf&3/1I1Ce de cu lola IIl1r/l de. coMéqucIICC3 hCl/rell$e,· 011 f(jcheu,c~ pOlir l'huma.,/té. n l1C dQ/t IIwfr pOlir bOlt qllO de trOlIVCr 16 t:rllf; la rcchcn:ht:: 'eJCtI- lôfiqlle CII' eaBMltíellemcnt (lmon'l10. Comme 1/11 cntant tcrriblc, lc. ~CiCllC6 "lIt:ance f"&lIu(Íontq de& nlvlloe& q,,'cl/e pcut OCCtIritonncr. daM lo. di1!trcnlC •• phiJrca de l'aotlviM. dc. "cul/menl. ou de, Ct'Oyllll- u, de la ,ocMM. UM découccrlc ~IClltif;'1"e rlémol/ra ."di1!érel1!· menl I1IIC forme rJ.' indll"ric. ulle formo rtllrl, uno Iltéorie phílt),tO. phl'qlle. 011 ~/juteu!O. Mais celle !CIwl'e de dcdMlctioll e.t blen plll- "" 1Inc a:IIL'T'(I de rCvrJnéroUOfl, C(lr le ,rlomphll à'une tlérit6 plUf grande ,ur 11M 1)f!rlté mQlndre c'l !cujour, 'e 6l01l6 d'u", provru (O.:r;tI.LET, op. clt" li .. , I , cnI). 1), (10) Com o que deixamos IJ%poIlto, !l!.'!l e:q>U{'ftdo o moU\'o por que muitos es<!rltorcH, fa~ndo n critica do clll8llltlcnc!lo de CoIolTF .. "ustcnmm que cle reconhece fi c:dstenclade trez grAndes ordens de clcnclas: 1.', llII collJ!ecll1wnt~ tC6rlC08 f1craÍIJ (ou cicftdlu abJlra. I,,,) ; ~.', 0$ conllccl1trcnlo8 I~ori('o. lJ!1rtiCllwrc. (ou cI~~la8 concro· IM); 3.'. os etl>!'I!~Cllllen/08 de opUcardo (ou !eorftl du ar/CI, ou eiell.o cf/l' (lpllc/ld/lf) (A.t\lm:N N,l\'lI.LE, CIIII~iflcalj(Jn. df\8 .olt.'1lrt,). CI~SCI ... 13 2,- Os fenomenos )Uais simple$~ isto é, os l/tais independentes de outra ordem qualquer de feno- menos, sáo os mais gerais - os que com mais ü'e- queucia C espontaneidade se oferecem na natureza, 3,° Os fenomenos 111ais complexos e particula- res dependem dos mais simples e mais gerais. Deve-se, pois, comet;ar a escala enciclopedica pelo estudo dos [CIlOU/.CJlOS mais fJerais~ ou mais simples, considerando-se posterior e sucef%ivamen- te os fenomenos mais pClrticulares e mais eom- ple.tos. Essa Ql'dem de generalidade decrescente c com- plexidade crescente, em que se apresentam os fe- nomcnos, determina a cone..xão que entre si dc\'cm guardar as cieneias; ou, por outros termos, as cien- eias ellcadeiauh~e na ordem dl1. com ple:rid(lde cres- cente c generaUdade decresceJlte dos fenomelw8. A ciencia de fcnomcnos mais simples e mais gerais é a 1JIalematiclL~ que é a CiCJl.eilL q116 tem 1)or objeto a 1l1edida das grulldezas, ou, mais rigorosa- mente, é "a ciencia que se ocupa eru determinar as grandezas Ulllas pelas outras, segundo as l'elac;ões precisas entre elas existentes". Os fenomenos rua- tematieos são absolutamente independentes de ou- tra ordem qualqueJ: de fenomenos, são inteiramen- te alheios {IS contingencias do mundo fisico. A matcmatiea divide-se em abstrata c concre- ta: A matematica abstrata é o calculo, que vai des- de as operat;ões numericas mais simples até- M mais altas combinat;ões da analise transcendente j a ma- tematica concreta, que tem Jlor objeto o de:-;cobri- mento das equações dos fenomenos, compõe-se de duns partes - a geometria c a 1Jtecanica (]]). (ll) A. COIolTl!, op. c lt., T. I, fIIIl!!. sn e fC'::>i. CIESCIA Segue~se, na ordem de generalidade dec.rescen- te e complexidade crescente, a astronomia., que in- depende de todas as outras ciencias, exceto da ma- tem,atica, na qual diretamente se apoia. Na mesma ordem, vem depois .a fisica, que. consiste no estudo das leis que. 'regem. M proprie- dades gerais dos corpos, considerados em. 'mMSa e colocados em cú'cwUitancias capazes de manter in ... lacta a composição de suas moleculas e até, em re- gra geral, seu. estado de agre.t)ução (12). Os feno- 'menU!; fisicos dependem dos m,ale1lutticos e são in- dependentes dos de todns as mais clencias, que se seguem. A' fúica sucede a quúnica, que é a ciencia que tem 1)01' objeto eshular as leis dos fenmnenos de composição c de dccompos'irão. resu1famles da ação 'moleculltl' e especifico das divcl'sas subslancias, natuntis 01ft artificiais, at'uando umas 8obl'C as ou.- t'ras (l3) , Está subordinada á matenwtica e á fi- sica, e é independente de qualq\ler outra ordem de fenomcnos. A' quillU'ca segue~se a biologia} que ti a ciencia que iwvestiga as leis gerais d(t vida. A vida é o pro- cesso de equilibrio entre o organismo e o m.eio que o cerca (!l.o 56). E, urna vez que o conhecimento do meio ambiente é dado pelo COllClll'SO das outras cicncias, resta á biologia a resolução de um duplo problemll: daelo o orgão, on a m-odificação organi- ca, acltar a função, ou o ato, e vice-lJel'sa (14). Con- siderada a e~-trema complexidade dos fenomenos vitais, é fora de toda duvida que a biologia está na intima depeudencia das ciencias que a antece- (12) .\. COIolT&, op. Clt .. T, 11, plIg!!. 267 e II('ts. (t3) ,\ . CoMIT., op. ell., T. 111. po.gs. fi e II('~~. (l·l) A, Co~I'IT., op. clt.. T. 111, Pllg. 2'2'2. NOl! ns. 55 e 50 oJlIDlOll br('1'1! notlelll dn OOZl{.'{'llI!Il0 po~li\"a do tenQDlenO ,'ltlIl. CIE~CI ... 