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15- UNIDADE IX - dos alimentos

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1 
UNIDADE IX – DO DIREITO PROTETIVO 
DOS ALIMENTOS 
1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA 
Alimentos, segundo a precisa definição de ORLANDO GOMES, são prestações para 
satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si. 
Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua 
subsistência. 
O vocábulo “alimentos” tem, todavia, conotação muito mais ampla do que na linguagem 
comum, não se limitando ao necessário para o sustento de uma pessoa. 
Nele se compreende não só a obrigação de prestá-los, como também o conteúdo da 
obrigação a ser prestada. 
A aludida expressão tem, no campo do direito, uma acepção técnica de larga abrangência, 
compreendendo não só o indispensável ao sustento, como também o necessário à 
manutenção da condição social e moral do alimentando. 
Quanto ao conteúdo, os alimentos abrangem, assim, o indispensável ao sustento, vestuário, 
habitação, assistência médica, instrução e educação (CC, arts. 1.694 e 1.920). 
Dispõe o art. 1.694 do Código Civil: 
“podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que 
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às 
necessidades de sua educação”. 
Por seu turno, esclarece SILVIO RODRIGUES que “a tendência moderna é a de impor ao 
Estado o dever de socorro dos necessitados, tarefa que ele se desincumbe, ou deve 
desincumbir-se, por meio de sua atividade assistencial. 
Mas, no intuito de aliviar-se desse encargo, ou na inviabilidade de cumpri-lo, o Estado o 
transfere, por determinação legal, aos parentes, cônjuges ou companheiro do necessitado, 
cada vez que aqueles possam atender a tal incumbência”. 
►O dever de prestar alimentos funda-se na solidariedade humana e econômica que deve 
existir entre os membros da família ou os parentes. 
O Estado tem interesse direto no cumprimento das normas que impõem a obrigação legal 
de alimentos, pois a inobservância ao seu comando aumenta o número de pessoas carentes 
e desprotegidas, que devem, em consequência, ser por ele amparadas. Daí a razão por que 
as aludidas normas são consideradas de ordem pública, inderrogáveis por convenção 
entre os particulares e impostas por meio de violenta sanção, como a pena de prisão a que 
está sujeito o infrator. 
A doutrina destaca o acentuado caráter assistencial do instituto. Tradicionalmente, no 
direito brasileiro a obrigação legal de alimentos tem um cunho assistencial e não 
indenizatório. 
Essa característica transparece nitidamente no art. 1.702 do Código Civil, ao dispor que, 
 “na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-
lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694”. 
 
2 
No tocante à natureza jurídica do direito à prestação de alimentos, embora alguns autores 
o considerem direito pessoal extrapatrimonial, e outros, simplesmente direito patrimonial, 
prepondera o entendimento daqueles que, como ORLANDO GOMES5, atribuem-lhe 
natureza mista, qualificando-o como UM DIREITO DE CONTEÚDO PATRIMONIAL E 
FINALIDADE PESSOAL. 
2. ESPÉCIES 
Os alimentos são de diversas espécies, classificados pela doutrina segundo vários critérios: 
A) QUANTO À NATUREZA, PODEM SER 
� naturais ou 
� civis. 
OS NATURAIS OU NECESSÁRIOS: restringem-se ao indispensável à satisfação das 
necessidades primárias da vida; OS CIVIS OU CÔNGRUOS — destinam-se a manter a 
condição social, o status da família. 
Na primeira dimensão, os alimentos limitam-se ao “necessarium vitae”; na segunda, 
compreendem o “necessarium personae”. 
O Código Civil de 2002 introduziu expressamente em nosso direito a aludida classificação, 
proclamando, no art. 1.694, caput, que os alimentos devem ser fixados em montante que 
possibilite ao alimentando “VIVER DE MODO COMPATÍVEL COM A SUA 
CONDIÇÃO SOCIAL”, e restringindo o direito a alimentos, em ALGUNS CASOS, AO 
INDISPENSÁVEL À SUBSISTÊNCIA DO INDIVÍDUO. 
OBSERVAÇÃO: embora o § 1º do art. 1.694 do Código Civil estabeleça que “os alimentos 
devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”, 
para que o primeiro possa viver de acordo com a posição social do segundo, o § 2º limita os 
alimentos a “apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de 
culpa de quem os pleiteia”. Este último dispositivo foi revogado pela EC n. 66/2010, que 
afastou a exigência de comprovação da culpa do outro cônjuge e de tempo mínimo para o 
divórcio, suprimindo do ordenamento a separação de direito. 
Na mesma esteira, proclama o parágrafo único do art. 1.704 do Código Civil que, “se o 
cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-
los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor 
indispensável à sobrevivência”. Este dispositivo também foi revogado pela referida “PEC do 
Divórcio”, juntamente com o art. 1.702, por disporem sobre os alimentos devidos por um 
cônjuge ao outro em razão de culpa pela separação judicial. 
A doutrina e a jurisprudência têm-se reportado a outra espécie de alimentos, os 
“COMPENSATÓRIOS”, adotados em países como a França e a Espanha e, mais 
recentemente, o Brasil. 
Visam eles evitar o descomunal desequilíbrio econômico-financeiro do consorte 
dependente, IMPOSSÍVEL DE SER AFASTADO COM MODESTAS PENSÕES MENSAIS e 
que ocorre geralmente nos casos em que um dos parceiros não agrega nenhum bem em 
sua meação, seja porque não houve nenhuma aquisição patrimonial na constância da 
união ou porque o regime de bens livremente convencionado afasta a comunhão de bens. 
Assevera ROLF MADALENO8 que “o propósito da pensão compensatória é de indenizar 
por algum tempo ou não o desequilíbrio econômico causado pela repentina redução do 
padrão socioeconômico do cônjuge desprovido de bens e meação, sem pretender a 
igualdade econômica do casal que desfez sua relação, mas que procura reduzir os efeitos 
deletérios surgidos da súbita indigência social, causada pela ausência de recursos 
 
3 
pessoais, quando todos os ingressos eram mantidos pelo parceiro, mas que deixaram de 
aportar com a separação ou com o divórcio. 
B) QUANTO À CAUSA JURÍDICA, OS ALIMENTOS DIVIDEM-SE: 
� em legais ou legítimos, 
� voluntários e 
� indenizatórios. 
B1 - Os LEGÍTIMOS são devidos em virtude de uma OBRIGAÇÃO LEGAL, que pode 
decorrer do parentesco (iure sanguinis), do casamento ou do companheirismo (CC, art. 
1.694). 
B2 Os alimentos VOLUNTÁRIOS emanam de uma DECLARAÇÃO DE VONTADE inter 
vivos, como na obrigação assumida contratualmente por quem não tinha a obrigação legal 
de pagar alimentos, ou causa mortis, manifestada em testamento, em geral sob a forma de 
legado de alimentos, e prevista no art. 1.920 do Código Civil. 
B3- alimentos INDENIZATÓRIOS ou RESSARCITÓRIOS resultam da prática de um ato 
ilícito e constituem forma de indenização do dano ex delicto. Pertencem também ao direito 
das obrigações e são previstos nos arts. 948, II, e 950 do Código Civil. 
A obrigação alimentar pode resultar também de exigência legal quanto ao 
comportamento superveniente de uma das partes em relação à outra, como sucede no 
contrato de doação. 
O donatário, não sendo a doação remuneratória, fica obrigado a prestar ao doador os 
alimentos de que este venha a necessitar; se não cumprir a obrigação, dará motivo à 
revogação da doação por ingratidão, a menos que não esteja em condições de os ministrar 
(CC, art. 557, IV). Tal obrigação “existe independentemente de ter sido estipulada no 
contrato ou de resultar de vínculo familiar. 
►Somente os alimentos legais ou legítimos pertencem ao direito de família. 
A prisão civil pelo não pagamento de dívida de alimentos,permitida na Constituição 
Federal (art. 5º, LXVII), somente pode ser decretada no caso dos alimentos previstos nos 
arts. 1.566, III, e 1.694 e s. do Código Civil, que constituem relação de direito de família, 
sendo inadmissível em caso de não pagamento dos alimentos indenizatórios 
(responsabilidade civil ex delicto) e dos voluntários (obrigacionais ou testamentários). 
C) QUANTO À FINALIDADE, CLASSIFICAM-SE OS ALIMENTOS EM 
� definitivos ou regulares, 
� provisórios e 
� provisionais. 
C1 – Alimentos Definitivos são os de caráter permanente, estabelecidos pelo juiz na 
sentença ou em acordo das partes devidamente homologado, malgrado possam ser 
revistos (CC, art. 1.699). 
C2 - Provisórios são os fixados liminarmente no despacho inicial proferido na ação de 
alimentos, de rito especial estabelecido pela Lei n. 5.478/68 — Lei de Alimentos. 
C3- Provisionais ou ad litem são os determinados em medida cautelar, preparatória ou 
incidental, de ação de separação judicial, de divórcio, de nulidade ou anulação de 
casamento ou de alimentos. Destinam-se a manter o suplicante, geralmente a mulher, e a 
prole, durante a tramitação da lide principal, e ao pagamento das despesas judiciais, 
inclusive honorários advocatícios (CPC, art. 852). Daí a razão do nome ad litem ou alimenta 
in litem. 
 
