Buscar

Nervo Optico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
NERVO ÓPTICO: SEGUNDO NERVO CRANIANO 
O sistema visual é um dos mais complexos do sistema nervoso, como pode ser visto em 
microscopia eletrônica a organização neuronal da retina, evidenciando principalmente os 
bastonetes e cones (Fig. 1). 
 
Os olhos são um verdadeiro microcosmo devido aos seus diversos tecidos, como: epitelial, 
vascular, colagenoso, neural e pigmentar, sendo susceptível a muitas doenças. O II nervo é uma 
expansão do telencéfalo e suas estruturas mais importantes são o globo ocular, a retina, o nervo 
óptico, o trato óptico, o corpo geniculado lateral, as radiações ópticas e a área 17 de Brodmann; 
mas, outros sistemas estão envolvidos de forma indireta. 
Durante a vida embrionária, no prosencéfalo forma-se a vesícula óptica, que posteriormente se 
invagina para formar o cálice óptico. Este é constituído de uma folha externa que origina o 
estrato pigmentar da retina e, uma interna, que origina o estrato cerebral da retina, e deste, o 
nervo óptico. 
 
 
 
Fig. 1 
 
 
 2 
GLOBO OCULAR 
Em um corte horizontal podemos discorrer a estrutura e organização neuronal da retina, veja na 
Fig.2: 
 
1.Esclerótica é a membrana que quando distendida pela pressão intraocular, serve para manter a 
forma do bulbo do olho; 2. Parte posterior da coróide é formada por uma membrana delgada e 
muito vascularizada que reveste os cinco sextos posteriores do bulbo do olho, sendo perfurada 
pelo nervo óptico e nesse ponto é firmemente aderida a esclera; 3. Retina é o estrato nervoso 
sensorial do bulbo ocular; 4. Mácula é uma área oval amarelada perto do centro da retina que 
tem uma depressão no centro chamada fóvea onde a resolução visual é a mais alta. É subdividida 
em quatro regiões: fovéola, fóvea, parafóvea e perifóvea; 5. Local onde passam todas as fibras 
do nervo óptico; 6. Nervo óptico é um aglomerado de 1 milhão de fibras que vai da retina ao 
cérebro; 7. Corpo ciliar é a direta continuação da coróide e a íris a posterior extensão do corpo 
ciliar; 8. Músculo dilatador da pupila é um estrato delgado cujas fibras são processos musculares 
de caráter mioepitelial. Seus filamentos contêm espessamentos similares aos discos Z e, fibras 
Fig. 2 
 
 
 3 
nervosas não mielinizadas, terminam muito próximas da membrana celular; 9. Íris com o 
músculo esfincter é o diafragma delicado e ajustável que rodeia a pupila; 10. Cristalino é uma 
lente; 11. Córnea é a parte anterior, saliente e transparente da túnica externa, à qual se deve a 
maior parte da refração dos raios de luz que entram no olho. G. Células ganglionares. B. células 
bipolares. F. fotorreceptores. CP. Camada pigmentar. 
 
RETINA 
A retina é o órgão receptor da luz e a transforma em impulso nervoso. A retina se estende do 
nervo óptico até a ora serrata. Mede 0,5 mm de espessura e é convencionalmente dividida em 
10 camadas. 
1) A camada do epitélio pigmentar é responsável pela: 1) fagocitose dos segmentos externos 
apicais das células fotorreceptoras; 2) síntese de melanina pelo retículo endoplasmático rugoso, 
empacotamento da melanina no aparelho de Golgi e depósito no melanossomo; 3) transporte de 
vitamina A e sua esterificação no reticulo endoplasmático liso; 4) transporte de íon nas 
mitocôndrias e invaginação da membrana celular; e 5) absorção da luz que atravessa a retina, 
diminuindo o fenômeno de dispersa. 
2) A camada dos fotorreceptores é constituída por 120 milhões de bastonetes e 6 milhões de 
cones. Os fotorreceptores são formados por duas partes muito distintas: o segmento interno e o 
segmento externo, ligados entre si por um cílio fino e frágil. 
Os bastonetes são mais numerosos e estão espalhados difusamente na retina, mas não existem 
na mácula. O segmento interno do bastonete é formado por duas partes: o elipsóide e o mióide. 
O elipsóide é uma região rica em mitocôndrias e funciona como a central energética do 
fotorreceptor. O segmento externo é envolvido pela membrana plasmática. No interior de cada 
segmento externo existe um empilhamento de 700 a 1000 discos membranosos sem 
continuidade com a membrana celular. É na membrana dos discos que existe a rodopsina, um 
pigmento formado pela proteína opsina e um retinal, derivado da vitamina A. São formados em 
média 90 discos por dia, e migram progressivamente em sentido da parte distal do segmento 
externo, onde são fagocitados pelo epitélio pigmentado; mas a migração de um disco dura entre 
9 a 13 dias. Os sáculos membranosos dos bastonetes se desintegram ao chegar à superfície 
 
 
 4 
apical do fotorreceptor. Sua extremidade basal interna é invaginada por 3 a 7 dendritos de 
células bipolares e células amácrinas (Fig.3). 
 
Os cones têm o segmento externo com forma 
cônica menos alta e mais longa, possuindo 250 
a 500 discos. Os cones apresentam membrana 
celular contínua com a parede dos discos. Ao 
inverso, os discos dos cones não migram no 
interior do segmento interno; o mecanismo de 
renovação aparece mais difuso e certamente 
menos eficaz que os dos bastonetes. No curso 
de certas doenças da retina, o mecanismo de 
renovação dos discos membranosos pode ser 
alterado. O segmento interno dos cones é rico 
em mitocôndrias e, na sua base, ele faz sinapse 
com as células horizontais e bipolares. 
3) Membrana limitante externa na microscopia 
eletrônica é vista uma região de complexo 
juncionais (zônulas de aderência entre as extremidades externas da célula de Müller e as células 
fotorreceptoras adjacentes). 
4) Camada nuclear externa é formada pelos núcleos das células fotorreceptoras e a sinapse com 
as células bipolares, horizontais e amácrinas. 
5) Camada plexiforme externa é conhecida como a camada de fibras de Henle. É onde os axônios 
dos bastonetes e cones fazem sinapse com os dendritos das células bipolares e com os dendritos 
das células horizontais. 
6) A camada nuclear interna de células bipolares faz sinapses com ambos, os fotorreceptores de 
um lado e as células ganglionares do outro. Entre ambos existem outras células que participam 
essa transmissão: as células horizontais, amácrinas e de Müller. 
As células horizontais são interneurônios perpendiculares a direção radial das células bipolares e 
dos fotorreceptores. Elas se dividem em duas partes: um corpo celular e uma terminação 
Fig. 3 EMC 
 
 
 5 
arborizada. As duas partes são religadas por um prolongamento fino. O corpo celular recebe 
independentemente as mensagens vindas dos cones e, as terminações axônicas, recebem as 
vindas dos bastonetes; ambas as informações são transmitidas as células bipolares. A existência 
de células nervosas isoladas de duas regiões elétricas faz com que o número de unidades de 
integração independente do cérebro possa aumentar sem que o número de células individuais 
aumente paralelamente. Como consequência das ações das células horizontais, as células 
bipolares possuem campos receptores concêntricos; quer dizer, seus potenciais de membrana se 
desviam em uma direção quando a luz alcança o centro do seu receptor, e em direção oposta 
quando a luz alcança a área circundante. Nem as células bipolares nem as horizontais geram 
potenciais de ação; toda a informação é transferida através de potencial de membrana, que se 
dissemina passivamente através dos corpos celulares e axônios para as células ganglionares. 
As células amácrinas são interneurônios sem axônio e com uma só terminação pode receber e 
transmitir mensagem nervosa que contribuem para a mudança e percepção dos movimentos. 
Estão em contato com as células bipolares e as ganglionares. Ambas as células bipolares e 
ganglionares geram potenciais de ação. Elastêm grandes campos receptores e suas respostas 
são devido à excitação direta por várias células bipolares em série de uma grande região da 
retina. 
As células de Müller são glias modificadas presentes em toda espessura da retina que participam 
na difusão de nutrientes, armazenam glicogênio e o transforma em glicose, além de servirem de 
sustentação. 
7) Camada plexiforme interna consiste nos processos das células amácrinas, axônios das células 
bipolares e dendritos das células ganglionares. O resto do espaço é preenchido pelos 
prolongamentos das células de Müller, que fazem um trajeto vertical nessa camada. 
8) Camada de células ganglionares mostra que suas células produzem potencial de ação quando 
o seu campo receptor é estimulado. Essa atividade pode ser de três tipos: a respostas on, as 
respostas off e as respostas on-off. A estimulação simultânea das regiões central e periférica 
produz a inibição de resposta de cada área: o sistema é mutuamente antagonista, demonstrando 
o processo de inibição lateral. Aparentemente existem células ganglionares cujo campo receptor 
é organizado de modo oposto: centro off e periferia on. Existem três tipos de células 
ganglionares de acordo com o tamanho do corpo celular e a espessura dos axônios: as células do 
 
 
 6 
tipo W têm baixa velocidade de condução; as do tipo X da retina central estar envolvida na 
discriminação espacial; e as células do tipo Y têm maior velocidade de condução e estão 
envolvidas com a detecção do movimento, ainda que ausentes na região periférica. 
9) Camada de fibras do nervo óptico é formada pelos axônios não mielinizados das células 
ganglionares. Esses axônios estão distribuídos em feixes que convergem para formar o disco 
óptico e, ao atravessar a lâmina crivosa, recebem mielina. A camada com 1 milhão de fibras em 
cada nervo têm um trajeto paralelo à superfície. Nasalmente, as fibras convergem em direção ao 
disco, formando um modelo radial, enquanto as fibras temporais têm um trajeto arqueado. Isso 
ocorre porque as fibras temporais fazem seu trajeto para o nervo óptico por fora da fóvea. 
Axônios que se originam na fóvea, passam direto para o disco, fazendo o feixe papilomacular 
(Fig.4). 
 
