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PRINCÍPIOS DE SOCIOLOGIA JURIDICA

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ex -lil;eig 
lEVI CARNEIRO 
Principios de 
SOCIOLOGIA JPRIDICA 
EUSEBIO DE QUE IROZ LIMA 
P,., .... , C.l. d.o""" ~. f.eu'd ... d. 
0".11. do Uol .. ,.ldodo do RIG d. s. .. i,o 
3 .' . EDiÇÃO 
LIVR' RIA EDITORA FREITAS ~ASTOS 
RUA BETHENCOURT DA SILVA, 21-,\ E TREZE DE MAIO, 74-76 
IU O DE JANflRO 
• 
SOCIOLOGIA jURIDICA 
DU A[TOR: 
COXCBI1'O DE DOMINlO li; POI5::$t: 
"OficiJUtl! Graficns" do JOI'ual do Hrnzil - 19l7, 
CREDITO RURAL 
;'oncin3S Oa-arica/!" do ,101'11111 do Brazil - 1920. 
rEoatA DO BSTADO 
Linaria Preilas Uasto!! - 1930, 
EM PREPARO: 
OIREITO CONSTITUCIONAL BRAZrLEIRO 
2 volumes. 
, 
{ 
3 -.1,0 
PRINCIPIOS 
DE 
POR 
EUSEBIO DE QUEIROZ LIMA 
3. ' EDiÇÃO 
LIvraria Freitas a •• los 
FREITAS BASTOS & CIA. 
Ru "1-'1" "'" IH • U .. M'" 14·. 
Rio de Janeiro 
1933 
• 
o. "PRINOIPIOS DE 800/OJ~OGIA JUfUDIOA", ao 
aparererel,,", em· junho de 1922, cieram. prccrdiflo, dfl' 'C' 
guintu paI4t.'1'af: 
.. Elite lilJf'o, 110. idéo. q1JAJ o il"l,irou, IUJ. fONn4 em 
que fe duCIII;'Olvcu e 110 fir,. a que 'e deI/iria, é tão de,· 
pretcllcio,o e tãQ aimpl(8, q"o dispenaa qualqlltr apre· 
sentação: é 11m. tratado elementar de enllino, é um· com· 
pendjo. 
Telldo de ,ubo/'dinar a cOllformflçiio de meu f',ludo 
(I CU6 /citi" e,peciat e r-igoro,o, o ('f.minJeo se me tk· 
parou traçado d-tJ antcl7uio. Ttio pe8ada, 11O/'Cm., CI'a (I 
ta/'('fo, quI.' me 11110 animo o 'II/Xlr me tellha tkla /taida 
a COlltctltO. A. difictdda(f.e. ,CI7~ conta (Iue 'e inter· 
põem á feitura de qU1Jlqucr obra didatictJ cre'ccru"~ 8i,,-
gularmente de .. .'oluln(! no meu ()(Uo, por '6 tmtar ~ 
tHRIl materia inicial, ell~ q//6, 8fll1t O UI/(bifio de nenhuma 
outra cadeira, dcc,'f:ln. .tn" upliCOdolJ, de forma clara 6 
collci.w. - na. m.a.t OrigCM, colldigúc. ohUlM 6 tenden· 
cia8 evolutivas - 08 prillcipios domillanle, de todol o. 
ramO.! do direito. 
ATem dil8o, dada IJ orifmlaç(;<J que adotei, 7/I,uito 
me ,cnti da falta, ql/e ,o/rem, o. flOU<J1 {;Ur,o., de umf' 
cadeira lif'opcdeutica de sOOiQ1ogia g(>1'at, em qlw OI c.' 
tlUlalltel hOU-C688Cfn recebido /.lI fI(Içõe, de que. forço-
lamente, file tiee do utili:ar. Para. fia 1Mdida do po,· 
.i1:el, remediar cua lacl/llo, cIK'ontreillle lia 1Iece"idade 
de 6Zpo1', 111"" "titulo pl'eliminar", o JBotodo a. que me 
cj'lgi, 08 CO/lCf;itOIl flmdamerttl/WI sobre que firmei o meu 
pl"O!lralJ/a.e a. jU8tificarão do 1101110 quc dei ao nu., 
trabalho. 
Tenho COfll(l oumprid<J '1111 ardllO dCl:cl' de I/rofel· 
-
• ,-~ 
" 
~ 
----'" " .... .J """, 
< ~ " "-'~ -...... . ..;~ ~ .\. 
801"; C, 11O me d~/lobrigllt· deS/lC ellA:Ol'yo, procurei, t(mto 
quallto .,Cu, recurBOII pcr"útira1l1~ !/uardar e$l,-ita J~' 
delidnde li. IMII!,,", IUII~ão . Si de atgrem modo alcancei 
08 rcqUÍ$itoll de Ixmu:idadc, Ifimpli(;iáadc, precisáo e ela-
reztl, ill.fti.8peltilUVCi.s 1/(.08 escritos d·este gCIlC/"O, não é a 
mim, que compete àct,-id;r. Ull~ lauva,., apenas, cdolc 
(/ue ti I/I.crc(;ido; /J 8illccridad~ com, que tmbai/lei /){),. 
acertar . Nilo me i1ldullcti. /JO sectarismo de ncnhwna 
cl$CQla· - r:itutifico, t)olitu;a 01~ JifOBO/,ica; COIII· a 1I!U-
ma. franqueza, e lealdade aceitei, dos diversos cllcritorell, 
em apoio d~ 1IIillhfl dc~llÍ4 c 00111. !l"tH/de proveito dalt 
itléus ltuJJtcllfada-IJ, qu.anto m.e pu,'ci:ea Nnl!orlllr 11() //leu 
ponto de tJilJto, c, pOI' OI/Ira lado, fundil1lu:nte, as ,n.Í+ 
nlw8 irredutibilidades e di","t:r!Jcllci1t$, ainda mesmo C'Q/I.-
tra UfJ!tdcs q,lc 1nftilf acatam.ento 'Uw '/JwweCCI1l-. 
OOm a certeza (],e te" df'dw(I(UJ a. milfs(io a que me 
propu: tudo o que, Cllt trabalho e aplicaçi1o, de mim 
poderia dar, f.Í IIf'J1I illllfi}elf, mas tambem sem lfo!JrCSlful, 
tOll, ql/6 entrrfjo o mcw liL'ro Ú I)orte qlle lhe cou!Jcr" . 
.ti faUl1 de COI"-CI)/Jolldcnf'iIL Clt/ao c~illtcllt.e entre (.I li, 
"''''0 c a ory«n.iz(lçdQ oficial do ellSillO so sc fez f'!fracar, COII~ 
a, ,·cfol'l»ll' de 191!J, em eOIt<JequellcUJ fie dl/(lÍl iJl,ÚVf/{'ÓCS, ql/.c 
di8JJcran~ rCSl>etto particulfll·/1WIltc 0.0 c1l8i1~O (/0 dircito: It 
ultcraç(iQ f[al) I1II'kriru {lo Clill/W ccsUbular c a· Jl(f,lSflOuell~ do 
cadr:iru de filoi/ofia (lo direito, do 1,rilllcil·o /Iam o qlÚlltO (1/10. 
No ('.l'(III1C velJtiblllar, milito lonu!! de Ife incluir a, so-
ciolo!}ia, sc illtrO(/I/zi" (( filosofia - a vcllw filosofia {los 
scminario8 - OOIlUJ di8C;/,/11I1Io obl"igatoria. 
Por outro lado. ft INll/sfcrcnda dAI ,radicional filosafia 
do dircito, do 1micio /lo (·W·SI) {K/.I'a O flll~, tirOu a.o IIlClt {'n-
s{lia a. ,.,,::üo pnllir:a de ~r,· . -'li'lha ilttcnçilo f6m p'·edar 
ao ell-8itlo da cadeira de ilt!/I-C8~O lIoçoes e.rolf/.8 de soci.o' 
logia, (/.() mctodo pOlJifiro, /lo col/ccito objc~ivo (lo Din:ito 
e do Estado, afim de que, palllatimlmntte, IJC fOSiM IJI~b&ti, 
t.ftill(/.() o fll/aerQ/lil1lt!O fio dil'í-Hv lliltnral. Jlor 11m cS/lldo 
, 
cl<.m.cntar de lei/i<J cientifico. Á Irall8po,ição da diIJciplillG 
inidal para o. pclio(/'o filial do. cltuào, t:cio m.atar toda 
p<!1I.ibilidadc de"e 1'cc:ur,o de rwovação. 
J:J'I~ boa hora, a rclOl'ma. de 198/ (Dcc. n.O 19.8;)2, dll 
1 L fie (J,bril) vew trazer ao ellsitlO diretri:e. 110008: 
011 cstudo, IIcc,melario, foram. dirididoll em. doia (;UrlOI 
8u('c8BicOB - 'Um. fUlldamclltal, de oi/teo allOI, uni.forme para 
loda' aI CG'Tcira.B, e IH)~ c:omplclIlt:tltar, de doia anQ" com 
a8 material adequada, a cada. um· do, rum·CUI do en..ti,j.() 
ltupe,;or; 
Xo Cllr~ de direito lo~ ad(Itada, IH",bora COln Q titulo 
illtprop,.jo de ., Jlltrodu.çdo 6, Cianci", do Direito" - de pro-
1lIIIlCiado cU/lho alemiio - a cadeira de Tco,;a GeraL do Di· 
rdto, em molde. mui8' amplo, do (JIU: tudo que havmmo, 
tillr) até (Igora. 
Por auel a!l'piCimos lIIotioof, ao tiror, 11C8IIe IItClllIIO 
alIO, a scgullda edição do livro, clltcI,di IIão fuzcr IHl trubulho 
de nove (mos (draz 1loetthuma. 11lOáificaçãQ quc pude88c ü,tc-
rC88ur o piaM da obra, u, di$tribuiç(lo das matcri/H; ou Q 
".etodo seguido, LiIl~itundo,"UJ a liyeiros retoqucs, em que 
file dC880 CQllta dali prOyl'CSIOS realiz(U/as lia solUÇão dcde 
O" daquele problema. 
Sc"do o livro, em .tua. lin,ha.t gt:t"ais, uma. (mteci-paçào 
do quc, na lei de hoje, em. partc IC cnconlrG fei/o, logica-
"wmt6 .6 .eyll-e que (I. reforma do ClIsinu a,.te.t lhe deu, da 
ql~ Ih,c retirou, o cunha de atmllid{/(u. 
• • • 
h~fc1izmcntc, porem, lU e8J1cra"~'(,s, ('0". q"e a reforma (a' "cccbida, 1WO 86 eOllfirmaralll. 
O caminho ,c!1"idO, cn. tnatcl"i(/ dc tI/SitIO, pei() Afi,,;." 
teria da Educat'/iO, deldo que sc itwu9I1r(J!t, parece oriCI~t«do 
fiO .tcntido de anular I/a praticIf U-8 c.riyc/H·;(,-, di>,ciplilwdo-
nu contidas na lei. 
UI" I)t"jm.cil'o ato, aliá', é ""terio!' (Í in.stalaçdo d-o 11O"/) 
nu 
jVi",iaterio: (I jubileu concedido ao8 e8tudarltC8, pelo decreto 
f'I..o 19.~O~, de 14 de rwrcmbro de 1930. Tcuilo em vi8ta. ql16 
a intc,.ruMão da-3 fHda8~ nwtit-Ylda pela rCI'Oluçiio, e a per 
turbação da pa:: de CSpil"i.tO, que prcaelkl/. () movimcnto r6-
I;oluctonario, havia'" prejudicado o preparo normald4.g tur_ 
ma8 para ° cza,n.e no fim dAJ ano, o governo adol,r.nt o alvilre 
eJ:atamente oposto á"mcdilWII qlU! e8.ta.8 ci.rcllrtdan.ci/l8 in.-
dieavall~: ao i1ltié8 de adiar 08 e.ramell para (I, 8cgunda cpoca, 
oom a 1Jrorrogafid() do regime de /lIdas e obrif/f~toried/lde de 
freque"cW, como 8C ·im.prmha., 1lnta vez quc a prc8u'w;:do cra. 
de quc os ed-udantCII não lU/viam completado Batu/atoria" 
mente o.s traballlOB e8colare8, rc801t:eu, muito /1'0 contrario 
diuo, Cfm.gitlerur aprol..'atl08 todos qlfc o requeressem" irw.e-
pendcntemenlc de qU/I'lqucr 7n'Ot"G de llabilitaçlfo. 
08 matriculados tiveruII' Vl'Omoçdo de 8erie ou a co ... • 
clusilo do cur.so, e qua,lquer pe8soa, de8de que já hOlfVe8se 
pr'estado algum preparatorio,ptJude requ,erer cerH/iendo da 
aprovação cm qUiltro materi/l'&, cllco/hiMII á 'Vontade, sendo, 
naturalmente, prefcrid.u8 aquelall que ao candidato maio,'u 
dificllld.ade8 ofercce8/Ui'/ll, 
00111 08 ezatll-ell lIeclltldariQ.8 cO)lcluid-08 etl~ tão melqlli-
n1WII eondiÇÕCII, oiCl"am, as turma~ pedir matricula, ús eBcoklB 
lIupcriore8, olide 08 falwrcs âc88a na.tll.re::a têtl~ sido li/lcra,-
11::011011, pelo cur80 C". f6,.~. 