4 
Os alimentos provisórios exigem prova pré-constituída do parentesco, casamento ou 
companheirismo. Apresentada essa prova, o juiz “fixará” os alimentos provisórios, se 
requeridos. 
OBSERVAÇÃO: Os termos imperativos empregados pelo art. 4º da Lei de Alimentos 
demonstram que a fixação DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS não depende da discrição do 
juiz, sendo obrigatória, se requerida e se provados os aludidos vínculos. 
Já a determinação dos ALIMENTOS PROVISIONAIS depende da comprovação dos 
requisitos inerentes a toda medida cautelar: o fumus boni juris e o periculum in mora. Estão 
sujeitos, pois, à discrição do juiz. 
De acordo com o disposto no art. 5º da Lei n. 883/49, na ação de investigação de 
paternidade fixar-se-ão os provisionais somente na sentença, a partir de quando serão 
devidos, mesmo que tenha havido recurso. Entretanto, a isonomia imposta pela 
Constituição Federal torna-os devidos a contar da citação, pois atribuem-se aos filhos 
nascidos fora da relação de casamento os mesmos direitos concedidos aos nascidos das 
justas núpcias. Incide assim, de tal modo, também em relação àqueles a regra do art. 13, § 2º, 
da Lei Federal n.5.478, de 1968, segundo o qual os alimentos retroagem à data da citação. 
Nesse sentido dispõe a Súmula 277 do Superior Tribunal de Justiça: “Julgada procedente a 
investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação”. 
Os alimentos provisionais conservam a sua eficácia até o julgamento da ação principal, 
mas podem, a qualquer tempo, ser revogados ou modificados (CPC, art. 807). 
Dispõe o art. 7º da Lei n. 8.560/92, que regula a investigação de paternidade dos filhos 
havidos fora do casamento: “Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a 
paternidade, nela se fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles 
necessite”. 
A Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006, que criou mecanismos para coibir a violência 
doméstica e familiar contra a mulher, prevê que o juiz do Juizado de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher poderá, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas 
protetivas de urgência, aplicar ao agressor a de “prestação de alimentos provisionais ou 
provisórios” (art. 22, V). 
D) QUANTO AO MOMENTO EM QUE SÃO RECLAMADOS, os alimentos classificam-
se em 
� pretéritos, 
� atuais e 
� futuros. 
D1 – Os alimentos são PRETÉRITOS quando o pedido retroage a período anterior ao 
ajuizamento da ação; 
D2 – Os alimentos são ATUAIS, os postulados a partir do ajuizamento; e 
D3 – Os alimentos FUTUROS, os alimentos devidos somente a partir da sentença. 
►O DIREITO BRASILEIRO SÓ ADMITE OS ALIMENTOS ATUAIS E OS FUTUROS. 
Os alimentos pretéritos, referentes a período anterior à propositura da ação, não são 
devidos. Se o alimentando, bem ou mal, conseguiu sobreviver sem o auxílio do 
alimentante, não pode pretender o pagamento de alimentos relativos ao passado (in 
praeteritum non vivitur). 
 
5 
Têm os tribunais proclamado que a prisão civil somente poderá ser imposta para compelir 
o alimentante a suprir as necessidades atuais do alimentário, representadas pelas três 
últimas prestações, devendo as pretéritas ser cobradas em procedimento próprio. 
►Nessa linha, tem o Superior Tribunal de Justiça decidido que a orientação de só permitir a 
execução das três últimas prestações com base no art. 733 do Código de Processo Civil, sob 
pena de prisão do devedor, “comporta temperamento, não devendo ser aplicada quando, 
por um lado, o alimentado tenha se mostrado indisfarçadamente desidioso para cobrar e 
receber os alimentos que lhe são devidos, e, por outro, sejam percebidas tergiversações 
reprováveis do alimentante, para não cumprir a sua obrigação”. 
3. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR E DIREITO A ALIMENTOS 
Entre pais e filhos menores, cônjuges e companheiros não existe propriamente obrigação 
alimentar, mas dever familiar, respectivamente de sustento e de mútua assistência (CC, 
arts. 1.566, III e IV, e 1.724). 
A obrigação alimentar também decorre da lei, mas É FUNDADA NO PARENTESCO (ART. 
1.694), ficando CIRCUNSCRITA AOS ascendentes, descendentes e colaterais até o 
segundo grau, com reciprocidade, tendo por fundamento o princípio da solidariedade 
familiar. 
O art. 1.694 do Código Civil de 2002, ao dispor sobre a obrigação de prestar alimentos, 
engloba os parentes e os cônjuges ou companheiros, estendendo a sua aplicação a todos 
eles. 
3.1. CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR 
A obrigação de prestar alimentos é transmissível, divisível, condicional, recíproca e 
mutável. 
A) TRANSMISSIBILIDADE. Tal característica constitui inovação do Código de 2002. 
O Código Civil de 2002 dispõe, no art. 1.700: 
 “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”. 
A regra, que abrange os alimentos devidos em razão do parentesco e também os 
decorrentes do casamento e da união estável, tem suscitado dúvidas e incertezas entre os 
doutrinadores. 
Indaga-se, por exemplo, se se transmite a própria obrigação alimentar e não apenas as 
prestações vencidas e não pagas, bem como se a transmissão é feita de acordo com as 
forças da herança, observando-se o disposto no art. 1.792 do mesmo diploma, ou na 
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada, como 
determina o § 1º do art. 
1.694. 
O entendimento de que se transmite a própria obrigação alimentar pode levar o 
intérprete a situações verdadeiramente teratológicas, como adverte YUSSEF CAHALI, 
recomendando que o texto legal seja interpretado e aplicado com certa racionalidade. 
Mesmo que se considere a aplicação do art. 1.700 do Código Civil restrita às obrigações já 
estabelecidas, mediante convenção ou decisão judicial, há de reconhecer que não faz 
sentido os herdeiros do falecido terem de se valer de seus próprios recursos, e na 
proporção deles, para responder pela obrigação alimentar. 
 
6 
Deve ela ficar limitada às forças da herança. O fato de o art. 1.700 não se referir a essa 
restrição, como o fazia o art. 23 da Lei do Divórcio, não afeta a regra, que tem verdadeiro 
sentido de cláusula geral no direito das sucessões, estampada no art. 1.792, no sentido de 
que “o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança”. 
A remissão que o aludido art. 1.700 do Código Civil faz à transmissão aos herdeiros da 
obrigação de prestar alimentos “na forma do art. 1.694”, se por um lado obriga o seu 
dimensionamento “na proporção das necessidades do reclamante e dos recursosda pessoa 
obrigada” (§ 1º do art. 1.694), por outro, não afasta o limite das forças da herança nem a 
prova das apontadas necessidades. 
Se estas forem menores, a pensão poderá ser fixada em montante abaixo do referido limite, 
mas em nenhuma hipótese poderá excedê-lo. 
Não param aí as restrições à aplicação da confusa regra sobre a transmissibilidade aos 
herdeiros da obrigação de prestar alimentos, estabelecida no citado art. 1.700 do Código 
Civil. 
 Pelo novo regime, o cônjuge passou a ser herdeiro necessário (art. 1.845) e tem direito à 
herança, concorrendo com os descendentes (art. 1.829), salvo se casado com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens, ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares. 
Assim, o cônjuge é herdeiro necessário e, conforme o regime de bens, concorrerá ou não 
com descendentes e ascendentes, com participação variável segundo o grau de parentesco 
do herdeiro com o falecido. 
Somente se justifica a transmissão do direito ao cônjuge se, em razão do regime de bens no 
casamento, não estiver assegurado o seu direito à herança. 
Não bastasse, como o art. 1.700 em apreço alude genericamente a “herdeiros”, a obrigação 
de pagar alimentos não se limitaria aos irmãos, colaterais em segundo grau e obrigados por 
lei (CC, art. 1.697), com reciprocidade, mas se estenderia aos tios, sobrinhos e primos, 
colaterais em quarto grau (art. 1.839). 
Devido aos problemas causados pela redação equivocada do art. 1.700, o Instituto 
Brasileiro de Direito de Família — IBDFam formulou proposta para que o mencionado 
art. 1.700 passe a ter outra redação, nos seguintes termos: “A obrigação de prestar alimentos 
decorrente do casamento e da união estável transmite-se aos herdeiros do devedor no limite dos frutos 
do quinhão de cada herdeiro”. 
Observa-se ainda que o herdeiro que se sentir prejudicado por suportar o encargo de 
pagar alimentos a quem o de cujus devia pode renunciar à herança, por instrumeto público 
ou termo judicial, conforme permite o art. 1.806 do Código Civil. 
 E, por fim, que a transmissão hereditária da obrigação de prestar alimentos somente poderá 
ocorrer nos casos de sucessão aberta após a entrada em vigor do Código Civil de 2002, uma 
vez que a legitimação para suceder rege-se pela lei vigente ao tempo da abertura da 
sucessão (art. 1.787). 
B) DIVISIBILIDADE. A obrigação alimentar é também divisível, e não solidária, porque a 
solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes (CC, art. 264). 
Não havendo texto legal impondo a solidariedade, é ela divisível, isto é, conjunta. Cada 
devedor responde por sua quota-parte. 
Havendo, por exemplo, quatro filhos em condições de pensionar o ascendente, não poderá 
este exigir de um só deles o cumprimento da obrigação por inteiro. Se o fizer, sujeitar-se-á 
 