10) Camada limitante interna funciona como uma membrana basal que forma a interface entre a 
retina e o vítreo. As fibras formam o estrato mais interno da retina e convergem para o disco 
óptico. Aqui as fibras perfuram os restantes estratos da retina, a coróide, a lâmina crivosa da 
esclera e recebem a bainha de mielina, mas não recebem neurilema. 
A saída do nervo óptico do bulbo ocular, mostrando os tecidos colágenos e a neuroglia: (Sep) 
Septos de tecido colágeno da piamáter, caminhando no interior do nervo e dividindo as fibras 
Fig. 4 DeJong, 05 
 
 
 7 
nervosas em numerosos folículos; (GI.M) membrana de astróglia separando as fibras nervosas do 
tecido conjuntivo; (GI.C) astrócitos e oligodendrócitos entre as fibras dos fascículos; (1a) lâmina 
limitante interna da retina que é contínua com uma membrana de astróglia de Elschnig, 
recobrindo o disco óptico; (1b) um acúmulo de astrócito forma um menisco central de Kuhnt no 
centro do disco; (2) a anterior ou assim chamada parte coroidéa da lâmina crivosa (6) é separada 
da coróide por um esporão de tecido colágeno (3). O tecido limitante de Jacoby (4), que é em 
grande parte de astróglia, frequentemente estende-se além da coróide (5) para separar a maior 
parte da retina da parte retínica do início do nervo óptico (Fig.5). 
 
 
ELETROFISIOLOGIA DA RETINA 
Os bastonetes são sensíveis à luz porque contêm um pigmento visual chamado rodopsina 
capazes de absorver os fótons (C). As membranas dos discos (B) são formadas de uma camada de 
fosolipídeos que inclui a rodopsina (Rh). As moléculas de rodopsina e glicoproteína são formadas 
Fig. 5 Gray, 1979 
 
 
 
 8 
em duas partes essenciais (C): uma parte se une a molécula que absorvem os fótons, o isômero 
11 Cis da retina chamado cromóforo (C) e, da outra parte, uma proteína chamada opsina. A 
absorção de um fóton pelo cromóforo (C) provoca uma isomerização do, 11 cis-retinal em trans-
retinal, conduzindo a uma mudança na conformação da opsina (Cis significa do mesmo lado & 
Trans através de). O disco emite um transmissor (T) difusível (íon cálcio) no citoplasma (B) que se 
difunde em direção a membrana externa e bloqueia os canais seletivos sódio (Na). Na escuridão 
(A), uma corrente transmembrana mediada pelo Na é mantida por transporte ativo. As bombas 
de Na situadas no segmento interno equilibra a sua entrada por difusão passiva nos canais do 
segmento externo. Na presença de luz, o fechamento dos canais do segmento externo, corta 
essa corrente transmembrana e cria assim uma perturbação elétrica do potencial de membrana; 
perturbação que as sinápticas transmitem aos estágios subjacentes. A sensibilidade dos 
bastonetes é extrema. Um só fóton absorvido pode dar um sinal detectável (Fig.6). 
 
Com relação aos cones, os pigmentos visuais são 
como a rodopsina, composta de duas partes. A 
molécula que absorve a luz parece ser similar ao 
retinal. Existem três tipos de cones no nível da 
retina sensíveis a luz azul, verde e vermelha. 
Essas sensibilidades diferentes parecem estar 
situadas no tipo da proteína associada à 
molécula do retinal, o conjunto das proteínas é 
reagrupado sob o nome de iodopsina. Durante a 
absorção de um fóton, a rodopsina se converte 
em lumirrodopsina, que é instável e converte-se 
logo em metarrodopsina, que se degrada 
através de uma reação química conhecida como 
blanqueamento. A rodopsina perdida nesse 
processo de blanqueamento volta a sua forma ativa através de reações enzimáticas que reúnem 
energia metabólica e vitamina A, voltando às células epiteliais. 
Fig. 6 EMC 
 
 
 9 
O funcionamento dos receptores apresenta uma particularidade remarcada, são continuamente 
excitados na escuridão, quando o estímulo habitual está ausente, liberam sem parar as 
moléculas dos transmissores sinápticos sobre as células bipolares e horizontais, que estão em 
constante excitação. A sensibilidade da transmissão sináptica em direção a essas células é 
aumentada por este mecanismo. De fato, quando a transmissão já começou, o sinal necessário 
para a liberação do neurotransmissor é muito mais fraco do que aquele sinal que desencadeia a 
transmissão. 
Em resumo: Os fotorreceptores são continuamente excitados na escuridão. Liberam 
constantemente nas sinapses moléculas de neurotransmissores sobre as células bipolares e 
horizontais, essas últimas estão em constante excitação. A resposta específica de um 
fotorreceptor à luz ocorre por hiperpolarização, devido a uma diminuição da entrada de Na no 
segmento externo. Essa hiperpolarização provoca uma modificação da liberação de um 
neurotransmissor na sinapse na célula ganglionar. De acordo com o tipo de célula ganglionar, a 
liberação sináptica de um neurotransmissor provoca uma inibição na célula bipolar despolarizada 
ou uma excitação na hiperpolarizada (Fig.7). 
Fig. 7 
 
 
 10 
O sinal de ação dos neurotransmissores é determinado, não pela sua natureza química, mas 
pelas características da membrana pós-sináptica da célula bipolar. As respostas intracelulares das 
células bipolares são de mudança do potencial de membrana gradual e lento. Sua amplitude 
aumenta quando o estímulo é mais intenso. A respostaé propagada elétrica e tonicamente, por 
um simples jogo de campos elétricos de uma extremidade da célula a outra. As células bipolares 
são curtas e não existe perda do sinal durante essa propagação elétrica e tônica. Não existe 
necessidade de propagação do potencial de ação, a propagação elétrica e tônica é a mesma 
usada pelas células horizontais e amácrinas. 
 
Contrariamente, a maioria das outras células da retina como as células ganglionares, origina os 
potenciais de ação que percorre as fibras nervosas do nervo óptico. As respostas despolarizadas 
das células ganglionares aumentam a frequência da descarga dos potenciais de ação, as 
respostas hiperpolarizadas diminuem. Assim, a mensagem nervosa composta de trens de 
potenciais de ação percorrendo as fibras nervosas do nervo óptico, é modulada no espaço e no 
tempo em função da detecção dos contrastes luminosos pelas diferentes células da retina. 
 
VISÃO CENTRAL E PERIFÉRICA DA RETINA 
A retina humana contem cerca de 120 milhões de bastonetes e 6 milhões de cones. A retina não 
é homogênea e comporta uma diferenciação anatômica. No centro, a fóvea (cerca de 400 
microns de diâmetro, seja uma projeção do espaço visual de 2%) é a zona onde a densidade dos 
receptores é mais elevada. Só existe uma categoria de receptor, os cones. Dentro da retina, a 
imagem visual é fragmentada, graças à rede de fotorreceptores, que em mensagens 
elementares, cada um fotorreceptor mede a intensidade do estímulo luminoso captado por um 
só fotorreceptor. A retina periférica tem características que se perdem quando se distancia da 
fóvea, sendo cada vez mais constituída de cones cada vez mais grossos e menos numerosos e, o 
número de bastonetes, ficando cada vez mais numerosos. 
Cerca de 130 milhões de fotorreceptores se projetam sobre um milhão de fibras ópticas. As 
diferenças anatômicas entre o centro e a periferia da retina, permitem compreender os dois 
modos de funcionamento dessa última: a fóvea possui uma elevação que funciona, sobretudo a 
luz do dia; é muito discriminativa porque sua resolução espacial é representada pela projeção do 
Fig. 7 
Fig. 7 
 
 
 11 
espaço da superfície do campo receptor de um só cone. A acuidade visual é máxima na fóvea. Os 
cones também são espalhados na retina difusamente em menor quantidade, são estimulados 
pela luz de forte intensidade relacionada com a discriminação de cores e detalhes. A projeção da 
mácula, o ponto de maior visão da retina ocupada pelos cones, para o nervo óptico é maciça, e 
somente para visão diurna. Não existem cones nem bastonetes na papila óptica. A visão 
periférica está situada num plano mais baixo, porque os diferentes bastonetes conectados a uma 
mesma fibra do nervo óptico adicionam suas respostas a um estímulo luminoso (visão noturna). 
A mesma razão que faz a retina periférica ser sensível faz ser mais imprecisa; a acuidade visual 
reduz muito ao se distanciar da fóvea, a retina periférica perde em acuidade, mas ganha em 
sensibilidade quando reage à luz de baixa intensidade e relaciona-se com a visão periférica, 
percepção do movimento e visão noturna, mas não percebem cores (Fig.8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO RECEPTOR DAS CÉLULAS BIPOLARES E GANGLIONARES 
A área retiniana que recebe o estímulo luminoso produz uma mudança do potencial de 
membrana de uma célula bipolar ou ganglionar que é chamado de campo receptor (CR). O 
campo receptor de uma célula bipolar é pequeno e heterogêneo. Compreende duas regiões: 
uma pequena área central e um grande campo anular em torno do centro. O CR de cada célula é 
formado de um centro on e um off. Um ponto luminoso enviado ao campo periférico produz 
Fig. 8 EMC 
 
 
 12 
sempre uma resposta de polaridade oposta à produzida no campo central. No caso de uma 
célula on central, um ponto luminoso no centro produz uma resposta positiva (A). Um ponto 
luminoso na periferia produz uma resposta negativa (B). Ao contrário, um ponto luminoso 
enviada ao centro de uma célula off centro, produz uma resposta negativa (D), logo, uma 
iluminação do campo periférico produz uma resposta positiva (E). Se a retina for estimulada por 
um grande campo de luz que cobre o centro e a periferia da célula bipolar, a resposta é muito 
mais fraca, a iluminação é feita como uma célula no centro (F), ou uma célula centro off (C). A 
célula bipolar é pouco sensível no nível médio de iluminação, mas extremamente sensíveis as 
diferenças de intensidade, quer dizer de contraste. A resposta a iluminação central é produzida 
por uma mensagem sináptica direta aos bastonetes e cones, e o efeito está ligado à intervenção 
de outra categoria de células de segunda ordem da camada plexiforme interna: as células 
horizontais (Fig.9). 
 
