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Engenharia Química Físico-Química Experimental Cinética Química Profª Flávia Duta Alunos: Thamiris Corrêa Matheus Rosestolato Rio de Janeiro, 08 de Setembro de 2015 1. Objetivo Demonstrar alguns aspectos fundamentais da cinética tanto no aspecto prático, ou seja, o quanto diferentes fatores interferem na velocidade das reações quanto no aspecto quantitativo avaliando, matematicamente, o efeito da concentração dos reagentes e da temperatura sobre a velocidade das reações. 2. Introdução Cinética química é a parte da físico-química que estuda a velocidade com que as reações ocorrem, ou seja, o quanto aumenta a concentração molar dos produtos e diminui a concentração molar dos reagentes por unidade de tempo. E para relacionar esta velocidade à concentração existe uma constante de proporcionalidade k que é constante a uma temperatura fixa [3]. Um dos motivos pelos quais se estuda a velocidade das reações é a importância de podermos prever o quão rápido a reação vai se aproximar do equilíbrio na prática. E para essa previsão alguns fatores que podem ser controlador devem ser levados em consideração [3]. Fatores que influenciam a velocidade das reações [13]: Temperatura: O aumento da temperatura normalmente causa um aumento na velocidade da reação. Em alguns casos essa sensibilidade no aumento é muito grande, e poucos graus elevados na temperatura já fazem grande diferença. Concentração dos reagentes: Quanto maior a concentração, maior será a velocidade com que a reação ocorre. Porém, existem exceções a esta regra, como por exemplo, nas reações eletroquímicas, que sofrem os efeitos eletroforéticos e a distensão iônica com o aumento da concentração. Estado físico dos reagentes: A diferença entre a velocidade relacionada aos estados físicos se da devido à superfície de contato na hora da reação que aumenta a área onde irão ocorrer os choques entre as moléculas na reação. A velocidade que as reações geralmente ocorrem de acordo com os estados físicos segue a seguinte ordem: gases > soluções > líquidos puros > sólidos. Catalisadores e inibidores: Os catalisadores aumentam a velocidade das rações e os inibidores reduzem a velocidade. A utilização destes se da devido a algumas reações ocorrerem rápidas demais ou muito lentamente, em alguns casos nem reagindo, sob condições normais de temperatura e pressão. Luz: A presença de luz em comprimentos de ondas específicos causa o aumento na velocidade de algumas reações. Como por exemplo, reações fotolíticas, que ocorrem naturalmente na presença de luz. Superfície de Contato: A área de contato entre os reagentes também influência na velocidade das reações. Quanto maior for a superfície de contato maior é número de moléculas reagindo e a reação acelera. Natureza dos reagentes e produtos: Sendo todos os outros fatores iguais, algumas reações são naturalmente mais rápidas enquanto outras são naturalmente lentas, dependendo da composição química das moléculas ou íons envolvidos [4]. Outra parte que deve ser estudada dentro da cinética química é a ordem da reação. A ordem da reação governa a expressão matemática da lei de velocidade e, por conseguinte, a variação da concentração das espécies com o tempo e deve ser obtida experimentalmente. É importante enfatizar que a ordem da reação não possui nenhuma relação com o coeficiente estequiométrico das substâncias envolvidas em uma equação química [5]. Para uma reação genérica [8]: aA + bB cC + dD A lei da velocidade seria: V=k.[A]a.[B]b onde: a=ordem de reação referente ao reagente A. b=ordem de reação referente ao reagente B. E a ordem global da reação seria o resultado do somatório de a+b. Reações de ordem zero: São reações que a velocidade independe da concentração do reagente. Não são reações muito comuns. Reações de primeira ordem: São reações cuja velocidade da reação é intimamente ligada a concentração de um reagente. Um conceito que deve ser mencionado ao se falar de ordem de reações é o de meia-vida do reagente, que é uma indicação útil da velocidade de reação de primeira ordem, muitas vezes esse conceito substitui o conceito de constante de velocidade para estas reações de