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Direito Constitucional - 1 - Constitucionalismo

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DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 1	
  
CONSTITUCIONALISMO	
  
Sumário:	
  
1.	
  Noções	
  Gerais	
  
1.1.	
  Alocação	
  do	
  Direito	
  Constitucional	
  
1.2.	
  Conceito	
  de	
  Constitucionalismo	
  	
  
2.	
  Fases	
  históricas	
  do	
  Constitucionalismo	
  	
  
2.1.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  ANTIGO	
  	
  
2.2	
  CONSTITUCIONALISMO	
  MEDIEVAL	
  
2.3	
  CONSTITUCIONALISMO	
  MODERNO	
  
2.3.1	
  CONSTITUCIONALISMO	
  CLÁSSICO	
  OU	
  LIBERAL	
  	
  
2.3.1.1	
  As	
  principais	
  idéias	
  que	
  aproveitamos	
  dos	
  Constitucionalismos	
  	
  
2.3.1.2.	
  Estado	
  de	
  Direito	
  ou	
  Estado	
  Liberal	
  
2.3.1.3.	
  Experiências	
  do	
  Estado	
  de	
  Direito	
  ou	
  Estado	
  Liberal	
  
2.3.2	
  CONSTITUCIONALISMO	
  MODERNO	
  SOCIAL	
  
2.3.2.	
  Estado	
  Social	
  
2.4.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  CONTEMPORÂNEO/NEOCONSTITUCIONALISMO	
  
2.4.1.	
  Características	
  do	
  Neoconstitucionalismo	
  
2.4.2.	
  Marcos	
  fundamentais	
  para	
  se	
  chegar	
  ao	
  neoconstitucionalismo	
  	
  
2.4.3.	
  Pós-­‐positivismo	
  
2.4.4.	
  Dimensões	
  dos	
  Direitos	
  Fundamentais	
  
2.4.5.	
  Estado	
  Democrático	
  de	
  Direito	
  
2.5.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  DO	
  FUTURO	
  
1.	
  Noções	
  Gerais	
  
1.1.	
  Alocação	
  do	
  Direito	
  Constitucional	
  
	
   O	
  Direito	
  é	
  uno	
  e	
  indivisível,	
  devendo	
  ser	
  estudado	
  como	
  um	
  grande	
  sistema.	
  	
  
A	
   divisão	
   que	
   conhecemos	
   entre	
   ramos	
   de	
   direito	
   público	
   e	
   privado	
   foi	
   uma	
   opção	
  
didática,	
  desenvolvida	
  por	
  Jean	
  Domat.	
  O	
  Direito	
  Constitucional	
  seria	
  de	
  direito	
  público.	
  
	
   A	
  idéia	
  de	
  codificação	
  civil	
  como	
  reguladora	
  das	
  relações	
  privadas	
  foi	
  fortalecida	
  com	
  o	
  
liberalismo	
  clássico,	
  do	
  Estado	
  Liberal	
  ou	
  de	
  Direito,	
  a	
  partir	
  da	
  criação	
  dos	
  direitos	
  de	
  primeira	
  
dimensão	
   (fundados	
   no	
   valor	
   liberdade).	
   O	
   Estado	
   de	
   Direito	
   foi	
   seguido	
   pelo	
   Estado	
   Social	
  
(fundado	
   em	
   direitos	
   de	
   segunda	
   dimensão,	
   com	
   base	
   no	
   valor	
   igualdade,	
   em	
   sua	
   acepção	
  
material),	
   e	
   pelo	
   Estado	
   Democrático	
   de	
   Direito	
   (fundado	
   em	
   direitos	
   de	
   terceira	
   dimensão,	
  
fundados	
  nos	
  valores	
  solidariedade	
  e	
  fraternidade).	
  
Hoje,	
  apesar	
  da	
  suposta	
  utilidade	
  didática	
  da	
  dicotomia	
  entre	
  direito	
  público	
  e	
  privado,	
  
não	
   é	
   mais	
   adequado	
   falar	
   em	
   ramos	
   do	
   direito,	
   mas	
   em	
   um	
   verdadeiro	
   escalonamento	
  
verticalizado	
  e	
  hierárquico	
  de	
  normas,	
  apresentando-­‐se	
  a	
  Constituição	
  como	
  norma	
  de	
  validade	
  
de	
   todo	
  o	
   sistema	
   (inclusive	
  do	
  direito	
  civil,	
  para	
  passa	
  por	
  um	
  processo	
  de	
  descodificação	
  –	
  
com	
  a	
  criação	
  de	
  microssistemas	
  –	
  e	
  despatrimonialização,	
  em	
  razão	
  da	
  eficácia	
  horizontal	
  dos	
  
direitos	
  fundamentais	
  nas	
  relações	
  privadas),	
  situação	
  essa	
  decorrente	
  do	
  princípio	
  da	
  unidade	
  
do	
  ordenamento	
  e	
  da	
  supremacia	
  da	
  Constituição	
  (força	
  normativa	
  da	
  Constituição,	
  de	
  Konrad	
  
Hesse).	
  
	
  
1.2.	
  Conceito	
  de	
  Constitucionalismo	
  	
  	
  
Constitucionalismo	
  é	
  a	
  evolução	
  histórica	
  do	
  Direito	
  Constitucional.	
  Ele	
  gravita	
  em	
  torno	
  
das	
  seguintes	
  idéias	
  básicas:	
  
i. Separação	
  de	
  poderes	
  
ii. Garantia	
  de	
  direitos	
  
iii. Princípio	
  do	
  governo	
  limitado	
  
	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 2	
  
Karl	
   Loewenstein,	
   um	
   dos	
   maiores	
   constitucionalistas,	
   afirma:	
   “a	
   história	
   do	
  
constitucionalismo	
  não	
  é,	
  senão,	
  a	
  luta	
  do	
  homem	
  político	
  pela	
  limitação	
  do	
  poder	
  absoluto”.	
  
O	
  constitucionalismo	
  surgiu,	
  assim,	
  como	
  uma	
  reação	
  ao	
  absolutismo,	
  contendo	
  regras	
  
de	
  limitação	
  do	
  poder	
  autoritário	
  e	
  de	
  prevalência	
  dos	
  direitos	
  fundamentais1.	
  
Canotilho,	
   por	
   sua	
   vez,	
   conceitua	
   o	
   constitucionalismo	
   moderno	
   como	
   uma	
   “técnica	
  
específica	
   de	
   limitação	
   do	
   poder	
   com	
   fins	
   garantísticos”,	
   como	
   uma	
   teoria	
   normativa	
   da	
  
política.	
  
A	
   economia	
   funcionou	
   como	
   um	
   fator	
   decisivo	
   para	
   a	
   evolução	
   do	
   Direito	
  
Constitucional.	
  
Pergunta-­‐se:	
  qual	
  é	
  o	
  conceito	
  de	
  constitucionalismo?	
  
Segundo	
  NOVELINO,	
  o	
  constitucionalismo	
  nada	
  mais	
  é	
  senão	
  uma	
  história	
  da	
  evolução	
  do	
  
Direito	
   Constitucional.	
   Em	
   um	
   sentido	
   amplo,	
   o	
   constitucionalismo	
   surge	
   desde	
   o	
   primeiro	
  
Estado	
  (todo	
  Estado	
  teria	
  uma	
  Constituição	
   -­‐	
  em	
  sentido	
  bem	
  amplo).	
  Acontece	
  que	
  o	
  termo	
  
“constitucionalismo”,	
  tecnicamente,	
  também	
  é	
  utilizado	
  de	
  maneira	
  estrita.	
  
Segundo	
  UADI	
  LAMMÊGO	
  BULOS:	
  	
  
• Em	
   sentido	
  amplo	
  !	
   “Constitucionalismo	
  é	
  o	
   fenômeno	
   relacionado	
  ao	
  
fato	
   de	
   todo	
   Estado	
   possuir	
   uma	
   Constituição	
   em	
   qualquer	
   época	
   da	
  
humanidade,	
  independentemente	
  do	
  regime	
  jurídico	
  adotado”.	
  	
  
• Já	
   em	
   sentido	
   restrito	
  !	
   “É	
   a	
   técnica	
   jurídica	
   de	
   tutela	
   das	
   liberdades,	
  
surgida	
  nos	
  fins	
  do	
  Séc.	
  XVIII,	
  que	
  possibilitou	
  aos	
  cidadãos	
  exercerem,	
  com	
  
base	
  em	
  constituições	
  escritas,	
  os	
  seus	
  direitos	
  e	
  garantias	
  fundamentais”.	
  
Ensina	
   ALEXANDRE	
   DE	
   MORAES:	
   “A	
   origem	
   formal	
   do	
   constitucionalismo	
   está	
   ligada	
   às	
  
Constituições	
  escritas	
  e	
  rígidas	
  dos	
  Estados	
  Unidos	
  da	
  América,	
  em	
  1787,	
  após	
  a	
  Independência	
  
das	
   13	
   Colônias,	
   e	
   da	
   França,	
   em	
   1791,	
   a	
   partir	
   da	
   Revolução	
   Francesa,	
   apresentando	
   dois	
  
traços	
  marcantes:	
  organização	
  do	
  Estado	
  e	
  limitação	
  do	
  poder	
  estatal,	
  por	
  meio	
  da	
  previsão	
  de	
  
direitos	
  e	
  garantias	
  fundamentais”.	
  
