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12- DA FILIAÇÃO

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Página 1 de 19 
 
UNIDADE VII – SEGUNDA PARTE - DA 
FILIAÇÃO 
1. INTRODUÇÃO 
FILIAÇÃO é a relação de parentesco consanguíneo, 
em primeiro grau e em linha reta, que liga uma 
pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como 
se a tivessem gerado. 
Todas as regras sobre parentesco consanguíneo 
estruturam-se a partir da noção de filiação, pois a 
mais próxima, a mais importante, a principal relação 
de parentesco é a que se estabelece entre pais e 
filhos. 
Em sentido estrito, filiação é a relação jurídica que 
liga o filho a seus pais. É considerada filiação 
propriamente dita quando visualizada pelo lado do 
filho. Encarada em sentido inverso, ou seja, pelo 
lado dos genitores em relação ao filho, o vínculo se 
denomina paternidade ou maternidade. 
Antes da CF/1988, havia distinção de filiação. 
Assim, existiam os filhos legítimos e ilegítimos. 
Filhos legítimos eram os que procediam de justas 
núpcias. Quando não houvesse casamento entre os 
genitores, denominavam-se ilegítimos e se 
classificavam, por sua vez, em naturais e espúrios. 
NATURAIS: quando entre os pais não havia 
impedimento para o casamento. 
ESPÚRIOS: quando a lei proibia a união conjugal 
dos pais. 
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►►Os filhos espúrios podiam ser ADULTERINOS, 
se o impedimento resultasse do fato de um deles ou 
de ambos serem casados, e INCESTUOSOS, se 
decorresse do parentesco próximo, como entre pai e 
filha ou entre irmão e irmã. 
►►Hoje, todavia, todos são apenas filhos, uns 
havidos fora do casamento, outros em sua 
constância, mas com iguais direitos e qualificações. 
O princípio da igualdade dos filhos é reiterado no 
art. 1.596 do Código Civil, que enfatiza: 
“Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou 
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, 
proibidas quaisquer designações discriminatórias 
relativas à filiação”. 
OBSERVAÇÃO: Embora inexista, por vedação 
expressa da lei, de diversidade de direitos, 
qualificações discriminatórias e efeitos diferenciados 
pela origem da filiação, estabelece a lei, para os 
filhos que procedem de justas núpcias, uma 
presunção de paternidade e a forma de sua 
impugnação; para os filhos havidos fora do 
casamento, critérios para o reconhecimento, judicial 
ou voluntário; e, para os adotados, requisitos para a 
sua efetivação. 
2. PRESUNÇÃO LEGAL DE PATERNIDADE 
Baseado no que normal ou comumente acontece 
(quod plerumque accidit), presume o legislador que o 
filho da mulher casada foi fecundado por seu 
marido. 
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Tal presunção visa preservar a segurança e a paz 
familiar, evitando “que se atribua prole adulterina à 
mulher casada e se introduza, desnecessariamente, 
na vida familiar, o receio da imputação de 
infidelidade”. 
2.1. A PRESUNÇÃO “PATER IS EST” 
O Código Civil enumera as hipóteses em que se 
presume terem os filhos sido concebidos na 
constância do casamento. 
 Embora tal noção não tenha mais interesse para a 
configuração da filiação legítima, continua sendo 
importante para a incidência da presunção legal de 
paternidade. 
Essa presunção, que vigora quando o filho é 
concebido na constância do casamento, é conhecida, 
como já dito, pelo adágio romano “pater is est quem 
justae nuptiae demonstrant”, segundo o qual é 
presumida a paternidade do marido no caso de filho 
gerado por mulher casada. Comumente, no entanto, 
é referida de modo abreviado: presunção “pater is 
est”. 
Dispõe o art. 1.597 do Código Civil que se 
presumem concebidos na constância do casamento 
os filhos: 
� I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, 
depois de estabelecida a convivência conjugal; 
� II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à 
dissolução da sociedade conjugal, por morte, 
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separação judicial, nulidade e anulação do 
casamento; 
� III - havidos por fecundação artificial 
homóloga, mesmo que falecido o marido; 
� IV - havidos, a qualquer tempo, quando se 
tratar de embriões excedentários, decorrentes 
de concepção artificial homóloga; 
� V - havidos por inseminação artificial 
heteróloga, desde que tenha prévia autorização 
do marido”. 
