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15 - UNIDADE VII - DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA - FORMAS DE TESTAMENTOS 1ª parte aula 04 (1)

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UNIDADE VII - DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA(cont)
5. TESTAMENTO CERRADO
Testamento cerrado, secreto ou místico, também chamado de nuncupação implícita, é o escrito pelo próprio testador, ou por alguém a seu rogo e por aquele assinado, com caráter sigiloso, completado pelo instrumento de aprovação ou autenticação lavrado pelo tabelião ou por seu substituto legal, em presença do disponente e de duas testemunhas idôneas.
►A vantagem que tal modalidade testamentária apresenta consiste no fato de manter em segredo a declaração de vontade do testador, pois em regra só este conhece o seu teor. 
►Nem o oficial nem as testemunhas tomam conhecimento das disposições, que, em geral, só vêm a ser conhecidas quando o instrumento é aberto após o falecimento do testador.
Se o testador permitir, o oficial público poderá ler o testamento e verificar se está de acordo com as formalidades exigidas. Mas isso é a exceção.
Embora não seja tão frequente como o testamento público, é a forma preferida para “evitar o espetáculo dos ódios e dissensões que deflagram no seio das famílias e amarguram os últimos dias do disponente, quando se sabem, com antecedência, os nomes dos preteridos e dos melhor aquinhoados”.
O testamento cerrado é escrito pelo próprio testador, ou por alguém a seu rogo, e só tem eficácia após o auto de aprovação lavrado por tabelião, na presença de duas testemunhas.
A intervenção do tabelião no testamento cerrado objetiva dar-lhe caráter de autenticidade exterior, somando-se essa participação à vantagem do segredo.
OBSERVAÇÃO: o testamento cerrado apresenta o inconveniente de ser reputado revogado se apresentado em juízo com o lacre rompido, presumindo-se, até prova em contrário, ter sido aberto pelo próprio testador (CC, art. 1.972), além de poder desaparecer pela ação dolosa de algum herdeiro.
O grande inconveniente do testamento cerrado, como salienta “continua é o excesso de detalhes, minúcias e formalidades que, não atendidas, acarretam sua nulidade. 
5.1. REQUISITOS E FORMALIDADES
O art. 1.868 do Código Civil enumera os requisitos e formalidades do testamento cerrado:
“O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades:
- que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;
- que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;
- que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas;
- que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas”.
Em síntese os requisitos essenciais do testamento cerrado são: 
cédula testamentária; 
b) ato de entrega; 
c) auto de aprovação; 
d) cerramento.
5.1.1. CÉDULA TESTAMENTÁRIA
O testamento cerrado compõe-se de duas partes: 
A CÉDULA TESTAMENTÁRIA, com a manifestação de vontade, escrita pelo testador ou por alguém, a seu rogo, 
 e O AUTO DE APROVAÇÃO (melhor seria “de autenticação”), exarado depois e redigido, necessariamente, pelo tabelião. 
O diploma de 2002 estabelece que o testamento cerrado deve ser assinado pelo testador, quer ele mesmo escreva o documento, quer tenha a cédula sido escrita por outra pessoa, a seu rogo. 
►Estão inibidos de escrever a cédula testamentária a rogo do testador: o herdeiro instituído, ou legatário, o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos (CC, art. 1.801, I).
O próprio tabelião pode escrever o testamento, a rogo do testador, quando este não souber, ou não o puder fazer pessoalmente, não ficando, por esse motivo, impedido de, posteriormente, lavrar o auto de aprovação (CC, art. 1.870).
►Se, além de não saber escrever, o testador também não souber ler, não poderá fazer testamento cerrado, pois não terá meios de certificar-se, pela leitura, de que o terceiro que o redigiu a seu rogo seguiu-lhe fielmente as instruções. 
Dispõe, com efeito, o art. 1.872 do Código Civil:
“Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler”.
►O analfabeto só pode testar publicamente, o mesmo acontecendo com o cego (CC, art. 1.867). 
