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SINDICATO NACIONAL DE MASSAGISTAS DE RECUPERAÇÃO E CINESIOTERAPEUTAS Acreditado pela Secretaria do Estado do Emprego e Formação (Portaria nº 782/97 de 29/8) CCuurrssoo DDee MMaassssaaggeemm SSSEEEBBBEEENNNTTTAAA DDDEEE AAANNNAAATTTOOOMMMOOOFFFIIISSSIIIOOOLLLOOOGGGIIIAAA (Proibida reprodução total, parcial ou fotocopiar, registados os direitos de autor desde 1985) Sede: Rua Leão de Oliveira nº 2-A - 1300-352 Lisboa - Telef.: 213 649 439, 210 163 680 / Fax: 213 621 695. Zona Norte: Rua Formosa nº 135 – 2º - 4000-251 Porto - Telef./Fax: 222 087 453. Zona Centro: Rua de Moçambique nº 123 - 2º. - 3030-062 Coimbra - Telf.: 239 722 764. E-mail: simacmassagem@hotmail.com S I M A C 1 INTRODUÇÃO Acreditamos que “um curso de anatomia em que esteja ausente uma referência a capacidades e valores e somente contenha informação, dificulta a transformação do que se aprende em sabedoria”. Assim, desejamos que estes materiais constituam um recurso válido para uma aprendizagem diversificada, que permita: Desenvolver uma aquisição progressiva de conhecimentos, dum raciocínio lógico e de meios de expressão apropriados. Aplicar conhecimentos em situações variadas, desenvolvendo o pensar de forma indagadora e crítica e o actuar com espírito de abertura e tolerância. Desenvolver a capacidade para avaliar e alterar os conjuntos de valores próprios à luz de nova informação. Desenvolver competências necessárias à: investigação de problemas; avaliação de soluções alternativas para os resolver; identificação das perspectivas de valores a eles associadas. Avaliar as possibilidades que os novos conhecimentos de anatomia oferecem, tendo em vista a melhoria das condições de vida. Estamos conscientes de algumas limitações e expressamos o agradecimento antecipado a qualquer sugestão crítica para melhorar o que pretendemos dar a conhecer. S I M A C 2 DESCOBERTA DA CÉLULA E ORGANIZAÇÃO CELULAR No séc. XVII, Robert Hooke, intrigado com a leveza e compressibilidade da cortiça, cortou com um canivete, uma lâmina muito fina e colocou-a no microscópio para observação. Robert Hooke observou que a cortiça e outros tecidos vegetais eram formados por pequenas cavidades separadas por tabiques. A estas cavidades deu o nome de células, que significa “pequenas celas”. Da célula, Hooke viu apenas as paredes esqueléticas sem antever a sua natureza real e a sua individualidade. Mas a descoberta da célula ainda não acabou. Novos progressos surgiram com a invenção do microscópio electrónico por V. Zworkin, em 1930. Este microscópio, permite obter imagens muito mais ampliadas, revelando detalhes inesperados da ultra-estrutura celular. Na actualidade a teoria celular assenta em duas grandes generalizações : A célula é a unidade básica, sob o ponto de vista estrutural e funcional dos seres vivos, isto é, todos os organismos são constituídos por células, onde se desenrolam as reacções da vida. As células multiplicam-se por divisão e dessa divisão depende a continuidade genética entre a célula mãe e as células filhas. S I M A C 3 Em todas as células observadas existem três constituintes fundamentais: membrana celular, citoplasma e núcleo. Membrana Celular É a barreira que limita exteriormente o citoplasma, separando o meio intracelular do meio extracelular. Também se denomina membrana citoplasmática ou membrana plásmica. Esta membrana é invisível ao microscópio óptico, mas a sua existência pode pôr-se em evidência, pela resistência que a superfície da célula oferece ao ser atravessada por uma microagulha, e, ainda pelo facto da sua ruptura provocar a saída do citoplasma para o exterior. Citoplasma S I M A C 4 Citoplasma Ao microscópio óptico o citoplasma apresenta o aspecto de uma massa semifluida, um pouco mais refringente que a água, aparentemente homogéneo. Dispersos no seio do citoplasma é possível notarem-se granulações e bastonetes, que podem corresponder a organitos muito diversos. Com a técnica que utilizamos, apenas nos foi possível identificar alguns desses organitos. Plastos – Nas células da folha de uma elódea podemos observar cloroplastos. São organitos geralmente ovóides que contém pigmentos fotossintéticos, nomeadamente clorofilas, daí a sua cor verde. Mitocôndrias – Alguns dos bastonetes e granulações observadas ao microscópio óptico no citoplasma poderão corresponder a organitos chamados mitocôndrias. As mitocôndrias possuem uma dupla membrana: membrana mitocondrial externa, que a separa do hialoplasma; membrana mitocondrial interna, que forma uma série de pregas orientadas para o interior da mitocôndria chamadas cristas mitocondriais. Estas cristas aumentam muito a superfície da membrana interna. O espaço delimitado pelas duas membranas mitocondriais é chamado espaço intermembranar, enquanto o compartimento que fica dentro da membrana interna é a matriz mitocondrial. É a sede dos fenómenos respiratórios celulares, e há muito que se sabe que são os principais locais de produção de ATP ligada ao consumo de oxigénio. Aparelho de Golgi – Este organito não é geralmente visível na célula viva, pois para ele não existe nenhuma coloração vital. S I M A C 5 Foi descrito pela primeira vez nos finais do séc. XIX por um investigador italiano Camillo Golgi. Este organito foi objecto de grande controvérsia, que só terminou na década de cinquenta com a utilização do microscópio electrónico. Só então a sua estrutura e funções foram bem definidas. O aparelho de Golgi é constituído por uma ou várias unidades formadas por um conjunto de 4 a 20 sáculos achatados e empilhados regularmente, na periferia dos quais existe uma série de vesículas. Cada uma destas unidades é um dictiossoma. As células vegetais apresentam, por vezes, algumas dezenas ou centenas de dictiossomas. Numa célula em actividade parece existirem estreitas relações entre o RE e o complexo de Golgi. Essas relações podem ser de: Contiguidade – aparecem numerosas vesículas, algumas das quais parece originarem-se a partir do RE e depois incorporarem-se nos sáculos da face de formação dos dictiossomas; Continuidade – os elementos do RE comunicam directamente com os sáculos da face de formação por intermédio de canalículos, sugerindo uma actividade de trânsito de uma estrutura para outra. É provável que a origem dos sáculos ocorra na fase de formação do dictiossoma a partir de vesículas provenientes do RE. Os sáculos que se vão constituindo nesta face tendem a substituir aqueles que se situam na fase de maturação e que desaparecem, originando vesículas de secreção. O aparelho de Golgi, ele