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Apostila Direito Eleitoral

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Direito Eleitoral
Unidade I
Noções Iniciais
1. Conceito de Direito Eleitoral
O Direito Eleitoral, nas precisas palavras de Fávila Ribeiro, “dedica-se ao estudo das normas e procedimentos que organizam e disciplinam o funcionamento do poder de sufrágio popular, de modo a que se estabeleça a precisa equação entre a vontade do povo e a atividade governamental”.
Assim, o Direito Eleitoral é o ramo do direito público que cuida do estudo e sistematização dos princípios e normas que disciplinam o processo eleitoral, composto pelos seguintes atos: direitos políticos ativos e o alistamento eleitoral – direito ao sufrágio; criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, filiação e fidelidade partidárias; convenção partidária para a escolha dos candidatos; direitos políticos passivos, as condições de elegibilidades e as causas de inelegibilidades; a campanha eleitoral; a votação e a apuração; proclamação e diplomação dos eleitos.
Via de regra, situações ocorridas ou praticadas pelos candidatos, notadamente os eleitos, após a eleição não repercutem na seara eleitoral. Entretanto existem duas exceções: a primeira, trata do Recurso Contra a Expedição do Diploma – RCED – em que se admite que erros na apuração e a ocorrência das inelegibilidades supervenientes ao registro de candidatura, bem como as de cunho constitucional, sejam examinados pela Justiça Eleitoral, mesmo após a diplomação dos eleitos; a segunda, refere-se à desfiliação partidária, no curso do mandato para o qual foi eleito, como causa de cassação do mandato eletivo.
Fácil observar, então, que o conteúdo de direito eleitoral é muito vasto e, para além disso, possui a nobre missão de cumprir um dos mais sublimes direitos humanos: a participação do povo na formação da vontade do Estado.
2. Fontes do Direito Eleitoral
É próprio de qualquer ramo do direito possuir suas próprias fontes. Tal vocábulo – fontes – deve ser entendido como o lugar em que surge, brota, o ramo do direito.
As fontes do Direito Eleitoral podem ser divididas em: fontes primárias, principais ou diretas ou fontes secundárias, ou indiretas.
2.1 Fontes Primárias
a) Constituição Federal: o constitucionalista Dirley da Cunha Júnior assim conceitua a Constituição:
“[C]omo um conjunto de normas jurídicas supremas que estabelecem o fundamentos de organização do Estado e da Sociedade, dispondo e regulando a forma de Estado, a forma e sistema de governo, o seu regime político, seus objetivos fundamentais, o modo de aquisição e exercício do poder, a composição, as competências e o funcionamento de seus órgãos, os limites de sua atuação e a responsabilidade de seus dirigentes, e fixando uma declaração de direitos e garantias fundamentais e as principais regras de convivência social”�.
Ora, pelo conceito acima transcrito já é possível constatarmos que o Direito Eleitoral busca não apenas sua fonte, mas também, e principalmente, sua razão de existir na Constituição. 
Com efeito, o artigo 1º, parágrafo único, da Carta Constitucional já prediz que “[t]odo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Avançando um pouco, em seu artigo 12 são estabelecidas as regras atinentes à aquisição da nacionalidade brasileira, tendo-se como regra o jus sanguinis e o jus solis. 
Já no artigo 14, caput, §§ 1º e 2º são estabelecidos os direitos políticos ativos – direito de votar; e no § 3º a chamadas condições de elegibilidade e nos §§ 4º, 5º, 6º, 7º e 8º, as inelegibilidades constitucionais e no § 9º uma determinação para que Lei Complementar estabeleça outras causas de inelegibilidades. Temos nos §§ 10 e 11 a instituição da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), destinada a assegurar a realização de eleições livres do abuso do poder econômico, corrupção e fraude.
No artigo 15 é estabelecida a vedação de cassação dos direitos políticos, prevendo, porém, hipóteses de perda ou de suspensão de tais direitos.
O artigo 16 contém um dos mais importantes postulados do Direito Eleitoral que é o princípio da anterioridade eleitoral, cujo conteúdo e alcance será tratado a seu devido tempo.
No que se refere aos partidos políticos, cuidou o artigo 17, estatuindo diretrizes básicas e princípios orientadores do legislador infraconstitucional.
b) Código Eleitoral: editada em 1965, a Lei 4.737 foi parcialmente recepcionada� pela Constituição Federal e, nesta parte, com dupla natureza: parte como Lei Complementar – organização e competência da Justiça Eleitoral; e parte como Lei Ordinária – os demais assuntos. Por isso se diz que o Código Eleitoral possui natureza hibrida.
Interessante notar que o Código Eleitoral foi editado em plena ditadura militar, daí porque muitas de suas regras possuem caráter extremamente antidemocrático. Por esse motivo, várias dessas normas não foram recepcionadas pelas Constituição Federal. Cito, a título de ilustração, apenas um exemplo: o artigo 5º, parágrafo único, que permite o direito ao voto apenas aos “oficiais, aspirantes a oficiais, guarda-marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior para formação de oficiais”, excluindo mais de 50% do efetivo militar, eis que os soldados e os cabos não poderiam se alistar como eleitores.
c) Lei das Inelegibilidades – Lei Complementar 64/90: essa lei vem regulamentar o artigo 14, § 9º, da Constituição Federal:
Art. 14 (...)
§ 9º 
Nos termos do § 9º transcrito, somente a espécie normativa Lei Complementar pode criar novas causas de inelegibilidades. Como se verá no momento oportuno, as inelegibilidades não significam que a pessoa tenha cometido alguma irregularidade, muito pelo contrário, alguma delas é porque a pessoa fez coisas boas.
A LC 64/90 foi recentemente alterada pela Lei Complementar 135/2010 – Lei da Ficha Limpa, criando novas hipóteses de inelegibilidades e, o mais importante, aumentando o tempo daquelas já existentes.
A Lei Complementar 64/90 prevê, ainda, o processo de Impugnação do Registro de Candidatura, bem como a Ação de Investigação Judicial Eleitoral, que serão estudadas em atempadamente.
d) Lei dos Partidos Políticos – Lei 9.096/95: disciplina o artigo 17 da Constituição Federal e estabelece as regras para a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, estatuto e programas partidários, além da filiação partidária.
Esse mesmo diploma legal ainda dispõe sobre o acesso ao rádio e à televisão, à participação no processo eleitoral, ao fundo partidário e sobre a arrecadação e aos gastos advindo com a atividade partidária.
Foi alterada pelas Leis 
e) Lei das Eleições – Lei 9.504/97: essa lei tem o grande mérito de trazer perenidade para as eleições. Ao menos quanto à questão da inovação legislativa, possibilitando, ainda, o aumento exponencial da literatura eleitoral em nosso país. 
Anteriormente à essa lei, para cada eleição era editada uma lei, devendo ser respeitado o princípio da anualidade estampado no artigo 16 da Constituição Federal. Tal situação era duplamente incomoda, por um lado, os partidos e candidatos, e o próprio eleitoral não possuíam segurança jurídica quanto à regra que seria aplicada no pleito eleitoral vindouro; de outro lado, desmotivava que estudiosos escrevessem sobre o Direito Eleitoral, exatamente porque não havia garantia de que aquela obra seria aproveitada no pleito posterior.