A maioria das células ganglionares tem 
os CR do tipo centro com estrutura 
concêntrica. A função essencial das 
células ganglionares é o de comparar o 
grau de claridade de uma pequena 
região do campo visual e a claridade 
média de sua imediata e não o de 
avaliar os graus de claridade. Certas 
células ganglionares têm CR enormes 
que recebem indiretamente as 
mensagens de milhares de receptores. 
Permitem perceber a luz de 
intensidade muito fraca. Outras células ganglionares têm o centro do seu campo receptor 
excitado pela mensagem proveniente de um só cone. Estes tipos de células ganglionares existem 
em grande número, particularmente na parte central ou fóvea da retina e são responsáveis pela 
grande acuidade visual desta região. As células amácrinas têm provavelmente o mesmo efeito 
que as células horizontais da camada plexiforme externa: aumentam as interações entre o centro 
Fig. 9 EMC 
 
 
 13 
e a periferia do campo receptor, aumentando assim a sensibilidade ao contraste. Outros tipos 
de células ganglionares têm os campos receptores muito mais complicados. Certas células 
ganglionares são sensíveis à direção do movimento do estímulo através do campo receptor; 
outras são excitadas somente quando o campo inteiro é iluminado uniformemente ou 
uniformemente escurecido. 
 
Organização neuronal das vias visuais e o papel do sistema retinotectal 
Os neurônios representados em vermelho são estimulados somente por um olho, enquanto os 
representados de verde, pelos dois olhos. Observa-se que as células retinianas, as do corpo 
geniculado, as células simples do córtex visual são todas monoculares. Só nas células complexas 
do córtex visual as informações das vias visuais convergem, mas mesmo nesse estágio, com as 
informações misturadas permanecem incompletas (Fig.10). 
 
São distinguidos dois contingentes de fibras do 
nervo óptico: as fibras de condução rápida vão para 
o corpo geniculado lateral; as fibras de condução 
mais lenta vão para região do teto em nível da 
lâmina quadrigêmia anterior. Existe nos mamíferos, 
principalmente nos primatas dois sistemas visuais 
distintos: as fibras retinotectal conduzem sobre os 
neurônios da camada cinzenta superficial dos 
tubérculos quadrigêmios anteriores. Essas fibras 
seriam na grande maioria cruzadas, o tubérculo 
quadrigêmio direito receberia a maioria das fibras 
aferentes da retina esquerda e vice-versa. No córtex 
a projeção retiniana sobre a camada cinzenta 
superficial é organizada parcialmente, mas a fóvea 
não tem a mesma importância. Os campos receptores desses neurônios são muito frequente. 
Estão situadoshoras da parte central do campo visual e o conjunto muito mais estendido (10 a 
30 graus), do que os dos dois corpos geniculados laterais ou do córtex visual. A melhor resposta 
Fig. 10 EMC 
 
 
 14 
dos campos receptores é obtida deslocando os estímulos de uma direção e em um sentido 
determinado: devido ao movimento que é específico. 
A camada profunda dos tubérculos quadrigêmios apresenta uma organização completamente 
igual a da camada superficial. Lá reencontra uma projeção visual, organizada de maneira 
retinotópica. A camada profunda não recebe as fibras provenientes diretamente da retina e não 
existe conexão direta entre as camadas superficial e profunda. Uma corrente elétrica de 
intensidade muito fraca, aplicada a um pequeno grupo de neurônios da camada profunda ajuda 
de um microeletrodo, desencadeia uma sacada ocular cuja direção e amplitude depende 
estritamente do ponto estimulado. Os neurônios da camada profunda seriam susceptíveis 
assegura a transformação de uma informação visual espacial em uma resposta motora adaptada, 
visando à captura dessa informação pela retina central. A ausência de conexão direta entre as 
camadas superficial e profunda parece indicar que essa transformação não se passa ao interior 
mesmo do tubérculo quadrigêmio. O papel do sistema retinotectal é o detectar com precisão 
relativa, a posição dos objetos no campo visual periférico e de gerar o programa motor 
correspondente. De fato, o teto por sua camada motora, é responsável por comandar a sacada 
ocular que assegura a transferência do objeto sobre a fóvea. O ajustamento final é realizado pelo 
sistema geniculoestriado. A identificação correta do objeto é feita pela parte central da retina e o 
sistema geniculoestriado. A retina periférica contribui nesse processo no córtex visual, nas 
condições de visão noturna, onde os cones são praticamente cegos, seja para determinar a 
cronologia e o lugar das fixações sucessivas do olhar na exploração de uma forma. 
 
NEUROANATOMIA 
 
Anatomia do olho (Fig.11) 
Existem três camadas principais do olho. A camada externa ou túnica fibrosa contém uma córnea 
protetora (tem um poder de convergência de 40 dioptrias) e transparente, e uma esclera que é 
opaca. A camada média ou túnica vascular (trato uveal) consiste da corióide, do corpo ciliar e da 
íris. O cristalino (tem um poder de convergência de 10 dioptrias) é bicôncavo e transparente, 
rodeado por uma cápsula de fibras zonulares que está suspenso pelo processo ciliar do corpo 
ciliar. A camada interna ou a túnica interna consiste da neurorretina, do epitélio não pigmentado 
 
 
 15 
do corpo ciliar e do epitélio pigmentado da íris posterior. A retina contém os fotorreceptores 
para transdução de energia fotônica para atividade neuronal. 
A visão se divide em cinco submodalidades diferentes, que juntas, representam os aspectos que 
podemos identificar do Mundo que emite luz: 1) a localização espacial, que nos permite 
identificar em que posição no campo visual aparece um determinado objeto que nos interessa; 
2) a medida da intensidade da luz, que possibilita estimar o brilho de cada objeto em relação ao 
ambiente; 3) discriminação de forma, que nos permite diferenciar e reconhecer os objetos pelos 
contornos; 4) detectação de movimento (sem movimento há adaptação dos fotorreceptores e 
perda da percepção); e 5) visão de cores. 
Importante aspecto intraocular é o desempenhado pelo humor aquoso que é secretado pelos 
vasos sanguíneos da íris para a câmara posterior e flui através da pupila para a câmara anterior, 
onde o humor é absorvido pela rede trabecular para o canal de Schlemm no ângulo iridocórneo. 
Quando a absorção do humor aquoso é bloqueada, a pressão intraocular se eleva de 16 mm Hg, 
ocorrendo o glaucoma. O humor vítreo enche o interior do globo ocular. 
 
Fig. 11 
 
 
 16 
Câmara anterior e posterior do bulbo ocular 
A focalização automática das imagens começa no cristalino, devido à natureza elástica de suas 
fibras e na sustentação pelas fibras conjuntivas da zônula. Estas se inserem na borda circular do 
cristalino e se estendem radialmente até o outro lado, fixando-se ao corpo ciliar. Em geral, o 
cristalino fica ligeiramente esticado pela sua elasticidade que encontra resistência das fibras das 
zônulas fixadas no corpo ciliar. Quando as fibras deste se contraem diminui a tensão sobre o 
cristalino, ficando mais esférico e mais curvo (Fig.12). 
 
O músculo ciliar e o músculo constrictor da pupila são supridos pelas fibras nervosas mielinizadas 
pósganglionares parassimpáticas provenientes do gânglio ciliar (préganglionares do no núcleo de 
Edinger-Westphal). A contração do músculo ciliar reduz a tensão nas fibras zonulares e faz com 
que o cristalino se curve, o que induz acomodação para a visão de perto. No reflexo luminoso 
pupilar, a luz irradiada num olho entra no SNC via o nervo óptico, ramo aferente, e termina na 
área prétectal. Neurônios dessa área projetam-se bilateralmente (axônios cruzados através da 
Fig. 12 
 
 
 17 
comissura posterior) para o núcleo de Edinger-Westphal. Esse núcleo projeta-se para o gânglio 
ciliar via III nervo, ramo eferente, o que resulta tanto em uma constrição pupilar direta 
ipsilateral, e contralateral, consensual. O músculo dilatador da pupila é suprido pelas as fibras 
nervosas não mielinizadas pósganglionares simpáticas provenientes do gânglio cervical superior 
(préganglionares em T1 e T2). 
 
As diferentes partes do nervo óptico (Fig.13) 
 
 
O nervo óptico (1), forma axial do cone musculoaponeurótica formada pelos músculos 
óculomotores na chegada do globo ocular (2), músculo elevador da pálpebra (3), músculo reto 
superior (4), oblíquo maior (5), reto externo (6), reto interno (7), glândula lacrimal e a sua artéria 
(8), as duas artérias ciliares (9), a artéria oftálmica (10). 
 