►O surdo-mudo que SOUBER ESCREVER poderá fazer testamento cerrado, “contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede” (art. 1.873).
Em resumo, não podem fazer testamento cerrado:
os analfabetos; 
os surdos-mudos que não souber ou não puder escrever(CC, art. 1.872); 
os cegos (art. 1.867).
A carta testamentária pode ser redigida “em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo ”, como faculta o art. 1.871 do Código Civil, se o testador, ou o terceiro, expressar-se melhor na sua língua pátria, mesmo porque nem o tabelião nem as testemunhas precisam conhecer o seu conteúdo. 
Aberta a sucessão, o testamento terá, porém, de ser vertido para o vernáculo, por tradutor juramentado (CPC, arts. 156 e 157). 
O auto de aprovação ou autenticação lavrado pelo tabelião, todavia, sendo um instrumento público, deve ser escrito na língua nacional.
5.1.2. ATO DE ENTREGA DO TESTAMENTO CERRADO
De posse da cédula testamentária escrita, datilografada ou digitada em computador e impressa, o testador deve entregá-la, devidamente assinada, ao tabelião, em presença de duas testemunhas, como determina o inciso I do art. 1.868 do Código Civil.
►Tem início, nesse momento, a atividade notarial, completando o ato complexo encetado pela vontade manifestada pelo testador.
Determina o Código que o testador entregue, pessoalmente, o seu testamento ao tabelião, na presença das duas testemunhas, que hão de assinar o auto de aprovação.
A entrega constitui ato personalíssimo do testador, não se admitindo, por isso, a utilização de portador, mandatário ou representante. 
No ato da entrega, deve o testador afirmar que se trata de seu ato de última vontade e quer que seja aprovado. 
Essa declaração é indispensável, estando prevista, no inciso III do art. 1.868, como um dos requisitos essenciais do testamento cerrado. 
As testemunhas participam apenas da apresentação do testamento ao tabelião e não precisam conhecer o seu teor. Mas a presença das testemunhas é fundamental na formação do testamento cerrado. 
As testemunhas devem assistir à entrega da cédula ao tabelião e ouvir a mencionada declaração feita necessariamente pelo testador, bem como observar que o auto de aprovação foi lavrado em seguida à apresentação, evidenciando-se a ligação entre os dois instrumentos, de cuja fusão resulta o testamento cerrado.
5.1.3. AUTO DE APROVAÇÃO
Apresentado o testamento ao tabelião, este, em seguida, na presença das testemunhas, lavrará o auto de aprovação (na verdade, mera autenticação), após a última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas. 
Prescreve o art. 1.869 do Código Civil:
“O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado.
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto”.
O tabelião aporá o seu sinal no instrumento, para maior autenticidade, e fará ao testador e às testemunhas a leitura do auto de aprovação, o qual será, em seguida, assinado por todos (tabelião, testador e testemunhas).
Toda a solenidade de aprovação deve ser feita sem interrupção (uno contextu continuo), procedendo-se à redação do auto, sua leiturae respectiva subscrição, tudo seguidamente. 
O inciso III do art. 1.868 diz que, recebido o testamento, o tabelião lavrará, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, lendo-o, em seguida, ao testador e testemunhas.
Embora o Código Civil não tenha exigido a colocação da data, tanto no testamento público como no cerrado e no particular, trata-se, como já foi dito, de um dado importante para que se saiba, ante a apresentação de dois testamentos da mesma pessoa, qual o anterior e qual o posterior, tendo em vista que o posterior revoga o anterior naquilo que com ele conflita. 
Por meio da data poder-se-á verificar, ainda, se o testador era capaz ao tempo da sua manifestação de última vontade, e se o tabelião tinha competência para a lavratura do auto de aprovação. 
Preleciona a propósito PONTES DE MIRANDA: “Antes de aprovado o testamento, constitui ato jurídico perfeito — ainda não é um testamento. 
A partir da entrega até a conclusão do auto é que se procede à autenticação do escrito: a este ato, e não ao conteúdo da cédula, é que as testemunhas assistem e atestam e o oficial certifica. 