A Lei 9.504/97, desde a sua edição, já sofreu quatro alterações. A primeira delas foi com a Lei 9.840/99, introduzindo o artigo 41-A que prevê a perda do registro ou do diploma para o candidato beneficiado com a captação ilícita de sufrágio. A seguinte foi a Lei 11.300/2006, que dentre outras inovações proibiu a distribuição de brindes aos eleitores, bem como a realização de showmício. As duas seguintes, as Lei 12.043/2009 e 12.891/13 tiveram objetivo muito semelhantes, já que ambas cuidaram de positivar a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral ou,ao contrário, legislar de modo a afastar a incidência da jurisprudência da Justiça Eleitoral na campanha eleitoral.
f) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral: o Código Eleitoral, em seu artigo 23, IX, prevê a competência do TSE para “expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código”. Com isso o TSE poderia, ou deveria, expedir resoluções com o objetivo de tão somente regulamentar a legislação eleitoral, não podendo, portanto, inovar criando obrigações ou restringindo direitos.
Entretanto, o TSE era, e é, prodigioso em inovar no ordenamento jurídico, criando, por inúmeras vezes, restrições de direitos.
Visando combater essa usurpação de competências, já que a inovação no ordenamento jurídico é de atribuição do Congresso Nacional, a Lei 12.034/2009 deu nova redação ao artigo 105, da Lei 9.504/97, determinando que as Resoluções deverão ser editadas até 05 de março do ano da eleição e não poderão “restringir diretos ou estabelecer sanções distintas das previstas”.
Com a novel redação, o Tribunal Superior Eleitoral deverá, ainda, ouvir previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos.
Há, também, outro uso para as resoluções. Nos termos do artigo 23, XII, do Código Eleitoral, compete ao TSE responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade pública federal ou órgão nacional de partido político. Assim, além de regulamentar a legislação eleitoral, as Resoluções são o instrumento pelo qual o Tribunal Superior Eleitoral responde às consultas que lhe forem formuladas.
g) jurisprudência eleitoral: existem dois grandes sistemas jurídicos, o da commom law e o da civil law. Enquanto no segundo a fonte principal do direito é a legislação, no segundo tem maior força o precedente judicial.
O Brasil adota o sistema da civil law, somente com a reforma do Poder Judiciário – Emenda Constitucional nº 45 – criou-se a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal editar súmulas vinculantes, de observância obrigatória para a administração pública e para os demais órgãos do Poder Judiciário.
Em que pese isso, a Justiça Eleitoral é o ramo do Poder Judiciário brasileiro que mais se aproxima da commom law, e isso decorre da celeridade empregada aos feitos eleitorais, de modo que os processos transitam em julgado, em sua maioria, antes do final do ano eleitoral, de modo que os demais órgãos da Justiça Eleitoral tendem a seguir a orientação do Tribunal Superior Eleitoral.
2.2 Fontes Secundárias ou indiretas
São consideradas fontes secundárias, ou indiretas, todas as leis que regulamentam outros ramos do direito, mas que detenham alguma relação com o direito eleitoral. Desta forma, por exemplo, são fontes secundárias o código penal, processual penal, civil e processual civil, além do código tributário.
3. Princípios do Direito Eleitoral
a) princípio da anualidade ou da anterioridade da lei eleitoral.
Numa tentativa de se evitar a edição, em pleno processo eleitoral, de leis casuísticas, assim entendidas aqueles destinadas a beneficiar ou prejudicar, deliberadamente, determinado candidato, o constituinte fez constar o artigo 16 da Constituição Federal, alterado pela EC nº 4/93, passando a ter a seguinte redação:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
O princípio da anualidade determina que a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, porém somente será aplicada para a eleição que ocorra a mais de um ano daquela data. Pretende com isso evitar a edição de normas casuísticas, isto é, feitas apenas para prejudicar ou beneficiar determinada candidatura.
O problema, aqui, reside na interpretação a ser dada à expressão “processo eleitoral”. A falta de clareza ao determinar o alcance do processo eleitoral causa grave insegurança jurídica.
Por exemplo, a Lei 11.300/2006, trouxe enormes inovações à Lei das Eleições, vedando a realização de showmícios, de distribuição de brindes aos eleitores e, ainda, acrescentou uma sanção à ilicitude ainda não contemplada na norma – arrecadação e gastos ilícitos de recursos agora são punidos com a cassação do diploma do candidato.
Nada obstante ela tenha sido publicada no dia 10 de maio de 2006, foi aplicada nas eleições daquele ano, pois o Tribunal Superior Eleitoral entendeu que não houve alteração do processo eleitoral.
Também se entendeu que a Lei Complementar 135, publicada no dia 04 de junho de 2010, que trazia novas hipóteses de inelegibilidades, além de aumentar o tempo de duração das já existentes, não alterou o processo eleitoral.
Porém, o julgamento no Supremo Tribunal Federal, sobre a aplicação imediata do novel lei ficou empatado em 5X5, eis que contava apenas com 10 membros. Quando finalmente voltou a julgamento, decidiu-se que houve alteração no processo eleitoral, por isso a norma somente poderia valer a partir das eleições de 2010.
Editada a Lei 12.891, publicada em 11 de dezembro de 2013, que apenas cuidou de positivar algumas jurisprudências do Tribunal Superior Eleitoral, a Suprema Corte Eleitoral entendeu que houve alteração do processo eleitoral e que ela somente poderia ser aplicada a partir das eleições de 2016.
Vê-se, assim, que não há um critério específico para a aplicação do princípio. Melhor seria retirar a expressão “que alterar o processo eleitoral”, ficando assim a redação do artigo 16:
Art. 16. A lei eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
De outro norte, tem-se entendido que o vocábulo lei, refere-se à todas as espécies normativas, inclusive às emendas Constitucionais.
b) democracia e democracia partidária
O Direito Eleitoral é fruto da democracia, sendo ilógico defender a existência de tal ramo do direito em regime autoritário. Pelo princípio da democracia, se exige que todas as normas sejam interpretadas no sentido de se garantir a maior participação do cidadão, como protagonista do prélio eleitoral.
Já o princípio da democracia partidária é fruto do sistema que temos aqui no Brasil, em que os partidos detém o monopólio da escolha dos candidatos para somente após serem escolhidos pelo eleitorado.
É que não existe, no Brasil, a chamada candidatura avulsa, eis que a Constituição Federal estabelece, como condição de elegibilidade, a filiação partidária.
Mais, o Tribunal Superior Eleitoral, cumprindo determinação do Supremo Tribunal Federal ao julgar os Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604, editou a Resolução TSE 22.610/2007 qu prevê a perda do mandato eletivo do mandatário que desfiliar do partido político no curso do mandato.
Deste modo, os partidos políticos no país assume uma posição de extrema relevância.
c) Estado Democrático de Direito
O Estado Democrático de Direito é marcado pela atuação do Estado que elabora as leis, como ato de escolha do próprio povo, se submetendo à essas mesmas leis. Assim, têm-se a submissão do Estado ao Direito por ele criado democraticamente, isto é, com a participação do povo, que poderá ser indireta (através de representantes) ou diretamente (instrumentos de democracia direta).
d) princípio republicano
O Brasil adota a República como forma de Estado em contraposição à forma Monárquica.
Assim, o governante assume o poder através do voto popular, por outras palavras, é eleito. Exercerá o poder na duração de um mandato, por isso temporário, e, o que fizer neste período, será objeto de responsabilização.