é especialmente desenvolvido em células glandulares, pelo que se pensa que deve estar envolvido em processos de secreção celular. As proteínas sintetizadas sobre membranas do retículo pelos ribossomas passam para as cavidades do mesmo enchem as vesículas que se vão fundir ao sáculos do Golgi. As proteínas que se destinam a ser secretadas para fora da célula são quimicamente modificadas durante a passagem pelo aparelho de Golgi, sendo transformadas em glicoproteínas, na maioria dos casos. S I M A C 6 Finalmente o aparelho de Golgi intervém também nos fenómenos de digestão intracelular. É a este nível que se formam em grande parte os lisossomas. Retículo endoplasmático – Uma das mais importantes descobertas a nível celular ocorridas quando da utilização do microscópio electrónico, no estudo da célula, foi a existência de um complexo sistema de membranas distribuído por toda a célula. A microscópio electrónico o RE parece ser formado por um conjunto de vesículas achatadas, esféricas ou tubulares, cuja parede é formada por uma membrana que tem as mesmas características da membrana plasmática. Existem dois tipos de RE: o retículo endoplasmático rugoso (RER), também chamado retículo endoplasmático granular, que apresenta nas faces externas das suas membranas inúmeros ribossomas, e o retículo endoplasmático liso, que não apresenta ribossomas e que geralmente tem o aspecto de túbulos anastomosados. Os ribossomas situados na face externa das membranas são formados por duas subunidades globulares de diferentes tamanhos, fazendo-se a ligação às membranas pela subunidade maior. No retículo endoplasmático rugoso a forma das concavidades observadas depende da obliquidade do corte. Fazendo a reconstituição verifica-se que o retículo é formado por um conjunto de sacos achatados, as cisternas, de vesículas esféricas e túbulos intercomunicando entre si. A nível do retículo endoplasmático são sintetizadas várias substâncias, entre as quais uma grande variedade de proteínas no RER. S I M A C 7 Embora as actividades fisiológicas do retículo ainda não estejam completamente esclarecidas, pelos dados disponíveis podemos concluir que o RE tem importância na síntese de numerosas substâncias. Em relação ao RER podemos destacar a síntese e concentração de proteínas. O retículo intervém ainda no transporte de substâncias, não só de substâncias produzidas na própria célula, por exemplo proteínas, como também de substâncias procedentes do meio exterior. As gotículas de lípidos, captados por pinocitose, atravessam o citoplasma das células ao longo das cavidades do retículo. O retículo constitui uma verdadeira rede de distribuição dentro da célula. É um verdadeiro “Metro” celular. Lisossomas – São pequenas vesículas esféricas ou ovóides de 250 A de diâmetro limitadas por uma membrana de estrutura trilaminar. A estrutura interna dos lisossomas é extremamente irregular e apresenta grande variabilidade. O seu conteúdo, denso e finamente granuloso a microscópio electrónico, é constituído por enzimas, principalmente, hidrólases ácidas. Foram detectados mais de quarenta tipos de tais hidrólases capazes de degradar quase todas as classes de constituintes bioquímicos celulares (proteínas, lípidos, ácidos nucleicos, polissacarídeos, etc.). Os lisossomas formam-se no aparelho de Golgi e por vezes de uma região especializada do RE na proximidade do mesmo aparelho de Golgi. Encontramo-los em todas as células eucarióticas. Além da sua intervenção na digestão de produtos vários, os lisossomas participam na degradação de detritos do metabolismo celular e na destruição de organitos celulares de duração limitada. Centríolos – As células de todos os organismos, exceptuando-se as dos vegetais superiores (Angiospérmicas) e as dos procariontes, possuem nas proximidades do núcleo dois corpúsculos muito pequenos em forma de bastonete chamados centríolos. O microscópio electrónico permitiu conhecer a ultra-estrutura dos centríolos, que aliás é muito característica. Os centríolos desempenham uma função importante durante a divisão celular. S I M A C 8 Núcleo da célula O núcleo da célula foi descoberto em 1831 por Robert Brown em células de orquídeas. A generalidade das células possui um único núcleo tipicamente de forma esférica ou ovóide e com posição central. Há, no entanto, inúmeras excepções a esta descrição. Por exemplo, as células musculares estriadas têm mais do que um núcleo. Nos leucócitos o núcleo tem uma forma de rim. O núcleo trata-se de um corpúsculo rodeado por citoplasma e delimitado por uma membrana que apresenta poros. São estas estruturas que permitem a comunicação com o referido citoplasma. O núcleo produz material que, migrando para o citoplasma, controla o crescimento e a morfologia celular. Como já vimos que o RNA sintetizado no núcleo migra para o citoplasma, é lógico pensar que o RNA tenha um papel importante como mediador dessa morfogénese. O núcleo é, assim, o centro que assegura a permanência e transmissão do material hereditário, sendo o citoplasma da célula a região onde são recebidas e executadas as informações emanadas do núcleo, que se traduzem em reacções, estruturas e formas conforme os modelos dessas informações. S I M A C 9 PARTES CONSTITUINTES DE UMA CÉLULA (Esquema Geral) CÉLULA Citoplasma Núcleo Parede esquelética* Membrana citoplasmádica Hialoplasma Organitos citoplasmáticos Membrana nuclear Nucleoplasma Núcléolos Cromossomas Mitocôndria Aparelho de Golgi Retículo rugoso endoplasmático liso Ribossomas Lisossomas Vacúolos Centrossoma Plastos* – cloroplastos amiloplastos cromoplastos Inclusões – grãos de secreção inclusões lipídicas Cílios e flagelos Nota: * - só existe na célula vegetal. S I M A C 10 TECIDOS Definição e generalidades. Nos organismos multicelulares, e, por isso, com células especializadas, iremos deparar com um novo paradigma de organização – o Tecido. Este é formado por células com idênticas funções e capacidades (diferenciações), agregadas entre si com a finalidade de constituir uma nova entidade, ela própria com novas, e diferentes, propriedades. Os tecidos serão o próximo passo na crescente complexização das estruturas vivas, e será da sua combinação, em proporções variadas, que surgirão os órgãos. No entanto, os tecidos, em si próprios, são já uma entidade autosuficiente, do ponto de vista funcional, embora, na realidade, não existam isolados, visto não serem, morfologicamente, independentes (ao contrário das células, que são morfológica e fisiologicamente autosuficientes). O ramo das biociências que se dedica ao estudo dos tecidos