5.1.4. CERRAMENTO
A última fase é a do cerramento, em que, segundo a tradição, o tabelião, estando a cédula dobrada, costura-a com cinco pontos de retrós e lança pingos de lacre sobre cada um. 
A lacração, embora seja uma antiga praxe, que muito dificulta as tentativas de adulteração, não constitui formalidade de que dependa a eficácia do testamento.
Preceitua o art. 1.874 do Código Civil:
“Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue”.
Efetuada a entrega pelo tabelião, deve o testamento, fechado e cosido, ser guardado, pelo testador ou pela pessoa que este designar, para ser apresentado em juízo por ocasião da abertura da sucessão. 
Até então, o documento deve permanecer inviolável; se, porventura, for aberto pelo testador, ou houver violação do lacre, ter-se-á como revogado, consoante o disposto no art. 1.972 do Código Civil:
“O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado”.
Trata-se de revogação tácita de testamento. Exige-se, porém, que a abertura ou dilaceração tenha sido feita voluntariamente pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento, visando àquele fim.
Não se tem, desse modo, por revogado o testamento cerrado se foi aberto por terceiro, ou pelo próprio testador, em razão de mero descuido, sem a intenção de revogar o ato. 
Em princípio, estando aberto ou dilacerado, o juiz deve considerá-lo revogado, salvo se os interessados demonstrarem, de forma convincente, que a abertura ou dilaceração foi feita contra a vontade do testador, ou por terceiro, acidental ou dolosamente.
5.2. ABERTURA, REGISTRO E CUMPRIMENTO DO TESTAMENTO CERRADO
Dispõe, por fim, o art. 1.875 do Código Civil:
“Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade”.
Essa decisão equivale ao reconhecimento de que foram observadas as formalidades extrínsecas em sua elaboração.
A abertura, o registro e o cumprimento do testamento cerrado são regulados pelos arts. 1.125 a 1.127 do Código de Processo Civil.
Ao receber o testamento, diz o art. 1.125, “o juiz, após verificar se está intacto, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou”. Em seguida, aduz o parágrafo único, lavrar-se-á “o auto de abertura que, rubricado pelo juiz e assinado pelo apresentante, mencionará: 
I - a data e o lugar em que o testamento foi aberto; 
II - o nome do apresentante e como houve ele o testamento; 
III - a data e o lugar do falecimento do testador;
 IV - qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior do testamento”.
Conclusos os autos, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público e, se não achar no testamento vício externo, que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, mandará registrá-lo, arquivá-lo e cumpri-lo (CPC, art. 1.126). 
O juiz “somente negará registro ao testamento se ele padecer de vício externo. Eventuais defeitos quanto à formação e manifestação de vontade do testador deverão ser apreciados ou no inventário ou em ação de anulação”.
Poderá o juiz, antes de lançar o cumpra-se, determinar que se faça perícia, em apenso ao termo de abertura, para que se registre, com precisão, o estado do testamento. 
Essa medida só se tornará necessária quando houver sinais veementes da intenção de revogar o testamento. 
Após a mencionada providência, ou se dispensada a prova técnica, “o juiz abrirá o testamento, ordenando que se lavre auto em que fará constar o estado em que se encontrava o instrumento, apensando-se, caso ocorra a hipótese, o laudo do perito. Esse termo servirá de base para os debates futuros sobre a violação do testamento e sua autoria, com assento no art. 1.972 do Código Civil”.
Em seguida, entregar-se-á cópia autêntica ao testamenteiro, para juntada ao processo de inventário (CC, art. 1.127, parágrafo único).
Uma vez determinado, por sentença, que se cumpra o testamento, “só pelos meios regulares de direito pode ser invalidado, no todo ou em parte. Efetivamente, encerrado o processo de registro e ordenado o cumprimento do ato, somente por ação ordinária pode o interessado reclamar-lhe a nulidade. Inadmissível reforma daquele despacho, mediante simples reclamação da parte”.
Em geral as nulidades arguidas concernem à insanidade mental do testador e à captação de sua vontade. 