Fig. 13 EMC 
 
 
 18 
O trajeto préquiasmatico do nervo óptico é constituído pelos axônios das células ganglionares 
originadas da retina. O nervo é organizado em 400 a 600 fascículos de septos conectivos e, 
dentro da órbita, é envolvido por tecido adiposo. As fibras do II nervo são desmielinizadas na 
retina e na papila, mas se tornam mielinizadas pelos oligodendrócitos ao passar por 200 a 300 
buracos da lâmina crivosa do disco óptico. O nervo tem cerca de 5 cm de comprimento, sendo 3 
½ cm, dentro da órbita, e 1 ½ cm do forame óptico até dentro do crânio. Convencionalmente, o 
nervo divide-se em 4 partes: 1. Intraocular – o disco óptico com 1 mm de comprimento, tem 
forma elíptica no sentido vertical com 1,5 mm por 1,8 mm de diâmetro, cor brancoamarelada, 
contém mais de 1 milhão de fibras, sendo que 90% são vindas da mácula. Os axônios do nervo 
óptico surgem do lado nasal da mácula e atinge o disco para formar o feixe papilomacular (FPM) 
e aqueles que saem da hemimácula temporal entram no disco como arco inferior e superior; 2. 
Intra-órbita - o nervo óptico é sinuoso e mede 25 mm e tem 8 mm de folga para poder 
acompanhar o deslocamento do globo ocular; 3. Dentro do canal – o nervo tem 9 mm, começa 
com forma elíptica vertical e termina com elíptica horizontal; e 4. Dentro do crânio – o nervo 
mede 12 a 16 mm, emerge do canal, formando um ângulo de 45 graus para se unir ao seu par no 
quiasma óptico. 
O revestimento do nervo óptico 
A duramáter do cérebro é contínua com o II nervo, no bulbo ocular se funde com a cápsula de 
Tenon e o forame óptico é aderido ao periósteo. A pia e a aracnóide também continuam do 
cérebro e envolveo nervo óptico e se fundem com a esclera onde o nervo sai do globo ocular. O 
espaço subdural e subaracnóideo do nervo óptico são contínuos com o cérebro e divididos pela 
fina aracnóide. Forma-se pequeno espaço subdural e um grande espaço subaracnóideo, por 
onde a pressão intracraniana é transmitida e causa papiledema. A transmissão da pressão 
aumentada ao longo do espaço subaracnoideo do nervo óptico prejudica o retorno venoso e o 
fluxo axoplasmático. O transporte axonal ao longo dos axônios das células ganglionares que 
formam o nervo óptico ocorre em direção ortógrada e retrógrada. O acúmulo do fluxo 
axoplasmático, especialmente o componente ortógrado lento, produz lâmina crivosa um edema 
do disco óptico. No papiledema, o aumento da pressão perineural resulta no represamento do 
transporte axonal; outras causas incluem inflamação e isquemia. Variação na anatomia dessa 
bainha pode explicar assimetria ocasional de papiledema. 
 
 
 19 
A irrigação do nervo óptico 
A carótida interna origina a artéria oftálmica (AO) que corre dentro da bainha do II nervo. Entre 8 
a 12 mm antes de entrar no globo ocular a AO entra no centro do nervo até emergir no disco 
óptico como artéria central da retina. Essa última tem pouca contribuição no disco óptico, mas 
supre as camadas mais internas da retina e tecidos do II nervo, onde se dividem em 4 ramos: 
cada ramo supre um quadrante da retina. A curta distância do disco, esses vasos perdem sua 
lâmina elástica interna, muscular e tornam-se finos, sendo classificados como arteríolas. Têm 75 
a 100 micra de diâmetro, mas o aumento do diâmetro da córnea dá visibilidade no exame do 
oftalmoscópio. As células ganglionares e bipolares recebem o suprimento dessas arteríolas e de 
seus capilares, os fotorreceptores e a fóvea estão ligados pela rede vascular coroidal subjacente. 
As células pigmentares da retina e a membrana semipermeável de Bruch são supridas pela 
difusão vinda desses vasos (Fig.14). 
 
Fig. 14 
 
 
 20 
As arteríolas têm menor calibre do que as veias, na proporção de 2:3 ou 4:5. As artérias são 
retas, sua cor é mais clara e mostram uma listra de brilho reflexo ao longo de sua superfície. As 
veias são mais grossas, tortuosas, de uma cor púrpura avermelhada e algumas terminam no 
bordo do disco. As artérias cílioretinal estão presentes em muitos indivíduos normais, surgem 
das artérias ciliares posteriores, entram no olho ao longo da margem do disco e irriga a retina 
peripapilar. Ingurgitam-se quando servem como shunts nas compressões do II nervo. Outros 
ramos terminais da AO formam a rede do círculo de Zinn-Haller localizado na lamina crivosa, 
constituído pela artéria ciliar posterior curta e os vasos coróides. Suprem o disco e parte 
adjacente do II nervo, coróide, corpo ciliar e se anastomosa com o plexo arterial pial que 
circunda o II nervo. 
 
O quiasma óptico relaciona-se com as artérias carótidas internas nas laterais; a artéria 
comunicante anterior e a cerebral anterior estão em frente e acima; e o terceiro ventrículo e o 
hipotálamo estão atrás e acima. Em 80% dos casos o quiasma repousa diretamente sobre a sela 
túrcica. Em 10% dos casos sobre o tubérculo da sela, os nervos ópticos ficam mais curtos e os 
tratos ficam mais longos (quiasma préfixado). Em outros 10% dos casos situa-se posterior sobre o 
dorso da sela, os nervos ópticos ficam mais longos e os tratos mais curtos (quiasma pósfixado). 
O II nervo carrega o impulso visual, além do reflexo de acomodação e fotomotor, e estimula os 
núcleos supraquiasmáticos. Há correlação retinotópica em cada ponto do sistema óptico: retina, 
nervo, trato, quiasma, radiações e córtex. As fibras da metade lateral da retina são situadas na 
metade temporal do II nervo e passa através do quiasma óptico sem cruzar; continuam para o 
centro reflexo pupilar e áreas visuais ipisilateral. As fibras da retina nasal andam pela porção 
medial do nervo, decussam no quiasma e terminam nos centros do lado oposto, mas algumas 
fibras da retina nasal inferior voltam para diante do nervo óptico oposto por curta distância e 
depois volta para seu lugar, formando o joelho de Wilbrand (Fig.15). Também, algumas fibras da 
retina nasal superior voltam para trás brevemente no trato óptico ipsilateral antes da 
decussação. Uma lesão na parte ânteroinferior do quiasma por um adenoma pituitário causa 
defeito no campo temporal superior do lado oposto. Lesão de cima para baixo por um 
craniofaringeoma causa déficit precoce no campo temporal inferior. Surpreende no albinismo 
que a maioria das fibras, incluindo muitas que não cruzariam normalmente, cruza. 
 
 
 21 
 
O FPM é constituído pelas fibras da porção macular da retina que fornece a visão central. Nas 
porções periféricas do II nervo, próxima do olho, o FPM está situado lateral e levemente inferior 
e separa as fibras temporais do quadrante superior e inferior. À medida que o nervo se aproxima 
do quiasma o FPM corre para o centro, e as fibras temporais tornam-se laterais. As fibras da 
metade medial da mácula decussam, ao passo que aquelas da metade lateral não decussam. As 
fibras do FPM decussam mais ou menos como um grupo, formando uma miniatura dentro do 
quiasma, primariamente na porção pósterosuperior. As fibras do FPM são vulnerais as toxinas e 
isquemia (Fig.16). 
Um pequeno grupo de fibras 
termina nos núcleos 
supraquiasmáticos que participa 
da sincronização do relógio 
biológico com o ciclo dia e noite, 
mas o detalhe anatômico explica 
a resposta clínica chamada 
defeito aferente pupilar. Um 
estímulo luminoso em um olho 
com lesão no II nervo não mostra 
resposta direta nem indireta. 
Mas, ao se estimular o olho 
normal, a pupila do olho afetado 
teria resposta consensual. 
Fig. 15 
Fig. 16 
 
 
 22 
Depois do quiasma cinquenta e cinco por cento dos axônios do trato óptico surgem da retina 
nasal contralateral e 45% da retina temporal ipsilateral, correspondendo aos campos, 
respectivamente. Os tratos contêm 80% de aferentes visuais e 20% de aferentes pupilares. As 
fibras do trato óptico são retorcidas, de modo que, as fibras da mácula gradualmente assumem a 
posição superior e lateral como um triângulo central. As fibras da retina superior assumem uma 
posição medial e levemente superior, e aquelas dos quadrantes inferiores da retina são 
inferiores e um tanto lateral. As fibras aferentes das pupilas saem da radiação óptica antes do 
corpo geniculado lateral, ganham o braço conjuntivo superior entram no mesencéfalo superior 
para chegar à área prétectal. Neurônios de associação conectam essa área com os subnúcleos de 
Edinger Westphal. 
 