Explica	
   PEDRO	
   LENZA:	
   “Canotilho	
   identifica	
   vários	
   constitucionalismos,	
   como	
  o	
   inglês,	
   o	
  
americano	
  e	
  o	
  francês,	
  preferindo	
  falar	
  em	
  ‘movimentos	
  constitucionais’.	
  Em	
  seguida,	
  define	
  o	
  
constitucionalismo	
  como	
  uma	
  ‘teoria	
  ou	
  ideologia	
  que	
  ergue	
  o	
  princípio	
  do	
  governo	
  limitado	
  
indispensável	
  à	
  garantia	
  dos	
  direitos	
  em	
  dimensão	
  estruturante	
  da	
  organização	
  político-­‐social	
  
de	
  uma	
  comunidade’”.KILDARE	
   GONÇALVES	
   CARVALHO,	
   por	
   seu	
   turno,	
   vislumbra	
   tanto	
   uma	
   perspectiva	
   jurídica	
  
como	
  uma	
  sociológica:	
  
" Em	
   termos	
   jurídicos,	
   reporta-­‐se	
   a	
   um	
   sistema	
   normativo,	
   enfeixado	
   na	
  
Constituição,	
  e	
  que	
  se	
  encontra	
  acima	
  dos	
  detentores	
  do	
  poder;	
  
" Sociologicamente,	
  representa	
  um	
  movimento	
  social	
  que	
  dá	
  sustentação	
  à	
  
limitação	
   do	
   poder,	
   inviabilizando	
   que	
   os	
   governantes	
   possam	
   fazer	
  
prevalecer	
  seus	
  interesses	
  e	
  regras	
  na	
  condução	
  do	
  Estado’.	
  
ANDRÉ	
  RAMOS	
  TAVARES	
  identifica	
  quatro	
  sentidos	
  para	
  o	
  constitucionalismo:	
  
 
1	
   Nas	
   palavras	
   de	
   Kildare	
  Gonçalves	
   Carvalho,	
   citado	
   por	
   Pedro	
   Lenza,	
   o	
   constitucionalismo	
   “em	
   termos	
   jurídicos,	
   reporta-­‐se	
   a	
   um	
   sistema	
  
normativo,	
  enfeixado	
  pela	
  Constituição,	
  e	
  que	
  se	
  encontra	
  acima	
  dos	
  detentores	
  do	
  poder;	
  sociologicamente,	
  representa	
  um	
  movimento	
  social	
  
que	
  dá	
  sustentação	
  à	
  limitação	
  do	
  poder,	
  inviabilizando	
  que	
  os	
  governantes	
  possam	
  fazer	
  prevalecer	
  seus	
  interesses	
  e	
  regras	
  na	
  condução	
  do	
  
Estado”.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 3	
  
" Movimento	
   político-­‐social	
   com	
   origens	
   históricas	
   bastante	
   remotas	
   que	
  
pretende,	
  em	
  especial,	
  limitar	
  o	
  poder	
  arbitrário;	
  
" Imposição	
  de	
  que	
  haja	
  cartas	
  constitucionais	
  escritas;	
  
" Propósitos	
  mais	
  latentes	
  e	
  atuais	
  da	
  função	
  e	
  posição	
  das	
  constituições	
  nas	
  
diversas	
  sociedades;	
  
" Evolução	
  histórico-­‐constitucional	
  de	
  um	
  determinado	
  Estado.	
  
Arremata	
   LENZA:	
   “os	
   textos	
   constitucionais	
   contêm	
   regras	
   de	
   limitação	
   ao	
   poder	
  
autoritário	
   e	
   de	
   prevalência	
   dos	
   direitos	
   fundamentais,	
   afastando-­‐se	
   da	
   visão	
   autoritária	
   do	
  
antigo	
  regime”.	
  
	
  
2.	
  Fases	
  históricas	
  do	
  Constitucionalismo	
  
2.1.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  ANTIGO	
  
Essa	
  fase	
  começa	
  na	
  Antiguidade,	
  passando	
  pela	
  Idade	
  Média,	
  e	
  termina	
  no	
  final	
  do	
  séc.	
  
XVIII.	
  Não	
  aprofundaremos	
  nessa	
  fase,	
  pois	
  somente	
  envolve	
  vestígios	
  do	
  constitucionalismo.	
  	
  
Constitucionalismo	
  hebreu	
   Grécia	
   Roma	
  
A	
   primeira	
   experiência	
   de	
  
Constitucionalismo	
   ocorreu	
  
no	
   Estado	
   hebreu	
   (era	
   um	
  
estado	
   teocrático	
   e	
   os	
  
poderes	
   do	
   soberano	
   eram	
  
limitados	
  pela	
  Igreja	
  
Durante	
   breves	
   e	
   brilhantes	
  
centúrias,	
   existiu	
   um	
   regime	
  
político	
   absolutamente	
  
constitucional:	
   a	
   democracia	
  
direta	
   das	
   Cidades-­‐Estados	
  
gregas,	
   no	
   século	
   V.	
   Aqui,	
   o	
  
poder	
   era	
   dividido	
   entre	
  
todos	
  os	
  cidadãos.	
  
Também	
   havia	
   limites	
   ao	
  
poder	
   do	
   Estado,	
   sobretudo	
  
na	
  fase	
  da	
  República	
  (antes	
  do	
  
império).	
  
Destaca-­‐se	
   aqui	
   o	
   valor	
  
liberdade	
   (limitada	
   aos	
  
patrícios,	
  logicamente).	
  
	
  
Segundo	
   alguns	
   autores,	
   a	
   única	
   experiência	
   realmente	
   importante	
   para	
   o	
  
constitucionalismo	
   clássico	
   estudo	
   foi	
   a	
   inglesa:	
   a	
   experiência	
   constitucional	
   do	
  Rule	
   of	
   Law.	
  
Contudo,	
  a	
  doutrina	
  majoritária	
  coloca	
  essa	
  experiência	
  constitucionalismo	
  na	
  era	
  medieval.	
  
Entre	
  os	
  antigos,	
  o	
  constitucionalismo	
  já	
  se	
  apresentava,	
  de	
  modo	
  geral,	
  como	
  técnica	
  
de	
  limitação	
  do	
  poder.	
  São	
  características	
  do	
  constitucionalismo	
  antigo:	
  
• Inexistência	
  de	
  constituições	
  escritas,	
  prevalecendo	
  acordos	
  de	
  vontade;	
  
• As	
  leis	
  poderiam	
  ser	
  mudadas	
  sem	
  maiores	
  formalidades;	
  
• Vigorava	
   a	
   irresponsabilidade	
   governamental.	
   Os	
   imperadores	
   não	
   estavam	
  
obrigados	
  a	
  seguir	
  as	
  normas	
  jurídicas.	
  
	
  
2.4	
  CONSTITUCIONALISMO	
  MEDIEVAL	
  (SÉC	
  V	
  ATÉ	
  O	
  FIM	
  DO	
  IMPÉRIO	
  ROMANO	
  DO	
  ORIENTE)	
  
	
   É	
  engano	
  pensar	
  que,	
  na	
  Idade	
  Média,	
  o	
  constitucionalismo	
  teria	
  sido	
  sufocado.	
  Muito	
  
pelo	
  contrário!	
  Encontram-­‐se	
  neste	
  momento	
  as	
  mais	
  claras	
  apologias	
  ao	
  poder	
  limitado	
  dos	
  
governantes.	
  Vejamos:	
  
i. a	
  MAGNA	
  CARTA	
  DE	
  1215,	
  outorgada	
  na	
  Inglaterra,	
  pelo	
  rei	
  João	
  Sem	
  Terra,	
  filho	
  
de	
   Henrique	
   II,	
   representa	
   o	
   grande	
   marco	
   do	
   constitucionalismo	
   medieval,	
  
protegendo	
  diversos	
  direitos	
  individuais.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 4	
  
ii. Estatuto	
  ou	
  Nova	
  Constituição	
  de	
  Merton	
  (1236);	
  
iii. Petition	
  of	
  Rights	
  (1628);	
  
iv. Habeas	
  Corpus	
  Act	
  (1679);	
  
v. Bill	
  of	
  Rights	
  (1689)	
  e	
  o;	
  
vi. Act	
  of	
  Settlement	
  (1701).	
  	
  
	
  
Vejamos	
  as	
  principais	
  características	
  do	
  constitucionalismo	
  nesse	
  período:	
  
• Predomínio	
  da	
  concepção	
  jusnaturalista	
  de	
  constituição;	
  
• Existência	
  de	
  autênticas	
  constituições	
  não	
  escritas;	
  
• Idéia	
  de	
  que	
  a	
   autoridade	
  dos	
   governantes	
   era	
   fundada	
  num	
  contrato	
   com	
  os	
  
súditos.	
  Deus	
  seria	
  o	
  árbitro	
  do	
  seu	
  fiel	
  cumprimento;	
  
• Os	
  cidadãos,	
  ao	
  menos	
  teoricamente,	
  não	
  poderiam	
  ser	
  submetidos	
  ao	
  poder	
  
arbitrário.	
  Aqui,	
  iniciou-­‐se	
  o	
  RULE	
  OF	
  LAW.	
  
	
   Na	
   Inglaterra	
   surgiu	
   uma	
   expressão	
   (recentemente	
   cobrada	
   em	
   certame	
   do	
  MP/MG)	
  
chamada	
  rule	
  of	
  law.	
  Tal	
  expressão	
  possui	
  origem	
  na	
  Magna	
  Carta	
  inglesa	
  (1215),	
  documento	
  
precursor	
   de	
   todas	
   as	
   futuras	
   Declarações	
   de	
   Direitos,	
   já	
   que	
   representa,	
   breve	
   síntese,	
   a	
  
necessidade	
  de	
  submissão	
  do	
  governo	
  às	
  leis.	
  