primeira ordem. A meia-vida é definida como o tempo necessário para que a concentração de uma espécie reduza em 50% de seu valor inicial. É relacionada à concentração através da equação [8]: Reações de segunda ordem: São reações nas quais a velocidade está relacionada à concentração dos dois reagentes envolvidos, e a velocidade é proporcional ao produto das concentrações destes reagentes [8]. De acordo com a lei da velocidade a única coisa que seria capaz de afetar a velocidade além da concentração dos reagentes é a própria constante da velocidade. Com isso Arrhenius estudou sobre a relação entre a constante da velocidade e a variação da temperatura e encontrou que quando se colocava o logaritmo natural (ln) da constante da velocidade como uma função do inverso da temperatura em Kelvin (1/T), resultava em uma linha reta com uma inclinação negativa. A inclinação é Ea/R onde Ea é a energia de ativação (energia mínima exigida para formação dos produtos) e R é a constante da lei dos gases (8,31 x 10-3 kJ mol-1 K-1). [2]. Teoria das Colisões: Nesta teoria, supõem-se que uma reação, na fase gasosa, ocorre somente se duas moléculas colidem com uma com uma certa energia cinética mínima ao longo de sua linha de aproximação [3]. Fig 1- www.quimicaremix.blogspot.com.br A energia potencial das moléculas de reagente encontram-se muito distantes umas das outras. A energia potencial aumenta apenas quando a separação das moléculas é tão pequena que elas ficam em contato e as ligações se distorcem e começam a quebrar. A energia potencial então atinge o pico quando as moléculas estão deformadas e diminui quando novas ligações são formadas. Para a reação ser bem sucedida, as moléculas dos reagentes devem se aproximar com energia cinética suficiente de modo a poderem transpor a barreira de ativação. A altura da barreira de ativação é a energia de ativação. Assim, a frequência das colisões entre espécies A e B é proporcional as suas concentrações. Se a concentração de B é dobrada, então a velocidade com que as moléculas A colidem com as moléculas B também é duplicada e vice versa [3]. Teoria do Estado de Transição: Existe outra teoria que pode ser aplicada a reações em solução ou em fase gasosa. Na teoria do estado de transição, também conhecida como teoria do complexo ativado, supõem-se que quando dois reagentes se aproximam sua energia potencial aumenta e alcança um máximo correspondente à formação do complexo ativado, um aglomerado de átomos que podem tanto passar para o lado dos produtos como retornar aos reagentes a partir dos quais ele foi formado. Se a energia potencial do estado de transição for muito alta, então, uma grande quantidade de energia deve ser necessária durante a colisão, para formar o complexo ativado. Isto resulta em uma alta energia de ativação, e por conseguinte, em uma reação lenta [4]. Um complexo ativado não é um intermediário da reação, que pode ser isolado e estudado como uma molécula comum. O conceito de complexo ativado pode ser aplicado tanto para reações em solução quando para reações em fase gasosa,pois pode-se pensar no complexo ativado como contendo quaisquer moléculas do solvente que possam estar presentes [3]. Fig 2- www.educação.uol.com.br Outra definição importante é a do conceito de Molecularidade. A molecularidade de uma reação é o número de espécies reagentes que tomam parte em uma etapa elementar da reação. Assim: [2] Molecularidade I: Quando uma única espécie química participa da reação. Por exemplo, em um rearranjo molecular; Molecularidade II: Quando duas espécies químicas interagem entre si para que a reação ocorra; Molecularidade III: É muito rara, pois depende da ocorrência de uma interação tripla. 