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ANTROPOMETRIA Procedimentos para avaliação antropométrica Desenvolvido pelo acadêmico Victor Hugo Antônio Joaquim Orientado pela Profª Dra. Carla Werlang Coelho Por que avaliar? Aptidão Cardiorrespiratória COMPOSIÇÃO CORPORAL Flexibilidade Força Muscular Endurance Muscular Neste material o componente a ser estudado será a Composição Corporal A avaliação física é essencial na montagem de um programa de exercícios. É com ela que o profissional de educação física terá conhecimento mais profundo acerca das características do indivíduo, garantindo que a prescrição será objetiva e segura, tanto para o contratante quanto para o contratado. Quando nos referimos a saúde, se utiliza o termo “aptidão física”, que é definido como “conjunto de atributos que as pessoas possuem ou adquirem e que se relaciona com a capacidade de executar atividade física” (U.S. Centers for Disease Control and Prevention). Para que uma pessoa seja considerada fisicamente saudável, ela deverá apresentar um equilíbrio entre os componentes da aptidão física. Composição Corporal É definida como a proporção relativa de gordura e tecido isento de gordura no corpo. A avaliação desse componente é útil para estabelecer um peso ideal para saúde e desempenho físico do indivíduo. O excesso de gordura corporal é altamente relacionado a doenças crônicas como a hipertensão arterial, diabetes tipo II, hipercolesterolemia, aterosclerose entre outras. Tipo de Avaliação Avaliação Diagnóstica Realizada no início do programa. Esta serve para ajudar o profissional a conhecer e analisar as características do indivíduo para que o planejamento das atividades seja efetivo. Avaliação Formativa Utilizada para conferir o progresso do indivíduo. É realizada durante do período do programa e dá ao profissional o feedback para saber se o objetivo está sendo alcançado. Avaliação Somativa Realizada no final do período planejado, com fim de visualizar se o aluno alcançou seus objetivos. Recomendações Gerais Usar roupas adequadas – Quando realizado o agendamento, o cliente deverá ser informado sobre a necessidade de que o mesmo compareça ao dia da avaliação com roupas curtas e que permitam a medição corporal, para que a medida seja precisa. NÃO realizar exercícios que precedam a avaliação – Um dos efeitos agudos do exercício físico é a vasodilatação periférica. Esse mecanismo fisiológico pode interferir na avaliação ao aumentar significativamente a espessura das dobras, gerando resultado alterado. Recomenta-se, então, que o avaliado faça a avaliação descansado, sem exercício prévio. Determinação da Estatura É a medida que parte do ponto mais alto da cabeça (vértex) até a planta dos pés. O avaliado deverá estar descalço, com os pés unidos e de costas para o estadiômetro. Os braços devem estar relaxados ao lado do corpo e sua cabeça posicionada no Plano de Frankfurt. Obs: Alguns autores recomendam que o avaliado faça uma inspiração no momento da mensuração para compensar o achatamento dos discos intervertebrais sofrido durante o dia. Determinação da Massa Corporal Com a menor quantidade de roupa possível, o indivíduo deve estar em pé, com pés afastados para estabilizar o corpo sobre a balança. A massa corporal (MC) é apresentada em Kg. IMPORTANTE: Verifique se a balança está calibrada antes de fazer a mensuração. Dobras Cutâneas Essa medida é utilizada para predizer percentual de gordura subcutânea, desconsiderando gordura intra-abdominal. Para realização desta técnica é necessário a utilização de um adipômetro/ plicômetro, cuja função é medir a espessura das dobras cutâneas. Procedimentos Importantes • Antes de iniciar o processo, informe o avaliado que irá tocá-lo. Cuidado com contato excessivo e desnecessário; • Identificar os pontos de referência; • Utilizar sempre o hemicorpo direito (lado direito), independente do protocolo; • Conferir se o que está sendo pinçado é somente gordura, e não tecido muscular; • Adipômetro sempre perpendicular à dobra; • A leitura da medida deve ser realizada em, no máximo, 3 segundos; Procedimentos Importantes • Não soltar