Tal	
   expressão	
   é	
   traduzida	
   como	
   “governo	
   das	
   leis”,	
   em	
   substituição	
   ao	
   governo	
   dos	
   homens.	
  
Trata-­‐se	
  de	
  um	
  pressuposto	
  básico	
  da	
  Democracia,	
  marco	
  do	
  constitucionalismo,	
  donde	
  se	
  extraem	
  as	
  
seguintes	
  contribuições:	
  	
  
a) Limitação	
   ao	
   poder	
   arbitrário	
   (apesar	
   de	
   não	
   ter	
   uma	
   constituição	
   escrita,	
  
muitos	
  pactos	
  foram	
  celebrados	
  entre	
  cidadãos	
  e	
  governantes,	
  com	
  o	
  escopode	
  
limitar	
  o	
  poder	
  arbitrário:	
  sujeição	
  à	
  lei	
  e	
  ao	
  parlamento	
  etc.).	
  
b) Igualdade	
  dos	
  cidadãos	
  ingleses	
  perante	
  a	
  lei	
  
Artigo:	
  Você	
  sabe	
  o	
  que	
  significa	
  o	
  princípio	
  "rule	
  of	
  law"?	
  -­‐	
  Lilia	
  Loffredo	
  20/08/2008	
  
Autor:	
  Lília	
  de	
  Castro	
  Monteiro	
  Loffredo;	
  	
  
A	
   resposta	
   à	
   indagação	
   remonta	
   à	
   primeira	
   manifestação	
   concreta	
   do	
  
constitucionalismo:	
  a	
  Magna	
  Carta	
  Libertatum.	
  Na	
  Inglaterra,	
  ano	
  de	
  1215,	
  o	
  Rei	
  João	
  
Sem	
   Terra	
   foi	
   coagido	
   pelos	
   barões	
   ingleses	
   a	
   prometer	
   obediência	
   à	
   Magna	
   Carta	
  
Libertatum,	
   por	
   eles	
   idealizada.	
   Esse	
   precioso	
   documento	
   pode	
   ser	
   considerado	
   o	
  
principal	
  precursor	
  de	
   todas	
  as	
   futuras	
  Declarações	
  de	
  Direitos,	
   eis	
  que	
   representa	
  a	
  
autoridade	
  do	
  governo	
  exercida	
  em	
  concordância	
  com	
  as	
  leis	
  existentes.	
  
José	
   Joaquim	
   Gomes	
   Canotilho	
   entende	
   que	
  mesmo	
   com	
   as	
   variações	
   do	
   princípio	
  
"rule	
  of	
  law"	
  no	
  tempo,	
  o	
  instituto	
  contém	
  quatro	
  dimensões	
  bem	
  nítidas:	
  The	
  rule	
  of	
  
law	
   significa,	
   em	
   primeiro	
   lugar,	
   na	
   seqüência	
   da	
   Magna	
   Charta	
   de	
   1215,	
   a	
  
obrigatoriedade	
  da	
  observância	
  de	
  um	
  processo	
  justo	
  E	
  legalmente	
  regulado,	
  quando	
  
se	
  tiver	
  de	
  julgar	
  e	
  punir	
  os	
  cidadãos,	
  privando-­‐os	
  de	
  sua	
  liberdade	
  e	
  propriedade.	
  
Em	
  segundo	
  lugar,	
  IMPORTA	
  NA	
  proeminência	
  das	
  leis	
  e	
  costumes	
  do	
  país	
  perante	
  a	
  
discricionariedade	
  do	
  poder	
  real.	
  Por	
  conseguinte,	
  aponta	
  para	
  a	
  sujeição	
  de	
  todos	
  os	
  
actos	
  do	
  executivo	
  à	
  soberania	
  do	
  parlamento.	
  
E,	
  Por	
  fim,	
  Rule	
  of	
  Law	
  terá	
  o	
  sentido	
  de	
  igualdade	
  de	
  acesso	
  aos	
  tribunais	
  por	
  parte	
  
dos	
   cidadãos	
   a	
   fim	
  destes	
   aí	
   defenderem	
  os	
   seus	
  direitos	
   segundo	
  os	
  princípios	
  de	
  
direito	
  comum	
  dos	
  ingleses	
  (Common	
  Law)	
  e	
  perante	
  qualquer	
  entidade	
  (indivíduos	
  
ou	
   poderes	
   públicos).	
   Analisando	
   a	
   questão	
  mais	
   a	
   fundo,	
   verifica-­‐se	
   que	
   o	
   "rule	
   of	
  
law"	
   tem	
   como	
   verdadeiro	
   substrato	
   o	
   princípio	
   da	
   legalidade.	
   Nessa	
   esteira	
   de	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 5	
  
pensamento,	
   tem-­‐se	
   que	
   um	
   Estado	
   que	
   não	
   respeita	
   os	
   direitos	
   humanos	
   ou,	
   até	
  
mesmo,	
  não	
  se	
  pauta	
  na	
  democracia	
  pode	
  muito	
  bem	
  existir	
  sem	
  o	
  princípio	
  "rule	
  of	
  
law".	
  Todavia,	
  trata-­‐se	
  de	
  preceito	
  considerado	
  pressuposto	
  lógico	
  da	
  Democracia,	
  que	
  
se	
   revela	
   como	
   verdadeira	
   garantia	
   contra	
   o	
   despotismo	
   ao	
   se	
   firmar	
   como	
   suporte	
  
legal	
  ao	
  Estado	
  Democrático	
  de	
  Direito.	
  
	
  
2.3.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  MODERNO	
  
	
   Inaugura-­‐se	
  a	
  partir	
  do	
  surgimento	
  da	
  Constituições	
  escritas.	
  
	
  
2.3.1	
  CLÁSSICO	
  OU	
  LIBERAL	
  
Começa	
  no	
  final	
  do	
  séc.	
  XVIII,	
  com	
  as	
  revoluções	
  liberais	
  (francesa	
  e	
  norte-­‐americana),	
  e	
  
vai	
  até	
  a	
  Primeira	
  Guerra	
  Mundial	
  (1914).	
  	
  
	
   Até	
  então,	
  não	
  existia	
  Constituição	
  escrita,	
  mas	
  simplesmente	
  baseada	
  nos	
  costumes.	
  A	
  
primeira	
   Constituição	
   escrita	
   que	
   existiu	
   foi	
   dos	
   EUA,	
   em	
   1787,	
   seguida	
   da	
   Constituição	
  
francesa	
  de	
  17912.	
  	
  	
  
	
   Com	
   a	
   Constituição	
   escrita	
   surge	
   a	
   rigidez	
   constitucional	
   (processo	
  mais	
   solene,	
   com	
  
dificuldade	
  de	
  alteração	
  de	
  suas	
  normas).	
   A	
   Constituição	
   rígida,	
   por	
   sua	
   vez,	
   é	
   caracterizada	
  
pela	
  supremacia,	
  surgindo	
  a	
  idéia	
  de	
  supremacia	
  da	
  Constituição.	
  
	
  Escrita	
  !	
  Rigidez	
  !	
  Supremacia	
  	
  	
  
	
   Muitos	
   autores	
   entendem	
   que	
   o	
   Constitucionalismo	
   só	
   surgiu	
   nessa	
   fase,	
   com	
   a	
  
Constituição	
  rígida	
  e	
  suprema.	
  
Nessa	
   fase	
  do	
  Constitucionalismo	
  surgiram	
  os	
  direitos	
  de	
  primeira	
  dimensão3:	
  direitos	
  
fundamentais	
  relacionados	
  com	
  o	
  valor	
  liberdade4,	
  elegendo-­‐se	
  o	
  povo	
  como	
  o	
  titular	
  legítimo	
  
do	
  poder	
  (pela	
  Revolução	
  Francesa).	
  
A	
  primeira	
  dimensão	
  de	
  direitos	
  é	
  formada	
  por	
  direitos	
  civis	
  ou	
  políticos5.	
  	
  
	
  
2.3.1.1.	
  As	
  principais	
  idéias	
  que	
  aproveitamos	
  dos	
  Constitucionalismos	
  	
  
	
  
A)	
  Norte-­‐americano	
  
i. Supremacia	
   da	
   Constituição	
   #	
   o	
   jogo	
   político	
   é	
   protagonizado	
   pelos	
   Poderes	
  
Legislativo,	
   Judiciário	
   e	
   Executivo	
   e	
   organizado	
   pela	
   Constituição.	
   Os	
   norte-­‐
americanos	
  perceberam	
  que,	
  para	
  a	
  Constituição	
  efetivamente	
  determinar	
  as	
  regras	
  
do	
   jogo	
  entre	
  os	
  Poderes,	
   teria	
  que	
  estar	
  acima	
  deles.	
  Daí	
   surgiu	
  a	
   idéia	
  de	
  Poder	
  
Constituinte,	
   que	
   se	
   refere	
   à	
   Constituição,	
   e	
   Poderes	
   Constituídos,	
   que	
   são	
   os	
  
Poderes	
  Legislativo,	
  Executivo	
  e	
  Judiciário;	
  
 
2	
  A	
  Constituição	
  francesa	
  não	
  foi	
  a	
  primeira	
  constituição	
  escrita	
  na	
  Europa,	
  mas	
  a	
  Constituição	
  polonesa,	
  que	
  surgiu	
  um	
  pouquinho	
  antes.	
  
3	
  Não	
  se	
  utiliza	
  mais	
  a	
  expressão	
  “geração”,	
  para	
  manter	
  a	
  idéia	
  de	
  que	
  as	
  dimensões	
  coexistem.	
  
