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Terapia nutricional para autistas

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Cadernos da Escola de Saúde 
 ISSN 1984 – 7041 
 
 
 
1 
Acadêmica do quinto período de nutrição do Unibrasil. 
2
 Acadêmica do quinto período de nutrição do 
Unibrasil. 
3
 Acadêmica do quinto período de nutrição do Unibrasil. 
4
 Acadêmica do quinto período de nutrição 
do Unibrasil. 
5
 Orientadora Prof. Esp. do curso de Nutrição do Unibrasil. 
Endereço para correspondência: Natércia Vieira Ribeiro Ferreira – Konrad Adenauer, 442, Curitiba - Paraná, 
Brasil – Tel: (41) 3361-4200 / 9119-4721 natercianutricionista@gmail.com 
 
Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 1 
TERAPIA NUTRICIONAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA 
 
NUTRITION THERAPY IN CHILDREN WITH AUSTISM SPECTRUM DISORDER 
 
 
Mariana Leal
1 
Mirian Nagata
2
 
Natalia de Morais Cunha
3 
Uyara Pavanello
4 
Natercia Vieira Ribeiro Ferreira
5 
 
 
RESUMO 
O transtorno do espectro autista caracteriza-se por ser uma síndrome neuropsiquiátrica que envolve uma 
variedade de desordens e comportamentos estereotipados. Estudos recentes apontam que o diagnóstico pode ser 
feito antes dos três anos de idade e contemplam a relação com a maturidade intestinal desenvolvida nos 
primeiros anos de vida da criança com o surgimento de toxicidades e a expansão para o transtorno. Com isso, o 
planejamento da terapia nutricional se baseia na dieta gluten-free e caseína-free. O autismo é uma condição 
extremamente complexa, dessa forma o trabalho de uma equipe multiprofissional é essencial no tratamento 
dessas crianças, assim como o apoio e a integração dos familiares. 
 
Palavras-chaves: Autismo; Glúten; Caseína; Dieta. 
 
 
ABSTRACT 
The autistic spectrum disorder is characterized by being a neuropsychiatric syndrome that involves a variety of 
disorders and stereotyped behaviors. Recent studies indicate that the diagnosis can be made before three years 
of age and include the relation with intestinal maturation developed in the early years of a child's life with the 
emergence of toxicities and expansion for the disorder. Thus, the planning of nutritional therapy is based on 
gluten-free and casein-free diet. Autism is an extremely complex condition, so the work of a multidisciplinary 
team is essential in the treatment of these children, as well as the support and integration of family. 
 
Key words: Autism; Gluten; Casein; Diet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mariana Leal, Mirian Nagata, Natalia de Morais Cunha, Uyara Pavanello, Natercia Vieira e Ribeiro Ferreira 
 
2 Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 
INTRODUÇÃO 
 O Autismo é caracterizado por uma variedade de desordens no desenvolvimento 
psicomotor que afeta a capacidade de comunicação, interação interpessoal e do estado 
comportamental do indivíduo, é conhecido também como Transtorno do Espectro Autista 
(TEA). 
 Os autistas apresentam características específicas como interesses restritos, alguns 
desenvolvem uma inteligência superior e fala intacta, outros possuem sérios problemas no 
desenvolvimento da linguagem, alguns parecem fechados num mundo idealizado por eles e 
distantes, porém todos têm comportamentos estereotipados.
(1)
 Essas características variam de 
acordo com a gravidade da doença, podendo ser de leve a debilitante e geralmente persistem 
ao longo da vida. Em casos específicos e na apresentação dos sintomas precocemente, é 
possível realizar o diagnóstico antes dos dois anos de idade.
(1) 
 