denomina-se de Histologia, e, tal como a Anatomia, faz parte do grupo das Ciências Morfológicas. Classicamente, distinguem-se 4 tipos de tecidos, baseando-se esta classificação na sua função principal e localização; a sua origem embriológica não entra aqui em consideração (endo, meso ou ectoderme): Epiteliais - quando revestem superfícies no exterior ou interior do corpo; Conjuntivos - quando é um tecido de suporte ou formando invólucro; Musculares - quando a sua propriedade fundamental é a contracção; Nervosos - quando esta é a condução eléctrica. Tipos de tecidos Tecido epitelial – epitélio Este tipo de tecido reveste uma superfície que pode ser externa (como a pele) ou interna (boca e tubo digestivo, vasos sanguíneos). Podem dividir-se, grosso modo, em dois subtipos fundamentais – epitélios de revestimento e epitélios glandulares. S I M A C 11 Epitélios de revestimento São compostos de células fortemente ligadas entre si e justapostas, por forma a revestir o exterior ou interior do organismo. As junções entre as células são garantidas por várias estruturas, que podem ser do tipo macula (localizadas), ou zonula (formando uma banda à volta das células). As junções podem ser occludens (tight-junctions), adhaerens (cujo tipo mácula se chama desmossoma) ou reuniens (gap-junctions ou junções comunicantes). A extrema adesão entre as células do epitélio não obvia à presença eventual de outro tipo de células (linfócitos, e.g.). Todos os epitélios de revestimento estão apoiados e firmados numa camada de tecido conjuntivo, que também lhe providencia a nutrição necessária (já que os epitélios não têm vasos sanguíneos no seu interior); esta camada chama-se de membrana basal. Os epitélios de revestimento dividem-se consoante a forma, número de camadas de células e sua diferenciação: a. Simples: este subtipo é composto de uma só camada de células, cuja forma dá ao epitélio o seu nome: Pavimentoso (escamoso), de células achatadas: revestimento dos vasos sanguíneos e coração; Cubóide, de células grosseiramente cúbicas: reveste os ácinos da glândula tiroideia; Colunar (prismático), de células prismáticas: reveste o estômago e instestinos; pode incluir células colunares especializadas para a produção de muco (células mucóides ou caliciformes) – epitélio colunar mucoso – ou células ciliadas (com cílios vibráteis) – epitélio colunar ciliado -. b. Estratificados com várias camadas de células: Pavimentoso, por exemplo constituindo a epiderme; Cubóide, existente nas glândulas salivares; Colunar, por exemplo na trompa de Falópio; Transicional, com células de diferentes formas e tamanhos, formando várias camadas, existente nas vias urinárias. S I M A C 12 c. Pseudoestratificados, aparentemente com várias camadas de células, mas em que todas elas repousam sobre a lâmina basal. É o caso da mucosa traqueo-brônquica. Para desempenhar todas as funções necessárias a um epitélio de revestimento, as células suas constituintes podem apresentar várias diferenciações, a saber: Células queratinizadas, produtoras de queratina, cuja principal função é a protecção mecânica – ex. Unhas, pele; Células pigmentares, capazes de sintetizar pigmentos necessários à protecção dos raios UV – a melanina existente, por exemplo, na pele; Células sensoriais ou neurosensoriais, encontradas, por exemplo, nas papilas gustativas ou no ouvido interno, responsáveis pela captação e transmissão de estímulos exteriores ao Sistema Nervoso; Células dos epitélios de troca, por exemplo, o endotélio dos vasos, mesotélio das serosas, epitélio alveolar, especializados para o transporte de substâncias ou gases, sendo as células muito finas e com numerosas vesículas de transporte; Células ciliadas, permitindo por em movimento os elementos do conteúdo da cavidade (e.g. vias respiratórias, vias genitais); Células glandulares, especializadas para a síntese e excreção de moléculas complexas para o interior da cavidade que revestem (ex. As células caliciformes do tubo digestivo); Células com bordadura estriada, contendo numerosas microvilosidades no seu polo apical, por forma a desempenharem melhor o seu papel de absorção. Como se pode ver, mesmo dentro do grupo dos epitélios, a subespecialização é a regra; todas as células desenvolvem-se para integrarem o contexto histológico onde irão funcionar. Epitélios glandulares As células dos epitélios glandulares são especializadas para a produção de moléculas complexas e excretam para o meio exterior (pele e cavidades orgânicas) – glândulas exócrinas – para o meio interior (vasos sanguíneos) – glândulas endócrinas -. S I M A C 13 Quer sejam exócrinas ou endócrinas, todas as glândulas provêm de um epitélio de revestimento embrionário. a. Glândulas endócrinas: são compostas por células epitelias, um estroma conjuntivo de suporte e numerosos capilares fenestrados, destinados à nutrição e evacuação dos produtos de secreção da glândula. Existem vários tipos de secreções endócrinas, com moléculas de naturezas várias e com diversas acções sobre o metabolismo; a todas estas moléculas se chama Hormonas. As glândulas endócrinas serão um dos temas estudados posteriormente no Curso. b. Glândulas exócrinas: a sua morfologia é mais complexa que a das endócrinas. Algumas não têm canal excretor e são, simplesmente, células glandulares isoladas ou grupos de células, integradas no seio de epitélios de revestimento normais (glândulas intraepiteliais, epitélios secretores, como as mucosas). A maioria das glândulas são compostas de uma parte secretora, composta de epitélio glandular agrupado sob a forma de ácinos, túbulos ou alvéolos e uma parte excretora, feita por um canal de excreção, que pode ser simples ou ramificado (glândula simples ou composta); as secreções são lançadas, directamente, ou através de um canal excretor, no meio exterior (ex. Pele), ou numa cavidade correspondendo a um seu prolongamento (ex. Tubo digestivo). As glândulas exócrinas possuem, também, um invólucro conjuntivo, o estroma, contendo no seu interior numerosos vasos sanguíneos, responsáveis pela nutrição da glândula. Nas glândulas compostas, o estroma irá separar os lóbulos da glândula. As secreções das glândulas exócrinas são muito variadas, sendo desde o tipo proteico puro (glândulas serosas), tipo mucoso, rico em mucoproteínas e mucopolissacáridos (glândulas mucosas), ou formas mais diferenciadas, como sendo o sebo das glândulas sebáceas, o leite das glândulas mamárias ou o ácido clorídrico das glândulas fúndicas do estômago. S I M A C 14 Tecido conjuntivo TECIDO CONJUNTIVO – DIVISÃO: Tecido conjuntivo