3. Materiais e Reagentes Tubos de Ensaio Estante Bico de Bünsen Placa de Aquecimento Termômetro Cronômetro Ralador Faca Detergente Batata Pipeta Graduada Pipeta de Pasteur Béquer Água Destilada Solução de H2O2 Solução 0,01 mol/L de KMnO4 Solução 1,0 mol/L de H2SO4 Solução 6 mol/L de HCl Solução 0,6 mol/L de HCl Solução 0,1 mol/L de KI Solução 0,01 mol/L de KIO3 Solução 3,0 mol/L de H2SO4 Solução de Amido Solução de NaHSO3 4. Procedimentos Experimento 1: Estudo Fenomenológico sobre a Velocidade de Reações Químicas a) Efeito da Temperatura: Em três tubos de ensaio grandes foram colocados cerca de 10 ml de solução 0,01 M de KMnO4 e em seguida 1,0 mL da solução 1,0 M de H2SO4. Um dos tubos foi deixado a temperatura ambiente na estante enquanto o segundo foi posto em banho-maria por aproximadamente 3 minutos a uma temperatura entre 40°C e 50°C. O terceiro tubo de ensaio foi aquecido diretamente na chama de um bico de Bunsen, e observou-se a diferença entre os tubos. Posteriormente, ao mesmo tempo, foi adicionada aos tubos limalha de ferro, e mais uma vez observou-se o ocorrido. b) Efeito da Concentração: Em dois tubos de ensaio foram colocados 5 ml da solução 0,1M de Na2S2O3. Ao primeiro tubo foi adicionado 1,0 mL de HCl 6,0M e ao segundo tubo 1,0 mL de HCl 0,6 M. A adição do ácido clorídrico a solução de tiossulfato de sódio foi feita ao mesmo tempo para termos de comparação. Em seguida, homogeneizou-se as misturas nos tubos e observou-se a diferença entre eles. c) Efeito do Catalisador: Em três tubos de ensaio foram colocados 5 ml da solução de água oxigenada e em seguida foi adicionado 0,2 ml de detergente, como o auxílio de uma pipeta graduada de 1,0 mL, em cada um dos três tubos. O primeiro tubo foi deixado somente com o detergente, ao segundo foram adicionados 5 gotas de solução 0,1 M de KI e ao terceiro tubo foram acrescentados alguns pedacinhos de batata. Após as adições observou-se o ocorrido e a diferença entre cada um dos tubos de ensaio. d) Efeito da Superfície de Contato: Em três tubos de ensaio foram adicionados 5 ml da solução de água oxigenada e logo após foi adicionado ao primeiro tubo pedacinhos de batata em cubos, ao segundo foi adicionado batatas em pequenas tiras, e ao terceiro tubo foi adicionada pequena quantidade de batata ralada. Após as adições observou-se a diferença entre os tubos de ensaio. Experimento 2: Estudo quantitativo sobre a velocidade de reações químicas. a) Influência da Concentração na Velocidade da Reação: Para este experimento foram preparadas previamente as seguintes soluções: Solução A: Foi dissolvido 0,5 g de KIO3 (iodato de potássio) em 250 ml de água e depois adicionou-se 2 ml de H2SO4 3 mol/L. Solução B: Foi dissolvido 0,5 g de amido em 250 ml de água e depois adicionou-se 0,1 g de NaHSO3 (bissulfito de sódio) Foram preparadas 7 tubos de ensaio, numerados de 1 a 7, contendo concentrações diferente da solução A. Tais concentrações foram obtidas diluindo a primeira com auxílio de uma pipeta adicionando água. Posteriormente, outros 7 tubos foram numerados, também de 1 a 7, porém estes contendo 5 ml da solução B. Com todos os tubos preparados, o experimento foi feito vertendo o conteúdo do tubo #1A sobre a solução do tubo #1B. O cronômetro foi disparado assim que as soluções entraram em contato e o tubo da mistura foi agitado em movimentos circulares. Ao término da reação, verificado quando a mistura adquire uma coloração azul, o cronômetro foi parado e o tempo foi anotado. Este procedimento foi repetido para todos os outros tubos até o de número 7. E ao final foi anotada a temperatura ambiente em que as reações foram feitas. b) Influência da Temperatura na Velocidade da Reação: Para esta etapa experimental foram preparados 4 conjuntos de tubos iguais aos tubos #3A e #3B, que foram enumerados e guardados para serem utilizados. Assim como no experimento anterior, a solução presente no tubo A foi vertida no tubo B de acordo com os respectivos números, porém a reação foi feita com as soluções em diferentes temperaturas. Os béqueres foram preparados acrescentado-se gelo ou por aquecimento de modo a atingir as temperaturas informadas, porém as reações foram feitas em outras temperaturas (6, 16, 25 e 50°C) mais a reação em temperatura ambiente (28ºC) do experimento anterior. Os tubos foram depositados sempre dois a dois (um A e um B) em cada um dos béqueres com temperaturas diferentes. Depois de um certo tempo a solução do tubo A foi transferida para o tubo B ainda imerso e agitado com movimentos circulares. No momento em que as soluções se tocaram o cronômetro foi disparado e anotado o tempo de reação que cessa com a aparecimento da coloração azul. O procedimento é repetido para os três tubos restantes. 