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SOC-Karl Marx

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1 
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f,~:,óLoG;A 6sP...Jil E :ru~Í ili~ 
ffiôf~ (i:O.f,JARLê:> MAL01te1Z 
KARL MARX 
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.. ·: ' . ·~ .. ' . : • •• ; ' ; . ''. ·, , • ~ • ·: 1 ( • • • 
• ' • ·.~. • ". • \, ,1 .' :' ' ~ •. 1 ,. ~ . ,J' .' ' ~· 1. • : ; i . 
· · < O ·país mais desenvblvido''industrialmente mostra aos 
· . que o. seguemna·escala industrial·a imagem do seu próprio 
..... :· : .... futur~ ... Mesmo qu~dç.uma·socieda~~ chega a desçobrir a 
pista .da lei rJatura~ que preside ''." .s~u movimento ... , ela não 
pçxie ültrapa~sar dé um' Salto nem abólir p6r mei? de·d~cre­
tos as fases do.seu desenvolVimento natural; pode, contudo, 
reduzir. o período de. gestação ·e minorar os males· da sua: 
gravidez .. 
·o capital 
•· .~refác;:io! à· 111 edi~~o: i:\,leil}~ 
"·. t'.'I'. 
·para anàlisar·o pensamento de.Marx proeurarei res-
ponder às.mesmas questões form:i.lladas ~propósito de 
Montesquieu e de Comte: ·que interpretação:Marx dá de 
seu ·tempo? Qual a sua teoria do conjunto social? Quat a 
sua visão da história? Que relação estabelece· entre so-
ciologia, filosofia da história e'política? Num certo sen-
tido,· esta exposição- não é mais difícil do que as -duas 
preceqentes. Se não existissentmilhões de marxistas, 
ninguém teria dúvidas sobre quaiS;teriam·sidoas-idéias 
diretrizes de Marx.·· 1 .• · · · ·' :·:: • • ";> ·. +. 1 • · 
· · '·Marx ·não é, como disse Axelos·, o filósofo da-tecno~ . 
logia. Também não é; como pensatnmuitosi o filósofo.da 
· alienação1• Antes de mais nada, é ó sociólogo e·o econo-
mista do regime capitalista~ Marx.tinha ·uma. teoria so'."' 
bre.esse regime~ sobre a influênciaqt.ie exerce sobre:os 
homens e sobre o.devenir pelo qua~ passará.: So.éiólogo 
e'economista do .que,chamava de·capitali.smo, .não.Unha 
uma idéia precisa do que seria o regl:trl.eisociali:;ta,,;~ não 
se cansàva de repetir que o homem n~pQdia.çonhec~r 
M'""óõo<:; -·-·~· .. ·-·-"··____;L-_.., ________________ ~â~~~--------------------
. ~ . . . 
· .. .- .... -< .J; 
. j. 
186 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
o futuro antecipadamente. Não tem multo interesse~ 
portanto, indagar se Marx foi stalinista, trotskista, par-
tidário de Khruchtchev ou de Mao. Karl Marx teve a 
sorte, ou a infelicidade, de ter vivido há um século. Não 
deu respostas às questões que formulamos hoje. I'ode-
mos procurar respondê-las por ele, mas as respostas 
serão nossas, não dele. Um homem, sobretudo um so-
ciólogo marxista, porque, apesar de tudo, Marx tinha 
algumas relações com o marxismo, é inseparável da sua 
época. Perguntar o que teria pensado Marx significa 
querer--saber o que um outro Marx teria pensado no 
lugar do verdadeiro Karl Marx. A resposta, contudo, é 
possível, mas é aleatória e de pouco interesse. 
Mesmo se nos limitarmos a expor o que o Marx 
que viveu no século XIX pensava sobre seu tempo e so-
bre o futuro, e 11ão o que ele pensada de nosso tempo e 
de nosso futuro, essa análise aprese:ntará dificuldades 
particulares, por muitas razões, algumas extrínsecas, 
outras intrínsecas. 
As dificuldades extrínsecas têm a ver com o destino 
póstumo _d_e Marx .. Hoje, quase um bilhão de.seres hu-
manos são ·instruídos numa doutrina que, com ou sem 
razão, se denomina marxismo. Uma determinada inter-
pretação da doutrina de Marx se transfo~ou na ideolo-
gia oficial do Estado russo, e em seguida dos Estados da 
Europa oriental e do Estado chinês. 
., .. ·· .. ·;· 
Essa doutrina oficial pretende oferecer uma inter-
pretação autêntica do pensamento de Marx. Basta por-
tanto que o sociólogo apresente uma certa interpretação 
desse pensamento para que, aos olhos dos que seguem 
a doutrina oficial, passe a ser visto como porta-voz da 
burguesia, a serviço do capitalismo e do imperialismo. 
Em outras palavras, a boa-fé que, sem muita difkulda-
... ;~~ ·-~~<- ~>.· ·:. 
,.··~:.· ,f\ 
'·-.'.;;,k:{-
OS FUNDADORES 
de, me é atribuída quando se trata de Montesquieu ou de 
Auguste Comte; alguns me negam antecipadamente, 
quando se trata de Karl Marx. 
, Outra dificuldade extrínseca provém das reações 
à doutrina oficial-·dos Estados soviéticos. Essa doutri-
na apresenta as características de simplificação e exa-
gero inseparáveis das doutrinas oficiais, que são ensi-
nadas sob forma de catecismo a espíritos de qualida-
de heterogênea. 
Por outro lado, alguns filósofos sutis que vivem às 
margens do Sena, por exemplo, e que desejariam ser 
marxistas sem precisa.r retornar à infância, imaginaram 
\ · uma série de interpretações do pensamento último e 
profundo de Marx, cada uma mais inteligente do que 
a outra2. 
De rriinha parte,, não buscarei uma interpretação su-
premamente inteligente de Marx. Não que não tenha 
um certo gosto por estas especulações su:is; creio, po-
rém, que as idéias centrais de Marx são mais simples do 
que as que se podem encontrar na revista Arguments, 
por exemplo, ou nas obras dedicadas aos escritos de 
juventude de Marx, escritos de juventude a que Marx 
dava tanta importância que os abandonou à crítica dos 
ratos3. Por isso, farei referência essencialmente aos tex-
tos que Marx publicou, e que sempre considerou como 
a principal manifestação do seu pensamento. 
Contudo, mesmo se deixarmos de lado o marxismo 
da União Soviética e dos marxistas mais sutis, encon-
traremos algumas dificuldades intrínsecas. Estas difi-
culdades se relacionam primeiramente com o fato de 
que Marx foi um autor fecundo, que escreveu muito, e 
que, como acontece às vezes com os soci~:ogos; escre-
veu tanto artigos de jornal como obras de tolego. Tendo 
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188 
AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
escrito muito, nem sempre·disse a mesma coisa sobre os 
mesmos temas. Com um pouco de engenho e'de··erµ.di .. 
ção é sempre possível encontrar, sobre a maioria!dos 
problemas, fórmulas marxistas que não parecem.con-
ciliáveis ou que, pelo menos·, se prestam·a diferentes 
interpretações. . . , , ,, " .. _ .,.i 
·Além disso, a obra de Marx comporta'.textos de tecr.-
ria sociológica, ·de teoria econômica; de história; e/:às 
vezes, a teoria explícita que se encontra·nesses·escrit0s 
científicos-parece estar em contradição com a teoria im-
plícita dos seus livros históricos. Por exemplo: ·Marx 
esboça uma certa teoria idas classes sociais; ·contudo; 
quando estuda historica~nte a luta de classes na Fran+ 
ça, entre 1848 e 1850, ou o golpe de Estado.de LuísNat 
poleão, ou a história da ComW1a, as classes que reconh~ 
ce, e que coloca como· personagens do. drama, não são 
necessariamente as que:havia indicado na sua teoriav: 
Além da diversidade·das obras de Marx, é preciso 
levar em conta a diversidade dos períodos em que.fo,. 
ram escritas. Dístinguem~se em geral dois períodos pffi). 
cipais. O primeiro, que é chamado de período de;ju
7 
ventude, compreende os· trabalhos escritos· entre· 1841 
e 1847-48. Dentre os·escritos desse.período, algunsfo. 
ram publicados enquanto Marx ainda era vivo, ensaios 
e·artigos breves, como a.Jntrodução.à criticada filosofia·;do 
direito de Hegel, ou o Ensaio sobre a questão judaica. Os ou ... 
tros só foram publicados depois de·sua-·morte: A'Publi· 
cação de conjunto é de 1931. Foi a partir dessa data que 
se desenvolveu toda uma literatura que reinterpretou·o 
pensamento de Marx, à luz dos escritos de juventude.' 
Entre esses escritos, encontramos umfragrnento·cte 
uma crítica da filosofia do direi to de Hegel, um texto·in-
tituladoMan uscrito econômico;..fifosófico, A ideologia alemã~ 
.. l .. -....... , ...... . 
OS FUNDADORES 
.! 189 
··' 'As obras mais importantes dessé,período, que já 
eram çonhecidas·desde·~uito-tempo, incluem A sagra~ 
·da famflia e .. uma polêmica· contra Proudhon intitulada 
· Miséri~ da-filosofia,. réplica do livro-de· Proudhon: ·Filo~o. .. fia da·miséria; .. :· · .. · · .... , ",.," ", ..... 
Esse período de juventude se encerra.com Miséria 
dafilosofia e com.à pequena obra clássica intituladáMa-
ni/esto ·comunista~ ·obra-prima da 'literatúra sociológica de 
propaganda, na qual encontramos expostas pela primei-
ra vez, de maneira tão lúcida q~nto bri~nte, as idéias 
diretri.Zes de Marx. Contudo, A ideologia al~ãi-de 164~, 
marca também uma ruptura co~ .. ~:.f~:se anterior;., 
A partir de 1848, e até: o -fim,. dos :seus.dias;:Marx 
aparentemente deixou·de ser filósofo~.tornando-se um 
sociólogo e, sobretudo, um economista~ A maioria dos 
que se· dizem hoje mais ou menos· marxis fas tem a pe"'." 
culia,ridade de ignorar a economia política do nosso tem:" 
po. E uma fraqueza da qual Marx não compartilhava. 
Com efeito, possuía admirável fonnação econômica, co-
nhecia o pensamentO econômico' do seu tempo como 
poucos. Era e quer'ia ser um economista, no sentido ri-
goroso e científico ·do tenno. '. · · · · ·.. , ·' 
,. No segundo·período da sua. vida, as.duas obras 
mais importantes são um texto de·1859:intitulado .Con .. 
tribuição ~criticada economia política e,. naturalmente, sua 
obra-prima, o centro do seu pensamento, O capital. 
· · ·Insisto no fato de que Marx é, antes.de mais nada, o ~utor de O capital, porque essa banalidade é; hoje, ques-
tionada por homens muitíssimo inteligentes ... Não há 
som?ra de dú~ida de que Marx; que tinha por objeto 
analisar o funcionamento do capitalismo e.prever a·sua 
evolução, era; a seus próprios olhos e acima de qualquer 
outra·coisa, O·autor de Ocapital. · . · ." .. ·. · '· .· · · . 
'··.'.'". 
. "1 .. 
,i .· 
'190 
... 1.: 
,,, .. 
AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
. ., / .::.; ... Marx tem uma certa visão filosófica do,devenir his-
tórico. É possível, e até.mesmo provável,. que tenha dado 
um sentido .fi10sófico às contradições do ·capitalismo. 
Contudo,·· o essertcial no ,esforço científico de Marx foi 
demonstrar cientificamente a evolução, a seus olhos ine-
vitável, do regime capitalista: . 
Qualquer interpretação .. de Marx que não encontre 
um lugar para O capital, ou que seja capaz de resumir 
esta obra em algumas·páginas, é aberrante com relação 
ao que o próprio Marx pensou e pretendeu. 
Naturalmente; pode-se sempre dizer que um gran~ 
de pensador se equivocou a respeito de si mesmo, e que 
os textos essenciais são justamente os que ele não teve irt- . 
teresse em publicar. Mas é preciso estar muito :seguro da · 
própria .genialidade· para ter certeza de compreender um 
grande.autor d~ modo tão superior ao do próprio autor. 
Quando não'. se está tão ·certo. da própria genialidade, é 
melhor.começar compreendendo o autor do modo como 
ele próprio se compreendeu, isfo é,. no .caso de. Marx, co-
locando no centro do marxismo. O capital, em lugar do 
Manuscrito econômico-filos6fico, rascunho informe, medío-
cre ou genial, de um jovem que especula sobre Hegel e 
sobre o capitalismo, numa época em que seguramente 
conhecia melhor Hegel do que o capitalismo. 
Por isso, levando em tonta os dois momentos da 
carreira científica de Marx, tomarei como ponto de par-
tida o pensamento da maturidade que irei procurar no 
Manifesto comunista, na Contribuição-à crítica da economia 
política-e em.O capital, reservando para etapa ulterior a 
procura do substrato filosófico do pensamento históri-
co e sociológico de Marx .. 
· . .. Finalmente, fora da ortodoxia soviética chamada 
marxismo, há muitas interpretações filosóficas e socio-
). 
1 
OS FUNDADORES 191 
lógicas de Marx. Há mais de um século, escolas dife-
rentes têm a ·característica comum de afirmar sua filia-
ção a Marx e dar versões diferentes ao seu pensamento. 
Não tentarei expor aqui o pensamento, último e secreto, 
de Marx porque, confesso, não sei qual é. Procurarei 
mostrar por·que os temas do pensamento de Marx são 
simples e falsamente claros e se prestam, assim, a várias 
interpretações, entre as quais é quase impossível esco-
lher com segurança. 