propriamente dito: (constitui o sustentáculo de todos os órgãos, não se encontrando em sistemas especializados). • tecido conjuntivo laxo • tecido conjuntivo denso Tecido conjuntivo especial: (é mais especializado que o anterior visto que tem uma função específica). • tecido reticular: tecido de suporte de orgãos hematopoiéticos (medula óssea, fígado) e do sistema linfático (gânglios linfáticos e baço), que são orgãos ricos em células móveis; • tecido adiposo: participa no metabolismo lipídico e é um reservatório de calorias. Tecido conjuntivo altamente especializado: (é um tecido sólido que constitui o esqueleto). • tecido cartilagíneo • tecido ósseo O tecido conjuntivo tem a função de nutrir, reunir, agrupar, proteger e sustentar os epitélios que formam o parênquima dos órgãos. De uma forma geral, o tecido conjuntivo está mais voltado para as funções mecânicas-estáticas, embora determinados tipos (o sangue, e.g.) fujam a esta característica. Este grupo de tecidos é caracterizado pela presença de células, separadas umas das outras por uma abundante substância fundamental (matriz extracelular), agrupadas sob determinadas composições químicas e ratios, por forma a constituir uma grande variedade funcional de tecidos conjuntivos, adaptados a várias funções. S I M A C 15 Células Os fibroblastos (fibrócitos) são as células principais do tecido conjuntivo e as mais características. São células fusiformes-estreladas, possuindo prolongamentos citoplásmicos longos. Têm uma diferenciação predominantemente sintetizadora, sendo responsáveis pela produção dos elementos constituintes da matriz extracelular. Outras células normalmente presentes são os adipócitos, cuja função diferenciada é a de acumulação de lipidos, seu metabolismo e libertação em circunstâncias particulares e sob determinada influência hormonal. Daí que estas células tenham quase todo o seu citoplasma ocupado por depósitos lipidicos, sob a forma de gotas de diversos tamanhos. Igualmente abundantes são os macrófagos, células pertencentes ao Sistema Imune, com a função de defesa inespecífica contra várias agressões e síntese de grande quantidade de mediadores necessários à progressão da resposta imune. Também pertencendo ao Sistema Imune, podemos encontrar linfócitos (os maestros da resposta imune), plasmócitos (responsáveis pela produção dos anticorpos) e eosinófilos (importantes nas reacções alérgicas). Por último, um dos tipos mais abundantes de células são os mastócitos, muitas vezes encontrados à volta dos pequenos vasos, com a função de sintetizar uma miríade de mediadores químicos (heparina, histamina, etc.) e componentes da substância fundamental. Matriz extracelular As funções de sustentação do tecido conjuntivo dependem das propriedades da sua matriz extracelular. Consoante a sua composição, esta pode gerar desde estruturas maleáveis até às mais duras estruturas do corpo humano. As fibras da matriz são responsáveis pela resistência e elasticidade do tecido conjuntivo, formando uma rede sobre a qual as células são colocadas. Existem três tipos de fibras, fundamentalmente: fibras de colagéneo, cuja abundância dá ao tecido conjuntivo a sua resistência, sendo formadas por hélices triplas de moléculas de colagéneo; fibras de reticulina, formadas igualmente por moléculas de colagéneo, mas dispostas formando redes: fibras de elastina, de composição diferente, dando ao tecido as suas propriedades elásticas. Existem ainda outras proteínas de estrutura, do tipo das glicoproteinas como a laminina e fibronectina, proteoglicanos e glicosaminoglicanos, como sejam o ácido hialurónico, as condroitinas- sulfato, o dermatan-sulfato, queratan-sulfato e heparan-sulfato. S I M A C 16 A substância fundamental da matriz é formada por um gel de água com sais minerais, aos quais se juntam proteoglicanos, glicoproteinas de estrutura, colagéneo e elastina solúveis, etc. É através deste gel que se dão as trocas de nutrientes e excreta, e que as células se movimentam. Tipos principais de tecido conjuntivo Da diferente mistura dos elementos acima citados, iremos obter tecidos conjuntivos com propriedades e funções muito diversas. Iremos apenas mencionar os principais tipos e algumas das suas localizações: a. Tecido conjuntivo laxo. Nesta forma de tecido, a proporção dos diversos elementos é a mais equilibrada, não havendo preponderância de nenhum componente. É igualmente, o mais abundante, constituindo o estroma da maioria dos órgãos, o córion e submucosa do tubo digestivo, tubo respiratório, vias urinárias e genitais. Entra também na constituição dos músculos e nervos periféricos. b. Tecidos conjuntivos densos. O seu papel é, essencialmente, de suporte estrutural, sendo particularmente ricos em fibras, com uma certa pobreza celular. Consoante o tipo de fibras, podem ser tecidos fibrosos densos, ricos em colagéneo (ex. ligamentos, tendões, aponevroses) ou tecidos elásticos, ricos em elastina (parede dos grandes vasos). c. Tecido reticular. Neste tecido o colagéneo forma redes dispersas, não tendo, por isso, grande importância estrutural. É um tipo de tecido particular aos gânglios linfáticos, baço, fígado e medula óssea, órgãos onde a riqueza em células móveis impõe essa organização. d. Tecido adiposo. Caracterizado pela grande abundância de adipócitos, no seio de uma fina rede de reticulina. Existe sobretudo na hipoderme, mesentério, grande epiploon e tecidos retroperitoneais. A sua função principal é de ajudarem a regular o metabolismo lipidico, fazendo o armazenamento, síntese e libertação de diversas gorduras. e. Tecidos esqueléticos. Têm a particularidade, entre os tecidos conjuntivos, de serem sólidos, razão pela qual são agrupados conjuntamente. Existem dois subtipos essenciais, a cartilagem e o osso. S I M A C 17 O tecido cartilaginoso é composto de pequenas células (correspondentes aos fibroblastos) dispersas em lacunas existentes na cartilagem, chamadas de condrócitos; às lacunas, chamamos de condroplastos. A matriz tem um aspecto homogéneo, sendo rica sobretudo em condroitina-sulfato e fibras de colagéneo de pequeno calibre. Este tipo de cartilagem denomina-se de hialina; é, por exemplo, a cartilagem das asas do nariz, costelas e superfícies articulares. Quando abundam as fibras de colagéneo, a cartilagem torna-se fibrosa: é o caso dos meniscos articulares e da sinfise púbica. Por último, a cartilagem pode ser do tipo elástica, rica em fibras de elastina, como é a do pavilhão da orelha. Todos os tipos de cartilagem têm uma ausência de vasos sanguíneos no seu interior, sendo a sua nutrição