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\ 1 ) f,~:,óLoG;A 6sP...Jil E :ru~Í ili~ ffiôf~ (i:O.f,JARLê:> MAL01te1Z KARL MARX ' : • ~ • 1 ', • ·' • .. ·: ' . ·~ .. ' . : • •• ; ' ; . ''. ·, , • ~ • ·: 1 ( • • • • ' • ·.~. • ". • \, ,1 .' :' ' ~ •. 1 ,. ~ . ,J' .' ' ~· 1. • : ; i . · · < O ·país mais desenvblvido''industrialmente mostra aos · . que o. seguemna·escala industrial·a imagem do seu próprio ..... :· : .... futur~ ... Mesmo qu~dç.uma·socieda~~ chega a desçobrir a pista .da lei rJatura~ que preside ''." .s~u movimento ... , ela não pçxie ültrapa~sar dé um' Salto nem abólir p6r mei? de·d~cre tos as fases do.seu desenvolVimento natural; pode, contudo, reduzir. o período de. gestação ·e minorar os males· da sua: gravidez .. ·o capital •· .~refác;:io! à· 111 edi~~o: i:\,leil}~ "·. t'.'I'. ·para anàlisar·o pensamento de.Marx proeurarei res- ponder às.mesmas questões form:i.lladas ~propósito de Montesquieu e de Comte: ·que interpretação:Marx dá de seu ·tempo? Qual a sua teoria do conjunto social? Quat a sua visão da história? Que relação estabelece· entre so- ciologia, filosofia da história e'política? Num certo sen- tido,· esta exposição- não é mais difícil do que as -duas preceqentes. Se não existissentmilhões de marxistas, ninguém teria dúvidas sobre quaiS;teriam·sidoas-idéias diretrizes de Marx.·· 1 .• · · · ·' :·:: • • ";> ·. +. 1 • · · · '·Marx ·não é, como disse Axelos·, o filósofo da-tecno~ . logia. Também não é; como pensatnmuitosi o filósofo.da · alienação1• Antes de mais nada, é ó sociólogo e·o econo- mista do regime capitalista~ Marx.tinha ·uma. teoria so'."' bre.esse regime~ sobre a influênciaqt.ie exerce sobre:os homens e sobre o.devenir pelo qua~ passará.: So.éiólogo e'economista do .que,chamava de·capitali.smo, .não.Unha uma idéia precisa do que seria o regl:trl.eisociali:;ta,,;~ não se cansàva de repetir que o homem n~pQdia.çonhec~r M'""óõo<:; -·-·~· .. ·-·-"··____;L-_.., ________________ ~â~~~-------------------- . ~ . . . · .. .- .... -< .J; . j. 186 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO o futuro antecipadamente. Não tem multo interesse~ portanto, indagar se Marx foi stalinista, trotskista, par- tidário de Khruchtchev ou de Mao. Karl Marx teve a sorte, ou a infelicidade, de ter vivido há um século. Não deu respostas às questões que formulamos hoje. I'ode- mos procurar respondê-las por ele, mas as respostas serão nossas, não dele. Um homem, sobretudo um so- ciólogo marxista, porque, apesar de tudo, Marx tinha algumas relações com o marxismo, é inseparável da sua época. Perguntar o que teria pensado Marx significa querer--saber o que um outro Marx teria pensado no lugar do verdadeiro Karl Marx. A resposta, contudo, é possível, mas é aleatória e de pouco interesse. Mesmo se nos limitarmos a expor o que o Marx que viveu no século XIX pensava sobre seu tempo e so- bre o futuro, e 11ão o que ele pensada de nosso tempo e de nosso futuro, essa análise aprese:ntará dificuldades particulares, por muitas razões, algumas extrínsecas, outras intrínsecas. As dificuldades extrínsecas têm a ver com o destino póstumo _d_e Marx .. Hoje, quase um bilhão de.seres hu- manos são ·instruídos numa doutrina que, com ou sem razão, se denomina marxismo. Uma determinada inter- pretação da doutrina de Marx se transfo~ou na ideolo- gia oficial do Estado russo, e em seguida dos Estados da Europa oriental e do Estado chinês. ., .. ·· .. ·;· Essa doutrina oficial pretende oferecer uma inter- pretação autêntica do pensamento de Marx. Basta por- tanto que o sociólogo apresente uma certa interpretação desse pensamento para que, aos olhos dos que seguem a doutrina oficial, passe a ser visto como porta-voz da burguesia, a serviço do capitalismo e do imperialismo. Em outras palavras, a boa-fé que, sem muita difkulda- ... ;~~ ·-~~<- ~>.· ·:. ,.··~:.· ,f\ '·-.'.;;,k:{- OS FUNDADORES de, me é atribuída quando se trata de Montesquieu ou de Auguste Comte; alguns me negam antecipadamente, quando se trata de Karl Marx. , Outra dificuldade extrínseca provém das reações à doutrina oficial-·dos Estados soviéticos. Essa doutri- na apresenta as características de simplificação e exa- gero inseparáveis das doutrinas oficiais, que são ensi- nadas sob forma de catecismo a espíritos de qualida- de heterogênea. Por outro lado, alguns filósofos sutis que vivem às margens do Sena, por exemplo, e que desejariam ser marxistas sem precisa.r retornar à infância, imaginaram \ · uma série de interpretações do pensamento último e profundo de Marx, cada uma mais inteligente do que a outra2. De rriinha parte,, não buscarei uma interpretação su- premamente inteligente de Marx. Não que não tenha um certo gosto por estas especulações su:is; creio, po- rém, que as idéias centrais de Marx são mais simples do que as que se podem encontrar na revista Arguments, por exemplo, ou nas obras dedicadas aos escritos de juventude de Marx, escritos de juventude a que Marx dava tanta importância que os abandonou à crítica dos ratos3. Por isso, farei referência essencialmente aos tex- tos que Marx publicou, e que sempre considerou como a principal manifestação do seu pensamento. Contudo, mesmo se deixarmos de lado o marxismo da União Soviética e dos marxistas mais sutis, encon- traremos algumas dificuldades intrínsecas. Estas difi- culdades se relacionam primeiramente com o fato de que Marx foi um autor fecundo, que escreveu muito, e que, como acontece às vezes com os soci~:ogos; escre- veu tanto artigos de jornal como obras de tolego. Tendo •'- •· : L ~ u t l ; 1 1 1 1 1 i 1 188 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO escrito muito, nem sempre·disse a mesma coisa sobre os mesmos temas. Com um pouco de engenho e'de··erµ.di .. ção é sempre possível encontrar, sobre a maioria!dos problemas, fórmulas marxistas que não parecem.con- ciliáveis ou que, pelo menos·, se prestam·a diferentes interpretações. . . , , ,, " .. _ .,.i ·Além disso, a obra de Marx comporta'.textos de tecr.- ria sociológica, ·de teoria econômica; de história; e/:às vezes, a teoria explícita que se encontra·nesses·escrit0s científicos-parece estar em contradição com a teoria im- plícita dos seus livros históricos. Por exemplo: ·Marx esboça uma certa teoria idas classes sociais; ·contudo; quando estuda historica~nte a luta de classes na Fran+ ça, entre 1848 e 1850, ou o golpe de Estado.de LuísNat poleão, ou a história da ComW1a, as classes que reconh~ ce, e que coloca como· personagens do. drama, não são necessariamente as que:havia indicado na sua teoriav: Além da diversidade·das obras de Marx, é preciso levar em conta a diversidade dos períodos em que.fo,. ram escritas. Dístinguem~se em geral dois períodos pffi). cipais. O primeiro, que é chamado de período de;ju 7 ventude, compreende os· trabalhos escritos· entre· 1841 e 1847-48. Dentre os·escritos desse.período, algunsfo. ram publicados enquanto Marx ainda era vivo, ensaios e·artigos breves, como a.Jntrodução.à criticada filosofia·;do direito de Hegel, ou o Ensaio sobre a questão judaica. Os ou ... tros só foram publicados depois de·sua-·morte: A'Publi· cação de conjunto é de 1931. Foi a partir dessa data que se desenvolveu toda uma literatura que reinterpretou·o pensamento de Marx, à luz dos escritos de juventude.' Entre esses escritos, encontramos umfragrnento·cte uma crítica da filosofia do direi to de Hegel, um texto·in- tituladoMan uscrito econômico;..fifosófico, A ideologia alemã~ .. l .. -....... , ...... . OS FUNDADORES .! 189 ··' 'As obras mais importantes dessé,período, que já eram çonhecidas·desde·~uito-tempo, incluem A sagra~ ·da famflia e .. uma polêmica· contra Proudhon intitulada · Miséri~ da-filosofia,. réplica do livro-de· Proudhon: ·Filo~o. .. fia da·miséria; .. :· · .. · · .... , ",.," ", ..... Esse período de juventude se encerra.com Miséria dafilosofia e com.à pequena obra clássica intituladáMa- ni/esto ·comunista~ ·obra-prima da 'literatúra sociológica de propaganda, na qual encontramos expostas pela primei- ra vez, de maneira tão lúcida q~nto bri~nte, as idéias diretri.Zes de Marx. Contudo, A ideologia al~ãi-de 164~, marca também uma ruptura co~ .. ~:.f~:se anterior;., A partir de 1848, e até: o -fim,. dos :seus.dias;:Marx aparentemente deixou·de ser filósofo~.tornando-se um sociólogo e, sobretudo, um economista~ A maioria dos que se· dizem hoje mais ou menos· marxis fas tem a pe"'." culia,ridade de ignorar a economia política do nosso tem:" po. E uma fraqueza da qual Marx não compartilhava. Com efeito, possuía admirável fonnação econômica, co- nhecia o pensamentO econômico' do seu tempo como poucos. Era e quer'ia ser um economista, no sentido ri- goroso e científico ·do tenno. '. · · · · ·.. , ·' ,. No segundo·período da sua. vida, as.duas obras mais importantes são um texto de·1859:intitulado .Con .. tribuição ~criticada economia política e,. naturalmente, sua obra-prima, o centro do seu pensamento, O capital. · · ·Insisto no fato de que Marx é, antes.de mais nada, o ~utor de O capital, porque essa banalidade é; hoje, ques- tionada por homens muitíssimo inteligentes ... Não há som?ra de dú~ida de que Marx; que tinha por objeto analisar o funcionamento do capitalismo e.prever a·sua evolução, era; a seus próprios olhos e acima de qualquer outra·coisa, O·autor de Ocapital. · . · ." .. ·. · '· .· · · . '··.'.'". . "1 .. ,i .· '190 ... 