4	
   Pois	
   esse	
   era	
   o	
   interesse	
   da	
   luta	
   da	
   burguesia,	
   que	
   buscava	
   proteger	
   os	
   direitos	
   à	
   liberdade	
   e	
   propriedade,	
   contra	
   a	
   arbitrariedade	
   do	
  
monarca.	
  
5	
   Para	
   ilustrar,	
   a	
   Constituição	
   americana,	
   que	
   data	
   de	
   1787,	
   época	
   do	
   Constitucionalismo	
   clássico	
   ou	
   liberal,	
   quando	
   surgiu,	
   somente	
  
consagrava	
  direitos	
  civis,	
  razão	
  porque	
  chamam	
  os	
  direitos	
  constitucionais	
  de	
  civil	
  rights	
  lá.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 6	
  
ii. Garantia	
  Jurisdicional	
  #	
  define	
  que	
  o	
  Poder	
  Judiciário	
  será	
  responsável	
  por	
  garantir	
  
a	
   supremacia	
   da	
  Constituição.	
  Os	
   norte-­‐americanos	
   escolheram	
  o	
  Poder	
   Judiciário	
  
para	
   defesada	
   Constituição	
   porque	
   era	
   o	
   Poder	
   mais	
   neutro,	
   do	
   ponto	
   de	
   vista	
  
político,	
   em	
   comparação	
   com	
   os	
   Poderes	
   Executivo	
   e	
   Legislativo.	
   O	
   controle	
   de	
  
constitucionalidade	
  surgiu	
  aqui,	
  em	
  função	
  da	
  garantia	
  jurisdicional	
  (controle	
  difuso	
  
feito	
  pelo	
  juiz	
  Jonh	
  Marshall,	
  em	
  1803).	
  
iii. Federalismo,	
  República	
  como	
  forma	
  de	
  governo,	
  Etc.	
  
	
  
B)	
  Francês	
  
i. Garantia	
  de	
  Direitos	
  	
  
ii. Separação	
  de	
  Poderes	
  
	
  
Essas	
   ideias	
   estão	
   muito	
   claras	
   no	
   art.	
   16	
   da	
   Declaração	
   Universal	
   dos	
   Direitos	
   do	
  
Homem	
  e	
  do	
  Cidadão	
  (a	
  declaração	
  da	
  revolução	
  francesa,	
  de	
  1789):	
  
Art.	
  16.º	
  A	
  sociedade	
  em	
  que	
  não	
  esteja	
  assegurada	
  a	
  garantia	
  dos	
  direitos	
  nem	
  estabelecida	
  a	
  
separação	
  dos	
  poderes	
  não	
  tem	
  Constituição.	
  
	
  
2.3.1.2.	
  Estado	
  de	
  Direito	
  ou	
  Estado	
  Liberal	
  
O	
  Estado	
  de	
  Direito	
  surge	
  até	
  um	
  pouco	
  antes	
  do	
  constitucionalismo	
  clássico,	
  no	
  Rule	
  of	
  
Law	
  inglês,	
  mas	
  é	
  nessa	
  época	
  que	
  ela	
  fica	
  institucionalizado.	
  	
  
A	
   partir	
   do	
   constitucionalismo	
   clássico,	
   começa	
   a	
   haver	
   predomínio	
   do	
   positivismo	
  
jurídico	
  sobre	
  o	
  jusnaturalismo,	
  surgindo	
  a	
  idéia	
  de	
  Estado	
  de	
  Direito.	
  
O	
   Estado	
   de	
  Direito	
   substituiu	
   o	
  modelo	
   de	
   Estado	
   anterior,	
   absolutista,	
   chamado	
   de	
  
Estado	
   de	
   Polícia.	
   O	
   Estado	
   de	
  Direito	
   está	
   ligado	
   à	
   idéia	
   de	
   “império	
   da	
   lei”,	
   opondo-­‐se	
   ao	
  
império	
  dos	
  homens.	
  
	
  
CARACTERÍSTICAS	
  PRINCIPAIS	
  DO	
  ESTADO	
  LIBERAL:	
  
i. Os	
  direitos	
  fundamentais	
  correspondem	
  aos	
  direitos	
  da	
  burguesia	
  –	
  seriam	
  os	
  direitos	
  à	
  
liberdade	
  e	
  propriedade.	
  
O	
   Estado	
   liberal	
   é	
   essencialmente	
   abstencionista,	
   não	
   intervindo	
   nas	
   relações	
   sociais,	
  
laborais,	
   econômicas,	
  mas	
   somente	
   se	
   preocupando	
   com	
   a	
   proteção	
   da	
   liberdade	
   e	
   da	
  
propriedade.	
  
Nessa	
  época,	
  liberdade	
  e	
  propriedade	
  só	
  apresentavam	
  caráter	
  formal,	
  e	
  não	
  a	
  dimensão	
  
material,	
  adotada	
  na	
  atualidade.	
  
Desde	
  essa	
  época,	
  a	
  intervenção	
  (restrição)	
  dos	
  direitos	
  fundamentais	
  só	
  era	
  possível	
  por	
  
meio	
  de	
  lei.	
  Daí	
  vemos	
  que	
  o	
  princípio	
  da	
  legalidade	
  já	
  estava	
  presente.	
  
	
  
ii. A	
   limitação	
   do	
   poder	
   do	
   Estado	
   pelo	
   Direito	
   se	
   estende	
   ao	
   soberano	
   –	
   no	
   Estado	
   de	
  
Direito	
  não	
  havia	
  ninguém	
  acima	
  da	
  lei:	
  todos	
  estavam	
  sujeitos	
  à	
  lei	
  e	
  à	
  Constituição.	
  
iii. Princípio	
  da	
  legalidade	
  da	
  Administração	
  Pública	
  –	
  Ela	
  só	
  podia	
  atuar	
  com	
  base	
  em	
  lei.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 7	
  
iv. O	
  Estado	
  se	
  limita	
  à	
  defesa	
  da	
  ordem	
  e	
  segurança	
  públicas	
  –	
  isso	
  porque	
  o	
  Estado	
  liberal	
  
é	
  abstencionista.	
  No	
  campo	
  econômico,	
  o	
  Estado	
  de	
  Direito	
  é	
  mínimo6.	
  	
  
	
  
2.3.1.3.	
  Experiências	
  do	
  Estado	
  de	
  Direito	
  ou	
  Estado	
  Liberal	
  
O	
  Estado	
  de	
  Direito	
  teve	
  três	
  concretizações/experiências	
  importantes:	
  	
  
A. Experiência	
  da	
  Rule	
  of	
  Law	
  –	
  foi	
  um	
  Estado	
  de	
  Direito	
  que	
  aconteceu	
  na	
  Inglaterra,	
  na	
  
Idade	
   Média.	
   Foi	
   “o	
   Governo	
   das	
   Leis”,	
   em	
   substituição	
   ao	
   “Governo	
   dos	
   Homens”.	
  
Característica	
   principal:	
   desenvolvimento	
   do	
   devido	
   processo	
   legal	
   em	
   sua	
   dimensão	
  
substantiva	
  (noção	
  de	
  que	
  o	
  processo	
  tem	
  que	
  ser	
  justo	
  e	
  adequado).	
  
B. Experiência	
  do	
  Rechtsstaat	
  –	
  ocorreu	
  na	
  Prússia,	
  no	
  séc.	
  XVIII.	
  (trad.	
  literal	
  é	
  Estado	
  de	
  
Direito).	
   Característica	
  principal:	
   impessoalidade	
  do	
  poder	
   (ou	
   seja,	
   dentro	
  do	
  Estado,	
  
todos	
  estão	
  limitados	
  pelo	
  que	
  a	
  lei	
  determina).	
  
C. Experiência	
   do	
   État	
   Légal	
   –	
   ocorreu	
   na	
   França,	
   depois	
   da	
   Revolução	
   Burguesa.	
  
Característica	
   principal:	
   estabelecimento	
   de	
   normas	
   por	
   legisladores	
   eleitos	
  
democraticamente.	
   Apenas	
   na	
   França	
   o	
   direito	
   tinha	
   que	
   ser	
   criado	
   por	
   legisladores	
  
eleitos,	
  na	
  Alemanha	
  não	
  havia	
  essa	
  previsão.	
  O	
  État	
  Légal	
   corresponde	
  ao	
  Estado	
  de	
  
Direito.	
  
Nessa	
   época	
   vigia	
   o	
   positivismo	
   jurídico	
   da	
   Escola	
   da	
   Exegese.	
   Os	
   revolucionários	
  
franceses	
  não	
  confiavam	
  nos	
  juízes,	
  razão	
  porque	
  a	
  hermenêutica	
  seria	
  de	
  subsunção.	
  A	
  função	
  
do	
  juiz	
  era	
  meramente	
  revelar	
  aquilo	
  que	
  a	
  lei	
  dizia.	
  O	
  juiz	
  só	
  podia	
  interpretar	
  literalmente,	
  e	
  
não	
  aplicando	
  uma	
  interpretação	
  conforme	
  a	
  Constituição.	
  
	
  
OBS:	
   Experiência	
   do	
   État	
   du	
   Droit	
   –	
   ocorreu	
   na	
   França,	
   após	
   o	
   État	
   Legal.	
   Ele	
  
corresponde	
  ao	
  que	
  chamam	
  na	
  Alemanha	
  de	
  Verfassungsstaat	
  (Estado	
  Constitucional)	
  
e	
  não	
  ao	
  Estado	
  de	
  Direito,	
  como	
  pode	
  parecer.	
  
	
  
QUESTÃO:	
  Trate	
  do	
  devido	
  processo	
  legal	
  no	
  Rule	
  of	
  Law,	
  no	
  État	
  Legal	
  e	
  Rechtsstaat.	
  