5. Resultados e Discussões Experimento 1: Estudo Fenomenológico sobre a Velocidade de Reações Químicas a) Efeito da Temperatura: Este experimento visou determinar o quanto o aumento da temperatura pode influenciar na velocidade de uma reação. Parte I: Analisando cada uma das etapas foi observado que a reação no tubo de ensaio aquecido diretamente na chama ocorre rapidamente, pois a precipitação do MnO2 é percebida em pouco de tempo de aquecimento,pois a coloração da solução é alterada e as do tubo ficam manchadas de castanho. O aquecimento do tubo de ensaio em banho-maria também envolve o aumento de temperatura, porém de forma gradual já que o aquecimento não é direto. O tubo permaneceu em aquecimento por 5 minutos e dentro deste tempo não foi possível ver a reação acontecendo de fato. O banho-maria acelera a reação, mas não o suficiente para que os reagentes sejam convertidos em produto e o resultado observado no tempo descrito. Para o tubo de ensaio deixado em meio ambiente não foi obsevado nenhuma reação. Assim, é possível dizer que a redução do permanganato ocorre lentamente e que pode ser acelerada pelo aumento da temperatura. A precipitação do MnO2 é contraditória, pois a literatura informa que: Em soluções fortemente ácidas a redução do permanganato de potássio prossegue até a formação de íons manganês que são incolores [16]. MnO4- + 8H+ +5e- → Mn+2 + 4H2O Enquanto que em meio alcalino, ou em pH mais próximo da neutralidade, ocorre a precipitação do dióxido de manganês [11]. MnO4- + 4H+ + 3e- → MnO2↓ + 2H2O MnO4- + 2H2O + 3e - → MnO2↓ + 4OH - Como a reação se processa em meio ácido o produto principal é obtido deveria ser o sulfato de manganês (II) que é um sal solúvel [11]. 4 KMnO4 + 6 H2SO4 → 2 K2SO4 + 4 MnSO4 + 6 H2O + 5 O2 [15] O MnO2 só deveria está presente em soluçãocaso o meio estivesse neutro ou alcalino. Neste caso o meio reacional, que é ácido, só poderia estar com o pH mais elevado caso o permanganato estivesse em excesso, pois este por ser proveniente de uma base forte com ácido fraco hidrolisa liberando íons OH-[5]. O cálculo estequiométrico abaixo informa que este não é o caso, estando o ácido sulfúrico em excesso: Uma possível explicação para a presença de MnO2 é o fato de soluções aquosas de permanganato não serem muito estáveis em virtude da água conter possíveis elementos redutores que reagem com os íons MnO4 - [12]: 4MnO4 - + 2H2O → 4MnO2(s) + 3O2 (g) + 4OH - Esta reação ocorre lentamente caso a solução de permanganato seja preparada adequadamente, mas pode ser catalisada pela ação da luz, da temperatura ou pela presença do próprio MnO2, seja como contaminante do permanganato sólido ou como produto [10]. Assim, a reação acima também é autocatalítica o que junto com outros fatores pode justificar o aparecimento do dióxido de manganês durante o experimento. Parte II: A segunda parte deste experimento envolve a oxidação do Fe0, e é possível observar que o aumento da temperatura elevada também influencia na velocidade com que o permanganato se reduz e o ferro se oxida. Para cada situação, após os 15 minutos de espera, foi observado que a limalha de ferro adicionada ao tubo de ensaio assim que retirado da chama foi a mais oxidada ficando evidente pela coloração da solução que ficou bem mais escura, assim como a cor da limalha que se tornou praticamente preta. No tubo aquecido em banho-maria também foi possível observar a oxidação da limalha de ferro, porém com menor intensidade. Por fim, no tubo de ensaio em temperatura ambiente não foi possível confirmar visualmente a reação de oxidação pelo fato desta acontecer mais lentamente. O ferro metálico pode ser oxidado a Fe+2: 5Fe0(s)+ 8H2SO4(aq) + 2KMnO4(aq) → 5FeSO4 + K2SO4(aq)+ 2MnSO4(aq) + 8H2O(l) Mas pelos resultados obtidos e pelo fato da reação ocorrer em meio ácido e na presença de um oxidante forte, o Fe0 pode passar para Fe+3 conforme a reação abaixo [16]: 10Fe0(s) + 24H2SO4(aq) + 6KMnO4(aq) → 5Fe2(SO4)3 + 3K2SO4 + 6MnSO4 + 24H2O b) Efeito da Concentração: Neste experimento foi avaliado o efeito da concentração na velocidade da reação do tiossulfato de sódio com ácido clorídrico. A reação que