METODOLOGIA 
 O artigo baseia-se em uma revisão desenvolvida através do conhecimento disponível 
na literatura científica sobre a terapia nutricional de crianças portadoras de autismo com base 
nas informações publicadas no banco de dados do PubMed e Medline. Consideraram-se 
artigos publicados sobre o tema dos últimos cinco anos. Foram adotadas para consulta, bases 
de dados referentes às seguintes descrições: nutritional therapy, free from gluten and casein, 
autismo, celiac disease vs. autism. Todos os aspectos éticos foram respeitados à realização das 
pesquisas científicas. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 A etiologia da doença continua sendo incerta, relata-se que pelo menos 15% está 
associado com múltiplos defeitos de genes, sendo correlacionado como um fator genético ou 
ambiental. Porém outro pesquisador acredita que tudo se inicia no intestino, e defende a tese 
de que essas crianças não desenvolvem a flora intestinal normal desde o nascimento.
(2)
 
 No Primeiro Encontro Brasileiro para Pesquisas em Autismo foi estimada uma 
prevalência de aproximadamente 500 mil pessoas com a doença. Um estudo piloto realizado 
em 2011 em uma cidade brasileira, constatou uma prevalência de 0,3% de pessoas com 
TEA.
(3) 
 
 
 
Terapia nutricional em crianças com transtorno do espectro autista. 
Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 3 
 Atualmente o TEA teve um grande aumento na prevalência, chegando à escala de uma 
epidemia mundial, porém nenhuma causa central foi definida e as intervenções aplicadas 
ainda não comprovam suas eficácias.
(4)
 
 
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO 
 Atualmente o Espectro Autista pode ser dividido em duas fases: o Baixo e o Alto 
funcionamento. O primeiro conceito é aquele onde as crianças possuem limitações cognitivas 
e pouca melhora clínica. Já o segundo é composto por indivíduos que possuem histórico 
típico de autismo, ou seja, atraso na fala, fala na terceira pessoa, déficit na interação 
interpessoal, entre outros, porém conseguem evoluir notavelmente quando são alfabetizados e 
aprendem a dialogar e a usar o pronome “EU”, demonstrando uma inteligência normal. Este 
grupo também é composto pela Síndrome de Asperger, que não possui atraso de fala, utiliza o 
pronome “EU” tranquilamente e não apresenta acentuado déficit cognitivo.(1) 
 O diagnóstico do autismo é baseado na presença de dois principais sintomas: déficits de 
comunicação social e comportamental. Esses sintomas devem ser evidenciados desde a 
infância, associado a varias exteriorizações, incluindo anormalidades sensoriais e motoras, 
perturbações do sono, hiperatividade, crises de epilepsia, momentos de agressividade, 
bipolaridade, ansiedade entre outras manifestações atípicas.
(5)
 
 No entando, os sintomas precisam ser avaliados com muita cautela, uma vez que podem 
ser confundidos com outras neuropatias e doenças congênitas. 
(6) 
 
FUNCIONAMENTO INTESTINAL NO AUTISMO 
 Atualmente, acredita-se que a maturidade intestinal tem grande importância no 
desenvolvimento cognitivo da criança. Dessa forma o comprometimento deste pode 
desencadear vários problemas como a maior probabilidade de toxicidades, podendo ser 
considerada uma das principais causas no aparecimento de doenças neurais.
(2)
 
 Uma pesquisa feita na Escandinávia demonstrou que 90% de todas as células e todo o 
material genético em um corpo humano são compostos pela flora intestinal, sendo uma parte 
muito importante da fisiologia humana. Dessa forma, o sistema digestivo da criança autista, 
ao invés de ser uma fonte de alimento, torna-se uma importante fonte de toxicidade. Os 
microrganismos patogênicos acabam danificando a integridade da parede intestinal, levando 
ao aumento na liberação de todo o tipo de toxina e inundações de microrganismos circulantes 
na corrente sanguínea, elevando a possibilidade da invasão no cérebro, o que normalmenteMariana Leal, Mirian Nagata, Natalia de Morais Cunha, Uyara Pavanello, Natercia Vieira e Ribeiro Ferreira 
 