Como veremos em aulas próximas, esse princípio orienta a questão da reeleição e a eleição de parentes de chefes do poder executivo.
e) sufrágio universal
Sufrágio é o direito público subjetivo que determinado conjunto de pessoas tem de participar da vida política da sociedade, seja escolhendo os governantes, seja sendo escolhido para esse mister. Emoutros termos, o sufrágio é o direito de votar e ser votado.
O sufrágio pode se classificar em universal ou restrito: tal classificação observa a quantidade de pessoas escolhidas para exercer o direito. De notar que o termo universal não significa que todos terão acesso a tal direito, mas que esse direito deve ser exercido pela maior parte dos nacionais.
As restrições, historicamente, variavam de país para país, de tempos para tempos. Assim, num primeiro momento, apenas o homem livre poderia exercer tal direito – Athenas –; o homem que tivesse determinado patrimônio; a pessoa deveria ter determinada cor; determinado gênero era excluído; e, por fim, o grau de instrução também era fator de restrição ao direito.
O sufrágio também se classifica em igual ou desigual. Nessa classificação o que se observa é que a determinado grupo de pessoas será dado um peso diferencial do voto, em detrimento de outra parcela da sociedade. Ocorre, atualmente, por exemplo, nas eleições, nas universidades, para a escolha do magnífico reitor.
Uma observação deve ser feita: não se confunde o sufrágio, com o voto. O sufrágio é o direito de votar, já o voto, é o exercício do direito.
O voto tem as seguintes características: é personalíssimo, já que apenas o eleitor pode votar; é livre, não pode existir coação ou impedimento ao exercício do voto; é secreto, apenas o eleitor sabe em quem ele votou; é direto, eis que o eleitor escolhe diretamente o seu governante; é periódico, de tempos em tempos o eleitor deverá comparecer para escolher novos governantes; e, por fim, tem valor igual para todos os eleitores.
f) legitimidade
Esse princípio exige que o governante seja escolhido pelo povo de modo a representar a sua vontade, ou pelo menos a vontade da maioria. Exige, ainda, que a eleição tenha transcorrido sem a intervenção de abuso, desvio ou uso indevido, do poder econômico e/ou político.
A ocorrência de algum fato que interfira na legitimidade da eleição impõe a sua anulação.
Outra vertente da legitimidade é a possibilidade de ser haver 2º turno. Nas eleições para presidente e governador de Estado, sempre que nenhum dos candidatos obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, isto é, 50%+1voto, será realizada uma nova eleição com os dois candidatos mais bem votados.
Já para prefeito, somente se utilizará esse sistema nos municípios com mais de 200 mil eleitores. Nos demais, se resolve no primeiro turno.
g) moralidade e probidade
Esses dois princípios exigem que a pessoa que almeje concorrer a algum cargo público eletivo tenha uma vida pública lastrada em atos morais e honestos. A imoralidade e a improbidade constituem hipóteses de inelegibilidade, previstas na Lei Complementar 64/90.
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Unidade II
Órgãos da Justiça Eleitoral
1. Introdução
Os órgãos da Justiça Eleitoral estão previstos no artigo 118 da Constituição Federal, quais sejam: o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais, os Juízes e Juntas Eleitorais.
No artigo 119 prevê a composição do Tribunal Superior Eleitoral, e no artigo 120 a dos Tribunais Regionais Eleitorais.
O artigo 121 cuida de apresentar os direitos dos membros dos tribunais, os juízes de direito e dos integrantes das juntas eleitorais. Estabeleceu-se, ainda, o prazo do mandato dos membros dos tribunais – 2 anos, prorrogável por no máximo 2 biênios consecutivos –, além de dispor sobre as hipóteses de recursos das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral.
O Código Eleitoral, Lei 4.737/65 também se ocupa de disciplinar os órgãos da Justiça Eleitoral, em sua composição, competência, iniciando no artigo 12 e se estendendo até o artigo 41.
Como se verá adiante, uma das principais características da Justiça Eleitoral é a ausência de membros permanentes. Todos os integrantes da Justiça Eleitoral são temporários, eis que cumprem mandato mínimo de 2 anos, prorrogável por, no máximo, 2 biênios consecutivos.
Nos próximos tópicos cuidaremos de cada um dos órgãos da Justiça Eleitoral.
2. Tribunal Superior Eleitoral
O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral. De se observar que é uma Corte Superior, mas não Suprema. Assim, de suas decisões é possível a interposição de recurso para a instância superior, isto é, para o Supremo Tribunal Federal. Porém, apenas na hipóteses estabelecidas no artigo 121, § 3º, da Constituição Federal, quais sejam: as que contrariarem a Constituição, as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Todas as demais decisões são irrecorríveis.
A composição do Tribunal Superior Eleitoral será de, no mínimo, sete membros, sendo: 03, dentre os ministros do Supremo Tribunal Federal; 02, dentre os ministros do Superior Tribunal de Justiça e 2 advogados.
Os ministros oriundos do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça serão escolhidos em votação secreta pelo tribunal de origem. Por outras palavras eles serão eleitos no tribunal a que pertencem.
Já os membros do Tribunal Superior Eleitoral oriundos da advocacia serão nomeados pela Presidência da República dentre os integrantes de uma lista com seis nomes elaborada pelo Supremo Tribunal Federal. Para integrar essa lista, o advogado deve possuir notável saber jurídico e idoneidade moral.
Assim, temos duas formas de escolhas dos membros do Tribunal Superior Eleitoral: a eleição – membros oriundos do STF e do STJ – ou nomeação – membros oriundos da advocacia.
Entre os membros do Tribunal Superior Eleitoral não pode existir parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo. Será excluído o que tiver sido escolhido por último.
Os membros do Tribunal Superior Eleitoral oriundos da advocacia não podem ocupar cargo público de que seja demissível ad nutum (cargo em comissão) ou que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilegio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
Caberá ao Tribunal Superior Eleitoral eleger o seu presidente e vice-presidente – escolhidos dentre os ministros oriundos do STF – e o Corregedor Geral Eleitoral – escolhido dentre os ministros oriundos do STJ.
As atribuições do Corregedor Regional Eleitoral serão estabelecidas por ato do Tribunal Superior Eleitoral. Os provimentos emanados da Corregedoria Geral vinculam os Corregedores Regionais, que lhes devem dar imediato e preciso cumprimento.
No desempenho de suas atribuições o Corregedor Geral se locomoverá para os Estados: a) por determinação do Tribunal Superior Eleitoral; b) a pedido dos Tribunais Regionais Eleitorais; c) a requerimento de Partido deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral; d) sempre que entender necessário. 
Em qualquer dessas hipóteses o Procurador Geral Eleitoral poderá acompanhar o Corregedor Geral, quando for solicitado.
O Tribunal Superior Eleitoral deliberará por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros, isto é, com 4 membros.
As decisões do Tribunal Superior Eleitoral quando se referirem à interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição e cassação de registro de partidos políticos, bem como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o substituto ou o respectivo suplente.
Perante o Tribunal Superior Eleitoral, qualquer interessado poderá arguir o impedimento ou a suspeição dos seus membros. As causas de impedimento estão previstas no artigo 134 e as de suspeição no artigo 135, ambos do Código de Processo Civil.
As mesmas causas de impedimento ou de suspeição de algum dos membros do Tribunal são extensíveis ao Procurador Geral e aos servidores de sua Secretaria.
O processamento da exceção de impedimento ou de suspeição será determinado pelo Regimento Interno doTribunal.
Se o excipiente tiver provocado o impedimento ou a suspeição, ou, ainda, depois de manifestada a causa, praticar ato que importe aceitação do arguido, não poderá apresentar a exceção.