1.: ,,, .. AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO . ., / .::.; ... Marx tem uma certa visão filosófica do,devenir his- tórico. É possível, e até.mesmo provável,. que tenha dado um sentido .fi10sófico às contradições do ·capitalismo. Contudo,·· o essertcial no ,esforço científico de Marx foi demonstrar cientificamente a evolução, a seus olhos ine- vitável, do regime capitalista: . Qualquer interpretação .. de Marx que não encontre um lugar para O capital, ou que seja capaz de resumir esta obra em algumas·páginas, é aberrante com relação ao que o próprio Marx pensou e pretendeu. Naturalmente; pode-se sempre dizer que um gran~ de pensador se equivocou a respeito de si mesmo, e que os textos essenciais são justamente os que ele não teve irt- . teresse em publicar. Mas é preciso estar muito :seguro da · própria .genialidade· para ter certeza de compreender um grande.autor d~ modo tão superior ao do próprio autor. Quando não'. se está tão ·certo. da própria genialidade, é melhor.começar compreendendo o autor do modo como ele próprio se compreendeu, isfo é,. no .caso de. Marx, co- locando no centro do marxismo. O capital, em lugar do Manuscrito econômico-filos6fico, rascunho informe, medío- cre ou genial, de um jovem que especula sobre Hegel e sobre o capitalismo, numa época em que seguramente conhecia melhor Hegel do que o capitalismo. Por isso, levando em tonta os dois momentos da carreira científica de Marx, tomarei como ponto de par- tida o pensamento da maturidade que irei procurar no Manifesto comunista, na Contribuição-à crítica da economia política-e em.O capital, reservando para etapa ulterior a procura do substrato filosófico do pensamento históri- co e sociológico de Marx .. · . .. Finalmente, fora da ortodoxia soviética chamada marxismo, há muitas interpretações filosóficas e socio- ). 1 OS FUNDADORES 191 lógicas de Marx. Há mais de um século, escolas dife- rentes têm a ·característica comum de afirmar sua filia- ção a Marx e dar versões diferentes ao seu pensamento. Não tentarei expor aqui o pensamento, último e secreto, de Marx porque, confesso, não sei qual é. Procurarei mostrar por·que os temas do pensamento de Marx são simples e falsamente claros e se prestam, assim, a várias interpretações, entre as quais é quase impossível esco- lher com segurança. Pode-se apresentar um Marx hegeliano, pode-se também apresentar um. Marx k~ntiano. Pode-se afir- mar, como Schumpeter, que a interpretação econômica da história nada tem a ver com o materialismo filosófi~ co4. Pode-se demonstrar também que a interpretação econômica da história é solidária· com. uma filosofia materialista. Pode-se considerar O capital, como o fez Schumpeter, como uma obra rigorosamente científica, de ordem econômica, sem nenhuma referência à filo- sofia.· E podemostambém, como o padre Bigo e outros comentaristas, mostrar que O capital elabora urna filo- sofia existencial do homem no campo da economias. Minha ambição será mostrar por que, intrinse- \:;.>" ,·. camente, os textos de Marx são equívocos, o que sig- ('·,. · nifica que têm.as qualidades necessárias para que se- ; . . ·: - jam comentad'os indefinidamente e transfigurados em '{f ~.· ,\. . orto~~~~\eoria que pretende tomar-se ideologia de movimento político, ou doutrina oficial de um Estado, deve prestar-se à simplificação para os simples e à suti- leza para os sutis. Não há dúvida de que o pensamento de Marx apresenta, em grau supremo, essas virtudes. Cada um pode encontrar somente o que pretende6• Marx era incontestavelmente um sociólogo, mas um sociólogo de tipo determinado, sociólogo-economista, i 1 \ \ \ L 192 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 1 ·\ convicto de que não podemos compreender a socieda~ de moderna sem uma referência ao funcionamento,do sistema econômico, nem.compreender a.ev.olução do sis;; tema econômico se desprezamos a teoria do funcionai mento. Enfim, como sociólogo, ele não distinguia a :com~ p~eensão do presente da prev~são do fu:uro ~ da ~e~ terminação de agir.~Comparat1vamente as soc10logias ditas objetivas de hoje, era, portanto, um profeta;e:ull1 homem de ~ção, além de um cientista. Talvez, apesar . de tudo, haja o m~rito da franqueza em não negar ~s laços que encontràmos sempre ligando a in:erpret~çao daquilo que é e o julgamento do que devena ser ... ·:· · A análise socioeconômica · do capitalismo ·.1'.::.' • ~ • 1 ; O pensamento de Marx é uma análise e uma com: preensão da sociedade capitalista no seu funciona:i1en-: to atual, na sua estrutura presente e no seu devemr'.ne- cessário. Auguste Com te tinha desenvolvido uma t~a daquilo que ele chamava de sociedade industrial; isto · é, das principais características de todas as'sociedades modernas. No pensamento.de Comtehavia uma.oposh ção essencial entre as sociedades do passado, feudais, militares e teológicas, e as sociedades modernas, indus~ , triais e científicas. Incontestavelmente Marx tambén't ' considera que as sociedades modernas são industriais e científicas, em oposição às sociedades militares eteo~ lógicas. Porém, em vez de pôr no centro da sua futer- pretação a antinomia entre as sociedades do passado e a sociedade presente, Marx focaliza a· contradição.:que lhe parece inerente à sociedade moderna, que ele cha· ma capitalismo. OS FUNDADORES 193, . . . :.~ Enquanto no positivismo os.conflitos· entre traba· lhadores e empresários são fenômenos marginais:1 im- perfeições da sociedade industrial cuja correção é rela- tivamente fácil, para Marx esses conflitos entre os ope-- rários e os empresários ·ou, para empregar o vocabulário marxista, entre o proletariado e os capitalistas são o fato maisfa\portante das sociedades modernas,· o que revela a natureza essencial dessas sociedades, ao mesmo tem- po que permite prever o·desenvolvimento histórico. · O pensamento de Marx é uma interpretação do ça- r~ter ·contraditório ou antagônico da ~e.dade.capitalis,.. ta. De um certo modo, toda a obra de M~ é\uri esforço destinado a demonstrar que esse caráter contraditório é 'inseparável da estrutura fundamental do r~gime capi- talista e é, também, o motor doni..ovimerito histórico. . Os três textos célebres que ~e'_próponho analisar, o Man.ifesto c~muni~ta~ o prefácio.~ª Con~ri~uiçqoà crítica da economia política e· O capital,· são. t_rês maneiras. de ex~ plicar, de fundamentar e preci~ar esse· caráter antagô- nico do regime capitalista. · ' .. · . . Se compreendermos· bem que o centro do pensa- mento de Marx é a afirmação do cará~er contraditório do regi.me capitalista, entenderemos imediatamente por· que é impossível separ.ar'o·sodólogo'.do'homem de ação; já que·deµlonstrar o caráter:antagôruc'o dO' regime capi- talista leva irresistivelmente·a anunciar·a~autodestrui ção do capitalismo 'e; ao mesmo·tempo; a incitar os ho- mens a contribuir com· alguma ·coisa para a ·realização desse destino já traçado. ' · · · · · · · O Manifesto comunista é um texto que; se quisermos·~ podemos qualifkar de não-científico. Trata-se de uma brochura 'de propaganda, mas nele Man( eiEngels apre- sentaram, de forma sucinta, algumas· da-s··.suas. idéias . cientüicas. · .. . . .. · ·"•·· " ', ,, ,.l,. AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO _, .. ··o tema central do·Manifesto,comunista éa luta de classes; .'. .i'·. ,; .. · ·'•): .. ,. ·.:f:i .e .. · A: histórlâ ;de. toda sociedade: até nossos dias !é'a: história ·da -lu.~a ·d~ classes~ Homem livr~ ·e.-escravo, pa~ 'trfcio·eplel:fet1,·~arão .. e,s~r\rq.1,mestre·de'9ff.cio e compa-, . nheiro_, ·numa,.palayra .. ,. ;opressores ·;e, qptjtµidos ~e ;en-: CO!;ltrárarn ·:Sempre;. em: co~st~te'. ;9posição,. travaram uma luta sem. ,tt:égua, or.a. c{isfarç~çla, ~o.ra. :abe.rta,. que .. 'termin~va 'sexnpre. por :urna' ~ansformaçã<?.. ~evoluci6..: .. , :nária ~-~t~qa:,a>s?O.edaél~, 9?-,·~~~ãp p~la. '.ruí~a, das di- . versas elas.ses em luta. '(Manifestp comunista·, in Oeti-. vres, t.1, p. 161'.) : .. " . . . - ..... ; .· . . . . . .: . . : • f • • , 1 • .1• : .' •• ' '.; • ~~ ;' ' ' ' • : ~ Ei~.aí~··po~ta.~to,;a;prÚl\~ifa j_aéik~ 4éÇi~i~á de Mar)(:: a hist6ri~.hu~a1l~.s~iÇaraÇl:etiZa',p~la ~ufa de ~pos hh- rnª~?s~ qµe'Chamare~ps d~sses, sociais,, ru,.ja d~flniçãp, que'..P,'or,::et\qµ~ritQ .. pefjna'ne_cé éqµ{yo~a'.,, 4ni)>11.ca,. uma du·p1a:.càl;-ac~enstica;; por .um 1ado, :a.d~ .. comportar o· án:. tagonismó 'dos opre~s'óres e .do.s opr~dq~t~1;.por.o~tr? lado, de.t~nder,~.;uma;pplanzação ~ dois.b1ocos, .. e so- mente em dois.<.; . , ·~ .:, ;: .:·, ( ., .. ·,. ·; . : . :·., Todas as sociedades .$endo divididas em.classes.ini- migas, a s,oci~·dad~·ah.ial, capitalista,\não.,é.difere.nte das que a preceder;.àm.'.No ... êntanto, ela apresenta.certas ca~ racterística~ nqvas.·;;,1 ;;!. ;, ··i. ,, -;.:: ···:·:. '..·.;., ,·,;, r , ·, Para :c01;ne~ar1. a :l?urgt:tesia, ~asse dominante,:é in- capaz de ntanter.\seu .reinaci~ .. sem,revoluciqnar perµ1a.~ nentemente os instrtfinentos da ·pfodução./~A burguesia. não·pode existir.';. escreve-Marx» .'~sem transformar cons- tantem~nte'.·os ins'trümentos de produção;: portanto as ·relações· de·produÇão,·portanto o conjunto das condições · sóciàíS. Ao-contrário,_ a:.primeira. condição da existência de todas as classes industriais anteriores era a de conser- 65.FUNDADORES 195 vatinalteradoo·antigo modode1produção; .. , No.curso do;seu .domínio-dedass.e, que ainda não tem.um.sécu".". lo, a b-.irguesia criou forças produtivas mais maciças-e mais~colossais·do qµe.as'qt:e-haviam sido criadas por todas.as:geraçees·:.do·passado, emconjunto." (Ibid., PP• 164:.eJ67.)7·Por:9::itroladoj-as.forças de produção que lev:a,rão.ao. regi:ne socialista estão em. processo-de ama- duredmento dentro da::socied~de atual.· (,,.,,,:No .Manifesto:.c-Omunista são.· apresentadas dµas formas da contradição.característica,da sociedade capi- talista; que; aliás,:encontramos· também nas obras cien- tíficas,de Marx.-~.,, , : .,:;,,, .. ,, · . ; , ~':.:' .. A prirnêira é a;contradição· entre as forças e. as rela- ções,;.de, próduç·ão.~· A:bürguesia' ctia · inces·sant.emeNe ·meios de prod·iÇão mais poderosos:.