15 dem na escaJa ellciclopedica, e scrve de base de apoio á ultima e mais complexa c espc('ial ue todas as cicurias - a sociologia. SociologilL é a ciellda absf rala qlte tem pOl' fi?1~ a ú/-1uwligaçáo das leis gerais que regem os je- ttOmellos sociais (15), E, como os jenomelLos sociais são um aspecto particular dos !tJtomcnos vitais, é evidente que a sociologia diretamente se subordina á biologia e, com c1:l, a todas aS dCllcias, que 11 pre- cedeUl, E assim está completa a escala blerarquir:l das eiellcias, segundo a ordem de gClleralidade decres- cente e complexidade eresceute dos feDorneDos: 'ma.- tematica, astronomÚI, tisica, quimica, biologilL e so- ciolo,gia, POI' mllis logicH. e simples que seja esta (·lnssi- ficac:ão. nem por isso é, sob todos os pontos de \'ista, isenÜl de dcfcitos. Seu proprio autor é quem sobre c1a assim se e~l']'ill1e; "Deve-se reconhecer, antes de tndo, que tal classificação, embora a mais natu- ral possivcl, cncel'ra em si aJgu.uu\ cousn, si não de arbitrario, pelo mcnos de artificial. Com efcito, o fim rapitaI quc se deve ter em vista em qUl\lquer trabalbo enciclopcdieo é dar ás ciencias um enca- deamento tão perfeito, que fique afastada II pos- sibilidadc de se vir a caí!'! em se lhes fnzendo a exposição suCCSSiVil, num qualquel' ('ireulo \,j('io:,.;o. Ora. tal perfeição é impossivel de alcançar-se . Esta classificação não se conforma inteiramente com a seqllcncia historiea das leis cientificas. Muitas ve- zes uma cienciu colocada em posiçilO anteriol' recebe noções e conceitos de uma outra que se Ihc segue . A astronomia deve ser posta antes da fisi('a, e, to- davia, muitos dos ramos desta, priucipalmente a optica, são indispensaveis á expHeação completa da tHI) A. COl"':1T.. op. dt" T. IV. 1>-1'. IM. ,. CIINCU. primeira. :Mas esses defeitos de particularização, que se tornam inevitaveis, pois que qualquer divi- são do trabalho intelechml será sempre mais ou menos artii'icial~ não podem prevalecer contra UlDa classifica<:âo calcada sobre regras gerais c iuvn- riaveis de subordinação e filiação logic..'l dos feuo- menos" (16) . \16) A. CO)(t'lI:, OI!. cit •• ::l,' IIcl1o. Em oposh;D.o l serta910 \le CololTl'. 11. lSPI::lCI:II or~roeell uma no .. cJassl!il!ação du denclas. Ante. de tudo. ilUstellu. que AI clencllUl MO podem ler dlsp05ta!J numll ol'\lem ""rh'll; Que a llêquendll. dta- belet-lda por ."uo. Colfn ullo IlOrreo<j)(lnde nem l\ de11('lIIleoCI, loglca. aem A dependencla ilIstortea. S6 é ]KIlIIIlvel ClaQltl1'81 ... cleuclu. d1vldlIluG-IIlJ em lIob gTDpoII; fUI clcndll' (I'''e tem por objeto tu relo- ~ al/.,ro/u C", 0110 11' IcnomellO • • e no. uprcu-nllllll. e o. (1'1111 MIII por objeto o. pr(lprkl. Icnomefto,. O caparo ti II Ldlíll abstrata (lue ubrnnl!e ~O!lna R6 r l'laCOeIl de coe.riJItcIlCiII_ O telllpo (. ~ jdêa, alnltmto (11111 ubrange toda" os I'I!la~>I.'1I de 6UCC.,aQ_ Orll. 001U0 as relaçôee tle «M:'lI:jijteu~la e IIUC1!!1.1!l1o, I'IU suos lonulUl !:('nllij e par- ttculoretl. ",10 o unloo objeto do IQUI('Q e do INale"'IlIII'''. e~ta.ll ror- mam uma dOMe tle den<'lu que dLre~nl multo malll dn~ outros cleueilUJ do que e8ll1S ultlmas dlte~m eDtre sI. AS elen~lu que se ocupam das proprlas eousas ndmltem umll &ubdlnsllo em du.u elall- 1IeII. dlrerentN DO as])(!(:to. nos nua e nos lUetodoa, Todo teoomeao ê JUajIl 011 menos C()mplell:o; (, 11 manlrestação tle U1UIl fOrflJ, sob IUUItOij OIlPC"toa dlllllnt05. Podelll08 estudor aepurfHlomeute eoda um dos dlrel'l!utea Inodo~ da !orf:fl. 011 l)()IleIllO$ e.studl\-Iw em 8uns rtr lo~ •. Ilullndo coocorrem pAftl a ptodu~lIo do feuolliCDO comllleJ:o. De Ulll Indo. (le;tpreZllndo tOdtl8 os elrcuostanelu dOIl ('Il8oa p.IIrtlell- lare~. 1)()Ilem~ tt'Dtar desembllracar l1li 1~1lI que rejtel,ll cadll um dos motlos dI' rOl'l!a: de outro !a,!o, tendo em contll todu oa elrcUDstau- elrul dOll t":I'IOII Illlrtleular('lJ, podl'moa lento r expHt'1lr os renomen08 por inteiro.como o prodrtlo de mil/Ia .. !orf:(J" Que operam .tmulta· neamenle. Aa \·erdll.des obtldns pelo primeiro motlo ti .... lo\'emlgu<;lio. OODQIIl\nlO ('QIKTC/(U quamio lIe reterem 11 UIDO renlldad~ ohJeU .... !!Ao, todavlll, ab~trala.l qunndo ee rererem R modO!! de e:dstenclll eo"~ldern(\o~ N!pnralhlmenle un~ dO!! outro!!: 80 pn8~0 Que 08 >'l'Nla· lIes obtidos pelO Sl'gnndo mOllo do IO\'('lItlgnç:110 .110 proprlllDK!Dte concrela., 1101. l't!pfesentOIll 08 ratOB tRls como I'lClgtl'm nfI nHture- zn. De!\l!o t Orl.nll. fIS elenclaa dh'ldeUl'!<Cl em t~ elu8llCII: ci~ olRlrllflJ., alMtral(H!OflcretlJ' e oo~lttn,. A" prlOl('lra CIJIS-W torres- pendem o kJlllco o a matf:lIIlJlicG: a lel'undll clllllllC C()mpreende a 1IICC11111ro. ft !LI'tll e D 'lulmlco.: a tertoelra eln~ 11"""1;0 a IJflro- noll"O. o 1100109111, a l>lolOUWa. a ,doolOgfa e o fOCWIOUfo (SI'.tlltta, GIIJ6II!ico<:i1o tia. c;CllCin.l). - Dl'ntre U mQ&lrna& ClllBllltlt:ltOOll dos eel.ne\Il~. mere<'e es- peeta! dt!lltaque a de NA\·H.U: (AORn::r ), Il~ ulJo /I Identlco Il. de COUll!