7 
às consequências de sua omissão, por inexistir na hipótese litisconsórcio passivo necessário, 
mas sim facultativo impróprio, isto é, obterá apenas 1/4 do valor da pensão. 
Como inovação, o Código Civil de 2002 preceitua que, “sendo várias as pessoas obrigadas a 
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação 
contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide” (art. 1.698, segunda parte). 
►O dispositivo cria uma modalidade de intervenção de terceiro não prevista no vigente 
Código de Processo Civil. 
� Não há falar em DENUNCIAÇÃO DA LIDE, por inexistir direito de regresso entre 
as partes. Sendo divisível a obrigação, “esta presume-se dividida em tantas 
obrigações, iguais e distintas, quanto os credores ou devedores” (CC, art. 257). 
Direito de regresso e possibilidade de se fazer denunciação da lide só haveria se a 
obrigação fosse solidária (art. 283). 
� Também não é caso de CHAMAMENTO AO PROCESSO, por inexistir, como 
referido, solidariedade passiva (CPC, art. 77, III). 
O Superior Tribunal de Justiça vem decidindo, a respeito dessa questão, que “a obrigação 
alimentar não tem caráter de solidariedade, no sentido de que ‘sendo várias pessoas 
obrigadas a prestar alimentos todos devem concorrer na proporção dos respectivos 
recursos’. O demandado, no entanto, terá direito de chamar ao processo os 
corresponsáveis da obrigação alimentar, caso não consiga suportar sozinho o encargo, 
para que se defina quanto caberá a cada um contribuir de acordo com as suas 
possibilidades financeiras”. 
OBSERVAÇÃO: O Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741, de 1º-10-2003), inovando, instituiu a 
solidariedade no tocante à obrigação de alimentos para os maiores de 60 anos, podendo 
estes escolher os prestadores. 
Ao lado da ampliação do direito de acesso aos alimentos, proclama o aludido diploma, no 
art. 12: “A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores”. 
Dispõe ainda o art. 14 da referida lei que “se o idoso ou seus familiares não possuírem 
condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse 
provimento, no âmbito da assistência social”. 
Na conformidade do art. 1.694 do Código Civil, são obrigados a prestar alimentos ao 
idoso os parentes e os cônjuges ou companheiros. 
Preceituam, todavia, os arts. 1.696 e 1.697 do aludido diploma que, entre os parentes, a 
obrigação tem caráter sucessivo: somente na falta dos ascendentes é que podem ser 
chamados os descendentes, e, na falta destes, podem ser chamados os irmãos. 
O que se deve entender é que, mesmo no caso dos idosos, aplica-se a ordem preferencial 
estabelecida no art. 1.696 do Código Civil. Se houver vários devedores da classe obrigada, 
preferencialmente, ao cumprimento da prestação alimentar, poderá o idoso optar entre os 
aludidos prestadores, na forma do art. 12 da mencionada Lei n. 10.741/2003, para cobrar o 
valor integral da pensão “de um ou de alguns dos devedores”, ou de todos (CC, art. 275). 
Desse modo a solidariedade se estabelece em cada classe. Não se pode acionar devedor 
de classe subsequente sem antes provar a falta dos que lhe antecedem. 
C - CONDICIONALIDADE. Diz-se que a obrigação de prestar alimentos é condicional 
porque a sua eficácia está subordinada a uma condição resolutiva. Somente subsiste tal 
encargo enquanto perduram os pressupostos objetivos de sua existência, representados 
pelo BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE, extinguindo-se no momento em que 
qualquer deles desaparece. 
 
8 
Segundo dispõe o § 1º do art. 1.694 do Código Civil, “os alimentos devem ser fixados na 
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”. 
Se, depois da aludida fixação, o alimentando adquire condições de prover à própria 
mantença, ou o alimentante não mais pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao 
seu sustento, extingue-se a obrigação. 
D -RECIPROCIDADE. Tal característica encontra-se mencionada expressamente no art. 
1.696 do Código Civil, verbis: 
“O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, 
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”. 
Assim, há reciprocidade entre os parentes, cônjuges e companheiros discriminados na lei 
quanto ao direito à prestação de alimentos e a obrigação de prestá-los, ou seja, ao direito de 
exigir alimentos corresponde o dever de prestá-los. 
OBSERVAÇÃO: Os direitos coexistem apenas no estado potencial. A reciprocidade não 
indica que duas pessoas devam entre si alimentos simultaneamente, mas apenas que o 
devedor de hoje pode tornar-se o credor alimentar no futuro. 
E - MUTABILIDADE. A variabilidade da obrigação de prestar alimentos consiste na 
propriedade de sofrer alterações em seus pressupostos objetivos: A NECESSIDADE DO 
RECLAMANTE E A POSSIBILIDADE DA PESSOA OBRIGADA. 
Sendo esses elementos variáveis em razão de diversascircunstâncias, permite a lei que, 
nesse caso, proceda-se à alteração da pensão, mediante AÇÃO REVISIONAL ou DE 
EXONERAÇÃO, pois toda decisão ou convenção a respeito de alimentos traz ínsita a 
cláusula rebus sic stantibus. 
Dispõe a propósito o art. 1.699 do Código Civil: 
 “Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de 
quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, 
redução ou majoração do encargo”. 
Desse modo, se a credora por alimentos, por exemplo, consegue trabalho honesto que lhe 
permita viver condignamente, pode o marido devedor pedir com êxito a exoneração da 
obrigação alimentar, enquanto durar tal situação. 
3.2. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO A ALIMENTOS 
Várias são as características do direito a alimentos. Colocando em destaque as principais, 
pode-se dizer que se trata de direito: 
I - PERSONALÍSSIMO. Esta é a característica fundamental, da qual decorrem as demais. 
Como os alimentos se destinam à subsistência do alimentando, constituem um direito 
pessoal, intransferível. 
A sua qualidade de direito da personalidade é reconhecida pelo fato de se tratar de um 
direito inato tendente a assegurar a subsistência e integridade física do ser humano. 
Considera a doutrina, sob esse aspecto, como uma das manifestações do direito à vida. É 
direito personalíssimo no sentido de que a sua titularidade não passa a outrem por 
negócio ou por fato jurídico. 
II - INCESSÍVEL. Tal característica é consequência do seu caráter personalíssimo. Sendo 
inseparável da pessoa, não pode ser objeto de cessão de crédito, pois a isso se opõe a sua 
natureza (art. 286). 
 
9 
O art. 1.707 do Código Civil diz expressamente que o crédito a alimentos é “insuscetível 
de cessão”. 
No entanto, somente não pode ser cedido O DIREITO A ALIMENTOS FUTUROS. 
 O crédito constituído por pensões alimentares vencidas é considerado um crédito comum, 
já integrado ao patrimônio do alimentante, que logrou sobreviver mesmo sem tê-lo 
recebido. Pode, assim, ser cedido. 
III - IMPENHORÁVEL. Preceitua, com efeito, o art. 1.707 do Código Civil que o crédito 
alimentar é “insuscetível de cessão, compensação ou penhora”. Inconcebível a penhora de um 
direito destinado à mantença de uma pessoa. Logo, por sua natureza, é impenhorável. 
Por essa mesma razão as apelações interpostas das sentenças que condenarem à prestação 
de alimentos são recebidas apenas no efeito devolutivo, e não no suspensivo (CPC, art. 
520, II), pois a suspensão do decisum poderia conduzir ao perecimento do alimentário. 
O Código de Processo Civil prevê, no art. 649, VII, a impenhorabilidade das pensões 
destinadas ao sustento do devedor ou de sua família. 
IV - INCOMPENSÁVEL.O direito a alimentos não pode ser objeto de compensação, 
destarte, segundo dispõe o art. 1.707 do Código Civil, porque seria extinto, total ou 
parcialmente (CC, arts. 368 e 373, II), com prejuízo irreparável para o alimentando, já que 
os alimentos constituem o mínimo necessário à sua subsistência. 
OBSERVAÇÃO: A jurisprudência, no entanto, vem permitindo a compensação, nas 
prestações vincendas, de valores pagos a mais, entendendo tratar-se de adiantamento do 
pagamento das futuras prestações. 
V- IMPRESCRITÍVEL. O direito aos alimentos é imprescritível, ainda que não seja exercido 
por longo tempo e mesmo que já existissem os pressupostos de sua reclamação. 
O que não prescreve é o direito de postular em juízo o pagamento de pensões 
alimentícias, ainda que o alimentando venha passando necessidade há muitos anos. 
No entanto, PRESCREVE EM DOIS ANOS O DIREITO DE COBRAR AS PENSÕES JÁ 
FIXADAS em sentença ou estabelecidas em acordo e não pagas, a partir da data em que 
se vencerem. 
A prescrição da pretensão a essas parcelas ocorre mensalmente. 
Em se tratando, porém, de execução de alimentos proposta por alimentando 
absolutamente incapaz, NÃO HÁ FALAR EM PRESCRIÇÃO DAS PRESTAÇÕES 
MENSAIS, em virtude do disposto nos arts. 197, II, e 198, I, do Código Civil de 2002. 
VI - INTRANSACIONÁVEL. Sendo indisponível e personalíssimo, o direito a alimentos 
não pode ser objeto de transação (CC, art. 841). Em consequência, não pode ser objeto de 
juízo arbitral ou de compromisso. 
A regra aplica-se somente ao direito de pedir alimentos, pois a jurisprudência considera 
transacionável o quantum das prestações, tanto vencidas como vincendas. É até comum o 
término da ação em acordo visando prestações alimentícias futuras ou atrasadas. 
A transação celebrada nos autos de ação de alimentos constitui título executivo judicial. 
Tem a mesma eficácia a homologação do acordo extrajudicial de alimentos, que dispensa a 
intervenção de advogado, mas exige a imprescindível intervenção do Ministério Público. 
VII - Atual no sentido de exigível no presente e não no passado (in praeteritum non vivitur). 
Alimentos são devidos ad futurum, não ad praeteritum. 
 