4 Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 
pode ocorrer no segundo ano de vida em crianças que não foram amamentadas.
(2)
 Assim, a 
amamentação torna-se fundamental para proteção e prevenção por desenvolver essa flora 
intestinal mais benéfica, sem desencadear transtornos como o autismo.
(7)
 
 Diversos casos encaminhados para clínicas de gastroenterologia suspeitando que crianças 
portadoras de autismo possuem complicações como constipação, diarreia, gases, inchaço 
abdominal, entre outros.
(8)
 
 Essa relação está associada com ocorrências de respostas imunes exacerbadas a certas 
proteínas alimentares, podendo ser, por exemplo, a gliadina, proveniente do glúten, que 
podem levar a uma resposta inflamatória, que impede a absorção completa de peptídeos, 
levando ao aumento da toxicidade, que por sua vez atravessam a barreira hematoencefálica e 
atuam nos receptores opióides no sistema nervoso central.
(9)
 
 Segundo o “Centro de Tratamento Pfeiffer (PTC)”,(10) os autistas apresentam além das 
alterações já citadas, um defeito na proteína metalotioneína, caracterizada por ser responsável 
pela detoxificação de metais pesados. Esta modificação é adquirida por fatores genéticos e faz 
com que o cérebro destes seja sensível a metais pesados, além disso, essa proteína está 
relacionada ao desenvolvimento da região encefálica e do trato gastrointestinal durante os 
primeiros anos da criança.
 
Com isso, a entrada de alguns minerais, como cobre e zinco, nas 
células tornam-se danificadas, modificando a maturação intestinal, as funções do sistema 
imunológico e do crescimento celular gerando peptídeos circulantes, podendo ser 
direcionadas ao cérebro acarretando uma distorção das atividades dos neurotransmissores. 
(11)
 
 Apesar de haver essa relação e uma variedade de sintomas presentes com a 
sensibilidade ao glúten, ainda não há comprovação suficiente no que diz respeito à retirada 
total do glúten da dieta no tratamento para o autismo. No entanto o perfil desses pacientes 
ainda não está claro.
(12)
 
 Uma das respostas da utilização de dietas isenta de glúten está relacionada com a 
melhora na deficiência nutricional resultante da sensibilidade ao glúten não diagnosticada e 
consequente má absorção. 
 
SELETIVIDADE ALIMENTAR EM CRIANÇAS AUTISTAS 
 Normalmente nos primeiros dois anos de vida a criança experimenta uma gama de 
alimentos, texturas e sabores diferenciados. Já as crianças portadoras do espectro autista são 
muito mais seletivas e resistentes ao novo e costumam criar um bloqueio a essas novas 
 
 
 
Terapia nutricional em crianças com transtorno do espectro autista. 
Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 5 
experiências alimentares. Acredita-se que o comportamento repetitivo e o interesse restrito 
tenham um papel importante na seletividade dietética. 
(13) 
 A recusa alimentar ocorre tanto em crianças que se desenvolveram normalmente 
quanto em crianças com autismo, sendo relacionado a algo normal que ocorre na primeira 
infância, uma vez que há introdução de alimentos com texturas e sabores desconhecidas. No 
entanto pais de crianças autistas relatam que seus filhos são altamente seletivos e com um 
repertório alimentar limitado a um máximo de cindo alimentos.
(14)
 Com essas restrições o 
consumo de nutrientes essenciais como vitaminas, minerais e macronutrientes, passa a ser 
impróprio, levando a um estado nutricional inadequado. 
 A literatura científica tem nos mostrado que, com relação à alimentação, 
especialmente na hora da refeição, três aspectos mais marcantes são registrados: seletividade, 
que limita a variedade de alimentos, podendo levar a carências nutricionais; recusa, mesmo 
ocorrendo a seletividade é frequente a não aceitação do alimento selecionado o que pode levar 
a um quadro de desnutrição calórico-proteica e a indisciplina alimentar que também contribui 
para a inadequação alimentar. Portanto, deve-se ter cautela ao deixar as crianças autistas 
ingerir alimentos que não sejam saudáveis, devendo ser evitados.
(13)
 