2.1 Competência do Tribunal Superior Eleitoral
 Nos termos do artigo 121, caput, a competência da Justiça Eleitoral será definida por Lei Complementar. Por esse motivo, o Código Eleitoral, na parte em que estabelece a organização e a competência da Justiça Eleitoral ele foi recepcionado como Lei Complementar.
A competência do Tribunal Superior Eleitoral encontra-se prevista nos artigos 22 e 23 do Código Eleitoral.
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:
I - Processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de Estados diferentes;
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secretaria;
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais;
Essa competência criminal não foi recepcionada pela Constituição Federal, logo o Tribunal Superior Eleitoral não pode julgar, originariamente, ação penal.
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração; 
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada. 
i) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos. 
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado. (a parte sublinhada foi considerada inconstitucional).
II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa.
As hipóteses de recursos cabíveis para o Tribunal Superior Eleitoral estão previstas no artigo 121, § 4º, da Constituição Federal. Duas são as espécies de recursos: o Ordinário, em que é possível o reexame de fatos e provas; e o Especial, em que se busca a uniformização da jurisprudência, a correta aplicação da legislação federal ou da Constituição Federal.
São hipóteses de Recurso Ordinário para o TSE: decisão que versar sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições estaduais ou federais; anular diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; denegarem habeas corpus, mandato de segurança, habeas data ou mandato de injunção.
Já o Recurso Especial será cabível em face de decisões de TRE que forem proferidas contra disposição expressa da Constituição ou de lei; ou ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais. 
O artigo 23 do Código Eleitoral prevê, ainda, as seguintes competências, agora de caráter nitidamente administrativo. Veja-se:
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,
I - elaborar o seu regimento interno;
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei;
III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos;
IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais;
V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;
VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento;
VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei:
VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas;
IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede;
XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do ar. 25;
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;
XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;
XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração; 
XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;
XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria;
XVII - publicar um boletim eleitoral;
XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral.
Duas observações sobre essa competência administrativa:
Primeiro, as datas de realização das eleições já são definidas pela Constituição Federal, quais sejam: primeiro e último domingos, primeiro e segundo turnos, do mês de outubro do ultimo ano do mandato. 
O Tribunal Superior Eleitoral somente deverá determinar a data de eleições suplementares para o cargo de presidente e vice-presidente da República, quando houve a cassação deles por algum ilícito eleitoral.
Segundo, algo que é bem peculiar e específico da Justiça Eleitoral: responder a questionamentos, em tese, isto é, não se tratará de caso concreto, feito sobre matéria eleitoral por autoridade pública federal ou diretório nacional de partido político. Não há outro órgão do Poder Judiciário com tal atribuição.
3. Tribunais Regionais Eleitorais
Cada Estado e o Distrito Federal terá o seu Tribunal Regional Eleitoral, cuja sede ficará na Capital do Estado. É possível a criação de um Tribunal Regional Eleitoral, por proposta do Tribunal Superior Eleitoral, em Território Federal. Ocorre, entretanto, que desde a Constituição Federal de 1988 não há mais Território Federal.
Nos termos do artigo 120, § 1º, da Constituição Federal, cada Tribunal Regional Eleitoral será composto por 07 membros:
a) 02 Desembargadores, escolhidos pelo Tribunal de Justiça do Estado;
b) 02 Juízes de Direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça do Estado;
c) 01 Juiz do Tribunal Regional Federal, onde houver, se não houve, 01 Juiz Federal, em qualquer dos casos, o TRF respectivo fará a escolha.
Nessas três classes, a escolha será feita pelo Tribunal de origem ou que eles estejam vinculados. Será feita uma eleição secreta para a escolha dos membros.
d) 02 Juízes, dentre advogados nomeados pelo Presidente da República, em lista sêxtupla elaborada pelo Tribunal de Justiça do Estado.
Para cada vaga de juiz advindo da advocacia será elaborada uma lista tríplice, isso porque a lista sêxtupla é para os dos cargos. Cabe ao Tribunal de Justiça do Estado elaborar a lista e encaminhar para o Tribunal Superior Eleitoral, que dará publicidadeà lista por meio de edital.
No prazo de 05 (cinco) dias após a publicação, qualquer partido político, ou o Ministério Público, impugnar a lista com fundamento em alguma incompatibilidade.
Não havendo impugnação, ou sendo julgada improcedente, o TSE encaminhará para a Presidência da República. Caso seja julgada procedente, devolverá a lista para que o Tribunal de Justiça faça a adequação devida. 
Uma observação: se não forem preenchidos os requisitos constitucionais e legais, o Tribunal Superior Eleitoral poderá rejeitar o nome de ofício.
Impende destacar que não poderão integrar essa lista magistrado aposentado ou membro do Ministério Público.
Entre os membros do Tribunal Regional Eleitoral não pode existir parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo. Será excluído o que tiver sido escolhido por último.
Os membros do Tribunal Regional Eleitoral oriundos da advocacia não podem ocupar cargo público de que seja demissível ad nutum (cargo em comissão) ou que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilegio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
Caberá ao Tribunal Regional Eleitoral eleger o seu presidente e vice-presidente – escolhidos dentre os desembargadores oriundos do Tribunal de Justiça. Quanto ao Corregedor Regional Eleitoral, a escolha será feita nos termos do Regimento Interno de cada Regional.
As atribuições do Corregedor Regional Eleitoral serão estabelecidas por ato do Tribunal Superior Eleitoral, e, em caráter supletivo ou complementar, por ato do Regional respectivo. Os provimentos emanados da Corregedoria Regional vinculam os juízes eleitorais do Estado que lhes devem dar imediato e preciso cumprimento.
No desempenho de suas atribuições o Corregedor Regional se locomoverá para os Estados: a) por determinação do Tribunal Regional Eleitoral; b) a pedido dos juízes eleitorais; c) a requerimento de Partido deferido pelo Tribunal Regional Eleitoral; d) sempre que entender necessário. 
Em qualquer dessas hipóteses o Procurador Regional Eleitoral poderá acompanhar o Corregedor, quando for solicitado.
O Tribunal Regional Eleitoral deliberará por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros, isto é, com 4 membros.
No caso de impedimento ou suspeição de algum membro do TRE, e não havendo quórum, será o membro do Tribunal substituído por outro da mesma categoria.
Perante o Tribunal Superior Eleitoral, qualquer interessado poderá arguir o impedimento ou a suspeição dos seus membros. As causas de impedimento estão previstas no artigo 134 e as de suspeição no artigo 135, ambos do Código de Processo Civil.
As mesmas causas de impedimento ou de suspeição de algum dos membros do Tribunal são extensíveis ao Procurador Regional e aos servidores de sua Secretaria.
O processamento da exceção de impedimento ou de suspeição será determinado pelo Regimento Interno do Tribunal.
Se o excipiente tiver provocado o impedimento ou a suspeição, ou, ainda, depois de manifestada a causa, praticar ato que importe aceitação do arguido, não poderá apresentar a exceção.
3.1 Competência dos Tribunais Regionais Eleitorais
A competência dos Tribunais Regionais Eleitorais encontra-se prevista nos artigos 29 e 30 do Código Eleitoral.
Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:
I - processar e julgar originariamente:
a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas;
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado;
c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos juízes e escrivães eleitorais;
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais;
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juízes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juízes eleitorais em trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados por partido candidato Ministério Público ou parte legitimamente interessada sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. 