A. reforma de 1931, no art. 43, di.8liõe: "S6 1>odcnlo in8· 
crecer·lC [1Ora tU prOt'U8 firlai.8 08 alun08 '1"C tenham, fre-
quentado doia terços, pela IIWII08, (101 aulas da rc'pectiL'O 
rudeir'U .. c q"c t-Cr/1w,m obtido li nota Cinco, no mínimo, oomo 
media d/l.s proC/l' parciais". Elite 1)1"OCe880, 11(1, "rimeira vez 
c,,~ que havia fIe 8cr po,to cm e~'ão, foi tl.u.li.ficado, pelo 
Dce. n" 20.783, de 28 de 110t;embro do mc,rno ano. que dis· 
pettllOU. /l-3 prot;a8 filiais ao.! alun08 qm!. pelo nl.e"os em duo~ 
prot"U8 pareia"', horweuem obtido media igrwl ou 'lIperior 
li 8CU. 08 qlUl nliO ti,tlC8Itcm a!ClJ/lÇfldo ('88C media Itltjeitar. 
Be~m a. c.:.r»me oral, ficondo dispe.waMII nã(l ,6 da media 
-
,x 
como da prooo. de frcqucn.oia.. A medi4 para. a aprovação 
Im reduzida a quatro. 
Em 19S!, tr"e. deorctOil lIeguido. - n: 22.004, de 24 de 
outubro, no" Z2.04Z, de fI de nooem.bro, c n.- !2.167, de 5 àe 
dezembro - cadiJ, um koondo a liberalid4:lde mau longe do 
que o aderior, fizeram vigorar para 68ft: ano o tri.te deGreto 
das media., de 1931, lendo q"c, pelo ultimo, a media de 
aproooçdo, paTa OI q!UJ fO-B.em /lltbmctiwu a e.t(I.me oral, 
de,ceu fi, irez. 
fJUO-IJ oontagen.s, por mo,f. clltranho ql,e f,.o fXl.rcça, em-
tClldera'~lIeJ na, Faculdade. de Direito, ao CII/'/lO de dal/-
tarado. 
O, estudante, de Direito ti",crUI1t, aletll. dj8lo, favorel 
e.peciai$: 
Sob o jllnda"wmto do ado71ta-çoo da Ileri~o de codeiroll 
I/cgllida na lei anterior (Dca. 11-.0 16.782".4, de 18 de janeiro 
de 19!5) /to regime de lei l~OL-a, pcrmid" o Ministro d(~ Edtj~ 
COÇa0, por simples U\'jso, qtj(J o. qllorla"i8ta8 de 1931 lermi-
"a88C11~ o cur,o, por m,eàia8, 1&0 8Cglll/.do epoca,-
Em 1932, OI alimo, do quarto ano con.scglriram, oprOIJ{Jr 
de, por med.ia.8, formar-ac cln rwoombro; 
0' q/wrtanuta8 atuai" q/lC oblivcranl prt8tar, por me· 
ditu, conjuntlJmente com. o terceiro ano, a cadeira. de di-
reito odnl.inistrntivo, que é do (l/ânto, Um já as,egurado o 
direito de receber 110 fim de8te an.o o grau de bacharel . 
. . '. 
Oumpre aOB profelBoreB não $6 dmar im;adir pelo delJ· 
unilno, pela dc4arença geral, que e8l(J./l medida, 8t'1n nezo 
tradu:em. , B é tanto mais facU e"6 e8/orço dc reaçM, qrmn-
to é certo qu.e, todQ, cn an.Q" 6111. roda ,ene, '6 dcdaca tllll 
grupo d6 e8tudioltOB u/orr"-ado,, q/j,(' ,c '6ntcm IÍf>jJrimidn, 
por taiB faL'Oru e, até, 110 rCOU8am a ulfflfruir-lhelJ 08 pro-
,,-citoll . 
Flue pug{lo de gente moça, q!l~ .c afirm-a no meio /mi· 
x 
l't'f'lUario, v'rá. 8(llt:or a. gcrQÇÕU futura. do baque irremc-
diat.'el da dcoadencia intelectual, que GI facilidade. adlnj· 
IJ"lraH,,-a' cdimuw.I'" 
Sentilldo perto de mim pul.ar o coração e lampejar a 
illleligcncio. dU'a elite~ enCOntre ..... me com "!limo d'!, lIeda 
tercei~ edicão, n.o lim.ite de millh", po.,ibiLidadCIl, 71lcllw· 
,-ar 8 atltpliar o elcl"ito primitivo, i,~lrodu:jlldo em ,CII quo, 
dro fUpectO' 11000' de cdudo 6 dc.etlt.'Olrendo terlo, ponto" 
de e.plana9i1o deficiente. 
A e'la minoria, do. oopa:e., do, IJCnccdore8, aJel-cça o 
mcu tra'balha. 
RiQ, abril, 1983. 
QUEIROZ UiJfA. 
'. 
INDICE 
TITULO PRELIMINAR 
CAPITULO I : Teoria c: arte 
1. O lK'n.>llllltnlo ~od. l . :l. Teoria,: a rte 
CAPITULO U : Clenda 
3. I)(>rlnl(!J.o. ~. 1.1'1_ .... ~lItltlcRll. - ã. 
H1llOlt'/j(!~. - U. Cleoclu - ("OubedmelllO 
4lIlulltleq fi b'llOleÚ{'O. - 7 • ..u <Iln!r.II:II' d· 
enclas. - R. i.' 11l~~lrl('IU:i'io tln~ elen('la~. -
(l. ClenMa~ llbelrtlla" to OOllCretU". - lO. 
TNlrl,. (' Ilrl", _ 11. n."ltlcll."o ,b~ del!-
.-lUA a lotlrral1l8. - 12. !<.odoIOltla. - 13. 
P!;k'Olo,..'"ia. - H. Illpo[(';Ie blo-;welaL. -
H ti. l1ateHoUenoo hl~lorl('(t 11 hJeaUsmo hlll-
torlro . 
CAPITULO 111 : FilOlJOn. 
1;;;. Il!!fln!t;;Ao. - la. nlvel'llldu\l@ <lI' ~I"'e­
IQU. - 11. 1.1'1 """ tl1" l'~tRdO!l. - 18. 
nC$trlç,lo 1l1.'ft'1<~Qrht. _ lI), 1"lIo!KIfla t~lo. 
g:lCII. - ::!CI. FlJollOfin mNons!l'II. - :!l . 
nlOl\(ltla 111)/1111"". -- ~. Hc~trlcio hllrto· 
ri!:!!. - 2:1. ~'UO>nrlll 1:1'1111 e tilO!IOfhl8 el!' 
peclals . . ............ ............. .., 
CAPITULO IV: Estetlca 
:!-i. I'k·flnICio. - :!:;. 1':<'('lk:l 
alrnwlh ... 
CAPITULO V: Aç-io 
~. lk'flnl<.i1O. :!i. I.!ln· erbllr[o t- dI!-
!ptnl[nl'IIlO. - :!!:I. 1 .. -1,1(' tln,lIhllulc . - 2!1. 
TlIIIO!<'"il' .Iu Jl~kQnull>O(>. 3/).:\l1 norUlIl1I 
tle a<.:lIo. - :n. " ... rUl~" tecn\('Il.~. - :r.. 
N"otruas ellcu . ... . ........ ~ 
xu 
CAPITULO VI: Metodo 
33. ~'~hlllde de um melodo. - 84. Me-
todo pOIIltI'I'o. - 3:>. lIetodo lndutl,·o. 
36. Metodo de o'*erl'acAo. - 81. ltetodo 
de experlmentll<:1I0. - 38. lfetodo de com· 
pa.raçAo. - 39. Metodo OI! analogia. blo-
logies. - 40. Mecodo ewogratleo. - 41. 
Metodo bh;lOrleo. - C. lfetodo de gene-
l'1l11znclo. - 4.1. - Metodo deduth'o. _ 44. 
lIetodo floaUatlco . . . 7:; 
CA.PITULO VU; Teoria geral d o dJ.relto 
"Ií. Xeeet!Sldade de uma ClIdeira Inirla!. -
46. EDclclopedln Jurldlca. - 47. F'lI08Ofhl 
do dlrl!lto. - 4$. E$!Ohl do dIreito onlU· 
ralo - ~j). t:ecoll hl~tortt". - 00. f'~la 
ofganlca. - 00 a. SObnrdveoda do direito 
II.Iltural. _ 51. A etlea oAo ê uma elen-
ela. - :i!!. Teoria do direito. - 53. TooM~ 
gerJIl do dlrelt.o . . . 56 
TITULO 1 
DI" 11. 
~4J'lTULO I : O dl.reito e . llIorN 
M. EtJea. - M. O direito e 11 monl: ,.a-
riu teoria.. - 66. Conceito da vldl. -
117 . Adapu.<:Ao lIuIUaO •. - M . O homem e 
11 &Octcdllde. - CiO. JlliItlca e moralLdllde. 
- 60. D1811n~o entre o direito e /I. morul. 
- 60 (I. O conceito do dl l'1!lto ............ 133 
CA. PIT ULO TI : Dhe1to obJedY~ ti . IlbJet.ho 
61. O t undamento do direito. - ~. Con· 
ceito IDdh'lduaUata do direito. - 63. Con· 
celto lJOdal do direito. - 64. Din!lto aliJe-
1ITO I' Jublt'tlYo ............ _ 161 
CAPITULO lU : ObrlgaUlrlodado do direito 
6,';. O direito e /I. eoa<:llo. - 00. O di reito 
como pn>eelto obrlll'lIforlo. - 67 . OrlJl'elU d4 
obr lgalorlednde do direito. - 68. O dl l'd· 
to e li. Ju~tlca. - 69. Di reito e obl'!ga~ao. li:! 
CAPITULO IV; o. tCllomeoOll Jllrkll~ 
. 0. IJII'f'ltOl'l I' obrlIW;tles. - ti. Elerue,,· 
ICh OODlI"'Dl'llte" UI) tellomeuo jurldk:o. -
.:.!. 1'- - ~uJello 01,,, n!lor:õe~ jurldlca • . 
- .3. :-;nJl'llít JlII,~I .·o dl1l rela<:ões jUl'lo1l· 
cu. '-l. Ob,leto lia .. re1o~~ jUrid.lcaB. 
- '.:i. Itel.<;i\o jurl<lI,... .1'1. Pro~o· 
COD.lnlu!dWI'DW. _ ... 1~5 jorldlcu. 
XIII 
- ,~. ruud(\~~.. • . 1.8t 
TITULO 11 
Suledlde 
CAPITULO I ; O individuo (I li 8Oclcdaolo 
.9. ('OD~!tO tll' l'O('lf~I'lIle. - 80. Teoria 
mel"onlcu. - 81 : 'l'eorill organtc •. - 82. 
Teoria lOCiolOj:tica . 
CAPITULO 11: AlI lnKItui(Vee lIOdaiA 
83. OrIGem dO!! 1Il!IIIt ul,!<>es lIGelals. - S4. 
O~ tia ol'g'..l..Db.ae/lo ..ocIal. - s.... PrI· 
mel .... IDSt1tul!:Õêl publicas. - 86. Ol'goul· 
UI~ilo pOUtlca. - 87. Primeiras ID~tltul<jie&: 
'Oi 
vrh'oda$ . . :!09 
CAPITULO In : AIJ IOlllltu1çõeo! Jurld.leu 
118. EI·oluçil.o da po.'l'I!OnalhJadl'. - 89. 1'1'1" 
I>Oualldade e I!OlIdariednde. _ 00. PereoDa. 
Ildat\e I' u!<QC1a{:Ao. - 91. EvolutAo do 
0111'('110. - !C. Qon,;t1!ultAo jurli.lka, da t .. · 
ruma. - 03. E"olu(110 do casamento. -
IM.. E"oluCilo dll Ilroprl('dade. - 9.:;. E\'o' 
lu~ilo do direito obrluclolllll. - 00. "vo· 
lutA0 (lO direito IHK'eUOttO .•••. . ••.•••.•. :!lS 
CAPITULO rv: A orgaub&çio ecooomk. 
97. lIep.lrtlo;:iio dDl!l 1>1'''1. - 98.~'"'untll' 
meDIO !la prollrll!(llId(' IndiVidual. 99 •• ~ .. o-
11lI;10 dD.ii feuomeruw t'CUnomk'OlJ. - 100. 
t::srola. e«IDOm!clIs. - 101. F.srolo Uberll l, 
ou IndlvklulIllslo. - !O:!. :O:oclaUsmo do E8-
todo. - 103. S(Wlntl~lDo. - 1001. ADarqulB' 
mo. - ] o.~. COOjll!rntil·r~mo. _ 100. O .~,-
lado cnr\lOtati'·o . . . ........•.. :!OO 
TITULO lU 
Estado 
CAPITULO I: Conceito de Estado 
107. !-õftdo. - lOS. ~:'~Ífti,lo. - 100. A~ 
con~~ jllr[d[('>I.I' do t:statlo. - 110. O 
.l<otnlto COIIIO peso;oIt jurldll'lt. - w. -Sobe-
rania n~I...,IQttnl. li:.!. COllcelto obJeth'o 
do ESt:ttlo. - l1a. I'crsoual\(htde jutldlee. 
d(o .;5(11(\1) 271S 
CAP ITULO li: Just.lfj~.w do Estado 
tu. 1.<:I:;[tI11l1dlule do poder I)ubll('(). - l.I;;. 
Doutrmll leolo;.:I("u. - 11iJ. Uourrlllll do 1.11· 
tt'!to di ... ill" IIObce.tuuurnl. - lJ7. Ooutnnll 
do direIto dh'[HO provhlenrlnl. - 118. '1"1'0-
rlà da tor-;:a.. - 119. 'l"l ..... ria Imttla.n·",!. -
l".!O. 1't>t.orln N)urr~luul. - 121. Ooutrlna 
h,~torl(;ll. - IZ2. E~t .... lll ol"glllllctl. _ t:!.1. 
Oolllrln" .In Wlh ... rslll" III\"lonal. - 1:!4. 