10 
A necessidade que justifica a prestação alimentícia é, ordinariamente, inadiável, conferindo 
a lei, por esse motivo, meios coativos ao credor para a sua cobrança, “que vão do desconto 
em folha à prisão administrativa”. 
VIII - IRREPETÍVEL OU IRRESTITUÍVEL. Os alimentos, uma vez pagos, são 
irrestituíveis, sejam provisórios, definitivos ou ad litem. 
É que a obrigação de prestá-los constitui matéria de ordem pública, e só nos casos legais 
pode ser afastada, devendo subsistir até decisão final em contrário. 
Mesmo que a ação venha a ser julgada improcedente, não cabe a restituição dos alimentos 
provisórios ou provisionais. Quem pagou alimentos, pagou uma dívida, não se tratando de 
simples antecipação ou de empréstimo. 
OBSERVAÇÃO: O princípio da irrepetibilidade não é, todavia, absoluto e encontra limites 
no dolo em sua obtenção, bem como na hipótese de erro no pagamento dos alimentos. Por 
isso, tem-se deferido pedido de repetição, em caso de cessação automática da obrigação 
devido ao segundo casamento da credora, não tendo cessado o desconto em folha de 
pagamento por demora na comunicação ao empregador, sem culpa do devedor. 
 
IX - IRRENUNCIÁVEL. Quanto a esta última característica, preceitua o art. 1.707 do 
Código Civil: “Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo 
o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora”. 
O direito a alimentos constitui uma modalidade do direito à vida. Por isso, o Estado 
protege-o com normas de ordem pública, decorrendo daí a sua irrenunciabilidade, que 
atinge, porém, somente o direito, não o seu exercício. 
Não se pode assim renunciar aos alimentos futuros. A não postulação em juízo é 
interpretada apenas como falta de exercício, não significando renúncia. 
Completa-se com o art. 1.708 do Código Civil, segundo o qual, “com o casamento, a união 
estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos”. 
Acrescenta o parágrafo único: “Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se 
tiver procedimento indigno em relação ao devedor”. 
3.3. PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. OBJETO E MONTANTE DAS 
PRESTAÇÕES 
Dispõe o § 1º do art. 1.694 do Código Civil: 
“Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da 
pessoa obrigada”. 
São pressupostos da obrigação de prestar alimentos: 
� a) existência de um vínculo de parentesco; 
� b) necessidade do reclamante; 
� c) possibilidade da pessoa obrigada; 
� d) proporcionalidade. 
Preceitua de forma mais explícita o art. 1.695 do Código Civil: 
“São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo 
seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do 
necessário ao seu sustento”. 
 
11 
Só pode reclamar alimentos,assim, o parente que não tem recursos próprios e está 
impossibilitado de obtê-los, por doença, idade avançada ou outro motivo relevante. 
Aplica-se aos alimentos devidos em razão do casamento e da união estável o disposto no 
parágrafo único do art. 1.708 do Código Civil, segundo o qual cessa o direito do credor a 
alimentos, “se tiver procedimento indigno em relação ao devedor”. 
O art. 1.694 do Código Civil USA EXPRESSÃO AMPLA, REFERINDO-SE A ALIMENTOS 
COMO SENDO TUDO AQUILO DE QUE A PESSOA NECESSITA “para viver de modo 
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação”, e não 
apenas para garantir a sua subsistência. 
O fornecimento de alimentos depende, também, das possibilidades do alimentante. 
Não se pode condenar ao pagamento de pensão alimentícia quem possui somente o 
estritamente necessário à própria subsistência. 
Desse modo, “se o alimentante possui tão somente o indispensável à própria mantença, não 
é justo seja ele compelido a desviar parte de sua renda, a fim de socorrer o parente 
necessitado. A lei não quer o perecimento do alimentado, mas também não deseja o 
sacrifício do alimentante. Não há direito alimentar contra quem possui o estritamente 
necessário à própria subsistência”. 
O requisito da proporcionalidade é também exigido no aludido § 1º do art. 1.694, ao 
mencionar que os alimentos devem ser fixados “na proporção” das necessidades do 
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”, impedindo que se leve em conta somente 
um desses fatores. 
Não deve o juiz, pois, fixar pensões de valor exagerado, nem por demais reduzido, 
devendo estimá-lo com prudente arbítrio, sopesando os dois vetores a serem analisados, 
necessidade e possibilidade, na busca do equilíbrio entre eles. 
No exame da capacidade do alimentante deve o juiz ter em conta a renda líquida por ele 
obtida, pois muitas vezes, malgrado o expressivo patrimônio imobiliário, tais bens não lhe 
proporcionam renda suficiente para o pagamento de pensão elevada. 
Esse montante pode, todavia, variar para mais ou para menos, conforme as circunstâncias. 
Se forem diversos os filhos e, portanto, maior a necessidade de auxílio, é razoável que a 
porcentagem seja aumentada, dentro das possibilidades do alimentante. 
Se a mulher também trabalha, é justo que as responsabilidades sejam divididas, reduzindo-
se a porcentagem a ser paga pelo varão. 
Por outro lado, se a mulher não tem filhos e é apta para o trabalho, deve fazê-lo para não 
onerar em demasia o marido obrigado a prestar-lhe alimentos. 
OBSERVAÇÃO: Só se deve, porém, fixar alimentos em porcentagem sobre os 
vencimentos do alimentante quando estes são determinados em remuneração fixa. 
Quando se trata principalmente de profissional liberal, com rendimentos variáveis e 
auferidos de diversas fontes, mostra-se mais eficiente e recomendável o arbitramento de 
quantia certa, sujeita aos reajustes legais. 
►Ademais, não deve o juiz, ao analisar as possibilidades financeiras do alimentante 
empresário ou profissional liberal, ater-se apenas ao rendimento por ele admitido, mas 
levar em conta também os sinais exteriores de riqueza, como carros importados, barcos, 
viagens, apartamentos luxuosos, casa de campo ou de praia etc. 
 
12 
O quantum fixado não é imutável, pois, se houver modificação na situação econômica das 
partes, poderá qualquer delas ajuizar ação revisional de alimentos, com fundamento no art. 
1.699 do Código Civil, para pleitear a exoneração, redução ou majoração do encargo. 
A jurisprudência considera que o termo vencimentos, salários ou proventos, não 
acompanhado de qualquer restrição, somente pode corresponder à totalidade dos 
rendimentos auferidos pelo devedor no desempenho de sua função ou de suas atividades 
empregatícias, compreendendo também o 13º mês de salário ou gratificação natalina. 
A pensão deve ser estipulada em percentual sobre os rendimentos auferidos pelo devedor, 
considerando-se, porém, somente as verbas de caráter permanente, como o salário recebido 
no desempenho de suas atividades empregatícias, o 13º salário e outras, excluindo-se as 
recebidas eventualmente, como as indenizações por conversão de licença-prêmio ou férias 
em pecúnia, o levantamento do FGTS (que se destina a fins específicos), as eventuais horas 
extras, o reembolso de despesas de viagens etc. 
Os alimentos decorrem também de dever familiar, como ocorre na relação entre os pais e 
os filhos menores, entre cônjuges e companheiros ou conviventes. 
O dever de sustentar os filhos menores é expresso no art. 1.566, IV, do Código Civil e é 
enfatizado nos arts. 1.634, I, e 229, este da Constituição. 
Decorre do poder familiar e deve ser cumprido incondicionalmente, não concorrendo os 
pressupostos da obrigação alimentar. Subsiste independentemente do estado de 
necessidade do filho, ou seja, mesmo que este disponha de bens, recebidos por herança 
ou doação. 
Assim, os filhos maiores que, por incapacidade ou enfermidade, não estiverem em 
condições de prover à própria subsistência, poderão pleitear também alimentos, mas com 
este outro fundamento, sujeitando-se à comprovação dos requisitos da necessidade e da 
possibilidade. Tal obrigação pode durar até a morte. 
Reiterada jurisprudência tem, contudo, afirmado a não cessação da obrigação alimentar 
paterna diante da simples maioridade do filho, determinando a manutenção do encargo 
até o limite de 24 anos deste — limite este extraído da legislação sobre o imposto de 
renda —, enquanto estiver cursando escola superior, salvo se dispuser de meios próprios 
para sua manutenção. 
O STJ consolidou a sua jurisprudência no sentido de que o cancelamento da pensão 
alimentícia e dos descontos em folha de pagamentos, quando o alimentando atinge a 
maioridade, não deve ser automático, exigindo-se instrução sumária, em respeito ao 
contraditório, nos próprios autos da ação em que foi fixada a contribuição ou em ação 
autônoma de revisão. 
Na oportunidade, será apurada a eventual necessidade de o credor continuar recebendo o 
pensionamento. Nesse sentido a Súmula 358 do referido Tribunal: 
 “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão 
judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”. 
3.4. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS: QUEM DEVE PRESTAR ALIMENTOS E QUEM 
PODE RECLAMÁ-LOS 
O DEVER DE SUSTENTO recai somente sobre os pais (CC, art. 1.566, IV), pois TEM SUA 
CAUSA NO PODER FAMILIAR, não se estendendo aos outros ascendentes. 
E NÃO É RECÍPROCO, ao contrário da OBRIGAÇÃO ALIMENTAR do art. 1.694, que o é 
entre todos os ascendentes e descendentes. Esta, mais ampla, de caráter geral e não 
 