Pode-se apresentar um Marx hegeliano, pode-se 
também apresentar um. Marx k~ntiano. Pode-se afir-
mar, como Schumpeter, que a interpretação econômica 
da história nada tem a ver com o materialismo filosófi~ 
co4. Pode-se demonstrar também que a interpretação 
econômica da história é solidária· com. uma filosofia 
materialista. Pode-se considerar O capital, como o fez 
Schumpeter, como uma obra rigorosamente científica, 
de ordem econômica, sem nenhuma referência à filo-
sofia.· E podemostambém, como o padre Bigo e outros 
comentaristas, mostrar que O capital elabora urna filo-
sofia existencial do homem no campo da economias. 
Minha ambição será mostrar por que, intrinse-
\:;.>" ,·. camente, os textos de Marx são equívocos, o que sig-
('·,. · nifica que têm.as qualidades necessárias para que se-
; . . ·: - jam comentad'os indefinidamente e transfigurados em 
'{f ~.· ,\. . orto~~~~\eoria que pretende tomar-se ideologia de 
movimento político, ou doutrina oficial de um Estado, 
deve prestar-se à simplificação para os simples e à suti-
leza para os sutis. Não há dúvida de que o pensamento 
de Marx apresenta, em grau supremo, essas virtudes. 
Cada um pode encontrar somente o que pretende6• 
Marx era incontestavelmente um sociólogo, mas um 
sociólogo de tipo determinado, sociólogo-economista, 
i 
1 
\ 
\ 
\ 
L 
192 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
1 
·\ 
convicto de que não podemos compreender a socieda~ 
de moderna sem uma referência ao funcionamento,do 
sistema econômico, nem.compreender a.ev.olução do sis;; 
tema econômico se desprezamos a teoria do funcionai 
mento. Enfim, como sociólogo, ele não distinguia a :com~ 
p~eensão do presente da prev~são do fu:uro ~ da ~e~ 
terminação de agir.~Comparat1vamente as soc10logias 
ditas objetivas de hoje, era, portanto, um profeta;e:ull1 
homem de ~ção, além de um cientista. Talvez, apesar . 
de tudo, haja o m~rito da franqueza em não negar ~s 
laços que encontràmos sempre ligando a in:erpret~çao 
daquilo que é e o julgamento do que devena ser ... ·:· · 
A análise socioeconômica · 
do capitalismo 
·.1'.::.' 
• ~ • 1 
; O pensamento de Marx é uma análise e uma com: 
preensão da sociedade capitalista no seu funciona:i1en-: 
to atual, na sua estrutura presente e no seu devemr'.ne-
cessário. Auguste Com te tinha desenvolvido uma t~a 
daquilo que ele chamava de sociedade industrial; isto · 
é, das principais características de todas as'sociedades 
modernas. No pensamento.de Comtehavia uma.oposh 
ção essencial entre as sociedades do passado, feudais, 
militares e teológicas, e as sociedades modernas, indus~ , 
triais e científicas. Incontestavelmente Marx tambén't ' 
considera que as sociedades modernas são industriais 
e científicas, em oposição às sociedades militares eteo~ 
lógicas. Porém, em vez de pôr no centro da sua futer-
pretação a antinomia entre as sociedades do passado e 
a sociedade presente, Marx focaliza a· contradição.:que 
lhe parece inerente à sociedade moderna, que ele cha· 
ma capitalismo. 
OS FUNDADORES 193, 
. . . :.~ 
Enquanto no positivismo os.conflitos· entre traba· 
lhadores e empresários são fenômenos marginais:1 im-
perfeições da sociedade industrial cuja correção é rela-
tivamente fácil, para Marx esses conflitos entre os ope--
rários e os empresários ·ou, para empregar o vocabulário 
marxista, entre o proletariado e os capitalistas são o fato 
maisfa\portante das sociedades modernas,· o que revela 
a natureza essencial dessas sociedades, ao mesmo tem-
po que permite prever o·desenvolvimento histórico. 
· O pensamento de Marx é uma interpretação do ça-
r~ter ·contraditório ou antagônico da ~e.dade.capitalis,.. 
ta. De um certo modo, toda a obra de M~ é\uri esforço 
destinado a demonstrar que esse caráter contraditório é 
'inseparável da estrutura fundamental do r~gime capi-
talista e é, também, o motor doni..ovimerito histórico. 
. Os três textos célebres que ~e'_próponho analisar, o 
Man.ifesto c~muni~ta~ o prefácio.~ª Con~ri~uiçqoà crítica 
da economia política e· O capital,· são. t_rês maneiras. de ex~ 
plicar, de fundamentar e preci~ar esse· caráter antagô-
nico do regime capitalista. · ' .. · . 
. Se compreendermos· bem que o centro do pensa-
mento de Marx é a afirmação do cará~er contraditório 
do regi.me capitalista, entenderemos imediatamente por· 
que é impossível separ.ar'o·sodólogo'.do'homem de ação; 
já que·deµlonstrar o caráter:antagôruc'o dO' regime capi-
talista leva irresistivelmente·a anunciar·a~autodestrui­
ção do capitalismo 'e; ao mesmo·tempo; a incitar os ho-
mens a contribuir com· alguma ·coisa para a ·realização 
desse destino já traçado. ' · · · · · · · 
O Manifesto comunista é um texto que; se quisermos·~ 
podemos qualifkar de não-científico. Trata-se de uma 
brochura 'de propaganda, mas nele Man( eiEngels apre-
sentaram, de forma sucinta, algumas· da-s··.suas. idéias . 
cientüicas. · .. . . .. · ·"•·· " ', ,, 
,.l,. 
AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
_, .. ··o tema central do·Manifesto,comunista éa luta de 
classes; .'. .i'·. ,; .. · ·'•): .. ,. ·.:f:i .e .. · 
A: histórlâ ;de. toda sociedade: até nossos dias !é'a: 
história ·da -lu.~a ·d~ classes~ Homem livr~ ·e.-escravo, pa~ 
'trfcio·eplel:fet1,·~arão .. e,s~r\rq.1,mestre·de'9ff.cio e compa-, 
. nheiro_, ·numa,.palayra .. ,. ;opressores ·;e, qptjtµidos ~e ;en-: 
CO!;ltrárarn ·:Sempre;. em: co~st~te'. ;9posição,. travaram 
uma luta sem. ,tt:égua, or.a. c{isfarç~çla, ~o.ra. :abe.rta,. que .. 
'termin~va 'sexnpre. por :urna' ~ansformaçã<?.. ~evoluci6..: 
.. , :nária ~-~t~qa:,a>s?O.edaél~, 9?-,·~~~ãp p~la. '.ruí~a, das di-
. versas elas.ses em luta. '(Manifestp comunista·, in Oeti-. 
vres, t.1, p. 161'.) : .. " . . . - ..... ; .· . . . . . .: . . : 
• f • • , 1 • .1• : .' •• ' '.; • ~~ ;' ' ' ' • : ~ 
Ei~.aí~··po~ta.~to,;a;prÚl\~ifa j_aéik~ 4éÇi~i~á de Mar)(:: 
a hist6ri~.hu~a1l~.s~iÇaraÇl:etiZa',p~la ~ufa de ~pos hh-
rnª~?s~ qµe'Chamare~ps d~sses, sociais,, ru,.ja d~flniçãp, 
que'..P,'or,::et\qµ~ritQ .. pefjna'ne_cé éqµ{yo~a'.,, 4ni)>11.ca,. uma 
du·p1a:.càl;-ac~enstica;; por .um 1ado, :a.d~ .. comportar o· án:. 
tagonismó 'dos opre~s'óres e .do.s opr~dq~t~1;.por.o~tr? 
lado, de.t~nder,~.;uma;pplanzação ~ dois.b1ocos, .. e so-
mente em dois.<.; . , ·~ .:, ;: .:·, ( ., .. ·,. ·; . : . :·., 
Todas as sociedades .$endo divididas em.classes.ini-
migas, a s,oci~·dad~·ah.ial, capitalista,\não.,é.difere.nte das 
que a preceder;.àm.'.No ... êntanto, ela apresenta.certas ca~ 
racterística~ nqvas.·;;,1 ;;!. ;, ··i. ,, -;.:: ···:·:. '..·.;., ,·,;, r , 
·, Para :c01;ne~ar1. a :l?urgt:tesia, ~asse dominante,:é in-
capaz de ntanter.\seu .reinaci~ .. sem,revoluciqnar perµ1a.~ 
nentemente os instrtfinentos da ·pfodução./~A burguesia. 
não·pode existir.';. escreve-Marx» .'~sem transformar cons-
tantem~nte'.·os ins'trümentos de produção;: portanto as 
·relações· de·produÇão,·portanto o conjunto das condições 
· sóciàíS. Ao-contrário,_ a:.primeira. condição da existência 
de todas as classes industriais anteriores era a de conser-
65.FUNDADORES 195 
vatinalteradoo·antigo modode1produção; .. , No.curso 
do;seu .domínio-dedass.e, que ainda não tem.um.sécu".". 
lo, a b-.irguesia criou forças produtivas mais maciças-e 
mais~colossais·do qµe.as'qt:e-haviam sido criadas por 
todas.as:geraçees·:.do·passado, emconjunto." (Ibid., PP• 
164:.eJ67.)7·Por:9::itroladoj-as.forças de produção que 
lev:a,rão.ao. regi:ne socialista estão em. processo-de ama-
duredmento dentro da::socied~de atual.· 
(,,.,,,:No .Manifesto:.c-Omunista são.· apresentadas dµas 
formas da contradição.característica,da sociedade capi-
talista; que; aliás,:encontramos· também nas obras cien-
tíficas,de Marx.-~.,, , : .,:;,,, .. ,, · . ; , 
~':.:' .. A prirnêira é a;contradição· entre as forças e. as rela-
ções,;.de, próduç·ão.~· A:bürguesia' ctia · inces·sant.emeNe 
·meios de prod·iÇão mais poderosos:.· Mas .as: relações de 
pr_oclução;isto é~',ao que parece, aofüesmo tempo as re-
lações::de proprieda9.e:.e.a· di~tribuição. das rendas;,não · 
se,tr.a.:tsformarn no· mesmo ritmo. ,O.regime capitalista .é 
capaz:de. proó:,izir ,cada vez .mais .. Ora, a despeito desse 
aumento:das.riquezas, a miséria continua sendo a sorte 
da~maioria. ~:)., . ,,. .... ", .. ~ _ 
. > .i .~ Aparece assim.uma .. segundafonnÇt·P.e contradição, 
:a·'que,existe.entre,o-aumento das riquezas e a miséria 
crescente da,J:taioria~Dessa.-contradição sairá, .. um. dia 
':ou:otttro1:uma.crise:revolucionária.Oproletariado,que 
!constitui ·e. constituirá ·:cada;.vez mais'.a· imensa. maioria. 
: da.populaçãor;Se Gonstituirá em dasse,·isto é, numa uni-
idade socialque=aspira.Homada do poder e à transfor-
rnação,das reh1ções .sociais. Ora, a revolução do prole-
. tariado será .diferente; por sua .. natureza, de.. t_odas_.as 
·revoiuções.do.:passado. Todas as revoluÇões do passado 
·eram feitas por:. minorias, em. benefício de minorias. A 
·revolução do-proletariado.será feita pela imensa maio-
•· •• • ... ·u·~ ~·':.~~~ :.,.1· 
.. ·: .. :···::: .. 
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l!..von 
196 AS ETAPAS DO PENSAMENTOSOCIOLÔGICO.):,:j.~i\~ 
. ~~/ .. ~;~ 
ria, em benefício. de todos. A revolução proletária mar..; ··.<~~ 
cará assim o fimdas classes e do caráter antagônico da \;,~~l· 
.. r···· r. ... sociedade capitalista·. · ··: ·'.· · • · · · .: ·;:: .::un.~. i:i ,<'J. -s~: 
Essa-revolução, que provocará a-supressão;simul~·\;~;: 
tânea do· capitalismo· e das classes, ·será obra-:dos<pr.ói:·~~'.~(~: 
prios capitalistas. Os capitalistas não podemdeixaritlé 0::+: 
transformara organização social. Empenhados>nmna· ;_>,~,~+: 
concorrência inexpiável,.não'podem·deixar:de:autrü:~ri~:·.~~{;: 
tar os meios de produção, de ampliar ao mesmo.te.n;:iPt? · ~;.}'-' 
o númerodos!proletários·e sua miséria.>::.: ;:' .. fi;.:r;f · · 
O caráter'eontraditório:do·capitalismo semanifes~ 
ta no fato de que o crescimento dos meio& de·produçã~~ 
em vez de se traduzir pela elevação do nível-de"tjdúios _ .. ·. _ 
trabalhadores; leva a1um duplo processo.de'proletai-tt ··,}? 
zação e;pauperização~· ::· ·' .,:·,, .. ::r ;'. ·:.: . "/.'.'. :,r;: ~.!'l~~..ifIT: .·'."\ 
· ·Marx não· nega" a· existência· de.muitos: grupo&~ter~ · -· ,._. 
rnediários entre· o&.ca-pitalistas-e·os:proletárioS., com<S1a~ ... : .: 
tesãos, pequenos,_burgueses, comerciantes, camponeses1 ... . 
proprietários de terras. Mas faz duas .. afirmações::quej ·· 
à medida que evolui o regime capitalista, ·haverá;;uma· · 
tendência para a cristalização das relações sociais·•em 
dois - e somente dois -·grupos·,. os pr-0letários'e<os·capi- ·· 
talistas; que duas - e somente-duas ...;.classes·represen;., 
tam uma possibilidade de regime,político:e uma:idéia 
de regime social. As classes intermediárias não têm ini~· 
dativa nem dinamismo·histórico. Só.duas cla8ses têm 
condições de imprimir sua marca na sociedade. Urna é 
a classe capitalista e a outra a classe proletária.· No dia 
do conflito decisivo, todos·serão obrigados· a. se alinhar, 
seja com os capitalistas-seja com os· proletários.· 
· Quando a classe·proletária tiver·.toinado·o poder~ 
haverá uma ruptura decisiva com'o•c·urso da história 
precedente. Com efeito, o caráter contraditório de todas 
.. · :· 
as sociedades conhecíd~,·até o pres~ie ... Jt~tá:&i.(;&q.p~­
·r~cido::-Marx escreve;::- .. :: · .i "li- ".•·:1.! :;:I;;,.i: '.':~'..::-.;;~!·,r:'); .• ~')~'·)~ .. ; ~.i 
.. t·:,.:i· .. ·.·~:·· .... · ~ ."'.·!·~~·~:· .... ~· ._., ,;: .. _' .f_.~._:;.·:··: ' .. !:·~ .:.; •·-·~t:t.:~.~ 1.~:.; ; .. :l.:.:· (::.~·l~<:t.'.C""... 