	
  
2.3.2	
  CONSTITUCIONALISMO	
  MODERNO	
  OU	
  SOCIAL7	
  
Teve	
  uma	
  duração	
  curta,	
  existindo	
  no	
  período	
  entre-­‐guerras	
  (1918-­‐1945).	
  
Esse	
  novo	
  Constitucionalismo	
  surgiu	
  em	
  razão	
  da	
  crise	
  econômica	
  e	
  financeira	
  pela	
  qual	
  
o	
   mundo	
   passava,	
   em	
   decorrência	
   do	
   esgotamento	
   fático	
   do	
   Constitucionalismo	
   Liberal,	
  
incapaz	
   de	
   atender	
   as	
   demandas	
   por	
   direitos	
   sociais.	
   O	
   Estado	
   abstencionista	
   é,	
   assim,	
  
substituído	
  pelo	
  Estado	
  intervencionista.	
  
	
   Nessa	
  fase	
  do	
  Constitucionalismo,	
  o	
  rol	
  de	
  direitos	
  fundamentais	
  é	
  aumentado,	
  surgindo	
  
a	
  segunda	
  dimensão	
  de	
  direitos	
  fundamentais,	
  ligados	
  ao	
  valor	
  “igualdade”.	
  Essa	
  é	
  a	
  igualdade	
  
material,	
  pois	
  a	
  igualdade	
  formal	
  já	
  existia	
  na	
  época	
  do	
  Constitucionalismo	
  Clássico.	
  
 
6	
  Teoria	
  da	
  mãoinvisível,	
  de	
  Adam	
  Smith,	
  principal	
  teórico	
  do	
  campo	
  econômico	
  do	
  Estado	
  Liberal.	
  Na	
  visão	
  de	
  Adam	
  Smith,	
  o	
  Estado	
  deve	
  ter	
  
apenas	
  três	
  deveres:	
  (i)	
  proteger	
  a	
  sociedade	
  contra	
  a	
  violência	
  e	
  a	
  invasão	
  externa;	
  (ii)	
  estabelecer	
  uma	
  adequada	
  administração	
  da	
  Justiça;	
  
(iii)	
  erigir	
  e	
  manter	
  obras	
  e	
  instituições	
  que	
  não	
  sejam	
  objeto	
  de	
  interesse	
  privado.	
  
7	
   O	
   Constitucionalismo	
   Moderno	
   (denominação	
   de	
   Marcelo	
   Novelino)	
   também	
   é	
   chamado	
   por	
   Pedro	
   Lenza	
   e	
   Uadi	
   Lammêgo	
   de	
  
Constitucionalismo	
  Moderno.	
  Esses	
  autores	
  não	
  distinguem	
  a	
  fase	
  do	
  Constitucionalismo	
  Moderno	
  entre	
  os	
  Estados	
  de	
  Direito/Liberal	
  e	
  Social,	
  
como	
   faz	
   Marcelo	
   Novelino,	
   que	
   trata	
   desses	
   Estados	
   como	
   fazendo	
   parte,	
   respectivamente,	
   das	
   fases	
   do	
   Constitucionalismo	
   Clássico	
   e	
  
Moderno.	
  Para	
  Pedro	
  Lenza	
  e	
  Uadi	
  Lammêgo,	
  tanto	
  o	
  Estado	
  de	
  Direito	
  quanto	
  o	
  Estado	
  Social	
  estão	
  insertos	
  na	
  fase	
  do	
  Constitucionalismo	
  
Moderno.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 8	
  
Os	
  direitos	
  de	
   segunda	
  dimensão	
   são	
   conhecidos	
   como	
  direitos	
   sociais,	
   econômicos	
  e	
  
culturais.	
  
Os	
  direitos	
  ligados	
  ao	
  valor	
  liberdade	
  eram	
  direitos	
  individuais.	
  Já	
  os	
  direitos	
  de	
  segunda	
  
geração	
  são	
  coletivos.	
  
Os	
   direitos	
   de	
   segunda	
   dimensão	
   e	
   o	
   Constitucionalismo	
   moderno	
   tiveram	
   como	
  
documentos	
   marcantes	
   a	
   Constituição	
   do	
  México,	
   de	
   1917,	
   e	
   a	
   de	
  Weimar,	
   de	
   1919.	
   Essas	
  
Constituições	
  influenciaram	
  a	
  criação	
  da	
  Constituição	
  brasileira	
  de	
  1934.	
  
No	
   Constitucionalismo	
  Moderno,	
   surge	
   um	
   novo	
  modelo	
   de	
   Estado	
   para	
   substituir	
   o	
  
Estado	
  de	
  Direito/Liberal:	
  o	
  Estado	
  Social.	
  
	
  
2.3.2.1.	
  Estado	
  Social	
  
O	
  Estado	
  Social	
   tenta	
   superar	
   a	
  dicotomia	
  paradoxal	
   entre	
   a	
   igualdade	
  política	
   (todos	
  
tinhas	
  direitos)	
  e	
  a	
  desigualdade	
  social	
  (as	
  pessoas	
  viviam	
  de	
  formas	
  diferentes).	
  
O	
   Estado	
   Social	
   mantém	
   sua	
   adesão	
   ao	
   capitalismo,	
   e	
   isso	
   o	
   diferencia	
   do	
   Estado	
  
Socialista/Proletário,	
  que	
  adota	
  o	
  comunismo	
  ou	
  o	
  socialismo.	
  
	
  
CARACTERÍSTICAS	
  DO	
  ESTADO	
  SOCIAL:	
  
i. Intervenção	
   no	
   domínio	
   social,	
   econômico	
   e	
   laboral	
   –	
   ao	
   contrário	
   do	
   Estado	
  
Liberal,	
  que	
  deixava	
  que	
  a	
  liberdade	
  de	
  concorrência	
  cuidasse	
  dessa	
  parte.	
  
ii. O	
  Estado	
  assume	
  um	
  papel	
  decisivo	
  na	
  produção	
  e	
  distribuição	
  de	
  idéias	
  
iii. Garantia	
  de	
  um	
  mínimo	
  de	
  bem	
  estar	
  social	
  –	
  por	
  isso	
  muitos	
  o	
  chamam	
  de	
  Estado	
  
do	
  Bem	
  Estar	
  Social	
  ou	
  Welfare	
  State.	
  
O	
  Estado	
  de	
  Bem	
  Estar	
   Social	
   costuma	
   criar	
  um	
   salário	
   social.	
  No	
  Brasil	
   temos	
   isso:	
   o	
  
benefício	
   assistencial	
   (não	
   previdenciário)	
   pago	
   para	
   incapazes	
   ou	
   maiores	
   de	
   65	
   anos	
   que	
  
tiverem	
  renda	
  familiar	
  per	
  capita	
  menor	
  de	
  ¼	
  do	
  salário	
  mínimo.	
  
	
  
iv. Estabelecimento	
   de	
   um	
   grande	
   convênio	
   global	
   de	
   estabilidade	
   econômica	
   –	
  
Keynes	
   foi	
   o	
   principal	
   teórico	
   econômico	
   do	
   Estado	
   Social.	
   Por	
   isso,	
   esse	
   pacto	
  
(acordo	
  global	
  de	
  estabilidade	
  econômica)	
  é	
  chamado	
  de	
  keynesiano.	
  	
  
v. Aumento	
   do	
   grau	
   de	
   complexidade	
   da	
   interpretação	
   do	
   Direito	
   –	
   A	
   partir	
   de	
  
meados	
  do	
  séc.	
  XIX,	
  Savigny	
  estabelece	
  cânones	
  hermenêuticos	
  que	
  passaram	
  a	
  ser	
  
aplicados,	
   em	
   adição	
   à	
   interpretação	
   literal,	
   propagada	
   pelos	
   exegetas.	
   A	
  
interpretação	
  seria	
  realizado	
  por	
  meio	
  dos	
  seguintes	
  métodos	
  interpretativos:	
  	
  
a. literal	
  ou	
  gramatical;	
  	
  
b. histórica;	
  	
  
c. lógico	
  e	
  sistemático.	
  	
  
O	
  elemento	
  teleológico	
  (busca	
  a	
  finalidade	
  da	
  norma)	
  não	
  foi	
  desenvolvido	
  por	
  Savigny,	
  
pois	
  não	
  há	
  necessidade	
  de	
   fixação	
  dele	
   como	
  elemento	
  autônomo,	
  uma	
  vez	
  que	
  quando	
  se	
  
utiliza	
  os	
  demais	
  métodos	
  interpretativos,	
  já	
  se	
  está	
  buscando	
  a	
  finalidade	
  da	
  norma.	
  
	
  
2.4.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  CONTEMPORÂNEO	
  OU	
  NEOCONSTITUCIONALISMO	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 9	
  
Alguns	
   autores,	
   brasileiros,	
   espanhóis	
   e	
   latino-­‐americanos	
   têm	
   chamado	
   essa	
   fase	
   de	
  
neoconstitucionalismo.	
  	
  
Essa	
  fase	
  do	
  constitucionalismo	
  é	
  fundada	
  do	
  paradigma	
  jurídico	
  do	
  pós-­‐positivismo,	
  em	
  
se	
  busca	
  não	
  mais	
  apenas	
  atrelar	
  o	
  constitucionalismo	
  à	
   idéia	
  de	
   limitação	
  de	
  poder	
  político,	
  
mas,	
  acima	
  de	
  tudo,	
  buscar	
  a	
  eficiência	
  da	
  Constituição.	
  Seu	
  modelo	
  normativo	
  é	
  AXIOLÓGICO8,	
  
porque	
   enquanto	
   o	
   caráter	
   ideológico	
   do	
   constitucionalismo	
   moderno	
   era	
   apenas	
   limitar	
   o	
  
poder,	
   o	
   caráter	
   ideológico	
   do	
   neoconstitucionalismo	
   é	
   o	
   de	
   concretizar	
   direitos	
  
fundamentais.	
  