6. TESTAMENTO PARTICULAR
Denomina-se testamento particular ou hológrafo o ato de disposição de última vontade escrito de próprio punho, ou mediante processo mecânico, assinado pelo testador, e lido por este a três testemunhas, que o subscreverão, com a obrigação de, depois da morte do disponente, confirmar a sua autenticidade.
O que caracteriza tal modalidade de testamento é o fato de ser inteiramente escrito (autografia) e assinado pelo testador, lido perante três testemunhas e por elas também assinado.
OBSERVAÇÃO: A vantagem desse meio de testar consiste na desnecessidade da presença do tabelião, tornando-se, assim, simples, cômodo e econômico para o testador. Todavia, é a forma menos segura de testar, porque depende de confirmação, em juízo, pelas testemunhas (que poderão faltar), após a abertura da sucessão.
O testamento hológrafo simplificado, apenas escrito, datado e assinado pelo testador, sem necessidade de testemunhas e quaisquer outras formalidades, não é admitido no ordenamento jurídico brasileiro, salvo quando elaborado em circunstâncias excepcionais, declaradas na cédula, e for aceito pelo juiz (CC, art. 1.879.
O Código Civil de 2002 baixou de cinco para três o número de testemunhas e procurou minorar o inconveniente acima apontado, estabelecido pelo diploma de 1916, de o testamento hológrafo perder eficácia se pelo menos três testemunhas não o confirmarem. 
Basta agora que uma o reconheça, se as outras duas faltarem, por morte ou ausência. A confirmação vai depender, todavia, do convencimento do juiz sobre a existência de prova suficiente da veracidade do testamento (art. 1.878, parágrafo único).
Entretanto, se faltarem as três testemunhas, o testamento estará irremediavelmente prejudicado e não serão cumpridas as disposições de última vontade manifestadas pelo testador. 
6.1. REQUISITOS E FORMALIDADES
Os requisitos e formalidades do testamento particular acham-se enumerados no art. 1.876 do Código Civil:
“O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico.
§ 1º Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.
§ 2º Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendoser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão”.
A exigência de leitura pelo próprio testador torna impossível a utilização dessa forma testamentária pelo mudo ou pelo surdo-mudo.
A redação do testamento particular é atividade personalíssima do disponente, que tem de agir sozinho. É vedada, assim, a possibilidade de outrem escrevê-lo a rogo. 
O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam (CC, art. 1.880).
Enquanto no testamento público é inadmissível o emprego de língua estrangeira, pois lavrado por tabelião em livro oficial, em se tratando de documento privado, como é o testamento particular, a regra é a mais absoluta liberdade de se expressar em língua que retrate fidedignamente a vontade do testador.
Todavia, não estando escrito o testamento na língua nacional, terá de ser vertido, para ser exequível após a morte do testador, para a língua portuguesa, que é o idioma oficial do País, por tradutor juramentado (CPC, arts. 156 e 157).
Mesmo não havendo menção à data no art. 1.876, a sua indicação constitui elemento comum a todos os testamentos e serve para esclarecer se o testador era capaz no momento em que o redigiu, bem como qual dos testamentos é o posterior (o posterior revoga tacitamente o anterior, no que conflitarem), se dois forem apresentados para cumprimento.
6.2. PUBLICAÇÃO E CONFIRMAÇÃO DO TESTAMENTO PARTICULAR
A singularidade maior do testamento hológrafo está em que suas formalidades devem existir e ser apuradas não somente quando de sua elaboração, senão também quando de sua execução, após o falecimento do disponente. 
O art. 1.877 do Código Civil dispõe:
“Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos”.
As três testemunhas serão inquiridas em juízo, e, se pelo menos uma reconhecer a sua autenticidade, o juiz, a seu critério, o confirmará, se houver prova suficiente desta. 
Se todas as testemunhas falecerem ou estiverem em local ignorado, ou não o confirmarem, o testamento particular não será cumprido.
A publicação em juízo do testamento particular geralmente é feita pelo herdeiro instituído, pelo legatário ou pelo testamenteiro. 