 Um estudo mostrou que a seletividade alimentar pode estar relacionada com a 
sensibilidade sensorial ou também descrita como defensividade tátil, que pode estar presente 
em algumas crianças com falhas de aprendizagem e de comportamento. Define-se a 
sensibilidade sensorial como uma reação exagerada a determinadas experiências de toque, que 
muitas vezes resulta em uma resposta comportamental negativa, podendo contribuir na 
dificuldade da aceitação de texturas de alimentos diversificados em crianças com TEA.
(4) 
 Uma pesquisa atual descreve que há alta prevalência desses distúrbios em indivíduos 
portadores de TEA, e está presente em várias idades e em ambos os gêneros, cerca de 90% 
manifestam essas dificuldades sensoriais, podendo ocorrer em vários domínios como os 
domínios do tato e do olfato. Sendo assim essas alterações são extremamente comuns e são 
consideradas como um dos critérios para o diagnóstico da doença.
(4)
 
 De acordo com um estudo,
(15)
 os distúrbios sensoriais podem contribuir 
negativamente no consumo de certos tipos de alimentos, estando relacionado com a textura e 
o cheiro do mesmo, o que traz certa repreensão às crianças com TEA, e o momento do 
consumo desses alimentos torna-se algo intragável e intolerável e muitas vezes a refeição é 
associada a algo ruim e desagradável, dificultando a nutrição adequada. Na tentativa de 
 
 
 
Mariana Leal, Mirian Nagata, Natalia de Morais Cunha, Uyara Pavanello, Natercia Vieira e Ribeiro Ferreira 
 
6 Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 
descrever a angústia e as dificuldades nesses momentos, uma paciente portadora de autismo 
de alto funcionamento relatou: 
Alimento enlatado era intolerável devido à sua textura viscosa. Eu não comia 
tomates há um ano, depois que um tomate cereja havia estourado na minha 
boca enquanto eu estava comendo. A estimulação sensorial de ter aquele 
pequeno pedaço de fruta explodir na minha boca foi demais para suportar e eu 
não ia correr nenhum risco de que isso acontecesse novamente. 
(4:8)
 
 Visto isto, a seletividade alimentar é um problema bastante importante que deve ser 
trabalhada com muito destaque, pois pode trazer deficiências nutricionais graves, dificultando 
o processo de melhora no desenvolvimento dessas crianças. Com isso torna-se fundamental o 
trabalho multiprofissional, envolvendo médicos especializados e nutricionistas capacitados a 
oferecer um tratamento nutricional adequado e aconselhar familiares sobre o comportamento 
de seus filhos durante as refeições, visando minimizar as recusas alimentares a fim de 
melhorar a saúde dessas crianças. 
 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 
 A avaliação nutricional em crianças tem à disposição diversas técnicas e instrumentos 
a serem aplicados. O estado nutricional é avaliado a partir das medidas antropométricas: peso, 
estatura, perímetro braquial, perímetro cefálico, perímetro torácico, circunferência da cintura 
e dobras cutâneas, outro método importante são os percentis. Essas medidas seguem um 
referencial ou padrão, como as curvas de NCHS (National Center for Health and Statics).
(16) 
Para a utilização das curvas deve-se levar em consideração o padrão de crescimento 
apresentado pela criança, o peso ao nascer, a idade gestacional, o tipo de alimentação e suas 
condições clínicas, além disso,temos também a relação entre duas medidas, que são os 
indicadores: E/I (estatura por idade), P/I (peso por idade), P/E (peso por estatura), Relação 
cintura quadril, IMC e Escore Z para P/E, P/I, E/I, essas variáveis indicam se a criança 
apresenta-se com baixo peso, eutrofia ou obesidade.
(17)
 Contudo algumas medidas como as 
dobras nem sempre são fáceis de serem aplicadas em crianças autistas, pois elas apresentam 
resistência ao toque, o que impossibilita a aplicação correta da técnica.
(4) 
 Por isso é 
fundamental que haja um acompanhamento através das curvas de NCHS para ter uma melhor 
análise do crescimento e desenvolvimento tanto físico como cognitivo da criança. 
 