13 
vinculada ao poder familiar, decorre da relação de parentesco, em linha reta e na colateral 
até o segundo grau, do casamento e da união estável. 
É indeclinável a obrigação alimentar dos genitores em relação aos filhos incapazes, sejam 
menores, interditados ou impossibilitados de trabalhar e perceber o suficiente para a sua 
subsistência em razão de doença ou deficiência física ou mental. 
A necessidade, nesses casos, é presumida. Obviamente, se o filho trabalha e ganha o 
suficiente para o seu sustento e estudos, ou possui renda de capital, não se cogita de fixação 
da verba alimentícia, ainda que incapaz. Se trabalha e não percebe o suficiente, a 
complementação pelos genitores é de rigor. 
Dispõe o art. 1.701, caput, do Código Civil que: 
 “a pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e 
sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor”. Acrescenta 
o parágrafo único que 
 “compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação”. 
A obrigação de prestar alimentos, no TOCANTE AO MODO DE CUMPRIMENTO, é 
alternativa, pois há,nos termos do dispositivo em apreço, duas modalidades: 
� a) mediante prestação em dinheiro, sob a forma de pensão periódica, ou em 
espécie (pensão alimentícia imprópria); 
� b) mediante recebimento do alimentando em casa, fornecendo-lhe hospedagem e 
sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando 
menor (pensão alimentícia própria). 
O direito de escolha cabe ao devedor, mas não é absoluto. Compete ao juiz, se as 
circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação, como consta do 
parágrafo único do art. 1701. 
Se o credor não concordar com a escolha ou a determinação judicial, exonerar-se-á o 
devedor. Não pode o magistrado, todavia, constranger o primeiro a coabitar com o 
segundo, se existe, por exemplo, como observa WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, 
situação de incompatibilidade entre alimentante e alimentado. Tal convivência, conclui, 
“contribuiria certamente para recrudescimento da incompatibilidade, convertendo-se em 
fonte de novos atritos”. 
De qualquer modo, a escolha feita pelo devedor, ou a fixação pelo juiz, jamais será 
definitiva, pois do mesmo modo que a pensão alimentícia pode ser revista, pode sê-lo 
igualmente o modo de cumprimento da obrigação. 
►Pode ser convencionado o pagamento da pensão em espécie, sob a forma de 
fornecimento direto de gêneros alimentícios (cesta básica, p. ex.), roupas, remédios etc., 
bem como de mensalidades escolares, plano de saúde e até mesmo aluguel de imóvel 
residencial do alimentando. 
A doutrina é uniforme no sentido da inadmissibilidade de obrigação alimentar entre 
pessoas ligadas pelo vínculo da afinidade, perante o nosso direito. Todavia, embora não 
incumba aos afins a prestação de alimentos, quem os presta em cumprimento de uma 
obrigação natural do dever de solidariedade familiar não tem direito a repetição. 
Somente quatro classes de parentes são, pois, OBRIGADAS À PRESTAÇÃO DE 
ALIMENTOS, em ordem preferencial, formando uma verdadeira hierarquia no 
parentesco: 
� a) pais e filhos, reciprocamente; 
 
14 
� b) na falta destes, os ascendentes, na ordem de sua proximidade; 
� c) os descendentes, na ordem da sucessão; 
� d) os irmãos, unilaterais ou bilaterais, sem distinção ou preferência. 
Os demais parentes, consequentemente, não se acham sujeitos ao encargo familiar. Este, na 
linha colateral, não vai além do segundo grau, o que “colide com o direito sucessório, que, 
em nossa legislação, vai até o quarto grau (Cód. Civil de 2002, art. 1.839). 
Todos os filhos, inclusive os havidos fora do matrimônio e os adotivos, têm direito ao 
benefício (CC, art. 1.705; CF, art. 227, § 6º), “sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de 
qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça”. 
O filho somente pode pedir alimentos ao avô se faltar o pai ou se, existindo, não tiver 
condições econômicas de efetuar o pagamento. 
Tem a jurisprudência proclamado, nessa linha, que a admissibilidade da ação contra os 
avós dar-se-á na ausência ou absoluta incapacidade dos pais. 
Entende-se por ausência: 
� a) aquela juridicamente considerada (CC, art. 22); 
� b) desaparecimento do genitor obrigado, estando ele em local incerto e não sabido 
(ausência não declarada judicialmente); e 
� c) morte. 
A incapacidade do principal obrigado pode consistir em: 
� a) na impossibilidade para o exercício de atividade laborativa decorrente de estado 
mórbido, por doença ou deficiência; 
� b) na reconhecida velhice incapacitante; 
� c) na juventude não remunerada pelo despreparo e incapacidade para o exercício de 
atividade rentável; 
� d) na prisão do alimentante em face da prática de delito, enquanto durar a pena. 
Se faltam ascendentes, a obrigação alcança os descendentes, segundo a ordem de 
sucessão (CC, art. 1.697). 
 São convocados os filhos, em seguida os netos, depois os bisnetos etc. O pai somente pode 
pedir alimentos ao neto se faltar o filho ou, se existindo, este não estiver em condições de 
responder pelo encargo, havendo também neste caso a possibilidade de o neto ser chamado 
a complementar a pensão, que o filho não pode pagar por inteiro. 
Inexistindo descendentes, o encargo recai sobre os irmãos, germanos ou unilaterais, sem 
distinção de qualquer espécie. 
Na linha colateral, portanto, a obrigação restringe-se aos irmãos do necessitado (CC, art. 
1.697). 
►Por essa razão se tem negado pedido de alimentos formulado contra tios, ou destes 
contra os sobrinhos, colaterais em terceiro grau. 
►Incabível igualmente ação de alimentos entre primos, colaterais em quarto grau. 
4. ALIMENTOS DECORRENTES DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E 
DA UNIÃO ESTÁVEL 
A dicção do art. 1.694 do novo diploma permite concluir que devem ser aplicados aos 
alimentos devidos em consequência da dissolução da união estável os mesmos princípios 
e regras aplicáveis à separação judicial. 
 
15 
O cônjuge inocente e desprovido de recursos, todavia, terá direito a pensão, a ser paga 
pelo outro, fixada com obediência aos critérios estabelecidos no aludido art. 1.694 e 
destinada, portanto, a proporcionar-lhe um modo de vida compatível com a sua condição 
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação, e não apenas para suprir o 
indispensável à sua subsistência (art. 1.702). 
OBSERVAÇÃO: Ressalvamos o nosso entendimento de que a “PEC do Divórcio” 
revogou tacitamente os arts. 1.702 e 1.704 do Código Civil, não mais admitindo a 
discussão sobre a culpa nas ações de divórcio, a separação de direito e o divórcio 
conversão. 
CESSA O DEVER DE PRESTAR ALIMENTOS COM “O CASAMENTO, A UNIÃO 
ESTÁVEL OU O CONCUBINATO DO CREDOR” (CC, ART. 1.708). 
Por outro lado, perde o direito a alimentos o credor que “tiver procedimento indigno em 
relação ao devedor” (art. 1.708, parágrafo único). 
Anote-se que não apenas o concubinato, definido no art. 1.727 do novo diploma como 
“relações não eventuais entre o homem e a mulher impedidos de casar”, mas igualmente o 
procedimento indigno passam a constituir fundamento para a exoneração do cônjuge 
devedor. 
O novo casamento do cônjuge devedor, no entanto, “não extingue a obrigação constante 
da sentença de divórcio” (art. 1.709). É vedado, portanto, alegar nova união para reduzir o 
pensionamento anterior. 
Quer o devedor constitua família, quer estabeleça qualquer relacionamento afetivo ou 
amoroso, não cessa a obrigação alimentar reconhecida na sentença de divórcio. 
Tendo o art. 1.694 do Código Civil estatuído a obrigação alimentar entre os companheiros, 
colocando-os junto com os parentes e os cônjuges, aplicam-se, com relação a eles, as 
disposições constantes do mencionado dispositivo, tais como: 
� a) o companheiro pode pedir ao outro os alimentos de que necessite “para viver de 
modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às 
necessidades de sua educação”; 
� b) os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e 
dos recursos da pessoa obrigada; 
� c) os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a 
necessidade do companheiro reclamante resultar de culpa sua; 
� d) somente serão devidos alimentos ao companheiro quando este não tem bens 
suficientes, nem pode prover ao seu sustento pelo trabalho, e aquele de quem se 
reclamam pode fornecê-los sem desfalque do necessário ao seu sustento; 
� e) o direito de alimentos entre companheiros é recíproco, podendo o credor não o 
exercer, sendo-lhe vedado, contudo, renunciá-lo; 
� f) falecendo o companheiro obrigado a prestar alimentos, essa obrigação transmite-
se aos seus herdeiros, “na forma do art. 1.694”; 
� g) com o casamento, união estável ou concubinato do companheiro, cessa o dever 
de prestar alimentos, do mesmo modo que cessa esse direito se aquele tiver com 
relação ao devedor um procedimento indigno. 
►Admite-sea fixação de alimentos transitórios, devidos por prazo certo, a ex-cônjuge. 
OBSERVAÇÃO: O Projeto de Lei n. 504, de 2007, apresentado, por sugestão do IBDFAM, 
na Câmara Federal pelo Deputado Sérgio Barradas Carneiro, e já aprovado na Comissão de 
Seguridade Social e Família, dispõe sobre a prestação de alimentos na separação, no 
divórcio e na dissolução de união estável independentemente da culpa; e, sobre a 
possibilidade de renúncia quando a obrigação for oriunda de relação conjugal ou de união 
 