·.>· .. ·.,: . Quando, nQ 191fsO do.desenv;ol~~~to,.9~~mta$9t 
.nismos de.Classes tiver~m desapar~cido e tod,a.~ p,rociH"' 
r :. ção estiver,conc~ntrada nas mãos c;i9~ in~ivíci;uos'asso-~I ~. . ci_ados, o po4ei público perderá ~eu ç~r~ter po~ítlco. No 
. -~~. sentido e.strito do te~o, o 'pod~r 'polític<?,1 é'. o' poçi·er or: 
L.J .. ; ganizado de· uma classe para a opressão de uma·outra. 
e,, -:'.:·Se, na lut~ coritra·a burguesfa,'o·proletariado'é forsado 
-:.: '!; i a se unir em ·uma classe;· se, através-de uma ·revolução, 
" ".':ele se constitui·em dassedominante-e,."iCÓmo1tal;-abole. 
·. · ·: ·pela violência as· antigas relac;õestde .produçã0:':-ríentão, 
ao ~uprimir o sistema de.prqch.i~q,.e,lç,~}JJ.'ajl}a .. ~9-~J=~" 
• ·1-. mo tempo a~ q:mclisõ~ de ~~ffi~.:49·~?-1t~g9nismo 
", ; ... de cl.~e;.e11~, ~q.s1:1pri~ ~ ~~~~ ~1:1' g~ptl, .e~!-r.eli:­
. ,. .. mina pelo m~~<? at9 Sl:la pr6P.Ii~ .~oPlm,~<;~o c9~9 <:las· 
:.: >: .. ··se~ A an~g~ .SQcied~.de' b~guesa; ·co~ ;~~~.~las~ ·ê .~~us 
·· ·:conflitos de Classe; s'erá substituída'.poruma"assoda-
:-.·i.;;: c;ão em que'o· livre :tiesenvol\rhnentà-de'.'càda um:será a 
• •· · 
1 condição do' livre ·desenvolvimento ·de todos:·(Manifes:.. 
: ·' · ._.to comunista; in Oeúvres; t: l/pp.1182.-3~)·;;: · .' · : "·:: '· :.~, 
• '.J 1 .. \~·. -. ; :' .. ,. " ··'' ~ { ,:'} ,..,,f ·:'. : 
.. ! ·,,, .'.~: .; . ... • • ( • ' .... ~ j i ' 
· : ... · · Esse 'texto:.~ bem· caracteriStico.•de-.·um: dos temas 
essenciais da teoria. de Marie~ A tendênciados:.escritore~ 
do começo· do;·século XIX é··corisiderar<a vpolitica· OU· o: 
Estado como um fenômeno sectindário-em~relação,aos 
fenômenos essenciais,·econômicos!oµ·sociais·JMarx par-
ticipa desse· movimento· ·geral; .'.também ; .. ele~ co:µsidév<i 
que a .política e o"iEstado são fenôm~nos se.cund;ários., 
com relação· ao que· acontece.na s.ociedade. •): · · · , _,. ~,. · · 
. , .. Por ·isso· apresent.a o ·poder politko--'omo a exp.res-:-
são dos conflitos.sociais .. O poder palíti,ço:é1o~x,n~i9 pelo . 
qual a ~e dominante, a C:asse,explQfr4P~-ê"~,~t~P'.}. 
seu donumo e sua exploraçao! .. ~ .,.;,:. H ~·1:~f.~3 ~:~ ~ .. •. :.;;:/.,'. ···Jbs~ ~. 
....... 
. ·. \ .......... ::·. 
''·.:?' \. 
' 
:.;~? ii' t,;~i]·; 
é'J:'!)'$ AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÕGICO ;t~(~: ' 
· · n .. vNesfai-Unhà '.de .ra.ciodnio-,·.a .. supressão- das contra~ ·:\~~ 
dições de classe deve levar logkamente·ao desapáred• ,.~,,~í:. 
menta da política~ do Estado, pois políti~a e Estado são, )K: .. 
ria1 á.p~·rê'nciâ, o· isubprodtito1ou à expre~são d~s ~onfli- :Nt~; 
tôs.sôdais .... ,~ ·: .:·,, ·. · ... ..,.,. ,·.·.:· ... ·:y/~ 
··. ·'Ess·~·s sã6 os :tema'.$ .da' visã:Ô histó'rka e também '" .' 
dá p~opáganda,.polític~i'de ·~çl~ •. 1rat:à~~e. d~ .ti~,a, ex-
pressão. sifI1.p1ifi.ca'da, .mas.ª çl.ên~~ de)~fap<. Je,m .. por 
fim. demon.sÇ:-ar rigorosament.e ,essas. proposiçfü~s: o 
ca~áter a·nta-gônico··:d~hsociedade":capitalista1 a auto-
destn1ição· dnevitável dessa .. :sodedade:contraditória, 
a explosão· revolucionária que:porá:fim:ao .caráte.r an-
tagônico 'da sod:edàd'é;atual. · ·,·,,;.·:- · . . ~ ·. " ' 
Pottànto; b ceritto do pensá.tneritb de Máh< é a ;tnter-
p'refa~ã-é>'do fegimê ~ap~faHsta co~o'_t?~tra~itóri~~ isto 
é~ .. dó!riina?.o peJ~ ~\lfa <?:·~ ~asse~"~Y.gti~·t.~·c.omt~ con-
siderava ql:le-fa~tayft:Ç.C?.!l~enso;à S<?P~cia~e do:se.t\ tem-
po por causa da:justapos~ção de il)S,tituições· .qu~ vipham 
das sociedades .teológicas e feudais~ insti~ções.da so-
ciedade industrial., Ob.servando à sua volta.·essa .falta 
de consenso, procurava no passado os princípios de 
·consenso; da$ sodedades históricas. Marx. observa,· ou 
pensa observat,.a luta,de classes na.sociroade.capita-
lista, e ,encontra ;eirt ·diferentes sociedades~ históricas. o 
equivalente à·luta:·de,classes do .presente .. ; ·. 1 : .1 .: , ... ! : , 1 
.. · · : Seguhdo.Manc,· a.fota de classes tenderá a uma.sim~ 
plificação. Os diferentes grupos;sociais:se po~arizarão 
em torno da burguesia:•etdo proletariado; e é o desen-
volvimento das foi'ças produtivas qu~ será ó motor ·do 
movimento :histórlcoi .levando,.·pela proletarizac;ão e 
pelâ -pauperização1 à, explosao revolucionária· e ao sur-
gi!Wento,. p'ela1ptfmeira vez na: história, de ·uma socie-
dade não"'.antagônica. · · · · 
'(Zs' FUNDADORES T99 
·""~i~ .. ; r}\ partir desses' tém,as .g~raiS da, interpretação füstó-
'nÇãHe Marx~ temós duas tarefas a cumprir, dois funda-
~~füos.·~ .b~scar. Em pri~eiro lugar, qual é, n~ pensa-
. .-'.mêrito de Màrx, a téoria ge:ra.l_da, sociedade que explica 
··a.~ c.9~t!âdições,d~ ,soCi.eciade atual eº· caráter antagô-
.nkq) .de. todas ·as sociedades conhecidas? Em segundo 
.lugé}r, rqual :a, estrutura:,: qual. o· funcionamento, qual a 
revolução da sociedade·capitalista 'qUe'explica a luta de 
:dásses e o· final·tevohidonáriô do regime capitalista? 
, ·fün 'outras' palavras; partindo_ dos temas marxistas 
·que 'encontrainos n:o'· Mánifesto 'comunista, p::-ecisamos 
'explkar: ...... ,·.. . , .. , . , 
f~\.,, .: ~ . .a teqrfa géral da sodedade, isto é, aquilo a que 
se. chaµta vulgarmente materialismo histórico;, 
-.·.;1 ."'.'"as idéias econômicas essenciais de Marx, que en-
.Cóntramos em O capital.· ·, . 
· · .: O próprio Marx, nüm ~exto que é talvez o mais cé-
lebre 'de todo$' os· que' e~c~eveu, resumiu o conjunto da 
sua.concepção sociológica'. No prefácio da Contribuição à 
êtttica.da economia. p9UticC1: publicada em Berlim, em 1859, 
eie .assi.in se exprime: . . :,'.p· 
.·!_1. . . \ 1·,, 
Eis, em, poucas:palavras, .o resultado .geral a que 
cheguei.e·que,.uma.vez.alcan:çado,.serviu-me·como fio 
....... condutor para meus.esttidos.·Nà.produção social da 
sua existência, os homens .. estabefeceni.. relações deter-
,.i 
. minadas, necessárias, independentemente da sua vcm-
tade .. Essas relações de produção correspondem a um 
certo grau ·de· evolução das suas forças produtivas ma-
teriais·: O conjunto de tais relações forma a estrutura 
. econômica· da sociedade, o fundamento teal sobre o 
. qual se levanta um edifício jurídico e políti~ ... º' ~ ao q':1al 
re·sponderh formas determinadas da consc1encia social. 
.f: 
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+_ .. ·1 !' 
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200 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCJOLQ,GJÇ(J 
' \ 
O modo de produção da yida material do~a em ge-
ralo desenvolvimento da vioa.sodal,polítiça e.in.~~c, .. 
tual. Não é a consciência dos homen_s q\le çiete~na 
sua existência, maS, ao contrário, é suá existêricia Soç4il"· · '~ 
que determina a· sua consciência:·Num certç);grâli 1 ~~ 
desenvolvimento, as forças produtivas materiais da só:-,. ; 
ciedade colidem com as relações de produção :existent:· ··. 
tes, ou com as relações de propriedade dentro:<:las1qi:iais · · 
se vinham movimentando :até aqúele. momento.,;_e.-que .. 
não passam da sua express~o jurídica~. Essa.$ condiçpe~ · 
que ainda.pµtem. efam formas qe ~esenvolvl,m_en~o das 
forças produtivas se transfprmam agora em s~ios obs:-.· 
táculos. Começa então uma era de revolução .~()~~~l.·_·A, 
transformação dos fundamentos, econômicos é acom-
panhada de mudança mais ou· inenos rápida em todo . 
esse enorme edifício. Ao consid"erarmos'tais mudanças, 
é, preciso distinguir duas ordens· de coisas~ Há a trans• · 
formação material das condições de produção ,econÕ:-. 
mica, que se deve constatar com o espírito rigoroso'.das 
. ciências naturais.· M~s há também as.:fonnas juriçiicas, 
políticas, religiosas, artjs*as, .fiJos~ficas, eµ\ .~.um,q,1~~- ·· 
. formas ideológicas com as.quais os homens:to~ ·cons~ 
ciência desse conflito e o. levam· até o. fim_: Não' ~e j~lg~ 
uma pessoa pela idéia· que tem de si própria; Não se jul~ .. ·. 
ga uma época de revolução de acordo com a consciência 
que ela tem de si mesma. Esta consciência pode ser mais 
bem explicada pelas contrariedades da vida material, 
pelo conflito que opõe as forças produtivas sociais e as 
r.elaçõesde produção. Nunca uma socieçiade expira an-
tes que se desenvolvam todas as.forças produtivas que 
ela pode comportar; nunca· se estabelecem relações de 
produção superiores sem que as condições-materiais da 
sua existência tenham nascido no próprio s~io,da anti-
ga sociedade. A humanidade nunca se propõe tar:efas 
que não possa realizar. Considerando mais atentameJ;l-
te as coisas, veremos sempre que a tarefa surge lá o·ndê 
as condições materiais da ~ua realização já se formaram, 
OS FUNDADORES 201 
. ; ou estão em via de· se criar. Reduzidos .a: suas ·gra:ndes 
·:. i.. linha1s, os modos de prQdllção-.asi.ático, antigo,·.feu.d.aLe 
burguês moderno ~parecem come;» _époc~~ prçgressiva~ 
, , da. formação. econôAAca ~ soçiegaqe~, p..s. r~la.ções de 
.. : . produção burgue~ são a última fonri.a antagônica do 
'. ~· · processo.social da produção. Não se· trata '!-qufd~ um ~n­
~-, :, .. tagonisnw ~dividual; nós o entençiemos·antes como o 
.·.·.•.produto das'condíções sociais dà ·~xi.Stêricia· .. dos""indíví..; 
.~.- '. !,. duas;· mas as· forças· produtiva!;; que- se desenvolvem- no 
· .: ·seio da sociedade burguesa 'criam ao mesmo·; tempo as 
, ·. ·, condições. materiais 'próprias para• resolv~:· esse: antagCh 
.. ·. nisll\O•· Corp ~se .sistema sociaJ, ·ence~ra.-se, pq.r:t~to.,~ 
pré·história da sociedade~~· _(Co~t~~ição à.critica. 
..... ·,_da economit:' polítíCfl, lntr~~q, ~np~~res,, ~· I,. PP· 2~·~.) 