Os colículos superiores contêm 3 camadas alternadas de substância branca e cinzenta: 1. Estrato 
zonal ou fibroso; 2. Estrato cinzento ou camada cinzenta superficial; 3. Estrato óptico ou camada 
branca superficial; 4. Estrato leminiscal que separa as camadas cinzentas intermediária da 
profunda. As camadas superficiais que recebem a maioria das informações da retina e córtex 
visual relacionam-se à detecção do movimento. As camadas profundas recebem informações do 
sistema somestésico, auditivo e formação reticular. 
As fibras retinotectais (RT) saem do trato óptico antes de chegar ao corpo geniculado lateral 
(CGL) e se projetam para o colículo superior pelo braço conjuntivo. As fibras RT originam-se das 
células ganglionares tipo Y e W. As células tipo Y têm condução rápida, apresentam respostas 
transitórias ou fásicas e projetam-se para o CGL e colículo superior. As células tipo W têm 
respostas tônicas e fásicas, velocidade de condução axonal baixa e projetam-se para o colículo 
superior e área prétectal. Os setores mais posteriores do colículosuperior esquerdo que 
representa a hemiretina nasal direita, projetam fibras para os núcleos do VI e III nervos. O FLM 
coordena ambos os pares de nervos cranianos dirige reflexamente o olhar para o objeto de 
interesse no campo visual. Os neurônios das camadas profundas do colículo superior esquerdo 
projetam suas fibras para a medula contralateral pelo feixe tectoespinhal, para girar a cabeça 
para a direita. 
As fibras corticotectais (CT) originam-se do lobo frontal, temporal, parietal e occipital, sendo que 
a projeção mais substancial sai do lobo occipital para as camadas cinzenta superficial e 
 
 
 23 
intermediária do colículo superior. As fibras da retina entram através da mesma via e parecem 
terminar nas mesmas camadas, ou seja, as mesmas células dos colículos superiores recebem 
informações distintas, porém relacionadas, das células ganglionares da retina e do córtex visual 
estriado. As fibras CT da área 8 de Brodmann do lobo frontal atingem o colículo superior por uma 
abordagem transtegmentar, e terminam na camada cinzenta intermediária relacionada com os 
movimentos conjugados dos olhos. 
As aferências do tronco cerebral para o colículo superior originam-se do colículo inferior e vários 
núcleos auditivos de relé. A maioria dessas fibras projeta-se para as camadas cinzentas 
profundas do colículo superior. A parte reticulada da substância negra projeta fibras para a 
camada cinzenta profunda e intermediária do colículo superior. Muitos desses neurônios são 
GABAérgicos e possuem axônios dicotômicos para o tálamo. 
As fibras espinotectais que projetam para as camadas do colículo superior se originam nas 
células da lâmina IV da medula espinhal, as principais informações veem do núcleo cuneiforme e 
de todas as partes do núcleo espinhal do trigêmio. 
No corpo geniculado lateral (CGL) existe uma localização definida correspondendo a vários 
quadrantes dos campos visuais e da retina. Fibras da porção superior da retina terminam no 
segmento ínferomedial do corpo geniculado; as da porção inferior da retina terminam no 
segmento ínferolateral, e as da mácula ocupam uma posição intermediária na porção superior, 
medial, e um tanto inferior. Dentro dos corpos geniculados lateral existe uma estratificação de 
células, e as fibras que veem das áreas da hemiretina temporal ipsilateral fazem sinapse nas 
camadas 2, 3, e 5; e as da hemiretina nasal contralateral nas camadas 1, 4 e 6. Nas camadas 1 e 2 
situam-se os neurônios pequenos de segunda ordem do tipo magnocelular e, nas 3, 4, 5 e 6, os 
grandes do tipo parvocelular. As lâminas magnocelulares e parvocelulares constituem o núcleo 
dorsal do CGL. Algumas das fibras visuais passam sobre ou através dessas camadas e terminam 
no pulvinar talâmico, mas o significado ainda não foi determinado se estão relacionadas com a 
visão ou reflexos visuais. Entre essas camadas existem células muito pequenas e numerosas com 
função distinta das demais, os neurônios interlaminares. 
A organização neuronal do CGL mostra que as células do tipo parvo, P – 70% são encontradas nas 
quatro camadas superiores chamadas parvocelulares e estão em conexão com as células P da 
retina. São responsáveis pela visão colorida e detalhes finos, e seus campos receptores são 
 
 
 24 
pequenos e mais sensíveis aos contrastes de luminosidade que os contrastes de cor em de 
isoluminosidade. As células do tipo magno, M – 20% são encontradas nas duas camadas 
inferiores magnocelulares e estão em conexão com células M da retina. Possuem uma fraca 
acuidade e dão a mesma resposta aos estímulos de cores. Respondem as altas freqüências 
temporais e fracos contrastes e fazem detecção de profundidade e movimento. As células 
coniocelulares, K – 10% são encontradas entre as camadas principais do CGL, ou seja, são 
interlaminares. Recebem impulsos de células ganglionares da retina do tipo não M e não P e tem 
grande campo receptor e respostas variadas lentas, inclusive à cor. 
 
A partir do corpo geniculado lateral os neurônios originados aqui passam a formar as radiações 
ópticas e terminam no córtex estriado nos lábios da fissura calcarina do lobo occipital. Na porção 
anterior das radiações as fibras que levam a visão periférica estão colocadas medialmente e 
assumem a posição superior e inferior. As fibras do quadrante superior da retina passam através 
do braço posterior da cápsula interna e parte inferior dos lobos parietal e occipital e parte 
superior do lobo temporal, corno posterior do ventrículo lateral para terminar no lobo occipital. 
As fibras do quadrante inferior da retina atravessam o braço posterior da cápsula interna e 
percorre 5 a 7 cm do lobo temporal, varrendo por cima do corno inferior do ventrículo lateral, e 
depois lateralmente, para baixo, dando uma volta em torno do corno inferior, alça de Meyer e 
Archambault. Depois as fibras cursam através do lobo temporal e occipital para terminar no giro 
lingual. As fibras que trazem a visão da mácula vêm da porção medial, superior e intermédia do 
corpo geniculado; primeiro lateral e depois formam a porção intermediária do trato 
geniculocalcarino, continuando para o pólo posterior do lobo occipital. 
Algumas fibras carregando a visão da mácula podem cruzar para o lado oposto através do 
esplênio do corpo caloso e termina no córtex visual daquele lado. As fibras da parte mais 
periféricas da retina são representadas mais anteriormente no córtex visual e são responsáveis 
por estímulos em movimento: 20% dos pacientes com hemianopsia percebem movimentos ou 
cartões coloridos no campo cego. A representação da hemiretina nasal estende-se além da 
temporal, criando uma porção da retina não homóloga no olho oposto. Essa retina nasal não 
pareada é representada na porção anterior do córtex calcarino, próximo ao tentório, apenas o 
 
 
 25 
campo visual externo, cria em cada campo visual um crescente temporal monocular com valor 
clínico (Fig.17). 
 
O corpo geniculado é suprido pela artéria coroidéa anterior ramo da carótida interna e ramos 
tálamogeniculados ramos da artéria cerebral posterior. A parte posterior do trato e a porção 
anterior das radiações, especialmente as fibras inferiores, são supridas pela artéria coroidéa 
anterior. Devido ao duplo aporte sanguíneo, raramente correm problemas vasculares nessas 
áreas. Enquanto a alça de Meyer recebe suprimento vascular da divisão inferior da artéria 
cerebral media, as radiações ópticas nos lobos parietais recebem da divisão superior. A artéria 
cerebral média supre a porção medial das radiações, e os ramos calcarino e medial da artéria 
cerebral posterior supre a porção das radiações. 
 
Fig. 17 
 
 
 26 
Em resumo a representação esquemática do campo visual na figura abaixo – A região central (1) 
é a da visão discriminativa (fóvea) binocular. O campo visual binocular periférico (2) é o espaço 
dos campos visuais de cada olho separadamente. Divide-se em 4 quadrantes (superior, inferior, 
direito e esquerdo). Limita-se por um cruzamento monocular (3) que corresponde ao setor 
temporal externo do olho do mesmo lado. A correspondência das áreas retinianas se estabelece 
na função de inversão óptica induzida pelo cristalino. A fóvea central (5) recolhe as informações 
provenientes da região central (ponto de fixação). As áreas retinianas adjacentes (4) vão veicular 
informação visual periférica. A distribuição do quadrante superior direito está representada pela 
hemiretina temporal inferior do olho esquerdo e hemiretina nasal inferior do olho direito. O 
cruzamento externo direito (3) é associado qualquer parte anterior do campo retiniano nasal do 
olho direito. O segundo neurônio da via óptica, retinogeniculado, terá um trajeto variável 
segundosua área retiniana de origem; um sistema estrito sendo respeitando um plano sagital 
mediano. No nervo óptico (6) se produz uma repartição dos axônios que encontre seu resultado 
no nível do quiasma (7), onde se produz a decussação das fibras do campo nasal das duas 
retinas. Essa hemidecussação refere-se igualmente as fibras maculares. O termo da decussação 
parcial se reagrupa a banda óptica (8) as fibras homólogas provenientes dos dois olhos 
(repartição hemianóptica, fazendo em seguida uma repartição monocular). O corpo geniculado 
externo (9) é o lugar da articulação sináptica. O terceiro neurônio geniculoestriado leva as 
radiações ópticas (10) temporais (inferiores) ou parietais (superiores) que conduzem em direção 
as áreas de projeção primária (17) extensão de uma parte e de outra da fissura calcarina: área 
estriada 17. Sobre o esquema é representado uma fibra temporal em verde correspondendo ao 
quadrante superior direito do CV, também que uma fibra saída do setor nasal externa em azul. 
Esta representação do lábio inferior da fissura calcarina permite várias constatações: área de 
projeção macular é largamente predominante no nível da área estriada 17, que ocupa a parte 
média e posterior. Mais adiante, sobre uma superfície reduzida, convergem os axônios 
procedentes de outras áreas retinianas. As áreas retinianas inferiores correspondentes aos lábios 
da fissura calcarina e vice-versa. O esquema representa igualmente o esboço do tratamento 
cortical da informação visual: projeção em direção as áreas periestriadas (18) e paraestriadas 
(19). 
 
 
 27 
A – cegueira mononuclear direita: lesão do nervo óptico. B – hemianopsia bitemporal: lesão do 
quiasma óptico. C – Hemianopsia homônima lateral direita: lesão das vias ópticas, D – 
Hemianopsia homônima lateral direita: lesão das radiações ópticas. E – Quadranopsia superior 
direita: lesão das radiações temporais. F – Quadranopsia inferior direita: lesão das radiações 
parietais. G – Hemianopsia homônima lateral direita: lesão calcarina (Fig.18). 
 