Não se pode deixar de enfatizar que, todavia, sob o 
ponto de vista da família socioafetiva prestigiada 
pela Constituição Federal, “que relativiza a origem 
biológica, essa presunção não é determinante da 
paternidade ou da filiação, pois, independentemente 
da fidelidade da mulher, pai é marido ou o 
companheiro que aceita a paternidade do filho, 
ainda que nascido antes do prazo de 180 dias do 
início da convivência, sem questionar a origem 
genética, consolidando-se o estado de filiação. 
Com relação à contagem do prazo para aferir a 
presunção conforme análise do inciso II, como as 
separações judiciais, divórcios e anulações não se 
resolvem em um dia, é evidente que o prazo deve 
iniciar-se da separação de fato, devidamente 
comprovada. 
Salientando que o divórcio, a nulidade e a anulação 
do casamento são, via de regra, precedidas de 
separação de fato entre os cônjuges, de modo que 
“não podem os filhos havidos trezentos dias após as 
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sentenças respectivas ser havidos presumivelmente como 
sendo do marido”. 
Se o filho nascer depois dos trezentos dias, a contar 
da morte do marido, não o socorrerá a presunção de 
legitimidade, e, neste caso, aos herdeiros caberá o 
direito de propor ação impugnativa da filiação. 
Preceitua, a propósito, o art. 1.598 do Código Civil: 
“Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo 
previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair 
novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do 
primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a 
contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o 
nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o 
prazo a que se refere o inciso I do art. 1.597”. 
Trata-se de norma de redação confusa, tendo 
SILVIO RODRIGUES sugerido, “para clarear o 
problema, e sua solução”, que se figure a seguinte 
hipótese: “viúva, após sessenta dias do falecimento 
de seu marido, ingressa em novas núpcias. Nascido 
filho duzentos dias após o seu casamento, pelo 
regime do Código de 1916 a criança teria dois pais: o 
falecido, pois nascida nos trezentos dias seguintes 
ao seu falecimento (art. 338, II), e o novo marido, 
uma vez havida nos cento e oitenta dias depois de 
estabelecida a convivência conjugal (art. 338, I). 
Resolve o novo Código essa questão, indicando, no 
caso exemplificado, apenas o falecido como pai 
presumido, ressalvada, como expresso no texto, a 
prova em contrário”. 
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►►►Somente incide a presunção “pater is est” se 
houver convivência do casal. 
2.2. A PROCRIAÇÃO ASSISTIDA E O NOVO 
CÓDIGO CIVIL 
O art. 1.597 do Código Civil prevê, nos incisos III, IV 
e V, mais três hipóteses de presunção de filhos 
concebidos na constância do casamento, todas elas 
vinculadas à reprodução assistida. 
►O inciso III do aludido dispositivo faz incidir a 
presunção de filhos concebidos na constância do 
casamento nos “havidos por fecundação artificial 
homóloga, mesmo que falecido o marido”. 
O vocábulo fecundação indica a fase de reprodução 
assistida consistente na fertilização do óvulo pelo 
espermatozoide. A fecundação ou inseminação 
homóloga é realizada com sêmen originário do 
marido. 
OBSERVAÇÃO: Na Jornada de Direito Civil 
realizada no STJ no mês de junho de 2002, aprovou-
se proposição para que se interprete o inciso III do 
citado art. 1.597 no sentido de ser obrigatório, para 
que se presuma a paternidade do marido falecido, 
“que a mulher, ao se submeter a uma das técnicas de 
reprodução assistida com o material genético do falecido, 
esteja ainda na condição de viúva, devendo haver ainda 
autorização escrita do marido para que se utilizeseu 
material genético após sua morte”. 
►Dispõe o inciso IV do art. 1.597 do Código Civil 
que se presumem filhos aqueles “havidos, a qualquer 
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tempo, quando se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga”. 
OBSERVAÇÃO: O Código Civil não define a partir 
de quando se considera embrião, mas a Resolução 
1.358/92, do Conselho Federal de Medicina, indica 
que, “a partir de 14 dias, tem-se propriamente o 
embrião, ou vida humana. 