: · '.·- ·Encontramo~· ~essa: pas~ag~~ :iq.qas· a~· id~4is es· 
~nciais da interpretação eco.n,ômíc~ da histótja1 cpm a 
úiúca rei;erv~'de ciue.nem a.~o<;ão~4e·~.aSSes nem oc.on· 
ceito_de luta de dasse~ ap~rece~ ~~·explicitamet:lte.~ No 
entan~9 é fácil_.remfrodu;zi~lqs ~essà: CC?µ_cepção. ge~al; 
•• ' • • ... j • • ' • ; -i 1 • • • • ' "t ' ~ . . . 1 ' • • • ' • ' 
' ' . 
. ·.1) Primeira idéia e idéia:.esseridal: os' homens en· 
tram· em relaÇões· d'eterminadàs;··necessárias>. qu,~ são 
independentes da sua vontade. Em outra.s palavras, 
convém·segufr o movime~to' da·história·analisarido a· 
estrutura das sociedad'es; as forç'as~dtf pro4üÇãc»e· as· 
relações de produç~·o; e não adotando· como:or1gem da 
iriterpretàção o inodo· de· pensar dos ·homens·. Há -rela-
ções sociais que se impõem aos indivíduos/não se·le-. 
vando em conta suas· preferências~ A 'cOmpreensão·do 
processo histórico está condicionadai··à· compreensão 
de tais relações-sociais·supra .. individuais;.k., ... : · }z,,. ~ · '. 
· ·· 2} Em toda sociedade podemos--; distinguir-a· b'1:se 
econômica,. ou infra.:.estrutura, ea:superestrufu.ra. A pri-
meira é constituída essencialmente.pelas-forÇas e pelas 
,·I. ·,• ' 
·.,, · ·· .;: . · ./r··A:··.·_;i~:. 
. ~ . \ ' . "· 
:202 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
rela'ções,de·produc;ão;,na superestrutura. figuram as ins-
tifuições1jütfdicasie·polfticás; hem como: os modos de 
p'ênsa:r;:~s~H:l~bro·gi~üWâs filos'ôfürs; ··~· ~·:· ·· .:'.-, · ··. · 
·. ·. ·"3FO~mofut··trô-,,füó\limeftttfhistótiêó· ê a corttradi-
, àd;)em 'ê~cHt füorrieti t6. }fa' ní~tóriâ'·· ·énfi~ eis fof as e as 
;eíaÇões: ~~:.P:r?f~~Çã(j~',f\~ J9!,Çil{\Í~ Pi~dUÇãO ~ã~, ao 
que.parec~,ie~s..endahn~l;l.t~ ~ Ça..pacldade;de,ur~ú-tcerta 
socied~de-~de }ptiodµziri ~apaczidac;\e:que é- função dos. 
con~ecimentos·: científicos·,·,do.··ap·arelhamenfo técnico, 
da:própria·organizaçã·o·do-trabalho·coletivo,.: As· relações 
de1'·~oduçã·O,'t'.J.tt~.tfãó:ap·a·r~cê~·de'firtifüt~'precisâmen­
te. nesse texto, pa~éel;ri t.ãtàcteti:Zàda~ 1essendalmente 
pelas rêfações"'dé 'p'roprledâd.ê;:'E'.*is'te~\ ê6m'efeito; ~- fór-
mul_~; __ !11as fel~$<?~~~ ~.e. p:~~Bç~oJ.·/~~!s;~e~~~~~-.ou aquilo 
q~~- é ape·n~~ ~~a~e".'J?f.~~s~·~.jlitfdrçar~.$ f.~lâÇões de·pr~-: 
pr~edad~ d~~trc» 4~~(qtiaiá .. elas '~~arairl ·~te· àquele frio~ 
meri~ó11 • ê.~h,fud~~,·a~' r~l~Ções·_~e.·ptdãuÇ~ô.não se ·~·ori- · 
fundem rt~E?Ssarlamentef con\ a$}elaçõ~ .d.e \:>ropriéda~ 
de,' ou, q\üincio: füeti.<is~ as· relaçõés d.é· prO'dtição ·padeft\ 
incluir também a tiistribuiç~o da renda nacional, mais 
: • ' ; • , • ' : • • ... J .. • • ~ ' . • • • 1 ·~ • : ·. • f ·.. ' • 
ou _me~os estre1tat_nent~ ~etet:J;l1~~da,peias relações. de 
ro riedade .. , ' ~ ' . . . . . . . < ' .· . • ' . . • ' p p. . . :. "I' ·•··;'·•·, ,. r• ... •. •·•···· ' ... ,. 
· ,·_)3:m 6utrasp~l~vras~·'à'êiiàlétic;a,da história.lcons~ 
titúfda pel~ inovim~~º: das ~orç~~. p~odutjy~s, ,qu~ ~IJ.~ 
tram ,em.coni;adiçã_o~--~--~~rtas épocas ~eyolucio11árias, 
com.asrel~c;ões.4~ . .prl?dtição,.is.to -~; ~~-n.to .. a$·r~lações,de 
proprieciad~ .e~~~'~. dis.9j.l?~çãq 4,a feJ:?-4.él 'e;ntre. os.in-
divíc1uos. ou grµ.po~ d.a, c.oletividaçle . .1 •• . 1 •• 1 • • . , . 
·,. _;.4):Nessa çontra,.c;liç~o.:;el,'ltre fórças e relações de.pro-
dução: é fácil introduzir a1uta de classes,...em~ora o texto 
não: Jaça :alusão.~Basta: cons!derar. que nos. período_s re-
volucionários;.isto· é,. nos .. períodos-de contradição entre 
forças e relações.de produção1.uma·classe:estáassociada 
·~ ·~~·::»l.'. 
-:~'ti( .. ·'. . ' 
.(·· · 'OS-FUNDADORES 
~-~:·'.: 
203 
-~,~~~. 
M~\: ãs~anffgas relações ce'produÇão, que· constituem um 
;:,f: .. ,obstáctilo ao des"e±wo:vimento'das forças produtivas, en:.. 
'.f.J·.- >·q\íàntó\ot.itradasse ·é próg'ressiva~ representa novas rela-
fE.:::. Çfü=?s·dé"produçãoque_, ·enrvez de serem um obstáculo no 
áit:· 'Cart'iinhb do desenvolVimertto de forças produtivas, fa• 
7f ·vBred~rão;ào~máximcfo desenvolvimento dessas forças. 
)~: ,,;J!:.Jl'à~iseittos-dé$~aáf6nnu1âs absti'atâs 'à iriterpretaÇão 
'L::' d:oi éapttalismo:·:_N'~ .:s6d~dade ·capitalista, a burguesia 
ti"· êstá.:àssociâtfa"à'prõ~êdadé'p'riva_da dos meios de pro-
'·· dtiçã({é, pó_r is~d-fi\e§riid,_~ uma certa distribuição da 
tenda ri'adonal .. Eh\ contrapartidà, o·proletariado, que 
~ÇJ~Stj.~~o.outr~.-pólo <:l~ ~odeciaqe~ ,q~~ representa.uma 
,._, ~titr~ .. ·~rganizaÇã'ô 4-a· ~ó letividade, se. tórrtá, num certo 
rhómento. dá hisfóriâ; 'o r~pre~enta11le .. de"uma nova 
. org®,i:Zaçãó. da. sÇ)êie4ade:,_ prgar\i~~ç~b:-qué s~rá ... mais 
p*O-#e~s1v,a .. 9:c),qti.ê~~--~rgâ~às~(, .c~?~t~~isfa. Es,ta nq~a 
qrg9-ni,zaç~o rria!'c.ará,.uma.fase. ulte~?r ~o prosesso his-
tóricà,J.J,111. des~iivohjmentó :mais. avançado das forças 
p~od~tivas. · · · .~ .' ..... , i . .!. i , , ; .. · · 
~~ >·. ~?>t~ssa di,alética das_ fo~ç~s .e das relações da produ-
ção.sugere .uma teoria das. revoluções., Com efeito ,.den-
tro dessa visão histórica, as revoluções.não são aciden-
tais" mas sim a. expr~ssão .de uma .!'\ecessidade histórica. 
As revoluções pree:nchem,funções necessárias, e se pro· 
duz~m quando ocon.e~,determinadas-condições. · 
, ;; .. -~As .relações-de produção-capitalistas se·desenvol-
verarU. a princípio• :no· seio da sociedade feudal. A Re-
volução Francesa se realizou no -inomento:em que as 
novas .relações de produção capitalistas atingiram cer-
to .grau de maturidade. PelO' menos nesse texto, Mar~ 
prevê um processo análogo para a pa_ssage~ do. cap1:.. 
ta1ismo ao socialismo.· As forças de produçao devem 
desenvolver-se no seio da sociedade capitalista; as re.;; 
. ·.: .. ~ . 
·: ~·:- .. 
'· ~ " 
~: '•. 
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204 AS ETAPAS DO PENSANiE.NTO SOCIOLÓGICO 
lações de produção socialistas devem amadurecer den'." 
tro da sociedade atual, antes que se produ~.a revolu; 
ção que marcará o fim da pré-história.da humanidaqe! 
Em função dessa t_~oria da revolução, .a II ~~rna9o~ . 
nal, a social-democr.acia, se in,clina~a para \.l~~ atitude. 
relativamente .. -passiva~. g.ra preciso. o amadurecime~t9 
natural das forças e.das r~la,ções de produç~o.do fµtu-
ro antes que oc_prre.sse.~a ~evoluçÃo:·Marx dii.qu,e . .a.hµ7 
manidade nur,tca coloca" prqble~a? que nãºo. pqd;~ r~­
sol ver: a sodaFdeiúocrada tinh~ 'medo' de r~~lizar a 
revolução cedô d0e~ais. - é po! isso:.~ti~~' qile. ~l<t .~u~~ 
ca ·a realizou. · · ' · -.. : · · · .. ·.. · · · .. 
. 6) Nesta int~rpre:~élçãohistórica, Marx ·não. distin-
gue só a infra.e' a·supérestnitu_ra,·m~s também a ·reali~ 
dade social e a consciência: não é a' consciência dos hó;. 
roens que deter~ina ·a·realidad~! mas; ao cÓnfyá~io, é a 
realidade soda,l qu~· detern:ima.·sua consdência:Daí a 
'concepção 'de conjunto segundo a' qual é preciso expliw 
car a maneira de·pensar dos homens pelas'relações· !:.\à-
ciais às quais estão integrados. ·· · ·· ·),'., ... 
· Proposições como essa podem servir de fundamen-
to para aquilo que hoje chamamos de sociologia do co~ 
nhecimento. · · ,,. · · 
7) Finalmente, o último· tema que está incluído no 
texto: Marx esboça, em largos traços, as etapas da his-
tória humana. Assim como AugusteComte.distinguia 
os momentos do proc.esso do devenir humano segun-
do o modo de pensar, Marx distingue as etapas da:his- ! 
tória humana a· partir-dos regimes.econômicos. Dete.L·!" \ 
mina quatro regimes ou, para ,empregar sua termino-
logia, quatro modos de produção:: o asiático, o ant.igo, o 
feudal e o burguês. 
Esses quatro modos de produção podem ser divi-
didQs em çlois grupos: 
OS FUNDADORES ''(• .·, ... 205 
Os modos· de- produção 1 antigo,;,feudal»e. bu,rguês: 
. se.sucederam. na história do Oddel\te: -Represe~am as. 
três etapas da -história ocidental~ ·caiiacterizadas pot·.d~· 
te.rininado tipo -de relações· entre oshomens.que,traba-. 
lham. O modo· de produção antigo .é caracterizado pela 
escravidão; o. modo de produç~o. feudal; pela·seryiQ~o;. 
omodo de produção burguês, pelo trabalho·assalal'Ía"'. 
do .. Eles constituem três modos ~t41tos..:d~_e.~p~~r_~ção~ 
do hon:wµ\ pelo hpinem.· O DJ.09.o .de, pi;~ \l.Ção. l;>_urg\lê?: 
constitui a úl~ima· fonµação· sotjal .~t.agôI1;ic~ p~q'L.f~,; 
ou na medida .em qu~, ·º ~od~ ~~ p~od~ç~Q s~~hili.~~, 
isto é, a associação dos produtoi;-~s,:nã9 ·U)~i.$. ;impliça .a: 
exploração d9 homem pelo .ho~eror~,~µpp~qJn~.ç~o, dos 
trabalhadores manuais a. uma cl~s_s~ ... de~ento.~~. d_a. prq-:: 
pr.i~daçle do? mei?~ d~ produç~o·~ 40 pqder ,P~litico:. 
. ·Por outro lado, q. modo d~ prod~s~o as1~ticQ nao pareee constituir uma ~tap~-da.hist6ri.a. do Ocidente. Na. 
v~rdade, o's · ~rMrp.retes de. M~~"t.êrri 'd.i~ç':ltido 'incan-· sav~lmente ·a .réspeitQ. da:. ul'\i~~de~~1· qµ J~l.~~~ dfunida~ 
dé, do process~ l)istórico~ ~óm ef~itq~ se q modo d.e· pro-
dução asiático caracteriza uma ci~ação"distirita cl.a ~o 
Ocidente, é pr~vável que várias liri,J:µis'.dé' evb~uçã'O:J:ús­
tórica sejam possíveis s~gundo os grupos hµrrt'a:q?s~ ··· . 
Além disso·, o modo de prddüç~ó aSiático' não!pare:-· 
ce definido pela subordinação de escràvos,"de·servos 
ou assalariados a uma classe prQprietária dos,meios de 
produção, mas pela subordiriáçã(> de ~odos·~.~:trabalha­
dores ao Estado. Se esta i_nterpretação do· ·modo de pro-
dução as~ático·é correta, sua estruhlra~sodat não:seria 
caracterizada pela luta ·de classes; no:;sen~ido ocidental 
do termo, mas pela exploração de tOda a sociedade ·pelo 
Estado, ou·pela classe burocrátk~a~.::'. ·:~'. J r1 J:( •. 1·'~'->d.:. <~> . 