a dobra; • Soltar o adipômetro. Não ficar segurando o gatilho; • Realizar 3 medições não consecutivas; • Adotar a média entre as 3 tentativas; • Colocar o adipômetro, em média, a 1 cm de profundidade da dobra. Adipômetro/Plicômetro • Segure o adipômetro com a mão direita, utilizando o dedo indicador para pressionar o gatilho • Para fazer a leitura do adipômetro, olhe primeiro o circulo menor, para contar a dezena, e depois o círculo maior, para contar as unidades • Utilizado para calcular o percentual de gordura corporal (%GC) BICIPITAL Localização: Ponto médio acrômio-radial (vista anterior) Orientação: Vertical Dobras Cutâneas Sempre que tiver dúvida se o que está sendo destacado é somente tecido adiposo, peça ao avaliado para fazer uma leve contração no músculo em questão, depois cessar a contração. Obs: Membro relaxado ao lado do corpo TRICIPITAL Localização: Ponto médio acrômio- radial (vista posterior) Orientação: Vertical Obs: Membro relaxado ao lado do corpo LEMBRE-SE, o avaliado permanece estático, quem se desloca para realizar as análises é o AVALIADOR! SUBESCAPULAR Localização: Cerca de 1 cm abaixo do ângulo inferior da escápula Orientação: Oblíqua para baixo Obs: Ombros e braços relaxados Caso tenha dificuldade em encontrar o ângulo inferior da escápula, peça ao avaliado para fazer o movimento expresso na imagem. PEITORAL masculino Localização: Na linha que vai entre o mamilo à prega axilar, utilizar o terço médio Orientação: Oblíqua para baixo PEITORAL feminino Localização: Na linha que vai entre o mamilo à prega axilar, utilizar o terço PROXIMAL, ou seja, mais próxima a axila. Orientação: Oblíqua para baixo SUPRA-ESPINAL Localização: 5 a 7 cm acima da espinha ilíaca anterior Orientação: Oblíqua AXILAR MÉDIA Localização: Linha média da axila, à altura do processo xifóide Orientação: Oblíqua para baixo Obs: Peça ao avaliado para deslocar o braço para frente ou para trás, para que seja possível fazer a medida. Evite a rotação do tronco Abdominal Localização: Cerca de 2 cm à direita da cicatriz umbilical Orientação: Vertical SUPRA-ILÍACA Localização: 3 a 5 cm acima da crista ilíaca, na linha média da axila Orientação: Oblíqua para baixo Obs: Peça ao avaliado para deslocar o braço para frente ou para trás, para que seja possível fazer a medida. Evite a rotação do tronco COXA MÉDIA Localização: Ponto entre a prega inguinal e a borda superior da patela Orientação: Vertical Obs: Peça ao avaliado para deslocar o peso para o membro inferior esquerdo, enquanto o direito fica um pouco a frente, em semi-flexão, com a planta do pé inteira tocando o solo. Obs: Para encontrar a prega inguinal, peça ao avaliado para fazer uma flexão de quadril. PERNA MEDIAL Localização: Ponto medial da perna, no maior perímetro da panturrilha Orientação: Vertical Obs: Para realização desta medida o avaliado deverá estar sentado, com os joelhos em ângulo reto e a região plantar tocando o solo Perímetros BRAÇO RELAXADO BRAÇO CONTRAÍDO No maior volume muscular. Certifique-se que o avaliado está fazendo co-contração, ou seja, contraíndo os músculos bíceps e tríceps braquial. No maior volume muscular. O membro do avaliado deverá estarrelaxado ao lado do corpo. ANTEBRAÇO Na maior porção do antebraço. O membro deverá estar em posição supinada, repousando ao lado do corpo A fita métrica NÃO DEVERÁ estar solta, com sobras, bem como não deverá haver pressão excessiva na mesma. TÓRAX masculino TÓRAX feminino Ponto meso-esternal, seguindo a linha dos mamilos Ponto da quarta articulação esterno costal, ou linha das axilas Obs: Medida realizada ao final de uma expiração normal CINTURA Medida que fica entre a última costela e a crista ilíaca. Pode ser visualizada como a menor circunferência do tórax. ABDOME Medida que passa pela cicatriz umbilical QUADRIL Com os pés unidos, essa medida deverá passar pelo trocânter maior do fêmur, geralmente coincidindo com a maior porção dos glúteos. LEMBRETE: Realize esta medida posicionando-se ao lado do avaliado, NUNCA a frente do mesmo. COXA MÉDIA No ponto médio entre a linha inguinal e a borda superior da patela. Certifique-se que o