· Mas .as: relações de pr_oclução;isto é~',ao que parece, aofüesmo tempo as re- lações::de proprieda9.e:.e.a· di~tribuição. das rendas;,não · se,tr.a.:tsformarn no· mesmo ritmo. ,O.regime capitalista .é capaz:de. proó:,izir ,cada vez .mais .. Ora, a despeito desse aumento:das.riquezas, a miséria continua sendo a sorte da~maioria. ~:)., . ,,. .... ", .. ~ _ . > .i .~ Aparece assim.uma .. segundafonnÇt·P.e contradição, :a·'que,existe.entre,o-aumento das riquezas e a miséria crescente da,J:taioria~Dessa.-contradição sairá, .. um. dia ':ou:otttro1:uma.crise:revolucionária.Oproletariado,que !constitui ·e. constituirá ·:cada;.vez mais'.a· imensa. maioria. : da.populaçãor;Se Gonstituirá em dasse,·isto é, numa uni- idade socialque=aspira.Homada do poder e à transfor- rnação,das reh1ções .sociais. Ora, a revolução do prole- . tariado será .diferente; por sua .. natureza, de.. t_odas_.as ·revoiuções.do.:passado. Todas as revoluÇões do passado ·eram feitas por:. minorias, em. benefício de minorias. A ·revolução do-proletariado.será feita pela imensa maio- •· •• • ... ·u·~ ~·':.~~~ :.,.1· .. ·: .. :···::: .. ·:: .. .·.. . ~' -~ . 1 ,· .,, • ·:.···:' . ·: ~ '·:.4 .. $ ' I: '" 1 t \ \ \ i 1 \ \ í \ 1 \ 1 i 1 1 \ \ \ \ \ l l!..von 196 AS ETAPAS DO PENSAMENTOSOCIOLÔGICO.):,:j.~i\~ . ~~/ .. ~;~ ria, em benefício. de todos. A revolução proletária mar..; ··.<~~ cará assim o fimdas classes e do caráter antagônico da \;,~~l· .. r···· r. ... sociedade capitalista·. · ··: ·'.· · • · · · .: ·;:: .::un.~. i:i ,<'J. -s~: Essa-revolução, que provocará a-supressão;simul~·\;~;: tânea do· capitalismo· e das classes, ·será obra-:dos<pr.ói:·~~'.~(~: prios capitalistas. Os capitalistas não podemdeixaritlé 0::+: transformara organização social. Empenhados>nmna· ;_>,~,~+: concorrência inexpiável,.não'podem·deixar:de:autrü:~ri~:·.~~{;: tar os meios de produção, de ampliar ao mesmo.te.n;:iPt? · ~;.}'-' o númerodos!proletários·e sua miséria.>::.: ;:' .. fi;.:r;f · · O caráter'eontraditório:do·capitalismo semanifes~ ta no fato de que o crescimento dos meio& de·produçã~~ em vez de se traduzir pela elevação do nível-de"tjdúios _ .. ·. _ trabalhadores; leva a1um duplo processo.de'proletai-tt ··,}? zação e;pauperização~· ::· ·' .,:·,, .. ::r ;'. ·:.: . "/.'.'. :,r;: ~.!'l~~..ifIT: .·'."\ · ·Marx não· nega" a· existência· de.muitos: grupo&~ter~ · -· ,._. rnediários entre· o&.ca-pitalistas-e·os:proletárioS., com<S1a~ ... : .: tesãos, pequenos,_burgueses, comerciantes, camponeses1 ... . proprietários de terras. Mas faz duas .. afirmações::quej ·· à medida que evolui o regime capitalista, ·haverá;;uma· · tendência para a cristalização das relações sociais·•em dois - e somente dois -·grupos·,. os pr-0letários'e<os·capi- ·· talistas; que duas - e somente-duas ...;.classes·represen;., tam uma possibilidade de regime,político:e uma:idéia de regime social. As classes intermediárias não têm ini~· dativa nem dinamismo·histórico. Só.duas cla8ses têm condições de imprimir sua marca na sociedade. Urna é a classe capitalista e a outra a classe proletária.· No dia do conflito decisivo, todos·serão obrigados· a. se alinhar, seja com os capitalistas-seja com os· proletários.· · Quando a classe·proletária tiver·.toinado·o poder~ haverá uma ruptura decisiva com'o•c·urso da história precedente. Com efeito, o caráter contraditório de todas .. · :· as sociedades conhecíd~,·até o pres~ie ... Jt~tá:&i.(;&q.p~ ·r~cido::-Marx escreve;::- .. :: · .i "li- ".•·:1.! :;:I;;,.i: '.':~'..::-.;;~!·,r:'); .• ~')~'·)~ .. ; ~.i .. t·:,.:i· .. ·.·~:·· .... · ~ ."'.·!·~~·~:· .... ~· ._., ,;: .. _' .f_.~._:;.·:··: ' .. !:·~ .:.; •·-·~t:t.:~.~ 1.~:.; ; .. :l.:.:· (::.~·l~<:t.'.C""... ·.>· .. ·.,: . Quando, nQ 191fsO do.desenv;ol~~~to,.9~~mta$9t .nismos de.Classes tiver~m desapar~cido e tod,a.~ p,rociH"' r :. ção estiver,conc~ntrada nas mãos c;i9~ in~ivíci;uos'asso-~I ~. . ci_ados, o po4ei público perderá ~eu ç~r~ter po~ítlco. No . -~~. sentido e.strito do te~o, o 'pod~r 'polític<?,1 é'. o' poçi·er or: L.J .. ; ganizado de· uma classe para a opressão de uma·outra. e,, -:'.:·Se, na lut~ coritra·a burguesfa,'o·proletariado'é forsado -:.: '!; i a se unir em ·uma classe;· se, através-de uma ·revolução, " ".':ele se constitui·em dassedominante-e,."iCÓmo1tal;-abole. ·. · ·: ·pela violência as· antigas relac;õestde .produçã0:':-ríentão, ao ~uprimir o sistema de.prqch.i~q,.e,lç,~}JJ.'ajl}a .. ~9-~J=~" • ·1-. mo tempo a~ q:mclisõ~ de ~~ffi~.:49·~?-1t~g9nismo ", ; ... de cl.~e;.e11~, ~q.s1:1pri~ ~ ~~~~ ~1:1' g~ptl, .e~!-r.eli: . ,. .. mina pelo m~~<? at9 Sl:la pr6P.Ii~ .~oPlm,~<;~o c9~9 <:las· :.: >: .. ··se~ A an~g~ .SQcied~.de' b~guesa; ·co~ ;~~~.~las~ ·ê .~~us ·· ·:conflitos de Classe; s'erá substituída'.poruma"assoda- :-.·i.;;: c;ão em que'o· livre :tiesenvol\rhnentà-de'.'càda um:será a • •· · 1 condição do' livre ·desenvolvimento ·de todos:·(Manifes:.. : ·' · ._.to comunista; in Oeúvres; t: l/pp.1182.-3~)·;;: · .' · : "·:: '· :.~, • '.J 1 .. \~·. -. ; :' .. ,. " ··'' ~ { ,:'} ,..,,f ·:'. : .. ! ·,,, .'.~: .; . ... • • ( • ' .... ~ j i ' · : ... · · Esse 'texto:.~ bem· caracteriStico.•de-.·um: dos temas essenciais da teoria. de Marie~ A tendênciados:.escritore~ do começo· do;·século XIX é··corisiderar<a vpolitica· OU· o: Estado como um fenômeno sectindário-em~relação,aos fenômenos essenciais,·econômicos!oµ·sociais·JMarx par- ticipa desse· movimento· ·geral; .'.também ; .. ele~ co:µsidév<i que a .política e o"iEstado são fenôm~nos se.cund;ários., com relação· ao que· acontece.na s.ociedade. •): · · · , _,. ~,. · · . , .. Por ·isso· apresent.a o ·poder politko--'omo a exp.res-:- são dos conflitos.sociais .. O poder palíti,ço:é1o~x,n~i9 pelo . qual a ~e dominante, a C:asse,explQfr4P~-ê"~,~t~P'.}. seu donumo e sua exploraçao! .. ~ .,.;,:. H ~·1:~f.~3 ~:~ ~ .. •. :.;;:/.,'. ···Jbs~ ~. ....... . ·. \ .......... ::·. ''·.:?' \. ' :.;~? ii' t,;~i]·; é'J:'!)'$ AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÕGICO ;t~(~: ' · · n .. vNesfai-Unhà '.de .ra.ciodnio-,·.a .. supressão- das contra~ ·:\~~ dições de classe deve levar logkamente·ao desapáred• ,.~,,~í:. menta da política~ do Estado, pois políti~a e Estado são, )K: .. ria1 á.p~·rê'nciâ, o· isubprodtito1ou à expre~são d~s ~onfli- :Nt~; tôs.sôdais .... ,~ ·: .:·,, ·. · ... ..,.,. ,·.·.:· ... ·:y/~ ··. ·'Ess·~·s sã6 os :tema'.$ .da' visã:Ô histó'rka e também '" .' dá p~opáganda,.polític~i'de ·~çl~ •. 1rat:à~~e. d~ .ti~,a, ex- pressão. sifI1.p1ifi.ca'da, .mas.ª çl.ên~~ de)~fap<. Je,m .. por fim. demon.sÇ:-ar rigorosament.e ,essas. proposiçfü~s: o ca~áter a·nta-gônico··:d~hsociedade":capitalista1 a auto- destn1ição· dnevitável dessa .. :sodedade:contraditória, a explosão· revolucionária que:porá:fim:ao .caráte.r an- tagônico 'da sod:edàd'é;atual. · ·,·,,;.·:- · . . ~ ·. " ' Pottànto; b ceritto do pensá.tneritb de Máh< é a ;tnter- p'refa~ã-é>'do fegimê ~ap~faHsta co~o'_t?~tra~itóri~~ isto é~ .. dó!riina?.o peJ~ ~\lfa <?:·~ ~asse~"~Y.gti~·t.~·c.omt~ con- siderava ql:le-fa~tayft:Ç.C?.!l~enso;à S<?P~cia~e do:se.t\ tem- po por causa da:justapos~ção de il)S,tituições· .qu~ vipham das sociedades .teológicas e feudais~ insti~ções.da so- ciedade industrial., Ob.servando à sua volta.·essa .falta de consenso, procurava no passado os princípios de ·consenso; da$ sodedades históricas. Marx. observa,· ou pensa observat,.a luta,de classes na.sociroade.capita- lista, e ,encontra ;eirt ·diferentes sociedades~ históricas. o equivalente à·luta:·de,classes do .presente .. ; ·. 1 : .1 .: , ... ! : , 1 .. · · : Seguhdo.Manc,· a.fota de classes tenderá a uma.sim~ plificação. Os diferentes grupos;sociais:se po~arizarão em torno da burguesia:•etdo proletariado; e é o desen- volvimento das foi'ças produtivas qu~ será ó motor ·do movimento :histórlcoi .levando,.·pela proletarizac;ão e pelâ -pauperização1 à, explosao revolucionária· e ao sur- gi!Wento,. p'ela1ptfmeira vez na: história, de ·uma socie- dade não"'.antagônica. · · · · '(Zs' FUNDADORES T99 ·""~i~ .. ; r}\ partir desses' tém,as .g~raiS da, interpretação füstó- 'nÇãHe Marx~ temós duas tarefas a cumprir, dois funda- ~~füos.·~ .b~scar. Em pri~eiro lugar, qual é, n~ pensa- . .-'.mêrito de Màrx, a téoria ge:ra.l_da, sociedade que explica ··a.~ c.9~t!âdições,d~ ,soCi.eciade atual eº· caráter antagô- .nkq) .de. todas ·as sociedades conhecidas? Em segundo .lugé}r, rqual :a, estrutura:,: qual. o· funcionamento, qual a revolução da sociedade·capitalista 'qUe'explica a luta de :dásses e o· final·tevohidonáriô do regime capitalista? , ·fün 'outras' palavras; partindo_ dos temas marxistas ·que 'encontrainos n:o'· Mánifesto 'comunista, p::-ecisamos 'explkar: ...... ,·.. . , .. , . , f~\.,, .: ~ . .a teqrfa géral da sodedade, isto é, aquilo a que se. chaµta vulgarmente materialismo histórico;, -.·.;1 ."'.'"as idéias econômicas essenciais de Marx, que en- .Cóntramos em O capital.· ·, . · · .: O próprio Marx, nüm ~exto que é talvez o mais cé- lebre 'de todo$' os· que' e~c~eveu, resumiu o conjunto da sua.concepção sociológica'. No prefácio da Contribuição à êtttica.da economia. p9UticC1: publicada em Berlim, em 1859, eie .assi.in se exprime: . . :,'.p· .·!_1. . . \ 1·,, Eis, em, poucas:palavras, .o resultado .geral a que cheguei.e·que,.uma.vez.alcan:çado,.serviu-me·como fio ....... condutor para meus.esttidos.·Nà.produção social da sua existência, os homens .. estabefeceni.. relações deter- ,.i . minadas, necessárias, independentemente da sua vcm- tade .. Essas relações de produção correspondem a um certo grau ·de· evolução das suas forças produtivas ma- teriais·: O conjunto de tais relações forma a estrutura . econômica· da sociedade, o fundamento teal sobre o . qual se levanta um edifício jurídico e políti~ ... º' ~ ao q':1al re·sponderh formas determinadas da consc1encia social. .f: '. ~ +_ .. ·1 !' ,.1 l 1 \ \ 1 \ \ .l."'"'