II - julgar os recursos interpostos:
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais.
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:
I - elaborar o seu regimento interno;
II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional provendo-lhes os cargos na forma da lei, e propor ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Superior a criação ou supressão de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos;
III - conceder aos seus membros e aos juizes eleitorais licença e férias, assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos submetendo, quanto aqueles, a decisão à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral;
IV - fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, deputados estaduais, prefeitos, vice-prefeitos , vereadores e juízes de paz, quando não determinada por disposição constitucional ou legal;
V - constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição;
VI - indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos deva ser feita pela mesa receptora;
VII - apurar com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das eleições de Governador e Vice-Governador de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos;
VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político;
IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;
X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania eleitoral durante o biênio;
XII - requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal;
XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente e, no interior, aos juizes eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem os escrivães eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço;
XIV - requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado ou Território, funcionários dos respectivos quadros administrativos, no caso de acúmulo ocasional de serviço de suas Secretarias;
XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos juízes eleitorais;
XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior;
XVII - determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva circunscrição;
XVIII - organizar o fichário dos eleitores do Estado.
XIX - suprimir os mapas parciais de apuração mandando utilizar apenas os boletins e os mapas totalizadores, desde que o menor número de candidatos às eleições proporcionais justifique a supressão, observadas as seguintes normas:   
a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao Tribunal Regional quesuprima a exigência dos mapas parciais de apuração;   
b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato ou partido poderá, no prazo de três dias, recorrer para o Tribunal Superior, que decidirá em cinco dias;    
c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses antes da data da eleição;  
d) os boletins e mapas de apuração serão impressos pelos Tribunais Regionais, depois de aprovados pelo Tribunal Superior;     
e) o Tribunal Regional ouvira os partidos na elaboração dos modelos dos boletins e mapas de apuração a fim de que estes atendam às peculiaridade locais, encaminhando os modelos que aprovar, acompanhados das sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do Tribunal Superior.   
4. Regras comuns ao Tribunal Superior Eleitoral e aos Tribunais Regionais Eleitorais.
Cada um dos membros dos Tribunais Eleitorais terá um substituto, que será escolhido pelo mesmo processo de escolha do titular.
Nas eleições federais, estaduais e presidenciais, o TSE e os TREs terão juízes auxiliares, escolhidos dentre os substitutos, com competência para julgar as representações pela prática de descumprimento da Lei 9.504/97. Por esse motivo, os juízes auxiliares são chamados de juízes da propaganda eleitoral.
Os membros dos Tribunais Eleitorais são remunerados por jeton, isto é, receberá gratificação por presença na sessão de julgamento. Se o membro não comparecer, por qualquer motivo – salvo se estiver representando o Tribunal em evento ou reunião – não perceberá qualquer gratificação.
Na eleição presidencial, o Tribunal Superior Eleitoral nomeará, dentre os membros substitutos, 3 ministros para atuarem como ministros auxiliares do Tribunal, responsáveis por julgar as Representações Eleitorais por descumprimento da Lei 9.504/97. A atuação dos Ministros auxiliares iniciará em janeiro do ano da eleição e terminará com a diplomação dos eleitos.
Igualmente, os Tribunais Regionais Eleitorais também nomearão 3 juízes auxiliares, nas eleições estaduais e federais, dentre os membros substitutos, que terão a competência de julgar as Representações Eleitorais por descumprimento da Lei 9.504/97. O período de atuação começará em janeiro do ano da eleição e terminará com a diplomação dos eleitos.
5. Juízes Eleitorais
Os juízes eleitorais são responsáveis pelas funções desempenhadas nas zonas eleitorais. Para cada zona eleitoral, será designado um juiz de direito para o desempenho das funções eleitorais.
A estrutura de cada zona eleitoral dependerá do eleitorado local. Quanto maior o número de eleitores, maior a quantidade de zonas eleitorais no município. 
É possível que uma zona eleitoral corresponda ao território de um município; parcela de território do município; ou, ainda, o território de vários municípios.
Compete ao Tribunal Regional Eleitoral respectivo a escolha do Juiz de Direito que atuará como Juiz Eleitoral. A escolha deverá recair em juiz sobre juiz da comarca que tenha as prerrogativas do artigo 95 da Constituição Federal. Se na comarca não tiver nenhum juiz com essas características, poderá recair sobre juiz de direito substituto – que ainda não obteve a vitaliciedade.
5.1 Competência do Juiz Eleitoral
A competência dos Juízes Eleitorais está prevista nos artigos 34 e 35 do Código Eleitoral.
Art. 34. Os juizes despacharão todos os dias na sede da sua zona eleitoral.
Art. 35. Compete aos juizes:
I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional;
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;
III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente a instância superior.
IV - fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral;
V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;
VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escrivania eleitoral;
VII (Revogado pela Lei nº 8.868, de 1994)
VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
IX- expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
X - dividir a zona em seções eleitorais;
XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa a mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação;
XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional;
XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções;
XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;
XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;
XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras;
XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições;
XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;
XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal Regional e aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona.
6. Observação comum ao TSE, TREs e Juízes Eleitorais
O mandato dos membros da Justiça Eleitoral será contado de forma ininterrupta, não se suspendendo em razão de férias ou quaisquer licenças. As ausências, porém, as sessões de julgamento não serão remuneradas. Está regra, contudo, comporta uma exceção: a escolha de parente consanguíneo ou afim até o segundo grau, ou cônjuge, de membro da Justiça Eleitoral, como candidato nas eleições. Neste caso o ministro ficará impedido de atuar na Justiça Eleitoral desde a convenção partidária até a proclamação final dos eleitos. Neste período o mandato ficará suspenso. É o que prevê o artigo 14, §§ 1º e 3º, do Código Eleitoral.
Art. 14. Os juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
§ 1º Os biênios serão contados, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial, salvo no caso do § 3º.
(...)
§ 3º Da homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, não poderão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge, perante consanguíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição.
7. Juntas Eleitorais
A Junta Eleitoral é ó último órgão da Justiça Eleitoral e, juntamente com os Juízes Eleitorais, ocupa o primeiro grau de jurisdição desta Especializada.
Compõe a Junta Eleitoral: um juiz de direito (o juiz eleitoral da Zona Eleitoral) mais 2 ou 4 cidadãos de notória idoneidade.
Compete ao Juiz Eleitoral indicar os membros da junta e encaminhar para o Tribunal Regional Eleitoral respectivo aprovar a indicação. Aprovada, cabe ao presidente do TRE nomear.
Cada Zona Eleitoral terá uma Junta Eleitoral.
Não podem ser nomeados como membros da Junta Eleitoral:
a) os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o cônjuge;
b) os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;
c) as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo;
d) osque pertencerem ao serviço eleitoral.
A Junta terá atuação desde a sua nomeação pelo presidente do TRE (60 dias antes da eleição) até a apuração dos votos – eleições estadual, federal e presidencial – e até a diplomação dos eleitos nas eleições municipais.
7.1 Competência das Juntas Eleitorais
A competência da Junta Eleitoral está prevista no artigo 40 do Código Eleitoral.
Art. 40. Compete à Junta Eleitoral;
I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição.
II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração;
III - expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 178;
IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
De se observar que a competência está relacionada com a apuração dos votos, por isso, hoje, o papel da Junta Eleitoral é secundário.