membro está relaxado PERNA Máxima circunferência da panturrilha Paquímetro • Utilizado para media distâncias lineares entre pontos anatômicos. Os valores encontrados serão utilizados para o cálculo da massa óssea e somatotipo Diâmetros Biestiloidal Distância entre os processos estilóides medial e lateral Obs: Peça ao avaliado para fazer uma flexão de carpo para facilitar a identificação dos pontos de medição Biepicondiliano do Úmero Distância entre os epicôndilos do úmero Obs: O avaliado deverá manter o segmento em ângulo reto para o reconhecimento dos pontos de medição Biepicondiliano do Fêmur Distância entre os epicôndilos lateral e medial do fêmur Obs: Joelho fletido em 90 graus Bimaleolar Distância entre os maléolos lateral e medial Obs: Esta medida pode ser tomada posicionando à frente ou atrás do avaliado IMC e ICQ Apesar de apresentar falhas e não ter tamanha precisão, principalmente com crianças, atletas e gestantes, o Índice de Massa Corporal ainda é utilizado para classificar faixas de peso. A tabela de referência se encontra no Anexo 1. O Índice Cintura-Quadril (ICQ) revela a probabilidade ou risco de o indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares com base nas medidas antropométricas. A tabela de referência se encontra no Anexo 2. Índice de Conicidade (IC) Recentemente, o índice de conicidade passou a ser utilizado como um novo índice para a avaliação de riscos metabólicos. O IC é baseado na ideia de que as pessoas que acumulam tecido adiposo na região abdominal têm a forma parecida com um duplo cone, ou seja, dois cones que apresentam a mesma base IC= Cirfunferência da cintura (m) 0,109√Peso (Kg)/estatura (m) Neste sentido, quando o indivíduo tiver, como resultado desta equação, o valor 1,00 (cilindro perfeito), sua classificação para risco de desenvolver doenças cardiovasculares é baixo, já quando o indivíduo apresentar resultado 1,73 (formato de duplo cone) seu risco será considerado alto. Ou seja, quando mais longe do 1 e mais perto do 1,73, maior será o risco. Somatotipo Proposto por William Sheldon, em 1940, esta técnica procura classificar os indivíduos de acordo com características comuns. O somatotipo divide as características corporais das pessoas em três componentes. O primeiro é a ENDOMORFIA, com predominância de possuir um %GC elevado; seguido da MESOMORFIA, caracterizado por aqueles com o sistema musculo-esquelético desenvolvido, com uma silhueta mais atletica; e a ECTOMORFIA, que diz respeito àqueles com sistema musculo- esquelético menos desenvolvido e menor %GC. Estes indivíduos, geralmente, possuem perfil mais longilíneo e magro. Segundo FOX et al (1988), o somatotipo é determinado geneticamente, podendo ser modificado pelo fenótipo, ou seja, pela interação do genótipo com o meio no qual a pessoa se desenvolve. Interpretando os resultados • É recomendado que ~40% da MC seja composta por massa muscular. O indivíduo do exemplo possui 82 kg, ou seja, supostamente ele deve ter ~32 kg de massa muscular. Segundo a avaliação, ele possui 34 kg de massa muscular, alcançando o objetivo. • A massa de gordura está diretamente relacionada a porcentagem de gordura corporal. Se o percentual de gordura estiver adequado, de acordo com as tabelas de referência, a quantidade de massa de gordura estará adequada. • O valor da massa óssea indicará anomalias na densidade óssea do indivíduo. Para Behnke (1974), um homem saudável, entre 20 e 24 anos e com 1,74 m de estatura, sua massa óssea deve representar ~15% da MC, já uma mulher de mesma faixa etária e 1,64 de estatura, esse valor deve ser próximo de 12%. • A massa residual refere-se às vísceras, cabelo, unhas e todo material biológico que não for classificado em uma das categorias precedentes. • Densidade Corporal: Quanto maior o percentual de gordura no indivíduo, menor será sua densidade. Este dado será utilizado para a equação de %GC. Não há necessidade de explicar este dado ao avaliado. • Índice de Conicidade: Como já relatado, o ideal é que o indivíduo mantenha este valor próximo de 1,00, visando reduzir riscos para a saúde. Frações da Massa Corporal (MC) ICQ: Como já descrito, esse dado revela o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O avaliado deve ser informado em qual grupo ele se encontra dentro da tabela de referência e quais as consequências desta condição. %G: Refere-se ao quanto a gordura representa no corpo do indivíduo. Se este dado estiver fora dos padrões para idade e sexo apresentados na tabela de referência (anexo 3), poderá representar complicações fisiológicas para o avaliado. Proporções Desejáveis: Neste ponto o avaliador irá conscientizar o avaliado sobre como se encontra sua composição corporal, observando se o cliente está com a massa magra (MM) e a massa gorda (MG) dentro dos parâmetros sugeridos. SOMATOTIPO IMC: Procurar manter esse dado dentro dos valores de referência encontrados no anexo 1. Caso o avaliado for classificado como um grupo especial (gestante, atleta, criança), desconsiderar este dado. Neste exemplo, o avaliado tem uma propensão genética a desenvolver massa muscular, pelo componente mesomorfia, porém, o segundo componente em destaque é a endormorfia, ou seja, este indivíduo pode vir a aumentar o seu %GC caso descuide da alimentação balanceada e atividade física. O componente mais fraco é o ectomorfo. Provavelmente este indivíduo não é longilíneo e excessivamente magro, mas sim com porte físico mais robusto. ANEXOS ANEXO 1 CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS PARA HOMENS IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO 20 A 29 < 0,83 0,83 A 0,88 0,89 A 0,94 > 0,94 30 A 39 < 0,84 0,84 A 0,91 0,92 A 0,96 > 0,96 40 A 49 < 0,88 0,88 A 0,95 0,96 A 1,00 > 1,00 50 A 59 < 0,90 0,90 A 0,96 0,97 A 1,02 > 1,02 60 A 69 < 0,91 0,91 A 0,98 0,99 A 1,03 > 1,03 CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS PARA MULHERES IDADE BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO 20 A 29 < 0,71 0,71 A 0,77 0,78 A 0,82 > 0,82 30 A 39 < 0,72 0,72 A 0,78 0,79 A 0,84 > 0,84 40 A 49 < 0,73 0,73 A 0,79 0,80 A 0,87 > 0,87 50 A 59 < 0,74 0,74 A 0,81 0,82 A 0,88 > 0,88 60 A 69 < 0,76 0,76 A 0,83 0,84 A 0,90 > 0,90 ANEXO 2 HEYWARD, Vivian H.; STOLARCZYK, Lisa M. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000. P. 242 Nível /Idade 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65 Excelente 4 a 6 % 8 a 11% 10 a 14% 12 a 16% 13 a 18% Bom 8 a 10% 12 a 15% 16 a 18% 18 a 20% 20 a 21% Acima da Média 12 a 13% 16 a 18% 19 a 21% 21 a 23% 22 a 23% Média 14 a 16% 18 a 20%21 a 23% 24 a 25% 24 a 25% Abaixo da Média 17 a 20% 22 a 24% 24 a 25% 26 a 27% 26 a 27% Ruim 20 a 24% 20 a 24% 27 a 29% 28 a 30% 28 a 30% Muito Ruim 26 a 36% 28 a 36% 30 a 39% 32 a 38% 32 a 38% Nível /Idade 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65 Excelente 13 a 16% 14 a 16% 16 a 19% 17 a 21% 18 a 22% Bom 17 a 19% 18 a 20% 20 a 23% 23 a 25% 24 a 26% Acima da Média 20 a 22% 21 a 23% 24 a 26% 26 a 28% 27 a 29% Média 23 a 25% 24 a 25% 27 a 29% 29 a 31% 30 a 32% Abaixo da Média 26 a 28% 27 a 29% 30 a 32% 32 a 34% 33 a 35% Ruim 29 a 31% 31 a 33% 33 a 36% 35 a 38% 36 a 38% Muito Ruim 33 a 43% 36 a 49% 38 a 48% 39 a 50% 39 a 49% ANEXO 3 MASCULINO FEMININO Pollock & Wilmore, 1993 Percentual de Gordura Corporal REFERÊNCIAS • FOX, E.L.; BOWERS, R. W.; FOSS, M.L. Bases fisiológicas da educação física e dos desportos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988; • Somatotype: Definition and Measurement. Disponível em:http:<//www.mysomatotype.com/body-type/?page_id=58>. Acesso em: 23 jul. 2015; • MIQUELETO, Bruno C. Métodos de Avaliação e Controle da Composição Corporal por Meio de Exercícios Resistidos e Aeróbios. Universidade Estadual Paulista, 2006; • HEYWARD, Vivian H.; STOLARCZYK, Lisa M. Avaliação da composição corporal aplicada. São Paulo: Manole, 2000. P. 242; • MACHADO, Alexandre F.; ABAD, César C. C. Manual de avaliação física. 2ªed. São Paulo: Ícone, 2012.256; • ESTRELA, André L. Medidas e avaliação em educação física. Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2006; • POLLOCK, M.; WILMORE, J. Exercícios na saúde e na doença. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993
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