Apenas é admitida a concepção de embriões 
excedentários “se estes derivarem de fecundação 
homóloga, ou seja, de gametas da mãe e do pai, 
sejam casados ou companheiros de união estável. 
Por consequência, está proibida a utilização de 
embrião excedentário por homem e mulher que não 
sejam os pais genéticos ou por outra mulher titular 
de entidade monoparental. 
►O inciso V do art. 1.597 presume concebidos na 
constância do casamento os filhos “havidos por 
inseminação artificial heteróloga, desde que tenha 
prévia autorização do marido”. 
Ocorre tal modalidade de inseminação quando é 
utilizado “sêmen de outro homem, normalmente 
doador anônimo, e não o do marido, para a 
fecundação do óvulo da mulher. 
A lei não exige que o marido seja estéril ou, por 
qualquer razão física ou psíquica, não possa 
procriar. A única exigência é que tenha o marido 
previamente autorizado a utilização de sêmen 
estranho ao seu. 
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A lei não exige que haja autorização escrita, apenas 
que seja ‘prévia’, razão por que pode ser verbal e 
comprovada em juízo como tal. 
A paternidade, então, “apesar de não ter 
componente genético, terá fundamento moral, 
privilegiando-se a relação socioafetiva”. 
►►Se o marido “anuiu na inseminação artificial 
heteróloga, será o pai legal da criança assim 
concebida, não podendo voltar atrás, salvo se provar 
que, na verdade, aquele bebê adveio da infidelidade 
de sua mulher (CC, arts. 1.600 e 1.602)”. 
O magistério de ZENO VELOSO preleciona que: 
 “é princípio universalmente seguido o de que o marido 
que teve conhecimento e consentiu na inseminação 
artificial com esperma de um terceiro não pode, depois, 
impugnar a paternidade... Seria antijurídico, injusto, 
além de imoral e torpe, que o marido pudesse desdizer-se 
e, por sua vontade, ao seu arbítrio, desfazer um vínculo 
tão significativo, para o qual aderiu, consciente e 
voluntariamente”. 
Em regra, a presunção de paternidade do art. 1.597 
do Código Civil é “juris tantum”, admitindo prova 
em contrário. 
Pode, pois, ser elidida pelo marido, mediante ação 
negatória de paternidade, que é imprescritível (art. 
1.601). 
Desta forma, não basta “a confissão materna para 
excluir a paternidade” (art. 1.602), nem “o adultério da 
mulher, ainda que confessado” 
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Com efeito, a confissão não vale quanto a direitos 
indisponíveis (CPC, art. 351). E o reconhecimento da 
filiação tem essa natureza. A confissão da mulher 
não é suficiente para ilidir a presunção “porque 
pode ser produto de interesses materiais, e não da 
verdade. Ademais, referida confissão implicaria um 
prejuízo para a prole, com o qual o legislador não 
concorda”. 
Compete ao marido propor a ação de contestação da 
paternidade, instruindo-a com prova que 
complemente convincentemente a confissão 
materna. 
No entanto, “a prova da impotência do cônjuge para 
gerar, à época da concepção, ilide a presunção da 
paternidade” (art. 1.599). 
O importante é que a patologia tenha ocorrido 
depois de estabelecida a convivência conjugal e no 
prazo legal atribuído ao momento da concepção, 
traduzido nos cento e vinte e um dias, ou mais, dos 
trezentos que houverem precedido ao nascimento 
do filho. 
Só a impotência generandi, que é a incapacidade para 
gerar ou esterilidade, não a coeundi ou instrumental, 
que é a incapacidade para o coito, pode ser arguida 
pelo marido, provando a ausência total de 
espermatozoides em seu líquido seminal 
(azoospermia) no período em que a mulher foi 
fecundada. 
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OBSERVAÇÃO: Os avanços da ciência e da técnica 
no campo da reprodução assistida têm conseguido 
contornar a impossibilidade de o portador de 
impotência coeundi fecundar sua mulher, uma vez 
que hoje se pode extrair o sêmen do homem, sem 
ejaculação natural, para fins de inseminação 
artificial. 
3. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE E DE 
MATERNIDADE 
No sistema do Código Civil de 1916 a presunção 
“pater is est” mostrava-se rigorosa, pois se o casal 
vivia sob o mesmo teto e o marido não se achava 
fisicamente impossibilitado de manter relação 
sexual com a mulher, não teria como ilidi-la, mesmo 
provando o adultério por ela praticado. 
O Código Civil de 2002, contudo, suprimiu todas as 
limitações à contestação da paternidade e declarou 
imprescritível a ação negatória (art. 1.601), levando 
em conta o desenvolvimento da ciência e a 
possibilidade de se apurar o “pai biológico” com a 
desejada certeza científica, em razão da evolução 
dos exames hematológicos. 
Conhecida também como ação de contestação de 
paternidade, a ação negatória destina-se a excluir a 
presunção legal de paternidade. 
►A legitimidade ativa é privativa do marido (CC, 
art. 1.601). Só ele tem a titularidade, a iniciativa da 
ação, mas, uma vez iniciada, passa a seus herdeiros 
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(art. 1.601, parágrafo único), se vier a falecer durante 
o seu curso. 
OBSERVAÇÃO: ao marido interditado se 
reconhece a capacidade para ajuizar a ação através 
de seu representante. Com efeito, afigurar-se-ia 
profundamente injusto que, registrando filho 
havido com terceiro em nome do marido, que se 
encontrava, v.g., internado em estabelecimento 
hospitalar, não pudesse ele ingressar com a ação 
anulatória do registro. 
►LEGITIMADO PASSIVAMENTE para esta ação é 
o filho, mas, por ter sido efetuado o registro pela 
mãe — e porque se objetiva desconstituir um ato 
jurídico, retirando do registro civil o nome que 
figura como pai —, deve ela também integrar a lide, 
na posição de ré. 
Mesmo que o marido não tenha ajuizado a negatória 
de paternidade, tem sido reconhecido ao filho o 
direito de impugnar a paternidade, com base no art. 
1.604 do CC/2002. 
Mais se evidenciou essa possibilidade com o 
advento da Lei n. 8.560/92, elaborada com o intuito 
de conferir maior proteção aos filhos, por permitir 
que a investigação da paternidade, mesmo 
adulterina, seja proposta contra o homem casado, ou 
pelo filho da mulher casada contra o seu verdadeiro 
pai; e por permitir, também, no art. 8º, a retificação, 
por decisão judicial, ouvido o Ministério Público, 
dos “registros de nascimento anteriores à data da 
presente lei”. 
Página 12 de 19 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 
8.069/90) também contribuiu para que a rigidez da 
presunção legal de paternidade existente no Código 
Civil de 1916 fosse afastada, ao dispor, no art. 27: 
“O reconhecimento do estado de filiação é direito 
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser 
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer 
restrição, observado o segredo de justiça”. 
O Código Civil de 2002, no art. 1.601, manteve o 
princípio da legitimidade exclusiva do marido para 
impugnar a paternidade do filho nascido de sua 
mulher, excluindo, todavia, a expressão 
“privativamente” que constava do art. 344 do 
diploma de 1916. 
A restrição à iniciativa da ação incide, porém, 
somente sobre a negatória de paternidade, não 
impedindo que a filiação venha a ser discutida em 
outras ações, de natureza diversa. 
►►Assim, “o filho pode investigar a paternidade 
em face de terceiros que, se acolhida, compromete 
aquela presunção. 
►►Igualmente, a pessoa que teria mantido a 
relação adulterina com a mãe tem o direito de verreconhecida a filiação em ação própria. 
Tanto em um como em outro caso, o resultado final 
poderá desconstituir a paternidade presumida, 
porém como efeito reflexo das ações próprias, não 
por meio da negatória que, repita-se, é privativa do 
pai presumido. 
Página 13 de 19 
 
Dispõe o art. 1.608 do Código Civil que: 
“quando a maternidade constar do termo do nascimento 
do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidade 
do termo, ou das declarações nele contidas”. 
Tal dispositivo abre exceção à presunção mater in 
jure semper certa est, que visa à proteção da família 
constituída pelo casamento. 
A falsidade do termo de nascimento pode ser 
atribuída ao próprio oficial do registro civil ou à 
declaração da mãe ou do pai, induzidos a erro por 
falta de cuidado de hospitais e maternidades, como 
ocorre nos casos de troca de bebês. 