-•· 200 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCJOLQ,GJÇ(J ' \ O modo de produção da yida material do~a em ge- ralo desenvolvimento da vioa.sodal,polítiça e.in.~~c, .. tual. Não é a consciência dos homen_s q\le çiete~na sua existência, maS, ao contrário, é suá existêricia Soç4il"· · '~ que determina a· sua consciência:·Num certç);grâli 1 ~~ desenvolvimento, as forças produtivas materiais da só:-,. ; ciedade colidem com as relações de produção :existent:· ··. tes, ou com as relações de propriedade dentro:<:las1qi:iais · · se vinham movimentando :até aqúele. momento.,;_e.-que .. não passam da sua express~o jurídica~. Essa.$ condiçpe~ · que ainda.pµtem. efam formas qe ~esenvolvl,m_en~o das forças produtivas se transfprmam agora em s~ios obs:-.· táculos. Começa então uma era de revolução .~()~~~l.·_·A, transformação dos fundamentos, econômicos é acom- panhada de mudança mais ou· inenos rápida em todo . esse enorme edifício. Ao consid"erarmos'tais mudanças, é, preciso distinguir duas ordens· de coisas~ Há a trans• · formação material das condições de produção ,econÕ:-. mica, que se deve constatar com o espírito rigoroso'.das . ciências naturais.· M~s há também as.:fonnas juriçiicas, políticas, religiosas, artjs*as, .fiJos~ficas, eµ\ .~.um,q,1~~- ·· . formas ideológicas com as.quais os homens:to~ ·cons~ ciência desse conflito e o. levam· até o. fim_: Não' ~e j~lg~ uma pessoa pela idéia· que tem de si própria; Não se jul~ .. ·. ga uma época de revolução de acordo com a consciência que ela tem de si mesma. Esta consciência pode ser mais bem explicada pelas contrariedades da vida material, pelo conflito que opõe as forças produtivas sociais e as r.elaçõesde produção. Nunca uma socieçiade expira an- tes que se desenvolvam todas as.forças produtivas que ela pode comportar; nunca· se estabelecem relações de produção superiores sem que as condições-materiais da sua existência tenham nascido no próprio s~io,da anti- ga sociedade. A humanidade nunca se propõe tar:efas que não possa realizar. Considerando mais atentameJ;l- te as coisas, veremos sempre que a tarefa surge lá o·ndê as condições materiais da ~ua realização já se formaram, OS FUNDADORES 201 . ; ou estão em via de· se criar. Reduzidos .a: suas ·gra:ndes ·:. i.. linha1s, os modos de prQdllção-.asi.ático, antigo,·.feu.d.aLe burguês moderno ~parecem come;» _époc~~ prçgressiva~ , , da. formação. econôAAca ~ soçiegaqe~, p..s. r~la.ções de .. : . produção burgue~ são a última fonri.a antagônica do '. ~· · processo.social da produção. Não se· trata '!-qufd~ um ~n ~-, :, .. tagonisnw ~dividual; nós o entençiemos·antes como o .·.·.•.produto das'condíções sociais dà ·~xi.Stêricia· .. dos""indíví..; .~.- '. !,. duas;· mas as· forças· produtiva!;; que- se desenvolvem- no · .: ·seio da sociedade burguesa 'criam ao mesmo·; tempo as , ·. ·, condições. materiais 'próprias para• resolv~:· esse: antagCh .. ·. nisll\O•· Corp ~se .sistema sociaJ, ·ence~ra.-se, pq.r:t~to.,~ pré·história da sociedade~~· _(Co~t~~ição à.critica. ..... ·,_da economit:' polítíCfl, lntr~~q, ~np~~res,, ~· I,. PP· 2~·~.) : · '.·- ·Encontramo~· ~essa: pas~ag~~ :iq.qas· a~· id~4is es· ~nciais da interpretação eco.n,ômíc~ da histótja1 cpm a úiúca rei;erv~'de ciue.nem a.~o<;ão~4e·~.aSSes nem oc.on· ceito_de luta de dasse~ ap~rece~ ~~·explicitamet:lte.~ No entan~9 é fácil_.remfrodu;zi~lqs ~essà: CC?µ_cepção. ge~al; •• ' • • ... j • • ' • ; -i 1 • • • • ' "t ' ~ . . . 1 ' • • • ' • ' ' ' . . ·.1) Primeira idéia e idéia:.esseridal: os' homens en· tram· em relaÇões· d'eterminadàs;··necessárias>. qu,~ são independentes da sua vontade. Em outra.s palavras, convém·segufr o movime~to' da·história·analisarido a· estrutura das sociedad'es; as forç'as~dtf pro4üÇãc»e· as· relações de produç~·o; e não adotando· como:or1gem da iriterpretàção o inodo· de· pensar dos ·homens·. Há -rela- ções sociais que se impõem aos indivíduos/não se·le-. vando em conta suas· preferências~ A 'cOmpreensão·do processo histórico está condicionadai··à· compreensão de tais relações-sociais·supra .. individuais;.k., ... : · }z,,. ~ · '. · ·· 2} Em toda sociedade podemos--; distinguir-a· b'1:se econômica,. ou infra.:.estrutura, ea:superestrufu.ra. A pri- meira é constituída essencialmente.pelas-forÇas e pelas ,·I. ·,• ' ·.,, · ·· .;: . · ./r··A:··.·_;i~:. . ~ . \ ' . "· :202 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO rela'ções,de·produc;ão;,na superestrutura. figuram as ins- tifuições1jütfdicasie·polfticás; hem como: os modos de p'ênsa:r;:~s~H:l~bro·gi~üWâs filos'ôfürs; ··~· ~·:· ·· .:'.-, · ··. · ·. ·. ·"3FO~mofut··trô-,,füó\limeftttfhistótiêó· ê a corttradi- , àd;)em 'ê~cHt füorrieti t6. }fa' ní~tóriâ'·· ·énfi~ eis fof as e as ;eíaÇões: ~~:.P:r?f~~Çã(j~',f\~ J9!,Çil{\Í~ Pi~dUÇãO ~ã~, ao que.parec~,ie~s..endahn~l;l.t~ ~ Ça..pacldade;de,ur~ú-tcerta socied~de-~de }ptiodµziri ~apaczidac;\e:que é- função dos. con~ecimentos·: científicos·,·,do.··ap·arelhamenfo técnico, da:própria·organizaçã·o·do-trabalho·coletivo,.: As· relações de1'·~oduçã·O,'t'.J.tt~.tfãó:ap·a·r~cê~·de'firtifüt~'precisâmen te. nesse texto, pa~éel;ri t.ãtàcteti:Zàda~ 1essendalmente pelas rêfações"'dé 'p'roprledâd.ê;:'E'.*is'te~\ ê6m'efeito; ~- fór- mul_~; __ !11as fel~$<?~~~ ~.e. p:~~Bç~oJ.·/~~!s;~e~~~~~-.ou aquilo q~~- é ape·n~~ ~~a~e".'J?f.~~s~·~.jlitfdrçar~.$ f.~lâÇões de·pr~-: pr~edad~ d~~trc» 4~~(qtiaiá .. elas '~~arairl ·~te· àquele frio~ meri~ó11 • ê.~h,fud~~,·a~' r~l~Ções·_~e.·ptdãuÇ~ô.não se ·~·ori- · fundem rt~E?Ssarlamentef con\ a$}elaçõ~ .d.e \:>ropriéda~ de,' ou, q\üincio: füeti.<is~ as· relaçõés d.é· prO'dtição ·padeft\ incluir também a tiistribuiç~o da renda nacional, mais : • ' ; • , • ' : • • ... J .. • • ~ ' . • • • 1 ·~ • : ·. • f ·.. ' • ou _me~os estre1tat_nent~ ~etet:J;l1~~da,peias relações. de ro riedade .. , ' ~ ' . . . . . . . < ' .· . • ' . . • ' p p. . . :. "I' ·•··;'·•·, ,. r• ... •. •·•···· ' ... ,. · ,·_)3:m 6utrasp~l~vras~·'à'êiiàlétic;a,da história.lcons~ titúfda pel~ inovim~~º: das ~orç~~. p~odutjy~s, ,qu~ ~IJ.~ tram ,em.coni;adiçã_o~--~--~~rtas épocas ~eyolucio11árias, com.asrel~c;ões.4~ . .prl?dtição,.is.to -~; ~~-n.to .. a$·r~lações,de proprieciad~ .e~~~'~. dis.9j.l?~çãq 4,a feJ:?-4.él 'e;ntre. os.in- divíc1uos. ou grµ.po~ d.a, c.oletividaçle . .1 •• . 1 •• 1 • • . , . ·,. _;.4):Nessa çontra,.c;liç~o.:;el,'ltre fórças e relações de.pro- dução: é fácil introduzir a1uta de classes,...em~ora o texto não: Jaça :alusão.~Basta: cons!derar. que nos. período_s re- volucionários;.isto· é,. nos .. períodos-de contradição entre forças e relações.de produção1.uma·classe:estáassociada ·~ ·~~·::»l.'. -:~'ti( .. ·'. . ' .(·· · 'OS-FUNDADORES ~-~:·'.: 203 -~,~~~. M~\: ãs~anffgas relações ce'produÇão, que· constituem um ;:,f: .. ,obstáctilo ao des"e±wo:vimento'das forças produtivas, en:.. '.f.J·.- >·q\íàntó\ot.itradasse ·é próg'ressiva~ representa novas rela- fE.:::. Çfü=?s·dé"produçãoque_, ·enrvez de serem um obstáculo no áit:· 'Cart'iinhb do desenvolVimertto de forças produtivas, fa• 7f ·vBred~rão;ào~máximcfo desenvolvimento dessas forças. )~: ,,;J!:.Jl'à~iseittos-dé$~aáf6nnu1âs absti'atâs 'à iriterpretaÇão 'L::' d:oi éapttalismo:·:_N'~ .:s6d~dade ·capitalista, a burguesia ti"· êstá.:àssociâtfa"à'prõ~êdadé'p'riva_da dos meios de pro- '·· dtiçã({é, pó_r is~d-fi\e§riid,_~ uma certa distribuição da tenda ri'adonal .. Eh\ contrapartidà, o·proletariado, que ~ÇJ~Stj.~~o.outr~.-pólo <:l~ ~odeciaqe~ ,q~~ representa.uma ,._, ~titr~ .. ·~rganizaÇã'ô 4-a· ~ó letividade, se. tórrtá, num certo rhómento. dá hisfóriâ; 'o r~pre~enta11le .. de"uma nova . org®,i:Zaçãó. da. sÇ)êie4ade:,_ prgar\i~~ç~b:-qué s~rá ... mais p*O-#e~s1v,a .. 9:c),qti.ê~~--~rgâ~às~(, .c~?~t~~isfa. Es,ta nq~a qrg9-ni,zaç~o rria!'c.ará,.uma.fase. ulte~?r ~o prosesso his- tóricà,J.J,111. des~iivohjmentó :mais. avançado das forças p~od~tivas. · · · .~ .' ..... , i . .!. i , , ; .. · · ~~ >·. ~?>t~ssa di,alética das_ fo~ç~s .e das relações da produ- ção.sugere .uma teoria das. revoluções., Com efeito ,.den- tro dessa visão histórica, as revoluções.não são aciden- tais" mas sim a. expr~ssão .de uma .!'\ecessidade histórica. As revoluções pree:nchem,funções necessárias, e se pro· duz~m quando ocon.e~,determinadas-condições. · , ;; .. -~As .relações-de produção-capitalistas se·desenvol- verarU. a princípio• :no· seio da sociedade feudal. A Re- volução Francesa se realizou no -inomento:em que as novas .relações de produção capitalistas atingiram cer- to .grau de maturidade. PelO' menos nesse texto, Mar~ prevê um processo análogo para a pa_ssage~ do. cap1:.. ta1ismo ao socialismo.· As forças de produçao devem desenvolver-se no seio da sociedade capitalista; as re.;; . ·.: .. ~ . ·: ~·:- .. '· ~ " ~: '•. '> \ \. 204 AS ETAPAS DO PENSANiE.NTO SOCIOLÓGICO lações de produção socialistas devem amadurecer den'." tro da sociedade atual, antes que se produ~.a revolu; ção que marcará o fim da pré-história.da humanidaqe! Em função dessa t_~oria da revolução, .a II ~~rna9o~ . nal, a social-democr.acia, se in,clina~a para \.l~~ atitude. relativamente .. -passiva~. g.ra preciso. o amadurecime~t9 natural das forças e.das r~la,ções de produç~o.do fµtu- ro antes que oc_prre.sse.~a ~evoluçÃo:·Marx dii.qu,e . .a.hµ7 manidade nur,tca coloca" prqble~a? que nãºo. pqd;~ r~ sol ver: a sodaFdeiúocrada tinh~ 'medo' de r~~lizar a revolução cedô d0e~ais. - é po! isso:.~ti~~' qile. ~l<t .~u~~ ca ·a realizou. · · ' · -.. : · · · .. ·.. · · · .. . 6) Nesta int~rpre:~élçãohistórica, Marx ·não. distin- gue só a infra.e' a·supérestnitu_ra,·m~s também a ·reali~ dade social e a consciência: não é a' consciência dos hó;. roens que deter~ina ·a·realidad~! mas; ao cÓnfyá~io, é a realidade soda,l qu~· detern:ima.