garantida por difusão a partir do seu revestimento – o pericôndrio. O tecido ósseo, responsável pela maior parte do suporte estrutural do nosso organismo, é um tipo de tecido conjuntivo com a particularidade da sua matriz ser mineralizada, isto é, ter sais minerais depositados. São estes sais que dão ao osso as suas características de rigidez; para além disso, como pertencem aos sais necessários ao nosso metabolismo normal, o osso tem, não só, um papel de suporte estrutural, como também, um papel de armazenamento. As células do tecido ósseo são de três tipos: - células jovens, grosseiramente cúbicas, responsáveis pela síntese da matriz osteoide, os osteoblastos; - células mais maduras, isoladas no meio da matriz óssea mineralizada, correspondendo a osteoblastos “capturados” pelo crescimento do osso, os osteócitos, (dentro do seu espaço exíguo, o osteoplasto), cuja a função é de regularem o metabolismo do osso; - células grandes, os osteoclastos, localizadas à superfície do tecido ósseo, nas lacunas de Howship, respons áveis pela destruição do tecido ósseo já constituído (enquanto que os osteoblastos e osteócitos correspondem aos fibroblastos, os osteoclastos são derivados dos macrófagos). É do constante jogo de equilíbrio entre três tipos celulares que se gera a renovação e remodelação constante dos ossos. A matriz extracelular é composta de uma parte orgânica e uma mineral; a orgânica corresponde à normal matriz conjuntiva, sendo bastante rica em colagéneo, enquanto que a mineral é feita, sobretudo, de cristais de hidroxiapatife, um mineral composto de cálcio e fósforo. S I M A C 18 f. Outros tecidos. Vários autores consideram, também, como conjuntivos, os tecidos linfóides, o sangue e o sistema monocitico-fagocitário (SMF). O tecido linfóide existe ao nível dos órgãos linfóides centrais, como o timo e a medula óssea, e periféricos, como os gânglios, baço e MALT (Mucose Associated Lymphoid Tissue), existente no tubo digestivo e árvore respiratória. Conjuntamente com o SMF, que é constituído pela rede de macrófagos e células deles derivadas, dispersas por todo o corpo, faz parte do Sistema Imune. O sangue seria, para alguns autores, um tipo de tecido conjuntivo em que a matriz extracelular teria a particularidade de ser líquida e rica numa enorme variedade de moléculas (nutrientes, excreta, proteínas do plasma, como sendo as da coagulação); as suas células constituintes seriam as Hemáticas (glóbulos vermelhos ou eritrócitos), com a função de transportar oxigénio, Leucócitos (glóbulos brancos), com funções de defesa (divididos em neutrófilos, basófilos, eosinófilos, linfócitos e monócitos) e Plaquetas, restos de células com função de participarem na coagulação S I M A C 19 TECIDO MUSCULAR: Este tipo de tecido é especializado na produção de um tipo de trabalho mecânico designado contracção muscular. Para cumprirem esta função, as células constituintes têm uma característica estrutural que as distinguem das dos outros tecidos: contêm proteínas filamentosas contrácteis organizadas, nomeadamente actina (forma filamentos finos) e miosina (forma filamentos grossos). Classificação TECIDO MUSCULAR LISO OU VISCERAL: Característica histológica: não apresenta estriação periódica nas suas células. Característica funcional: é involuntário, isto é, a sua contracção não ocorre sob o controlo da vontade sendo a contracção desencadeada de duas formas: espontaneamente (contracção miogénica) e por ordem do sistema neurovegetativo (contracção neurogénica). Localização: encontra-se na camada muscular dos órgãos (pe: tubo digestivo, vias urinárias, aparelho genital). Constituição: é constituído por células fusiformes alongadas contendo no citoplasma miofilamentos em feixes irregulares dispostos paralelamente ao grande eixo da célula e ancorados à membrana celular. TECIDO MUSCULAR ESTRIADO: Característica histológica: as suas células apresentam estrias transversais periódicas. LISO (involuntário) TECIDO MUSCULAR CARDÍACO (involuntário) ESTRIADO ESQUELÉTICO (voluntário) S I M A C 20 TECIDO MUSCULAR ESTRIADO CARDÍACO : Característica funcional: é involuntário, com contracção miogénica e neurogénica. Localização: parede do coração (constitui o miocárdio) e base dos grandes vasos. Constituição: células mononucleadas e alongadas, em forma de cilindro bifurcado, unidas umas às outras por discos intercalares (tipo de junção celular resistente) formando uma rede tridimensional complexa; existe uma pequena percentagem de células musculares no coração que não têm função contráctil porque se especializaram na geração e transmissão do impulso nervoso que controla a frequência cardíaca, as quais constituem o aparelho cardionector. TECIDO MUSCULAR ESQUELÉTICO: Característica funcional: é voluntário, isto é, está sob o controlo da vontade, a qual actua no córtex cerebral que, por meio do sistema nervoso periférico, comanda a sua contracção (embora também tenha actividade reflexa, esta com influência central da medula espinhal); é importante ter em conta que o nervo periférico, para além de ser a entidade que dá a ordem ao músculo para contrair, também exerce uma função trófica sobre o músculo (na sua ausência ou lesão, o músculo atrofia e degenera). Localização: forma os músculos ligados ao esqueleto. Constituição: é constituído por células gigantes cilíndricas paralelas denominadas fibras musculares, com numerosos núcleos dispostos à periferia, encostados à membrana celular, a qual se designa por sarcolema; ao citoplasma, dá-se o nome de sarcoplasma, no qual se encontram os organelos habituais acompanhados de algumas estruturas características: • miofibrilhas: unidades cilíndricas constituídas pela sobreposição e agregação repetitiva de filamentos grossos e filamentos finos, que conferem estriação longitudinal; as miofibrilhas são mantidas em posição por proteínas acessórias que dividem as miofibrilhas em unidades funcionais denominadas sarcómeros, os quais conferem estriação transversal; • retículo sarcoplasmático: é o retículo endoplasmático liso arranjado em redes localizadas à volta e por entre as miofibrilhas; contem grandes quantidades de Ca+2 • túbulos T: são invaginações do sarcolema associadas ao retículo sarcoplasmático; ; • mitocôndrias abundantes: necessárias para gerar a energia requerida pelo processo da contracção muscular; • grânulos de glicogénio numerosos: fonte de glicose, substracto necessário à obtenção de energia. S I M A C 21 TECIDO ÓSSEO O que é? É um tecido conjuntivo, estruturalmente caracterizado por uma matriz mineralizada, que lhe confere rigidez, e