\'OT e dlrere multo da de Ooun:, embora tenha I'C!II)(lttodo o tJ'll~O enpltu! e ellralerlstloo desta doutrlnH. COIDecU. !lOf sustentar Que umo elauJflClu;no de elenelu - dIlra eminentemente Intelectual cu::scu. 17 12. - SOCIOLOGIA. - A sociologia é !lma cicncia, pois que os fcnomcnos sociais são susce- tiveis de previsão metodica, da mesma forma que os outros fenomenos da natureza, embora dentro dos estreitos limites de precisão impostos pela gran-de complexidade com que se apresentam. liA' me-dida qut: os fenomenos se vão tornando mais com-plicados, viio sendo capazes de suportar meios de exploração mais extensos e variados j e, como não ba uma exata compensação entre o crescimento das dHiculdades e o aumento dos recursos de investi- nllo l!Ie pode apegllr. exclush·ameute. nem 110 l'rl/crio ObJc/ltO. nem ao crllerro nlljclico. ,\ ("lencla. 'I t('m por objeto ali n'lafÕel c lllre OI ICftlJmcrua - rdllC'Õt'. objcHrll. - Ci. por OUlro Indo, u mll CMQÇ>lQ d e noOOlO llf'nJ;alllcnto. ('oll ..... '~ullllf'mCul~, uilo I!ê ,/Ode (Ie&o preur o ponto de 'l'l;;ta da oolllPllrtldpal;>lo que o Intl'l\JI:enela tem em ('fUla UIIl.Il du modnlldGlI1'fIo do ~obcr humano. I ;: Ci IISl1lm QUo propõe uma nO\'(I clu~ l tl!'8.<::ilo. em Que silo respeitada. OI! dol3 erHcrl08 - 6Mbjc/l«J c obje'll'tI - !lendo. IIOMm. rescn'udo o I/ri-Ill{'lro lugar 00 prlm::lpfo ,ubie/h:o. A prOpOlllo de um m('~mo objt/o, no aentldo or.Jlnarlo do lermo. podemO!! Ilf'OCurar f'O"hC('l",cnIO. tto..wo~ (}l"rol", NmAcNnr('III(i! ,con. co. parl/clllare, I'" oollAcdmcnlo. h:Cllkol •. \ I'\'§pello do te~ro. por e.semlllo. podemos ludagu: t,· Qunls J>;lo BM prOllrl( .. lnde8 do ferro? 2.° ODlle ae encontrA, em abundlluctu, mlnerlo de t erro? 3.° QUAl Ci Il melhor moneira de explorar 118 minllM de ferro e extrair (I metal? A!! clenda. do AS N'!Ipo!!tlIII que 11 InteUgencl~ IM! propõe 11 dn r li!! "lIrhIB ordens de IJ('rgunIR!I rere~nt"", RO;< (enomem)!! que a IIII. pr_IOllAnl .• \8 dlterentall entre Il& p'-I'lI:Untllll fi que estabcleeem a!! dluln~ cApltala eutre a9 clellclllB. Tnla QUelltilê!:, • deapelto da infinita 'l'arledade ilu hlpott'llCll. podem-IIO retlumtr nos Irei grullOll tuuftllmentala: I,· Qlle 6 po .. ;:~I' (ou q~e mIo é po,,111I:11) : :l,' Que 6 real (ou 'Iue 1140 é reli") : 3.' Qlle é bom' (ou qlle 11<10 11 bomt). ,\ et!IlaS t ormulu lIln,l:;clu JUllllpGc, rCllp.eoct"·:)mente. t rell 01lU't16. ~nos slmple~ e mll.1I e)l'III.II!!: 1.' QUllh l1li0 ai JIONlllUídade. decor-rentes daI> coudl~ petmllDenl.e$ das ('(lusa. e QUItI~ u rel/l('6e, IICCtu(lr'fU entre CS!Ias po,U/)Ólfdlld~' 2' Quais slIu os 1f110~ re(lU e quai, as po.ribIlWode. (IOII('P"Clu. wn(UeiODII(III~ li et!lIl'II /1110" 3.' Quais !l.'lo as pon//JUldadc. Il00'' A eBtJi~ queatões w r retlpondeUl trez ela 88Cl1 de clen('I(lS: 1.", (I' c(r!j('fll, d/IJI lei. _ tC1Jremal/co,. 2.". a, ~. do, 1/110. - Al,/orla; 3.", a. cfrllclal du. regra. - COIIOIlU:a. ~n clllUlfleaeilo dn rlC"('/flW dlM tc/ll - Itorctnal;CfI - a~el ta os prJnclp!/lS gerais d e 8Ubol'dJnRdlo, e!tnb!>lecldOll por Al:o. COlolTT.. E, na ordem da gc"erajfdado d~.fetllt' e complC;J'fdade cr .... <"'C,,/l. ItOW ICflomtno~. cnet\ntra ~el.'l clelll.'llIS: 11 JlQmologl/l In mal" ~lm)JleI! (' 1D111. jrerai de todaq a8 cll.'lld'lI. quI' 11'111 por a""unto (I I!<Iwdo du leI. I'm ,I Dlll$mU, com Ab~ITlIl;'lIo tle qUlI1<IUer realldl\lle obJetiva. J8 cn:NCI!. gação, resulta que as cielleias de fcnomcl1os mais comple.'xos permanecem as mais imperfeitas" (17). Não obstante isto, a socioJogia é uma cieucia definitivamente coustituida, com objeto c limites determinados. E' uma cicneia abstrata, ou funda- mental, pois que tem como objeto de estudo um fato irredutiveJ, distinto do objeto de qualquCl' ou- tra cicncia - o fato social. Por serem os fenomenos sociu,:s os m.ais com- ple:tQs, ~)l(tis p(trticulares e 1JUÚS dependentes, está resenado á sociologia o ultimo e mais elevado grau da escala enciclopcdica. Em boa bora, na reform.a por que, em 1931, passou o ensino seeulldario, se l'reou, no CUI'80 com- plementar obrigatol'io pal'a os que se destinam á carreira do d.ircito, fi :lula de sociologia, na qual se ensinará o objeto e a bistol'ia desta ('ieuC'ia, O me· todo proprio de seu estudo, fi origem e 11 evolução do feuomeno social, e se exp1icará que todas as dis- ciplinas 80ciais - o direito, a 1II0ral, a 1Jolitic(I, a econolll'ia politica, a geouroj'ia politica, a hi,~/oriaJ IlIto (", len. p"r "bjelo dcf/lI/r lima «rIu ,":111('170 o,'re Ic,·mo •• /U:COl_ do Ilb.'roçdo tia IIulNrc:a dele,). o nJu/cIII,II!ca, o //"NH/~fmff'U, o ~Ioloqlll ."m'(H/cG (1lue ln.ta til!. Ilutc (I,",co ,1001 OOrpoil "1\'001), u pfi. .'OIUflia e 11. 1«'1010111(1. _-\ ~ N('7I('i(l' do' /U/08 - II.I,torMl - l-ompi}em·..., de quotro j:nl- po9 t1e dliIClpUnn: I.·, /I II.f.IIQrla do 'Ol.I/"do IIIorj7QOIlco IculrOlUllJliu. ""trollcmu. MlrQtJro/la, kclwllru/lu. Ill'Oloqi<J. met'tmfcll CCledc. mlll(:, mloll/a. mttt'orololli(l. ctc.). 2,", (I h~lorlo do .. .ulldo "Cllclal (bo, I(lOl.1'c1l OU /1/olU{lla, IlOla/omw f fl,lol"lIla "tllclM" cla",'/lc(lr;6o 1./010' 1Iktz., gencO/Ollla. etc". 3.'