·sua consdência:Daí a 'concepção 'de conjunto segundo a' qual é preciso expliw car a maneira de·pensar dos homens pelas'relações· !:.\à- ciais às quais estão integrados. ·· · ·· ·),'., ... · Proposições como essa podem servir de fundamen- to para aquilo que hoje chamamos de sociologia do co~ nhecimento. · · ,,. · · 7) Finalmente, o último· tema que está incluído no texto: Marx esboça, em largos traços, as etapas da his- tória humana. Assim como AugusteComte.distinguia os momentos do proc.esso do devenir humano segun- do o modo de pensar, Marx distingue as etapas da:his- ! tória humana a· partir-dos regimes.econômicos. Dete.L·!" \ mina quatro regimes ou, para ,empregar sua termino- logia, quatro modos de produção:: o asiático, o ant.igo, o feudal e o burguês. Esses quatro modos de produção podem ser divi- didQs em çlois grupos: OS FUNDADORES ''(• .·, ... 205 Os modos· de- produção 1 antigo,;,feudal»e. bu,rguês: . se.sucederam. na história do Oddel\te: -Represe~am as. três etapas da -história ocidental~ ·caiiacterizadas pot·.d~· te.rininado tipo -de relações· entre oshomens.que,traba-. lham. O modo· de produção antigo .é caracterizado pela escravidão; o. modo de produç~o. feudal; pela·seryiQ~o;. omodo de produção burguês, pelo trabalho·assalal'Ía"'. do .. Eles constituem três modos ~t41tos..:d~_e.~p~~r_~ção~ do hon:wµ\ pelo hpinem.· O DJ.09.o .de, pi;~ \l.Ção. l;>_urg\lê?: constitui a úl~ima· fonµação· sotjal .~t.agôI1;ic~ p~q'L.f~,; ou na medida .em qu~, ·º ~od~ ~~ p~od~ç~Q s~~hili.~~, isto é, a associação dos produtoi;-~s,:nã9 ·U)~i.$. ;impliça .a: exploração d9 homem pelo .ho~eror~,~µpp~qJn~.ç~o, dos trabalhadores manuais a. uma cl~s_s~ ... de~ento.~~. d_a. prq-:: pr.i~daçle do? mei?~ d~ produç~o·~ 40 pqder ,P~litico:. . ·Por outro lado, q. modo d~ prod~s~o as1~ticQ nao pareee constituir uma ~tap~-da.hist6ri.a. do Ocidente. Na. v~rdade, o's · ~rMrp.retes de. M~~"t.êrri 'd.i~ç':ltido 'incan-· sav~lmente ·a .réspeitQ. da:. ul'\i~~de~~1· qµ J~l.~~~ dfunida~ dé, do process~ l)istórico~ ~óm ef~itq~ se q modo d.e· pro- dução asiático caracteriza uma ci~ação"distirita cl.a ~o Ocidente, é pr~vável que várias liri,J:µis'.dé' evb~uçã'O:J:ús tórica sejam possíveis s~gundo os grupos hµrrt'a:q?s~ ··· . Além disso·, o modo de prddüç~ó aSiático' não!pare:-· ce definido pela subordinação de escràvos,"de·servos ou assalariados a uma classe prQprietária dos,meios de produção, mas pela subordiriáçã(> de ~odos·~.~:trabalha dores ao Estado. Se esta i_nterpretação do· ·modo de pro- dução as~ático·é correta, sua estruhlra~sodat não:seria caracterizada pela luta ·de classes; no:;sen~ido ocidental do termo, mas pela exploração de tOda a sociedade ·pelo Estado, ou·pela classe burocrátk~a~.::'. ·:~'. J r1 J:( •. 1·'~'->d.:. <~> . · -Percebe-selogo"o uso que-se·-pede;dar1à:noção:.de modo de produção asiático. Pod~se·conceber querno 206 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO , caso: da··socializa~ão:·~os,fueioS'\d:ecpr0'd.ução; ·o capita- lismo não.co~dtfZaJPataiiffim.de toda à exploração/ mas·. para·a:difusãctdo·.mo<i<Yde-ipróduçãó:asiátko,:ppr toda; a .-htunanidadet@s-~sociólogos~queinão·:são~favóráV.eis ·à; s·ociedade · soviétk:éf. ·Tc:ómentá'rarh·::extehsàmfulté ~taS'. reférên.~ia§.;rápidis~àd:~rnôd~de'prOO.tlÇãb"asiático.,'Ch~· gá'r~írh~mes:i:riQ<a{ ettcohttattrto~ esttitós'êl~~l:Jênln~i~r.fas' páis~a~11.s·~ft\.1q:t:i'ê: ~lE!·rfoanife§taVa: o''terilbt'déqae· t1-mà tevc;1ução:·i5&clalis:ta '.ievassé nã<'.fao·fim·-d.a._explota<;ão do:'liô'inem~·p~1<.rli~h\êtfi~:mag;.ã:"füshila<s4ã'ô1 tto~rrtô&crde· prôduçã~'·asíáti~o/tir~fid~~aféoridu~ões de' 6rdem'l~oL líticâ~fádfü~rde1adivirütai-8!·! ,)i/;· 1 ,::. ,;_, ·.,.: ..... 1i: .i·." • .... :i · • ; , ··.: 1 -: E§~~srsã·o~irg1:tfiêtf v~ejà·~:ta~l~s.fffré~ek' tl"t~ üri1~'írt~ rétp~~t,âçãfr'~rre~1cl\'ijla··l\i~i6trà.t N:ã6 ~co!rfüiinos; á r~ .. ã~·: ur;-.- · ·tabfü'h-Uis ·fildáófi<:ós"cómpri'c'attb~: cah~· ·· er~ · \#it~r -M~ ... , ~-ti~~~füt~& fê~~~ .~1tfêtprétâ'~ã8: 6.solidári!, ou ~~ô tc&rfi. tfua-, ;rh~fufisiéa '. tt\â'têrfa1ishi :~Q"iiái 'o" séh'tid8 e'~ã(9.~Cit!~,_'.:~~·-~w~~;Ãffl~~~:a&:i~tm~ú:tl~l~~ê,~~ tJ·~·, ~ó~ iri~n.tó· ~:suf.f clettt~ iltt\Hahnb~fibs à:s· idéfa~ furiêfamen~· ~~t~~~~~~t~~~§~~~;;~6~'.~· mfr:~~~s~~~~ .. ~ .. d~. ~uBei:e.~tm~.r:a. Pº.~~ .lev~r. (~ .t~m,. levado)~a ~d1setis~õês .. irifirid'ávéis •.. · .. '. · ~ . L. · 1 \.,, ,: .. · ,:. ·'.····:~"--~'.'.~.i· . ." ' .. :'. .. /:n· .. ·,.,.~1"•":; '. "·;-_ <\.,'.,: :· :.:.~·: ~.'.·'. .. , .·.'; :·: :i ·_, · · ·;; ,, · ··: · ~· ,:-~ '.·:;:!::!·~,:";:: ~;:~; '.,~~ 1L:;'.;:~:~~.:": q~~~p~iai;;~:;'.:·:;,.~·:/~i:·:~.;::;;.;,., .. f·:.:. '.«·. ::~:._ :.1:.:; :."".:.~(! <<·~ ,~~l··,~;;lft· ;;,.-~""'! r:~t,~:;1 .. ~··~·"":t;··:.>l)~-.~ !·:.~?.;:.·~'..,·'r?:: ~<;.~::\~~thf.) :· .-· .. : . .. · .. i_ ~'.· -.)·:1·;P.Rapital.~~i;n~~dQ·Objeto .. ~e;~()iS"t.ipos'-çleinterpr~:-. taçã0.:,:,Seg:lt:~'q0,~·~guJ.1S(~çqmo $chumpeter, .-é!es~encial.-" mente~.µma,~·obra",pe<;eçonomia .. çientífic~~.:sem-implka ... ções: .. filosóficas· .. Segund-0.-outros~;;como~o,i'aqre Bigo~ por·~emplokéuma'.,~~pécie de~análi~e .fenomenológica OU: existencial;da-.economia, e algumas· passagens que .se OSFUNDADORES,. ' 207 pr&ta'fi\ a uma 'iriterprefação filosófica, como oêapírulo sobre:ófenehismo das·mercadoriasrfomeceriatri a· cha~ . ve:·dô'~pensamenfo. dê;Mânc Sem ::entrar nessa·.:corttrb- Vétsia}".direi qüà:hémiriháin ter.pretaçãO ;pes'soal. •· . .Gr~io, qt'ie.:MairX:;:se~.cdnsiderava .um :economista· deritífico,. àmãneira:dos:economistas ingleses em,que se:'baseoú. Càm·efeitó}.elêàcreditava ser herdeiro e crí-- tico· da·"economia-política: inglesa: Estava convencido de.ter.;captad6 o·:que·havfa de melhor naquela econo-- miaf,~ôrrigindc»-lhéoS~erros eultrapassando suas limi- táçõe§/'àtribúíveiscà'.perspectiva capitalista ou burguesa. A'.o,analisar.·ô va:Ior;a trota/ a exploração; a mais"'-valia~ o lt:ú:ro1-:Márx se cblocàcómo econorriista puro. Não lhe ocofteria justificar·u-m:a proposição científica inexata. ou cfisctiffv.el:invotanüo· .. uma intenção·filosófica •. Marx".le- vãva·a~sérioa,ciência/ :: ·;., -T·;'.;.Contudo, Marx.não é.um económista·dássico, por· razões 'muito predsâs:;qtt.é ele próprio revela; e qtie nos permiteirt."comptêender.onde.se·sifua 'süa obra. , i.; :·.;Mane critica ós:éconoinistas clássicos .por, terem corisidefado q~é·a.~:-leis·t.da-: economia ;capitalista eram t,in~versalmente :,válidas~';Üra, ,para ele cada regime eco- nôitiic~ tem.suas; própriasrleis.,As; leis econômicas dás- sicas·:não .passatri~'nas·drdlnstândas· ém,·que<são. ver- dàderras, de leisdb regimêcapitalistá;·Matx:passa assim. daddéia:dé uma· téõria~ecbnôrnicá universalmente válida'.:' pani'a··idéia do caráter espeófico·das leis de cada regime. ,:;: .. : :~,~:Pór.cmtro lado; ufa regime econômico não pode-ser ~àrripreertdidcr·âbstraindo-se sua estrutura social. Exis- têniJeis'·econôrii:i'céts cáraderísticas· de cada regime por- qué~.ás, leis ec0hômicast-corts'ti tuem~·à · expressã~· 'ª bs- trata7de relações.Sociais que definem um determinado módõ de prod uçã'ó. Nô regime capitalista; por exemplo I .. ' ··• ~'. ri, ·.·1 ~ l ., 1111 208 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO é a estrutura social que explica o f~nômeno.capitalista essencial da exploração; e que;determina ·a autodestrui-. ção inevitável do·.regime capitalista.·:· '· · .... ' · · l O resultado é que Marx asswne como objetivo expfü car o modo de funcionamento do regime capitalista, çom base na suaestrutura;social,.-eo desenvolvimentcidesse regime, com base no·seu·modo defoncionamento ... Em outras palavras, O capital é um empreendimento. gran.;.; dioso e- digamos num sentido·estrito.--um empreen~ dimento genial, destinado a'explicar simultaneamente o modo de funcionamento, a estrutura social e a hlst&. ria do regime capitalista; Marx é um economista que pretende ser também umsociólogo • .A compreensão do funcionamento do capitalismo deve·permitir·compree11- der· por que os homens são explorados no regime· dà propriedade privada e por que esse· regime está conde-· nado, por· suas próprias contradições;· a.evoluir.;no·sen- tido de uma revolução .. queo:destruirá:· ·; ;_,._.·, ... ·;· ... · ..... , A análise do desenvolvimento e da hlstória do. ca• pitalismo proporciona também uma visão·-da históri~ da humanidade através dos modos de·produção. Oca~ pital é um livro de economia que:é, ao mesmo tempo, uma sociologia ·do capitalismo e ·u.ma hlstória filosófica da humanídade, embaraçada nos seus próprios confli- tos até o fi111 da pr&-história. . · ",:. · ·· : · "" .-.··:: ;. \ Uma taltentativa éevidentemente g:randiosa;.·mas \ acrescento imediatamente que não: creio que tenha dado l certo. Aliás, até hoje, nenhuma tentativa· dessa· ordem Í deu certo. A ciência econômica·ou·sociológica:de·hoje l.i dispõe de análises parciais :válidas do modo.de'funciCh '.: namento do capitalismo, dispõedeanálises soàológiças ", válidas dacondição·dos homens·ou dasdasses numr'e--\ gime capitalista, dispõe de certas análises históricas que L~- OS FUNDADORES .209 ··~plicam a transformação do tegim.e capitalista, :mas não existe uma teoria-de conjunto·que vincule:, de modo -necessário; :estrutura- social, modo.·de.funcionàmento,. :destino dos .. homens·.ne regime, ev.oluçãq ·do -regime··~ se não existe uma teoria que consiga abraçar o :con}un- !-to talvez seja porque.esse conjunto.não.exista.e.a histó- ria talvez·não seja tãa·r~cionalie\l\ecessárié~.~ ;·: .... - · · · . ..De qualquer forma,.compr.eenderO.capita.l.·é com- ·preender como Marx quis analisar•o funcionamento-e.o · devenir do regime. e .descrever a .condiçã9.1dos home.t:l.p -no, interior do regime. ·, .