Para a apuração com celeridade, permite-se que a Junta Eleitoral divida-se em turmas, até o número de 4 ( uma turma para cada membro da Junta Eleitoral).
Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade, escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender a boa marcha dos trabalhos. Tal nomeação será obrigatória quando houver mais de 10 urnas para se apurar.
Cabe, ainda, ao presidente da Junta Eleitoral, dentre os membros da Junta, ou escrutinadores, um escrutinador para secretário-geral, competindo-lhe;
a) lavrar as atas;
b) tomar por termo ou protocolar os recursos, neles funcionando como escrivão;
c) totalizar os votos apurados.
Uma última observação: os membros da Junta Eleitoral não percebem remuneração, mas terão direito à folga em dobro ao tempo da efetiva convocação – dias em que houve efetivo trabalho. É o que prevê o artigo 98 da Lei 9.504/97:
Art. 98. Os eleitores nomeados para compor as Mesas Receptoras ou Juntas Eleitorais e os requisitados para auxiliar seus trabalhos serão dispensados do serviço, mediante declaração expedida pela Justiça Eleitoral, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra vantagem, pelo dobro dos dias de convocação.
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Unidade III
Direitos Políticos
1. Introdução
Os direitos políticos representam a forma de participação do povo para a formação da vontade estatal.
Os direitos políticos se dividem em direitos políticos positivos: possibilidade de a pessoa se alistar como eleitor e de se candidatar; e direitos políticos negativos: impedimentos para que o exercício do direito de ser eleitor e de se candidatar.
2. Direitos políticos positivos
Os direitos políticos positivos podem ser ativos ou passivos.
Direito político ativo refere-se ao direito de escolher os representantes ou decidir sobre algum assunto colocado para consulta popular.
No sistema brasileiro, o direito político ativo pode ser facultativo ou obrigatório.
Será facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para as pessoas entre 16 a 18 anos.
Para todos os demais, o alistamento e o voto são obrigatórios.
Já o direito político positivo passivo, refere-se à possibilidade de a pessoa se candidatar. Para tanto ela precisa, no sistema brasileiro, preencher as chamadas condições de elegibilidade.
Tais condições estão previstas no artigo 14, § 3º, da Constituição Federal.
a) nacionalidade brasileira: somente a pessoa que tenha nacionalidade brasileira – nato ou naturalizado – poderá se candidatar a cargo público eletivo.
Porém, há dois cargos eletivos que são privativos de brasileiro nato, quais sejam, os de presidente e vice-presidente da República.
Pode-se adquirir a nacionalidade nata de três maneiras:
1ª) nascendo no Brasil, desde que os pais, sendo estrangeiros, não estejam a serviço do país de origem;
2ª) nascendo no estrangeiro, desde que o pai ou mãe seja brasileiro e esteja a serviço do Brasil;
3ª) nascendo no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que: seja registrado em repartição brasileira competente ou venha a residir no Brasil e opte, a qualquer momento, após a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
De se observar que são adotados os seguintes critérios para a aquisição da nacionalidade brasileira originária: o jus solis (nascidos no Brasil); o jus sanguinis (filhos de brasileiros).
Já para a aquisição da nacionalidade brasileira derivada – naturalização – são exigidos os seguintes requisitos:
1º) originários de países de língua portuguesa: residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
2º) originários dos demais países: residência de mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação criminal.
Em qualquer das hipóteses, a nacionalidade brasileira deverá ser requerida pelos estrangeiros.
Situação peculiar é a dos portugueses, que poderão exercer os direitos políticos aqui no Brasil, porém sem que adquiram a nacionalidade brasileira. Basta que haja reciprocidade de tratamento para com o brasileiro em Portugal.
b) o pleno exercício dos direitos políticos. A Constituição Federal de 1988 vedou a cassação dos direitos políticos – ato administrativo editado pelo governo – porém estabeleceu hipóteses em que se podem ocorrer a perda ou a suspensão dos direitos políticos. Essas hipóteses estão previstas no artigo 15 da Constituição Federal.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Para Dirley da Cunha Junior “convencionou a doutrina apontar como causas de perda dos direitos políticos, por consistirem em privação definitiva e permanente desses direitos: [1] cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; e [2] recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII.”. e “as demais hipóteses de simples suspensão dos direitos políticos, exatamente porque causam privação meramente provisória desses direitos”.
c) alistamento eleitoral. Somente os eleitores, que são cidadãos, juridicamente falando, podem se candidatar.
Sobre o alistamento eleitoral, cuidaremos quando tratarmos da Resolução TSE 21.538/2003.
d) domicílio eleitoral na circunscrição: somente os eleitores de determinada circunscrição podem se candidatar para os cargos representativos dela. Assim, a quiçá de exemplos, somente os eleitores inscritos no município de Goiânia, podem se candidatar para cargos de vereador, prefeito e vice prefeito desta comuna. Somente os eleitores do Estado de São Paulo podem se candidatar para os cargos de governador vice-governador, Deputado Estadual ou Federal daquele Estado.
e) filiação partidária: no Brasil não existe a possibilidade de candidatura avulsa, eis que vivemos numa democracia partidária.
Observação: a Lei 9.504/97, em seu artigo 9º, estabeleceu o prazo para domicílio eleitoral na circunscrição e para a filiação partidária, qual seja: um ano antes da eleição.
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no caput, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido de origem.
f) idade mínima: a Constituição Federal ainda estabeleceu idades mínimas para que uma pessoa possa se candidatar, e o fez de forma escalonada, iniciando aos 18 anos e concluindo aos 35 anos, quando o cidadão poderá se candidatar para os cargos de presidente, vice-presidente e senador. Veja-se:
18 anos: para os cargos de vereador;
21 anos: para os cargosde prefeito, vice-prefeito, deputados estaduais e federais;
30 anos: para os cargos de governador e vice-governador;
35 anos: para os cargos de presidente, vice-presidente e senador da República.
Essas condições apresenta uma curiosidade: imagine-se que um cidadão com 18 anos se eleja para o cargo de vereador e, também, se eleja presidente da Câmara de Vereadores. Havendo impedimento ou vacância do cargo de prefeito, caberá ao presidente da Câmara de Vereadores assumir e exercer o cargo, temporariamente.
O mesmo pode acontecer com Deputado Estadual em substituição ao Governador e Deputado Federal em substituição ao Presidente da República.
3. Direitos Políticos Negativos
Os direitos políticos negativos são situações que impedem que uma pessoa possa se alistar como eleitor ou mesmo se candidatar. Abaixo, trataremos sobre as hipóteses de direitos políticos negativos.
a) inalistabilidade: a pessoa que não pode se alistar, e, portanto, ser cidadão juridicamente falando, está impedida de se candidatar.
São inalistáveis: o estrangeiro e o conscrito, durante o serviço militar obrigatório.
b) inelegibilidades: as inelegibilidades são situações que impedem que determinado cidadão possa exercer seus direitos políticos passivos. Elas podem ser constitucionais e infraconstitucionais, absolutas ou relativas.
b1) analfabeto: o analfabeto é inelegível, absoluto, isto é, não pode se candidatar a nenhum cargo público eletivo. Esta inelegibilidade está prevista no artigo 14, § 4º, da Constituição Federal.
b2) inelegibilidade funcional, no caso de reeleição: os detentores de cargos públicos eleitos do Poder Executivo – Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos – e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos, somente poderão ser reeleitos para um único período subsequente. É o que dispõe o artigo 14, § 5º, da Constituição Federal.