Deve-se, pois, distinguir a ação negatória de 
paternidade ou maternidade daquela destinada a 
impugnar a paternidade ou a maternidade. 
A ação negatória de paternidade tem por objeto 
negar o status de filho ao que goza da presunção 
decorrente da concepção na constância do 
casamento. 
A ação negatória de maternidade visa negar o fato 
da própria concepção, ou provar a suposição de 
parto, para afastar a condição de filho, como nas 
hipóteses de troca de crianças em maternidades, de 
simulação de parto e introdução maliciosa na 
família da pessoa portadora do status de filho e de 
falsidade ideológica do assento de nascimento. 
Somente a ação negatória é privativa do marido ou 
da mulher. 
Página 14 de 19 
 
 ►►A ação de impugnação da paternidade ou da 
maternidade pode ser ajuizada pelo próprio filho, 
por interesse moral ou até mesmo de natureza 
sucessória, para demonstrar que não é seu pai ou 
sua mãe a pessoa que figura como tal no registro 
civil, bem como pelo pai e mãe verdadeiros, com 
citação dos pais presumidos, fazendo-o com base no 
art. 1.604 do Código Civil e provando erro ou 
falsidade do registro, ou ainda por quem demonstre 
legítimo interesse, como os irmãos da pessoa 
registrada como filho. 
A contestação da paternidade não pode ser decisão 
arbitrária do marido, quando declarou no registro 
que era seu o filho que teve com a mulher, em 
virtude do princípio “venire contra factum proprium 
nulli conceditur”. 
A contestação, nesse caso, terá de estar fundada em 
hipótese de invalidade dos atos jurídicos, que o 
direito acolhe, tais como erro, dolo, coação”. 
Em decisão unânime, o Superior Tribunal de Justiça 
não admitiu ação negatória de paternidade para 
sanar dúvida sobre o vínculo biológico entre pai e 
filho, ressaltando que o ajuizar dessa espécie de ação 
“com o intuito de dissipar dúvida sobre a existência de 
vínculo biológico, restando inequívoco nos autos, 
conforme demonstrado no acórdão impugnado, que o pai 
sempre suspeitou a respeito da ausência de tal identidade 
e, mesmo assim, registrou, de forma voluntária e 
consciente, a criança como sua filha, coloca por terra 
qualquer possibilidade de se alegar a existência de vício de 
consentimento, o que indiscutivelmente acarreta a 
Página 15 de 19 
 
carência da ação, sendo irreprochável a extinção do 
processo, sem resolução do mérito. Se a causa de pedir da 
negatória de paternidade repousa em mera dúvida acerca 
do vínculo biológico, extingue-se o processo, sem 
resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC, 
por carência da ação. Interesse maior da criança” 
►►►Observa-se que o Código Civil não inclui a 
união estável no regime das presunções, 
restringindo-as aos filhos nascidos do casamento, 
sendo tal fato objeto de críticas procedentes da 
doutrina, que reclama imediata revisão do sistema 
adotado. 
O STJ, a propósito, teve a oportunidade de decidir 
que: 
 “a regra pater est aplica-se também aos filhos nascidos de 
companheira, casada eclesiasticamente com o extinto, 
suposta união estável e prolongada”, 
Afirmando-se expressamente na ocasião: 
 “Negar esta presunção aos filhos nascidos de união 
estável, sob o pálio de casamento religioso, com vivência 
como marido e mulher, será manter funda discriminação, 
que a Constituição não quer e proíbe, entre filhos nascidos 
da relação de casamento civil e filhos nascidos da união 
estável, que a vigente Lei Maior igualmente tutela”. 
4. PROVA DA FILIAÇÃO 
Dispõe o art. 1.603 do Código Civil que 
 “a filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento 
registrada no Registro Civil”. 
Página 16 de 19 
 
Prova-se também a filiação pelos meios de prova 
elencados no art. 1.609 do Código Civil como modos 
de reconhecimento voluntário dos filhos havidos 
fora do casamento. 
O registro torna público o nascimento e estabelece 
presunção de veracidade das declarações efetuadas. 