~ '. .. ,: ;· :•;. :.·• ... :J.:.~.ru> i. .• . ·: , ~ , · O capital compreende três li~os.i:Só::.O"primeiro foi .publicado pelo .próprio Marx~·GsJ..iv.r~s:Il.eJilsão.póstu~ mos. Foram,extraídos por ·Engels,dos.volumosos ma- nuscritos de .. Marx, .e não foram.. terminados; .. Ai; inter- pretações· que encontramos·nosJivros. u,efilse-.prestam -à-contestação,·porque algumas'passagens.podern pare- '.cer contraditórias. Não pretendo.resumir ·aqui ·o .conjun- to de O capital, mas não me parece impossível s.eparar os temas essenciais. que são;_aliás,:aqueles ,que Marx considerava os mais importantes,·.e :.também.0s que ti- veram maior influência na histórl.(J.. :;:: ·.~ .. ·· ~-. .\!'_;., .. _.,i •.• : ·O primeiro desses temas.é quea:essência·da;capita- lismo e, antes-de tudo, a.busca do.lµcro. Namedidaén que se baseia na propriedade·privada dos;instrumentos de -produção, o· capitalismo está fundamentado também na.busca do ·lucro ·pelos .empresárip$· ou prcdutpres. .·.· ··:· ~.-Quando,;na.s1:1a última obra,·Stálinescreveu.que a lei fundamental do capitalismo era a ·busca do lucm.rná.-. ximo, enquanto alei: fundamental do .. socialismo;era;a satisfação das necessidades e a elev.ação;do:níveL'cultu- ral qelas, ele .levou, ·evídentementei o pensarnenuJ:de. AS ETAPAS DO PÊNSAMElVI'O•SoaoLóGICO :•Marx-do: nível'do\~O~l;tp~rr,pa~aio1lúvek~ti:~nsi-. ·:rin··.primário;'.mas~~ão:.hár4ú·yid~;d~'q_tre~;~terott.o. tê~ rrta inicial ·da;análise~mar.xiSta1.que":vamoin~ncontrar nas ;primeiras~págin .. as3:le:O.:ap#trl/~que·1Ma~,opõe,dois · tipos de,.:troc;a?ii :~ ,-:-.;.1.:i.~ff)~~f~{~ .~~;:.\·~:iq_~. :::~;;_{'! u ;1.7<:,.i ;.: .. ;_:.,-,;;·, ~ ··< .'..;·. ·Existe-.um·tipo(.:de/.~ta .:que'.:V.abda: .m~rçadória;à . mercadoria~"'pàssru;rdo.r9fr,nã_q,,peltj~dil}p~iT;ôr:.Possµfu;los um'.hetnfd~;.q;úer:r:t:ão:~az~os .nso1~troG:~ni~lo. pô~ ,.um .. bemtdeíque:~emosi1l'epe'ssidad~~;enhegando:.,o:.b.em··que opos~uítnos:àq~l~_qtre o des.ejai?Qucu,lqG>J:SS:Of.Sê op.era:-de modo:direto1. tr~ta~~ 4.e.uma.sim.ple~.troca\Ma~·~sa tro- ;cà ,pode~~tteitadiE?'!lllodo.indiietot:;PQrintetm.édio: çlo di- · nheiro ;>quê :éd;equiv:álénte \ttl:tl:~r:s~l;qa~.merc~dorias. <· r.' :,1 A.1 :-trm:ahque<·*.al::·í~~itrherc~d'Gti_~n?t:·~me~adoria: é, ·potlé~se.qizer~trotTc;l~diatamente\~nteligítrel~imedia~ .tament~··hufü.arlài~a-si~:fan1:~énr.ti\otra.;q~e.~ãoipropor~ ciona-lucro·9.u~~edef!:te~;Enqµanto.-pa~samoS;da.;m:er cadoria·paraa·m:er~d,oriartmantemO-nos:rtti.ma ·relação de igualdader 11·:~~~n ~. •.i:;t:·Y\ bq \ !.>!..t:·~..;. ·/..~.,~:.. . • ~.:.~ 1..íl ,, fi ~ .l.'·>1,":; .• · .• ~ ·: 1.: ;i. ·:/. :1 ·::::.'<.\,Contttdó~h~·r.um~.segundp,tipmd~ :troca·;:;que.:vai do ·dirrheiro·ao·,dil\P.éiro,:·passàndo pela mercadoria, com a particularidade de qt:re;no"fim~dó.proc:esso·:dMroca pos- suímos:. uma_. quantia; ·em. diphell'.o- superio~ -àquela da fas~::inidali':Este· ·tipc>-~ ~e.:troca .que,.vai :do~·.dinl)eiro .ao dinHeiro.passando\pefa mercadoria~ característico. do capitalismcrúN.~~pi~alis~o;;ó~empre~ário: .. oa prpdutor :nãd.p~ssal·demnur: tn~Cádqria~qtj~:éfaútil.~pàra ele:para ouh'.a qlr4:1he;,é~útil;.po'r. int~rm&!fo. do dinh~; .a essên- cia .da-,.troc&:eapttallsta':c()n~iste '.em passar do.-dmheiro ·ao« dinheiró.:passahdo·1'ela mercadoria/para ter,rno fim do.procesfoJ~ais.dfuheiro.do.que no ponto:dE=partida. --;:·:\~;Para MatXpéste~é'o tipo defroca .. capitalista~por,·ex ·çelêndayercr;m~is: misterioso. Como -é .. possível adquirir :'.~:.·. ·~.·:.:,,~. 'OS FilNDADORES . > · 2.'tl ' re!~'~ócá~~qtl~~ft~? :s:~·~p~ssuíá; oÚ; quando·~ertos;'f~r 1tíáís:d:o·que·o.que se'.finha''nõ~ponto de partidà?Üpfó- 'bl~à>prirtdpal.ild<:~tpit~lí'smo, segundo Marx, póderia ser assim formµlado:,.qual a.:~rigemtl.o luctô?'Como· é ~po5~Wel ~-irt~-re·~:~·:~-·qti~~o.motôt·es~endalda.·a.tivi ~~de;:~ .. :~,bus'tá::~~.luthl.eém.qúe,.e~:suma, prodütores -e: c~nrerdéint~S'.podetrt lticrar? , .::> ·.. · i :: ,'·,, . , . , ·' : ~-:;?, ~~~./~v1arx··êstáçqtive~tjdo tl~ ql:le:tetrt uma resposta pl~ namé~te-sati~fát~rlà-parâ' essà qüestão. :Com·a 'teoria da ·J;rtai~iyalfa ~l~:d~J.1.\b~Strá\CJ.ü~: tüdo é·trocado: pelo seu ,~atO-t/e'que·;,:ifo·;~~t~h~o;-~xiste uma ·:fonte·de 1ucték' ~- ! ::·.'.· As,etáp~s::~'fFS~.fa'd.e~onstr~ção:sã·n: a.t,eqria do va.~ for :do~~salárit>.:e;.~pó'f::::fim;'..aJêo~~ d~:füâis~valia .· . '· · · :: · . r~~;; \~f.rime~a'.P.fà.\!'RSiç~t); -o:V~lptd~~_qpalquer'mercado~ .. ~ 'éf··df:'.:írt'ôdç>;,get:at~ptqpbrd()ha!:à· q~antidade.:de trà- balhôysoci.a:lm'édic;,,:nelª'·contida.-E o que chamatnbs de tehtia do ival6r.-tràba.1i\o'•·,:~: , · · ·.< • . . :. ' · . : : · ·: . . " · · .. i' ;. ·M~r?' .. não:-pre.tênd~.·::êiue~a:Je1 <lo,valor· seja··rigoro- ~.atttênte:re-speitad~;em.=tocia! e:qualquer trbca. O preço -d~·umámercaddrla;osdlàiabaixo·.e.acima do.seu valor ·em, ,função d.ô,-e'.stàdo.da·of~rta e-da' d.émanda. Marx ·não sÓ conhece> essas'. Vâtia~ões ·Cbn1Cf afirma claramente a si1a.~x.istê~da;-·PÓr ôutroJat;l.e5.reconh~ée que as merca- dbriá·s SÓ: têrrt y~lôt))'.a·l)1.edida ;ein· ·que-existe uma d·e;. ~and~. po~ ~~ás~,~Em>_o~tt9s· t.ennos~' se ~hóuvesse· tra ba- lhõ'cristalizad0:nütf\a :ni.ercadori~, mas nenhum podet ~e :~oinpr_a.:foss~ .. dirigidc>. a ela~' e:staimercadôtia>já não feri'àNalor; isto é, ·a\própordonalidádé·erttrê o valor e ti>:quantidade-'de, trabalho pressupõ~, por: assim dizer, nina detn~nd.a:n0rmal da mércadoriá considerada: Isso equivale, em sufua~ à ~eixar de lado um dos fatores das variáções.do preço.da mercadoria. No entanto1se s~po:.. . ri\os ur.:ta0:demandanormal para a mercaddria cons1de- f ··~·_..,, ......... ·· •' .~ ... ':!., ..... ~.~.~'f"., .. '\'º"'· .... ;.-1: .... • . ..-..... ··;.·,·1· •, 1: :.:.lt ~ · ... \ ! \ 1 ! \ 212 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SO.ÇJOLÓGICO rada, existe, segundo Marx, uma certa proporcionali- dade entre o valor dessa mercadoria - .expresso no p~e:J \ ço - e a quantidade de .trabalho social médio cris~alizado nessa mercadoria. · ... ,. Por que é assim7 O argumento.essencial que Marx apresenta é o de que a quantidade de trabalh.oéo úni- co elemento quantificável -que, se descobriu .na .merca .. do ria. Se consideranw.s o v~.lor .de .uso, estamos ·diante de \lffi elemento ,rigorosamente qualitativo . .Não:é,po~ sível .comparar'.~ uso de uma caneta,co:m.o de uma bi:- cicleta. Trata-· se de dois usos estl".itamente subjetivos e, sob esse aspecto, não podem ser comparáveis .um com o outro. Como procuramos s~ber em que .consiste o va- lor de troca das mercadorias, pre.dsamos e.ncontrar um elemento que seja quantüic.ável,·,como o próprio. valor çie troca;. E, ,diz !v1arx, Q .'Ún.ic.o valor· qu.antificável é a quantidade. de trabalho que est~Unserido, int~grado, cristalizado .. em cada.uma .dela~;, . ,.. · _, Naturalmente existem diliculdades,.que.Marx ad;, mi te igualmente, a saber, as desigualdades do trabalho social. O trabalho do operário não qualificado e do ope- rário especializado não têm o me~mo valor, ou a ·mesma capacidade criadora de valor, que .otrabalho·docontra- mestre, ou do engenheiro. Admitindo essas ·dif ere~ças qualitativas de trabalho, Marx; acrescenta que ·para re- solver a dificuldade basta reduzir esses diferentes tipos de trabalho à unidade que é o trabalho social médio._· Segunda proposição:.o valor do trabalho po~ ser medido, como o valor de qualquer merc.adoria; Q sa- lário pago pelo capitalis.ta ao trabalhador assala.riado, como contrapartida da força de trabalho que este últi- mo lhe vende, equivale à qu~ntidade de trabalho social necessário para prociuzir~~do.rias indispensáveis OS FUNDADORES 212> à vida do' trabalhador e·de sua família; O ·trabalho hu- mano é pago pelo'seu valor,·de:acordo;com·a iei:~eral do·valor;"aplicável a-todas as mercadorias·. · ::J:. :: · ":- "· · · ·; · Mfrxapresenta essa proposição como_· evidente· P?: si mesma. Ora~ normalmente, quando se toma uma afir, mação como evidente,- isto· si~ca ·~ue:ela Se pres ~a. a discussão. ' :· i : . .. /; ,.~ " 1 >. ' . " : ~ .. ; ·, ; :.1 i ': • ': ~" (', n (. ' ...... ' .: . ' . ' " ... · · ·Marx. afirma: .. como o· operário chega; ·ao:· mercado de trabalh~ para vender sua força de trabalho; é·i:>reci.;.. so ·que ·ela ·seja· paga pelo seu valor .. ·E' :~rx ·ac.~~c~nta. que o valor· só pode.ser;"nesse ~a~,-.oque·ele·.e-emto dos os casos, isto :é, o ·valor·mechdo pela quantidade de trabalho. Porém~ não se tratai exatàmente· da ;quantida ... de· de trabalho necessána·para produiir··um: trabalha~ dor, o que·n0s·faria sair do campo· das· troe~~ soei~ para ingressar noterreno das·trocas biológic~s;·:E p~eoso ~d mitir que é· a'quantidade·de. trabalho .. que va1,med1r o valor da sua.força de trabalho e-das mercadorias de que o~operário necessita·pa.ra sobreviver;-·ele e·a· família.· · , A dificuldade dessa:·proposição·está em que·a teo- ria do valor-trabalho se baseia- no·car.átet quantificável do trabalho enquant<f·princípio:'do. valor;::e1que; na se- gunda proposição, quando se'trata;das mercadorias ne--- cessárias para a subsistência do operário e de sua familia, aparentemente se deixa :o terreno do quantificável. Nes- te último caso; trata-se·com·efeito:do montante definido pelos costumes e pela psicologia' coletiva, conforme o próprio Marx reconhece. Por isto Schumpeter afirmou que a.segunda proposição da·teoria-da-exploração não passa de um jogo·de·palavras. ;: ;:· · · .. ;!"' · , .. , "Y' ; ;· r·: .·: ;_,, '··,·Terceira 'proposição: o tempo;detrabalho necessá- rio para· o· operário produzir um'·valodgual:ao que re ... cebe sob forma de salário é-irúerior.à:duração~efeti:va·do -........_..__ .. ______________________ """"" __ __..~.._,.