Deve-se destacar que o dispositivo citado não faz referência aos vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito. Nada obstante, o Tribunal Superior Eleitoral ao Responder à Consulta 327, firmou jurisprudência no sentido de que a reeleição para um único período subsequente atinge a situação dos vices.
Desta forma, uma pessoa somente poderá ocupar o cargo de vice, de forma subsequente, apenas uma vez.
Fixou, o TSE, jurisprudência no sentido de que o titular do cargo que for reeleito subsequentemente, não poderá se candidatar, a um terceiro mandato consecutivo, no cargo de vice. É que se o titular vier a se afastar, haverá a violação do artigo 14, § 5º.
Também entendeu o TSE que o dispositivo proíbe que um mesmo grupo familiar – até o 2º grau – ocupe a titularidade do Poder Executivo por três mandatos consecutivos.
Para que os parentes – até o 2º grau – do chefe do Poder Executivo possam se candidatar, num período subsequente, para o mesmo cargo, é necessário o atendimento dos seguintes requisitos: 1º) que o chefe do Poder Executivo seja reelegível; 2º) que se afaste do cargo na forma prevista no artigo 14, § 7º, da Constituição Federal.
Neste sentido:
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. VIÚVA. CHEFE DO PODER EXECUTIVO. FALECIMENTO HÁ MENOS DE SEIS MESES DAS ELEIÇÕES. INELEGIBILIDADE REFLEXA. ART. 14, §§ 5º E 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO PROVIMENTO.
 1. O TSE, ao interpretar sistematicamente o art. 14, §§ 5º e 7º, da CF/88, consignou que os parentes dos Chefes do Poder Executivo são elegíveis para o mesmo cargo, no período subsequente, desde que os titulares dos mandatos sejam reelegíveis e tenham renunciado ao cargo ou falecido até seis meses antes do pleito, o que não ocorreu na espécie. Precedentes: REspe 19.442/ES, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 7.12.2001; AI 3.043/BA, Rel. Min. Jacy Vieira, DJ de 8.3.2002.
 2. No caso, a recorrida, vice-prefeita de São João da Paraúna/GO eleita em 2008 estava inelegível, nos termos do art. 14, § § 5º e 7º, da CF/88, pois, não obstante o seu marido estivesse em condições de concorrer à reeleição no pleito de 2008, ele faleceu apenas três meses antes do pleito, sem que tivesse renunciado ao cargo no prazo legal.
3. Recurso especial eleitoral provido.
(Recurso Especial Eleitoral nº 935627566, Relatora Min. Fátima Nancy Andrighi, Publicação: DJE Data 23/04/2012, Página 14/15).
O Tribunal Superior Eleitoral fixou jurisprudência no sentido de que o artigo 14, § 5º, proíbe a terceira eleição subsequente para o mesmo cargo do Poder Executivo, ainda que em outro ente federativo. A intenção foi a de proibir a ocorrência do chamado “prefeito profissional” ou “prefeito itinerante”, dando aplicação do princípio republicano.
Funcionava assim: um cidadão era eleito e reeleito para o cargo de prefeito por determinado município, na eleição subsequente, como estava inelegível ali, se candidatava ao cargo de prefeito em município vizinho. Sendo eleito, se candidata à reeleição. Depois, voltava a se candidatar no município de origem.
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA. "PREFEITO ITINERANTE". EXERCÍCIO CONSECUTIVO DE MAIS DE DOIS MANDATOS DE CHEFIA DO EXECUTIVO EM MUNICÍPIOS DIFERENTES. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.
1. Ainda que haja desvinculação política, com a respectiva renúncia ao mandato exercido no município, antes de operar-se a transferência de domicílio eleitoral, não se admite a perpetuação no poder, somente sendo possível eleger-se para o cargo de prefeito por duas vezes consecutivas, mesmo que em localidades diversas, tendo em vista o princípio constitucional republicano.
2. Ressalva pessoal do ponto de vista do Relator.
3. Agravo regimental desprovido.
(Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 11539, Relator Min. Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira, Publicação DJE 15/12/2010, Página 43-44).
Essa tese foi encampada pelo Supremo Tribunal Federal:
"O instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuidade administrativa, mas também no princípio republicano, que impede a perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano condiciona a interpretação e a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de modo que a reeleição é permitida por apenas uma única vez. Esse princípio impede a terceira eleição não apenas no mesmo Município, mas em relação a qualquer outro Município da federação. Entendimento contrário tornaria possível a figura do denominado ‘prefeito itinerante’ ou do ‘prefeito profissional’, o que claramente é incompatível com esse princípio, que também traduz um postulado de temporariedade/alternância do exercício do poder. Portanto, ambos os princípios – continuidade administrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e a aplicação teleológicas do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce dois mandatos consecutivos como prefeito de determinado Município fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer outro Município da federação." (RE 637.485, rel. min. Gilmar Mendes,julgamento em 1º-8-2012, Plenário, DJE de 21-5-2013, com repercussão geral.)
Duas últimas observações: 1º) não há a necessidade de que os candidatos à reeleição peçam renúncia para tal desiderato; 2º) os parlamentares não têm limites para reeleição.
b3) inelegibilidade funcional, para exercer outro cargo:
O chefe do Poder Executivo para se candidatar a outros cargos públicos eletivos devem se desincompatibilizar, isto é, apresentar renúncia no prazo previsto no artigo 14, § 6º, da Constituição Federal: 6 meses antes do pleito eleitoral.
Essa regra atinge apenas a situação do chefe do Poder Executivo, não impactando a situação do vice. Por outras palavras, o vice poderá se candidatar a outro cargo eletivo sem a necessidade de renunciar, desde que nos 06 meses que antecedem o pleito eleitoral não venha a substituir o titular.
Os parlamentares não precisam renunciar para se candidatarem a outros cargos, nem mesmo precisam se licenciarem do cargo.b4) inelegibilidade reflexa:
Trata-se de inelegibilidade oriunda de parentesco com o chefe do Poder Executivo. Nos termos do artigo 14, § 7º, da Constituição Federal os parentes consanguíneos, ou afins, ainda que por adoção, e o cônjuge, do Presidente da República, de Governador de Estado ou do DF, de Prefeito, ou de quem os haja substituído nos 6 meses anteriores ao pleito, são inelegíveis, para qualquer cargo, no território de jurisdição do titular. Veja-se:
§ 7º. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição
A primeira observação a ser feita é que o vocábulo jurisdição foi mal utilizado, pois o correto seria circunscrição.
Segunda, somente os parentes dos chefes do Poder Executivo são atingidos pela norma, não havendo qualquer impedimento para os parentes dos vices.
Terceiro, a inelegibilidade se opera no território da circunscrição eleitoral, ainda que outra seja a circunscrição do exercício do cargo.
Exemplo: o parente do Governador do Estado de Goiás não poderá se candidatar ao cargo de Deputado Federal pelo Estado de Goiás, embora possa se candidatar para o mesmo cargo, mas pelo Distrito Federal.
Também não poderá o parente do Governador, a cargo de vereador, prefeito ou vice, em qualquer município daquele Estado.
O próprio § 7º apresenta uma exceção, se o parente já for ocupante de cargo público e for candidato à reeleição. Nesta situação, ele não estará inelegível.