· -Percebe-selogo"o uso que-se·-pede;dar1à:noção:.de 
modo de produção asiático. Pod~se·conceber querno 
206 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
, 
caso: da··socializa~ão:·~os,fueioS'\d:ecpr0'd.ução; ·o capita-
lismo não.co~dtfZaJPataiiffim.de toda à exploração/ mas·. 
para·a:difusãctdo·.mo<i<Yde-ipróduçãó:asiátko,:ppr toda; 
a .-htunanidadet@s-~sociólogos~queinão·:são~favóráV.eis ·à; 
s·ociedade · soviétk:éf. ·Tc:ómentá'rarh·::extehsàmfulté ~taS'. 
reférên.~ia§.;rápidis~àd:~rnôd~de'prOO.tlÇãb"asiático.,'Ch~· 
gá'r~írh~mes:i:riQ<a{ ettcohttattrto~ esttitós'êl~~l:Jênln~i~r.fas' 
páis~a~11.s·~ft\.1q:t:i'ê: ~lE!·rfoanife§taVa: o''terilbt'déqae· t1-mà 
tevc;1ução:·i5&clalis:ta '.ievassé nã<'.fao·fim·-d.a._explota<;ão 
do:'liô'inem~·p~1<.rli~h\êtfi~:mag;.ã:"füshila<s4ã'ô1 tto~rrtô&crde· 
prôduçã~'·asíáti~o/tir~fid~~aféoridu~ões de' 6rdem'l~oL 
líticâ~fádfü~rde1adivirütai-8!·! ,)i/;· 1 ,::. ,;_, ·.,.: ..... 1i: .i·." • .... :i · • ; 
, ··.: 
1
-: E§~~srsã·o~irg1:tfiêtf v~ejà·~:ta~l~s.fffré~ek' tl"t~ üri1~'írt~ 
rétp~~t,âçãfr'~rre~1cl\'ijla··l\i~i6trà.t N:ã6 ~co!rfüiinos; 
á r~ .. ã~·: ur;-.- · ·tabfü'h-Uis ·fildáófi<:ós"cómpri'c'attb~: cah~· ·· er~ 
· \#it~r -M~ ... , ~-ti~~~füt~& fê~~~ .~1tfêtprétâ'~ã8: 6.solidári!, ou ~~ô tc&rfi. tfua-, ;rh~fufisiéa '. tt\â'têrfa1ishi :~Q"iiái 'o" séh'tid8 
e'~ã(9.~Cit!~,_'.:~~·-~w~~;Ãffl~~~:a&:i~tm~ú:tl~l~~ê,~~ tJ·~·, ~ó~ iri~n.tó· ~:suf.f clettt~ iltt\Hahnb~fibs à:s· idéfa~ furiêfamen~· ~~t~~~~~~t~~~§~~~;;~6~'.~· 
mfr:~~~s~~~~ .. ~ .. d~. ~uBei:e.~tm~.r:a. Pº.~~ .lev~r. (~ .t~m,. levado)~a ~d1setis~õês .. irifirid'ávéis •.. · .. '. · ~ . L. ·
1
\.,, ,: .. 
· ,:. ·'.····:~"--~'.'.~.i· . ." ' .. :'. .. /:n· .. ·,.,.~1"•":; '. "·;-_ <\.,'.,: :· :.:.~·: ~.'.·'. .. , .·.'; :·: :i ·_, · · ·;; ,, · ··: · 
~· ,:-~ '.·:;:!::!·~,:";:: ~;:~; '.,~~ 1L:;'.;:~:~~.:": q~~~p~iai;;~:;'.:·:;,.~·:/~i:·:~.;::;;.;,., .. f·:.:. '.«·. ::~:._ :.1:.:; 
:."".:.~(! <<·~ ,~~l··,~;;lft· ;;,.-~""'! r:~t,~:;1 .. ~··~·"":t;··:.>l)~-.~ !·:.~?.;:.·~'..,·'r?:: ~<;.~::\~~thf.) :· .-· .. : . .. · .. i_ ~'.· 
-.)·:1·;P.Rapital.~~i;n~~dQ·Objeto .. ~e;~()iS"t.ipos'-çleinterpr~:-.­
taçã0.:,:,Seg:lt:~'q0,~·~guJ.1S(~çqmo $chumpeter, .-é!es~encial.-" 
mente~.µma,~·obra",pe<;eçonomia .. çientífic~~.:sem-implka ... 
ções: .. filosóficas· .. Segund-0.-outros~;;como~o,i'aqre Bigo~ 
por·~emplokéuma'.,~~pécie de~análi~e .fenomenológica 
OU: existencial;da-.economia, e algumas· passagens que .se 
OSFUNDADORES,. ' 207 
pr&ta'fi\ a uma 'iriterprefação filosófica, como oêapírulo 
sobre:ófenehismo das·mercadoriasrfomeceriatri a· cha~ . 
ve:·dô'~pensamenfo. dê;Mânc Sem ::entrar nessa·.:corttrb-
Vétsia}".direi qüà:hémiriháin ter.pretaçãO ;pes'soal. •· . 
.Gr~io, qt'ie.:MairX:;:se~.cdnsiderava .um :economista· 
deritífico,. àmãneira:dos:economistas ingleses em,que 
se:'baseoú. Càm·efeitó}.elêàcreditava ser herdeiro e crí--
tico· da·"economia-política: inglesa: Estava convencido 
de.ter.;captad6 o·:que·havfa de melhor naquela econo--
miaf,~ôrrigindc»-lhéoS~erros eultrapassando suas limi-
táçõe§/'àtribúíveiscà'.perspectiva capitalista ou burguesa. 
A'.o,analisar.·ô va:Ior;a trota/ a exploração; a mais"'-valia~ o 
lt:ú:ro1-:Márx se cblocàcómo econorriista puro. Não lhe 
ocofteria justificar·u-m:a proposição científica inexata. ou 
cfisctiffv.el:invotanüo· .. uma intenção·filosófica •. Marx".le-
vãva·a~sérioa,ciência/ :: ·;., 
-T·;'.;.Contudo, Marx.não é.um económista·dássico, por· 
razões 'muito predsâs:;qtt.é ele próprio revela; e qtie nos 
permiteirt."comptêender.onde.se·sifua 'süa obra. 
, i.; :·.;Mane critica ós:éconoinistas clássicos .por, terem 
corisidefado q~é·a.~:-leis·t.da-: economia ;capitalista eram 
t,in~versalmente :,válidas~';Üra, ,para ele cada regime eco-
nôitiic~ tem.suas; própriasrleis.,As; leis econômicas dás-
sicas·:não .passatri~'nas·drdlnstândas· ém,·que<são. ver-
dàderras, de leisdb regimêcapitalistá;·Matx:passa assim. 
daddéia:dé uma· téõria~ecbnôrnicá universalmente válida'.:' 
pani'a··idéia do caráter espeófico·das leis de cada regime. 
,:;: .. : :~,~:Pór.cmtro lado; ufa regime econômico não pode-ser 
~àrripreertdidcr·âbstraindo-se sua estrutura social. Exis-
têniJeis'·econôrii:i'céts cáraderísticas· de cada regime por-
qué~.ás, leis ec0hômicast-corts'ti tuem~·à · expressã~· 'ª bs-
trata7de relações.Sociais que definem um determinado 
módõ de prod uçã'ó. Nô regime capitalista; por exemplo I 
.. ' ··• ~'. 
ri, 
·.·1 ~ 
l 
., 
1111 
208 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
é a estrutura social que explica o f~nômeno.capitalista 
essencial da exploração; e que;determina ·a autodestrui-. 
ção inevitável do·.regime capitalista.·:· '· · .... ' · · l 
O resultado é que Marx asswne como objetivo expfü 
car o modo de funcionamento do regime capitalista, çom 
base na suaestrutura;social,.-eo desenvolvimentcidesse 
regime, com base no·seu·modo defoncionamento ... Em 
outras palavras, O capital é um empreendimento. gran.;.; 
dioso e- digamos num sentido·estrito.--um empreen~ 
dimento genial, destinado a'explicar simultaneamente 
o modo de funcionamento, a estrutura social e a hlst&. 
ria do regime capitalista; Marx é um economista que 
pretende ser também umsociólogo • .A compreensão do 
funcionamento do capitalismo deve·permitir·compree11-
der· por que os homens são explorados no regime· dà 
propriedade privada e por que esse· regime está conde-· 
nado, por· suas próprias contradições;· a.evoluir.;no·sen-
tido de uma revolução .. queo:destruirá:· ·; ;_,._.·, ... ·;· ... · ..... , 
A análise do desenvolvimento e da hlstória do. ca• 
pitalismo proporciona também uma visão·-da históri~ 
da humanidade através dos modos de·produção. Oca~ 
pital é um livro de economia que:é, ao mesmo tempo, 
uma sociologia ·do capitalismo e ·u.ma hlstória filosófica 
da humanídade, embaraçada nos seus próprios confli-
tos até o fi111 da pr&-história. . · ",:. · ·· : · "" .-.··:: ;. 
\ Uma taltentativa éevidentemente g:randiosa;.·mas 
\ acrescento imediatamente que não: creio que tenha dado 
l certo. Aliás, até hoje, nenhuma tentativa· dessa· ordem 
Í deu certo. A ciência econômica·ou·sociológica:de·hoje 
l.i dispõe de análises parciais :válidas do modo.de'funciCh '.: namento do capitalismo, dispõedeanálises soàológiças ", válidas dacondição·dos homens·ou dasdasses numr'e--\ gime capitalista, dispõe de certas análises históricas que 
L~-
OS FUNDADORES .209 
··~plicam a transformação do tegim.e capitalista, :mas 
não existe uma teoria-de conjunto·que vincule:, de modo 
-necessário; :estrutura- social, modo.·de.funcionàmento,. 
:destino dos .. homens·.ne regime, ev.oluçãq ·do -regime··~ 
se não existe uma teoria que consiga abraçar o :con}un-
!-to talvez seja porque.esse conjunto.não.exista.e.a histó-
ria talvez·não seja tãa·r~cionalie\l\ecessárié~.~ ;·: .... - · · 
· . ..De qualquer forma,.compr.eenderO.capita.l.·é com-
·preender como Marx quis analisar•o funcionamento-e.o 
· devenir do regime. e .descrever a .condiçã9.1dos home.t:l.p 
-no, interior do regime. ·, .~ '. .. ,: ;· :•;. :.·• ... :J.:.~.ru> i. .• . ·: 
, ~ , · O capital compreende três li~os.i:Só::.O"primeiro foi 
.publicado pelo .próprio Marx~·GsJ..iv.r~s:Il.eJilsão.póstu~ 
mos. Foram,extraídos por ·Engels,dos.volumosos ma-
nuscritos de .. Marx, .e não foram.. terminados; .. Ai; inter-
pretações· que encontramos·nosJivros. u,efilse-.prestam 
-à-contestação,·porque algumas'passagens.podern pare-
'.cer contraditórias. Não pretendo.resumir ·aqui ·o .conjun-
to de O capital, mas não me parece impossível s.eparar 
os temas essenciais. que são;_aliás,:aqueles ,que Marx 
considerava os mais importantes,·.e :.também.0s que ti-
veram maior influência na histórl.(J.. :;:: ·.~ .. ·· ~-. .\!'_;., .. _.,i •.• 
: ·O primeiro desses temas.é quea:essência·da;capita-
lismo e, antes-de tudo, a.busca do.lµcro. Namedidaén 
que se baseia na propriedade·privada dos;instrumentos 
de -produção, o· capitalismo está fundamentado também 
na.busca do ·lucro ·pelos .empresárip$· ou prcdutpres. .·.· 
··:· ~.-Quando,;na.s1:1a última obra,·Stálinescreveu.que a 
lei fundamental do capitalismo era a ·busca do lucm.rná.-. 
ximo, enquanto alei: fundamental do .. socialismo;era;a 
satisfação das necessidades e a elev.ação;do:níveL'cultu-
ral qelas, ele .levou, ·evídentementei o pensarnenuJ:de. 
AS ETAPAS DO PÊNSAMElVI'O•SoaoLóGICO 
:•Marx-do: nível'do\~O~l;tp~rr,pa~aio1lúvek~ti:~nsi-. 
·:rin··.primário;'.mas~~ão:.hár4ú·yid~;d~'q_tre~;~terott.o. tê~ 
rrta inicial ·da;análise~mar.xiSta1.que":vamoin~ncontrar nas 
;primeiras~págin .. as3:le:O.:ap#trl/~que·1Ma~,opõe,dois · 
tipos de,.:troc;a?ii :~ ,-:-.;.1.:i.~ff)~~f~{~ .~~;:.\·~:iq_~. :::~;;_{'! u ;1.7<:,.i ;.: .. ;_:.,-,;;·, ~ 
··< .'..;·. ·Existe-.um·tipo(.:de/.~ta .:que'.:V.abda: .m~rçadória;à . 
mercadoria~"'pàssru;rdo.r9fr,nã_q,,peltj~dil}p~iT;ôr:.Possµfu;los 
um'.hetnfd~;.q;úer:r:t:ão:~az~os .nso1~troG:~ni~lo. pô~ ,.um 
.. bemtdeíque:~emosi1l'epe'ssidad~~;enhegando:.,o:.b.em··que 
opos~uítnos:àq~l~_qtre o des.ejai?Qucu,lqG>J:SS:Of.Sê op.era:-de 
modo:direto1. tr~ta~~ 4.e.uma.sim.ple~.troca\Ma~·~sa tro-
;cà ,pode~~tteitadiE?'!lllodo.indiietot:;PQrintetm.édio: çlo di-
· nheiro ;>quê :éd;equiv:álénte \ttl:tl:~r:s~l;qa~.merc~dorias. 