funcionalmente caracterizado por ser altamente especializado –constitui os ossos do esqueleto. Funções: Suporte estrutural do organismo; Protecção de órgãos vitais (cérebro, coração e pulmões, espinal medula); Alojamento da medula óssea, que é o órgão responsável pela hematopoiese; Participação na homeostasia dos iões cálcio (Ca+2) e fosfato (PO4-3 ). Constituição: CÉLULAS: • Células osteoprogenitoras: células indiferenciadas derivadas de fibroblastos que constituem o endósteo e a camada interior do periósteo e que, mediante estímulos apropriados, se diferenciam em osteoblastos; • Osteoblastos: células cubóides com capacidade de síntese (produzem o osteóide), localizadas superficialmente; • Osteócitos: são o resultado do envelhecimento dos osteoblastos; estão isolados no seio da matriz mineralizada, ligados entre si e aos osteoblastos por prolongamentos citoplasmáticos, tendo a função de manter a matriz óssea (a morte dos osteócitos, por exemplo por taumatismo com fractura, resulta em reabsorção da matriz); • Osteoclastos: células grandes, derivadas de macrófagos, localizadas superficialmente nas lacunas de Howship, responsáveis pela absorção do tecido ósseo. NOTA: O tecido ósseo é delimitado por dentro e por fora por tecido conjuntivo denso: - por dentro, denomina-se endósteo (que separa a medula óssea do tecido ósseo); - por fora, denomina-se periósteo (separa o tecido ósseo dos tecidos e órgãos vizinhos) S I M A C 22 MATRIZ: • Osteóide: constitui a parte orgânica, correspondendo a 50 % do peso da matriz; é formada por fibras de colagénio tipo I (é o tipo mais resistente) (95 %) e por pequena quantidade de substância fundamental; é o colagénio tipo I que confere resistência ao osso. • Cristais de hidroxiapatite: constituem a parte inorgânica, correspondendo aos restantes 50 % do peso da matriz; são formados pelos iões Ca+2 e PO4-3 ; são os cristais que conferem rigidez ao osso. Classificação: Macroscópica: • Osso compacto dos ossos; : camadas densas de tecido ósseo que constituem a porção periférica • Osso esponjoso : rede de trabéculas (finas espículas ligadas), com espaços entre as mesmas preenchidos por medula óssea e vasos sanguíneos, que constituem a porção interior dos ossos. Histológica: • Osso imaturo, primário ou entrelaçado suturas cranianas; : caracteriza-se pela organização irregular das fibras de colagénio; durante o desenvolvimento ósseo, é a primeira forma de osso, a qual é depois substituída por osso lamelar; no adulto, persiste nos seguintes locais alvéolos dentários; alguns pontos de inserção dos tendões. • Osso maduro, secundário ou lamelar : é o tipo de tecido ósseo de quase todos os ossos do adulto; a sua principal característica é a organização das fibras de colagénio em lamelas que ou são paralelas umas às outras ou se dispõem em camadas concêntricas em torno de vasos, formando sistemas de Havers (é o que ocorre nas diáfises). Linha epifisária Osso esponjoso Osso compacto Periósteo Osso esponjoso Linha epifisária S I M A C 23 NOTA – Tecido ósseo das diáfises: Nas diáfises, as lamelas ósseas organizam-se em: - Sistemas de Havers: cada sistema é um longo cilíndrico, por vezes bifurcado, ao longo do eixo da diáfise, formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas; o canal presente no centro do cilindro – canal de Havers – contem vasos, nervos e tecido conjuntivo laxo; os canais de Havers comunicam entre si, com a cavidade medular e com a superfície exterior do osso através de canais transversais ou oblíquos que também transportam vasos e nervos – canais de Volkmann; estes diferem dos canais de Havers pela orientação e por não apresentarem lamelas concêntricas, atravessando-as; - Sistema circunferencial interno: faixa de lamelas ósseas paralelas que envolve o canal medular; - Sistema circunferencial externo: faixa de lamelas ósseas paralelas na porção mais exterior do osso, próxima do periósteo; - Sistemas intermediários: grupos irregulares de lamelas curtas e paralelas, geralmente de forma triangular localizados entre os vários sistemas de Havers. NOTA: O tecido ósseo é vascularizado, enquanto que o tecido cartilegíneo não é vascularizado. S I M A C 24 Tecido Nervoso A complexidade e variedade das funções de controlo desempenhadas pelo Sistema Nervoso levou a que se desenvolvessem formas de tecido particulares, com uma organização histológica própria e um tipo de célula especialmente diferenciada para a transmissão de impulsos electroquímicos: o neurónio. Neurónios O tecido nervoso tem a finalidade de colectar, organizar e produzir informação, sob a forma de impulsos electroquímicos. E de transmiti-la a todas as células do corpo, de forma a controlar e integrar o seu funcionamento. Para tal, as células suas constituintes – neurónios – adquiriram um alto grau de diferenciação morfológica e fisiológica, ao ponto em que a célula madura perde a capacidade de se dividir, sendo o stock de neurónios de um indivíduo determinado muito precocemente na sua vida. O neurónio recebe, trata as informações e emite um sinal que conduz e transmite a outro neurónio. Cada neurónio é único, sendo diferente do seu vizinho e insubstituível; a sua originalidade é devida à posição que ocupa dentro da cadeia nervosa e às conexões que tem estabelecidas. Existem vários tipos subespecializados de neurónio, com localizações e funções particulares, dispersos por todo o Sistema Nervoso. Cada célula é composta por um corpo celular, contendo um núcleo único, e envolvido por uma membrana celular, o substrato da transmissão eléctrica do impulso nervoso. A partir do corpo estendem- se prolongamentos de dois tipos básicos: Dendrites, formam uma rede, ou árvore, bastante complexa, são curtas e responsáveis pela transmissão do impulso nervoso em direcção ao corpo celular; a sua distribuição espacial define, por isso, o campo das influências ou a zona receptora de um neurónio; Axónio, um longo e único prolongamento, capaz de se ramificar ou emitir colaterais. Nasce de uma porção do corpo do neurónio, o cone de implantação, onde se gera o impulso nervoso; o axónio transmite esse impulso para longe do corpo celular, em direcção a outros neurónios ou a células efectoras (desencadeadoras de uma acção especifica). Teledendrites, ramificações terminais de um axónio que se vão ligar ás dendrites de outro axónio, passando o impulso nesse mesmo sentido. S I M A C 25 PELE E ANEXOS A pele recobre a superfície do corpo e apresenta-se constituída por uma porção epitelial, a epiderme, e uma porção conjuntiva, a derme. Abaixo, em continuidade com a derme