. a ",,,orlu do 11"'""0 alllmal, cxcl uldo o bom<'.m (:oolugla, UIm'Olllja o f/fUl/allla /lHI",,,II. c/fl"if/cor4o ;;oow- 1I/cG. lIencolog/a CI,c. ), 4_'. fl /l.1,/orl(l 0/1» lere, IIl/tII(I>'O' (lI"'forlll da /l.1/'1W";dll<lt, C/OIOllru/lo, dcmotlnl/lG. 1'1('.) . ..4. dCtlcto. /lu. re"",, - 011l\0II.I('0 - dh'idem-se em doi. gran- dei! ramOll: fa"OIl/('a dor li~, ou rt'IIrG. do 1/IU!rCl" - IcltGnl"o..wo; e ct!ll(llllcll da G«io - pr=o'ctIlI(IlIl('/l IA. N.t.\·II..LJ:, Clou'/liclJllo", dc, ,ck'JICCI) , (17) eolo'TII. Ibidem . .A JI(llovrn .ociologia, crea!lu lJQf AVO. Coltrr, ~, rtlmololl1eAlUen. te. 11m IIlbrld .... 'IIQ • .A de!!pelto defjta I"IVA de origem, (! unh·e.nml o tavor com Que tol recebido. Nilo hII I'ICllllUlD1I. OUlrtl upl'l!'Uilo (Iue a lIubat1tua. 011 a <'.la equh'alba. C.u)'u.n, op. clt., L. 1, cal). n. CIIliNCU. 19 a estatistica, etc. - repousam diretamcntc nas suas leis, da mesma forrru\ que as ciencius biologi- taS se firmam nos principios da biologia geral. Sem se aperceber dos enormes progressos rea-lizados peja sociologia, que já alcançou uma forma perfeitamente definida e didatica e já tem, como qualquer das outras ciencias, bases positivas r igo* l'osamente firmadas, a orieutaçflo oficial do ensino, até esta ultima reforma, persistia em lhe nega!' a existencia, reJegaudo-a para o terreno da::) futilida-des, das especulações estcreis c sem alcance, pois tanto vale restringi*la. a um estudo de requinte, procurado apenas pejos idealistas, a quem seduzia a laurea praticamcnte inutil do bacbarelado em lelras (l8). 13. - PSICOLOGIA. - P sicologia é a cien- cia que tem por objeto o estudo das leis que regem os fenomenos da con.sciencia,a saber, os fatos 'men.- tais - sensações, percepções" pensamentos, senti- (18) T(lm perfeita nlllkn-:i\o 110 uo~"(I melo trndlclOllallHta 11" palavra, com que !!oi. A. \'..a.OC.UIO fundamentou _ mesma quel.! •. elU relatilo IIOS I'1'nll'1)8 uul~er811l1rlos dll l,urOjlll: ",\ lJOC[ologla. nl'~teII ulllmo. tl'ml~. tem feito pro):J'(':\IjIOfI DOIIlV"I~, Conin, [lO!"('m. dUJlH cutegOrlllJi nllmerOiUlH de inlmlll'O>I. que, Ilt>r ,' 10111 OllOl!tllS. lhe proeu· ,'lIm ell,lllr ohSlacutoo! 110 trhmro deflnll\\-\). ,\ prlml'lrll d~s eflte- ,:orlfl& l"(ll11llÕe-se dO!! 8Ohre .. hl'nte8 de uum 1'J'l(K'ft que dl'lrnllllrl>('ell. de tOd06 011 rl'Urdaln.rIOll, di! tOll09 011 rt'1're8eOIIlUII'II dll dl'ueln orl-dai, eonser,·,Ulorn e IIrtnlNl por nalun.'1m - em nUIII pI.lnnll. 6e IOOOll os q1J(' ll'm nome e rOrlllOll Ilret!C)oL no "elllo l11uollo. que dorme slmla. no Rio I':"lagnado da ml)tnth.lea. ~:~""e ell'mento~ hOo<tI~. apro-veltnndo-lll' (lI' suo s1lueçJlo pr,,·U(>glndll. tem Dl'ltOdo fito; hoJ(> li. nova ("ll'u("lo o ulrelto de enlrar l~ c:a8t(>lo~ feudlll;J 'Iue ~ ehalullnJ I'nil·l'nUdndes_ A III'/Cundll call'gorln dO!! InlwlgO!! da ,!odolo):"la f to.· mnda de todos 011 amndorea de nOl'hlndl.'lt. de lodO!! 08 apostolO!l Im. pro,·18IIdO!l. de todo. 011 qnfo, sem ter !l'lto OI! I'StudOl!l o~rIOlil. se proclnmllm 801'10101:"01'. l'lICN!'·I'W I' dlst'Ull'lll 1!01lJ1' li IIMUlltO. mts. tumndo e conrundlndo tlldo. ~f,m o ~lIber e lIC!U o 'Iuel','r. I'llll'll IIIt1wOI! silo os ml'lhOl'('9 allalllW! 11011 dlotratotell sblemllllOOll I' 10-teN!9IIDdos da IIOClologlfl, orl'roceodo-lIlê!! fRell materl. 111' erltlCfl e <'OOPflrrtndo t'Om ell'll !l1l (,AII11l'lnhn d" ,1"""redIlO Ul'8iW ('ll'ol'ln I' de entml·e ao III>U progrell.OO Ir~llrlmll·eIM (/.e. /Hr.te •• fH'fologlql<e, dI< droil (I de rf:/tll. Paris. 1808. Illtrod. ). 20 CIESCIA nlentos, volições - capaze8 de servi'r de l1Ulteria a uma indagação experimental (19). Os fatos psicologicos têm, antes de tudo) o va- lor de elementos de adllptaClío das 1JOSS(tS relações interiores ás l'clações exteriores, segwldo a formu- la de SPENCER. A esse processo de adaptal!ão é que deve o homem o poder viver e aperfeiçoar-se no meio da natureza. NllS Cl.'ian~as e nos animais in- feriores, a adaptação mental não vai alem dos ob- jetos imediatamente presentesj á medida que as forças internas se desenvolvem, 11 adaptação vai-se erlendclldo a objetos cada vez mais r emotos, no espaço e no tempo, e os vai apreendendo mediante processos de raciocinio cada vez mais precisos e complexos. Por outro lado, dada a l'ea,ão naturru dos efei- tos sobre as causas, a nossa viua mental se apre- senta, antes de tudo, como fina.lidaeles, e as nossas diversas maneiras de sentir e de pensar vão ad- quirindo um grau de apcrfeh;oamento cada vez mais pronunciado, á medida que váo servindo para modelar reações cada vez mais extensas sobre o mundo fisico (20) . Sob certo ponto de vista . a psicologia é, de (lO) A p"cologl(l de que IIqul 0011 Ol'UINlmOll uilo I! a dt.e:lpllnll metafitlen que !Je define por clc"cio dI!. 01"'4, I'On!'t'bldtt esta romo umn .U/),tflnâ(a '..dcpl:1ldeo.t(O - postul~do dn razllo pUni - dotada de faeulda(les, on aptidões. dlutntno 11m!11! da~ Olltrnll. A p!