O córtex estriado ou calcarino ocupa quase totalmente o lábio tanto inferior como superior da 
fissura calcarina que corresponde à área 17 de Brodmann. O córtex primário recebe na camada 
IV fibras mielinizadas que formam a estria de Gennarin. Os neurônios são dispostos em colunas 
verticais em paralelo; hipercolunas podem processar informação de uma região focal do campo 
visual. As hipercolunas contêm alta concentração de citocromo-oxidase com na camada 3 de V1. 
Seus neurônios contêm campos receptores circulares e oposição à cor, sendo portadores de 
sensibilidade à cor do estímulo. Nelas, as operações funcionais são segregadas em canais 
paralelos de informação específica, fazendo sentido funcional quando relacionado com a 
definição de paralelismo; além de receber informação do outro hemisfério pelo corpo caloso 
(Fig.19). 
 
Fig. 18 
 
 
 28 
A área 17 é o lugar da projeção e da 
recepção das sensações visuais primárias 
(analisador cortical). Reorganiza os impulsos 
do CGL de linhas e contornos de qualquer 
que seja sua exata posição retiniana. A área 
18 de Brodmann, no córtex paraestriado, 
recebe e interpreta impulsos da área 17, 
tornando-os conscientes. A área 18 é a zona 
visomotora do córtex cerebral que controla 
a resposta óculomotora que implica o ato 
visual, sendo o local de reflexos visovisuais e 
fusão das imagens. Nessa área está o centro 
oculógiro cortical, o qual está ligado pelo 
corpo caloso, e se inibe reciprocamente. A 
área 19 de Brodmann, no córtex 
periestriado, tem conexões com as áreas 17 
e 18 e com outras do córtex cerebral. Relaciona-se com reconhecimento e percepção visuais 
mais diferenciados, revisualização, associação visual, discriminação de tamanho e forma dos 
objetos, letras, visão colorida e orientação espacial. 
Os quadrantes superiores direitos de ambas as retinas estariam representadas na porção 
anterior do lábio superior da fissura calcarina do lado direito, em áreas concêntricas, na região 
do cuneus, e na superfície medial do lobo occipital. Os quadrantes inferiores direitos de ambas as 
retinas estariam representados na porção anterior do lábio inferior da fissura calcarina direita, 
em áreas concêntricas, na região do cuneus, e na superfície medial do lobo occipital. O 
meridiano horizontal das metades direitas de ambas as retinas estaria representada na parede e 
no fundo da fissura calcarina direita, e o das metades esquerdas nas mesmas regiões da fissura 
esquerda. As metades direitas de ambas as máculas são projetadas na parte posterior da área 
calcarina direita, incluindo o pólo occipital, do hemisfério cerebral do mesmo lado e 
inversamente. As fibras maculares ocupa uma zona extensa da área estriada, proporcionalmente 
bem maior que a da retina periférica. 
Fig. 19 
 
 
 29 
Estimulação de área estriada determina clarões, lampejos, escotomas, partindo de diferentes 
partes do campo visual, de acordo com a área estimulada. Lesão na área estriada promove perda 
de visão, o tamanho e a posição do defeito no campo visual são ditados pelo arranjo topográfico 
das posições primárias do córtex afetado. O suprimento vascular do córtex occipital é realizado 
pela artéria cerebral posterior e seus ramos. 
 
Citoarquitetura do córtex calcarino 
 
Há cerca de 300 milhões de neurônios no córtex visual humano, recebendo os impulsos ao longo 
das vias ópticas. A área estriada é constituída por subunidades, estritamente idênticas entre elas, 
representadas por uma ilhota de córtex de 1 mm quadrado de superfície e de 2 mm de 
espessura. Cada unidade comporta uma amostra de colunas de dominância ocular, 
alternativamente direita e esquerda. A camada IV é exclusivamente monocular e, a camadas 
supra e subjacentes, são de predominância monocular. Existe na área estriada um 
reagrupamento de células simples e complexas. As células simples encontram-se na área 17 com 
campo receptor na área on e área off. Respondem melhor aos estímulos lineares. As células 
complexas estão na área 18 e seus campos receptores detectam o sentido do movimento. As 
células hipercomplexas encontram-se nas áreas 18 e 19 e seus campos receptores detectam 
limites lineares de quadrados, retângulos, cruzes; para as suas formas e tamanhos, etc. 
O córtex estriado pode ser dividido verticalmente em diferentes colunas de orientação variável. 
A área V1 é intercalada entre si por zonas densas ou grumos e zonas claras ou intergrumos, 
salientes nas camadas II e II de V1, recebendo impulsos das camadas parvocelulares do CGL. Os 
grumos correspondem a zonas de grande atividade metabólica. As células que respondem aos 
estímulos de cores estão situadas nos grumos e as que respondem aos do movimento estão nos 
intergrumos. As informações que chegam ao córtex primário são distribuídas para pelo menos 
três vias de processamento do córtex analítico (dorsomedial, dorsolateral e ventral), que 
decodifica e extrai as informações de qualidade da sensação visual. Essas informações 
convergem sobre o córtex sintético ínferotemporal, que está ligado ao processo de memória de 
curta duração e aprendizado visual. Do córtex ínferotemporal, as informações são levadas, por 
meio do córtex peririnal e entorrinal ao hipocampo e amígdala. Paralelamente, essas 
 
 
 30 
informações são transmitidas ao córtex polissensorial do sulco temporal superior, ao córtex 
parietal posterior e a área 8 frontal que desempenham funções ligadas a atenção e a orientação 
ao estímulo visual (Fig.20). 
 
A área 17 de Brodmann apresenta várias camadas: na camada I, encontram-se as células 
granulares e horizontais. Na camada II ou granular externa, encontram-se as célulaspiramidais e 
neurônios de axônios curtos que se dirigem para a camada I ou se ramificam na horizontal. Na 
camada III ou piramidal, encontram-se as células piramidais P1 e P2. A camada IV ou granular 
interna está subdividida em IVA, apresentando células estreladas gigantes S1 com dendritos que 
se estendem às camadas II e III e seus axônios terminam numa camada mais profunda de células 
estreladas menores ou na substância branca; a IVB, que contem fibras mielinizadas 
correspondentes a linha de Gennari, e a camada IVC, que recebe os axônios das células 
geniculocorticais e se divide em IV C α, células estreladas S3, e IV C β, células estreladas S4. A 
camada V ou ganglionar contém células piramidais e células estreladas S5, e a camada VI contém 
células piramidais P3 e P4. 
Fig. 20 
 
 
 31 
Paralelismo no córtex visual primário 
Existe uma comunicação retinotópica dos neurônios ganglionares da retina para o CGL e para a 
camada 4 do tipo V1 do córtex calcarino. Os campos receptores dos neurônios dessa camada são 
alongados devido à superposição dos demais vindos da retina. Esses neurônios têm sensibilidade 
à orientação dos estímulos quando são ativados por retângulos de luz que tinham que ser 
inclinados com a orientação do campo receptor. Os mesmos neurônios formam colunas que 
atravessam toda a espessura do córtex, alinhadas com cada banda de dominância ocular da 
camada 4. Colunas adjacentes tinham preferências por orientações ligeiramente diferentes, de 
modo que ao longo de cada banda de dominância ocular estava representando os 1800 possíveis 
de inclinação dos estímulos com sensibilização à orientação. 
 
REFLEXOS ÓPTICOS 
Fibras levando impulsos relacionados ao reflexo da luz e somáticos passam através do quiasma 
óptico e trafegam pela parte medial do trato óptico, saem do trato óptico antes de chegar ao 
CGL e seguem pelo braço conjuntivo para o mesencéfalo. Os impulsos à luz passam aos núcleos 
da área prétectal no mesencéfalo logo acima do colículo superior, fazem sinapses, e os neurônios 
vão para o núcleo de Edinger Westphal. Algumas fibras do reflexo à luz projetam-se no núcleo 
prétectal e conduz o reflexo direto à luz, outras decussam na comissura posterior para o outro 
núcleo prétectal para mediar o reflexo consensual. Daqui os impulsos voltam através do III nervo 
para o esfíncter da pupila. 
Os impulsos que fazem parte dos reflexos visuais somáticos, movimentos de rotação dos olhos e 
da cabeça em direção ao estimulo visual, vão para os colículos superiores; descem pelas fibras do 
trato do tecto-oculomotor e conecta-se com os núcleos mais inferiores do tronco cerebral que 
inervam a musculatura esquelética à resposta do respectivo estímulo visual. 
Para modificação consciente do reflexo visual, os impulsos vão do corpo geniculado lateral para o 
córtex visual, e depois para os colículos superiores. Fibras também passam das áreas 18 e 19 de 
Brodmann através das radiações ópticas para os colículos superiores. Essas respostas reflexas 
subservientes através de conexões com os núcleos dos músculos dos olhos e outras estruturas, 
caminham pelo trato córticotectal. Fibras que levam impulsos para o reflexo visopalpebral têm 
como resposta fechar os olhos à luz, porque vão para o núcleo do nervo facial. 
 