 
 
RECOMENDAÇÔES ENERGÉTICAS 
 
 
 
Terapia nutricional em crianças com transtorno do espectro autista. 
Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 7 
 As recomendações nutricionais baseiam-se na Dietary Reference Intake (DRI), partindo 
das variáveis: Necessidade Média Estimada (EAR), o Consumo Médio (AI), que é utilizado 
em recomendações de nutrientes quando os dados da EAR não estão disponíveis e o Limite 
Tolerável (UL).
(18)
 Segundo a DRI (2005), as necessidades energéticas decrescem após o 
terceiro mês de vida, não havendo diferenciação por sexo até os 3 anos de idade e não 
incluindo o fator atividade. 
(17) 
Cálculos de referência: 
FAO/OMS/1985 (Kcal/Kg/Dia) 
Meses Kcal/Kg/Dia 
0-3 116 
3-6 99 
6-9 95 
9-12 101 
 Quadro 1, Fonte: Vitolo 2012. 
EER: 0-36 meses 
- 0-3 meses: (89 x peso (Kg) – 100) + 175 Kcal 
- 4-6 meses: (89 x peso (Kg) – 100) + 56 Kcal 
- 7-12 meses: (89 x peso (Kg) – 100) + 22 Kcal 
- 13-36 meses: (89 x peso (Kg) – 100) + 20 Kcal 
Meninos 
- 3-8 anos: 88,5 – 61,9 x idade + FA x (26,7 x peso [kg] + 903 x altura [m]) + 20 
- 9-18 anos: 88,5 – 61,9 x idade + FA x (26,7 x peso [kg] + 903 x altura [m]) + 25 
Meninas 
- 3-8 anos: 135,3 – 30,8 x idade + FA x (10 x peso [kg] + 934 x altura [m]) +20 
- 9-18 anos: 135,3 – 30,8 x idade + FA (10 x peso [kg] + 934 x altura [m]) + 25 
 
Fator atividade 
- 1 = Sedentário 
- 1,13 meninos e 1,16 meninas = pouco ativo ou atividade de 30 a 60 minutos de intensidade 
moderada. 
- 1,26 meninos e 1,31 meninas = ativo ou atividades com duração maior que 60 minutos. 
 
 
 
Mariana Leal, Mirian Nagata, Natalia de Morais Cunha, Uyara Pavanello, Natercia Vieira e Ribeiro Ferreira 
 
8 Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 
- 1,42 meninos e 1,56 meninas = muito ativo ou atividades de alta intensidade. 
 
TERAPIA NUTRICIONAL 
 O diagnóstico precoce é o único consenso em todo o mundo no que diz respeito ao 
Autismo. Sabe-se que quanto antes for feita a investigação e o diagnóstico da criança, mais 
cedo se inicia o tratamento, o que é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, motor e 
sensorial da criança e maiores serão as chances de progressos na qualidade de vida.
(1)
 
 Algumas observações clínicas mostram que essas crianças possuem maior risco de 
excesso de peso, pois elas possuem grandes dificuldades em praticar atividade física de forma 
estruturada, além do isolamento social, o que possibilita o aumento de sedentarismo. E ainda 
geralmente os hábitos alimentares não são adequados.
(19)
 
 A intervenção dietética tem como objetivo melhorar a saúde física e bem estar desses 
indivíduos, tendo evidencias sugestivas de que uma dieta livre de glúten e caseína pode 
melhorar os sintomas periféricos e os resultados de desenvolvimento em alguns casos de 
condições do espectro autista. 
(20)
 