/rolO/JfO. czp.crünc"lal nilo Pl'lIIlulZll a nAlure>:n Intima dll~ reu<'Imen()lj ou).o- tais, OI" lio !l6meote proeuflI «Iubet<er aI' relI!o;õet I!utre I!les ('xiII- teote. ... '-to I!. u 1('le que o. regem. w", V-tcolodo 1Ii10 ê obr~da a {'(Imeo:t\r pela e:l>1)lIeaCi!o do que é '" ti/mil, da ID('!<IDIl tormn quo Il f~ioo nRo (\ tllr<:'!ldo 11 prlnclplar pela expllcaç1l0 do (/lIe é ~l mll- 1c:ri4" (11 . B OOTUIl'IO. R.qulua d',mc pMC(Jlo{Jl~ fo,,-dü: .ur I'ez:pé- rlel!«', PaM, lDOO. cap. I ). O grlln(le erro IIIl 80111;11 psicologia ra- ctooal el'I4 em erigi r a alma em Um "ter 11/)'01,,10". um "'pllro (lpl- nlo", dotado de dlftrenletl faculdades. que dela se dc""ntranham ))Or l i mel!mn8 e buttlm PA ra expllctlr tiS dlvel'llll@ funeo.1o:fI dn mcmQr1n. da Ima.glnllçAo, do rnclotlnlo. do. ,·oula.lc ( WJLLlAlI J.o.lIE6. l'réCI~ 4~ P.#(!1«lIOQ/(;, trad., lDOO, pIIg. t). (20) 'Yh.~.u.)I l&)I.l.:8, IbIdem. CIII:-<CIA. 21 todas as ciencias, a mais dificil. Enquanto todas as outras se e1aboram com abstração do coeficieu~ te pessoal de quem as investiga, enquanto em todas as outras se apresenta o material a estudar sepa- rado do cerebro que estuda, 'Iaqui é o cerebro que tem de entender a si mesmo, quer nos processos de introspecção, quer nos de observaç..:to externa, que não prescinde da compara~ão com o paradigma do observador" . .Alem disso, "na dinamica do psi-quismo parece haver algo que e::icapa ~ normas comuns do pensamento humano; e as lacunas aber- tas entre dois fatos verificados têm de ser preen- chidas de maneira humana", embora esse nexo fuja, em grande extensão, ás possibilidlldes da percepção do interprete (21). Da deficiencia do emprego dos processos de observação nos estudos dos fenomcnos psicologicos resulta, 1.°, que não se alcançou até hoje uma uni-dade de interpretação, perdurando profundas di~ vergencias, não só de principios como de metodos, el1tl'e as varias concepções arquitetadas; 2.°, que em nenhuma outra ciencia se concede tão larga margem á construção das hipoteses, que valem comO antecipações das leis cientificas, ú espera de eon-firmação (n.o 5). A psicologia, conquanto não tenha seu lugar marcado na escala hi<!rarquica das ciencias orgaui- r.ada por Auo. COMTE, é considerada, por uma lar-ga corrente da filosofia moderna, como uma cien- cia funda~nental} coro objeto proprio - o estudo do ftnom.eno ~"ental, bavido como uma proprieda-de distinta e irredutive1 da materia. Tomada neste valor, a psicologia tem de ser colocada entre a biologia c a sociologia: O falo vi.- (::11 J. POIrro"CAIlaEIIO. A 1',1001011;/1 prO! Ii .. do (111 P~tCl"ClI/f(', (lIIg. 237. CIIiN'CIA tal precede e prepara o fato 'mental, que, por sua vez, determina e amolda o falo social, que se lhe segue. Esta doutrina é radicalmente contestada, ao mesmo tempo, por duas teorias opostas, e por mo- tivos diametralmente contrarias: Para a escola vi- talistCt, ou orgunicista, de SPENCER, SCHAF..F.t"LE, LI- LffiN~'ELD, LÉTOUR,."{}·:'AU, \VORMS, NOVICOW, etc., que identifica o chamado ol'ganism,o social com o orga- !lismo vivo, l:I psicologilt confunde-se com a fisio- logia do cerebro e é o ultimo capitulo da biologia i pal'a a escola psico-sociologica, de TARDE, LESTER \VAHO, etc" ° fato psicologico confunde-se com o fato social, a psicologia confunde-se com a socio- logia. 14. - HlPOTESE EIO-SOCIAL. - Pro- cUl'a.ndo o justo meio termo entre essas duas cor- rentes ~U1tagonicas, EUG, DE ROBEltTY (22) conce- beu uma nova doutrina, que, sob a denomill:'lção de hipotese bio-social, mqJOZ pela maneira seguinte: Do encontro, da apl'oximação, da éonvivcncia de individuos animais de Ullli\ mesma especie, que tenha atingido um alto grau de desenvolvimento cerebral, resulta, do cerebro d~ uns parti o cel'ebro dos outros - em virtude de certas cond,ições fa.- voraveis ainda não detenninadas pc.la biologia - uma dupla corrente, um como que ('ontacto ti dú;· tancia - e'ndosmose e exosmo~(' psicofisic(lS - de que procede um feuomeno inteiramente novo, UDl ritmo pfil'ticu1al' da energia universal, uma moda- lidtlde ultima e irredutivel da materia, a al'ma. co- lctiv/t do gmpo primitivo, fi socialidade, ou altntitl- mo, ou solidariedlUle. (22) ~;, Iw. UOIJI::.TT, NOllt'mN pr()grol/tm~. 1,. I . MlI', 11: ('o .... • ,jtul/.o,," de ,'étAiq"t, l'1lP, 11l: rAUI.uT, op. clt .• l'1l ll, \'tU. CIIl:SCIA 23 Entre os animais conduzidos passo a passo á vjda social, (ljz SPENOER, estabeleeeu-se poueo a pouco tun prazer de viver juntos, prazer esse de- vido á subcousciencia, em cada um, da presença dos outros. A m.1.iol' segurança,a maior facilidade DO deseobrimento do inimigo, fi mais perfeita eficacia na defesa e no ataque - resultados da vida em eo- mUlll - preparam-lhes certos estados mentais que os predispõem não sómentc á cOlwiveucia, como tambem á combinação de ações, ao auxilio nwtuo. No cercbro dos individuos que compõem essas sociedades animais, as Ilk"luifestações dessa almo. coletiva, desse sentimento rudimentar de soUdarie- dlUIc, eonscrvam-se estacionarias, permanecem ins- tintivas, exclusivamente biologica.'; - psicofisicas; na especie