 
 32 
 
SEMIOLOGIA 
A maior função do nervo óptico é testada pelo exame de várias modalidades do sentido visual: 
acuidade visual, amplitude dos campos visuais, e componentes especiais da visão como visão 
colorida, diurna e noturna. Tanto o exame neurológico como o exame físico geral é incompleto 
sem inspeção dele e da retina pelo oftalmoscópio. Os olhos são testados individualmente e 
depois em conjunto. 
É importante saber que existem duas vias paralelas que saem dos olhos via CGL e córtex estriado. 
Essas vias contêm dois tipos de neurônios diferentes: 1) pequenos neurônios chamados de 
parvocelulares (células P), que carregam informações de cor, boa discriminação e sensibilidade 
ao contraste de alta frequência espacial; 2) neurônios maiores chamados de magnocelulares 
(células M), que transmitem informações sobre o movimento, estereopsia e sensibilidade ao 
contraste de baixa frequência espacial. Quando alguma desordem afeta preferencialmente uma 
ou outra via do sistema paralelo, esse achado pode ter importância diagnóstica. 
Antes de realizar o exame funcional do II nervo, deve olhar as alterações de catarata, irritação da 
conjuntiva, cicatriz ou opacificação da córnea, irite, uveíte, corpo estranho ou glaucoma. Deve-se 
também relatar a presença de prótese, fotofobia, arco de lipídio por infiltração da junção 
córneaesclerótica, sendo vista em pessoas idosas e considerado uma parte do processo natural 
do envelhecimento. É ocasionalmente visto em jovens, especialmente na raça negra ou 
geneticamente determinado. Relata-se a presença de um arco córneo unilateral com doença 
carotídea contralateral. O anel de Kayser-Fleischer é encontrado na doença de Wilson, uma zona 
de pigmentação granular amarela esverdeada pelo depósito de cobre no estroma posterior e 
membrana de Descemet, melhor vista com a lâmpada de fenda. Catarata pode está presente em 
pacientes com distrofia miotônica. 
 
ACUIDADE VISUAL é a capacidade que tem o olho para perceber detalhes, e depende de: 1. 
Intensidade da luz à retina; 2. Menor área que pode ser percebida; e 3. Capacidade de 
reconhecer dois pontos intimamente próximos ou linhas paralelas. O cartão de Snellen, uma 
série de letras diminuindo de tamanho que é lida variando a distância, é colocado à distância de 
6 metros do paciente, desde que exista o reflexo de acomodação. A visão normal está presente 
 
 
 33 
quando o paciente é capaz de ler a 6 metros e a acuidade é depois registrada de 20/20 ou 6/6. 
Os olhos são testados em separado e um é coberto durante o exame. A distância do teste do 
cartão é usada como numerador e a que o paciente ler o menor tipo de letra deve ser o 
denominador. Se o paciente é capaz de ler a 20 pés somente aquelas letras que devem ser lidas a 
40, ele tem visão 20/40. Não significa que o paciente tem metade da visão normal e, sim, 16.4% 
de perda da visão. Se o paciente tem uma acentuada perda da acuidade visual, o examinador 
deve determinar a distância que ele é capaz de contar dedos a 6 metros, movimentar a mão, 
perceber luz ou não. Se os óculos estiverem vencidos, o exame é feito com e sem correção. 
Alterações na acuidade visual podem resultar de doenças tanto oculares quanto do SN. Muitas 
pessoas sofrem de algum erro de refração: miopia, hipermetropia ou astigmatismo, sem ter 
doenças. O teste por um buraco de alfinete é usado para determinar se a pobreza da visão é 
devido a erro de refração ou a doença do globo ocular ou do SN. Pede-se ao paciente para fechar 
um olho e, pelo outro olho, ler através do buraco de um alfinete em um cartão em forma de 
disco. O buraco impede a passagem de raios de luz periférica e permitem somente os da luz 
central. A visão com erros de refração será melhorada (20/20 ph), mas devido a defeitos 
orgânicos não. E, ao realizar a prova do buraco de alfinete, o paciente também estará 
determinando sua dominância visual. 
O termo ambliopia é um defeito de visão por lesão funcional da retina como: ambliopia de 
desuso, alcoólica, tóxica, traumática e urêmica. A amaurose é a perda da visão secundária à 
doença do SN. Cegueira histérica deve ser avaliada por técnicas especiais. Uma pessoa com 
cegueira orgânica assina seu nome, olha para sua mão, pode tocar os seus dedos e apresenta o 
nistagmo ópticocinético. Uma pessoa com cegueira funcional não consegue realizar os mesmos 
testes, mas pode apresentar o nistagmo ópticocinético. 
Visão coloridaou cegueira da cor ou acromatopsia é uma condição herdada, mas transmitida 
pela mulher. Ocorre em cerca de 3 a 4 % no sexo masculino e 0,3% das mulheres. Acromatopsia 
pode ocorrer na doença da coróide, nervo óptico, vias visuais, etc. Perda da visão colorida pode 
preceder a perda da acuidade visual ou percepção da forma. Isso é evidente no exame dos 
campos visuais e tem sido notado que nas doenças da coróide a primeira cor perdida é o azul, 
seguida pelo vermelho, e depois verde, mas após perder a forma. Nos defeitos de campo devido 
a doenças neurológicas, o vermelho é perdido primeiro; isso é às vezes referido como vermelho 
 
 
 34 
desbotado. A diminuição da intensidade do vermelho de um olho é chamada de pupila de 
Marcus-Gunn. Cegueira colorida pode ser parcial ou total. 
Para se testar a visão colorida pede-se para o paciente comparar a intensidade do vermelho nos 
hemicampos temporal versus nasal. Normalmente, o vermelho é mais intenso no centro do 
campo visual do que na periferia. A inversão sugere prejuízo da visão central. Ou para comparar 
as cores de fios ou as placas pseudoisocromaticas de Ishihara ou de Hardy, Rand, e Rittler ou o 
teste dos cartões de Stilling. Os testes para visão colorida são importantes no exame de certos 
trabalhadores industriais. 
Cegueira diurna ou hemeralopia é uma condição em que a visão é pobre na luz brilhante, mas 
melhor na iluminação fraca; pode ser uma síndrome de fadiga e é encontrada no tabaco ou 
ambliopia alcoólica, deficiência nutricional, várias condições causam um escotoma central e 
formação inicial de catarata central, mas pode resultar do uso de trimetadione no tratamento do 
pequeno mal epiléptico. Luzes brilhantes podem fatigar a retina em certos indivíduos e devido à 
pupila ser contraída, somente a visão central é usado; quando a iluminação é menos intensa, a 
pupila é dilatada, e o individuo é também capaz de usar a retina da periferia. Cegueira absoluta é 
a perda da visão central e periférica. A cegueira cortical é por lesão do córtex estriado. Cegueira 
psíquica é a agnosia visual. 
Cegueira noturna ou nictalopia é a deficiência de visão com pouca luz, no luscofusco, embora a 
visão possa ser normal quando existe iluminação adequada. É um sintoma frequente de 
degeneração pigmentar da retina, mas é também observado em estados de fadiga ou exaustão, 
alcoolismo crônico, icterícia, doença de Leber, sendo um sintoma precoce de xeroftalmia por 
carência de vitamina A. 
 
OS CAMPOS VISUAIS 
O campo visual é o limite da visão periférica, o espaço que um objeto pode ser visualizado 
enquanto o olho permanece fixo no mesmo ponto. Quando fixamos os olhos sobre um objeto, 
uma imagem nítida cai sobre a mácula, isóptera, e somos capazes de ver com a periferia da 
retina, principalmente se as imagens estiverem em movimento. A identificação das bordas de 
contraste dos objetos começa a esboçar-se já na retina, através do mecanismo de inibição lateral 
propiciado pela estrutura tangencial das células horizontais e amácrinas, que criam uma periferia 
 
 
 35 
antagônica ao centro do campo receptor das células bipolares e das células ganglionares. A 
inibição lateral continua nas camadas parvocelulares do CGL e na camada 4 de V1 e se projeta no 
córtex visual primário para reconhecer as bordas em todas as inclinações. O campo visual normal 
tem contorno definido. Uma pessoa é capaz de vê lateralmente a distância de 90 a 1000, o nasal 
a 600, o superior 50 a 600, e o inferior a 60 a 700. O campo da visão é mais amplo nos quadrantes 
inferior e lateral do que nos superior e medial. 
No teste dos campos são determinados: a quantidade de visão, a posição, o tamanho, a forma da 
mancha cega fisiológica e anormalidades da visão central ou periférica. Existem variações 
individuais no campo visual, devido à configuração facial, forma da cavidade orbitária, posição do 
olho na órbita, a largura da fissura da pálpebra, mas tais alterações não têm valor como 
diagnóstico. Na visão binocular existe superposição do campo de um olho pelo outro, com um 
crescente estreito em forma de foice ou área no crescente temporal que é vista num único olho. 
Isso pode se estender de 60 a 90 graus sobre o meridiano horizontal. 
O exame dos campos requer cooperação do paciente. O resultado é melhor em paciente alerta e 
interage com o examinador. O olho que está sendo examinado deve ficar fixo em um objeto, a 
iluminação deve ser adequada e constante, e ausência de fadiga é essencial para a medição da 
mancha cega, delineação de escotoma e visão fisiológica. Fadiga e fraqueza podem prolongar o 
período latente entre a percepção do paciente ao objeto fixado e sua resposta, dando falsa 
impressão de contração dos campos. 
Exame por confrontação é realizado quando se compara o campo do paciente com o do 
examinador, usado como padrão. O examinador em pé, com um olho fechado, cerca de 80 a 100 
cm em frente do paciente com o olho coberto do mesmo lado, fixando o olho examinado no 
nariz do examinador. O exame alcança 76% de sensibilidade, sendo realizado com uma caneta de 
tampa vermelha mostrada no campo de visão através dos vários meridianos. O objeto testado 
deve ser equidistante e o paciente deve responder quando: perceber o primeiro movimento, 
dizer a cor e distinguir a forma do objeto. Após testar cada olho, a extinção visual é avaliada, 
observando a capacidade do paciente vê objetos idênticos ou o movimento deles, quando estão 
presentes simultaneamente nos quadrantes temporal superior e inferior de ambos os olhos. O 
método pode ser usado a beira do leito, em pessoas de baixa intelectualidade, estado de 
consciência diminuída, afásicos e semitorporosos. Ao testar pacientes afásicos pode-se mover 
 
 
 36 
uma lanterna no campo de visão. O paciente pode mover a mão rapidamente do lado ou piscar o 
olho, como se fosse ser golpeado, e perceber se faz careta, desloca a cabeça para trás: como se 
fosse um reflexo de piscamento à ameaça. 
 