DoutrlJUI tll\ ~ol>('l"!Lula 8I1ell,,'el do povo. -
:t2;i. lJoutrlun III{'mil clu robl1rsnlu cio EIi' 
Isllo. - I:!G. Ootllrinll ,10 l>qullibrlo >,oclal. 
1:!6 <I. O I':,;tllllo {' u~ cln;,""l!CS $OCl,tls zga 
CAPITULO In: o Est./luo o (> governo 
127. Teoria aubJl1tJ\"(. dE' ~o\·erno. - 128. 
T/!QrJa oI1J('tto'n dE' ,,"terno. - IZ8 fi. O ~ 
,.,mo e o 11OI1f~·r eJeltoNlI. - l:?!l. Gotetno 
e a(lwllll,,"lnt~o. - 130. I""n~õel! e org;;OlI 
de Il"o'·enw. - 131. O Estlldo e o l"dh'I\llIo 228 
TITULO IV 
Div is ão do Direito 
CAPITULO I: OI~l t(> publico o prlvlldo 
132. \"orloa erlteMOtI de IIlferencla.;:ilo. -
13::. (1as~ltll1ll(!Ve:s atlll(!ntes li w~terln do 
direito. - 134. - Cluslflctltôel:l tormnlB. 
- 13:>. ("hISllII1(11.~ ob1etl'"II .... - 136. DI-
reito pUblico e pMnulo 353 
CAPITULO 11 : Direito pllbllco 
13 • • Oh'ido do <Ilrelto lIubUeo. - I~ . 
f)jr('ltO eolliltltul'loual. - 139. Direito \ld· 
wlnl5U111lvo. - HO. Direito Inlerna~lou91 
1 . .ubllco. 'Hl. Uin.-Ilo venal. _ 142. UI-
rello juJIl'lllrlo . . . 3(1.1 
CAPITuLO 111: DIreito prh'n<!o 
143. O rel/lllll' "h·U. IH. m ... 15IIo <lo '!tl-
re\to vrlrado. - J..j:i. U1relto M..-I!. - 14(1. 
Dlf!'lto t-ome~lal. 147. Plr~llo Indu trla!. 
- 1-1'1. DIreito rur,,1. - H~. Dl~lto iJne r-
ll8c!onal prl"ado . ................... S88 
TITULO V 
Direito P os iti v o 
CAPITULO 1: Conceito do di re ito poeJth'o 
150. Direito doutrlnarlo e direito _ti"". 
- UI1. ~'"DtllS do direito po!<lth·o. - 1:;2. 
Di",lto eo~tunlêlro. - 153. Jutleprutlellcla. 
- 15-i. DIreito _·rlto. _ 1:;':;. In"l'IItJ&a-
elo doutrinaria . . . . . . .....•........... <100 
CAPITULO U : LoI 
• 
156. Detlnl(llo. - I;;;. lIlerarqola du lellt. 
- 1~. Constltultllo. - 1;:;9. Leis. - 160. 
RegulamentOll. - 101. Etll'IlClo. !Ia lei no 
Ollpaf.:(l. - lll!!. 8r1CII('\1l da lei no tempo. 
- 163. :SAo-relro~tlvld.(le da 11'.1. - líW. 
:Sil~xc:ul!B dn 11,'lIOrll llela tia leI. 16.5. 
Interprelael!o . ............. 4:''9 
TITULO PRELIMINAR 
CAPI1'ULO I 
TEORIA E ARTE 
L. o ~/I",clllo "0<'111/' 
t' Gr /e . 
!. Teor/li 
1. - O PE..'(SAMEXTO SOCIAL. - A ati-
vidade mental do homem apresenta, em sua evolu-
ção no meio social, de que é inseparavel, em seus 
multiplos contactos no mundo dos fenomenos, que 
a envolve, quatro formas capitais distintas, rigo-
rosamente dependentes umas das outras: 1,', a ci-
cncil~ - forma analitica; - 2,', a filosofia - for-
ma. sintetica; 3,", fi estctica - forma, simbol·ica; 
4,", a ação - forma pratica e teleologica. ou fina.-
listica (1) _, 
(1) Eua. DE RQIlDTT. YOII,"tall proqralrlm.t; df! ,ociO/OfIfc. U .. , 
111, cap. I. 
.... dl8l"rim[na\:flo do. modot 1'8.1I1w.ls por que .I!e m8..lll1et1l. o pen-
umento IIOct.aI foi felt •. elll", 061. por !o:IL\"JQ UOll:UO (l..'lUoio de 
/ilfmJ!/o do d;~cito, tlIp. In). l}eelarnndO!ler I'\I.te ·0 poII!o Cl!:D' 
trtll do lI88l1nto·, o ·ponto I'Ulmlnnnle de !leI' modo de n:~r nest.' 
materllll~. reconh_ a ext.!tencltt \te cinro !ortnlJ. dt.llld". df1 II'CII-
,OlM'llto. ou, l!I!gundo • denowlnttçAo por ele dada, "cõ_ ~. 
r"lI4Gmcnlat. 11 irrtldllltíl.'CÓf do A""ltlllldad(l": rellgWo. arte. "Icllc(/l 
(compreendcn')o JilQtoJilJ), politiCIJ (tomll(la no IItntldo mnl" geno-
rito, comportando moral e l!mlo) e, tlulLlmeole, fI«lulria.. E ... 
erea(Õe8 humana. do 'tllldllnteftlaf •• porque -n10 b •. DAo bouve JA· 
mais um '" teoomeno bnml no, um 86 proouto da atl"ldade (lo bomem, 
nm 116 rt'IIlutado de tlun energia espirItual, emoX'lonal, ou mental, 
que nilo peneuça li uma qualquer dt'llSll.s e1UlM'I!". Sito illdcJIeIldenlc., 
2 
Na ordem causal, o 1nodo arwlitico, ou cienti~ 
fico, precede e prepara o modo sintetico, ou filo-
so/ica, que, por sua vez, pree..xiste e dá origem ao 
modo simbolico, ou estetico; e esses trez modos an-
tecedem e amoldrun, de uma maneira direta ou in-
direta, o modo pmtico, a ação (n." 14: a). 
Efetivamente, as grandes sintcses l'eligiosas e 
filosofic:1S apoiam-se, baseiam-se nas idéas e cren-
ças gerais, resultantes das noções cientificas em 
voga ao tempo de sua formação. E as douh'inas 
que não tiverem em si vitalidade bastante para lWla 
continua adaptação de seus priucipias fundamen-
tai!:; ;105 com:eitos fOl'uec.idos pela Illlalise tientifi-
ca estão irremedianlmellte ,'otadas á decadcllcia 
e á morte. 
Por sua vez, o gosto artistico, as concepções 
estctitas silo, em cada epoC'a (' em cada meio, es-
treitamente subordinadas ús idéas e crenças filoso-
ficas e l'eligiosas, então e ali predominantes. 
Quanto á ação, em qUAlquer de suas formas 
- modo de proceder, costumes, trabalho. indush'ia. 
- está íóra de toda duvida que é, em 111'gas pro-
porções, determinada l)elos conceitos fornecidos pe-
las trez forma5 anteriores do pensamento social. 
~ ossos atos refletem nossas idéas e sentimentos: 
uossas idéas, que cabem, todas elas, em lUna das 
trez categorias - idéas cientificas, idéas filosofi-
êua e idéas esteticas - e nossos sentimentos, que 
não são mais do que o aspecto carateristico que as 
idéas revestem durante certa fase de sua elabora-
porque Mllllo !!e pode trocar. ou sulHltltuLr, uma {)uul{)uer (lellll! por 
OUfrll"'. M:;;1l0 Irred~ti~ci~ . llOl"1jll(! pu.r!E'm Ih.' baile eSjl!rltual dh"eJ1Ul. 
(llrlgl!lll.l/e a nh·og dlfel"('ntes. procurlllltlo rl~llI.zQr el!4.'OjlOi dl!ilLutOll 
e por eamlllh05 tnmbem sepurnd09~. 
AtoeltnrnOl!. em !!eUS tl'll<)(lS gero I ... n doutrina do filosofo brasl· 
lelt'<), ma:! euteudeulo8. de UOOTtlo c;(lm 11 lIçllO de flO"':STT, que 11. 
fllo'ofia, abruugendo a reli!)f60. tomH! d.a!!8e independente lia l'ic,," 
<lÍ(I e que a pOllfica e 11 IIlodudrf6, «IWltltLH:1lI Ul1l11 1!6 clnSlle. 8Gb o 
uome I:eríl\ e compreeush·o <le ação. 
TEOR"" r. AR'TfI 3 
ção, no momento em que, sob a influencia de con-dições naturais, não sómente de ordem moral e psicologi(,3, mas tambem de ordem puramente fi-
sica, ddel·minam nossa vont.."\de, objetivando-se em 
ações (2) . 
2. - TEORIA E ARTE. - Essa discrimi-
nação dos "quatro grUll(tes graus da escala dos fa-
tores superorgauicos", jsto [.. dns quatro formas gerais 1Jor que se manifesta o pensamcllto, repousa 
sobre o prulcipio, que é fund~lmcntal, de que a (!a-
pllcidade mental do homcm sc divide em duas gran-des ('orrentes: especulação e (Lção, .ou, por outros 
termos, teoria e pratica. 
Ao rampo da especulação pertencem a ciencUr, 
a filosofia c a cstelica, tomada esta em suas mani-festações abstratas j a q1Jl.lrtll e ultima forma da 
atividade mental, a ltçeio, que se realiza por mul-
tiJ'las e variadas mal1eü·as - a <,ondnta prati('a (in-dividual e coletiva), o trabalho, .já emancipado de 
sua fase cspeculativa e entregue á sua função au-
tonoma de produção, a indush"ia - toma o nomo gcncricodo arte (3) . 
Pam a coerencia e harmonia de qUlllquer cons-
tru!:ão cientifiea ou mosoficil., é indispcnsavel quo 
se tenba noção e.. ... ata da distinção. que existe bem 
uitida e frisante, entre m-t.e e teoria. A1·le é o as· lJcctO pratico, finnlist ico do pcnsum.f'l/toi teoria ô 
o a_9pecl.o puramente abstrato (! e81Jeculativo. A 
tcoda leva-nos simplesmente ao descobrimento da 
verdade, dentro dos principios positivos da relati-
12\ ItOtn:nT, ("flII./' ./to 1"1'11If'l"(·. enl). 11: F:. l:>'ntRI. LlI '0· cfolúQ/(' rrlmi>ll'/I!,. ('111). 111. (3) I)ejoljl"mllllOll nqul pelUII 1E'""(t!I "rI!' t' ",""o. nllo Il Ilpll{"f\~o fIldcll (111 nth·ld,,!le do homem. ou o prOlhuo corl)Ornl de ,,"u ('II rof(;(lo 
nlll.8 1110 "·lInellle n /Ornl(! prntkG do '('11 "rMl""ell'o. OI! IltlnclpiOll pelo~ fjullla aUIl IIth·hlndE' Illft/I'rlnl 1<11 I'xerro. n~ rf'j::r,,~ qUE' lhe ('011-
vem ndotllt para 11 prOilfClll!lvfl ~IIU~ç!O dc ~lIn IIdnptn("ào 110 TIlclo nslro e ~oc!nl l'TIlfjue F<' 1'1lC<Jlltrn. 
• TIlOII.I A E ARTE 
vidnde de uossos conhecimentos; a arte tem por 
objetivo uma 1ltilidade qualquer. Os atos humanos 
são orientados para a obtenção de um resultado, 
ao p[t~80 que nus indagaçõc:i de caratcr tcorit'o se 
deve fazer abstra!:.ão de qualquer consideração de 
ordem pratic..'l, ou teleologi(,8. AUG. CO:m::E, insis-
tindo nesse preceito, cita a frase de COl"DORCET: ':0 
marinheiro, que uma exata observação da longitu-
de preserva de um naufragio, de,'c a vida a uma 
teoria concebida, ha dois mil auos, por homens de 
gcuio que tinham cm yista simples espccuhl!:ões 
gcomctricas" . 
Do fato de SeI'cm distintas nâo se segue que a 
teoria e a arte sejam independentes, divorciadas 
lima da outra; ao contrario. a ação humana firma-
se, e teude a firmar-se cadn vez mais, nos dados 
fornecidos pela especulação, segundo a formula de 
CO:\lTE: Da cict/cia elecol're o prcL'ielcllciu, e ela pre-
uidcllcia a açã.o (4). 
(4) E. OI; ROllDtTT, OO",WlltWIl de j'étlllqllt, tap, lI; ÁU-
Gu.n: COlol:TE, COll,., de plltlolOllhi6 pMtl~e, eIll<:1I0 de 1S71, T. I 
(2, ' ll{:llo). 
-
CAPITULO II 
CIEJNCIA 
3. Dt/lnf-:6o. ~. ü!f &,411//('4#. -5. IUpoU'If>'. - 8. C"t'7Idtl _ eIlAAt'('IIl1t'ft. 
to /Jlluutil'O C MpOlctk:o. - 1. A~ dl~.u 
c/CtlI'/'u. - 8. C/uo.lfi{'lJ("iJa dlll c::1eJIcUr,. 
- 9. Ciçnc/a. Ilr...,ralo.. r COlK'rCt/l'. - lI]. TtlW'la da ar/c. _ 11. Clunffktlcda da. t~ C!t('w, ob,trulUf. - /d, ,swlolllglu. _ IJ . 
P'feolfJ(Jl4. - 14. /llpO/Cf': bôO-'/J(iol. 
lia, Materlal/,'IIo /I/ .. Iorioo e Id('lflifmo ,\I,. 
torl~o. 