humana, dotada de ecrebração mais com- p]etn, essa solidariedlUle, esse altntiJ;mo elementar, essa in.teração de cerebro a cerebro, esse contado á distancia, fixa-se nitidamente no ('crebro de cada individuo, torna-se consciente, intelectual. Com fi fLxnção em sua eonsciencia dos elos de interdepen- den<~ia que o prendem aos sens semelbantes, o individuo passn a sentir que sua atividade, no cs- }>nço e no tempo, é inseparave] da atividade dos outros individuos: entra a conceber as noções de cooperaç(io e scquencía. Um animal gregario, por mais desenvolvida que seja sua sociedade biologi- ca, não forma idéa do alcnnce de sua a~ão na vida elo conjunto: move-se instintivamente, COlll a sim- ples atividade de celula. E' o caso tipico dn ovelha lresnuilhada, símbolo do abandono e desorientação. Graças á circunstancin de sua consciencia social. o bomem reproduz em seu cerebro a vida da socie- dade humnna: vê a l'azão de ser da sucessão dos fatos e o alcance dos esforços mutuos; liga sua ação á ação co]etiva e eompreende que é parte autonoma de um todo. CtESCIA Em virtude desse processo de individuacão so- cial, o ·individ1W nu:mano adquire consciencia de si mesmo, de sua personalidade, de suas faculdades, sensações e desejos j suas idéas, sentimentos e voli- ções, de instintivos, psicofisicos, passam a ser moti- vados, psicologicos. O úuliuiduo biologioo trans- forma-se em úldividuo social. Sob a influcncia da i nteraf,!.ão psicologica de cerebro a cerebro, o sen- timento de solidariedade, a i'ltuição da interdepen- dencia elU que os homens necesS<'lriamcnte estão WlS para com os outros, a alma coleti'IJu do .'Jnf,po ]lrún1tivo, estacionaria, que era, evolve, apedei- çoa-se, toma a forma definitiva de l)enSamel1to so- cial, com todas as suas manifestações. A' medida que uma sociedade ganha. em civi- lizaf,!ão, a dependencia mutua entre os individuas aumenta e o bem-estar de cada um se apresenta mais intimamente ligado ao bem-estar de todos. Do desenvolvimento logico da hipotese bio-so- daI se conclue que o fato 'mental, ou psicologico, não é nem puramente cerebraZ, ou biologico, nem puramente social: é mn fato composto, social e ce- rebral ao mesm.o tempo - um. fato bio-social. fiA serie de fenomenos que constitue o que se chama e,<;pirito, ou i:nteligencia, representa o resultado concreto de um .. 'l. combinação intima das proprie- dades organicas da materia, cstudada~ pela biolo- gia, com suas 1)ropriedade.'l super-organicas, que a sociologia tem por fim estudar". Em consequencin de ser o fato psicologico - o espirito, a inteligcncia - um fato composto, isto é, bio-social, a ciellcia a que o estudo desse fato :;erve de objeto - a. psicologia. - é uma ciencia concreta, uma bio-sociologia, que se apoia. ao mes- 'mo tempo sobre a sociologia (' sol)1'e a bioloqia. A psicologia niio pode, portanto, ser considerada como CI~NCU 25 unw. cieJlcia abstrata, não pode entrar lia escala das ciclIcias abstratas (22 a). l4 a. - MATERIALISMO llISTORICO E IDEALISMO HISTORICO. - O conceito de que a arão humana, essencialmente social, é integral- mente subordinada ao pensamento social está lon- ge de alcançar aceitação pacifica. O problema da determinação das relaç,ões de filiação e depellden- aia, que necessariamente e.x.istem, entre a ativida- de material e a atividade mental dos homens tem dividido os escritores positivistas, por divergencias de orientação inicial, em duas correntes nntagoni- cas: a do materialismo historico e a do idealismo lâstOl'ico. A escola do 'materialismo historico sustenta que na vida da sociedade a ação antecede e prepara o pensamento. E' esse um dos fundamentos da dou- trina sociologica de KA.ru. MA.R.'{: "As concepções teoricn.s dos comunistas não repousam absoluta- mente sobre idéas. Estas não são mais do que a expressão geral dl.\s condições em que os fatos se apresentam" (23) . .A. interpretação materialista da historia, nos termos em que é formulada, excede de muito os limites da economia politica.: é uma concepção ge- ral de sociologia, ou de filosofia da historia, com ampla aplicação a todos os aspectos da vida social. "Na produção social dos meios de subsistencia, os homens, necessariamente e independentemente de sua vontade, contraem entre si certas relações - relações de produção - correspondentes a um dado estadio do desenvolvimento de suas forças produ- tivas. O conjunto dessas relações de protlnçao for- (:na) o....uuzr, Ibidem. (23) KaI. lliu. Ma"/le.j~ co"'''"I""t, (lrad. ). I 35. 26 CICNCU. ma a estrutura cconomica da sociedade, isto é, a base real sobre que se eleva 'Sua SUpCl'csb'utUI':t jw'idica c politica e a que corrcspondcm determina- das formas sochtis da consciencia. O modo de pro- durão da vida. material determina C1Jt geral o pro- ce8.