Buscar

Resumo do Polanyi - Cap 4,5 e 6

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

No capítulo 4, Polanyi começa sua obra explicando os pressupostos que regem uma economia de mercado, para depois analisar as leis que a governam. Basicamente, ele diz que uma economia de mercado implica em um sistema de mercados autorregulados onde a economia é regida somente pelos preços de mercado, ou seja, não há nenhuma interferência do exterior. Logo depois, ele afirma que nunca existiu uma economia que fosse 100% de mercado, embora a instituição “mercado” exista há muito tempo, ela sempre teve um papel subordinado no interior da vida econômica.
Polanyi chama a figura de Adam Smith, que sugeriu que a divisão do trabalho dependia da existência de mercados, ou seja, da propensão a troca do homem, para que ele fosse capaz de se especializar em algum segmento de trabalho e ainda sim adquirir os itens necessários à sua sobrevivência e a satisfação dos seus desejos. O que mais tarde dá origem a figura do “Homem Econômico”, ou seja, o homem em intensa relação com a economia. Entretanto, Polanyi critica essa visão, já que para ele essa propensão, a noção de mercados e a divisão do trabalho nunca haviam se manifestado de forma clara na sociedade, tendo um papel insignificante, mas sim haviam surgido de repente, logo após essa “descoberta do Smith” e transformaram radicalmente a economia na direção de uma economia de mercado. Portanto, todo o processo que Smith dizia ser resultado da natureza humana, na verdade havia surgido de uma forma artificial. Todos os autores posteriores ao Smith passaram a usar essa ideia como axiomas das suas teorias. Porém, Polanyi concorda com o princípio da divisão do trabalho, mas ressalta que esta ideia, de pensar o homem como primitivo, estava falsa, pois o que realmente origina a divisão do trabalho são fatores ligados ao “sexo, geografia e capacidade individual”.
Outra ideia de Smith que foi comprovada com erro, foi a de que o homem primitivo, tinha na verdade uma ideia comunista. Isto mesmo que de forma inconsciente, acarretou “um peso muito grande na balança” na ideia de mercado. Esse hábito de classificar as sociedades de poucos anos atrás como primitiva, devido ao sistema econômico que adotavam, era feito como “mero prelúdio da verdadeira história da nossa civilização, que começou, aproximadamente, com a publicação da Riqueza da Nações em 1776. ”
A prova de que a hipótese do Smith passa a valer para o futuro e não para o passado, vem com seus discípulos que não tinham interesse em estudar a economia primitiva e não exploram os séculos recentes, aceitando que as coisas estavam tendendo a instauração de um sistema de mercado. A tradição dos economistas clássicos não possuía qualquer interesse pela cultura dos homens “não civilizados” e sim se preocupava em alicerçar as leis do mercado nas hipotéticas tendências do homem no estado de natureza.
Essa atitude subjetiva perante as civilizações anteriores não parece seguir um espírito científico. As diferenças entre os povos “civilizados” e “não civilizados” parecem exageradas, principalmente na esfera econômica. Historiadores confirmam que a vida na Europa agrícola pré-industrial não era muito diferente da que tinham sido milhares de anos antes, poucas mudanças nas técnicas agrícolas podem ser observadas. Max Weber foi o primeiro dos historiadores econômicos contemporâneos a protestar contra a ignorância a que era votada a economia primitiva com o pretexto de pouco ter a ver com as motivações e os mecanismos que governam as sociedades civilizadas. Estudos mostram que as sociedades primitivas não modificam o homem como um ser social, tanto é que algumas pesquisas também, mostram que “economia do homem, como regra, está submersa em suas relações sociais”. Como exemplo disto, temos a sociedade tribal, onde a relação dos bens produzidos se dá por reciprocidade e redistribuição, atitudes estas não necessariamente ligadas a economia e, capazes de garantir o funcionamento de um sistema econômico sem muitos “paramentos”. Já em certas civilizações, a divisão do trabalho se dá pela forma de redistribuição, mostrando que ela também tem a capacidade de influir o sistema econômico no tocante mais específico das relações sociais.