ocorre neste experimento é dado por: NaS2O3 + 2HCl → NaCl(aq) + S↓ + H2SO3 Como a reação ocorre a frio forma-se ácido sulfuroso que diferentemente do ácido carbônico que é estável e não se decompõe facilmente. O H2SO3 só seria convertido em dióxido de enxofre e água caso a solução fosse aquecida [16]. S2O3 - + 2H+ → S↓ + SO2↑ + H2O(l) A solução de tiossulfato de sódio turva imediatamente quando ácido clorídrico mais concentrado (6,0M) é adicionado, tornando o conteúdo do tubo de ensaio amarelado, logo a reação se processa mais rapidamente quando comparada com a solução de ácido clorídrico 0,6M. A reação entre o tiossulfato de sódio e o ácido clorídrico gera enxofre que precipita formando uma solução coloidal [16]. Sistemas coloidais são misturas heterogêneas de pelo menos duas fases diferentes, com a matéria de uma das fases na forma finamente dividida (sólido, líquido ou gás), denominada fase dispersa, misturada com a fase contínua (sólido, líquido ou gás), denominada meio de dispersão [9]. c) Efeito do Catalisador: Neste experimento foi verificado a ação de diferentes catalisadores em relação a decomposição não catalisada do peróxido de hidrogênio: 2H2O2 → 2H2O + O2↑ Catalisadores são substâncias que aumentam a velocidade de uma reação proporcionado um mecanismo alternativo de mais baixa energia, ou seja, reduzindo a energia de ativação para formação dos produtos [4]. Uma reação catalítica ocorre através de ciclos no qual sequencias de reações ocorrem consumindo os reagentes e gerando produtos com o catalisador sendo regenerado após o ciclo [7]. Os catalisadores podem ser classificados como homogêneos quando estão presentes na mesa fase que os reagentes e podem acelerar a reação pela formação de um intermediário reativo ou como heterogêneos, quando não se encontram na mesma fase dos reagentes, porém proporcionam uma superfície favorável para a reação acontecer [4]. A decomposição da água oxigenada por desproporcionamento ocorre espontaneamente, mas em um processo muito lento [7]. Este fato pode ser verificado experimentalmente pela ausência de catalisador em um dos tubos de ensaio. No tubo em que foi adicionado KI a solução tornou-se imediatamente amarela, isso ocorre devido a presença de íons iodeto na solução: KI (aq) → K+ (aq) + I– (aq) O peróxido de hidrogênio pode funcionar como um poderoso oxidante [7] e o íon iodeto passa a íon iodato: 3H2O2 + KI → K + + IO3 - + 3H2O O iodeto de potássio por ser o catalisador da reação é recuperado no final e a decomposição da água oxigenada se completa formando água e liberando gás oxigênio. 2H2O2 + KIO3 → 2H2O + O2↑ + KI O segundo catalisador utilizado foi a batata em cubinhos e para este caso também foi observado a rápida liberação de oxigênio. O aumento da velocidade desta reação é proporcionada pela presença de uma enzima chamada catalase. Alguns tubérculos, como a batata inglesa, são ricos em catalase [14]. As enzimas são moléculas proteicas que aceleram reações químicas importantes para um organismo vivo funcionar. A característica mais notável de uma catálise enzimática é a especificidade das enzimas para uma reação em particular ou conjuntos de reações levando ao conceito de chave-fechadura. Por exemplo, a uréase catalisa a hidrólise da ureia em dióxido de carbono e amônia e nenhuma outra reação, mas a fosfatase catalisa a quebra de diversos ésteres fosfatados [5]. No caso da enzima catalase o substrato é unicamente o peróxido de hidrogênio [6]. A rápida decomposição da água oxigenada gera uma grande quantidade de bolhas que indica a liberação de oxigênio. Este efeito é ampliado pela adição de detergente resultando em grandes quantidades de espuma principalmente em relação ao iodeto de potássio, que para este caso é o catalisador mais efetivo. A espuma é formada pelo oxigênio liberado que se encontra disperso no detergente que é um agente emulsificante com propriedades tensoativas [9]. A formação de espuma só é cessada quando todo o H2O2 for convertido em O2. d) Efeito da Superfície de Contato: Em cada um dos tubos de ensaio foi adicionada pequenas quantidades de batata, esta funcionando como catalisador como foi discutido anteriormente. Assim, o objetivo deste