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11 - DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO

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UNIDADE VIII - DAS RELAÇÕES DE 
PARENTESCO 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
1. INTRODUÇÃO 
As pessoas unem-se em uma família em razão de 
vínculo conjugal ou união estável, de parentesco por 
consanguinidade ou outra origem, e da afinidade. 
CONCEITO: Para PONTES DE MIRANDA, 
parentesco é a relação que vincula entre si pessoas 
que descendem umas das outras, ou de autor 
comum (consanguinidade), que aproxima cada um 
dos cônjuges dos parentes do outro (afinidade), ou 
que se estabelece, por “fictio iuris”, entre o adotado e 
o adotante. 
PARENTESCO EM SENTIDO ESTRITO: Em 
sentido estrito, a palavra “parentesco” abrange 
somente o consanguíneo, definido de forma mais 
correta como a relação que vincula entre si pessoas 
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que descendem umas das outras, ou de um mesmo 
tronco. 
PARENTESCO EM SENTIDO AMPLO: inclui o 
PARENTESCO POR AFINIDADE e o 
DECORRENTE DA ADOÇÃO ou de outra origem, 
como algumas modalidades de técnicas de 
reprodução medicamente assistida, que, nos países 
de língua francesa, é chamada de “procréation 
médicalement assiste”. 
►►Denominaram-se no direito romano, em outros 
tempos, “agnatio” (agnação) o parentesco que se 
estabelece pelo lado masculino, e “cognatio” 
(cognação) o que se firma pelo lado feminino. 
O conhecimento da relação de parentesco “reveste-
se de grande importância prática, porque a lei lhe 
atribui efeitos relevantes, estatuindo direitos e 
obrigações recíprocos entre os parentes, de ordem 
pessoal e patrimonial, e fixando proibições com 
fundamento em sua existência. 
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Têm os parentes direito à sucessão e alimentos e 
não podem casar uns com os outros, na linha reta e 
em certo grau da colateral. O parentesco é 
importante ainda em situações individuais regidas 
por outros ramos do Direito, como o processual e o 
eleitoral. 
Com efeito, a presença de vínculos de parentesco 
próximo entre as partes e o juiz, ou o serventuário 
de justiça, acarreta a suspeição destes (CPC, art. 134, 
IV e V), impede a citação nas hipóteses do art. 217, 
II, ainda da lei processual, e produz outras 
consequências de ordem processual. 
Ademais, no âmbito do direito eleitoral, pode 
provocar a inelegibilidade do candidato, como 
sucede nos casos do art. 14, § 7º, da Constituição 
Federal. 
Por outro lado, no direito penal, a existência de 
parentesco entre a vítima e o autor do crime pode 
acarretar agravação da pena (CP, art. 61, II, e), sua 
isenção e até mesmo exclusão do Ministério Público 
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para oferecimento da denúncia, como ocorre nos 
casos dos arts. 181 e 182 do Código Penal. 
AFINIDADE é o vínculo que se estabelece entre um 
dos cônjuges ou companheiro e os parentes do outro 
(sogro, genro, cunhado etc.). 
A relação de parentesco por afinidade tem os seus 
limites traçados na lei e não ultrapassa esse plano, 
pois que não são entre si parentes os afins de afins 
(affinitas affinitatem non parit). 
Dispõe o art. 1.593 do Código Civil que: 
 “o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de 
consanguinidade ou outra origem”. 
NATURAL é o parentesco resultante de laços de 
sangue. 
CIVIL é o parentesco que recebe esse nome por 
tratar-se de uma criação da lei. 
O emprego da expressão “outra origem” constitui 
avanço verificado no Código Civil de 2002, uma vez 
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que o diploma de 1916 considerava civil apenas o 
parentesco que se originava da adoção. 
A inovação teve em vista alcançar, além da adoção, 
“as hipóteses de filhos havidos por reprodução 
assistida heteróloga, que não têm vínculo de 
consanguinidade com os pais. 
Em razão do art. 227, § 6º, da Constituição Federal, 
bem como da presunção de paternidade do marido 
que consente que sua esposa seja inseminada 
artificialmente com sêmen de terceiro, conforme o 
art. 1.597, inciso V, a pessoa oriunda de uma das 
técnicas de reprodução assistida deve ter vínculo de 
parentesco não só com os pais, mas, também, com os 
parentes destes, em linha reta e colateral”. 
O art. 1.593 do Código Civil, ao utilizar a expressão 
“outra origem”, “abre espaço ao reconhecimento da 
paternidade desbiologizada ou socioafetiva, em que, 
embora não existam elos de sangue, há laços de 
afetividade que a sociedade reconhece como mais 
importantes que o vínculo consanguíneo”. 
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Nesse sentido, preleciona EDUARDO DE 
OLIVEIRA LEITE que “a verdadeira filiação — esta 
a mais moderna tendência do direito internacional 
— só pode vingar no terreno da afetividade, da 
intensidade das relações que unem pais e filhos, 
independente da origem biológico-genética”. 