------------------------- · ... · .. / .. ... ·· :·· .. : .... ,· . , •. : .·· ,' j' ·" .,.·: ...... ~ / > ·.1 .' . . ·. ·:· : .•• 1 .• . · ..... . 214 AS .ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO s'eu trabalho·. O ope~ário·produz,-ipQr.exemplo;'errtdri;. éO hqras umiValof,igual~o ,qµe.eStá,,dmtido. P,O Seu salá~ rio, mas na verdade ft~balhà dez:--horas •. Portanfo,,traba.;. lha;metade do tempo.pa~a-si-mesmo,e.,,a outra·metade para o dono da emptesa •. A;máis.:vali~\;é ·a ·quantidade de valdr produzidorpeló.,ttabalhâdor -além .. dotempo de Jrai balho necessário, lsto é, do teinpo de trabalho necessário. pata:prodti.iit;-)itrit·valor-igtJ.al ao. que recebe: sob ia forma dé.salátiC:'.L:"(i~~ó'.~:.T\ ··~~~i ~,y:(' ·;-,,_;(· "::".11""· .. , .... , ., 1i'.; ,.,: .·· · ·. ·. ~ ··:;A ·parté,tlâ~jór.ria~á}.deJrabalh o nec~s~ária par~ -pro~ duzir·o.,.valor;m-istalizado.no ,salário".é cH:hamado tra- balh.b iieçes~ário; o jre~to ~ .0: sopi-etra ballio .. O .valor pro- d uz1do. dura'nte o,sehretrabalho,é chamâdo .mais'-valia. E.a:7ta:<á de;explor~ção é-:definlda.p.ela relação ~ntre,a ma1s~valia ~:Q. ~ap~t~l: vap,á vel, :isto. é;~o. capital que çor- ' respcmde·~q~pagamel;l~o;do salário.'.;,>:·,.!:.:. ,(; ", .. -, ... , ; , · ·::;Se admitirinos·as..dua=s.,primeiras proposições, tere- mcs·:-ae a~eHa~·fogic;:aD!eriJe:·aJerceil:'a, _qesde qu~.o tem- po .de;·tra}:)a-lho:necês5áriõ.para··produzirio::valor. encàr- n·âdo .n'o·:~álári~~ sej~:Werior:.à duração. to.tal do ·trabalho. · , .! ;:,Má~·:a.fil.in~f.pura;e sfutp1esmente,á-:eXistência des~ sa·;diferençá.eritte,a jornada de--tràbalho;e q tra1'a11Jo. n~ cessário. ;Está ,convencido :~e que. a jom~d<t:.de .trabalho 'do: s~u tempo~ que era·.~e,tO hor~s, às ~ez.es de. 12. horas, er~.~uito super;ior. à\ duração :.do trabalho.nece.ssário, isto.~; do,JraQ~~:lh()heces.sário:par~ criar: o.valor .. enc~~ .. d ' :_' ó . l;(..;.! . . na o·no;pr .PnO:·sa 'tti:1Q:j1·.\.1.1.:i,.'<; ·,.:.h.; ') :J' .. !1;·;· .... , .. ii ... · :· , ... ~Npa-rtfr;qesse;poti,t0;Mar>:(âesertvolveuma casuís- tfêa d~:htta:P,êlaid~ação do traba:lho~-Invoca:um gran- de núm'.~tode ~enômenos do seu temp9, ~m.particular o fa fo,-de~ qüe:.05 'empresários .pretendiam .~6 ter lucro com :·artilfuna~oli :'.a·~ ,düas. últimas: horas :de trabalho. Sa- be-se,: anás/;que .. há .um século que os empresários pro- ·~ ., ; . OS FUNDADORES. 215 testam cada;vez··que.se reduz a·jomada de trabalho.~Em 1919, alegavam;.que com,úma•jornada de 8 horas-. não conseguiriamiequilibtat-se: Os argumentos dos em pre- sários ilustravama ·teoria'. de Mari; que,implica que o:lu"' cto s6.·seja·obtido:na.parte final da·jomada de,trabalho; .';'tf'i'(Existen\ ·dois··procedimentos:fundamentais· para, au- mentar a·mais•valia à custa dos·. assalariados, isto é; para elevara taxadetexploração~lJm consiste em prolongar a-d.uraçãodo,trabalho;.ooutrd, em reduziro·mais pos- síve1' o .trabalho-necessário: Um dos meios. de' conse ... guir-reduzir'a'~duração:do trabalho é aumentar a pro- dutividade,Jsto é; produzir.o .~alor igual ao do, salário num·tempo mais curto; Isso :.explica o mecanismo da te:ndência:pela:q-ual_a,economia,capitalista'prbcuraau ... _ mentar constantemente :a· produtividáde. do·trabalho. O·aurnentodessa:ptodutividade .do_tralJalho:.-propo'rcin- na:.automatieamente:uma red ução·do trabalho necessá1- rio-,e,.em:conseqü~nciai·Uma evolução da taxa de mais- valia,::se.for mantido o:nível.dos :Salários nominais. ·«·:r; Compreendetn-se·assim·a:origem do lucro e o mo- do como um sistema econômico, em que.tudo se troca de . .acordo·cotn0:·seuvalor,.pode~aomesmo tempo, pro- duzir·tnais'."'valia, ..isto .é.,: lucm para~os ·empresários.Há uma:.riiercadoria; que tem .. esta paTticularidade ·de· :ser paga pelo·:seu .. v~lor,e ao mesmo·;terhpo produzir mais que; seu.valor) é"odtabalho1hümano: ~. "' '-·,,. ,,. ~ ·, :,i't.~: · , . .,'f; '.1.-Uma.-análise. desse tipo pareda: a Marx· puramente científica, já. que. explicava··o· lucro por ·um mecanismo inevitável, ligado intrinsecamente ao. regime ca pi talis- ta. Contudo; esse.mesmo mecanismo se prestava a de- núncias e a invectivas, uma vez que, se tudo se passar corifonne,a lei do capítalismo, o operário estará sendo explorado, trabalhandó uma parte do seu tempo para si "·. ~ ·; ... · : ,• . ' .. 1 216 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO e outra parte do seu tempo para o capitalista .. ·Marx era um cientista, mas era também :um profeta... .. · · ·Estes são,"num lembrete rápido,-.os·elementos es.., sendais da teoria da exploração. Teoria que'tem;· para Marx,· uma dupla importância. Em primeiro·lugar; el(\ ·parece resolver uma dificuldade-intríns.eca da·econoinia capitalista, que pode ser formulada nos seguintes.ter- mos: uma vez que nas trocas há igu_aldade de valores; qual a origem do lucro? Em segundo fogari ao resolver um enigma cieµ.tífico, Marx tem a sensação de:dar·um fundamento rigoroso e·racional·ao protesto contra··um.. determinado tipo. de organização econômica:-Finalmen- te, sua teoria da· exploração :dá uma base sociológica; para usar·llnguagem moderna,· às leis econômicas·do funcionamento.da·economi~ capitalista; : ... :>; ·:' '·~· .. ,;.: M~rx acredita .que as leis econômicas são: históri· cas, ·e que cada regime tem suas próprias leis. :Ateoria da expl0ração éwn exemplo.dessas leis históricas,.pois a mecanismo da mais..-valia e· da· exploração· pressupõe a distinção de.classes na sociedade .. Umadasse,-a dos empresários ou·proprietários dosmeios·de.produção, adquire a força de trabalho dos operários. A relação eco- nômica entre capitalistas e,proletários,é função de.:uma relação·social de,poder entre duas categorias· sociais;::. A teoria di;1 mais-valia tem uma dupla funçãol ci~n tífica e moral. A conjunção,desses~dois elementos deu ao marxismo uma influência incomparávet Os.espíritos racionais encontraram nela uma satisfação, e os:espíri ... tos idealistas ou revoltados também. Esses dois·tipos de satisfação se multiplicavam um pele outro. . · .; , . · Até aqui analisei apenas·o primeiro.livro de:-o capi- tal, o único publicado durante.avida de Marx. Conforme 1 '\ .... ,.·.·.·. OS fUNDADORES notei, dos dois livros.seg\.J.i;ntes, ~le_q~i,xo~ psJn.a.n~r cri tos que fo~am pub.l~c~d.os. por Eng~ls. ·. . : . · ~·. ·, ~. ·.: . ~: .. . O Uvro lt estuda,· a:·ciI:ç:ul~<;~o -Oro. -~pital. ·.~:veria explicar o funcionamento do sistema ecotl,ôm,iço-:çapi- talista ,consideraqo como Ul.l:\ todo. Ein termos moder- nos, poderíamos dizer q\lE:,.a panir,d,~ .. UU'\é\ an4lise·mi- o-oeconômica da estrutur~dQ.capita.li$tno e do s~u.-fun".' c~onamento, contida no livro ,J, .. Marx te~ia 'elaborad.o, no li'-'.'rp 11, uma teoria m~ç;roeco:nômica:eomp~rá.vel a9 Tableau ·~conomique· de Quesn;:iy; ,e· .t~bé.ro\·µw~L~eoria _das crises,. cujos elementO:S .el,1Ce>f\tra:nw~ .d~~pe~?Q~, ~in vário$ pontos. Na ~·.Qplitjij<;>/J\ã.O há e~ M'41'· \lrI,\q teorií;l geral.das cris~s. É_ve.x:ciade1q\J.e·ele·tentqu1~l~bo~ rar essa teoria, mas não a· completou, ·e é pPS$jve1,·.~ pa~'." tir dqs indkações:dispersas d<? li\l'l'Q·u, ·recoi;tS~rQ.ir vá- rias teori~s e atribuí'." las a Mwx. A.~c~, idéia que _nãq. se presta a 4úvidas é. a cte qu~~· segundo Mar~, o, :çaráter concorr~ncial. ~4rqttico do .iµ~µn.ismo capU~lista ·e a necesS:idaçle-.4~ cir~laçãodp cap~t'1.l . .çri~rn u+na pos~i bilidade :penrume:nte:.d~·.hiato. entrn·~· produç.ão .e a.re- partição .. do·,poder .de.corn.p~~; O:q;q.~. eqµiy~l~- .. ~ d~er que é.da n~00eza·de, uma. ~~Qm,i~;q~q~ç.'l .. qlmpo.r:- tar crises. Qµ_al é o-·esquem~·,:oui0;PJ.~~ws,in9;~qµ~. ~~ c;om-que essas crl$es ocorr~JX\.~.J;~s ~~o· f~gW?r~~ Qq. ir.~ regulares? Qual a conjun~a e<:ot).fun~ça .. çia. qu~Lbrq~a ~crise? Sol;>re todos esses ponto~;~x:icon.U'aD;\OS em Marx i~dicaçõe.s, mas· não uma teori()..aé.q,baQ.a io.. . . . _ .. · · · 01ivro IU.é P ~s.boc;o.d~ uma:teQÍia:·ct.o,des~11volvi mento- histórico do regime .cap)l~lista ·bqs_eagª.:l.'\~ ~ lise da sua.eswtura e do seu f,um;iOl\~~nto.t:.::•.,i·,,;,·, :, i. O Piroblema ce~tra1.do livrQ IU ~-Q .. ~g\lµW~:;g~. cp11- siderarmos.o esquema do.llVIQJ;N~i~o&. q\.\e'q~n,~ç mais trabalho houyer·numa.detern.:U.nad'l.gr}.jp_~~~ oµ ... ',.·: ·j· AS ETAPAS DO PENSAMENT(J'SOCJÔL'ÓGICO ·riüm detenninàdb s~toti·a~~t'6norruaJ:naí~f1ia~á ,má.is:. v~lia nessa empres&Õ~ rt"éSSe~sêt0rj·;ooA~titã'o~ t1ue á pár~ cehtagem dO:>Capitkl ~árláVel'ém:-t'eÍ'áçãó aó:câpitál total é~màis eleváaâ~\l··,f~ffL9~•~:âó'·C.J1t ifl),'.:lt.;:'~1,J,,ti';d-:/f J..'1• 1.:r j{;·~~,.\~J".':i. ·· ....... ·( ·Para·Mã:rxfõ:capitatcõitstãntê êJâ::p~tt~·do'capitaI das ~eti:i.pt~·s-as~q~,c~msptmtle !s'ejà?às:·lfiaqüinas, .seJa a~t'.~~-t~.~s~l!~~~s~-~~ve~tilt~~:t{á;pr'ódtiçãtY.· Not~sque m~~s~õ~d{5.liv·to1~, ·~· cap1tah:onsta:nte.se-transfere para t>:;~vafüt-:('.}()s;.prot1ttro-s:i1s~tn:·trlanmâiS'Vàlta·~ ~A:mai~.r~fa:lia l'i'.6~é~-~a~~ó',~"~taLvâtiáv~1:, c6ri'.éspõnâeritê a6'·pá;. gâ:ttrento·<:f os;s~l~osi :N~dmpósiçãoiorgâtrlca dó ~apita! · é·:afr~lãÇâ·6 trfítte'10.capi~lNa·riáYele1:ó.'ôípitai ~onstante. ~lâxa'd~;e)tp!oraçã·o.:~a: telação ,·êntre,arthai~valiã·'e·ó cápitaFvátiá~éfo ·) , ... ~~s: Y'+·v.:vn· .1~ :Ji',;. :" .;;;:.irn·, f;, r~;;.f··J: ~,.1-..r.1: h1. ·· ;. " ·.~se 1,ç011·s.i~er~Cisi, po1s~-i?-ssa~~1a'çã·o\iabstrath~·· éá~ raét'êrfstlta:· d'á<artâ11.s~esquémátic'a;tt6~uv.ro:,J.:â<?:o~ati .·puat/·ci;:egátêhíos1~êéê'ssanã"m~1ê.: à~·contl\i~ão·,.dé .quê hürft~f,·!éfi\:ptêsá~ :ou{ tttYth'~~étór ;.d'étérrlúnadO-.~cialecono ... .riti<f,ha'V~fá":°tnãis~-VàlfaJproporcl~ifa:l ·aó~c~pit:al variáVél'; á . ~à·· ··'4·;;l;l,1·1!.-Â~·~:~~t.'!:o;~ . . .. I d d . ·fu~. lS' .. ·v:a' 1&"~.u:.i:l·1:.uui1?