3. - DEFINIÇÃO. - Giencia é O conjunto de flOCÕC8 e regras pcla-s quais o homem procura 
e.rplicar a 1'calidade complexa e confusa das cousas 
e dos falos, desdobralUlo-os em !)Cus elementos ab-
stratos e distintos. 
Os conhecimentos cientwcos são o rC::iultado do processo mental pcla qual se a.tl'ibuem ás causas 
observad'ls certas qua1idades, certas prOl)l'iedades, que não são mais do <jue relações entre causas e 
efeitos; isto é, ciencia é a modalidade teorica do pensamento pela qual se estabelecem, com o au..u· lio do metodo positi,o (u: 34), laços ideais de fi· liação e dependencia entre os fenomenos, fi Rabcf, 
as leis cientlyicas (1) . 
4. - LEIS CIEXTIFICAS. - Leis 8<'0 as 
relações constantes de sucessão (' semelhança entre 
08 fenomcnos, segundo AIJo. COMTE. oU 'relações 
(1) E\."O. PC nOilU;1T, :'1'. prOVrP'IH1IC. loc. cit. 
6 C'IIlSC'L~ 
constantes, necessarfas, 1°nvariaveis, que ligam os 
fenomenosJ como prefere PEDRo LESBA (2). 
Esta definição, amoldada ao criterio positivo 
da eieneia moderna, corrige o aceutuado traI:o de 
rnctafisica que oferece a definição dassic3, de Mo~­
lT.$QUlEU, com a (lua] abre ele as portas do seu 
imortal Espirito das Leis: são as relUf:ões 1Zcces-
sarias decorrentes da natureza da,s cousas. Efeti-
vamente, a ciencia não pode ter por objeto sinão o 
conhecimento das relações entre as cousas, e nunca 
a úwestigação da lIatuTrZl' última dos 1('110men08. 
O saber humano ê essencialmente relcttit:o. 
Com se conhecerem, o mais unta c perfeitamente 
passivel, as relações entre os fenomenoIS, tem-se fei-
to tudo quanto é cientificamente admissivel, no 
sentido de se desvendar o segredo da twturezu das 
COItSll,s. 
5. - HIPOTESES. - Em muitos easog, por 
faltar o conhecimeoto exato de um dos tm'mos da 
rcJn!:no que ge pretende estabelecer, náo se pode 
enunciar desde logo n lei cientifiéa. Formula-se en-
tão uma sltposiCão prol'isoria, uma conjetura apoia-
da na experiencia - um.'l hipotese (3). 
A hipotese, todavia, só é permitida, só é cien-
tifico, quando sU:;('eth'el de verificação positiva. 
As hipotescs são, uesse caso, simples autecip:l!:ões 
ao que a e.xpel'ieuci:l e o ratiocinio teriam podido 
desvendar imediatamente, si mais favol'ftveis tives-
sem sido as ('ondiç:ões em que o pl'oblema foi Cor-
mulado (4). 
6. - CIEXCIA - COXIlECIMEXTO A...'\A-
(~) .\. C'OIoln:. H,I.lel"; .... I.~ ...... 1 .• /,,,lQl! ,/,. 1I00000/i/l 1ft) di-
,·('ltll. p:ijr. 23. 
(3) f:. OI'.: UOUl:IITY • .v. pro.'Ira'H,"' . 10'<. dI. 
I") .\. CO)<Tl;, Ibld~lll. 
CIESCI.\ 1 
LITICO E HIPOTE1'ICO. - A cicncia tem por 
objeti\*o alcançar, pela analise dos fenomenos, pelo 
eUlprego do metodo positivo, pela admissão de hi-
poteses - de conjeturas verificaveis - o desco-
brimento das leis, isto é, das relações COltstantes de 
sucessão e similitude. 
A cicncla é, e sempre foi, em todas as fases 
de seu desenvolvimento - desde a primiti"a, rudi-
meutar, empirica, até a atual, positiva - essen-
cialmente analitica e hipotetiea. 
7. - AS DIVERSAS CIENCLIS. - A ex-
pressão cielLcia é tomada em dois valores distin-
tos: no primeiro (acepçiio lata) significa todo o 
saber altalitico, o conjunto de todos os conheci"nel/r 
tO.Ii positivos formulados C1n leis e hipoteses ver-i-
fict'l'eis; no segundo (acepção restrita e especial) 
dentia é <,nda um dos I'umos em que se pode des-
membrar o saber universal, é um conjunto limita-
do de lrill teorictU~. referentes a fenomcnos que te-
1l1UUll entre si laços de scme7Jwnça. afinidade e de-
prtulcncüt. 
Podem-se conceber, assim, tantas ciencias lJar-
titulares quantos grupos limita<los de leis homogc-
ncas se admitirem. 
8. - CLASSIFICAÇÃO DAS CIENCLlS. 
- Sobre quais e quantas sejam as ciencias pnrti-
('luares e sobre a ordem que devam guardar entre 
lii, está longe de haver elltre os escritores UnifOl'-
midade de vista e concordaneia. 
Muitas têm sido as clas.c;;ificações propostas, 
desde A!USTOTELES, obedecendo umas ao critcrio 
subjetivo e outras ao criterio objetiro. 
Classificações objctivM são aquelas em que a 
seria~.ão é feih\ cm aten<:rtO ao objeto de que ns ci-
oueias se ocupam; subjetivas são as organizadas 
8 CIIliNClA 
com referencia á parte que ao cspirito hum.ano com-
pete na creação de cada disciplina. 
São exemplos de classificação objetiva a de 
A1.1PEru; segundo a qual as ciencias se dividem em 
dois grandes departamentos - ciencias cosmologi-
eas (ou do mundo fisico) e noologicas (ou do mun-
do da inteligencia) j a de BENTHUl, pela qual as 
ciencias se dividem em somatologia (ou estudo dos 
corpos) e pncumatoZogia (ou conhecimento dos en-
tes espirituais). Exemplo de cla1jsificação subjeti-
tJa é a de BACON J na qual as ciencias se di videm em 
trcz ramos, conforme a natuJ'Cza da faculdade es-
piritual que a concebe: a historia, formulada pela 
memoria; a fIlosofia, pela 1"Uzãoj e a poesia) pela 
imaginação. 
NílO cabendo aqui o collÍronto c critica dessas 
teorias, limitar-nos-emos a c.. .... por a classificação de 
AUG. CO:MTE, que, 'Vcncendo todas as que a ante-
cederam, pelo seu caratc.r de naturalidade e logiea, 
é hoje ainda geralmente adotada, If A classificação 
das eieneias segundo uma ordem hiera,rquica - diz 
ROBERTY - é, utlvez, a unica parte dn obra do fun-
dador do positivismo que 11a deficar por muito 
tempo, si não para semprc, inatacada e inataeavel", 
9. - CIENCIAS .ABSTRATAS E CONCRE-
TAS. - A classificac;ão de AUG. COMTE baseia-se 
na divisão capital das cieneias em duas grandes 
classes : ciencias abstratas e COJlcretas, 
Chamam-se ciencias a·bstrata.s, gerais, ou fun-
damentais as que Utêm por objeto o descobrimento 
das leis que rcgem as diversas classes de fenome-
nos", a iudagaçilQ das diversas propriedades da ma-
teria, dcstacaudo-as do complexo de condições em 
que normalmente se apresentam, abstraindo-as das 
outras mais propriedades que não interessarem ao 
seu estudo; e concretas, descritivas, ou pa1"ticula,.. 
9 
JOes, as que aplicam as leis assim obtidas a certos 
agregados de fatos naturais, estudando-os em toda 
a sua complexidade, descrevendo-os o mais exata-
mente possivel, tais como efetivamente se produ-
zem. Por essa. forma, temos que a biologia geral, 
por exemplo, é uma ciencia abstrata, visto que in-
vestiga e formula as leis gerais da 'Vida, isto é, as 
rela.ções constantes de sucessão e semelhança entre 
os fenomellos vitais j ao passo que a botanica e a 
zoologia são ciencias concretas, pois se limitam a 
determinar, por meio de um estudo puramente des-
critivo, o modo de existellcia de cada corpo vivo" 
Segundo o mesmo erit€rio, a qu,i,tnica e a fisica são 
ciencia.s abstrata.s, ao passo que a geografia, a geo-
logia e a 1nineralogia são ciencilts concretas, ou des-
c,. iti'VClS (5) . 
Para que um dado conjunto de leis teoricas 
possa constituir uma ciencia abstrata~ ou fmtdar 
mental~ é necessario que tenha por objeto o estudo 
de uma propriedade irredutivd (ou atualmente 
ú·reduzida) da ruateria - uma propriedade com-
pletamente distinta de todas as que fazem objeto 
de outras cieneias abstratas (6). 
Um mesmo fellomeno ou fenomenos de llatu-
r eza homogenea não podem ser estudados por cien-
cias diversas; fenomenos heterogeneos não podem 
ser estudados por uma mesma ciencia (7) . 
As ciencias abstratas são, portanto, inconfun-
diveis e indi'Visiveis. 
O mesmo niio se dá. com as ciencias concretas, 
descritiva.s, ou 681Jcciais, que não estão sujeitas a 
uma discriminação rigorosa. Sempre que quizer-
mos estudar, separadamente, um dado conjunto de 
(5) A. eo"n:. lbl()em. 
(6) O.U1LLt:T. t.lémçntll de lI0ci0lofrie. eap. VIII. 
(7) Á. CoIolTE, IbIdem. 
10 CIENCIA 
fatos de uma meSllla natureza,' pode.remos ter uma 
ciencia e8pecial~ uma vez que submetamos o nosso 
estudo ás leis teoricas pelas qu.<üs esses Icnomenos 
se regem, e nos conformemos tom os principias do 
metado positivo (u.o 34). 
Exemplo: A biologia é uma ciencia cLbstl'ata, c. 
COUlO tal, seu campo de estudo é irredutiveL e in-
divisivel. Mas niio se dá oulro tanto com as cien-
cias biologicM (ciencias concretas), cuja formação 
é mais ou menos arbitraria. Poderemos ter, neste 
terreno, tantas ciencias especiais, concretas ou des-
critivas, quantos grupos de fcnomenos hODlogeneos 
houvermos de adm.itir: si fizermos fi descrição dos 
corpos vivos, tomados em seu conjunto, teremos a 
eoologia e fi bot'al1icuj si limitarmos o C<'UllpO de 
indagação, para estudar particularmente a estru-
tura dos corpos organizados, teremos a amL.!;mnilL; 
si restringirmos ainda mais a. investigação, pesqui-
zaudo a estrutura dos corpos sob um determinado 
aspecto, teremos a anatomia plLfologica, n nnatomia 
felltl, a nnormaJ,~ (~ cirwrgiclL, etc. 
10. - TEOHIA DA ARTE. - Auo. COMTE, 
insistindo, muito embora, na distinção fWldamen-
tal - sobre que faz assentar toda fi construção 
científica ou filosofica - entre teoria e ltrte, enhe 
especulação e a1'ão (n.o 2), r econhece que, a.lem das 
ciencias - abstratas e concretas - e.;'tiste uma or-
dem particular de disciplinas, que se podem desi-
gnar peja denominação de teorias da arte. Cada 
arte comporta, .10 lado da sua parte propriamente 
tecnica, um corpo especial de regras teorico-prati-
C(M, que serve de trato de ligação entre essa. tecnica 
e os conceitos fornecidos pe1a investigação cien-
tifica. 
Na verdade, não ha arte que niio exija, a par 
de suas regras de aplicação imediata, limitadas á 
CIESCIA 11 
c.....:ecução dos fatos em que se objetiva, um conjun-
to de regras gerais e doutrinarias, que formam, 
num corpo harmonieo de principios, a linha de 
união entre as teorias cientificas e a execu\úo 
pratica_ 
COllqU3.nto a ciencia seja a bnse da arte, con-
quanto seja dos dados fornecidos pela e81Jeculação 
teorica que ti. ação tira sua eficac.ia 11ratica, não 
obstante isso, a tccnicn de uma arte qualquer não 
repousa diretamente nos principias abstraias for-
necidos pelas meneias em que se apoia_ 
Existe entre as duas ordens de idéas - a 
tem-ia e a pratica. - uma ordem intermecUaria, a 
teoria da cu-te, illdispensavel como campo de har-
monia das duas primeil'as: a teoria da arquitetura, 
da balist'ica, da estra,tegia, da, navegação, da 1J~U8i­
cu, da pilltU'ra~ etc. 
Teoria da arte é u'm, corpo de regras que pro-
cura adaptar os dados fornecidos pela. especulação 
cientifica ás 1tecesl;idades de ordem, l)ratica, c cor-
rigir a pratica, nos pontos etn que se afasta dos 
principios cientificos_ 
Essas doutrinas intervenientes entre a teoria e 
a arte são tanto mais neecssarias, quanto é eerto 
que uma mesma arte depende, ao mesmo tempo, 
de diversas ciencias. A teoria da agricultura, por 
exemplo, exige uma combinação da biologia, da 
qnimica, da fisica e até da astronomia e da mate-
matica (8)_ 
A diferença entre teoria da arte e ciencia está, 
l)rincipa.Imente, em que as especulações cientificas 
são propriamente, verdadeiramente, teoricaB, são 
indiferentes aos resultados praticas que se possam 
delas tirar (9). ao passo que as regras doutrinarias 
(8) A_ CoNTE. Ibidem_ 
(9) Le 'a~(I,., éludlfl leI tlll/I, " ,"" leI Jliger; li ch6rche Ô éllJ-
12 CIE~C IA 
que cada arte encerra são essencialmente teleologi-
eM, finalistioas, destinadas á obtenção de resulta-
dos uteis. Enquanto as primeiras são cientificas, 
as ultimas são rigorosamente artisticas (10). 