~O social, politico e illteleclual da vida. Xão é a cOI1Scicuéia do homem que determina sua 1/11mei- ra fi,. ser, lUas sua 1lwneim, social de Hei" que deter- mina sua cOllsócncia" (24.). A escola do idealismo kistm'ico vê, ao contra- rio. nos fenomcnos intelectuais a fonte de toda a civilização. Esta doutrina, apoiada na grande obra do fundador da sociologia, Auo. COMTE, teve em Eua. DE ROBERTY seu Ilotavel sistematizador. Re- conhece que os fenomcnos de cal'utcr social se di- videm em dois gt'andes ramos, ligados pela intima. subordinação do seglllldo ao primeiro: O pensamcn- to social e a ação social. E, sem contestar tiOS fe- nomenos economicos papel preeminente nas socie- dades humanas, recusa-lhes, todavia, a significaçÍlo de fatores originarios da vida social. Antes que o feJlomeno 'mental tenha revestido a forma defini- tiva de pfflSumento social (u.o 14), os feno1llcnos ecollomicos não podiam passar de fatos pu,rumcnte biologicos, não podiam ter a significação de fatos sociads (25). Para que se possam entender melhor essas duas doutrinas, em confronto uma com a ouha, devem-se ter em vista, acima de tudo, suas aplica- ções na vida pratica. 1. Conceito do materialismo histonco. - O (24) KAltt. llAllx, Ctillqllt' dI' 1't.COtwmlc politlqlle (tud.) pret .• pago V. (25) Eua. 1Ir. nOlIY.IITY. !.tJ phjl(!,fOplllo dll dtcl!!. cnp. 18; 1,(1 C01!.tIltIlIir;." de rétlliqllf, cal". 2.- l' 3,-; Soclolollie de 1'01'110", Ilre- IQclO, CII:SCU. emprego fundamental da concepção do materialis- mo economico encontra-se na teoria. do valo?', de KAru.. M.All..x, que assim se pode resumir: o traba- lho é não sómente a medida e a caus.1. do valor, como sua propria substancia. A possibilidade de se permutarem as mercadorias umas pelas outras implica a e.:cistencia, nas mercadorias permutadas, de um qualquer h'aço commll, identico, cOllstnnte, pelo qual possam elas ser postns em cotcjo. Esse quid comum, esse bomogclloo das mercadorias, que se apl'csenta sempre, a despeito da heterogeneidade delas. é a (Jlumlidade de trabalho que todas ueecs- S..'lriame.nte representam, em maior ou menor cx- tensão. uTomadas como valores, as mercadorias não são sináo o trabalho humano crü:.talizado'J . Valem mais ou valem menos, conforme contenham maior ou mcnor quantidade de trabalho social, me- dido segundo o numero media de horas dc traba- lho nelas empregadas. A mão de obra - a forra do trabalho (. l r- beitskraff) , istoé, a porçlÍo do tr;tbalho humano que ns mercadorias enccrram - Sigllific..'\, do pon- to de '"ista economico, uma mercadoria, "como ou- tra qualqucr, visto que o seu \'alor se mede pelo numero de horas de trabalho gastas em produzi-Ia. No regime dr salariado, uma hora. ou um dia. de trabalho humano custa a quantidade de elementos de .subsistcJlcia llecessaria. para manter o trabalba- dor em estado de produtividade, durante uma bora, ou um dia: o sa lario não importa em mais do que o custo desscg meios de sub~if:.tencin . O trabalbo hUlllal1o, em condições normais, dei.xu sempre mn excedente do valor produzido so- bre o valor consumido. Por outras palavra!', a lor- ~a do trabalho - va.lor creado pelo trabalho - que, lIO I'Cgi IllC da produção aS!'llllarhda, pertcnce ao capitalista, representa mais do que o sal(wio - CU:NCIA valOl' consumido pelo h'abalho - que toca ao trar- balJw.dor. Este excedente, recolhido pelo capitar- lista, constitue ° sobre-valor, ou mais valia (lleltr- ,vert) (26). Em conclusão, para que haja a mais valia, sorá indispcnsavel que duas especies de possuidol'C:S de mercadol'ias se ponham em éOlltacto: de um lado, possuidores de dinheiro, de llleios de produ~t\o e úe sub~jstencia, que se proponham a empregar a soma, que lhes pertence, na eompra da for1'u do trabalho, que não lhes pertencej e, de outro bdo, operarias :'liVl'es", que lhes vendam sua fOl'<:a de trabalho. E' uecessario que os operarios sejl.llll li- nes, isto é, devem filão fazer parte di;'etam ente dos meios de produção, como escravos, ou servos; e devem não ser pro prietarios dos meios de produ- (ão, como é o caso do pequeno lavrador que culti- "a sua propl'ia terra. Sem essa organização, núo haverá as condições fundamentais da produção cu- pitalistl.l (27), Quem diz capital, diz propriedade posta em valor por assalariados, produzindo mel'- cadOl'jas e conferindo lucros ao propl'ietoH'io. A idéa do lucro sem trabalho é colada á pala vra car- pital como uma tunica de Nessus (28)., O capital, por si mesmo, é esteril, visto como é fora de duvida que s6mente o trabalho cria va~ lor. Mas o trabalho nâo pode produzir sem COl1l5U- mil' uma certa quantidade de capital, e importa saber como o capital e o trabalho se combinam. (26) KABL MARX, 1.1: CapiJal (trall.), I, pa!:lI. 23·83: C. (lllWo e O. Ih8T, IJI,tolro de, dQClrjne. roonomlquc •. 11!lglI. :J37·r.t7: V. 1'",- .. ~, I,e •• v"tme, to<'ialf,'e" I\~gs. 3'.!3.3S-J; r...:o~II>MI Do: ttVln{. DI!, J.'or_r4o do C41plllll 8 fl:1I dut:'!lvoldmCIIlo (tête til' eoncurlOO), paga. 39-78. (27) K ... ln, M .... x-. Le Oapital (trod.), Tomo I\', pago ~; L!»- l\'UlA(J~: '~~~~"Ilt~:1~!l"J,!"L~:ro~2riélt" 11111:$. 