 Antes de iniciar uma dieta complementar no recém-nascido, o leite materno é o 
alimento mais importante para o lactante, uma vez que contém nutrientes essenciais, além de 
secretar imunoglobulinas responsáveis por garantir o crescimento e desenvolvimento saudável 
da criança, assegurando sua maturação intestinal e defesa imunológica. Protegendo a mucosa 
e todos os tecidos, evitando a translocação bacteriana. Sendo assim, a amamentação é 
considerada uma das principais formas para evitar doenças que afetam o sistema nervoso 
central.
(7)
 
 Outro ponto bastante discutido é a retirada do glúten e da caseína. Considerando que 
essas proteínas funcionam como gatilho para as crises comportamentais, alergias e transtornos 
gastrintestinais, a intervenção dietética propõe a remoção destes alérgenos. Após três semanas 
de tratamento é preciso fazer uma analise do surgimento ou não de efeitos benéficos, 
avaliando as alterações bioquímicas, comportamentais e gastrintestinais.
(8)
 Sendo a remoção 
da caseína através da restrição do leite e derivados de realização mais simples e de resultados 
mais rápidos. A remoção do glúten no organismo acontece de forma mais lenta e gradual, 
podendo ser notadas mudanças em 3 a 4 dias de dieta restrita, mas a recomendação é remover 
o glúten pelo menos três meses para obter um melhor resultado. De acordo com uma pesquisa 
relacionada,
(8)
 por se tratar de uma dieta de eliminação, deve ser feita com critérios adequados 
para que as deficiências nutricionais não venham a aparecer, e o nutricionista é o profissional 
 
 
 
Terapia nutricional em crianças com transtorno do espectro autista. 
Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 9 
mais capacitado para a intervenção dietética com o dever de avaliar cada caso, aplicar a dieta 
de forma criteriosa e suplementar de acordo com a necessidade de cada paciente. 
 A dieta GFCF é baseada na “Teoria do Excesso de Opióides”, que se caracteriza pelo 
desencadeamento da ação opióide no SNC, que é provocada pela presença de peptídeos, por 
meio de uma permeabilidade intestinal e possível infiltração pela barreira hematoencefálica, e 
como resultado observam-se comportamentos ou atividades anormais.
(21)
 Esses peptídeos são 
provenientes da quebra incompleta de algumas proteínas, como a caseína e o glúten.
(22) 
Dessa 
forma, a restrição das proteínas causadoras dessas anormalidades tende a trazer efeitos 
positivos. 
 Um estudo brasileiro feito recentemente constatou que indivíduos autistas que aderiram 
à dieta GFCF apresentaram melhora comportamental.
(23)
 Um estudo feito na Dinamarca com 
crianças autistas que receberam alimentos isentos de glúten e caseína, demostrou melhoras 
comportamentais significativas, após 8 a 12 meses do inicio da dietoterapia.
(24)
 Uma outra 
pesquisa realizada, conhecida como “ScanBrit”, usando um desenho de estudo de adaptação 
sensível a análise intermédia de resultados para analisar o efeito da dieta, indicou alterações 
significativas nos comportamentos periféricos, comparando-se o grupo de dieta nos primeiros 
12 meses.
(24)
 Uma investigação duplo-cego avaliou o efeito da dieta GFCF, e não demonstrou 
nenhuma diferença global entre o grupo que seguia a dieta e o grupo que não a seguia, após os 
3 meses de pesquisa. No entanto um estudo anterior indicou que a intervenção dietética 
precisava ser implementada por pelo menos 6 meses, para assim ser avaliada a presença da 
resposta benéfica ou não.
(25)
 
 Outra pesquisa apresentou v efeitos positivos, como a melhora na comunicação e 
utilização da linguagem, atenção e concentração, coordenação motora, hiperatividade, 
integração social e redução da epilepsia. No entanto essa intervenção é amplamente 
questionada devida as deficiências nutricionais desenvolvidas e pela falta de comprovação 
científica de que ela continuará tendo efeitos benéficos após o primeiro ano de inclusão da 
dieta GFCF e trazer prejuízos na saúde óssea, pela exclusãodos principais alimentos fontes de 
cálcio. 
(20) (26)
 