está a hipoderme, que não faz parte da pele, servindo-lhe apenas de suporte e união com os órgãos subjacentes. É um dos maiores órgãos, atingindo cerca de 16% do peso corporal. Apresenta múltiplas funções, como, proteger o organismo contra a perda de água por evaporação e contra o atrito. Por outro lado, através das terminações nervosas, recebe estímulos do ambiente; por meio dos seus vasos, glândulas e tecido adiposo, colabora na termorregulação do corpo. Suas glândulas sudoríparas participam na excreção de várias substâncias. Um pigmento que é produzido e acumulado na epiderme, a melanina, tem função protectora contra os raios ultra- violetas. Epiderme Constituída essencialmente por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. A estrutura e espessura da epiderme variam com o local estudado, sendo mais espessa na mão e no pé. Vista da derme para a superfície, apresenta as seguintes camadas: camada basal – constituída por células cuboides repousando sobre uma lâmina basal, que a separa da derme, também denominada de camada germinativa, pois é responsável pela renovação da epiderme. S I M A C 26 camada espinhosa – constituída por células cuboidais ligeiramente achatadas, células estas que apresentam um aspecto espinhoso. Esta camada é responsável pela coesão das células da epiderme, protegendo-a do atrito. camada granulosa – presença de células nitidamente achatadas, no citoplasma da qual se pode observar grânulos de querato-hialina. Para além da produção desta substância, estas células também produzem uma substância intercelular que veda esta camada de células, impedindo a passagem de compostos entre elas. camada lúcida – constituída por uma delgada camada de células achatadas cujos núcleos desapareceram. camada córnea – espessura variável e é constituída por células achatadas, mortas e sem núcleo. O citoplasma dessas células apresenta-se cheio de substância córnea, chamada queratina. Durante o processo de queratinização, observa-se da base para a superfície, um acumulo gradual de fibrilas citoplasmáticas e de uma substância amorfa. Vai-se dando também a síntese de queratina, que enche o citoplasma das células na camada córnea. Derme É o tecido conjuntivo sobre o qual se apoia a epiderme, comunicando-a com a hipoderme. Sua superfície externa é extremamente irregular, observando-se saliências que acompanham as reentrâncias correspondentes da epiderme. A essas saliências deu-se o nome de papilas dérmicas, papilas estas que dão maior resistência à pele. DP – derme papilar DR – derme reticular VS – vasos sanguíneos Epiderme Camada papilar da derme Camada reticular da derme Papila Canal da glândula sudorípara Camada córnea Camada translúcida Camada granulosa Camada espinhosa Camada basal Derme Papila S I M A C 27 Hipoderme É formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É constituída predominantemente por tecido adiposo. Pelos Apresentam-se como delgadas estruturas queratinizadas, que se desenvolvem a partir de invaginações da epiderme. São estruturas que crescem descontinuamente, intercalando fases de repouso com fases de crescimento. Cada pelo origina-se de uma invaginação da epiderme, o folículo piloso, que no pelo em fase de crescimento, se apresenta como uma dilatação, o bulbo piloso, em cujo o centro se observa uma papila dérmica. As células que recobrem a papila formam a raiz do pelo, de onde emerge o eixo do pelo. Na fase de crescimento, as células da raiz multiplicam-se e diferenciam-se em vários tipos celulares: as células centrais da raiz diferenciam-se em células grandes que formam a medula do pelo. ao redor da medula, formam células mais queratinizadas, que formam o córtex do pelo. de células mais periféricas forma-se a cutícula do pelo. finalmente de células epiteliais mais periféricas, originam-se duas bainhas epiteliais (uma interna e outra externa), que envolvem o pelo na sua porção inicial. S I M A C 28 Observam-se na derme feixes de músculo liso, associados ao pelo, denominando-se músculo erector do pelo. Unhas São placas córneas que se dispõem na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos. A superfície da falange, que é recoberta pela unha, recebe o nome de leito ungueal. Glândulas da Pele Glândulas sebáceas – Situam-se na derme e os seus ductos geralmente desembocam na porção terminal dos folículos pilosos. São glandulares alveolares, onde geralmente são observados vários alvéolos desembocando num ducto curto. Glândulas sudoríferas – São glândulas tubulosas simples, enoveladas. S I M A C 29 O suor secretado por essas glândulas é um líquido, extremamente fluido, com poucas proteínas mas rico em sódio, potássio, ureia, ácido úrico entre outras substâncias. Vasos e Nervos da Pele Os vasos sanguíneos só chegam até a derme, não penetrando na epiderme. Os vasos linfáticos à semelhança com os anteriores também não penetram na epiderme. Uma das funções da pele é receber sensações do meio ambiente, e portanto encontra-se altamente inervada. As terminações nervosas sensitivas encontram-se na hipoderme e na derme. S I M A C 30 MÚSCULO Este capítulo diz respeito ao músculo enquanto entidade formada por tecido muscular estriado esquelético organizado. Função: Produção de movimento (nomeadamente os músculos dos membros); Suporte (nomeadamente os músculos abdominais, que suportam as vísceras); Regulação da temperatura corporal (a contracção muscular produz calor). Constituição: O músculo é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo denso denominada aponevrose ou epimísio. Se seccionarmos transversalmente um músculo, observamos que este se subdivide em conjuntos de unidades de diâmetro sucessivamente menor. A figura seguinte apresenta vários níveis de observação de um músculo. 1º NÍVEL: O músculo está organizado em fascículos, cada um dos quais envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo denso denominada perimísio. 2º NÍVEL: Cada fascículo é constituído por fibras musculares, cada uma envolvida por sarcolema, rodeado exteriormente por uma membrana basal denominada lâmina externa; entre o sarcolema e a lâmina externa existe uma população de células indiferenciadas S I M A C 31 precursoras de fibras musculares, que se chamam células satélite – são elas que justificam o facto do tecido muscular estriado esquelético ser regenerável. 