16 
estável, mas não quando decorrer de parentesco. O referido projeto propõe a revogação do 
§ 2º do art. 1.694, e dos arts. 1.704 e 1.705, bem como nova redação para os arts. 1.702, 1.707 e 
1.709 do Código Civil. 
5. MEIOS DE ASSEGURAR O PAGAMENTO DA PENSÃO 
Para garantir o direito à pensão alimentícia e o adimplemento da obrigação, dispõe o 
credor dos seguintes meios: 
� a) ação de alimentos, para reclamá-los (Lei n. 5.478/68); 
� b) execução por quantia certa (CPC, art. 732); 
� c) penhora em vencimento de magistrados, professores e funcionários públicos, 
soldo de militares e salários em geral, inclusive subsídios de parlamentares (CPC, 
art. 649, IV); 
� d) desconto em folha de pagamento da pessoa obrigada (CPC, art. 734); 
� e) reserva de aluguéis de prédios do alimentante (Lei n. 5.478, art. 17); 
� f) entrega ao cônjuge, mensalmente, para assegurar o pagamento de alimentos 
provisórios (Lei n. 5.478/68, art. 4º, parágrafo único), de parte da renda líquida dos 
bens comuns, administrados pelo devedor, se o regime de casamento for o da 
comunhão universal de bens; 
� g) constituição de garantia real ou fidejussória e de usufruto (Lei n. 6.515/77, art. 
21); 
� h) prisão do devedor (Lei n. 5.478/68, art. 21; CPC, art. 733). 60 dias de prisão lei de 
alimentos – até 90 dias de prisão CPC. 
5.1. AÇÃO DE ALIMENTOS 
A Lei n. 5.478, de 25 de julho de 1968, conhecida como “Lei de Alimentos”, estabelece 
procedimento especial, concentrado e mais célere, para a ação de alimentos. 
Só pode valer-se, todavia, desse rito quem puder apresentar prova pré-constituída do 
parentesco (certidão de nascimento) ou do dever alimentar (certidão de casamento ou 
comprovante do companheirismo). Quem não puder fazê-lo, terá de ajuizar ação ordinária. 
Dispõe o art. 1.706 do Código Civil que 
“os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”. 
A legitimidade ativa para propor ação de alimentos é dos filhos, devendo os pais 
representá-los ou assisti-los, conforme a idade. 
A Lei n. 8.560/92, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do 
casamento, dispõe em seu art. 7º que, 
 “sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos 
provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite”. 
Proclama a Súmula 277 do STJ, por sua vez: 
“Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação”. 
Dispõe o art. 100, II, do Código de Processo Civil, com o propósito de beneficiar a parte 
mais fraca na demanda, que é competente o foro “do domicílio ou da residência do alimentando, 
para a ação em que se pedem alimentos”. 
Mantém-se a mesma regra para as hipóteses de ação revisional de alimentos e para a 
hipótese de oferta dos alimentos por parte do devedor. 
 
17 
►O art. 24 da Lei de Alimentos (Lei n. 5.478/68) possibilita, com efeito, àquele que deve 
alimentos tomar a iniciativa de judicialmente oferecê-los, estatuindo: 
 “A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência comum por motivo que não 
necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os rendimentos de que dispõe e 
de pedir a citação do credor, para comparecer à audiência de conciliação e julgamento destinada à 
fixação dos alimentos a que está obrigada”. 
Ao despachar a inicial da ação de rito especial (art. 4º), o juiz fixará desde logo alimentos 
provisórios, em geral, na base de um terço dos rendimentos do devedor, como dito 
anteriormente, SENDO DE SALIENTAR-SE QUE A LEI NÃO ESTABELECE NENHUM 
CRITÉRIO. 
Malgrado a ambiguidade do texto, o juiz não deve fixar de ofício os alimentos provisórios, 
mas somente se o interessado o requerer (CPC, art. 2º). 
►Deve o magistrado, todavia, agir com prudência e cautela, para evitar injustiças, tendo em 
vista que o autor costuma, na inicial, exagerar os ganhos do alimentante. 
Os arts. 19 e 20 da Lei n. 5.478/68 permitem a requisição judicial de informações sobre os 
ganhos e a situação econômico-financeira do alimentante às empresas e “repartições 
públicas, civis ou militares, inclusive do Imposto de Renda”, destinadas a possibilitar 
melhor avaliação das reais possibilidades do responsável pela obrigação alimentar. 
Cabe pedido de revisão de alimentos provisórios fixados na inicial, que será sempre 
processado em apartado, “se houver modificação na situação financeira das partes” (Lei n. 
5.478/68, art. 13, § 1º). 
Em qualquer caso, “os alimentos fixados retroagem à data da citação” (§ 2º), a partir de quando 
as prestações são devidas. 
Processar-se-á em apartado também a execução dos alimentos provisórios. Os 
provisionais, como já referido, serão fixados pelo juiz nos termos da lei processual (CC, art. 
1.706) e, como medida cautelar, devem ser requeridos em autos apartados, mediante 
comprovação do periculum in mora e do fumus boni iuris. 
Deve o juiz determinar ainda, ao despachar a inicial, 
 “que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda líquida dos bens comuns, administrados 
pelo devedor”, se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge “casado pelo regime da 
comunhão universal de bens” (Lei n. 5.478/68, art. 4º, parágrafo único). 
Trata o dispositivo em apreço de situação bastante comum, de litígio entre marido e 
mulher, em que aquele administra o patrimônio comum. Podem surgir problemas 
quando o cônjuge que não tem a administração do acervo comum obtém autorização 
judicial para perceber determinados rendimentos, como o aluguel de certo imóvel, por 
exemplo. 
Na SENTENÇA, o juiz fixa alimentos segundo seu convencimento, não estando adstrito, 
necessariamente, ao quantum pleiteado na inicial. 
OBSERVAÇÃO: Não constitui, assim, julgamento ultra petita a fixação da pensão 
ACIMA DO POSTULADO NA EXORDIAL pois o critério é a necessidade do alimentando 
e a possibilidade do alimentante. 
A pensão deve ser estipulada em percentual sobre os rendimentos auferidos pelo 
devedor, considerando-se SOMENTE AS VERBAS DE CARÁTER PERMANENTE, como o 
salário recebido no desempenho de suas atividades empregatícias, o 13º salário e outras, 
EXCLUINDO-SE as recebidas eventualmente, como as indenizações por conversão de 
 