<· r.' :,1 A.1 :-trm:ahque<·*.al::·í~~itrherc~d'Gti_~n?t:·~me~adoria: é, 
·potlé~se.qizer~trotTc;l~diatamente\~nteligítrel~imedia~ 
.tament~··hufü.arlài~a-si~:fan1:~énr.ti\otra.;q~e.~ãoipropor~ 
ciona-lucro·9.u~~edef!:te~;Enqµanto.-pa~samoS;da.;m:er­
cadoria·paraa·m:er~d,oriartmantemO-nos:rtti.ma ·relação 
de igualdader 11·:~~~n ~. •.i:;t:·Y\ bq \ !.>!..t:·~..;. ·/..~.,~:.. . • ~.:.~ 1..íl ,, fi ~ .l.'·>1,":; .• · .• ~ ·: 1.: ;i. ·:/. 
:1 ·::::.'<.\,Contttdó~h~·r.um~.segundp,tipmd~ :troca·;:;que.:vai do 
·dirrheiro·ao·,dil\P.éiro,:·passàndo pela mercadoria, com a 
particularidade de qt:re;no"fim~dó.proc:esso·:dMroca pos-
suímos:. uma_. quantia; ·em. diphell'.o- superio~ -àquela da 
fas~::inidali':Este· ·tipc>-~ ~e.:troca .que,.vai :do~·.dinl)eiro .ao 
dinHeiro.passando\pefa mercadoria~ característico. do 
capitalismcrúN.~~pi~alis~o;;ó~empre~ário: .. oa prpdutor 
:nãd.p~ssal·demnur: tn~Cádqria~qtj~:éfaútil.~pàra ele:para 
ouh'.a qlr4:1he;,é~útil;.po'r. int~rm&!fo. do dinh~; .a essên-
cia .da-,.troc&:eapttallsta':c()n~iste '.em passar do.-dmheiro 
·ao« dinheiró.:passahdo·1'ela mercadoria/para ter,rno fim 
do.procesfoJ~ais.dfuheiro.do.que no ponto:dE=partida. 
--;:·:\~;Para MatXpéste~é'o tipo defroca .. capitalista~por,·ex­
·çelêndayercr;m~is: misterioso. Como -é .. possível adquirir 
:'.~:.·. 
·~.·:.:,,~. 
'OS FilNDADORES . > · 2.'tl 
' 
re!~'~ócá~~qtl~~ft~? :s:~·~p~ssuíá; oÚ; quando·~ertos;'f~r 
1tíáís:d:o·que·o.que se'.finha''nõ~ponto de partidà?Üpfó-
'bl~à>prirtdpal.ild<:~tpit~lí'smo, segundo Marx, póderia 
ser assim formµlado:,.qual a.:~rigemtl.o luctô?'Como· é 
~po5~Wel ~-irt~-re·~:~·:~-·qti~~o.motôt·es~endalda.·a.tivi­
~~de;:~ .. :~,bus'tá::~~.luthl.eém.qúe,.e~:suma, prodütores 
-e: c~nrerdéint~S'.podetrt lticrar? , .::> ·.. · i :: ,'·,, . , . , ·' : 
~-:;?, ~~~./~v1arx··êstáçqtive~tjdo tl~ ql:le:tetrt uma resposta pl~ 
namé~te-sati~fát~rlà-parâ' essà qüestão. :Com·a 'teoria da 
·J;rtai~iyalfa ~l~:d~J.1.\b~Strá\CJ.ü~: tüdo é·trocado: pelo seu 
,~atO-t/e'que·;,:ifo·;~~t~h~o;-~xiste uma ·:fonte·de 1ucték' ~-
! ::·.'.· As,etáp~s::~'fFS~.fa'd.e~onstr~ção:sã·n: a.t,eqria do va.~ 
for :do~~salárit>.:e;.~pó'f::::fim;'..aJêo~~ d~:füâis~valia .· . '· · · :: · . 
r~~;; \~f.rime~a'.P.fà.\!'RSiç~t); -o:V~lptd~~_qpalquer'mercado~ 
.. ~ 'éf··df:'.:írt'ôdç>;,get:at~ptqpbrd()ha!:à· q~antidade.:de trà-
balhôysoci.a:lm'édic;,,:nelª'·contida.-E o que chamatnbs de 
tehtia do ival6r.-tràba.1i\o'•·,:~: , · · ·.< • . . :. ' · . : : · ·: . . " · · 
.. i' ;. ·M~r?' .. não:-pre.tênd~.·::êiue~a:Je1 <lo,valor· seja··rigoro-
~.atttênte:re-speitad~;em.=tocia! e:qualquer trbca. O preço 
-d~·umámercaddrla;osdlàiabaixo·.e.acima do.seu valor 
·em, ,função d.ô,-e'.stàdo.da·of~rta e-da' d.émanda. Marx ·não 
sÓ conhece> essas'. Vâtia~ões ·Cbn1Cf afirma claramente a 
si1a.~x.istê~da;-·PÓr ôutroJat;l.e5.reconh~ée que as merca-
dbriá·s SÓ: têrrt y~lôt))'.a·l)1.edida ;ein· ·que-existe uma d·e;. 
~and~. po~ ~~ás~,~Em>_o~tt9s· t.ennos~' se ~hóuvesse· tra ba-
lhõ'cristalizad0:nütf\a :ni.ercadori~, mas nenhum podet 
~e :~oinpr_a.:foss~ .. dirigidc>. a ela~' e:staimercadôtia>já não 
feri'àNalor; isto é, ·a\própordonalidádé·erttrê o valor e 
ti>:quantidade-'de, trabalho pressupõ~, por: assim dizer, 
nina detn~nd.a:n0rmal da mércadoriá considerada: Isso 
equivale, em sufua~ à ~eixar de lado um dos fatores das 
variáções.do preço.da mercadoria. No entanto1se s~po:.. 
. ri\os ur.:ta0:demandanormal para a mercaddria cons1de-
f 
··~·_..,, ......... ·· •' .~ ... ':!., ..... ~.~.~'f"., .. '\'º"'· .... ;.-1: .... • . ..-..... ··;.·,·1· •, 
1: 
:.:.lt 
~ · ... 
\ ! 
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1 
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\ 
212 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SO.ÇJOLÓGICO 
rada, existe, segundo Marx, uma certa proporcionali-
dade entre o valor dessa mercadoria - .expresso no p~e:J \ 
ço - e a quantidade de .trabalho social médio cris~alizado 
nessa mercadoria. · ... ,. 
Por que é assim7 O argumento.essencial que Marx 
apresenta é o de que a quantidade de trabalh.oéo úni-
co elemento quantificável -que, se descobriu .na .merca .. 
do ria. Se consideranw.s o v~.lor .de .uso, estamos ·diante 
de \lffi elemento ,rigorosamente qualitativo . .Não:é,po~ 
sível .comparar'.~ uso de uma caneta,co:m.o de uma bi:-
cicleta. Trata-· se de dois usos estl".itamente subjetivos e, 
sob esse aspecto, não podem ser comparáveis .um com 
o outro. Como procuramos s~ber em que .consiste o va-
lor de troca das mercadorias, pre.dsamos e.ncontrar um 
elemento que seja quantüic.ável,·,como o próprio. valor 
çie troca;. E, ,diz !v1arx, Q .'Ún.ic.o valor· qu.antificável é a 
quantidade. de trabalho que est~Unserido, int~grado, 
cristalizado .. em cada.uma .dela~;, . ,.. · _, 
Naturalmente existem diliculdades,.que.Marx ad;, 
mi te igualmente, a saber, as desigualdades do trabalho 
social. O trabalho do operário não qualificado e do ope-
rário especializado não têm o me~mo valor, ou a ·mesma 
capacidade criadora de valor, que .otrabalho·docontra-
mestre, ou do engenheiro. Admitindo essas ·dif ere~ças 
qualitativas de trabalho, Marx; acrescenta que ·para re-
solver a dificuldade basta reduzir esses diferentes tipos 
de trabalho à unidade que é o trabalho social médio._· 
Segunda proposição:.o valor do trabalho po~ ser 
medido, como o valor de qualquer merc.adoria; Q sa-
lário pago pelo capitalis.ta ao trabalhador assala.riado, 
como contrapartida da força de trabalho que este últi-
mo lhe vende, equivale à qu~ntidade de trabalho social 
necessário para prociuzir~~do.rias indispensáveis 
OS FUNDADORES 212> 
à vida do' trabalhador e·de sua família; O ·trabalho hu-
mano é pago pelo'seu valor,·de:acordo;com·a iei:~eral 
do·valor;"aplicável a-todas as mercadorias·. · ::J:. :: · ":- "· · 
· ·; · Mfrxapresenta essa proposição como_· evidente· P?: 
si mesma. Ora~ normalmente, quando se toma uma afir, 
mação como evidente,- isto· si~ca ·~ue:ela Se pres ~a. a 
discussão. ' :· i : . .. /; ,.~ " 1 >. ' . " : ~ .. ; ·, ; :.1 i ': • ': ~" (', n (. ' ...... ' .: . ' . ' " 
... · · ·Marx. afirma: .. como o· operário chega; ·ao:· mercado 
de trabalh~ para vender sua força de trabalho; é·i:>reci.;.. 
so ·que ·ela ·seja· paga pelo seu valor .. ·E' :~rx ·ac.~~c~nta. 
que o valor· só pode.ser;"nesse ~a~,-.oque·ele·.e-emto­
dos os casos, isto :é, o ·valor·mechdo pela quantidade de 
trabalho. Porém~ não se tratai exatàmente· da ;quantida ... 
de· de trabalho necessána·para produiir··um: trabalha~ 
dor, o que·n0s·faria sair do campo· das· troe~~ soei~ para 
ingressar noterreno das·trocas biológic~s;·:E p~eoso ~d­
mitir que é· a'quantidade·de. trabalho .. que va1,med1r o 
valor da sua.força de trabalho e-das mercadorias de que 
o~operário necessita·pa.ra sobreviver;-·ele e·a· família.· · 
, A dificuldade dessa:·proposição·está em que·a teo-
ria do valor-trabalho se baseia- no·car.átet quantificável 
do trabalho enquant<f·princípio:'do. valor;::e1que; na se-
gunda proposição, quando se'trata;das mercadorias ne---
cessárias para a subsistência do operário e de sua familia, 
aparentemente se deixa :o terreno do quantificável. Nes-
te último caso; trata-se·com·efeito:do montante definido 
pelos costumes e pela psicologia' coletiva, conforme o 
próprio Marx reconhece. Por isto Schumpeter afirmou 
que a.segunda proposição da·teoria-da-exploração não 
passa de um jogo·de·palavras. ;: ;:· · · .. ;!"' · , .. , "Y' ; ;· r·: .·: ;_,, 
'··,·Terceira 'proposição: o tempo;detrabalho necessá-
rio para· o· operário produzir um'·valodgual:ao que re ... 
cebe sob forma de salário é-irúerior.à:duração~efeti:va·do 
-........_..__ .. ______________________ """"" __ __..~.._,.-------------------------
· ... · .. / .. ... ·· :·· .. : .... ,· 
. , •. : .·· ,' j' ·" 
.,.·: ...... ~ / > ·.1 .' 
. . ·. ·:· 
: .•• 1 .• 
. · ..... . 
214 AS .ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
s'eu trabalho·. O ope~ário·produz,-ipQr.exemplo;'errtdri;. 
éO hqras umiValof,igual~o ,qµe.eStá,,dmtido. P,O Seu salá~ 
rio, mas na verdade ft~balhà dez:--horas •. Portanfo,,traba.;. 
lha;metade do tempo.pa~a-si-mesmo,e.,,a outra·metade 
para o dono da emptesa •. A;máis.:vali~\;é ·a ·quantidade de 
valdr produzidorpeló.,ttabalhâdor -além .. dotempo de Jrai 
balho necessário, lsto é, do teinpo de trabalho necessário. 
pata:prodti.iit;-)itrit·valor-igtJ.al ao. que recebe: sob ia forma 
dé.salátiC:'.L:"(i~~ó'.~:.T\ ··~~~i ~,y:(' ·;-,,_;(· "::".11""· .. , .... , ., 1i'.; ,.,: .·· · ·. 
·. ~ ··:;A ·parté,tlâ~jór.ria~á}.deJrabalh o nec~s~ária par~ -pro~ 
duzir·o.,.valor;m-istalizado.no ,salário".é cH:hamado tra-
balh.b iieçes~ário; o jre~to ~ .0: sopi-etra ballio .. O .valor pro-
d uz1do. dura'nte o,sehretrabalho,é chamâdo .mais'-valia. 
E.a:7ta:<á de;explor~ção é-:definlda.p.ela relação ~ntre,a 
ma1s~valia ~:Q. ~ap~t~l: vap,á vel, :isto. é;~o. capital que çor-
' respcmde·~q~pagamel;l~o;do salário.'.;,>:·,.!:.:. ,(; ", .. -, ... , ; 
, · ·::;Se admitirinos·as..dua=s.,primeiras proposições, tere-
mcs·:-ae a~eHa~·fogic;:aD!eriJe:·aJerceil:'a, _qesde qu~.o tem-
po .de;·tra}:)a-lho:necês5áriõ.para··produzirio::valor. encàr-
n·âdo .n'o·:~álári~~ sej~:Werior:.à duração. to.tal do ·trabalho. 