11. - CLASSIFICAÇÃO DAS CIENCIA.S 
ABSTRATAS. - A classificação de AUG. COMTE 
abrange tão sómente as ciencias abslratc/iS, ou tun-
dum;enlais, uma vez que as ciencias concretas, ou 
especiais - que não apresentam as condições de 
irredutibilidade e indivisibilidade - não se pres-
tam a uma discriminação perfeita (0.0 9). Dentro 
dos limites em que foi traçada, é rigorosamente 
objetivista, conforme se vê dos principias capitais 
sobre que repousa : 
1.° Deve-se procurar o fundamento de uma 
classificação natural e positiva das meneias na com-
paração das diversas ordens de fcnomenos cujas 
leis elas têm por fim descobrir e coordenar. Da 
dependencia entre as varias classes de fenomenos 
resulta a das meneias correspondentes. 
bllr lei 101" ~~cntiflqllf;~, .1111& .6 d.em/lndcr &ô la conll/lf&3/1I1Ce de cu 
lola IIl1r/l de. coMéqucIICC3 hCl/rell$e,· 011 f(jcheu,c~ pOlir l'huma.,/té. 
n l1C dQ/t IIwfr pOlir bOlt qllO de trOlIVCr 16 t:rllf; la rcchcn:ht:: 'eJCtI-
lôfiqlle CII' eaBMltíellemcnt (lmon'l10. Comme 1/11 cntant tcrriblc, lc. 
~CiCllC6 "lIt:ance f"&lIu(Íontq de& nlvlloe& q,,'cl/e pcut OCCtIritonncr. daM 
lo. di1!trcnlC •• phiJrca de l'aotlviM. dc. "cul/menl. ou de, Ct'Oyllll-
u, de la ,ocMM. UM découccrlc ~IClltif;'1"e rlémol/ra ."di1!érel1!· 
menl I1IIC forme rJ.' indll"ric. ulle formo rtllrl, uno Iltéorie phílt),tO. 
phl'qlle. 011 ~/juteu!O. Mais celle !CIwl'e de dcdMlctioll e.t blen plll-
"" 1Inc a:IIL'T'(I de rCvrJnéroUOfl, C(lr le ,rlomphll à'une tlérit6 plUf 
grande ,ur 11M 1)f!rlté mQlndre c'l !cujour, 'e 6l01l6 d'u", provru 
(O.:r;tI.LET, op. clt" li .. , I , cnI). 1), 
(10) Com o que deixamos IJ%poIlto, !l!.'!l e:q>U{'ftdo o moU\'o por 
que muitos es<!rltorcH, fa~ndo n critica do clll8llltlcnc!lo de CoIolTF .. 
"ustcnmm que cle reconhece fi c:dstenclade trez grAndes ordens de 
clcnclas: 1.', llII collJ!ecll1wnt~ tC6rlC08 f1craÍIJ (ou cicftdlu abJlra. 
I,,,) ; ~.', 0$ conllccl1trcnlo8 I~ori('o. lJ!1rtiCllwrc. (ou cI~~la8 concro· 
IM); 3.'. os etl>!'I!~Cllllen/08 de opUcardo (ou !eorftl du ar/CI, ou eiell.o 
cf/l' (lpllc/ld/lf) (A.t\lm:N N,l\'lI.LE, CIIII~iflcalj(Jn. df\8 .olt.'1lrt,). 
CI~SCI ... 13 
2,- Os fenomenos )Uais simple$~ isto é, os l/tais 
independentes de outra ordem qualquer de feno-
menos, sáo os mais gerais - os que com mais ü'e-
queucia C espontaneidade se oferecem na natureza, 
3,° Os fenomenos 111ais complexos e particula-
res dependem dos mais simples e mais gerais. 
Deve-se, pois, comet;ar a escala enciclopedica 
pelo estudo dos [CIlOU/.CJlOS mais fJerais~ ou mais 
simples, considerando-se posterior e sucef%ivamen-
te os fenomenos mais pClrticulares e mais eom-
ple.tos. 
Essa Ql'dem de generalidade decrescente c com-
plexidade crescente, em que se apresentam os fe-
nomcnos, determina a cone..xão que entre si dc\'cm 
guardar as cieneias; ou, por outros termos, as cien-
eias ellcadeiauh~e na ordem dl1. com ple:rid(lde cres-
cente c generaUdade decresceJlte dos fenomelw8. 
A ciencia de fcnomcnos mais simples e mais 
gerais é a 1JIalematiclL~ que é a CiCJl.eilL q116 tem 1)or 
objeto a 1l1edida das grulldezas, ou, mais rigorosa-
mente, é "a ciencia que se ocupa eru determinar as 
grandezas Ulllas pelas outras, segundo as l'elac;ões 
precisas entre elas existentes". Os fenomenos rua-
tematieos são absolutamente independentes de ou-
tra ordem qualqueJ: de fenomenos, são inteiramen-
te alheios {IS contingencias do mundo fisico. 
A matcmatiea divide-se em abstrata c concre-
ta: A matematica abstrata é o calculo, que vai des-
de as operat;ões numericas mais simples até- M mais 
altas combinat;ões da analise transcendente j a ma-
tematica concreta, que tem Jlor objeto o de:-;cobri-
mento das equações dos fenomenos, compõe-se de 
duns partes - a geometria c a 1Jtecanica (]]). 
(ll) A. COIolTl!, op. c lt., T. I, fIIIl!!. sn e fC'::>i. 
CIESCIA 
Segue~se, na ordem de generalidade dec.rescen-
te e complexidade crescente, a astronomia., que in-
depende de todas as outras ciencias, exceto da ma-
tem,atica, na qual diretamente se apoia. 
Na mesma ordem, vem depois .a fisica, que. 
consiste no estudo das leis que. 'regem. M proprie-
dades gerais dos corpos, considerados em. 'mMSa e 
colocados em cú'cwUitancias capazes de manter in ... 
lacta a composição de suas moleculas e até, em re-
gra geral, seu. estado de agre.t)ução (12). Os feno-
'menU!; fisicos dependem dos m,ale1lutticos e são in-
dependentes dos de todns as mais clencias, que se 
seguem. 
A' fúica sucede a quúnica, que é a ciencia que 
tem 1)01' objeto eshular as leis dos fenmnenos de 
composição c de dccompos'irão. resu1famles da ação 
'moleculltl' e especifico das divcl'sas subslancias, 
natuntis 01ft artificiais, at'uando umas 8obl'C as ou.-
t'ras (l3) , Está subordinada á matenwtica e á fi-
sica, e é independente de qualq\ler outra ordem de 
fenomcnos. 
A' quillU'ca segue~se a biologia} que ti a ciencia 
que iwvestiga as leis gerais d(t vida. A vida é o pro-
cesso de equilibrio entre o organismo e o m.eio que 
o cerca (!l.o 56). E, urna vez que o conhecimento 
do meio ambiente é dado pelo COllClll'SO das outras 
cicncias, resta á biologia a resolução de um duplo 
problemll: daelo o orgão, on a m-odificação organi-
ca, acltar a função, ou o ato, e vice-lJel'sa (14). Con-
siderada a e~-trema complexidade dos fenomenos 
vitais, é fora de toda duvida que a biologia está 
na intima depeudencia das ciencias que a antece-
(12) .\. COIolT&, op. Clt .. T, 11, plIg!!. 267 e II('ts. 
(t3) ,\ . CoMIT., op. ell., T. 111. po.gs. fi e II('~~. 
(l·l) A, Co~I'IT., op. clt.. T. 111, Pllg. 2'2'2. 
NOl! ns. 55 e 50 oJlIDlOll br('1'1! notlelll dn OOZl{.'{'llI!Il0 po~li\"a do 
tenQDlenO ,'ltlIl. 
CIE~CI ... 15 
dem na escaJa ellciclopedica, e scrve de base de 
apoio á ultima e mais complexa c espc('ial ue todas 
as cicurias - a sociologia. 
SociologilL é a ciellda absf rala qlte tem pOl' 
fi?1~ a ú/-1uwligaçáo das leis gerais que regem os je-
ttOmellos sociais (15), E, como os jenomelLos sociais 
são um aspecto particular dos !tJtomcnos vitais, é 
evidente que a sociologia diretamente se subordina 
á biologia e, com c1:l, a todas aS dCllcias, que 11 pre-
cedeUl, 
E assim está completa a escala blerarquir:l das 
eiellcias, segundo a ordem de gClleralidade decres-
cente e complexidade eresceute dos feDorneDos: 'ma.-
tematica, astronomÚI, tisica, quimica, biologilL e so-
ciolo,gia, 
POI' mllis logicH. e simples que seja esta (·lnssi-
ficac:ão. nem por isso é, sob todos os pontos de \'ista, 
isenÜl de dcfcitos. Seu proprio autor é quem sobre 
c1a assim se e~l']'ill1e; "Deve-se reconhecer, antes 
de tndo, que tal classificação, embora a mais natu-
ral possivcl, cncel'ra em si aJgu.uu\ cousn, si não de 
arbitrario, pelo mcnos de artificial. Com efcito, o 
fim rapitaI quc se deve ter em vista em qUl\lquer 
trabalbo enciclopcdieo é dar ás ciencias um enca-
deamento tão perfeito, que fique afastada II pos-
sibilidadc de se vir a caí!'! em se lhes fnzendo a 
exposição suCCSSiVil, num qualquel' ('ireulo \,j('io:,.;o. 
Ora. tal perfeição é impossivel de alcançar-se . Esta 
classificação não se conforma inteiramente com a 
seqllcncia historiea das leis cientificas. Muitas ve-
zes uma cienciu colocada em posiçilO anteriol' recebe 
noções e conceitos de uma outra que se Ihc segue . 
A astronomia deve ser posta antes da fisi('a, e, to-
davia, muitos dos ramos desta, priucipalmente a 
optica, são indispensaveis á expHeação completa da 
tHI) A. COl"':1T.. op. dt" T. IV. 1>-1'. IM. 
,. CIINCU. 
primeira. :Mas esses defeitos de particularização, 
que se tornam inevitaveis, pois que qualquer divi-
são do trabalho intelechml será sempre mais ou 
menos artii'icial~ não podem prevalecer contra UlDa 
classifica<:âo calcada sobre regras gerais c iuvn-
riaveis de subordinação e filiação logic..'l dos feuo-
menos" (16) . 
\16) A. CO)(t'lI:, OI!. cit •• ::l,' IIcl1o. 
Em oposh;D.o l serta910 \le CololTl'. 11. lSPI::lCI:II or~roeell uma no .. 
cJassl!il!ação du denclas. Ante. de tudo. ilUstellu. que AI clencllUl 
MO podem ler dlsp05ta!J numll ol'\lem ""rh'll; Que a llêquendll. dta-
belet-lda por ."uo. Colfn ullo IlOrreo<j)(lnde nem l\ de11('lIIleoCI, loglca. 
aem A dependencla ilIstortea. S6 é ]KIlIIIlvel ClaQltl1'81 ... cleuclu. 
d1vldlIluG-IIlJ em lIob gTDpoII; fUI clcndll' (I'''e tem por objeto tu relo-
~ al/.,ro/u C", 0110 11' IcnomellO • • e no. uprcu-nllllll. e o. (1'1111 
MIII por objeto o. pr(lprkl. Icnomefto,. O caparo ti II Ldlíll abstrata 
(lue ubrnnl!e ~O!lna R6 r l'laCOeIl de coe.riJItcIlCiII_ O telllpo (. ~ jdêa, 
alnltmto (11111 ubrange toda" os I'I!la~>I.'1I de 6UCC.,aQ_ Orll. 001U0 as 
relaçôee tle «M:'lI:jijteu~la e IIUC1!!1.1!l1o, I'IU suos lonulUl !:('nllij e par-
ttculoretl. ",10 o unloo objeto do IQUI('Q e do INale"'IlIII'''. e~ta.ll ror-
mam uma dOMe tle den<'lu que dLre~nl multo malll dn~ outros 
cleueilUJ do que e8ll1S ultlmas dlte~m eDtre sI. AS elen~lu que se 
ocupam das proprlas eousas ndmltem umll &ubdlnsllo em du.u elall-
1IeII. dlrerentN DO as])(!(:to. nos nua e nos lUetodoa, Todo teoomeao 
ê JUajIl 011 menos C()mplell:o; (, 11 manlrestação tle U1UIl fOrflJ, sob 
IUUItOij OIlPC"toa dlllllnt05. Podelll08 estudor aepurfHlomeute eoda um 
dos dlrel'l!utea Inodo~ da !orf:fl. 011 l)()IleIllO$ e.studl\-Iw em 8uns rtr 
lo~ •. Ilullndo coocorrem pAftl a ptodu~lIo do feuolliCDO comllleJ:o. 
De Ulll Indo. (le;tpreZllndo tOdtl8 os elrcuostanelu dOIl ('Il8oa p.IIrtlell-
lare~. 1)()Ilem~ tt'Dtar desembllracar l1li 1~1lI que rejtel,ll cadll um dos 
motlos dI' rOl'l!a: de outro !a,!o, tendo em contll todu oa elrcUDstau-
elrul dOll t":I'IOII Illlrtleular('lJ, podl'moa lento r expHt'1lr os renomen08 
por inteiro.como o prodrtlo de mil/Ia .. !orf:(J" Que operam .tmulta· 
neamenle. Aa \·erdll.des obtldns pelo primeiro motlo ti .... lo\'emlgu<;lio. 
OODQIIl\nlO ('QIKTC/(U quamio lIe reterem 11 UIDO renlldad~ ohJeU .... 