Uma descoberta da investigação histórica e antropológica recente é que a economia humana depende das relações sociais que os homens mantêm entre si. Portanto, o homem age visando preservar seus interesses e suas ambições; ele valoriza os bens materiais na medida que eles lhe são úteis. Nem o processo de produção e o de distribuição estão ligados com interesses econômicos específicos da posse de bens.
No entanto, “a necessidade de comércio ou de mercados não é maior do que no caso da reciprocidade ou da redistribuição”. Nessa esfera, Polanyi diz que Aristóteles distinguiu a domesticidade propriamente dita da atitude de ganhar dinheiro, o que é classificado de “money – making”, insistindo (Aristóteles) também “na produção para o uso, contra a produção visando lucro, como essência propriamente dita”. Cabe nesse momento, dizer que ao denunciar o princípio da produção visando o lucro “como não natural ao homem”, por ser infinito e ilimitado, Aristóteles estava apontando, na verdade, para seu ponto crucial, a saber, a separação de uma motivação econômica isolada das relações sociais nas quais as limitações eram inerentes.
Os sistemas econômicos, desde o fim do feudalismo, principalmente na Europa Ocidental, se pautaram em fundamentos como o de reciprocidade, ou redistribuição, ou domesticidade. “Entre essas motivações, o lucro não ocupava lugar proeminente”. A mudança para uma economia nova no século XIX, é preciso voltar e entender a história do mercado.
Um pouco dessa história é que vai abordar o capítulo cinco – Evolução do Padrão de Mercado -. A troca é um princípio de comportamento cuja eficácia depende do modelo de mercado, que cria uma instituição específica: o mercado. Um mercado é um lugar onde se dão encontros para a troca ou compra e venda de bens e que é necessário para que se estabeleça a formação de preços. Mas, não necessariamente esse princípio de troca assume um lugar de protagonismo na sociedade, podendo estar subordinado a outros princípios. Com o modelo de mercado, isso se inverte. Nessa linha de raciocínio, vê-se a afirmação de que o “controle do sistema econômico pelo mercado é consequência fundamental para toda a organização da sociedade: significa, nada menos, dirigir a sociedade como se fosse um acessório do mercado”. Ainda nesse padrão, uma afirmação é essencial no texto, ”EM VEZ DE A ECONOMIA ESTAR EMBUTIDA NAS RELAÇÕES SOCIAIS, SÃO AS RELAÇÕES SOCIAIS QUE ESTÃO IMBUTIDAS NO SISTEMA ECONÔMICO”. A economia, se afirma como fator preponderante para o convívio social, antecedendo qualquer outro critério.
Ainda, “foi crucial o passo que transformou mercados isolados numa econômica de mercado, mercados reguláveis num mercado auto regulável”. É oportuno afirmar no entanto, que “a presença ou a ausência de mercados ou dinheiro não afeta necessariamente o sistema econômico de uma sociedade primitiva”. Assim, o mercado tem atuação principal na economia, mas fora dela essa atuação também acontece(embutido nas relações sociais).
“Procurando as origens do comércio, nosso ponto de partida deveria ser a obtenção de bens distantes, como numa caça”. Já “do ponto de vista econômico, os mercados externos e são algo inteiramente diferentes, tanto no mercado local, quanto do mercado interno”.
Vamos entender nesse momento, alguns termos, tais como mercado externo, ou seja, ele é uma transação, é composto por instituições de função e origem diferente. Outro termo é o comércio local, aquele limitado as pequenas transações. Somando-se a esses termos, tem-se o comércio interno, que é o contraste dos outros termos, ele é essencialmente competitivo. Mantendo assim “princípio de um comércio local não-competitivo e um comércio de longa distância igualmente não competitivo”, dessa maneira “foi esse desenvolvimento que forçou o estado territorial a se projetar como instrumento de “nacionalização” do mercadoe criador do comércio interno”.
Para tanto, a intervenção do Estado, que havia “liberado o comércio dos limites da cidade privilegiada, era agora chamada a lidar com dois perigos estreitamente ligados, o monopólio e a competição”, que encontrou na regulamentação (agora a nível nacional e não mais municipal) da economia uma solução para esse problema.