	
  
CONSTITUCIONALISMO	
  MODERNO	
   NEOCONSTITUCIONALISMO	
  
Hierarquia	
  formal	
  entre	
  normas	
  constitucionais	
  e	
  infra	
  	
  
Finalidade:	
  Limitação	
  de	
  poder	
  
Hierarquia	
  entre	
  normas	
  baseada	
  em	
  valor	
  (axiológica)	
  
Finalidade:	
  Concretização	
  dos	
  direitos	
  fundamentais	
  
	
  
2.4.1.	
  Características	
  do	
  Neoconstitucionalismo	
  
Segundo	
   Walber	
   de	
   Moura	
   Agra,	
   dentre	
   as	
   principais	
   características	
   do	
  
neoconstitucionalismo	
  podem	
  ser	
  mencionadas:	
  
a) Positivação	
  e	
  concretização	
  de	
  um	
  catálogo	
  de	
  direitos	
  fundamentais	
  
b) Onipresença	
  dos	
  princípios	
  e	
  das	
  regras	
  
c) Inovações	
  hermenêuticas	
  
d) Densificação	
  da	
  força	
  normativa	
  do	
  Estado	
  
e) Desenvolvimento	
  da	
  justiça	
  distributiva	
  (eficácia	
  de	
  direitos	
  sociais)	
  
	
  
i. Normatividade	
   da	
   Constituição	
   (Konrad	
   Hesse)	
   –	
   Define	
   que	
   a	
   norma	
   constitucional	
  
tem	
  status	
  de	
  norma	
   jurídica,	
  sendo	
  dotadade	
   imperatividade.	
  os	
  EUA	
   já	
  aceitavam	
  a	
  
normatividade	
   da	
   Constituição	
   desde	
   sua	
   Constituição	
   de	
   1978,	
   mas	
   na	
   Europa	
   não	
  
havia	
  essa	
  preocupação,	
  pois	
  para	
  os	
  europeus	
  os	
  direitos	
   fundamentais	
  eram	
  apenas	
  
diretrizes,	
   às	
   quais	
   o	
   Parlamento	
   não	
   estaria	
   vinculado9.	
   Hoje,	
   a	
   normatividade	
   é	
  
indiscutível.	
  	
  
ii. Supremacia	
   Constitucional	
  –	
   essa	
   característica	
   também	
   já	
   existia	
   desde	
   as	
   primeiras	
  
constituições	
  escritas.	
  Para	
  ter	
  supremacia	
  formal,	
  a	
  Constituição	
  tem	
  que	
  ser	
  rígida	
  e,	
  
para	
  ser	
  rígida,	
  tem	
  que	
  ser	
  escrita.	
  
iii. Centralidade	
   da	
   Constituição	
   –	
   essa	
   característica	
   também	
   é	
   denominada	
   de	
  
Unipresença,	
   Imperatividade,	
   Superioridade,	
  Ubiqüidade	
  Constitucional.	
  A	
  Constituição	
  
passa	
   a	
   ser	
   o	
   centro	
   do	
   sistema	
   jurídico,	
   marcada	
   por	
   intensa	
   carga	
   valorativa.	
   A	
  
centralidade	
  da	
  Constituição	
  se	
  reflete	
  no	
  fenômeno	
  da	
  Constitucionalização	
  dos	
  ramos	
  
específicos	
  do	
  Direito	
  (ex:	
  constitucionalização	
  do	
  direito	
  civil).	
  	
  
Expressões	
  da	
  centralidade	
  da	
  Constituição:	
  
a. Eficácia	
  Horizontal	
  dos	
  Direitos	
  Fundamentais:	
  quando	
  os	
  direitos	
  fundamentais	
  
de	
   primeira	
   dimensão	
   surgiram,	
   tinham	
   apenas	
   eficácia	
   vertical	
   (somente	
   o	
  
Estado	
  era	
  sujeito	
  passivo).	
  Os	
  juristas	
  começaram	
  a	
  perceber,	
  no	
  entanto,	
  que	
  a	
  
violação	
  dos	
  direitos	
  fundamentais	
  não	
  ocorria	
  somente	
  na	
  relação	
  subordinada	
  
entre	
   Estado	
   e	
   cidadãos,	
   mas	
   também	
   na	
   relação	
   de	
   coordenação,	
   entre	
  
 
8	
  No	
  constitucionalismo	
  moderno	
  a	
  diferença	
  entre	
  normas	
  constitucionais	
  e	
  infraconstitucionais	
  era	
  apenas	
  de	
  grau,	
  no	
  neoconstitucionalismo	
  
a	
  diferença	
  é	
  também	
  axiológica.	
  
9	
  Pois	
  os	
  europeus	
  confiavam	
  em	
  seus	
  parlamentares	
  para	
  defesa	
  de	
  seus	
  direitos.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 10	
  
particulares.	
   Por	
   isso	
   desenvolveram	
   a	
   tese	
   da	
   eficácia	
   horizontal	
   dos	
   direitos	
  
fundamentais,	
  que	
  impõe	
  sua	
  observância	
  nas	
  relações	
  entre	
  particulares.	
  
b. Filtragem	
   Constitucional:	
   Define	
   que	
   tudo	
   deve	
   ser	
   interpretado	
   a	
   partir	
   da	
  
Constituição,	
  que	
  servirá	
  de	
  norma	
  de	
  validade	
  de	
   todo	
  o	
   sistema,	
  que	
  deverá	
  
estar	
   em	
   consonância	
   com	
   seu	
   espírito.	
   Significa	
   que	
   as	
   leis	
   devem	
   ser	
  
interpretadas	
  à	
  luz	
  dos	
  valores	
  consagrados	
  pela	
  Constituição.	
  Esse	
  é	
  o	
  chamado	
  
princípio	
  da	
  interpretação	
  conforme	
  à	
  Constituição.	
  
c. Rematerialização	
  da	
  Constituição:	
  é	
  uma	
  característica	
  comum	
  às	
  Constituições	
  
do	
  pós-­‐guerra.	
  Significa	
  que	
  o	
  conteúdo	
  da	
  Constituição	
  foi	
  revisto	
  e	
  ampliado.	
  
Novos	
  direitos	
  fundamentais	
  foram	
  incorporados	
  às	
  Constituições,	
  que	
  passaram	
  
a	
   adotar,	
   também,	
   por	
   exemplo,	
   diretrizes	
   políticas.	
   Por	
   isso,	
   as	
   Constituições	
  
passaram	
   a	
   ser	
   prolixas10.	
   É	
   o	
   chamado	
   totalitarismo	
   constitucional,	
   segundo	
  
qual	
   a	
   Constituição	
   passa	
   a	
   tratar	
   de	
   todos	
   os	
   assuntos	
   minimamente	
  
importantes,	
   assumindo,	
   ainda,	
   conteúdo	
   programático11,	
   característica	
   da	
  
constituição	
  dirigente	
  de	
  Canotilho12,	
   que	
   visa	
   a	
   encontrar	
  mecanismos	
  para	
   a	
  
efetiva	
  concretização	
  dos	
  valores	
  consagrados	
  na	
  Constituição.	
  
d. Maior	
  Abertura	
   da	
   Interpretação	
  Constitucional:	
   a	
   interpretação	
   constitucional	
  
evoluiu	
   e	
   hoje	
   temos	
   vários	
   métodos	
   específicos	
   para	
   a	
   interpretação	
   da	
  
Constituição.	
  	
  
Os	
  princípios	
  são	
  aplicados	
  por	
  meio	
  de	
  um	
  método	
  de	
  sopesamento,	
  da	
  ponderação,	
  e	
  
não	
  pelo	
  método	
  da	
  subsunção	
  (aplicado	
  sobre	
  as	
  normas-­‐regras).	
  O	
  juiz	
  tem	
  que	
  analisar,	
  no	
  
caso	
  concreto,	
  o	
  princípio	
  que	
  tem	
  relevância	
  maior.	
  Não	
  havendo	
  um	
  consenso	
  do	
  que	
  venha	
  
a	
  ser	
  a	
  decisão	
  mais	
  correta,	
  a	
  decisão	
  torna-­‐se	
  mais	
  subjetiva,	
  com	
  mais	
  poder	
  para	
  o	
  juiz.	
  O	
  
juiz	
  utiliza	
  a	
  fundamentação	
  para	
  decidir.	
  
e. Fortalecimento	
   do	
   Poder	
   Judiciário:	
   antes	
   da	
   Constituição	
   de	
   1988,	
   somente	
  
existia	
   uma	
   ação	
   de	
   controle	
   de	
   constitucionalidade	
   abstrato,	
   hoje	
   temos	
   4.	
  
Nenhum	
   outro	
   país	
   do	
   mundo	
   tem	
   tantas	
   formas	
   de	
   controle	
   de	
  
constitucionalidade	
  como	
  o	
  Brasil.	
  Isso	
  dá	
  grande	
  poder	
  ao	
  STF,	
  que	
  atua	
  como	
  
legislador	
  negativo.	
  A	
  ampliação	
  dos	
  legitimados	
  para	
  a	
  propositura	
  das	
  ações	
  de	
  
controle	
   de	
   constitucionalidade	
   também	
   auxiliou	
   o	
   fortalecimento	
   do	
   Poder	
  
Judiciário	
   (Antes	
   da	
   CF/88,	
   só	
   o	
   Procurado	
   Geral	
   da	
   República	
   podia	
   ajuizar	
   a	
  
representação	
  de	
  inconstitucionalidade).	
  