!!Ao, todavlll, ab~trala.l qunndo ee rererem R modO!! de e:dstenclll 
eo"~ldern(\o~ N!pnralhlmenle un~ dO!! outro!!: 80 pn8~0 Que 08 >'l'Nla· 
lIes obtidos pelO Sl'gnndo mOllo do IO\'('lItlgnç:110 .110 proprlllDK!Dte 
concrela., 1101. l't!pfesentOIll 08 ratOB tRls como I'lClgtl'm nfI nHture-
zn. De!\l!o t Orl.nll. fIS elenclaa dh'ldeUl'!<Cl em t~ elu8llCII: ci~ 
olRlrllflJ., alMtral(H!OflcretlJ' e oo~lttn,. A" prlOl('lra CIJIS-W torres-
pendem o kJlllco o a matf:lIIlJlicG: a lel'undll clllllllC C()mpreende a 
1IICC11111ro. ft !LI'tll e D 'lulmlco.: a tertoelra eln~ 11"""1;0 a IJflro-
noll"O. o 1100109111, a l>lolOUWa. a ,doolOgfa e o fOCWIOUfo (SI'.tlltta, 
GIIJ6II!ico<:i1o tia. c;CllCin.l). 
- Dl'ntre U mQ&lrna& ClllBllltlt:ltOOll dos eel.ne\Il~. mere<'e es-
peeta! dt!lltaque a de NA\·H.U: (AORn::r ), Il~ ulJo /I Identlco Il. de 
COUll!\'OT e dlrere multo da de Ooun:, embora tenha I'C!II)(lttodo o 
tJ'll~O enpltu! e ellralerlstloo desta doutrlnH. COIDecU. !lOf sustentar 
Que umo elauJflClu;no de elenelu - dIlra eminentemente Intelectual 
cu::scu. 17 
12. - SOCIOLOGIA. - A sociologia é !lma 
cicncia, pois que os fcnomcnos sociais são susce-
tiveis de previsão metodica, da mesma forma que 
os outros fenomenos da natureza, embora dentro dos estreitos limites de precisão impostos pela gran-de complexidade com que se apresentam. liA' me-dida qut: os fenomenos se vão tornando mais com-plicados, viio sendo capazes de suportar meios de 
exploração mais extensos e variados j e, como não ba uma exata compensação entre o crescimento das dHiculdades e o aumento dos recursos de investi-
nllo l!Ie pode apegllr. exclush·ameute. nem 110 l'rl/crio ObJc/ltO. nem ao crllerro nlljclico. ,\ ("lencla. 'I t('m por objeto ali n'lafÕel c lllre OI ICftlJmcrua - rdllC'Õt'. objcHrll. - Ci. por OUlro Indo, u mll CMQÇ>lQ d e noOOlO llf'nJ;alllcnto. ('oll ..... '~ullllf'mCul~, uilo I!ê ,/Ode (Ie&o preur o ponto de 'l'l;;ta da oolllPllrtldpal;>lo que o Intl'l\JI:enela tem em ('fUla UIIl.Il du modnlldGlI1'fIo do ~obcr humano. I ;: Ci IISl1lm QUo propõe uma nO\'(I clu~ l tl!'8.<::ilo. em Que silo respeitada. OI! dol3 
erHcrl08 - 6Mbjc/l«J c obje'll'tI - !lendo. IIOMm. rescn'udo o I/ri-Ill{'lro lugar 00 prlm::lpfo ,ubie/h:o. 
A prOpOlllo de um m('~mo objt/o, no aentldo or.Jlnarlo do lermo. podemO!! Ilf'OCurar f'O"hC('l",cnIO. tto..wo~ (}l"rol", NmAcNnr('III(i! ,con. co. parl/clllare, I'" oollAcdmcnlo. h:Cllkol •. \ I'\'§pello do te~ro. por e.semlllo. podemos ludagu: t,· Qunls J>;lo BM prOllrl( .. lnde8 do ferro? 2.° ODlle ae encontrA, em abundlluctu, mlnerlo de t erro? 3.° QUAl Ci Il melhor moneira de explorar 118 minllM de ferro e extrair (I metal? A!! clenda. do AS N'!Ipo!!tlIII que 11 InteUgencl~ IM! propõe 11 dn r li!! "lIrhIB ordens de IJ('rgunIR!I rere~nt"", RO;< (enomem)!! que a IIII. pr_IOllAnl .• \8 dlterentall entre Il& p'-I'lI:Untllll fi que estabcleeem a!! dluln~ cApltala eutre a9 clellclllB. 
Tnla QUelltilê!:, • deapelto da infinita 'l'arledade ilu hlpott'llCll. podem-IIO retlumtr nos Irei grullOll tuuftllmentala: I,· Qlle 6 po .. ;:~I' (ou q~e mIo é po,,111I:11) : :l,' Que 6 real (ou 'Iue 1140 é reli") : 3.' Qlle é bom' (ou qlle 11<10 11 bomt). 
,\ et!IlaS t ormulu lIln,l:;clu JUllllpGc, rCllp.eoct"·:)mente. t rell 01lU't16. ~nos slmple~ e mll.1I e)l'III.II!!: 1.' QUllh l1li0 ai JIONlllUídade. decor-rentes daI> coudl~ petmllDenl.e$ das ('(lusa. e QUItI~ u rel/l('6e, IICCtu(lr'fU entre CS!Ias po,U/)Ólfdlld~' 2' Quais slIu os 1f110~ re(lU e quai, as po.ribIlWode. (IOII('P"Clu. wn(UeiODII(III~ li et!lIl'II /1110" 3.' Quais !l.'lo as pon//JUldadc. Il00'' A eBtJi~ queatões w r retlpondeUl trez ela 88Cl1 de clen('I(lS: 1.", (I' c(r!j('fll, d/IJI lei. _ tC1Jremal/co,. 2.". a, ~. do, 1/110. - Al,/orla; 3.", a. cfrllclal du. regra. - COIIOIlU:a. ~n clllUlfleaeilo dn rlC"('/flW dlM tc/ll - Itorctnal;CfI - a~el ta os prJnclp!/lS gerais d e 8Ubol'dJnRdlo, e!tnb!>lecldOll por Al:o. COlolTT.. E, na ordem da gc"erajfdado d~.fetllt' e complC;J'fdade cr .... <"'C,,/l. ItOW ICflomtno~. cnet\ntra ~el.'l clelll.'llIS: 11 JlQmologl/l In mal" ~lm)JleI! (' 1D111. jrerai de todaq a8 cll.'lld'lI. quI' 11'111 por a""unto (I I!<Iwdo du leI. I'm ,I Dlll$mU, com Ab~ITlIl;'lIo tle qUlI1<IUer realldl\lle obJetiva. 
J8 cn:NCI!. 
gação, resulta que as cielleias de fcnomcl1os mais 
comple.'xos permanecem as mais imperfeitas" (17). 
Não obstante isto, a socioJogia é uma cieucia 
definitivamente coustituida, com objeto c limites 
determinados. E' uma cicneia abstrata, ou funda-
mental, pois que tem como objeto de estudo um 
fato irredutiveJ, distinto do objeto de qualquCl' ou-
tra cicncia - o fato social. 
Por serem os fenomenos sociu,:s os m.ais com-
ple:tQs, ~)l(tis p(trticulares e 1JUÚS dependentes, está 
resenado á sociologia o ultimo e mais elevado grau 
da escala enciclopcdica. 
Em boa bora, na reform.a por que, em 1931, 
passou o ensino seeulldario, se l'reou, no CUI'80 com-
plementar obrigatol'io pal'a os que se destinam á 
carreira do d.ircito, fi :lula de sociologia, na qual se 
ensinará o objeto e a bistol'ia desta ('ieuC'ia, O me· 
todo proprio de seu estudo, fi origem e 11 evolução 
do feuomeno social, e se exp1icará que todas as dis-
ciplinas 80ciais - o direito, a 1II0ral, a 1Jolitic(I, a 
econolll'ia politica, a geouroj'ia politica, a hi,~/oriaJ 
IlIto (", len. p"r "bjelo dcf/lI/r lima «rIu ,":111('170 o,'re Ic,·mo •• /U:COl_ 
do Ilb.'roçdo tia IIulNrc:a dele,). o nJu/cIII,II!ca, o //"NH/~fmff'U, o 
~Ioloqlll ."m'(H/cG (1lue ln.ta til!. Ilutc (I,",co ,1001 OOrpoil "1\'001), u pfi. 
.'OIUflia e 11. 1«'1010111(1. 
_-\ ~ N('7I('i(l' do' /U/08 - II.I,torMl - l-ompi}em·..., de quotro j:nl-
po9 t1e dliIClpUnn: I.·, /I II.f.IIQrla do 'Ol.I/"do IIIorj7QOIlco IculrOlUllJliu. 
""trollcmu. MlrQtJro/la, kclwllru/lu. Ill'Oloqi<J. met'tmfcll CCledc. mlll(:, 
mloll/a. mttt'orololli(l. ctc.). 2,", (I h~lorlo do .. .ulldo "Cllclal (bo, 
I(lOl.1'c1l OU /1/olU{lla, IlOla/omw f fl,lol"lIla "tllclM" cla",'/lc(lr;6o 1./010' 
1Iktz., gencO/Ollla. etc". 3.'. a ",,,orlu do 11"'""0 alllmal, cxcl uldo o 
bom<'.m (:oolugla, UIm'Olllja o f/fUl/allla /lHI",,,II. c/fl"if/cor4o ;;oow-
1I/cG. lIencolog/a CI,c. ), 4_'. fl /l.1,/orl(l 0/1» lere, IIl/tII(I>'O' (lI"'forlll da 
/l.1/'1W";dll<lt, C/OIOllru/lo, dcmotlnl/lG. 1'1('.) . 
..4. dCtlcto. /lu. re"",, - 011l\0II.I('0 - dh'idem-se em doi. gran-
dei! ramOll: fa"OIl/('a dor li~, ou rt'IIrG. do 1/IU!rCl" - IcltGnl"o..wo; 
e ct!ll(llllcll da G«io - pr=o'ctIlI(IlIl('/l IA. N.t.\·II..LJ:, Clou'/liclJllo", dc, 
,ck'JICCI) , 
(17) eolo'TII. Ibidem . 
.A JI(llovrn .ociologia, crea!lu lJQf AVO. Coltrr, ~, rtlmololl1eAlUen. 
te. 11m IIlbrld .... 'IIQ • .A de!!pelto defjta I"IVA de origem, (! unh·e.nml o 
tavor com Que tol recebido. Nilo hII I'ICllllUlD1I. OUlrtl upl'l!'Uilo (Iue 
a lIubat1tua. 011 a <'.la equh'alba. C.u)'u.n, op. clt., L. 1, cal). n. 
CIIliNCU. 19 
a estatistica, etc. - repousam diretamcntc nas 
suas leis, da mesma forrru\ que as ciencius biologi-
taS se firmam nos principios da biologia geral. 
Sem se aperceber dos enormes progressos rea-lizados peja sociologia, que já alcançou uma forma perfeitamente definida e didatica e já tem, como qualquer das outras ciencias, bases positivas r igo* l'osamente firmadas, a orieutaçflo oficial do ensino, 
até esta ultima reforma, persistia em lhe nega!' a 
existencia, reJegaudo-a para o terreno da::) futilida-des, das especulações estcreis c sem alcance, pois 
tanto vale restringi*la. a um estudo de requinte, procurado apenas pejos idealistas, a quem seduzia 
a laurea praticamcnte inutil do bacbarelado em 
lelras (l8). 
13. - PSICOLOGIA. - P sicologia é a cien-
cia que tem por objeto o estudo das leis que regem 
os fenomenos da con.sciencia,a saber, os fatos 'men.-
tais - sensações, percepções" pensamentos, senti-
(18) T(lm perfeita nlllkn-:i\o 110 uo~"(I melo trndlclOllallHta 11" palavra, com que !!oi. A. \'..a.OC.UIO fundamentou _ mesma quel.! •. elU 
relatilo IIOS I'1'nll'1)8 uul~er811l1rlos dll l,urOjlll: ",\ lJOC[ologla. nl'~teII ulllmo. tl'ml~. tem feito pro):J'(':\IjIOfI DOIIlV"I~, Conin, [lO!"('m. dUJlH cutegOrlllJi nllmerOiUlH de inlmlll'O>I. que, Ilt>r ,' 10111 OllOl!tllS. lhe proeu· 
,'lIm ell,lllr ohSlacutoo! 110 trhmro deflnll\\-\). ,\ prlml'lrll d~s eflte-
,:orlfl& l"(ll11llÕe-se dO!! 8Ohre .. hl'nte8 de uum 1'J'l(K'ft que dl'lrnllllrl>('ell. de tOd06 011 rl'Urdaln.rIOll, di! tOll09 011 rt'1're8eOIIlUII'II dll dl'ueln orl-dai, eonser,·,Ulorn e IIrtnlNl por nalun.'1m - em nUIII pI.lnnll. 6e IOOOll os q1J(' ll'm nome e rOrlllOll Ilret!C)oL no "elllo l11uollo. que dorme slmla. no Rio I':"lagnado da ml)tnth.lea. ~:~""e ell'mento~ hOo<tI~. apro-veltnndo-lll' (lI' suo s1lueçJlo pr,,·U(>glndll. tem Dl'ltOdo fito; hoJ(> li. nova ("ll'u("lo o ulrelto de enlrar l~ c:a8t(>lo~ feudlll;J 'Iue ~ ehalullnJ I'nil·l'nUdndes_ A III'/Cundll call'gorln dO!! InlwlgO!! da ,!odolo):"la f to.· mnda de todos 011 amndorea de nOl'hlndl.'lt. de lodO!! 08 apostolO!l Im. pro,·18IIdO!l. de todo. 011 qnfo, sem ter !l'lto OI! I'StudOl!l o~rIOlil. se proclnmllm 801'10101:"01'. l'lICN!'·I'W I' dlst'Ull'lll 1!01lJ1' li IIMUlltO. mts. tumndo e conrundlndo tlldo. ~f,m o ~lIber e lIC!U o 'Iuel','r. I'llll'll IIIt1wOI! silo os ml'lhOl'('9 allalllW! 11011 dlotratotell sblemllllOOll I' 10-teN!9IIDdos da IIOClologlfl, orl'roceodo-lIlê!! fRell materl. 111' erltlCfl e <'OOPflrrtndo t'Om ell'll !l1l (,AII11l'lnhn d" ,1"""redIlO Ul'8iW ('ll'ol'ln I' de entml·e ao III>U progrell.OO Ir~llrlmll·eIM (/.e. /Hr.te •• fH'fologlql<e, dI< droil (I de rf:/tll. Paris. 1808. Illtrod. ). 