Estes devem requerer a notificação das pessoas às quais caberia a sucessão legítima para virem, em dia, lugar e hora designados, assistir à inquirição das testemunhas instrumentais, que deverão ser intimadas a depor (CC, art. 1.877; CPC, arts. 1.130 a 1.132).
Presentes as pessoas notificadas, ou à sua revelia, proceder-se-á à inquirição das testemunhas sobre: “
a) autenticidade de suas assinaturas; 
b) teor das disposições testamentárias; 
c) fato de o testamento lhes haver sido lido, por ocasião de sua elaboração; 
d) encontrar-se o testador em perfeito juízo, no momento de testar”.
O assunto é regulado no art. 1.878 do Código Civil.
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade”.
Não é necessário que as testemunhas se recordem, com detalhes e minúcias, de todas as disposições. Mas as declarações devem harmonizar-se, no tocante aos pontos fundamentais, confirmando especialmente que o testamento foi de fato elaborado e que foram convocadas para testemunhá-lo. 
►Uma só testemunha que contradiga o escrito invalida a disposição, salvo provando-se que foi subornada para contradizer a verdade. 
6.3. CONFECÇÃO DO TESTAMENTO PARTICULAR EM CIRCUNSTÂNCIAS EXCEPCIONAIS
O art. 1.879 do Código Civil, como já mencionado, apresenta uma importante inovação:
“Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz”.
Mas esse testamento, com diminuição extrema de formalidades, só pode ser utilizado em circunstâncias excepcionais, que precisam ser declaradas no documento. 
Por ‘circunstâncias excepcionais’ pode-se considerar:
estar o testador em lugar isolado, 
estar o testador perdido, 
estar o testador sem comunicação, ou 
ter ocorrido uma calamidade (terremoto, inundação, epidemia), ou 
achar-se o testador em risco iminente de vida.
Trata-se, em verdade, de nova modalidade de testamento especial, na qual se exige que a excepcionalidade seja declarada na cédula. Não se admite que esta seja redigida por meios mecânicos, pois deve ser elaborado “de próprio punho e assinado pelo testador”.
A responsabilidade de decidir se o testamento particular excepcional poderá ser confirmado ou não recai sobre o juiz. A ele compete decidir, na falta de previsão expressa do legislador, se tal testamento será cumprido e terá eficácia, ainda que o testador tenha falecido muito tempo depois da cessação da situação excepcional que justificou a utilização da forma simplificada, tendo desfrutado de tempo mais do que suficiente para testar de outra forma.
7. TESTEMUNHAS INSTRUMENTÁRIAS
As testemunhas desempenham relevante papel na elaboração do testamento. 
A sua atuação tem por escopo garantir a liberdade do testador e a veracidade de suas disposições. 
No testamento hológrafo, participam decisivamente da execução e atribuição de eficácia ao ato de última vontade, depois da morte do testador. 
As testemunhas participam de todas as formas de testamento ordinário:
A lei estabelece o número mínimo de testemunhas para cada modalidade de testamento. O comparecimento em número superior ao legal não constitui razão capaz de invalidar o ato, pois simplesmente vem reforçar a sua segurança.
Em princípio, todas as pessoas capazes podem ser testemunhas de negócios jurídicos, sendo excluídas apenas as que a lei expressamente menciona. 
O Código Civil enumera as pessoas que não podem ser admitidas como testemunhas no art. 228:
“Não podem ser admitidos como testemunhas:
- os menores de dezesseis anos;
- aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil;
- os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam;
- o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
- os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade.
Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo”.
O dispositivo aplica-se aos atos e negócios jurídicos em geral, inclusive aos testamentos, uma vez que o Código Civil de 2002 não estabeleceu regras ou impedimentos especiais 
Aplicam-se, portanto, aos testamentos as normas para os negócios jurídicos em geral, estabelecidas no art. 228, I, II e III, uma vez que os incisos IV e V, que se referem a “interessado no litígio” e a “partes”, têm caráter processual, não incidindo no campo material.

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