experimento foi observar o quanto diferentes tipos de superfície de contato podem influenciar na velocidade da decomposição do peróxido de hidrogênio. A reação se processa da mesma forma do item c na presença da catalase: 2H2O2 → 2H2O + O2↑ Durante o experimento foi observado que para a bata ralada a reação aconteceu mais rapidamente e a quantidade de bolhas de oxigênio formadas foi maior quando comparada com a batata em tiras. Enquanto que a reação na presença de batatas em cubinhos foi mais lenta em relação as anteriores.Isso acontece pois a velocidade das reação também depende da área de contato existente entre os reagentes e o catalisador. Quanto mais pulverizado estiver o catalisador maior será a quantidade de partículas disponíveis para entrar em contato com umas com as outras aumentando assim a velocidade da reação [4]. Experimento II: Estudo Quantitativo sobre a Velocidade de Reações Químicas a) Influência da Concentração na Velocidade da Reação: Com este experimento foi possível comprovar matematicamente o quanto a concentração das soluções influenciam na velocidade com que as reações se processam. Foram preparadas soluções de iodato de potássio acidificada com ácido sulfúrico (O H2SO4 é adicionado com a intenção de fornecer mais íons H3O +, diminuindo o pH criando um meio mais favorável para a reação) e de hidrogenosulfito de sódio com amido. Estas soluções foram utilizadas para a chamada reação relógio que resulta na formação de iodo. A reação de Landolt, também conhecida como a “reação do relógio de iodo”, foi publicada em 1886 e continua sendo, até hoje, um dos exemplos mais adequados para demonstrar alguns aspectos fundamentais da cinética de reações químicas [1]. O mecanismo dessa reação envolve várias etapas com velocidades distintas e três equações a representam: Na primeira etapa, o bissulfito reage com o iodato formando bissulfato e iodeto. Nesta reação ocorre a redução do íon iodato para iodeto e a oxidação do bissulfito para bissulfato: [1] À medida que o iodeto vai se formando ele reage com o excesso de iodato ainda presente gerando iodo. [1] Porém, enquanto houver bissulfito na solução, este irá consumir o iodo formado, resultando em iodeto novamente: [1] Assim o iodo só estará presente em solução para interagir como o amido quando todo o bissulfito for consumido: [1] O amido é uma substância formada principalmente por dois constituintes macromoleculares: A amilose ( - amilose) e a amilopectina ( - amilose). Assim, o amido forma um complexo de adsorção com o iodo conferindo a solução uma coloração azul intensa, enquanto a amilopectina quando interage com o iodo resulta em uma cor violácea em um processo irreversível, mas sua interferência não é muito significativa [12]. Com o cronômetro foi medido o tempo necessário para formação do iodo, que é identificado pela presença da cor azul. Cálculos e Gráficos: A concentração do iodato de potássio é maior que a concentração de bissulfito assim há quantidade suficiente de iodato para gerar iodo quando o bissulfito for todo consumido. # V (mL) KIO3 V (mL) H2O # V (mL) NaHSO3 [NaHSO3] mol/l 1A 2,50 0,00 1B 5,00 3,8.10-3 2A 2,00 0,50 2B 5,00 3,8.10-3 3A 1,50 1,00 3B 5,00 3,8.10-3 4A 1,25 1,25 4B 5,00 3,8.10-3 5A 1,00 1,50 5B 5,00 3,8.10-3 6A 0,75 1,75 6B 5,00 3,8.10-3 7A 0,5 2,00 7B 5,00 3,8.10-3 Tabela 1 Utilizando a fórmula da diluição calcula-se a concentração do iodato para cada um dos tubos. O volume final da solução foi de 7,5 mL. 0,0093*2,50 = Cf*7,5 Cf = 3,1.10 -3 0,0093*2,00 = Cf*7,5 Cf = 2,48.10 -3 0,0093*1,50 = Cf*7,5 Cf = 1,86.10 -3 0,0093*1,25 = Cf*7,5 Cf = 1,55.10 -3 0,0093*1,00 = Cf*7,5 Cf = 1,24.10 -3 0,0093*0,75 = Cf*7,5 Cf = 9,30.10 -4 0,0093*0,50 = Cf*7,5 Cf = 6,20.10 -4 # [KIO3] mol/l 1/[KIO3] mol/L Ln([KIO3]) Tempo (s) Veloc. Reação [KIO3]/t (mol/L.s) 1 3,10.10-3 322,58 -5,77 7,36 4,21.10-4 2 2,48.10-3 403,22 -5,99 12,29 2,02.10-4 3 1,86.10-3 537,63 -6,29 21,76 8,55.10-5 4 1,55.10-3 645,16 -6,47 35,57 4,36.10-5 5 1,24.10-3 806,45 -6,69 54,49 2,27.10-5 6 9,30.10-4 1075,27 -6,98 - - 7 6,20.10-4 1612,90 -7,38 - - Tabela 2 Durante o experimento não possível contabilizar o tempo necessário para as reações nos tubos 6 e 7. Gráfico 