20 CIESCIA 
nlentos, volições - capaze8 de servi'r de l1Ulteria a 
uma indagação experimental (19). 
Os fatos psicologicos têm, antes de tudo) o va-
lor de elementos de adllptaClío das 1JOSS(tS relações 
interiores ás l'clações exteriores, segwldo a formu-
la de SPENCER. A esse processo de adaptal!ão é que 
deve o homem o poder viver e aperfeiçoar-se no 
meio da natureza. NllS Cl.'ian~as e nos animais in-
feriores, a adaptação mental não vai alem dos ob-
jetos imediatamente presentesj á medida que as 
forças internas se desenvolvem, 11 adaptação vai-se 
erlendclldo a objetos cada vez mais r emotos, no 
espaço e no tempo, e os vai apreendendo mediante 
processos de raciocinio cada vez mais precisos e 
complexos. 
Por outro lado, dada a l'ea,ão naturru dos efei-
tos sobre as causas, a nossa viua mental se apre-
senta, antes de tudo, como fina.lidaeles, e as nossas 
diversas maneiras de sentir e de pensar vão ad-
quirindo um grau de apcrfeh;oamento cada vez 
mais pronunciado, á medida que váo servindo para 
modelar reações cada vez mais extensas sobre o 
mundo fisico (20) . 
Sob certo ponto de vista . a psicologia é, de 
(lO) A p"cologl(l de que IIqul 0011 Ol'UINlmOll uilo I! a dt.e:lpllnll 
metafitlen que !Je define por clc"cio dI!. 01"'4, I'On!'t'bldtt esta romo 
umn .U/),tflnâ(a '..dcpl:1ldeo.t(O - postul~do dn razllo pUni - dotada 
de faeulda(les, on aptidões. dlutntno 11m!11! da~ Olltrnll. A p!/rolO/JfO. 
czp.crünc"lal nilo Pl'lIIlulZll a nAlure>:n Intima dll~ reu<'Imen()lj ou).o-
tais, OI" lio !l6meote proeuflI «Iubet<er aI' relI!o;õet I!utre I!les ('xiII-
teote. ... '-to I!. u 1('le que o. regem. w", V-tcolodo 1Ii10 ê obr~da 
a {'(Imeo:t\r pela e:l>1)lIeaCi!o do que é '" ti/mil, da ID('!<IDIl tormn quo 
Il f~ioo nRo (\ tllr<:'!ldo 11 prlnclplar pela expllcaç1l0 do (/lIe é ~l mll-
1c:ri4" (11 . B OOTUIl'IO. R.qulua d',mc pMC(Jlo{Jl~ fo,,-dü: .ur I'ez:pé-
rlel!«', PaM, lDOO. cap. I ). O grlln(le erro IIIl 80111;11 psicologia ra-
ctooal el'I4 em erigi r a alma em Um "ter 11/)'01,,10". um "'pllro (lpl-
nlo", dotado de dlftrenletl faculdades. que dela se dc""ntranham ))Or 
l i mel!mn8 e buttlm PA ra expllctlr tiS dlvel'llll@ funeo.1o:fI dn mcmQr1n. 
da Ima.glnllçAo, do rnclotlnlo. do. ,·oula.lc ( WJLLlAlI J.o.lIE6. l'réCI~ 
4~ P.#(!1«lIOQ/(;, trad., lDOO, pIIg. t). 
(20) 'Yh.~.u.)I l&)I.l.:8, IbIdem. 
CIII:-<CIA. 21 
todas as ciencias, a mais dificil. Enquanto todas 
as outras se e1aboram com abstração do coeficieu~ 
te pessoal de quem as investiga, enquanto em todas 
as outras se apresenta o material a estudar sepa-
rado do cerebro que estuda, 'Iaqui é o cerebro que 
tem de entender a si mesmo, quer nos processos de introspecção, quer nos de observaç..:to externa, que não prescinde da compara~ão com o paradigma do observador" . .Alem disso, "na dinamica do psi-quismo parece haver algo que e::icapa ~ normas 
comuns do pensamento humano; e as lacunas aber-
tas entre dois fatos verificados têm de ser preen-
chidas de maneira humana", embora esse nexo fuja, 
em grande extensão, ás possibilidlldes da percepção do interprete (21). 
Da deficiencia do emprego dos processos de 
observação nos estudos dos fenomcnos psicologicos 
resulta, 1.°, que não se alcançou até hoje uma uni-dade de interpretação, perdurando profundas di~ 
vergencias, não só de principios como de metodos, 
el1tl'e as varias concepções arquitetadas; 2.°, que 
em nenhuma outra ciencia se concede tão larga 
margem á construção das hipoteses, que valem comO 
antecipações das leis cientificas, ú espera de eon-firmação (n.o 5). 
A psicologia, conquanto não tenha seu lugar 
marcado na escala hi<!rarquica das ciencias orgaui-
r.ada por Auo. COMTE, é considerada, por uma lar-ga corrente da filosofia moderna, como uma cien-
cia funda~nental} coro objeto proprio - o estudo do ftnom.eno ~"ental, bavido como uma proprieda-de distinta e irredutive1 da materia. 
Tomada neste valor, a psicologia tem de ser 
colocada entre a biologia c a sociologia: O falo vi.-
(::11 J. POIrro"CAIlaEIIO. A 1',1001011;/1 prO! Ii .. do (111 P~tCl"ClI/f(', (lIIg. 237. 
CIIiN'CIA 
tal precede e prepara o fato 'mental, que, por sua 
vez, determina e amolda o falo social, que se lhe 
segue. 
Esta doutrina é radicalmente contestada, ao 
mesmo tempo, por duas teorias opostas, e por mo-
tivos diametralmente contrarias: Para a escola vi-
talistCt, ou orgunicista, de SPENCER, SCHAF..F.t"LE, LI-
LffiN~'ELD, LÉTOUR,."{}·:'AU, \VORMS, NOVICOW, etc., que 
identifica o chamado ol'ganism,o social com o orga-
!lismo vivo, l:I psicologilt confunde-se com a fisio-
logia do cerebro e é o ultimo capitulo da biologia i 
pal'a a escola psico-sociologica, de TARDE, LESTER 
\VAHO, etc" ° fato psicologico confunde-se com o 
fato social, a psicologia confunde-se com a socio-
logia. 
14. - HlPOTESE EIO-SOCIAL. - Pro-
cUl'a.ndo o justo meio termo entre essas duas cor-
rentes ~U1tagonicas, EUG, DE ROBEltTY (22) conce-
beu uma nova doutrina, que, sob a denomill:'lção de 
hipotese bio-social, mqJOZ pela maneira seguinte: 
Do encontro, da apl'oximação, da éonvivcncia 
de individuos animais de Ullli\ mesma especie, que 
tenha atingido um alto grau de desenvolvimento 
cerebral, resulta, do cerebro d~ uns parti o cel'ebro 
dos outros - em virtude de certas cond,ições fa.-
voraveis ainda não detenninadas pc.la biologia -
uma dupla corrente, um como que ('ontacto ti dú;· 
tancia - e'ndosmose e exosmo~(' psicofisic(lS - de 
que procede um feuomeno inteiramente novo, UDl 
ritmo pfil'ticu1al' da energia universal, uma moda-
lidtlde ultima e irredutivel da materia, a al'ma. co-
lctiv/t do gmpo primitivo, fi socialidade, ou altntitl-
mo, ou solidariedlUle. 
(22) ~;, Iw. UOIJI::.TT, NOllt'mN pr()grol/tm~. 1,. I . MlI', 11: ('o .... • 
,jtul/.o,," de ,'étAiq"t, l'1lP, 11l: rAUI.uT, op. clt .• l'1l ll, \'tU. 
CIIl:SCIA 23 
Entre os animais conduzidos passo a passo á 
vjda social, (ljz SPENOER, estabeleeeu-se poueo a 
pouco tun prazer de viver juntos, prazer esse de-
vido á subcousciencia, em cada um, da presença dos 
outros. A m.1.iol' segurança,a maior facilidade DO 
deseobrimento do inimigo, fi mais perfeita eficacia 
na defesa e no ataque - resultados da vida em eo-
mUlll - preparam-lhes certos estados mentais que 
os predispõem não sómentc á cOlwiveucia, como 
tambem á combinação de ações, ao auxilio nwtuo. 
No cercbro dos individuos que compõem essas 
sociedades animais, as Ilk"luifestações dessa almo. 
coletiva, desse sentimento rudimentar de soUdarie-
dlUIc, eonscrvam-se estacionarias, permanecem ins-
tintivas, exclusivamente biologica.'; - psicofisicas; 
na especie humana, dotada de ecrebração mais com-
p]etn, essa solidariedlUle, esse altntiJ;mo elementar, 
essa in.teração de cerebro a cerebro, esse contado á 
distancia, fixa-se nitidamente no ('crebro de cada 
individuo, torna-se consciente, intelectual. Com fi 
fLxnção em sua eonsciencia dos elos de interdepen-
den<~ia que o prendem aos sens semelbantes, o 
individuo passn a sentir que sua atividade, no cs-
}>nço e no tempo, é inseparave] da atividade dos 
outros individuos: entra a conceber as noções de 
cooperaç(io e scquencía. Um animal gregario, por 
mais desenvolvida que seja sua sociedade biologi-
ca, não forma idéa do alcnnce de sua a~ão na vida 
elo conjunto: move-se instintivamente, COlll a sim-
ples atividade de celula. E' o caso tipico dn ovelha 
lresnuilhada, símbolo do abandono e desorientação. 
Graças á circunstancin de sua consciencia social. o 
bomem reproduz em seu cerebro a vida da socie-
dade humnna: vê a l'azão de ser da sucessão dos 
fatos e o alcance dos esforços mutuos; liga sua ação 
á ação co]etiva e eompreende que é parte autonoma 
de um todo. 
CtESCIA 
Em virtude desse processo de individuacão so-
cial, o ·individ1W nu:mano adquire consciencia de si 
mesmo, de sua personalidade, de suas faculdades, 
sensações e desejos j suas idéas, sentimentos e voli-
ções, de instintivos, psicofisicos, passam a ser moti-
vados, psicologicos. O úuliuiduo biologioo trans-
forma-se em úldividuo social. Sob a influcncia da 
i nteraf,!.ão psicologica de cerebro a cerebro, o sen-
timento de solidariedade, a i'ltuição da interdepen-
dencia elU que os homens necesS<'lriamcnte estão 
WlS para com os outros, a alma coleti'IJu do .'Jnf,po 
]lrún1tivo, estacionaria, que era, evolve, apedei-
çoa-se, toma a forma definitiva de l)enSamel1to so-
cial, com todas as suas manifestações. 
A' medida que uma sociedade ganha. em civi-
lizaf,!ão, a dependencia mutua entre os individuas 
aumenta e o bem-estar de cada um se apresenta 
mais intimamente ligado ao bem-estar de todos. 
Do desenvolvimento logico da hipotese bio-so-
daI se conclue que o fato 'mental, ou psicologico, 
não é nem puramente cerebraZ, ou biologico, nem 
puramente social: é mn fato composto, social e ce-
rebral ao mesm.o tempo - um. fato bio-social. fiA 
serie de fenomenos que constitue o que se chama 
e,<;pirito, ou i:nteligencia, representa o resultado 
concreto de um .. 'l. combinação intima das proprie-
dades organicas da materia, cstudada~ pela biolo-
gia, com suas 1)ropriedade.'l super-organicas, que a 
sociologia tem por fim estudar". 
Em consequencin de ser o fato psicologico -
o espirito, a inteligcncia - um fato composto, isto 
é, bio-social, a ciellcia a que o estudo desse fato 
:;erve de objeto - a. psicologia. - é uma ciencia 
concreta, uma bio-sociologia, que se apoia. ao mes-
'mo tempo sobre a sociologia (' sol)1'e a bioloqia. A 
psicologia niio pode, portanto, ser considerada como 
CI~NCU 25 
unw. cieJlcia abstrata, não pode entrar lia escala 
das ciclIcias abstratas (22 a). 
l4 a. - MATERIALISMO llISTORICO E 
IDEALISMO HISTORICO. - O conceito de que 
a arão humana, essencialmente social, é integral-
mente subordinada ao pensamento social está lon-
ge de alcançar aceitação pacifica. O problema da 
determinação das relaç,ões de filiação e depellden-
aia, que necessariamente e.x.istem, entre a ativida-
de material e a atividade mental dos homens tem 
dividido os escritores positivistas, por divergencias 
de orientação inicial, em duas correntes nntagoni-
cas: a do materialismo historico e a do idealismo 
lâstOl'ico. 