	
  
2.4.2.	
  Marcos	
  fundamentais	
  para	
  se	
  chegar	
  ao	
  neoconstitucionalismo	
  
	
  
 
10	
  Nossa	
  Constituição,	
  por	
  exemplo,	
  é	
  tão	
  prolixa	
  porque	
  posterior	
  à	
  ditadura.	
  
11	
  Normas	
  programáticas	
  são	
  metas	
  a	
  serem	
  atingidas	
  pelo	
  Estado,	
  programas	
  de	
  governo.	
  
12	
  Essa	
  concepção	
  de	
  dirigismo	
  estatal	
  (de	
  o	
  texto	
  fixar	
  regras	
  para	
  dirigir	
  as	
  ações	
  governamentais)	
  tende	
  a	
  evoluir	
  para	
  o	
  que	
  André	
  Ramos	
  
Tavares	
   chama	
   de	
   dirigismo	
   comunitário	
   do	
   constitucionalismo	
   globalizado,	
   que	
   busca	
   difundir	
   a	
   idéia	
   da	
   proteçãoaos	
   direitos	
   humanos	
   e	
  
propagação	
  para	
  todas	
  as	
  nações.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 11	
  
	
  
2.4.3.	
  Pós-­‐positivismo	
  
O	
  pós-­‐positivismo	
  é	
  o	
  paradigma	
  jurídico	
  do	
  constitucionalismo	
  contemporâneo,	
  como	
  
uma	
  filosofia	
  do	
  Direito	
  que	
  surge	
  após	
  a	
  Segunda	
  Guerra	
  Mundial,	
  quando	
  perceberam	
  que	
  a	
  
legalidade	
  estrita	
  poderiadar	
   fundamento	
  a	
  muitas	
  atrocidades	
   (como	
  ocorreu	
  na	
  Alemanha	
  
nazista,	
  que	
  era	
  um	
  Estado	
  de	
  Direito).	
  
O	
  pós-­‐positivismo	
  passou	
  a	
  buscar	
  a	
  reaproximação	
  entre	
  o	
  direito	
  e	
  a	
  moral,	
  ou	
  seja,	
  
com	
  a	
  noção	
  de	
  justiça.	
  Não	
  representa	
  um	
  retorno	
  ao	
  jusnaturalismo,	
  mas	
  algo	
  novo.	
  Ela	
  tenta	
  
ser	
  um	
  ponto	
  intermediário	
  entre	
  o	
  jusnaturalismo	
  (direito	
  natural,	
  posto)	
  e	
  juspositivismo.	
  	
  
Robert	
  Alexy13	
  foi	
  quem	
  melhor	
  definiu	
  o	
  pós-­‐positivismo,	
  a	
  partir	
  da	
  identificação	
  dos	
  
elementos	
  dos	
  dois	
  paradigmas	
  jurídicos	
  que	
  o	
  antecederam:	
  jusnaturalismo	
  e	
  positivismo.	
  	
  
Um	
   elemento	
   que	
   sempre	
   estará	
   presente	
   em	
   toda	
   definição	
   de	
   Direito	
   criada	
   pelos	
  
jurnaturalistas:	
  correção	
  substancial,	
  ou	
  seja,	
  que	
  para	
  ser	
  direito,	
  é	
  necessário	
  que	
  tenha	
  um	
  
conteúdo	
  justo.	
  A	
  preocupação	
  dos	
  jusnaturalistas	
  era	
  com	
  a	
  justiça.	
  
“O	
   direito	
   extremamente	
   injusto	
   não	
   é	
   direito”,	
   por	
   falta	
   de	
   correção	
   substancial	
   (Robert	
   Alexy).	
  
Contudo,	
  não	
  é	
  qualquer	
  injustiça	
  que	
  descaracteriza	
  o	
  direito.	
  
No	
   positivismo	
   jurídico,	
   por	
   sua	
   vez,	
   dois	
   elementos	
   estão	
   sempre	
   presentes	
   nos	
  
conceitos	
   de	
   Direito	
   desenvolvidos	
   por	
   seus	
   teóricos:	
   validade	
   formal	
   e	
   eficácia	
   social.	
   A	
  
preocupação	
  dos	
  positivistas	
  era	
  com	
  a	
  segurança	
  jurídica.	
  	
  
Para	
   composição	
   de	
   seu	
   conceito	
   de	
   Direito,	
   os	
   pós-­‐positivistas	
   conjugam	
   os	
   três	
  
elementos	
  mencionados	
  pelo	
  jusnaturalismo	
  e	
  juspositivismo:	
  correção	
  substancial	
  (justiça	
  em	
  
seu	
  conteúdo);	
  validade	
  formal	
  e	
  eficácia	
  social.	
  	
  
	
  
CARACTERÍSTICAS	
  DO	
  PÓS-­‐POSITIVISMO:	
  
a. Adequação	
  entre	
  positivismo	
  e	
  jusnaturalismo	
  
b. Reconhecimento	
  do	
  caráter	
  normativo	
  dos	
  princípios	
  –	
  por	
  contribuição	
  de	
  Ronald	
  
Dworkin	
  e	
  Robert	
  Alexy,	
  principais	
  autores	
  do	
  pós-­‐positivismo.	
  
Para	
   a	
   teoria	
   do	
   jusnaturalismo,	
   princípio	
   e	
   norma	
   eram	
   diferentes:	
   princípio	
   seria	
  
diretriz,	
  conselho,	
  sem	
  caráter	
  vinculante,	
  enquanto	
  norma	
  seria	
  regra	
  obrigatória	
  e	
  vinculante.	
  
Os	
   positivistas	
   continuaram	
   a	
   diferenciar	
   princípio	
   de	
   norma.	
   Os	
   pós-­‐positivistas	
   passam	
   a	
  
adotar	
  a	
  seguinte	
  distinção:	
  
A	
  norma	
  jurídica	
  é	
  o	
  gênero	
  de	
  que	
  são	
  espécies	
  os	
  princípios	
  e	
  as	
  regras.	
  
 
13	
  Robert	
  Alexy	
  é	
  muito	
  citado	
  na	
  jurisprudência	
  do	
  STF,	
  a	
  partir	
  de	
  2003,	
  por	
  sua	
  obra:	
  Teoria	
  dos	
  Direitos	
  Fundamentais.	
  Ler!	
  
MARCOS	
  
FUNDAMENTAIS	
  
HISTÓRICO	
  
	
  1)	
  Estado	
  Cons„tucional	
  de	
  Direito	
  	
  
	
  2)	
  Cons„tuições	
  a	
  par„r	
  da	
  2ª	
  Guerra	
  Mundial	
  	
  
	
  3)	
  Redemocra„zação	
  
FILOSÓFICO	
  
	
  1)	
  Pós-­‐posi„vismo	
  (direito-­‐é„ca)	
  
	
  2)	
  Direitos	
  Fundamentais	
  
TEÓRICO	
  
	
  1)	
  Força	
  norma„va	
  da	
  Cons„tuição	
  (Konrad	
  Hesse)	
  
	
  2)	
  Supremacia	
  da	
  Cons„tuição	
  (cons„tucionalização	
  
dos	
  direitos	
  fundamentais)	
  	
  
	
  3)	
  Nova	
  dogmá„ca	
  da	
  interpretação	
  cons„tucional	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 12	
  
Por	
  isso	
  diz-­‐se	
  que,	
  enquanto	
  no	
  positivismo	
  o	
  principal	
  protagonista	
  era	
  o	
  legislador,	
  no	
  
pós-­‐positivismo	
   o	
   principal	
   protagonista	
   é	
   o	
   juiz,	
   que	
   aplicará	
   os	
   princípios	
   com	
   base	
   em	
  
métodos	
  hermenêuticos	
  de	
  ponderação	
  de	
  valores,	
  extremamente	
  subjetivos.	
  
	
  
2.4.2.	
  Dimensões	
  dos	
  Direitos	
  Fundamentais	
  
No	
  Constitucionalismo	
  Contemporâneo	
  surgem	
  os	
  direitos	
  de	
  terceira	
  dimensão,	
  ligados	
  
à	
  fraternidade	
  ou	
  solidariedade.	
  Hoje	
  já	
  se	
  fala	
  em	
  direitos	
  que	
  quarta	
  e	
  quinta	
  geração,	
  mas	
  a	
  
partir	
  da	
  terceira	
  dimensão,	
  há	
  divergência	
  da	
  doutrina	
  na	
  classificação	
  dos	
  direitos.	
  
Classificação	
  de	
  Paulo	
  Bonavides	
  (rol	
  exemplificativo	
  dos	
  direitos):	
  
o Primeira	
   dimensão:	
   direitos	
   civis	
   ou	
   políticos,	
   individuais,	
   ligados	
   aos	
   valores	
  
burgueses	
  da	
  propriedade	
  e,	
  principalmente,	
  da	
  liberdade.	
  
o Segunda	
  dimensão:	
   direitos	
   coletivos	
   sociais,	
   econômicos	
  ou	
   culturais,	
   fundados	
  
no	
  valor	
  da	
  igualdade	
  material.	
  
o Terceira	
  dimensão:	
  direitos	
  ligados	
  ao	
  valor	
  fraternidade,	
  solidariedade.	
  Ex:	
  direito	
  
ao	
   meio	
   ambiente;	
   autodeterminação	
   dos	
   povos,	
   direito	
   ao	
   progresso	
   ou	
  
desenvolvimento;	
  direito	
  de	
  comunicação,	
  etc.	
  São	
  direitos	
  transindividuais.	
  