1: 0,0031 0,00248 0,00186 0,00155 0,00124 y = 0,0039e-0,23x R² = 0,9957 0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003 0,0035 7,36 12,29 21,76 35,57 54,49 [K IO 3 ] m o l/ L Tempo (s) Gráfico da Concentração (mol/L) X Tempo (s) Série1 Exponencial … Gráfico 2: O gráfico 1 demonstra um decaimento exponencial do reagente ao longo do tempo, logo a reação é de primeira ordem [1]. Quando Ln da concentração é aplicado este é linearizado, assim no gráfico 2 é obtido uma reta. Esta reação depende apenas da concentração de iodato de potássio, pois a concentração de hidrogenosulfito é mantida constante ao longo de todo o experimento. Assim, a velocidade de consumo do iodato de potássio é dada por: A determinação da constante de velocidade de uma reação de primeira ordem pode ser obtido pelo coeficiente angular da equação da reta obtida através do gráfico 2: = -k ; k = 0,0179 É possível também determinar o valor de k aplicando a lei da velocidade integrada e substituindo as variáveis pelos valores obtidos na tabela 2: Os valores para a constante de velocidade obtidos graficamente e pela equação quando comparados são muito semelhantes. Assim, para a expressão -5,77 -5,99 -6,29 -6,47 -6,69 y = -0,0179x - 4,679 R² = 0,9944 -6,8 -6,6 -6,4 -6,2 -6 -5,8 -5,6 -5,4 -5,2 7,36 12,29 21,76 35,57 54,49 Ln ([ K IO 3 ]) Tempo (s) Gráfico de Ln([KIO3)] x Tempo (s) Série1 Linear (Série1) é possível calcular outros valores de concentrações para diferentes tempos, ou dada uma concentração determinar o tempo necessário para a reação do iodato com o bissulfito acontecer. Para determinar se este valor de k é apropriado, alguns pontos experimentais foram escolhidos e calculados abaixo: Gráfico 3: 322,58 403,22 537,63 645,16 806,45 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 7,36 12,29 21,76 35,57 54,49 1 /[ K IO 3 ] m o l/ s Tempo (s) Gráfico de 1/[KIO3] (mol/L) x Tempo (s) Série1 Gráfico 4: Pelo Experimento I (item c) foi observado visualmente que o enxofre precipita rapidamente quando a solução de ácido clorídrico mais concentrada é adicionada. Através do gráfico 4 é possível verificar que de fato a velocidade de uma reação depende da concentração em que os reagentes se encontram e que conforme a concentração decresce é necessário mais tempo para a reação acontecer e por consequência a velocidade diminui, pois: O sinal negativo indica que a contração de A está decrescendo com o tempo e é sempre utilizado se os reagentes são empregados para expressar a velocidade [4]. 0,000421 0,000202 8,55E-05 0,0000436 2,27E-05 0 0,00005 0,0001 0,00015 0,0002 0,00025 0,0003 0,00035 0,0004 0,000450,0031 0,00248 0,00186 0,00155 0,00124 V el o ci d ad e m o l/ L. s [KIO3] mol/L Gráfico da Velocidade (mol/L.s) x Concentração (mol/L) Série1 b) Influência da Temperatura na Velocidade da Reação: O experimento anterior foi realizado em temperatura ambiente (28ºC) com foco no efeito da concentração, enquanto que o objetivo deste experimento é observar, graficamente, o quanto variações na temperatura influenciam na velocidade da reação do iodato com o bissulfito. Assim, a concentração de iodato é mantida constante durante todo o experimento. # Temp. (ºC) [KIO3] mol/l 1/[KIO3] mol/L Ln([KIO3]) Tempo (s) Veloc. Reação [KIO3]/t (mol/L.s) 3A1 50 1,86.10-3 537,63 -6,29 11,89 1,56.10-4 3A 28 1,86.10-3 537,63 -6,29 21,76 8,55.10-5 3A2 25 1,86.10-3 537,63 -6,29 17,22 1,08.10-4 3A3 16 1,86.10-3 537,63 -6,29 18,85 8.87.10-5 3A4 6 1,86.10-3 537,63 -6,29 27,67 6,72.10-5 Tabela 3 Gráfico 5: 11,89 17,22 18,85 27,67 0 5 10 15 20 25 30 50 25 16 6 Te m p o ( s) Temperatura ºC Gráfico do Tempo (s) x Temperatura (ºC) Série1 Gráfico 6 O gráfico 5 expressa a dependência do tempo em relação a temperatura e é possível observar que conforme a temperatura decresce o tempo necessário para reação acontecer aumenta. Como a velocidade de uma reação está relacionada com o a concentração e com o tempo, se a concentração é mantida constante e o tempo aumenta o valor das velocidades decrescem. Como discutido anteriormente no Experimento 1 - item a- a velocidade da reação é dependente da temperatura, que pode aumentar ou diminuir se calor é fornecido ou retirado do sistema. Pelo