O art. 227, § 7º, da Constituição Federal, proibindo 
designações e tratamentos discriminatórios, 
atribuiu aos filhos adotivos os mesmos direitos e 
deveres oriundos da filiação biológica. 
OBSERVAÇÃO: Sublinhe-se que o nosso direito 
positivo não confere importância ao denominado 
“parentesco espiritual” (spiritualis cognatio), 
derivado das qualidades de padrinho ou madrinha 
e afilhado, cuja existência o direito canônico sempre 
reconheceu, inclusive como impedimento 
matrimonial. 
2. O VÍNCULO DE PARENTESCO: LINHAS E 
GRAUS 
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O vínculo de parentesco estabelece-se por linhas: 
RETA e COLATERAL, e a contagem faz-se por 
graus. 
Parentes em linha reta são as pessoas que 
descendem umas das outras, ou, na dicção do art. 
1.591 do Código Civil, são: “as pessoas que estão umas 
para com as outras na relação de ascendentes e 
descendentes”, tais como bisavô, avô, pai, filho, neto e 
bisneto. 
►A LINHA RETA É ASCENDENTE quando se 
sobe de determinada pessoa para os seus 
antepassados (do pai para o avô etc.). Toda pessoa, 
sob o prisma de sua ascendência, tem duas linhas 
de parentesco: a linha paterna e a linha materna. 
Essa distinção ganha relevância no campo do direito 
das sucessões, que adota, para partilhar a herança, o 
modo denominado “partilha in lineas”. 
A linha ascendente, depois de bifurcar-se entre os 
ascendentes do pai e os ascendentes da mãe, 
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prossegue em sucessivas bifurcações, pois cada 
pessoa se origina de duas. 
Por isso, fala-se em “árvore genealógica”. 
►A LINHA RETA É DESCENDENTE quando se 
desce dessa pessoa para os seus descendentes. Tal 
assertiva igualmente repercute no direito das 
sucessões, quanto ao modo de partilhar a herança 
“in stirpes”, tendo em vista que cada descendente 
passa a constituir uma estirpe relativamente aos 
seus pais. 
O parentesco em linha reta produz diversos efeitos 
importantes, merecendo destaque: 
� “o dever de assistir, criar e educar os filhos 
menores”, imposto aos pais pelo art. 229 da 
Constituição Federal, 
� o encargo de “ajudar e amparar os pais na velhice, 
carência ou enfermidade”; 
� o direito deferido aos parentes, no art. 1.694 do 
Código Civil, de pedirem uns aos outros “os 
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alimentos de que necessitem para viver de modo 
compatível com a sua condição social”; 
� a indicação dos descendentes e ascendentes, no 
art. 1.829, como sucessores legítimos, e como 
herdeiros necessários, no art. 1.845; 
� a inclusão da aludida relação no rol dos 
impedimentos absolutos à realização do 
casamento, em consequência do vínculo da 
consanguinidade etc. 
►São parentes em linha colateral, transversal ou 
oblíqua as pessoas que provêm de um tronco 
comum, “sem descenderem uma da outra”. 
É o caso de irmãos, tios, sobrinhos e primos. Na 
linha reta não há limite, pois a contagem do 
parentesco é “ad infinitum”; na colateral,este 
estende-se somente até “o quarto grau”. 
Dispõe, com efeito, o art. 1.592 do Código Civil que 
 “são parentes em linha colateral ou transversal, até o 
quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, 
sem descenderem uma da outra”. 
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O Código Civil de 2002 reduziu a limitação do 
parentesco na linha colateral, que no regime anterior 
alcançava o “sexto” grau. 
Dentre outros EFEITOS DO PARENTESCO 
COLATERAL, assinale-se 
� o que acarreta, até o terceiro grau inclusive, 
impedimento para o casamento (CC, art. 1.521, 
IV); 
� a obrigação de pagar alimentos aos parentes 
necessitados extensiva aos irmãos, que são 
colaterais de segundo grau (art. 1.697); 
� o chamamento para suceder somente dos 
colaterais até o quarto grau, no âmbito do 
direito das sucessões (art. 1.839), bem como a 
adoção do princípio de que os mais próximos 
excluem os mais remotos (art. 1.840). 
A distância entre dois parentes mede-se por graus. 
Grau, portanto, é a distância em gerações, que vai de 
um a outro parente. 
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Na linha reta, contam-se os graus “pelo número de 
gerações”. 
GERAÇÃO é a relação existente entre o genitor e o 
gerado. Assim, pai e filho são parentes em linha reta 
em primeiro grau. Já avô e neto são parentes em 
segundo grau, porque entre eles há duas gerações. 
Na linha colateral a contagem faz-se também pelo 
número de gerações. 
Parte-se de um parente situado em uma das linhas, 
subindo-se, contando as gerações, até o tronco 
comum, e descendo pela outra linha, continuando a 
contagem das gerações, “até encontrar o outro 
parente” (CC, art. 1.594). Trata-se do sistema 
romano de contagem de graus na linha colateral. 