· , .! ;:,Má~·:a.fil.in~f.pura;e sfutp1esmente,á-:eXistência des~ 
sa·;diferençá.eritte,a jornada de--tràbalho;e q tra1'a11Jo. n~ 
cessário. ;Está ,convencido :~e que. a jom~d<t:.de .trabalho 
'do: s~u tempo~ que era·.~e,tO hor~s, às ~ez.es de. 12. horas, 
er~.~uito super;ior. à\ duração :.do trabalho.nece.ssário, 
isto.~; do,JraQ~~:lh()heces.sário:par~ criar: o.valor .. enc~~ .. 
d ' :_' ó . l;(..;.! . . na o·no;pr .PnO:·sa 'tti:1Q:j1·.\.1.1.:i,.'<; ·,.:.h.; ') :J' .. !1;·;· .... , .. ii ... 
· :· , ... ~Npa-rtfr;qesse;poti,t0;Mar>:(âesertvolveuma casuís-
tfêa d~:htta:P,êlaid~ação do traba:lho~-Invoca:um gran-
de núm'.~tode ~enômenos do seu temp9, ~m.particular 
o fa fo,-de~ qüe:.05 'empresários .pretendiam .~6 ter lucro 
com :·artilfuna~oli :'.a·~ ,düas. últimas: horas :de trabalho. Sa-
be-se,: anás/;que .. há .um século que os empresários pro-
·~ ., ; . 
OS FUNDADORES. 215 
testam cada;vez··que.se reduz a·jomada de trabalho.~Em 
1919, alegavam;.que com,úma•jornada de 8 horas-. não 
conseguiriamiequilibtat-se: Os argumentos dos em pre-
sários ilustravama ·teoria'. de Mari; que,implica que o:lu"' 
cto s6.·seja·obtido:na.parte final da·jomada de,trabalho; 
.';'tf'i'(Existen\ ·dois··procedimentos:fundamentais· para, au-
mentar a·mais•valia à custa dos·. assalariados, isto é; para 
elevara taxadetexploração~lJm consiste em prolongar 
a-d.uraçãodo,trabalho;.ooutrd, em reduziro·mais pos-
síve1' o .trabalho-necessário: Um dos meios. de' conse ... 
guir-reduzir'a'~duração:do trabalho é aumentar a pro-
dutividade,Jsto é; produzir.o .~alor igual ao do, salário 
num·tempo mais curto; Isso :.explica o mecanismo da 
te:ndência:pela:q-ual_a,economia,capitalista'prbcuraau ... _ 
mentar constantemente :a· produtividáde. do·trabalho. 
O·aurnentodessa:ptodutividade .do_tralJalho:.-propo'rcin-
na:.automatieamente:uma red ução·do trabalho necessá1-
rio-,e,.em:conseqü~nciai·Uma evolução da taxa de mais-
valia,::se.for mantido o:nível.dos :Salários nominais. 
·«·:r; Compreendetn-se·assim·a:origem do lucro e o mo-
do como um sistema econômico, em que.tudo se troca 
de . .acordo·cotn0:·seuvalor,.pode~aomesmo tempo, pro-
duzir·tnais'."'valia, ..isto .é.,: lucm para~os ·empresários.Há 
uma:.riiercadoria; que tem .. esta paTticularidade ·de· :ser 
paga pelo·:seu .. v~lor,e ao mesmo·;terhpo produzir mais 
que; seu.valor) é"odtabalho1hümano: ~. "' '-·,,. ,,. ~ ·, :,i't.~: · 
, . .,'f; '.1.-Uma.-análise. desse tipo pareda: a Marx· puramente 
científica, já. que. explicava··o· lucro por ·um mecanismo 
inevitável, ligado intrinsecamente ao. regime ca pi talis-
ta. Contudo; esse.mesmo mecanismo se prestava a de-
núncias e a invectivas, uma vez que, se tudo se passar 
corifonne,a lei do capítalismo, o operário estará sendo 
explorado, trabalhandó uma parte do seu tempo para si 
"·. ~ 
·; ... · 
: ,• 
. ' 
.. 
1 
216 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
e outra parte do seu tempo para o capitalista .. ·Marx era 
um cientista, mas era também :um profeta... .. · · 
·Estes são,"num lembrete rápido,-.os·elementos es.., 
sendais da teoria da exploração. Teoria que'tem;· para 
Marx,· uma dupla importância. Em primeiro·lugar; el(\ 
·parece resolver uma dificuldade-intríns.eca da·econoinia 
capitalista, que pode ser formulada nos seguintes.ter-
mos: uma vez que nas trocas há igu_aldade de valores; 
qual a origem do lucro? Em segundo fogari ao resolver 
um enigma cieµ.tífico, Marx tem a sensação de:dar·um 
fundamento rigoroso e·racional·ao protesto contra··um.. 
determinado tipo. de organização econômica:-Finalmen-
te, sua teoria da· exploração :dá uma base sociológica; 
para usar·llnguagem moderna,· às leis econômicas·do 
funcionamento.da·economi~ capitalista; : ... :>; ·:' '·~· .. ,;.: 
M~rx acredita .que as leis econômicas são: históri· 
cas, ·e que cada regime tem suas próprias leis. :Ateoria 
da expl0ração éwn exemplo.dessas leis históricas,.pois 
a mecanismo da mais..-valia e· da· exploração· pressupõe 
a distinção de.classes na sociedade .. Umadasse,-a dos 
empresários ou·proprietários dosmeios·de.produção, 
adquire a força de trabalho dos operários. A relação eco-
nômica entre capitalistas e,proletários,é função de.:uma 
relação·social de,poder entre duas categorias· sociais;::. 
A teoria di;1 mais-valia tem uma dupla funçãol ci~n­
tífica e moral. A conjunção,desses~dois elementos deu 
ao marxismo uma influência incomparávet Os.espíritos 
racionais encontraram nela uma satisfação, e os:espíri ... 
tos idealistas ou revoltados também. Esses dois·tipos de 
satisfação se multiplicavam um pele outro. . · .; , . 
· Até aqui analisei apenas·o primeiro.livro de:-o capi-
tal, o único publicado durante.avida de Marx. Conforme 
1 
'\ 
.... ,.·.·.·. 
OS fUNDADORES 
notei, dos dois livros.seg\.J.i;ntes, ~le_q~i,xo~ psJn.a.n~r 
cri tos que fo~am pub.l~c~d.os. por Eng~ls. ·. . : . · ~·. ·, ~. ·.: . 
~: .. . O Uvro lt estuda,· a:·ciI:ç:ul~<;~o -Oro. -~pital. ·.~:veria 
explicar o funcionamento do sistema ecotl,ôm,iço-:çapi-
talista ,consideraqo como Ul.l:\ todo. Ein termos moder-
nos, poderíamos dizer q\lE:,.a panir,d,~ .. UU'\é\ an4lise·mi-
o-oeconômica da estrutur~dQ.capita.li$tno e do s~u.-fun".' 
c~onamento, contida no livro ,J, .. Marx te~ia 'elaborad.o, 
no li'-'.'rp 11, uma teoria m~ç;roeco:nômica:eomp~rá.vel a9 
Tableau ·~conomique· de Quesn;:iy; ,e· .t~bé.ro\·µw~L~eoria 
_das crises,. cujos elementO:S .el,1Ce>f\tra:nw~ .d~~pe~?Q~, ~in 
vário$ pontos. Na ~·.Qplitjij<;>/J\ã.O há e~ M'41'· \lrI,\q 
teorií;l geral.das cris~s. É_ve.x:ciade1q\J.e·ele·tentqu1~l~bo~ 
rar essa teoria, mas não a· completou, ·e é pPS$jve1,·.~ pa~'." 
tir dqs indkações:dispersas d<? li\l'l'Q·u, ·recoi;tS~rQ.ir vá-
rias teori~s e atribuí'." las a Mwx. A.~c~, idéia que _nãq. se 
presta a 4úvidas é. a cte qu~~· segundo Mar~, o, :çaráter 
concorr~ncial. ~4rqttico do .iµ~µn.ismo capU~lista ·e a 
necesS:idaçle-.4~ cir~laçãodp cap~t'1.l . .çri~rn u+na pos~i­
bilidade :penrume:nte:.d~·.hiato. entrn·~· produç.ão .e a.re-
partição .. do·,poder .de.corn.p~~; O:q;q.~. eqµiy~l~- .. ~ d~er 
que é.da n~00eza·de, uma. ~~Qm,i~;q~q~ç.'l .. qlmpo.r:-
tar crises. Qµ_al é o-·esquem~·,:oui0;PJ.~~ws,in9;~qµ~. ~~ 
c;om-que essas crl$es ocorr~JX\.~.J;~s ~~o· f~gW?r~~ Qq. ir.~ 
regulares? Qual a conjun~a e<:ot).fun~ça .. çia. qu~Lbrq~a 
~crise? Sol;>re todos esses ponto~;~x:icon.U'aD;\OS em Marx 
i~dicaçõe.s, mas· não uma teori()..aé.q,baQ.a io.. . . . _ 
.. · · · 01ivro IU.é P ~s.boc;o.d~ uma:teQÍia:·ct.o,des~11volvi­
mento- histórico do regime .cap)l~lista ·bqs_eagª.:l.'\~ ~­
lise da sua.eswtura e do seu f,um;iOl\~~nto.t:.::•.,i·,,;,·, :, i. 
O Piroblema ce~tra1.do livrQ IU ~-Q .. ~g\lµW~:;g~. cp11-
siderarmos.o esquema do.llVIQJ;N~i~o&. q\.\e'q~n,~ç 
mais trabalho houyer·numa.detern.:U.nad'l.gr}.jp_~~~ oµ 
... 
',.·: ·j· 
AS ETAPAS DO PENSAMENT(J'SOCJÔL'ÓGICO 
·riüm detenninàdb s~toti·a~~t'6norruaJ:naí~f1ia~á ,má.is:. 
v~lia nessa empres&Õ~ rt"éSSe~sêt0rj·;ooA~titã'o~ t1ue á pár~ 
cehtagem dO:>Capitkl ~árláVel'ém:-t'eÍ'áçãó aó:câpitál total 
é~màis eleváaâ~\l··,f~ffL9~•~:âó'·C.J1t ifl),'.:lt.;:'~1,J,,ti';d-:/f J..'1• 1.:r j{;·~~,.\~J".':i. 
·· ....... ·( ·Para·Mã:rxfõ:capitatcõitstãntê êJâ::p~tt~·do'capitaI 
das ~eti:i.pt~·s-as~q~,c~msptmtle !s'ejà?às:·lfiaqüinas, .seJa 
a~t'.~~-t~.~s~l!~~~s~-~~ve~tilt~~:t{á;pr'ódtiçãtY.· Not~sque­
m~~s~õ~d{5.liv·to1~, ·~· cap1tah:onsta:nte.se-transfere para 
t>:;~vafüt-:('.}()s;.prot1ttro-s:i1s~tn:·trlanmâiS'Vàlta·~ ~A:mai~.r~fa:lia 
l'i'.6~é~-~a~~ó',~"~taLvâtiáv~1:, c6ri'.éspõnâeritê a6'·pá;. 
gâ:ttrento·<:f os;s~l~osi :N~dmpósiçãoiorgâtrlca dó ~apita! 
· é·:afr~lãÇâ·6 trfítte'10.capi~lNa·riáYele1:ó.'ôípitai ~onstante. 
~lâxa'd~;e)tp!oraçã·o.:~a: telação ,·êntre,arthai~valiã·'e·ó 
cápitaFvátiá~éfo ·) , ... ~~s: Y'+·v.:vn· .1~ :Ji',;. :" .;;;:.irn·, f;, r~;;.f··J: ~,.1-..r.1: h1. 
·· ;. " ·.~se 1,ç011·s.i~er~Cisi, po1s~-i?-ssa~~1a'çã·o\iabstrath~·· éá~ 
raét'êrfstlta:· d'á<artâ11.s~esquémátic'a;tt6~uv.ro:,J.:â<?:o~ati­
.·puat/·ci;:egátêhíos1~êéê'ssanã"m~1ê.: à~·contl\i~ão·,.dé .quê 
hürft~f,·!éfi\:ptêsá~ :ou{ tttYth'~~étór ;.d'étérrlúnadO-.~cialecono ... 
.riti<f,ha'V~fá":°tnãis~-VàlfaJproporcl~ifa:l ·aó~c~pit:al variáVél'; 
á . ~à·· ··'4·;;l;l,1·1!.-Â~·~:~~t.'!:o;~ . . .. I d d . ·fu~. lS' .. ·v:a' 1&"~.u:.i:l·1:.uui1?~·rt~~m:e" l a: etn:'.quê:a:~·~ompôsi~ 
Çã'Otn-gâftkadó:;qápi~a1~eVõ1\ili' t'àra;a reduqã0~da relação 
l~J'\ffé1C-ápifa:l~ávEl:~tàp'ltalcd'h'.st'ahtt~I Ett\)ten'rios con-
ctétôs >~d~ena~haifétJUrtta ~qüttrttidade~·éfiót>deimais~ 
. vãHai1ta'triêdidá-·êm·qtie'l~ouveM~,-üttia> .. maior meQàrti-
za ç.ã'Q! da~etripresã:ful(do setot.i~.iFl\/.,; if; .;ri1.:r;), : ........... :.~ú~.'::: 
• ~· .. : 1: ;·~Otã~ :sal~~'tãõ~f(jlhó~l:rqcie··.não> ~ :d~qfü~r·icor\téé"êi .:e 
1:1arx tem pe~l~ "Consciêtt~a·do-f~tiY.de·que:.a:s.apaiên­
·éiás·tlá'ê~Onófniá ·pah!te·Ifi 'cbntradiZér~as tefa~ões fun-
damentàis·~·qttê'.·~le'..,Ptrs~l~füi ;stia•áttál1se(ê~(fttemática. 