18 
licença-prêmio ou férias em pecúnia, o levantamento do FGTS (que se destina a fins 
específicos), as eventuais horas extras, o reembolso de despesas de viagens etc. 
OBSERVAÇÃO: Quando adotado VALOR FIXO, a pensão será atualizada “segundo 
índice oficial regularmente estabelecido” (CC, art. 1.710), mas poderá ser determinada a 
atualização com base no salário mínimo, não obstante a vedação enunciada no art. 7º, IV, 
in fine, da Constituição Federal, em função da identidade de fins da pensão alimentar e do 
salário mínimo, como sendo aquilo que representa o mínimo necessário para a subsistência 
da pessoa. 
O legislador, estabelecendo rito especial célere e simplificado para as ações de alimentos, 
teve em mira facilitar a posição do litigante necessitado, não só no tocante à propositura da 
demanda, ampliando as vias da assistência judiciária e substituindo a petição inicial por 
declaração tomada por termo em cartório, como também facilitando a citação do devedor, 
mediante comunicação em carta postal com aviso de recebimento, e a prática dos atos 
subsequentes.Dispõe o art. 6º da citada Lei de Alimentos: 
“Na audiência de conciliação e julgamento deverão estar presentes autor e réu, independentemente de 
intimação e de comparecimento de seus representantes”. 
Acrescenta o art. 7º que 
“o não comparecimento do autor determina o arquivamento do pedido, e a ausência do réu importa 
em revelia, além de confissão quanto à matéria de fato”. 
Preceitua o art. 9º da Lei n. 5.478/68: 
 “Aberta a audiência, lida a petição, ou o termo, e a resposta, se houver, ou dispensada a leitura, o juiz 
ouvirá as partes litigantes e o representante do Ministério Público, propondo conciliação”. 
Os alimentos provisórios são devidos desde a sua fixação, no despacho inicial, até a 
sentença final, quando serão substituídos pelos definitivos, que retroagem à data da 
citação, conforme o art. 13, § 2º, da Lei de Alimentos. 
PRESCRIÇÃO: novo Código Civil reduziu, de 05 (cinco) (como constava no diploma de 
1916) para 02 (dois) anos, o prazo prescricional da pretensão “para haver prestações 
alimentares, a partir da data em que se vencerem” (art. 206, § 2º). Nos casos concretos, 
ocorrerá a prescrição em cada prestação, isoladamente (MÊS A MÊS). 
5.2. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS 
Sendo variáveis, em razão de diversas circunstâncias, os pressupostos objetivos de 
obrigação de prestar alimentos — necessidade do reclamante e possibilidade da pessoa 
obrigada —, permite a lei que, neste caso, se proceda à alteração da pensão, mediante 
AÇÃO REVISIONAL ou AÇÃO DE EXONERAÇÃO, pois toda decisão ou convenção a 
respeito de alimentos traz ínsita a cláusula “rebus sic stantibus”. 
Por isso, se diz que a sentença proferida em ação de alimentos NÃO FAZ COISA JULGADA 
MATERIAL, mas APENAS FORMAL, no sentido de que se sujeita a reexame ou revisão, 
independentemente de esgotamento de todos os recursos. 
Nessas condições, conforme dispões o art. 1.699 CC: 
 “se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem 
os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou 
majoração do encargo”. 
 
19 
 Desse modo, se o alimentante, depois de fixado o quantum alimentar com base nos seus 
ganhos líquidos, é promovido ou obtém sucesso em sua atividade profissional, comercial, 
industrial ou artística, por exemplo, com melhoria de sua situação econômico-financeira, 
pode o alimentando, em face desses fatos supervenientes, pleitear majoração da pensão, 
na proporção de suas necessidades. 
Se, todavia, ocorre o contrário, ou seja, se o alimentante, em razão de diversas causas, como 
falência, doença impeditiva do exercício de atividade laborativa, perda do emprego e 
outras, sofre acentuada diminuição em seus ganhos mensais a ponto de não mais ter 
condições de arcar com o pagamento das prestações, assiste-lhe o direito de reivindicar a 
redução do aludido quantum ou mesmo, conforme as circunstâncias, completa exoneração 
do encargo alimentar. 
As necessidades do alimentando podem servir também de motivo para a majoração da 
pensão. À medida que os filhos crescem, as necessidades e as despesas aumentam, 
principalmente quando atingem a puberdade, sendo maiores nessa etapa da vida as 
exigências femininas. 
Outras vezes a necessidade de receber maior auxílio tem por causa doença grave de 
tratamento prolongado e de alto custo ou o ingresso em dispendiosa instituição particular 
de ensino. 
OBSERVAÇÃO: O desemprego não tem sido considerado causa de exoneração definitiva 
da obrigação de prestar alimentos. Ao reverso, tem-se decidido que o desemprego ocasional 
do alimentante não incapacita a prestação alimentícia para o efeito de exoneração, podendo 
apenas justificar inadimplência transitória. 
►A ação revisional dos alimentos definitivos segue o mesmo rito da Lei n. 5.478/68. 
Preceitua o art. 13, caput, da mencionada lei que o nela disposto aplica-se igualmente, no 
que couber, (...) “à revisão de sentenças proferidas em pedidos de alimentos”. 
Inexiste prevenção para a ação revisional ou exoneratória, sujeitando--se à regra especial 
de competência ou foro do domicílio ou residência do alimentando (CPC, art. 100, II), se 
houve mudança de domicílio. 
Em linhas gerais, na revisional de alimentos devem ficar provadas não só a necessidade de 
ser a pensão aumentada, como também que o alimentante tem condições de suportar seu 
aumento. Para que o pedido seja acolhido, deve ser provada, portanto, a modificação da 
situação econômica dos interessados. 
Pedida pelo devedor a redução da pensão, compete-lhe provar a debilitação de suas 
condições econômico-financeiras, ou a redução das necessidades do credor. 
Na ação exoneratória ou de redução dos alimentos, a alegação de impossibilidade de 
pagar a pensão fixada reclama prova irrefutável e convincente. Não basta que o 
alimentante sofra alteração na sua fortuna para justificar a redução da prestação alimentícia; 
é necessário que a alteração seja de tal ordem que torne impossível o cumprimento da 
obrigação. 
OBSERVAÇÃO: Admite-se a pretensão reconvencional visando à exoneração do 
alimentante, na ação que lhe é movida com o objetivo de majorar a pensão. O Código de 
Processo Civil permite a reconvenção em qualquer ação, exigindo apenas sua conexão com 
a principal ou com o fundamento da defesa. 
5.3. MEIOS DE EXECUÇÃO DA PRESTAÇÃO NÃO SATISFEITA 
 
20 
Para garantir o fiel cumprimento da obrigação alimentar estabelece a lei diversas 
providências, dentre elas a prisão do alimentante inadimplente (CF, art. 5º, LXVII; CPC, art. 
733, caput e §§ 1º, 2º e 3º). 
Trata-se de exceção ao princípio segundo o qual não há prisão por dívidas, justificada 
pelo fato de o adimplemento da obrigação de alimentos atender não só ao interesse 
individual, mas também ao interesse público, tendo em vista a preservação da vida do 
necessitado, protegido pela Constituição Federal, que garante a sua inviolabilidade (art. 
5º, caput). 
Em razão da gravidade da execução da dívida alimentar por coerção pessoal, a 
Constituição Federal CONDICIONA A SUA APLICABILIDADE à voluntariedade e 
inescusabilidade do devedor em satisfazer a obrigação (art. 5º, LXVII). 
A aludida limitação está a recomendar uma perquirição mais ampla do elemento subjetivo 
identificado na conduta do inadimplente, com possibilidade assim de se proceder às 
investigações necessárias, ainda que de ofício, sem vinculação à iniciativa probatória das 
partes. 
Assim, a falta de pagamento da pensão alimentícia não justifica, por si, a prisão do 
devedor, medida excepcional “que somente deve ser empregada em casos extremos de 
contumácia, obstinação, teimosia, rebeldia do devedor que, embora possua os meios necessários para 
saldar a dívida, procura por todos os meios protelar o pagamento judicialmente homologado”. 
Para assegurar o cumprimento da obrigação pelo devedor, pode o credor optar desde logo 
pela execução por quantia certa, embora isto raramente ocorra, por ser de demorada 
solução. 
Em regra, só se promove a execução por quantia certa quando o devedor não efetua o 
pagamento das prestações nem mesmo depois de cumprir a pena de prisão. 
É que o cumprimento da pena não o exime do pagamento das prestações vencidas (CPC, 
art. 733; Lei n. 5.478/68, art. 19). Confira-se: 
“Devedor que, descumprindo a obrigação, cumpre a penalidade de prisão de 60 dias. Circunstância 
que não extingue a execução da prestação alimentícia”. 
Se o credor, entretanto, optar pela execução por quantia certa, iniciada esta e efetuada a 
penhora de bens, inadmissível a postulação, simultaneamente, da prisão do devedor 
inadimplente. 
Se o devedor for funcionário público, militar ou empregado sujeito a legislação do 
trabalho, a primeira opção será pelo desconto em folha de pagamento do valor da 
prestação alimentícia. 
Quando isto não forpossível, poderão as prestações ser cobradas de aluguéis de prédios ou 
de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo 
alimentante ou por depositário nomeado pelo juiz (Lei n. 5.478/68, art. 17). 
Se esses expedientes de exigência do chamado “pagamento direto” mostrarem-se 
inviáveis, daí sim poderá o credor requerer ao juiz, com base no art. 733 do Código de 
Processo Civil, a citação do devedor para, “em três dias, efetuar o pagamento, provar que 
o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo”, sob pena de prisão. 
OBSERVAÇÃO: Assinala ARAKEN DE ASSIS152, nessa trilha, que se mostra evidente o 
intuito dos arts. 16 a 18 da Lei n. 5.478/68 de estabelecer certa ordem ou gradação no uso 
dos meios executórios: “Primeiro, o desconto em folha; em seguida, a expropriação (de 
aluguéis e de outros rendimentos); por último, indiferentemente, a expropriação (de 
quaisquer bens) e a coação pessoal. Entre a coação e a genérica expropriação do patrimônio 
 