Alterações do campo visual 
 
Várias alterações no campo visual podem ser demonstradas nas desordens neurológicas. 
Algumas das mais importantes dessas são listadas aqui. 
Contração do campo visual é caracterizada por estreitamento da visão de fora para dentro, 
afetando o campo periférico parcial ou totalmente. A contração pode ser regular ou irregular; 
concêntrica; excêntrica temporal ou nasal, superior ou inferior. Contração concêntrica regular é 
um sinal clínico precoce na atrofia óptica primária ou secundária e na degeneração pigmentar da 
retina. Caracteriza-se pelo estreitamento do campo de visão através de todos os meridianos. 
Uma variedade de contração é a contração tubular comumente considerada como um sinal de 
histeria. Normalmente, o campo de visão amplia-se progressivamente quando o objeto é 
mantido mais distante do olho, mas no histérico não ocorre. Outro tipo de contração difícil de 
avaliar é a contração tubular, na qual existe um estreitamento progressivo do campo de visão 
durante o teste. É dito como um sinal de doença não orgânica, mas é provável o diagnostico de 
fadiga. Similar ao campo espiral é o campo em forma de estrela, no qual existe um contorno 
irregular e pode ser visto na histeria, fadiga e pobreza de concentração. Campo tubular e 
escotomas em anel com flutuação contínua do limiar visual para diferentes partes do campo e 
com fenômenos concomitantes de extinção foram descritos em pacientes com história de 
trauma craniano. 
Hemianopsia é a perda de uma metade do campo visual, podendo ser homônima ou 
heterônima. Hemianopsia homônima é a perda da visão na metade nasal de um olho e a metade 
temporal do outro olho. É causada por lesões a partir do quiasma óptico, onde existeinterrupção 
das fibras da metade temporal da retina ipsilateral e das fibras da metade nasal da retina oposta. 
Com tais lesões, a visão é perdida no campo nasal para o olho ipsilateral e no campo temporal 
para o olho oposto, visto que a hemianopsia é designada pelo lado do campo perdido. 
Se a lesão que causa hemianopsia homônima estiver situada no trato óptico anterior ao CGL, as 
fibras relacionadas com o reflexo da luz também estão envolvidas, e existe uma perda da 
 
 
 37 
resposta pupilar quando uma lanterna é focada na metade da retina envolvida: fenômeno 
hemianóptico de Wernicke. A pupila ipsilateral também pode ser mais dilatada e se a atrofia 
óptica estiver presente, o fenômeno pode ser mais acentuado no olho ipsilateral. Nas lesões do 
trato óptico a hemianopsia é incongruente como resultado das fibras das áreas da retina 
correspondentes sendo desigualmente mistas ou entremeadas ao trato. Pode existir 
incongruência nas lesões na estratificação de fibras no CGL. Mas, a hemianopsia incongruente é 
mais comum por lesão mais próxima do quiasma do que do corpo geniculado lateral. 
Se a lesão for dentro das radiações ópticas o reflexo luminoso não é perdido e a hemianopsia é 
congruente porque as fibras que representam as áreas correspondentes nas duas retinas estão 
intimamente associadas. Não existe opacificação subjetiva da visão ou escuridão nas porções 
afetadas dos campos e a acuidade visual pode ser normal. Em vez de cegueira completa, outras 
alterações podem ser evidentes. Um defeito parcial ou irregular em um ou em ambos dos 
campos simétricos pode ser tanto significante quanto a perda do campo inteiro. Pode existir 
perda da visão relativa em vez de absoluta ou flutuação da visão nos campos afetados. Pode 
existir extinção ou falha para perceber um objeto quando um objeto similar é sustentado 
simultaneamente no campo oposto. Extinção pode aparecer em vez de hemianopsia ou pode 
aparecer durante o processo do desenvolvimento da hemianopsia. 
De significado similar são: perda do discernimento visual, prejuízo do limiar de fusão para luz 
intermitente (como o perímetro de vela) e hemiacromatopsia. A localização frequente está no 
lobo occipital, depois nos lobos parietal e temporal. Lesões do lobo occipital são frequentes em 
origem vascular e o campo tem margens abruptas. Lesão do lobo parietal e temporal pode ser 
tanto neoplásica como vascular. Os defeitos de campos associados com neoplasia são 
frequentemente incompletas, gradual e progressiva na natureza, e tem margens graduais ou 
inclinadas; ocasionalmente são incongruentes. 
Uma alteração ou abolição do nistagmo opticocinético em direção ao lado hemianóptico é 
encontrado mais com envolvimento do lobo parietal. Com lesão próxima da ponta do lobo 
occipital, especialmente no hemisfério dominante, pode preservar a visão central na metade 
cega do campo visual contrário. Hemianopsia homônima mesmo aquelas afetando metade da 
mácula, não prejudica a acuidade visual. Paciente pode ler normal com metade da mácula 
preservada, porém aqueles com hemianopsia do lado esquerdo podem ter dificuldade de 
 
 
 38 
encontrar a linha a ser lida. Ocasionalmente, paciente com hemianopsia homônima leria 
somente a metade da linha. A mácula tem ampla distribuição, tanto no pólo occipital como 
anterior na parte profunda da fissura calcarina. A persistência da visão central com o 
envolvimento de um lobo occipital pode ser explicada por essa representação macular extensa 
ou pela destruição incompleta do córtex estriado pela lesão, superposição do suprimento 
sangüíneo ou variações individuais na estrutura anatômica do cérebro humano. Com lesão 
occipital uma mudança fisiológica constante parece ocorrer. Portanto, poupar a mácula pode ser 
aparente em vez de real, a alteração que aparece nos campos visuais é a instabilidade de fixação 
e o estabelecimento de um ponto de fixação excêntrico, tanto dos que ocorrem com perda da 
integração cortical como com a interrupção das vias córticotectal. No inicio gradual de uma 
hemianopsia a visão macular é retida por longo tempo, mas também pode desaparecer. 
Numa quadrantanopsia inferior há envolvimento das fibras da retina superior e irradiam através 
do lobo parietal e terminam no lábio superior da fissura calcarina. Uma quadrantanopsia 
superior significa lesão de fibras da retina inferior e irradiam através do lobo temporal afetando 
a alça de Meyer, as fibras voltam do terceiro ventrículo e terminam no lábio inferior da fissura 
calcarina. 
Uma lesão unilateral limitada à porção posterior do lobo occipital pode causar um escotoma 
hemianóptico simétrico. Cegueira cortical ou calcarina ocorre nas lesões bilaterais. Pode existir 
uma hemianopsia homônima bilateral, envolvendo ambos os tratos ópticos, radiações, lobos 
occipitais ou existir escotoma central bilateral, por causa de lesões de ambos os pólos occipitais. 
Cegueira cortical pode ser de origem vascular, traumática neoplásica ou degenerativa, e ocorre 
com trauma na parte posterior do cérebro; trombose da artéria basilar ou de ambas as artérias 
cerebrais posteriores; anóxia severa ou perda de sangue; embolia gasosa; reações de transfusão 
hemolítica; e desordens degenerativas, tais como doença de Shilder. Como as pupilas reagem à 
luz, às vezes é difícil de diferenciar a cegueira cortical da histérica, embora exista retardo da 
perda de visão. Lesões nas porções mais anteriores dos lobos occipitais podem ser 
acompanhadas por: distúrbios na percepção espacial e perda absoluta da localização dos objetos 
no campo homônimo sem hemianopsia, agnosia visual, alexia, perda da memória visual, negação 
de cegueira, perda do seguimento e movimentos reflexos dos olhos. 
 
 
 39 
Na hemianopsia heterônima quer tanto o campo nasal como o temporal é afetado. A variedade 
bitemporal é frequente e resulta do envolvimento do quiasma óptico com lesão situada acima da 
sela túrcica. Defeito no campo bitemporal pode ser detectado precocemente pela demonstração 
da descoloração do vermelho. A causa mais comum de hemianopsia bitemporal é o adenoma 
pituitário, mas também ocorre com tumor paraselar, supraselar, meningeoma, 
craniofaringeoma, gliomas do quiasma óptico, aneurisma, trauma e hidrocefalia. É incomum os 
campos serem bilateralmente simétricos. Porque as fibras da retina inferior que passam pela 
porção inferior do quiasma óptico são afetadas em primeiro lugar, o defeito primário da visão 
aparece no quadrante superior. Pode primeiro existir uma quadrantonopsia temporal em um 
olho, então uma perda do campo temporal, seguido pela contração ou perda do campo nasal. 
Geralmente um olho está envolvido antes do outro e a perda visual desenvolve mais 
rapidamente nesse lado. Ocasionalmente existe cegueira de um olho com defeito no campo 
visual no outro ou a primeira manifestação pode ser um escotoma central. 
Uma hemianopsia binasal pode ocorrer com lesões bilaterais que interrompem a continuidade 
das fibras da metade temporal de cada retina. Hemianopsia binasal é muito rara, embora às 
vezes presente em arteriosclerose ou aneurismas bilaterais das artérias carótidas interna. 
Hemianopsia nasal unilateral é vista mais frequentemente. 
Hemianopsia altitudinal ou horizontal não é frequente, podendo estar associada com lesão da 
região sela, abaixo do quiasma óptico, pressionando as fibras anteriores e causando uma perda 
de campo superior ou com hidrocefalia interna ou uma lesão do terceiro ventrículo, 
pressionando a parte superior do quiasma e causando um uma perda de campo inferior. Podem 
também ocorrer na presença de lesões bilaterais envolvendo ambos os lobos occipitais. 
Escotoma é uma mancha escura que varia de tamanho, forma e intensidade

Outros materiais