DICA:	
   Notar	
   que	
   as	
   dimensões	
   dos	
   direitos	
   constitucionais	
   seguem	
   a	
   ordem	
   da	
   luta	
   burguesa:	
  
“liberdade,	
  igualdade	
  e	
  fraternidade”.	
  
	
  
o Quarta	
  dimensão:	
   são	
  os	
  direitos	
   ligados	
  ao	
  valor	
  “pluralidade”.	
  Ex:	
  democracia,	
  
informação	
  e	
  pluralismo.	
  	
  
o Quinta	
  dimensão:	
   recentemente,	
  Paulo	
  Bonavides	
   classificou	
  a	
  paz	
   como	
  direito	
  
fundamental	
  de	
  quinta	
  dimensão.	
  Pedro	
  Lenza	
  e	
  André	
  Ramos	
  Tavares	
  classificam	
  
a	
  paz	
  como	
  direito	
  de	
  terceira	
  dimensão.	
  
	
  
2.4.5.	
  Estado	
  Democrático	
  de	
  Direito	
  
Esse	
  é	
  o	
  Estado	
  que	
  surge	
  com	
  o	
  neoconstitucionalismo.	
  Ela	
   tenta	
   fazer	
  uma	
  conexão	
  
entre	
  democracia	
  e	
  Estado	
  de	
  Direito,	
  por	
  meio	
  do	
  principio	
  da	
  soberania	
  popular.	
  
O	
  ordenamento	
  introduz	
  dispositivos	
  que	
  passam	
  ao	
  povo	
  o	
  poder.	
  	
  
Art.	
   1º,	
   Parágrafo	
   único	
   da	
   CF.	
   Todo	
   o	
   poder	
   emana	
   do	
   povo,	
   que	
   o	
   exerce	
   por	
   meio	
   de	
  
representantes	
  eleitos	
  ou	
  diretamente,	
  nos	
  termos	
  desta	
  Constituição.	
  
	
  
O	
  Estado	
  Democrático	
  de	
  Direito	
  procura	
  sintetizar	
  as	
  conquistas	
  dos	
  Estados	
  Liberal	
  e	
  
Social.	
  
Marcelo	
  Novelino	
  prefere	
  utilizar	
  a	
  expressão	
  “Estado	
  Constitucional	
  Democrático”	
  no	
  
lugar	
  de	
  “Estado	
  Democrático	
  de	
  Direito”	
  em	
  razãoda	
  análise	
  da	
  idéia	
  em	
  torno	
  da	
  qual	
  gira	
  o	
  
Estado	
  na	
  Fase	
  do	
  Neoconstitucionalismo,	
  já	
  que	
  o	
  paradigma	
  do	
  império	
  da	
  lei	
  (do	
  Estado	
  de	
  
Direito)	
  mudou	
  para	
  força	
  normativa	
  da	
  Constituição.	
  
	
  
CARACTERÍSTICAS	
  DO	
  ESTADO	
  DEMOCRÁTICO	
  DE	
  DIREITO:	
  
i. Preocupação	
  com	
  a	
  efetividade	
  e	
  com	
  a	
  dimensão	
  material	
  dos	
  direitos	
  fundamentais:	
  
enquanto	
   a	
   preocupação	
   antes	
   era	
   com	
   a	
   consagração	
   dos	
   direitos	
   na	
   Constituição,	
  
agora	
  busca-­‐se	
  que	
  os	
  direitos	
  já	
  consagrados	
  sejam	
  efetivados.	
  
DIREITO	
  CONSTITUCIONAL	
  –	
  JOÃO	
  PAULO	
  LORDELO	
  
 
 13	
  
No	
   Estado	
   Liberal,	
   os	
   direitos	
   fundamentais	
   tinham	
   caráter	
   meramente	
   formal.	
   No	
  
Estado	
   Democrático	
   de	
   Direito,	
   os	
   direitos	
   fundamentais	
   passam	
   a	
   ter	
   consagrados	
   sua	
  
dimensão	
  material:	
  ex.	
  direito	
  à	
  igualdade	
  (como	
  diminuição	
  de	
  desigualdades).	
  
	
  
ii. O	
  direito	
  deve	
   ser	
   exercido	
  e	
   organizado	
  em	
   termos	
  democráticos:	
  No	
  Brasil,	
   temos	
  
mecanismos	
  de	
  democracia	
  direta	
  e	
  indireta	
  (participação	
  popular).	
  
iii. O	
  legislador	
  passa	
  a	
  ter,	
  além	
  das	
  limitações	
  formais,	
  limitações	
  materiais:	
  o	
  legislador	
  
não	
  está	
   limitado	
  apenas	
  em	
  relação	
  ao	
  processo	
  como	
  elabora	
  a	
   lei,	
  mas	
  também	
  ao	
  
conteúdo,	
  a	
  substância,	
  das	
  normas	
  que	
  cria.	
  
iv. A	
   democracia	
   não	
   é	
   apenas	
   a	
   democracia	
   formal	
   (vontade	
   da	
   maioria	
   e	
   eleições	
  
periódicas).	
  Hoje,	
  a	
  democracia	
  é	
  vista	
  em	
  um	
  sentido	
  substancial.	
  Além	
  das	
  acepções	
  
tradicionais	
   da	
   democracia,	
   entra	
   um	
   componente	
   novo:	
   a	
   garantia	
   de	
   direitos	
  
fundamentais	
  para	
  todos,	
  inclusive	
  para	
  as	
  minorias.	
  
	
  
2.5.	
  CONSTITUCIONALISMO	
  DO	
  FUTURO	
  
Os	
  autores	
  já	
  estão	
  falando	
  no	
  Constitucionalismo	
  do	
  futuro,	
  que	
  ainda	
  não	
  chegou,	
  mas	
  
pode	
  vir	
  a	
  ser.	
  
A	
   idéia	
  do	
  constitucionalismo	
  do	
  futuro	
  surgir	
  há	
  algumas	
  décadas,	
  quando	
  foi	
   realizado	
  
um	
   congresso	
   na	
   América	
   Latina	
   em	
   que	
   foram	
   discutidas	
   as	
   metas	
   para	
   o	
  
constitucionalismo	
   no	
   futuro.	
   Alguns	
   participantes	
   escreveram	
   artigos	
   com	
   base	
   nessas	
  
discussões.	
  O	
  autor	
  argentino	
  José	
  Roberto	
  Dromi	
  tem	
  sido	
  citado	
  em	
  concurso.	
  
O	
   Constitucionalismo	
   do	
   futuro	
   deve	
   buscar	
   um	
   equilíbrio	
   entre	
   as	
   conquistas	
   do	
  
constitucionalismo	
  moderno	
  e	
  os	
  excessos	
  do	
  constitucionalismo	
  contemporâneo.	
  
EXCESSOS	
  DO	
  NEOCONSTITUCIONALISMO:	
  mais	
  ponderação	
  que	
  subsunção;	
  mais	
  princípios	
  do	
  que	
  
regras;	
  protagonismo	
  do	
  judiciário	
  etc.	
  	
  
	
  
Na	
   realidade,	
   o	
   ideal	
   é	
   que	
   haja	
   um	
   equilíbrio	
   entre	
   os	
   Poderes,	
   e	
   entre	
   normas	
   e	
  
princípios.	
   Com	
  base	
   em	
  princípios,	
   o	
   juiz	
   pode	
   decidir	
   da	
   forma	
   como	
  bem	
  entender,	
   daí	
   a	
  
importância	
  das	
  regras	
  para	
  conferirem	
  segurança	
  jurídica	
  ao	
  sistema.	
  
	
  
VALORES	
  FUNDAMENTAIS	
  QUE	
  DEVEM	
  NORTEAR	
  O	
  CONSTITUCIONALISMO	
  DO	
  FUTURO:	
  
i. Verdade	
  –	
  As	
  Constituições	
  não	
  podem	
  gerar	
  falsas	
  expectativas,	
  somente	
  devendo	
  
consagrar	
  o	
  que	
  puder	
  ser	
  cumprido.	
  
ii. Solidariedade	
  –	
  É	
  uma	
  nova	
  perspectiva	
  da	
  igualdade:	
  solidariedade	
  entre	
  os	
  povos,	
  
dignidade	
  da	
  pessoa	
  humana	
  e	
  justiça	
  social.	
  
iii. Consenso	
  –	
  A	
  Constituição	
  deverá	
  ser	
  fruto	
  de	
  consenso	
  democrático.	
  
iv. Continuidade	
  –	
  As	
  Constituições	
  não	
  devem	
  ficar	
  sofrendo	
  reformas	
  continuamente,	
  
como	
  acontece	
  hoje.	
  Ao	
  se	
   reformar	
  a	
  Constituição,	
  a	
   ruptura	
  não	
  pode	
  deixar	
  de	
  
levar	
  em	
  conta	
  os	
  avanços	
  já	
  conquistados.	
  
v. Participação	
  –	
  Consagração	
  da	
  democracia	
  participativa.	
  
vi. Integração	
  –	
  Criação	
  de	
  órgãos	
  supranacionais	
  que	
  integrem	
  os	
  povos.	
  
vii. Universalização	
   –	
   Consagração	
   de	
   direitos	
   fundamentais	
   internacionais,	
   fazendo	
  
prevalecer	
   a	
   dignidade	
   da	
   pessoa	
   humana	
   universalmente,	
   afastando	
   a	
  
desumanização.

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