21 
do alimentante não há qualquer ordem prévia: a indicação dos arts. 732, 733 e 735, 
observou, agudamente, Sérgio Gischkow Pereira, denota simples disposição numérica 
crescente dos artigos no estatuto processual”. 
►A prisão civil por alimentos não tem caráter punitivo. Não constitui propriamente 
pena, mas meio de coerção, expediente destinado a forçar o devedor a cumprir a 
obrigação alimentar. Por essa razão, será imediatamente revogada se o débito for pago. 
Dispõe o art. 733, § 3º, do Código de Processo Civil: “Paga a prestação alimentícia, o juiz 
suspenderá o cumprimento da ordem de prisão”. 
Não há empeço a que terceiro, interessado ou não, para evitar a prisão do devedor, efetue o 
pagamento do débito alimentar. Desse modo, “na execução da dívida alimentar devida pelo 
marido à mulher, o filho do casal tem legítimo interesse em solver o débito e extinguir a 
obrigação; em primeiro lugar, com o propósito de superar a divergência dos genitores, que 
tem sempre repercussão em toda a família; depois, para procurar evitar a prisão do pai, com 
todos os consectários, assim na família como no ambiente social em que vivem seus 
integrantes; por fim, para evitar forma de execução mais gravosa para o devedor”. 
A jurisprudência dominante entende não poder o juiz decretar, de ofício, a prisão do 
devedor. Tal decretação depende de requerimento do credor, embora se reconheça ser 
desnecessário pedido expresso. Este pode ser deduzido do requerimento de instauração do 
processo de execução na modalidade do art. 733 do Código de Processo Civil, que prevê a 
pena de prisão, bastando também expressões como citação do devedor para pagamento 
“sob as penas da lei” ou “sob as cominações legais”. 
A legitimação para o pedido de prisão é exclusivamente do alimentando ou de seu 
representante legal, se incapaz. O Ministério Público, como geralmente atua nestas ações 
apenas como fiscal do processo, em defesa dos interesses do menor (CPC, art. 82, I e II), não 
pode pedir a prisão do obrigado. 
Poderá fazê-lo, entretanto, quando se tratar de promotor da infância e da juventude, 
colocando-se como substituto processual, com legitimação extraordinária para a iniciativa 
da ação alimentar em favor do menor, nas hipóteses regidas pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (arts. 98, II, e 201, III). 
Quanto ao prazo da prisão civil, há jurisprudência que faz a seguinte distinção: 
� se se trata de alimentos definitivos ou provisórios, o PRAZO MÁXIMO DE 
DURAÇÃO é de 60 (sessenta) dias, previsto no art. 19 da Lei de Alimentos de rito 
especial; 
� em caso de falta de pagamento de alimentos provisionais, o PRAZO MÁXIMO É 
DE 03 (três) meses, estipulado no art. 733, § 1º, do Código de Processo Civil. 
OBSERVAÇÃO: Tem prevalecido o critério unitário de duração máxima de sessenta dias, 
aplicando-se a todos os casos o art. 19 da Lei de Alimentos, por se tratar de lei especial, além 
de conter regra mais favorável ao paciente da medida excepcional (odiosa restringenda). 
 Ao decretar a prisão o juiz deverá dosar o tempo de duração segundo as circunstâncias, 
sempre respeitando, porém, o limite máximo de sessenta dias. Caracteriza-se como ilegal a 
estipulação no que exceder àquele limite. 
O despacho que decreta a prisão do devedor deve ser, conforme iterativa jurisprudência, 
devidamente fundamentado, com exame, sob pena de nulidade, da justificativa concernente 
à impossibilidade material do cumprimento da obrigação, a fim de propiciar, inclusive, os 
indispensáveis elementos para a defesa identificar os motivos da constrição pessoal. 
Só o descumprimento da prestação alimentícia sujeita o devedor a prisão, não assim o 
não pagamento de outras verbas, como custas, despesas periciais e honorários de 
 
22 
advogado, que não podem ser incluídas no mandado de citação a que se refere o art. 733 
do Código de Processo Civil. 
Consideram-se tais verbas parcelas autônomas, cuja falta de pagamento não acarreta a 
medida coercitiva, uma vez que não se admite a prisão civil por dívida, segundo o preceito 
constitucional do art. 5º, LXVII. 
Qualquer acréscimo que se queira fazer à responsabilidade do alimentante desnatura a 
obrigação alimentar, tornando ilegal a prisão decorrente de seu inadimplemento. 
Destarte, a parcela das custas e dos honorários deve ser reclamada pelo processo executivo 
comum, pois a dívida de alimentos que justifica a prisão civil não pode conter débito de 
outra origem. 
►Havendo o deferimento da prisão civil, bem como o indeferimento, como decisão 
interlocutória, o recurso cabível é o agravo de instrumento. 
Cumprida a pena de prisão, o devedor não poderá ser novamente preso pelo não 
pagamento das mesmas prestações vencidas, mas poderá sê-lo outras vezes mais, quantas 
forem necessárias, se não pagar novas prestações que se vencerem. 
Têm os tribunais proclamado que a prisão civil tem em vista a preservação da vida e 
somente poderá ser imposta para compelir o alimentante a suprir as necessidades atuais do 
alimentário, representadas pelas três últimas prestações, devendo as pretéritas ser cobradas 
em procedimento próprio. 
 O STJ tem decidido iterativamente, com efeito: “A execução de alimentos prevista pelo 
art. 733 do Código de Processo Civil restringe-se às três prestações anteriores ao 
ajuizamento da execução e às que vencerem no seu curso, conforme precedentes desta 
Corte”. 
Esse reiterado posicionamento resultou na edição da Súmula 309, do seguinte teor: 
“O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações 
anteriores à citação e as que vencerem no curso do processo”. 
►Não pode o magistrado impor, de ofício, o rito do art. 733 do estatuto processual 
somente para a cobrança das três últimas prestações, cindindo-se a das pretéritas pelo rito 
do art. 732. 
►A quitação parcial do débito relativo à pensão alimentícia não tem o condão de elidir a 
dívida e, por isso, não gera a revogação do decreto prisional, expedido por falta de 
pagamento da obrigação. 
►Tem a jurisprudência, especialmente a do STJ, proclamado que, se o processo de 
execução de alimentos é suspenso por força de acordo entre as partes, o inadimplemento 
deste “autoriza o restabelecimento da ordem de prisão anteriormente decretada, 
independentemente de nova citação do devedor. Basta a intimação do respectivo 
procurador”. 
6. ALIMENTOS GRAVÍDICOS 
Uma considerável parcela da jurisprudência tem reconhecido a legitimidade processual do 
nascituro, representado pela mãe, para propor AÇÃO DE ALIMENTOS ou AÇÃO DE 
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE COM PEDIDO DE ALIMENTOS. 
Mesmo a corrente que franqueia ao nascituro o acesso ao Judiciário impõe-lhe, porém, como 
requisito, a demonstração prévia do vínculo de paternidade, como o exige o art. 2º da Lei de 
Alimentos (Lei n. 5.478, de 25-7-1968). 
 
23A Lei n. 11.804, de 5 de novembro de 2008, que regulou os alimentos gravídicos, veio 
resolver esse problema, conferindo legitimidade ativa à própria gestante para a 
propositura da ação de alimentos. O objetivo da referida lei, em última análise, é 
proporcionar um nascimento com dignidade ao ser concebido. 
CONCEITO: Alimentos gravídicos, segundo o art. 2º da citada Lei, são os destinados a 
cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da 
concepção ao parto. 
Tais despesas compreendem (o rol não é taxativo) as referentes a: 
� “alimentação especial, 
� assistência médica e psicológica, 
� exames complementares, 
� internações, 
� parto, 
� medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a 
juízo do médico, além de outras que o juiz considerar pertinentes”. 
Preceitua o art. 1º da lei em epígrafe: 
“Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido”. 
A legitimidade para a propositura da ação de alimentos é, portanto, da mulher gestante, 
independentemente de qualquer vínculo desta com o suposto pai. Basta a existência de 
indícios de paternidade, para que o juiz fixe os alimentos gravídicos, que perdurarão até o 
nascimento da criança (art. 6º). 
Ao fazê-lo, o juiz sopesará as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. 
A legitimidade passiva foi atribuída exclusivamente ao suposto pai, não se estendendo a 
outros parentes do nascituro. 
Compete à gestante o ônus de provar a necessidade de alimentos. O suposto pai não é 
obrigado a arcar com todas as despesas decorrentes da gravidez. 
O parágrafo único do art. 2º da lei em apreço proclama que 
 “os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo 
futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na 
proporção dos recursos de ambos”. 
Dispõe o parágrafo único do art. 6º da referida Lei que, 
 “após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em 
favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão”. 
A petição inicial da ação de alimentos gravídicos deve vir instruída com a comprovação 
da gravidez e dos indícios de paternidade do réu (por exemplo, cartas, emails ou outro 
documento em que o suposto pai admite a paternidade; comprovação da hospedagem do 
casal em hotel, pousada ou motel, no período da concepção; fotografias que comprovem o 
relacionamento amoroso do casal no período da concepção etc.). 
O Juiz não pode determinar a realização de exame de DNA por meio da coleta de líquido 
amniótico, em caso de negativa da paternidade, porque pode colocar em risco a vida da 
criança, além de retardar o andamento do feito. Todavia, após o nascimento com vida, o 
vínculo provisório da paternidade pode ser desconstituído mediante ação de exoneração da 
obrigação alimentícia, com a realização do referido exame. 
 
24 
Julgada improcedente a ação de alimentos, descabe ação de repetição de indébito por 
parte do suposto pai, relativa aos pagamentos efetuados, em virtude do princípio da 
irrepetibilidade dos alimentos.

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