gráfico 6 é observado que para a reação do iodato de potássio com o bissulfito de sódio a velocidade decresce conforme a temperatura diminui e por conseguinte a velocidade aumenta em função do aumento de T. 0,00056 0,000108 8,87E-05 6,72E-05 0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 50 25 16 6 V el o ci d ad e (m o l/ L. s) Temperatura (ºC) Gráfico da Velocidade (mol/L.s) x Temperatura (ºC) Série1 6. Conclusões De acordo com a teoria do estado de transição se a energia potencial for muito alta a velocidade da reação será lenta, pois resulta em uma alta energia de ativação. Assim é necessário meios alternativos que provoquem um decréscimo na energia de ativação para que a reação seja mais rápida. Diversos são os fatores que podem influenciar a velocidade da reação e nem sempre esses fatores agem aumentado a velocidade, como a presença de substâncias inibidoras que reduzem a eficiência dos catalisadores. A aumentar ou diminuir a velocidade é uma questão um tanto relativa, pois acelerar um reação não significa ser algo positivo, como por exemplo em sistemas biológicos a destruição da atividade catalítica pode ser muito importante [4]. A ação de alguns desses fatores (temperatura, catalisador, superfície de contato e concentração dos reagentes) foram analisados durante a prática e verificado que estes aumentaram a velocidade para as condições reacionais envolvidas. Assim, após a análise experimental, pode-se se dizer que o catalisador aumenta a velocidade da reação diminuindo energia de ativação, mas a superfície de contato que ele proporciona também dita o quão veloz será a reação. Em relação a concentração dos reagentes, quanto maior for a concentração, maior será a quantidade de matéria presente em solução, e consequentemente maior será a quantidade de moléculas aumentado a probabilidade de ocorrem colisões efetivas. O aumento da temperatura aumenta a energia cinética das moléculas e se as moléculas se chocam com maior energia cinética, a energia de ativação diminui e a velocidade da reação aumenta. Porém, a dependência da velocidade com temperatura pode ser considerada mais complexa, pois nem sempre o aumento da temperatura remete a maiores velocidades, como no caso da hidrólise do etanoato de metila [1] em que o aumento da temperatura provoca um efeito contrário. Em sistemas biológicos a relação da velocidade com a temperatura é ainda mais complexa, em alguns casos temperaturas muito elevadas podem provocar mudanças conformacionais que diminuem a ação efetiva da enzima [1]. A prática do relógio de iodo é muito interessante visualmente e no aspecto prático em relação ao estudo da cinética química, porém o mecanismo dessa reação não é trivial já que envolve várias etapas, durante as quais espécies intermediárias são formadas e posteriormente consumidas até a obtenção do iodo necessário para reação com o amido. O envolvimento do amido pode gerar dificuldades experimentais por apresentar algumas desvantagens como a rápida degradação, se não preservada convenientemente, é pouco solúvel em água, e o aquecimento no preparo da solução é necessário, e não funciona muito bem para soluções muito diluídas, porém possui baixo custo [12]. Outra fonte de erro é a tomada de tempo da reação utilizando cronômetro, pois depende diretamente do reflexo do operador. 7. Referências Bibliográficas 1. Apostila Química Geral Experimental 1.<http://www.iq.unb.br>. Acesso em 27/08/2015. 2. 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Baccan, Nivaldo...[et al.] - Química Analítica Elementar. 3ªed. São Paulo: Blücher, 2001 13. Nunes, Adriana, Andrade, Leonardo...[et al.] - Determinação da Ordem de Reação Entre o Tiossulfato de Sódio e Ácido Clorídrico. < https://pt.scribd.com/doc/99448103/> Acesso em 25/08/2015 14. Spychalla, James, Desborough Sharon - Superoxide Dismutase, Catalase, and - Tocopherol Content of Stored Potato Tubers. American Society of Plant Biologists, 1990. <www.plantphysiol.org>. Acesso em 29/08/2015 15. Vogel, Arthur - Análise Química Quantitativa. 6ªed. LTC, 2002 16. Vogel, Arthur - Química Analítica Qualitativa. 5ªed. São Paulo: Mestre Jou, 1981
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