A escola do 'materialismo historico sustenta que 
na vida da sociedade a ação antecede e prepara o 
pensamento. E' esse um dos fundamentos da dou-
trina sociologica de KA.ru. MA.R.'{: "As concepções 
teoricn.s dos comunistas não repousam absoluta-
mente sobre idéas. Estas não são mais do que a 
expressão geral dl.\s condições em que os fatos se 
apresentam" (23) . 
.A. interpretação materialista da historia, nos 
termos em que é formulada, excede de muito os 
limites da economia politica.: é uma concepção ge-
ral de sociologia, ou de filosofia da historia, com 
ampla aplicação a todos os aspectos da vida social. 
"Na produção social dos meios de subsistencia, os 
homens, necessariamente e independentemente de 
sua vontade, contraem entre si certas relações -
relações de produção - correspondentes a um dado 
estadio do desenvolvimento de suas forças produ-
tivas. O conjunto dessas relações de protlnçao for-
(:na) o....uuzr, Ibidem. 
(23) KaI. lliu. Ma"/le.j~ co"'''"I""t, (lrad. ). I 35. 
26 CICNCU. 
ma a estrutura cconomica da sociedade, isto é, a 
base real sobre que se eleva 'Sua SUpCl'csb'utUI':t 
jw'idica c politica e a que corrcspondcm determina-
das formas sochtis da consciencia. O modo de pro-
durão da vida. material determina C1Jt geral o pro-
ce8.~O social, politico e illteleclual da vida. Xão é 
a cOI1Scicuéia do homem que determina sua 1/11mei-
ra fi,. ser, lUas sua 1lwneim, social de Hei" que deter-
mina sua cOllsócncia" (24.). 
A escola do idealismo kistm'ico vê, ao contra-
rio. nos fenomcnos intelectuais a fonte de toda a 
civilização. Esta doutrina, apoiada na grande obra 
do fundador da sociologia, Auo. COMTE, teve em 
Eua. DE ROBERTY seu Ilotavel sistematizador. Re-
conhece que os fenomcnos de cal'utcr social se di-
videm em dois gt'andes ramos, ligados pela intima. 
subordinação do seglllldo ao primeiro: O pensamcn-
to social e a ação social. E, sem contestar tiOS fe-
nomenos economicos papel preeminente nas socie-
dades humanas, recusa-lhes, todavia, a significaçÍlo 
de fatores originarios da vida social. Antes que o 
feJlomeno 'mental tenha revestido a forma defini-
tiva de pfflSumento social (u.o 14), os feno1llcnos 
ecollomicos não podiam passar de fatos pu,rumcnte 
biologicos, não podiam ter a significação de fatos 
sociads (25). 
Para que se possam entender melhor essas 
duas doutrinas, em confronto uma com a ouha, 
devem-se ter em vista, acima de tudo, suas aplica-
ções na vida pratica. 
1. Conceito do materialismo histonco. - O 
(24) KAltt. llAllx, Ctillqllt' dI' 1't.COtwmlc politlqlle (tud.) pret .• 
pago V. 
(25) Eua. 1Ir. nOlIY.IITY. !.tJ phjl(!,fOplllo dll dtcl!!. cnp. 18; 1,(1 
C01!.tIltIlIir;." de rétlliqllf, cal". 2.- l' 3,-; Soclolollie de 1'01'110", Ilre-
IQclO, 
CII:SCU. 
emprego fundamental da concepção do materialis-
mo economico encontra-se na teoria. do valo?', de 
KAru.. M.All..x, que assim se pode resumir: o traba-
lho é não sómente a medida e a caus.1. do valor, 
como sua propria substancia. A possibilidade de 
se permutarem as mercadorias umas pelas outras 
implica a e.:cistencia, nas mercadorias permutadas, 
de um qualquer h'aço commll, identico, cOllstnnte, 
pelo qual possam elas ser postns em cotcjo. Esse 
quid comum, esse bomogclloo das mercadorias, que 
se apl'csenta sempre, a despeito da heterogeneidade 
delas. é a (Jlumlidade de trabalho que todas ueecs-
S..'lriame.nte representam, em maior ou menor cx-
tensão. uTomadas como valores, as mercadorias 
não são sináo o trabalho humano crü:.talizado'J . 
Valem mais ou valem menos, conforme contenham 
maior ou mcnor quantidade de trabalho social, me-
dido segundo o numero media de horas dc traba-
lho nelas empregadas. 
A mão de obra - a forra do trabalho (. l r-
beitskraff) , istoé, a porçlÍo do tr;tbalho humano 
que ns mercadorias enccrram - Sigllific..'\, do pon-
to de '"ista economico, uma mercadoria, "como ou-
tra qualqucr, visto que o seu \'alor se mede pelo 
numero de horas de trabalho gastas em produzi-Ia. 
No regime dr salariado, uma hora. ou um dia. de 
trabalho humano custa a quantidade de elementos 
de .subsistcJlcia llecessaria. para manter o trabalba-
dor em estado de produtividade, durante uma bora, 
ou um dia: o sa lario não importa em mais do que 
o custo desscg meios de sub~if:.tencin . 
O trabalbo hUlllal1o, em condições normais, 
dei.xu sempre mn excedente do valor produzido so-
bre o valor consumido. Por outras palavra!', a lor-
~a do trabalho - va.lor creado pelo trabalho -
que, lIO I'Cgi IllC da produção aS!'llllarhda, pertcnce 
ao capitalista, representa mais do que o sal(wio -
CU:NCIA 
valOl' consumido pelo h'abalho - que toca ao trar-
balJw.dor. Este excedente, recolhido pelo capitar-
lista, constitue ° sobre-valor, ou mais valia (lleltr-
,vert) (26). 
Em conclusão, para que haja a mais valia, sorá 
indispcnsavel que duas especies de possuidol'C:S de 
mercadol'ias se ponham em éOlltacto: de um lado, 
possuidores de dinheiro, de llleios de produ~t\o e 
úe sub~jstencia, que se proponham a empregar a 
soma, que lhes pertence, na eompra da for1'u do 
trabalho, que não lhes pertencej e, de outro bdo, 
operarias :'liVl'es", que lhes vendam sua fOl'<:a de 
trabalho. E' uecessario que os operarios sejl.llll li-
nes, isto é, devem filão fazer parte di;'etam ente 
dos meios de produção, como escravos, ou servos; e 
devem não ser pro prietarios dos meios de produ-
(ão, como é o caso do pequeno lavrador que culti-
"a sua propl'ia terra. Sem essa organização, núo 
haverá as condições fundamentais da produção cu-
pitalistl.l (27), Quem diz capital, diz propriedade 
posta em valor por assalariados, produzindo mel'-
cadOl'jas e conferindo lucros ao propl'ietoH'io. A 
idéa do lucro sem trabalho é colada á pala vra car-
pital como uma tunica de Nessus (28)., 
O capital, por si mesmo, é esteril, visto como 
é fora de duvida que s6mente o trabalho cria va~ 
lor. Mas o trabalho nâo pode produzir sem COl1l5U-
mil' uma certa quantidade de capital, e importa 
saber como o capital e o trabalho se combinam. 
(26) KABL MARX, 1.1: CapiJal (trall.), I, pa!:lI. 23·83: C. (lllWo 
e O. Ih8T, IJI,tolro de, dQClrjne. roonomlquc •. 11!lglI. :J37·r.t7: V. 1'",-
.. ~, I,e •• v"tme, to<'ialf,'e" I\~gs. 3'.!3.3S-J; r...:o~II>MI Do: ttVln{. 
DI!, J.'or_r4o do C41plllll 8 fl:1I dut:'!lvoldmCIIlo (tête til' eoncurlOO), 
paga. 39-78. 
(27) K ... ln, M .... x-. Le Oapital (trod.), Tomo I\', pago ~; L!»-
l\'UlA(J~: '~~~~"Ilt~:1~!l"J,!"L~:ro~2riélt" 11111:$. 303-30-1, cilllLlo ILQr 
LEo:ntu.8 ot: Rt:!IE.lIDI:. Ibidem. 
CII~SCU. 29 
Distinguem-se no capital duas categorias: a) 
materias primas e salarios - c(~pita~ vu,riaucl j b) 
instrumentos de trabalho (maquinas e ml.lterial 
para acioná-las) - capital COl/.stante. 
A primeira cspecie de capital, desde que seja 
absorvida e vivificada pelo trabalho humano, pro-
duz O valor e a 'mais !:llliaj 30 passo que a segunda 
se limita á amortl~zaç'ão, isto é, a. reproduzir, á me-
dida que no eUl'SO da produção se vai gastando, a 
quantidade de trabalbo que tenha sido empregada 
para fabricá-la (29). 
II. Aplicação do conceito do idealismo histo-
rico. - E' de verdade irrecusavel o principio, que 
RICARDO esboçou c K.u~L ~LHX levou ás suas ulti-
mas consequeneias, de que no tmbalho humano se 
encontra toda a explicação da origem e significa-
ção pratica do valor. 
Bem diversos, entretanto, sCl'áo os fundamen-
tos e os resultados uteis dessa teoria, si a retirar-
mos da falsa base do 'materialismo historico, em 
que hoje exclusivamente se apoia, para a conside-
rarmos á luz do preceito capital de sociologia, de 
que as formas de realização da ação humana estão 
inteiramente submetidas ás formas abstratas do 
pen.samento. 
Nessa aplicação consiste o aspecto particular 
da presente exposição. 
O homem, ser de razão c de vontade, é o pro-
duto da vida coletiva, Foi na convivendo. de seus 
seme1hantes que o ser humano adquiriu capacidade 
mental. No gregario biologico, o emprego fisico 
das aptidões dos individuos não representa traba-
lho. Aarão Jmmana é uma forma de eZlJressão de 
seu pensamento: antes que o individuo formasse 
(::!1) C. GIDE C C. I:lS'l'. op. dt.. pag, IH4, 
30 CIENCIA 
II idéa da vida coletiva, untes que compreendesse a 
razão de ser de sua atividade em relação á ativi-
dade dos seus semelhantes - antes que se const~ 
tu-lsse o pensamento social - os <ltos hmuanos ti-
filiam um sentido puramente biologico, psico-fisi-
co, animal (n,- 14). O trab..1lho, como expressão da 
atividade humana, é, nece:ssariamente, racional, 
psicologico, inteligente. 
Dessa. lloçiio fundamental decorrem os corola-
rios seguintes : 
A atividade mental do homem reveste duas 
formas capitais - pcnSttmcnto e ação; 
O pellsamento e a ação do homem são necessa-
I'ia e exclusivamente sociais; 
A açüo social é inteiramente subordinada ao 
penS(m1ento social; 
Não ba ramos da atividade humana que se fi-
liem ao conceito de ação c outros que se filiem ao 
conceito de l>ensamenlo. Na atividade humana, 
esses dois aspectos sii.o in~epa!'aveis, embol'tl geral~ 
mente se verifique a predominancia de lU)) deles i 
Nos fatos sociais, as vari.as iu-f'luencüls, illter~ 
nas e externas, abstratas e coucretas, individtuüs e 
coletivas, se combinam de manciJ'a tão intima c tão 
complexa. que sómente com grande impropriedade 
poderão eles ser classificados em ramos cli-f'el'cntes: 
fenomenos economicos. fenomellos politicos, feno-
mono!; cstcticos, fcnornenos religiosos, etc. O que se 
deverá dizer é que a ação social - a c()JJ(htllt !tlf,-
mana - se apresenta sob varios aspectos, segundo 
o ponto de vista por que for consideradn: aspecto 
afetivo, .aspecto economico, aspecto religioso, as-
pecto especulativo, aspecto esteUro, etc. 
In. Oonceito de propriedade . - A mentali-
dade humnn.l , na complexjclnc1e de seus aspectos 
- sensações, percepções, lembrauças, sentimentos, 
CIt;;,>CIoI. 31 
preferCllcias, voljções, inclinações - si, de um lado, 
é a resultantc do fato social da. interação de cCl'e-
bl'o a. eel'ebl'o (n.· 14), vai, por outro lado, encon-
trar sua razão de ser na camada homogenea e pro-
funda das aptidõcs biologic:u51 dos instiutos pI'i-
mitivos, psico-fisicos, aniru.'lis. 
Como todo sistema de forças, o homem c a so-
ciedade humana. estão integralmente sujeitos <ls 
leis universais tIe equilibl'io, que os eonduzclll a pro-
CUl'al' sempre n linha da mcnor resisteucia, quc ó 
o caminho de sua conservaç(io . .A conscna~ão do 
individuo e da especie são conceitos biologicos in-
8epal'aveis, ou, antes, são cxpl'e:)SÓes de um mClilllo 
conceito. As formas da atividade hllml.lna, mate-
I'iais ou mentais, uma vcz que sejam destinadas á 
consena<:ão il)(lividual ou coletivu, aprcsentmu, em 
substallcia, o meSlllO carater de utilidad~ embora o 
grau dessa utilidade varie ao infinito em intensi~ 
dade, segundo a importancia da nccessidade a que 
venham prover. Bem se compreende a rawo por 
que a corrente materialistn afirma que todos os 
problemas hmllanos represelltam, no fundo, l.lITI 
pl'oblema de economia: é que nas quadras de des· 
equilibrio economico as Ileeessidadcs primarias da 
conservação da vida sobrepujam em acuidade todas 
as outras e assumem o feitio absorvente de unica 
preocupação. E' preciso, porem, ter em vista que 
u nutrição não é a unica necessidade llTedutivel das 
cspecies vivas: a reprod11ção OCU!);.\ Ullll.l situação 
perfeitamente pat'alc1a, POi' ouh'as palavrt\s, os 
problemas sexuais - selltj11le'lto.~ afetivos - des-
empenbam na vida das sociedade UUl papel em 
nada inferior ao dos problemas de nutrição - se1to.

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