Já, “embora os novos mercados nacionais até certo ponto fossem competitivos, inevitavelmente, o que prevalecia era o aspecto tradicional da regulamentação e não o novo elemento de competição”. Lembrando que como bem fala uma frase contida na página 88, “isto conclui nossa história do mercado até a época da Revolução Industrial”.
O capítulo seis – O mercado auto regulável e as mercadorias fictícias: trabalho, terra e dinheiro - além de traçar um rápido esboço dos sistemas econômicos e dos mercados, tomados em separado, mostra que até a nossa época, os mercados nada mais eram do que acessórios da vida econômica. Como regra, o sistema econômico era absorvido pelo sistema social.
“Uma economia de mercado é um sistema econômico controlado, regulado e dirigido apenas por mercados; a ordem na produção e distribuição dos bens é confiada a esse mecanismo auto regulável”. Isso, porém, ocasiona uma disputa no ser humano, a afim de sempre lucrar e ganhar mais. Também pressupõe a existência de mercados em que a oferta de bens seja igual a procura deles ao mesmo preço. A produção, portanto, será controlada pelo preço porque o lucro de quem dirige a produção dependerá dele.
Esse termo usado, auto regulação, “significa que toda a produção é para a venda no mercado, e que todos os rendimentos derivam de tais vendas”. Há também, mercados “para todos os componentes da indústria, bens, trabalho, terra e o dinheiro, sendo seus preços chamados, respectivamente, preços de mercadoria, salários, aluguel e juros”.
Sendo mercado auto regulável, somente ações e medidas políticas que assegurem esse pretexto, é que terão validade, a fim de fazer o mercado a única figura organizadora no âmbito econômico.
Também lembrando do sistema mercantil (mercantilismo), mesmo com toda sua direção voltada ao comércio, impedia que o trabalho e a terra, os bens básicos de produção se tornassem mercadorias. Esse mesmo mercantilismo, diferentemente do mercado auto regulável, defende a intervenção do Estado na economia, além disso, o mercantilismo estava preocupado com o desenvolvimento do pais em relação aos seus recursos. Retomando a ideia do mercado auto regulável, este exige a separação da sociedade em esferas políticas e econômicas.
Sumarizando alguns desses pontos, sabe-se que os mercados de trabalho, terra e dinheiro são, sem dúvida, essenciais para uma economia de mercado. Entretanto, nenhuma sociedade suportaria os efeitos de um tal sistema de grosseiras ficções, mesmo por um período de tempo muito curto, a menos que sua substância humana natural, assim como sua organização de negócios, fosse protegida contra os assaltos desse moinho satânico.
Percebe-se com tudo, a partir da ideia de compra e venda, que a economia de mercado se torna artificial.
Partindo para um outro ponto, a invenção das máquinas, influenciou fortemente na relação entre mercador e produção, tanto é que “a produção industrial deixou de ser um acessório do comércio organizado pelo mercador como proposição de compra e venda”, os investimentos a longo prazo começam a aparecer, ciente dos riscos que poderiam estar sujeitos, essa relação no entanto pode estar ligada também a ideia de que “ampliação do mecanismo de mercado aos componentes da indústria, foi a consequência inevitável da introdução do sistema fabril, numa sociedade comercial “, fazendo com que inevitavelmente o trabalho e o dinheiro se tornassem mercadorias, mesmo que não mercadorias reais, pois não eram produzidas para venda no mercado.
A Revolução Industrial, causada pelo grande aumento na produção industrial, ocasionou impactos sérios na vida dos ingleses, porém nada foi feito para salva-los, tanto é que os impactos foram terríveis.
Mas enquanto de um lado avançava a ideia dos mercados, por outro, algumas instituições tentavam controlar esse avanço, principalmente em relação ao trabalho, à terra e ao dinheiro.
Enfim, “a sociedade se protegeu contra os perigos inerentes a um sistema de mercado auto regulável e, este foi o único aspecto abrangente na história desse período”.

Outros materiais