~·rt~~m:e" l a: etn:'.quê:a:~·~ompôsi~ Çã'Otn-gâftkadó:;qápi~a1~eVõ1\ili' t'àra;a reduqã0~da relação l~J'\ffé1C-ápifa:l~ávEl:~tàp'ltalcd'h'.st'ahtt~I Ett\)ten'rios con- ctétôs >~d~ena~haifétJUrtta ~qüttrttidade~·éfiót>deimais~ . vãHai1ta'triêdidá-·êm·qtie'l~ouveM~,-üttia> .. maior meQàrti- za ç.ã'Q! da~etripresã:ful(do setot.i~.iFl\/.,; if; .;ri1.:r;), : ........... :.~ú~.'::: • ~· .. : 1: ;·~Otã~ :sal~~'tãõ~f(jlhó~l:rqcie··.não> ~ :d~qfü~r·icor\téé"êi .:e 1:1arx tem pe~l~ "Consciêtt~a·do-f~tiY.de·que:.a:s.apaiên ·éiás·tlá'ê~Onófniá ·pah!te·Ifi 'cbntradiZér~as tefa~ões fun- damentàis·~·qttê'.·~le'..,Ptrs~l~füi ;stia•áttál1se(ê~(fttemática. Enqtiant~:t;.U'V1'6:1fil~Q:e·iG:ijtpítal·,11ãõ"hâvra;·sidc; publica- do~ ·tjs;marxistás·é,seti'.s Críticos -se p~tgunt'avam! se à teo- 'tia' tlâf~xp lora4ãt;fé)váiidaf pô1Lqtf~:-rauó.às .. etti.pres~s:e OS setores. da. ecóttõfüfa· que' áUtnêntam: 01·càp'ifal tons- :,•. ··-· .. , ...... ,. ·'·'· 105 F,IJNDADO.RES · ... 219 . ta~te; :em~ela·ç~.Q:~a::.~ap~tal variável; conseguem maio- ~res:Jticros.? .. Err,t·<?~tras 1palavras, o, modo aparente do lu-:cr~-pareç_~~cgp~r~dize.i: 9f?.10dO:;essenciald.aiµ.ais-valia~ ,,,~.-.=.::~respos~~t4~ J~1;a~.: é ~· -~eguint~'. a .taxa .de lucro .. é 1·calculé1délc.n~o;.~om-relaç~o ;ao,~cé\pital :variável, como ... ~ .f_~xâ,éié ,explofá'.Çãoi .À"t~·~ çqmJ'.elaç~o~:ao, conj':ltÜo do ca- :p1t~í~ 1~to!é_, p..scn:ria~do..;;Ç~p~t~L.Ço.nstftnt~ e:do .. variável. , ~; ':ú·~g9:r 1ql.fie.:~<?~ty;9:a.::~~~~} ~{l}:~r,o::~:.~:op?rci9nal não ~.ma1~'."V.él:ha,iWª~".~9i ç~mJ~Fl.~9..d<?. ~ap1t~Lsqnstat\te. e .y~fr1áyeF. Q. ~a p1 t.alis.n:ltj. nãC? pode,ria fu.nci,onar, eviden :- te#l~~~ê; .s~.·~(fo~Kd'~ Jµ~.t~ .fosse'pfoporci~hal ,?9 ·ca pi taJ .§aftáyét;.-~9.i;t.,,~f~~~q,:'.·~tir\gir~,airt,ó~ .. ;un;a .c;lesi~aldade extrema. dâ. taxi\ .<lê Judo,'. já que' .eht diferentes·: setores · ~:~t·~i~,~êt~fi~~~~~:!~i~~f~ffó~~~;~~s~~~~ ;W_:'.cli!etêrttt~:}?'õ1{âhlo /a·. taxa.~ cie;lúêtd'.;'é. ef'eH~ainentê E~qporcici.nai~B;,~qri)ühtõ dó' câp!fat e não'ª·º ~ª pitahraf rlá~et.:P.o:r{c.tê'dtifya:· fo~~ 6 .. regime· ~ª pitalistà não· po- ~,~~~~~~~~~~~;~~ª ~;~~~h~f~ dó modó d~ !Ucró é 'aff'êtl~ntê' dà"ri:?~lidáfü{essencial:âo-irtódo. da maü=r-va- ·tià?J'Háduas·.r~spb~tás'a~sHi que~tão~.:á·tesposta-oficial "dê.1Marx:-~ a;.tlós .itão-ma.rxistas,:ou .'c:fdS antimarxistas. ~·-. ~·~_Schtifüpét~r;pór;·exeritpfo; femumá'resposta mui- tó sfrnplês~ .;a;-.teoiiada:mais-valia1:éfalsa. O fatô de· que 'a· aparênda ''dó füêto;•esteja· em êóriftadiÇão :direta. 'con\a !e'ssêhêià:'da ma'is'-valiã .prova·iap~fias'.que ô- esquema tis- ~-mo·da::maiS~vàlia,nã-õ ·corresponde:à,realidade;·Quando ~Se verifica que a realidade contradiz lima teoria, pode~se tevíd.entemente"tonciliar ateoriff·corn a realidade fazen- «iointervfr um~c~rto. número;.de:hipóteses suplemen- :ta~es.:.Há, porém; outra solução, mais lógica, que cori., siste,em.reconhecer que ·o esquematismo teórico foi: mal ·construído.: . , , , .. . : . · - ·· ~ ' l'·;' .:::' . ; ; ~ . .. · ....... \ \ 220 AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓCICO A resposta de Marx é a seguinte:-o capitalismo'não poderia funcionar se a taxa de lucro· fosse proporcid~ nal à mais-valia·, e não; ao conjunto· do· capitaL•Há as- sim uma taxa de lucro média-em cada·economia:·Essa taxa de lucro média é formada pela concoqêncla·entre as empresas e os vários setores da economia.A'concor;.; rência força o luáo no'sentido deuma'taxa média; não há proporcionalidade da· tax~ de hlcro ·com' relaÇão à mais-valia em cada empresa· ou setqr/mas 'o co~j\.lilto da mais-valia c'cinstitui no conjunto da economia~üm montante global que se distnbul. entre.os vários setores em proporção ao cap~~al total~ constante e· :variá.v,el; !rt· vestido em cada setor. · · · · · · · · · .. · · . É assim po~que não po.çle .. ser :de qutro ~.odo.' Se houy~sse um hiato.muito grande 'entré as taxa5,~e-~µcro qos .vários set<;>n~s, o sistema rap funcionaria:.se-'hou~ vesse, itu.m det~qcln~do ~etor .taxá' de:lucro. qe_:'3o 'a .. 40% e num outro urrià taxa de 3 a·4o/o, não'se encontraria ca~ pital p.ara investir nos setores em q~.a.tô.)(a~de i~q.0 fo~~ se baixa. O próprio e.xemplo f9rnece- a argulnen~aç~Q marxista: não pode ser.assim; po~t~nto, dev~se çoµsli:• tuir, pela concorrência, uma taxa cie lucro média· q\le garanta, ao final, que a,massa· global.damais-valia seja repartida entre os setores.com base na importância do capital investido em cada um deles. . . . · \ Esta teoria conduz· à teoria do dev.enir, ·àquilo· que Marx chama de lei da tendência ·para· a·. baixa .da taxa de lucro. · · O ponto de partida de·Marx foi uma constatação que todos os economistas do seu tempo faziam ou-pen- savam fazer, a saber; que existe uma tendência~secular para a baixa da taxa de lucro. Marx, sempre desejoso de explicar aos economistas ingleses até que ponto ele/ gra-. OS FUNDADORES · . '· ~s ao seu método, :lhes .el".a ·superior, ;pJ.msou.te~ .des.ço~ berto,,.no·se.u"esquematisn:\o,,.a,expli~jlç~o ·hi::tt9JJk.q.J;l~ ~endência para a 'baixa.da·taxa:deluci:ol.}; '1'.: · 1~: ; "· ~· ,·": ·i 1:· ,Q .lucro· médio-·~ proporcioI\al,a.o~conj~to:do.citpi7- t.:al, ist.o.é;·ao .total docapitalco.nstal\te e;do.capital.:variá- vel. A mais-valia, porém, derlva·apenas . .do:ca..p.i.tÇt.1.-:v:.a-:- riável, isto é,:.do trabalho·dos homens, 0.ra, a composição orgâriica.do capital se transforma,com.a· evoluçã.o çapi-:- talista e a mecanização ,da produção, e .. a pane ,do. ~~pit?l variável com:reiação.ao.~pital~totai tell'ide .a·dinili.ruJr, Marx conoui.daí que-a.taxa.ele luçip tende-a.baixqx·à·.mer dida que a composic;ão.o:rgâniQa.do~ap.itt;t.lse:.mo.Qiflca, reduzindo a pai:te. do capital·'l~~velrno c;apitaHotaL .... : .. · ·.Essa lei :da .tendência .. pa:ra' ·aib~ixa da .taxa d~du.crp prop.orcionava"a lviarx. uma' gl:andé .. satisfa窺· mtel~c'7 tmtl. ·Com efeito, acre<iltavit ·te~. demon.stráda, .de: mo d.o cientificamente sati&fa tório ,.·um.fa;t.Q .c.ons.tatado .. pelos observadores;·mas· não explicado, ou mal. ~xplicaO.o. Além disso, acreditava ter encontraciQ .. mais .uma, vez aquilo. que seu mestre Hegel ·t~ri.a. ~hcünad:o ·de .as.túcia da razão, is.to é, a autod.estruição:do.,capitalism.o.porme- canismo inexor.ável, passando.a.o ,m.~.smo·~t~mpo. pela. ação dos homens e por cima;~e.suas cabeças.."'.·:>;;:'·" .. · . · De fato, a, modificação da c9mposiçã.O _orgânica;do capital toma-se inev.itável pela conco~rência e também pelo.desejo dos.·empresáriosd:e diminuipotempo d~ ~a'." ~alho necessário. A conc9rrência.das,empresascapita".' ~t.as: aumenta a produtividade;:o ;a..uuien.to. da·.-produ- tividade se traçiuz normal.Ixl.en.te. pela:. mecaniz;açãq: da produção/isto é, pela ;r~ução.·.do .capit.al wariáv.etem rela~ão ao.capital:constant.e .. Em·o,utr.a&1palav.ra!i;iO·mE; carus:r:no da concorrência de.uma 't?COli\ami.a ;oas.eFtda no lucro tende à acumulaçãodo:capital,·à:"meçaoizaÇão ct.~ ", ····'· .·,,. . ,•"t: ... ,·, ... ·J$.·.: .... :·'. ...... ·:~< AS ETAPAS DO PENSAMENTO SÓCIOLÓGICO ptt5ditçãó,:à redução da.parté do capital variável no ca.;. .. pitál fotâl..Esse mecanismo inexorável éí ao mesmo tem .. po, o que provoc;:ra tendênda pata à baix~tda taxa·de lucro; .isto é, O' que toma cada;vez nrais difícil·o foncio- n·a.tnento de uma economia· cujo eixo :fundatnet'.ttal .é a busca do lucro.i .' : . " . . . :.. . . , . ( : .. .:,,· Encóntramós uma:vez mais o.'.esqttetha:fun~anten;.. tal do pensamento·mârxistà. O d'e uma sociedade hist6· ~é~Att~ pas·sa pela açâ0 dos homens e, ab mesmo temp0~ e ·stipenorà ·ação de-ta da ·Utn: deles10.de um: mecanismo hls.t6rlco· que t~~e a destniiro regih'le, pelo j6go das leis intrlnsêca.s-a. seu fundoriamento~ .,, .. , '" . . · · '.. ' ·;:o ~entro e. a brígirtalidatfo :do pen·saménto ma'rxis- ta estão, a meu ver,. na conjunção·· de 'uma· -análise do furtdonaritento e de un;\lé'hartálised-ê .. uin·dev·enir il'levi.;. tável. Cada cinq:iVíduo;i·agmdo radonalmenfe- em ~ção do seu interesse,·co~tribui para destruir o interesse"co- mum·de·todos, ou, pelo·.:rhenós,..de todos ós·que estão interessadôs ~mlsalvagtiardat o regime. · ... · . · · Essa teoria é uma·espécie de inversão·das·proposi- çõe·s báskas dos liberais; Para eles) cada indivíduo tra.;. ~alha ·pelo inte:esse da ;~oletividade, ao trabalhar pelo interesse próprio. Para Marx/acontece o contrário: tra- balhando no·interesS'e·pr6prio, cada urn c·ontribuipara <Y funcionamento· necessário e para a destruição final do regime~ O mito é sempre o do aprendiz de feiticei- ro, como no Manife~to com.unista. . :.1• '· ••• ' ·: Até.aqui demonstramos que a taxa de' lucro tende a·baixa~ ~n'\ função· da·tnodifica<;ão da·composição or- gânica do-capital. Confudb, -ctpartir de que taxa de lucro o:·capitalismo·debca de funcionar?· Marx não dá, estrita-. m~nté:,;"nenhuma resposta porque, de fato, nen.hurna'teo- . ria racional permite ·fixar a taxa de lucro· indispensável OS FUNDADORES 223 ao funcionamento·do regime12. Em outras palavras, a lei da tendência ·para a bai.Xa da taxa de lucro sugere que o ftinciónamento db capitalismo deve tomar-se cada vez máis difícil, emfuriçãô da·mecanização 'ou da ele- váçãb da produtividade;· màs não demonstra a necessi:. dadé'dá catástrofo'ffo.ál; e meriôs· ainda o momento em ·qu:e· ~la :Oédrrêrã·. · ·· ·; · · · · · · · · ~ · · ,• . Quâ.i's sao âs propbsiçõés que dêrrlonstrain a auto- destruição do regiine? ~urio~amente, as únkas proposi- çõe.s ~e~~e sêntidfrsão' as mesmas que já podíamos en- êbritraf!lO .Mdnif~#o cÔ~unl'sta e nas obras escritas por Mar.~.'.~ijfes. d.é dêséri.yolVé~ s~tis estudos aptoftinda- ~o~ 4e" ~o:ri61:r1ia · p9lífica~ ... ?ão ·*-s ~~~~áç9es .r~ládona das. com~ p'rolét.a~açãcfe;à.pàp~érízà'ção~ q ·processo \de
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