Exigem os arts. 50 e 52 da citada Lei dos Registros 
Públicos que todo nascimento ocorrido no território 
nacional seja levado a registro, no lugar em que 
tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos 
pais, dentro do prazo de quinze dias, pelo pai, em 
primeiro lugar, ou, na falta ou impedimento deste, 
pela mãe e, sucessivamente, pelo parente mais 
próximo, pelos administradores de hospitais ou os 
médicos e parteiras, por pessoa idônea da casa em 
que ocorrer o parto e pela pessoa encarregada da 
guarda do menor. 
O registro conterá o nome do pai ou da mãe, ainda 
que não sejam casados, quando qualquer deles for o 
declarante (LRP, art. 60). 
►Se o pai for casado, o seu nome constará 
obrigatoriamente do registro público, ainda que não 
seja o declarante, em virtude da presunção “pater is 
est”. 
Se o declarante for outra pessoa, não será declarado 
o nome do pai não casado com a mãe do menor sem 
que ele expressamente o autorize e compareça, por 
si ou por procurador especial, para assinar o 
respectivo assento com duas testemunhas (art. 59). 
Página 17 de 19 
 
Preceitua, por sua vez, o art. 1.604 do Código Civil 
que: 
“ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta 
do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou 
falsidade do registro”. 
A presunção que dele emana é quase absoluta, uma 
vez que ninguém será admitido a impugnar-lhe a 
veracidade sem antes provar ter havido erro ou 
falsidade do declarante. 
►►Se os pais desapareceram ou faleceram sem 
registrar o filho, ou não procederam ao registro de 
nascimento por algum outro motivo, bem como se 
ocorreu a destruição ou o desaparecimento do livro 
ou há algum outro obstáculo intransponível para a 
obtenção da certidão do termo, pode ser utilizado 
qualquer outro meio de prova, desde que admitido 
em direito. 
Prescreve, com efeito, o art. 1.605 do Código Civil 
que: 
“na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá 
provar-se a filiação por qualquer modo admissível em 
direito: 
� I - quando houver começo de prova por escrito, 
proveniente dos pais, conjunta ou separadamente; 
� II - quando existirem veementes presunções 
resultantes de fatos já certos”. 
Admitem-se provas documentais, periciais e 
testemunhais. Todas elas, porém, são 
complementares dos dois requisitos mencionados. 
Página 18 de 19 
 
Consideram-se começo de prova por escrito, proveniente 
dos pais, “quaisquer documentos que revelem a filiação, 
como cartas, autorizações para atos em benefício dos 
filhos, declaração de filiação para fins de imposto de renda 
ou de previdência social, anotações dando conta do 
nascimento do filho”. 
Pode ser enquadrada como veemente presunção 
resultante de fatos já certos a convivência familiar, 
conhecida como “posse do estado de filho”, 
caracterizada pelo tractatus (quando o interessado é 
tratado publicamente como filho), nomen (indicativo 
de que a pessoa utiliza o nome de família dos pais) e 
fama (quando a pessoa goza da reputação de filho, 
nafamília e no meio em que vive). 
Na realidade, em razão do avanço da ciência e, 
principalmente, do advento do exame de DNA, o 
reconhecimento forçado da paternidade ou da 
maternidade independe de começo de prova por 
escrito ou das mencionadas veementes presunções. 
O dispositivo em apreço, além de obsoleto, está em 
desacordo com o princípio da verdade real. Por tal 
razão, o Projeto de Lei n. 6.960, de 12 de junho de 
2002, apresentado ao Congresso Nacional, propõe 
seja dada ao aludido art. 1.605 do Código Civil a 
seguinte redação: “Na falta, defeito, erro ou falsidade do 
termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por 
qualquer modo admissível em direito”. 
A Lei n. 12.004, de 29 de julho de 2009, alterou a Lei 
n. 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a 
investigação de paternidade dos filhos havidos fora 
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do casamento, acrescentando-lhe o art. 2º-A, do 
seguinte teor: 
“Art. 2º-A. Na ação de investigação de paternidade, todos 
os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão 
hábeis para provar a verdade dos fatos. 
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao 
exame de código genético — DNA gerará a presunção da 
paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto 
probatório”.

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