Como já dito no item b2, os parentes do chefe do Poder Executivo podem se candidatar a esse cargo – chefia do executivo – quando o titular foi reelegível e renunciar 6 meses antes. Era muito comum que os parentes do chefe do Poder Executivo – cônjuge ou afim – com a finalidade de burlar a inelegibilidade simulavam divórcio, no curso do mandato, para poderem se candidatar. Atento a isso, o Tribunal Superior Eleitoral firmou jurisprudência no sentido de não aceitar tais manipulações.
Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula vinculante nº 18, com a seguinte redação:
“A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da CF.”
Firmando o entendimento de que o enunciado da súmula visava extirpar a ocorrência de fraude, o Supremo Tribunal Federal, ao resolver caso concreto, asseverou que a ocorrência de morte, anterior aos 6 meses que antecedem o pleito eleitoral, afasta a inelegibilidade.
Ementa: CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. MORTE DE PREFEITO NO CURSO DO MANDATO, MAIS DE UM ANO ANTES DO TÉRMINO. INELEGIBILIDADE DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE. CF, ART. 14, § 7º. INOCORRÊNCIA. 
1. O que orientou a edição da Súmula Vinculante 18 e os recentes precedentes do STF foi a preocupação de inibir que a dissolução fraudulenta ou simulada de sociedade conjugal seja utilizada como mecanismo de burla à norma da inelegibilidade reflexa prevista no § 7º do art. 14 da Constituição. Portanto, não atrai a aplicação do entendimento constante da referida súmula a extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. 
2. Recurso extraordinário a que se dá provimento.
(RE 758461, Relator Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014)
Por fim, o Tribunal Superior Eleitoral entende que os vínculos socioafetivos e os homoafetivos também geram a inelegibilidade em questão.
Dois fatos bastante interessantes:
Em 2008, o filho do então presidente Lula – filho da dona Marisa, adotado pelo presidente – pretendeu se candidatar ao cargo de vereador, no município de São Bernardo do Campo. Teve seu registro indeferido por conta da inelegibilidade em questão.
Em 2012, Luciana Genro, filha de Tarso Genro, Governador do Rio Grande do Sul, pretendeu se candidatar ao cargo de vereadora do município de Porto Alegre. Sua candidatura foi impugnada e, em sua defesa, alegou que era candidata por partido de oposição ao seu pai. Seu registro também foi indeferido.
b5) situação dos militares:
A pessoa que esteja servindo no serviço militar obrigatório, é inalistável. Sequer pode se alistar como eleitor.
O militar que for alistável, poderá se candidatar atendidos as seguintes condições, consoante dispõe o artigo 14, § 8º, da Constituição Federal:
1º) se contar com menos de 10 anos de serviço, deverá afastar-se da atividade. Por “afastar-se da atividade”, entenda-se que deverá pedir exoneração. Não se trata de licença.
“Diversamente do que sucede ao militar com mais de dez anos de serviço, deve afastar-se definitivamente da atividade o servidor militar que, contando menos de dez anos de serviço, pretenda candidatar-se a cargo eletivo.” (RE 279.469, Rel. p/ o ac. Min. Cezar Peluso, julgamento em 16-3-2011, Plenário, DJE de 20-6-2011.)
2º) se contar com mais de 10 anos de serviço, será agregado pela autoridade superior, isto é, não será colocado na escala de trabalho – equivale, então, a uma licença. Com o resultado da eleição, duas situações podem acontecer: Se ele for eleito, no ato da diplomação, passará automaticamente para a inatividade – aposentadoria; se ele não for eleito, volta ao serviço normalmente.
Há, porém, uma peculiaridade em relação ao militar. Como já dito por ocasião das condições de elegibilidades, a filiação partidária é obrigatória para quem se pretende concorrer a algum cargo público eletivo (art. 14, § 3º, V).
No entanto, a mesma Constituição Federal, no artigo 142, § 3º, V, diz que “o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos”. 
Surge assim, antinomia entre o artigo 14, §§ 3º e 8º com o artigo 142, § 3º, todos da Constituição Federal.
Visando resolver esse problema, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a filiação partidária não é exigida do militar, bastando que seja escolhido na convenção partidária. 
“Militar da ativa (sargento) com mais de dez anos de serviço. Elegibilidade. Filiação partidária. (...) Se o militar da ativa é alistável, é ele elegível (CF, art. 14, § 8º). Porque não pode ele filiar-se a partido político (CF, art 42, § 6º), a filiação partidária não lhe é exigível como condição de elegibilidade, certo que somente a partir do registro da candidatura é que será agregado (CF, art. 14, § 8º, II; Cód. Eleitoral, art. 5º, parágrafo único; Lei 6.880, de 1980, art. 82, XIV, § 4º).” (AI 135.452, Rel. Min.Carlos Velloso, julgamento em 20-9-1990, Plenário, DJ de 14-6-1991.)
3.1 Direitos Políticos Negativos previstos em Lei Complementar.
Nos termos do artigo 14, § 9º, da Constituição Federal, cabe a Lei Complementar estabelecer outras hipóteses de inelegibilidades, tendo por objetivo proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício da função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Para dar cumprimento ao mandamento constitucional, foi editada a Lei Complementar 64/90 – Lei das Inelegibilidades. Em 2010, a LC 64/90 foi alterada pela Lei Complementar 135/10 – Lei da Ficha Limpa.
O artigo 1º, I, da LC 64 apresenta as seguintes inelegibilidades absolutas:
Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
a) os inalistáveis e os analfabetos;
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dosMunicípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subseqüentes ao término da legislatura;
c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; 
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 
8. de redução à condição análoga à de escravo; 
9. contra a vida e a dignidade sexual; e  
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; 
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos;
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição.
h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade;
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; 
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; 
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; 
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário; 
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; 
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;  
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22; 
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; 
3.2 Direitos Políticos Negativos: desincompatibilização.
A Lei Complementar 64/90 estabelece prazos para servidores públicos, ou agentes políticos, deixem os cargos – desincompatibilização – para que possam se candidatar a algum cargo público.
Os prazos vão de seis meses, quatro meses e três meses.
Por ser matéria meramente decorativa, recomendamos a leitura atenta dos dispositivos.
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IV – Sistemas Eleitorais
1. Introdução
Os sistemas eleitorais refletem a forma como serão colhidos e convertidos em mandatos. Cada país escolhe o seu sistema eleitoral a partir de um modelo político que se pretende obter. 
Não há necessidade de que um modelo seja utilizado de forma perpetua, na realidade o sistema eleitoral deve se amoldar à realidade do país. Assim, se o sistema atende aos anseios do povo, deve ser mantido. Quando não houver essa correspondência, o sistema deve ser modificado.
2. Classificação dos sistemas eleitorais
2.1 Sistema Majoritário
 No sistema majoritário, são considerados eleitos os candidatos que obtiveram a maioria dos votos válidos. Por voto válido se deve entender todos os votos dados a candidatos inscritos, excluídos os votos em branco e os nulos.
O sistema majoritário comporta duas subdivisões: sistema majoritário de maioria absoluta e sistema majoritário de maioria relativa.
No sistema majoritário de maioria absoluta existe uma preocupação maior com a representatividade e a legitimidade do governante. Por isso, se exige para ser considerado eleito que o candidato obtenha um percentual mínimo de votos. Não atingido, é realizado um segundo turno entre os dois candidatos mais bem votados, sagrando-se vencedor, o que obtiver, no segundo turno, a maioria dos votos.
Esse sistema majoritário é aplicado, entre nós, nas eleições de presidente da República, governador de Estado e para prefeito

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