 Por isso, ao aderir à dieta GFCF recomenda-se que seja feita uma suplementação de 
vitamina B6 e magnésio, além de avaliar a necessidade de adicionar outras vitaminas 
importantes, como por exemplo, o cálcio.
(13) 
 
 
 
Mariana Leal, Mirian Nagata, Natalia de Morais Cunha, Uyara Pavanello, Natercia Vieira e Ribeiro Ferreira 
 
10 Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 
 As deficiências nutricionais mais comuns em neuropatias são de ômega-3, vitaminas do 
complexo B, minerais e aminoácidos, que são essenciais na formação de neurotransmissores, 
responsáveis por trazer equilíbrio no sistema nervoso central. Um estudo populacional 
correlacionou o consumo de peixe adequado com uma baixa incidência de transtornos 
mentais. Geralmente recomenda-se uma dose diária de um a dois gramas de ômega-3 para 
indivíduos saudáveis, já para pacientes com transtornos do espectro autista a recomendação é 
de até 9,6 gramas por dia, pois demonstrou ser seguro e eficaz.
(25)
 
 Apesar de não ser totalmente afirmativa, a maioria dos estudos publicados indicam 
mudanças positivas estatisticamente significativas para apresentação dos sintomas após a 
intervenção dietética, porém ainda não há um consenso entre os pesquisadores.
(20) 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 O TEA é uma condição extremamente complexa e que necessita do apoio de uma 
equipe multiprofissional para o tratamento dessa desordem. Os estudos ainda não 
determinaram o tratamento ideal que engloba o contexto nutricional, controle 
comportamental, medicação, aspectos físicos e educacionais. No entanto sabe-se que a terapia 
nutricional é um dos principais métodos que deve ser trabalhado. 
 É essencial que a família esteja totalmente integrada com a equipe de profissionais, 
auxiliando e contribuindo na aplicação do tratamento de maneira apropriada e continuada, 
assim o tratamento nutricional também poderá obter ótimos resultados, promovendo um 
estado nutricional adequado e devendo ser seguido desde o nascimento até a idade adulta. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. Junior P, Martim F, Alysson M, Márcia LM. Revista Autismo – Preconceito, um mal que 
só pode ser combatido com informação. Guia Brasil, ano II, nº 2 – Abril/2012: 7 e 9. 
Disponível em: http://www.revistaautismo.com.br/RevistaAutismo002.pdf. Acesso 
20/08/2013. 
 
2. McBride NC. Autismo. Jul/2011. Disponível em: 
http://enfrentandooautismo.blogspot.com.br/2011/07/autismo-por-dra-natasha-campbell.html. 
Acesso 04/10/2013. 
 
 
 
Terapia nutricional em crianças com transtorno do espectro autista. 
Cad. da Esc. de Saúde, Curitiba, V.1 N.13: 1-13 11 
3. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo 
(TEA). Ministério da saúde – Brasília/DF, 2013. Disponível em: 
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/dir_tea.pdf. Acesso 14/10/2013. 
4. Cermak AS, Curtin C, Bandini LG. Seletividade alimentar e sensibilidade sensorial em 
crianças com transtornos do espectro do autismo. J. Am. Assoc. Dieta. 2010; 110 (2):238-246. 
5. Won H, Won M, Eunjoon K. Transtorno do espectro do autismo, causas, mecanismos e 
tratamentos: foco em sinapses neuronais. Frente Mol Neurosci. 2013; 6:19. 
 
6. Parr J. Autismo. Institute of Neuroscience. 2010: 0322. 
7. Selim ME, Ayadhj LY. Possível efeito benéfico do aleitamento materno e da absorção de 
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