303-30-1, cilllLlo ILQr LEo:ntu.8 ot: Rt:!IE.lIDI:. Ibidem. CII~SCU. 29 Distinguem-se no capital duas categorias: a) materias primas e salarios - c(~pita~ vu,riaucl j b) instrumentos de trabalho (maquinas e ml.lterial para acioná-las) - capital COl/.stante. A primeira cspecie de capital, desde que seja absorvida e vivificada pelo trabalho humano, pro- duz O valor e a 'mais !:llliaj 30 passo que a segunda se limita á amortl~zaç'ão, isto é, a. reproduzir, á me- dida que no eUl'SO da produção se vai gastando, a quantidade de trabalbo que tenha sido empregada para fabricá-la (29). II. Aplicação do conceito do idealismo histo- rico. - E' de verdade irrecusavel o principio, que RICARDO esboçou c K.u~L ~LHX levou ás suas ulti- mas consequeneias, de que no tmbalho humano se encontra toda a explicação da origem e significa- ção pratica do valor. Bem diversos, entretanto, sCl'áo os fundamen- tos e os resultados uteis dessa teoria, si a retirar- mos da falsa base do 'materialismo historico, em que hoje exclusivamente se apoia, para a conside- rarmos á luz do preceito capital de sociologia, de que as formas de realização da ação humana estão inteiramente submetidas ás formas abstratas do pen.samento. Nessa aplicação consiste o aspecto particular da presente exposição. O homem, ser de razão c de vontade, é o pro- duto da vida coletiva, Foi na convivendo. de seus seme1hantes que o ser humano adquiriu capacidade mental. No gregario biologico, o emprego fisico das aptidões dos individuos não representa traba- lho. Aarão Jmmana é uma forma de eZlJressão de seu pensamento: antes que o individuo formasse (::!1) C. GIDE C C. I:lS'l'. op. dt.. pag, IH4, 30 CIENCIA II idéa da vida coletiva, untes que compreendesse a razão de ser de sua atividade em relação á ativi- dade dos seus semelhantes - antes que se const~ tu-lsse o pensamento social - os <ltos hmuanos ti- filiam um sentido puramente biologico, psico-fisi- co, animal (n,- 14). O trab..1lho, como expressão da atividade humana, é, nece:ssariamente, racional, psicologico, inteligente. Dessa. lloçiio fundamental decorrem os corola- rios seguintes : A atividade mental do homem reveste duas formas capitais - pcnSttmcnto e ação; O pellsamento e a ação do homem são necessa- I'ia e exclusivamente sociais; A açüo social é inteiramente subordinada ao penS(m1ento social; Não ba ramos da atividade humana que se fi- liem ao conceito de ação c outros que se filiem ao conceito de l>ensamenlo. Na atividade humana, esses dois aspectos sii.o in~epa!'aveis, embol'tl geral~ mente se verifique a predominancia de lU)) deles i Nos fatos sociais, as vari.as iu-f'luencüls, illter~ nas e externas, abstratas e coucretas, individtuüs e coletivas, se combinam de manciJ'a tão intima c tão complexa. que sómente com grande impropriedade poderão eles ser classificados em ramos cli-f'el'cntes: fenomenos economicos. fenomellos politicos, feno- mono!; cstcticos, fcnornenos religiosos, etc. O que se deverá dizer é que a ação social - a c()JJ(htllt !tlf,- mana - se apresenta sob varios aspectos, segundo o ponto de vista por que for consideradn: aspecto afetivo, .aspecto economico, aspecto religioso, as- pecto especulativo, aspecto esteUro, etc. In. Oonceito de propriedade . - A mentali- dade humnn.l , na complexjclnc1e de seus aspectos - sensações, percepções, lembrauças, sentimentos, CIt;;,>CIoI. 31 preferCllcias, voljções, inclinações - si, de um lado, é a resultantc do fato social da. interação de cCl'e- bl'o a. eel'ebl'o (n.· 14), vai, por outro lado, encon- trar sua razão de ser na camada homogenea e pro- funda das aptidõcs biologic:u51 dos instiutos pI'i- mitivos, psico-fisicos, aniru.'lis. Como todo sistema de forças, o homem c a so- ciedade humana. estão integralmente sujeitos <ls leis universais tIe equilibl'io, que os eonduzclll a pro- CUl'al' sempre n linha da mcnor resisteucia, quc ó o caminho de sua conservaç(io . .A conscna~ão do individuo e da especie são conceitos biologicos in- 8epal'aveis, ou, antes, são cxpl'e:)SÓes de um mClilllo conceito. As formas da atividade hllml.lna, mate- I'iais ou mentais, uma vcz que sejam destinadas á consena<:ão il)(lividual ou coletivu, aprcsentmu, em substallcia, o meSlllO carater de utilidad~ embora o grau dessa utilidade varie ao infinito em intensi~ dade, segundo a importancia da nccessidade a que venham prover. Bem se compreende a rawo por que a corrente materialistn afirma que todos os problemas hmllanos represelltam, no fundo, l.lITI pl'oblema de economia: é que nas quadras de des· equilibrio economico as Ileeessidadcs primarias da conservação da vida sobrepujam em acuidade todas as outras e assumem o feitio absorvente de unica preocupação. E' preciso, porem, ter em vista que u nutrição não é a unica necessidade llTedutivel das cspecies vivas: a reprod11ção OCU!);.\ Ullll.l situação perfeitamente pat'alc1a, POi' ouh'as palavrt\s, os problemas sexuais - selltj11le'lto.~ afetivos - des- empenbam na vida das sociedade UUl papel em nada inferior ao dos problemas de nutrição - se1to.
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