Enqtiant~:t;.U'V1'6:1fil~Q:e·iG:ijtpítal·,11ãõ"hâvra;·sidc; publica-
do~ ·tjs;marxistás·é,seti'.s Críticos -se p~tgunt'avam! se à teo-
'tia' tlâf~xp lora4ãt;fé)váiidaf pô1Lqtf~:-rauó.às .. etti.pres~s:e 
OS setores. da. ecóttõfüfa· que' áUtnêntam: 01·càp'ifal tons-
:,•. 
··-· .. , ...... ,. ·'·'· 
105 F,IJNDADO.RES · ... 219 
. ta~te; :em~ela·ç~.Q:~a::.~ap~tal variável; conseguem maio-
~res:Jticros.? .. Err,t·<?~tras 1palavras, o, modo aparente do lu-:cr~-pareç_~~cgp~r~dize.i: 9f?.10dO:;essenciald.aiµ.ais-valia~ 
,,,~.-.=.::~respos~~t4~ J~1;a~.: é ~· -~eguint~'. a .taxa .de lucro .. é 
1·calculé1délc.n~o;.~om-relaç~o ;ao,~cé\pital :variável, como ... ~ 
.f_~xâ,éié ,explofá'.Çãoi .À"t~·~ çqmJ'.elaç~o~:ao, conj':ltÜo do ca-
:p1t~í~ 1~to!é_, p..scn:ria~do..;;Ç~p~t~L.Ço.nstftnt~ e:do .. variável. 
, ~; ':ú·~g9:r 1ql.fie.:~<?~ty;9:a.::~~~~} ~{l}:~r,o::~:.~:op?rci9nal não ~.ma1~'."V.él:ha,iWª~".~9i ç~mJ~Fl.~9..d<?. ~ap1t~Lsqnstat\te. e 
.y~fr1áyeF. Q. ~a p1 t.alis.n:ltj. nãC? pode,ria fu.nci,onar, eviden :-
te#l~~~ê; .s~.·~(fo~Kd'~ Jµ~.t~ .fosse'pfoporci~hal ,?9 ·ca pi taJ 
.§aftáyét;.-~9.i;t.,,~f~~~q,:'.·~tir\gir~,airt,ó~ .. ;un;a .c;lesi~aldade 
extrema. dâ. taxi\ .<lê Judo,'. já que' .eht diferentes·: setores 
· ~:~t·~i~,~êt~fi~~~~~:!~i~~f~ffó~~~;~~s~~~~ 
;W_:'.cli!etêrttt~:}?'õ1{âhlo /a·. taxa.~ cie;lúêtd'.;'é. ef'eH~ainentê 
E~qporcici.nai~B;,~qri)ühtõ dó' câp!fat e não'ª·º ~ª pitahraf 
rlá~et.:P.o:r{c.tê'dtifya:· fo~~ 6 .. regime· ~ª pitalistà não· po-
~,~~~~~~~~~~~;~~ª ~;~~~h~f~ dó modó d~ !Ucró é 
'aff'êtl~ntê' dà"ri:?~lidáfü{essencial:âo-irtódo. da maü=r-va-
·tià?J'Háduas·.r~spb~tás'a~sHi que~tão~.:á·tesposta-oficial 
"dê.1Marx:-~ a;.tlós .itão-ma.rxistas,:ou .'c:fdS antimarxistas. 
~·-. ~·~_Schtifüpét~r;pór;·exeritpfo; femumá'resposta mui-
tó sfrnplês~ .;a;-.teoiiada:mais-valia1:éfalsa. O fatô de· que 
'a· aparênda ''dó füêto;•esteja· em êóriftadiÇão :direta. 'con\a 
!e'ssêhêià:'da ma'is'-valiã .prova·iap~fias'.que ô- esquema tis-
~-mo·da::maiS~vàlia,nã-õ ·corresponde:à,realidade;·Quando 
~Se verifica que a realidade contradiz lima teoria, pode~se 
tevíd.entemente"tonciliar ateoriff·corn a realidade fazen-
«iointervfr um~c~rto. número;.de:hipóteses suplemen-
:ta~es.:.Há, porém; outra solução, mais lógica, que cori., 
siste,em.reconhecer que ·o esquematismo teórico foi: mal 
·construído.: . , , , .. . : . · - ·· 
~ ' 
l'·;' 
.:::' 
. ; ; ~ . 
.. · ....... 
\ 
\ 
220 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓCICO 
A resposta de Marx é a seguinte:-o capitalismo'não 
poderia funcionar se a taxa de lucro· fosse proporcid~ 
nal à mais-valia·, e não; ao conjunto· do· capitaL•Há as-
sim uma taxa de lucro média-em cada·economia:·Essa 
taxa de lucro média é formada pela concoqêncla·entre 
as empresas e os vários setores da economia.A'concor;.; 
rência força o luáo no'sentido deuma'taxa média; não 
há proporcionalidade da· tax~ de hlcro ·com' relaÇão à 
mais-valia em cada empresa· ou setqr/mas 'o co~j\.lilto 
da mais-valia c'cinstitui no conjunto da economia~üm 
montante global que se distnbul. entre.os vários setores 
em proporção ao cap~~al total~ constante e· :variá.v,el; !rt· 
vestido em cada setor. · · · · · · · · · .. · · 
. É assim po~que não po.çle .. ser :de qutro ~.odo.' Se 
houy~sse um hiato.muito grande 'entré as taxa5,~e-~µcro 
qos .vários set<;>n~s, o sistema rap funcionaria:.se-'hou~ 
vesse, itu.m det~qcln~do ~etor .taxá' de:lucro. qe_:'3o 'a .. 40% 
e num outro urrià taxa de 3 a·4o/o, não'se encontraria ca~ 
pital p.ara investir nos setores em q~.a.tô.)(a~de i~q.0 fo~~ 
se baixa. O próprio e.xemplo f9rnece- a argulnen~aç~Q 
marxista: não pode ser.assim; po~t~nto, dev~se çoµsli:• 
tuir, pela concorrência, uma taxa cie lucro média· q\le 
garanta, ao final, que a,massa· global.damais-valia seja 
repartida entre os setores.com base na importância do 
capital investido em cada um deles. . . . · \ 
Esta teoria conduz· à teoria do dev.enir, ·àquilo· que 
Marx chama de lei da tendência ·para· a·. baixa .da taxa 
de lucro. · · 
O ponto de partida de·Marx foi uma constatação 
que todos os economistas do seu tempo faziam ou-pen-
savam fazer, a saber; que existe uma tendência~secular 
para a baixa da taxa de lucro. Marx, sempre desejoso de 
explicar aos economistas ingleses até que ponto ele/ gra-. 
OS FUNDADORES · 
. '· 
~s ao seu método, :lhes .el".a ·superior, ;pJ.msou.te~ .des.ço~ 
berto,,.no·se.u"esquematisn:\o,,.a,expli~jlç~o ·hi::tt9JJk.q.J;l~ 
~endência para a 'baixa.da·taxa:deluci:ol.}; '1'.: · 1~: ; "· ~· ,·": 
·i 1:· ,Q .lucro· médio-·~ proporcioI\al,a.o~conj~to:do.citpi7-
t.:al, ist.o.é;·ao .total docapitalco.nstal\te e;do.capital.:variá-
vel. A mais-valia, porém, derlva·apenas . .do:ca..p.i.tÇt.1.-:v:.a-:-
riável, isto é,:.do trabalho·dos homens, 0.ra, a composição 
orgâriica.do capital se transforma,com.a· evoluçã.o çapi-:-
talista e a mecanização ,da produção, e .. a pane ,do. ~~pit?l 
variável com:reiação.ao.~pital~totai tell'ide .a·dinili.ruJr, 
Marx conoui.daí que-a.taxa.ele luçip tende-a.baixqx·à·.mer 
dida que a composic;ão.o:rgâniQa.do~ap.itt;t.lse:.mo.Qiflca, 
reduzindo a pai:te. do capital·'l~~velrno c;apitaHotaL 
.... : .. · ·.Essa lei :da .tendência .. pa:ra' ·aib~ixa da .taxa d~du.crp 
prop.orcionava"a lviarx. uma' gl:andé .. satisfa窺· mtel~c'7 
tmtl. ·Com efeito, acre<iltavit ·te~. demon.stráda, .de: mo d.o 
cientificamente sati&fa tório ,.·um.fa;t.Q .c.ons.tatado .. pelos 
observadores;·mas· não explicado, ou mal. ~xplicaO.o. 
Além disso, acreditava ter encontraciQ .. mais .uma, vez 
aquilo. que seu mestre Hegel ·t~ri.a. ~hcünad:o ·de .as.túcia 
da razão, is.to é, a autod.estruição:do.,capitalism.o.porme-
canismo inexor.ável, passando.a.o ,m.~.smo·~t~mpo. pela. 
ação dos homens e por cima;~e.suas cabeças.."'.·:>;;:'·" 
.. · . · De fato, a, modificação da c9mposiçã.O _orgânica;do 
capital toma-se inev.itável pela conco~rência e também 
pelo.desejo dos.·empresáriosd:e diminuipotempo d~ ~a'." 
~alho necessário. A conc9rrência.das,empresascapita".' 
~t.as: aumenta a produtividade;:o ;a..uuien.to. da·.-produ-
tividade se traçiuz normal.Ixl.en.te. pela:. mecaniz;açãq: da 
produção/isto é, pela ;r~ução.·.do .capit.al wariáv.etem 
rela~ão ao.capital:constant.e .. Em·o,utr.a&1palav.ra!i;iO·mE; 
carus:r:no da concorrência de.uma 't?COli\ami.a ;oas.eFtda no 
lucro tende à acumulaçãodo:capital,·à:"meçaoizaÇão ct.~ 
", 
····'· 
.·,,. 
. ,•"t: 
... ,·, ... ·J$.·.: .... :·'. ...... ·:~< 
AS ETAPAS DO PENSAMENTO SÓCIOLÓGICO 
ptt5ditçãó,:à redução da.parté do capital variável no ca.;. 
.. pitál fotâl..Esse mecanismo inexorável éí ao mesmo tem .. 
po, o que provoc;:ra tendênda pata à baix~tda taxa·de 
lucro; .isto é, O' que toma cada;vez nrais difícil·o foncio-
n·a.tnento de uma economia· cujo eixo :fundatnet'.ttal .é a 
busca do lucro.i .' : . " . . . :.. . . , . 
( : .. .:,,· Encóntramós uma:vez mais o.'.esqttetha:fun~anten;.. 
tal do pensamento·mârxistà. O d'e uma sociedade hist6· 
~é~Att~ pas·sa pela açâ0 dos homens e, ab mesmo temp0~ 
e ·stipenorà ·ação de-ta da ·Utn: deles10.de um: mecanismo 
hls.t6rlco· que t~~e a destniiro regih'le, pelo j6go das leis 
intrlnsêca.s-a. seu fundoriamento~ .,, .. , '" . . · · '.. 
' ·;:o ~entro e. a brígirtalidatfo :do pen·saménto ma'rxis-
ta estão, a meu ver,. na conjunção·· de 'uma· -análise do 
furtdonaritento e de un;\lé'hartálised-ê .. uin·dev·enir il'levi.;. 
tável. Cada cinq:iVíduo;i·agmdo radonalmenfe- em ~ção 
do seu interesse,·co~tribui para destruir o interesse"co-
mum·de·todos, ou, pelo·.:rhenós,..de todos ós·que estão 
interessadôs ~mlsalvagtiardat o regime. · ... · . 
· · Essa teoria é uma·espécie de inversão·das·proposi-
çõe·s báskas dos liberais; Para eles) cada indivíduo tra.;. 
~alha ·pelo inte:esse da ;~oletividade, ao trabalhar pelo 
interesse próprio. Para Marx/acontece o contrário: tra-
balhando no·interesS'e·pr6prio, cada urn c·ontribuipara 
<Y funcionamento· necessário e para a destruição final 
do regime~ O mito é sempre o do aprendiz de feiticei-
ro, como no Manife~to com.unista. . :.1• '· ••• ' 
·: Até.aqui demonstramos que a taxa de' lucro tende 
a·baixa~ ~n'\ função· da·tnodifica<;ão da·composição or-
gânica do-capital. Confudb, -ctpartir de que taxa de lucro 
o:·capitalismo·debca de funcionar?· Marx não dá, estrita-. 
m~nté:,;"nenhuma resposta porque, de fato, nen.hurna'teo-
. ria racional permite ·fixar a taxa de lucro· indispensável 
OS FUNDADORES 223 
ao funcionamento·do regime12. Em outras palavras, a 
lei da tendência ·para a bai.Xa da taxa de lucro sugere 
que o ftinciónamento db capitalismo deve tomar-se cada 
vez máis difícil, emfuriçãô da·mecanização 'ou da ele-
váçãb da produtividade;· màs não demonstra a necessi:. 
dadé'dá catástrofo'ffo.ál; e meriôs· ainda o momento em 
·qu:e· ~la :Oédrrêrã·. · ·· ·; · · · · · · · · ~ · · 
,• . Quâ.i's sao âs propbsiçõés que dêrrlonstrain a auto-
destruição do regiine? ~urio~amente, as únkas proposi-
çõe.s ~e~~e sêntidfrsão' as mesmas que já podíamos en-
êbritraf!lO .Mdnif~#o cÔ~unl'sta e nas obras escritas por 
Mar.~.'.~ijfes. d.é dêséri.yolVé~ s~tis estudos aptoftinda-
~o~ 4e" ~o:ri61:r1ia · p9lífica~ ... ?ão ·*-s ~~~~áç9es .r~ládona­
das. com~ p'rolét.a~açãcfe;à.pàp~érízà'ção~ q ·processo 
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