►Assim, IRMÃOS são colaterais em segundo grau. 
Partindo-se de um deles, até chegar ao tronco 
comum conta-se uma geração. Descendo pela outra 
linha, logo depois de uma geração já se encontra o 
outro irmão. 
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►TIOS e SOBRINHOS são colaterais em terceiro 
grau; 
►PRIMOS, em quarto. No caso dos primos, cada 
lado da escala de contagem terá dois graus. 
►Também são colaterais de quarto grau os 
SOBRINHOS-NETOS e TIOS-AVÓS, hipóteses em 
que um dos lados da escala terá três graus, e o outro 
um. 
►O parentesco mais próximo na linha colateral é o 
de segundo grau, existente entre irmãos. 
Não há parentesco em primeiro grau na linha 
colateral, porque quando contamos uma geração 
ainda estamos na linha reta. Para a contagem dos 
graus, como se observa, utiliza-se sistema segundo o 
qual o ascendente comum não é incluído na 
contagem — “stipite de empto”. 
►►Denominam-se irmãos GERMANOS OU 
BILATERAIS os que têm o mesmo pai e a mesma 
mãe; e UNILATERAIS os irmãos somente por parte 
de mãe (uterinos) ou somente por parte do pai 
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(consanguíneos). O Código Civil regulamenta, nos 
arts. 1.841 a 1.843, os direitos sucessórios dos irmãos 
germanos e unilaterais. 
A linha colateral pode ser igual (como no caso de 
irmãos, porque a distância que os separa do tronco 
comum, em número de gerações, é a mesma) ou 
desigual (como no caso de tio e sobrinho, porque 
este se encontra separado do tronco comum por 
duas gerações e aquele por apenas uma). 
Pode ser também dúplice ou duplicada, como no 
caso de dois irmãos que se casam com duas irmãs. 
Neste caso, os filhos que nascerem dos dois casais 
serão parentes colaterais em linha duplicada. 
3. ESPÉCIES DE PARENTESCO 
Embora o art. 1.593 do Código Civil preceitue que o 
parentesco é natural ou civil, conforme resulte de 
consanguinidade ou outra origem, sob o prisma 
legal não pode haver diferença entre parentesco 
natural e civil, especialmente quanto à igualdade de 
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direitos e proibição de discriminação. Devem todos 
ser chamados apenas de parentes. 
O casamento e a união estável dão origem ao 
parentesco por afinidade. Cada cônjuge ou 
companheiro torna-se parente por afinidade dos 
parentes do outro (CC, art. 1.595). Mesmo não 
existindo, “in casu”, tronco ancestral comum, 
contam-se os graus por analogia com o parentesco 
consanguíneo. 
Se um dos cônjuges ou companheiros tem parentes 
em linha reta (pais, filhos), estes se tornam parentes 
por afinidade em linha reta do outro cônjuge ou 
companheiro. 
Essa afinidade em linha reta pode ser ascendente 
(sogro, sogra, padrasto e madrasta, que são afins em 
1º grau) e descendente (genro, nora, enteado e 
enteada, no mesmo grau de filho ou filha, portanto, 
afins em 1º grau). 
Proclama o § 1º do art. 1.595 do Código Civil que: 
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 “o parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos 
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro”. 
Cunhados (irmãos de um e de outro cônjuge ou 
companheiro) são afins na linha colateral em 
segundo grau. 
►►A afinidade é um vínculo de ordem jurídica e 
decorre somente da lei. 
Como a afinidade é relação de natureza 
estritamente pessoal, cujos limites são traçados na 
lei, ela não se estabelece entre os parentes dos 
cônjuges ou companheiros, sendo que os afins de 
cada um não o são entre si (concunhados não são 
afins entre si). E, no caso de novo casamento ou 
união estável, os afins da primeira comunhão de 
vidas não se tornam afins do cônjuge ou 
companheiro da segunda. 
Dispõe, por sua vez, o § 2º do art. 1.595 do Código 
Civil que: 
 “na linha reta, a afinidade não se extingue com a 
dissolução do casamento ou da união estável”. 
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Nesse dispositivo se encontra a razão do 
impedimento matrimonial previsto no art. 1.521, II, 
do mesmo diploma, que também se aplica: à união 
estável (art. 1.723, § 1º). 
►►Desse modo, rompido o vínculo matrimonial 
permanecem o sogro ou sogra, genro ou nora 
ligados pelas relações de afinidade. Significa dizer 
que, falecendo a esposa ou companheira, por 
exemplo, o marido ou companheiro continua ligado 
à sogra pelo vínculo da afinidade. Se se casar 
novamente, terá duas sogras. 
Na LINHA COLATERAL, contudo, a morte ou o 
divórcio de um dos cônjuges ou companheiros faz 
desaparecer a afinidade. Como o impedimento 
matrimonial refere-se apenas à linha reta (CC, art. 
1.521, II), nada impede, assim, o casamento do viúvo 
ou divorciado com a cunhada.

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