3º NÍVEL: Cada fibra muscular é constituída por cerca de 1000 a 2000 miofibrilhas estriadas transversalmente, à volta das quais existem vesículas do retículo sarcoplasmático e túbulos T. 4º NÍVEL: Cada miofibrilha é constituída por miofilamentos de dois tipos: Filamentos finos: formados principalmente por actina (dupla hélice) mas também por outras duas proteínas muito importantes para a contracção, que são a tropomiosina (dupla hélice que se enrola em torno da actina, tapando os seus sítios activos, isto é, os sítios de ligação à miosina) e a troponina (forma um complexo constituído por 3 unidades – a troponina T, que se liga à tropomiosina nos locais em que esta cobre a actina; a troponina I, que se liga à actina; e a troponina C, que se liga ao Ca+2 ); Filamentos grossos: formados por miosina (proteína constituída por duas cadeias helicoidais, cada uma terminando numa cabeça voltada para a periferia a qual se liga aos sítios activos da actina). S I M A C 32 Os miofilamentos estão organizados em compartimentos denominados sarcómeros, os quais constituem a UNIDADE FUNCIONAL do músculo estriado. Cada sarcómero é delimitado por duas linhas Z. As faixas claras são constituídas por filamentos finos e designadas por bandas I; as faixas escuras, denominadas bandas A, são constituídas por filamentos grossos e finos, excepto na zona central, menos escura por ser apenas formada por filamentos grossos, designada por banda H. Nesta fase, torna-se necessário relembrar que o retículo sarcoplasmático está arranjado sob a forma de rede à volta e por entre as miofibrilhas, rodeando as bandas A e I; na junção destas duas, cada rede forma um canal mais regular chamado cisterna ou sáculo terminal. Os túbulos T situam-se entre cisternas terminais adjacentes, sendo o conjunto destas duas e de um túbulo T denominado tríade de membranas. Fisiologia da contracção muscular: Como já foi referido, a contracção muscular é voluntária. Depende da inervação por neurónios motores do sistema nervoso periférico derivados da medula espinhal e do tronco cerebral. A terminação de cada axónio ramifica-se, dirigindo-se cada ramificação para a superfície de uma fibra muscular. A placa motora é a sinapse entre a terminação axonal e o sarcolema. Neste ponto, o sarcolema apresenta numerosas pregas com receptores específicos; o citoplasma adjacente contem numerosas mitocôndrias, RER, ribossomas e glicogénio, para síntese dos receptores e da enzima acetilcolinesterase. Por sua vez, a terminação axonal contem numerosas mitocôndrias e vesículas com acetilcolina (neurotransmissor que actua nos receptores do sarcolema). O fenómeno desencadeante é a libertação da acetilcolina (Ach) pelo axónio, a qual actua nos receptores do sarcolema e promove a despolarização com geração de um potencial de acção na fibra muscular; a Ach é então inactivada por acção da acetilcolinesterase. O potencial de acção propaga-se pela membrana, nomeadamente pelos túbulos T, o que constitui um sinal para a libertação do Ca+2 , localizado no retículo sarcoplasmático (adjacente aos túbulos T), para o citoplasma. S I M A C 33 No músculo em repouso, o ADP e um fosfato inorgânico (Pi) (resultantes da degradação de uma molécula de ATP) mantêm-se ligados à ATPase (enzima que degrada o ATP) da cabeça de miosina. No músculo em contracção, o Ca+2 libertado para o citoplasma liga-se à troponina C, o que provoca uma alteração da configuração das subunidades da troponina e consequente deslocação da tropomiosina. Este fenómeno expõe o sítio activo da actina, pelo que a miosina se liga à actina, o que promove a libertação de ADP e Pi e a transformação da energia de ligação do Pi (energia química) em energia mecânica. É a produção desta que permite o deslizamento dos filamentos de actina sob a acção da cabeça da miosina. Este movimento expõe o local de ligação ao ATP da cabeça da miosina, havendo ligação de uma molécula de ATP e, consequentemente, libertação do filamento de actina – o músculo volta imediatamente ao estado de repouso. O mecanismo contráctil é assim explicado pelo modelo dos filamentos deslizantes que explica a contracção pelo deslizamento dos filamentos finos sobre os grossos, havendo encurtamento das bandas I e H com manutenção do tamanho das bandas A. S I M A C 34 A partir do momento que há um impulso nervoso contínuo, a contracção mantém-se pela repetição de ciclos músculo em repouso-músculo em contracção-músculo em repouso, enquanto houver: Ca+2 • exposição do sítio activo da actina; - necessário para: • activação da ATPase da membrana do retículo sarcoplasmático, a qual permite o transporte activo do Ca+2 para as cisternas. ATP – necessário para: • fornecimento de energia química, transformada depois em mecânica; • transporte activo do Ca+2 para o retículo; • libertação dos filamentos de actina da cabeça de miosina. Desta forma, na falta de ATP ou de Ca+2, o Ca+2 não retorna ao retículo sarcoplasmático, mantendo-se no citoplasma, o que impede o relaxamento muscular; em resultado, ocorre contracção mantida, à qual se dá o nome de cãibra. S I M A C 35 INTRODUÇÃO À OSTEOLOGIA: O que é o esqueleto humano? É um conjunto de ossos colocados nas suas respectivas posições, os quais contactam entre si por articulações. Qual é a constituição do esqueleto? O eixo do esqueleto é constituído pela coluna vertebral, constituída pelas vértebras. Superiormente, a coluna articula-se com a cabeça óssea, a qual é constituída por uma porção póstero-superior, o crânio, e por uma porção anterior, a face. No pescoço encontra-se um osso não articulado, suspenso por ligamentos, denominado hióide. Da porção média da coluna vertebral, destacam-se uma série de ossos, pares e simétricos, as costelas que se articulam anteriormente, por intermédio das cartilagens costais, com o esterno. O esterno, as costelas e a porção dorsal da coluna vertebral constituem a caixa torácica. A porção superior do tórax apresenta dois ossos, a clavícula e a omoplata, formando ambos a espádua ou cintura escapular, da qual se destaca um conjunto de ossos que se articulam entre si para constituir o membro superior, formado pelo braço, antebraço e mão. Da porção inferior da coluna vertebral, destacam-se os ilíacos ou ossos coxais que, para além de se articularem com a coluna, também se articulam entre si. Este conjunto constitui a cintura pélvica, donde se destaca um conjunto de ossos articulados entre si para formar o membro inferior, constituído pela anca, coxa, perna e pé. Em termos numéricos, o esqueleto humano é formado por 207 ou 208 ossos: CABEÇA: 22 • Crânio: 8 • Face: 14 PESCOÇO: 1 S I M A C 36 TRONCO: 58 ou 59 • Coluna vertebral: - Porção dorsal: 12 - Porção cervical: 7 - Porção lombar: 5 - Porção sacro-coccígea→ - Sacro: 5 - Cóccix: 4 ou 5 • Caixa torácica - Esterno: 1 : - Costelas: 24 MEMBRO SUPERIOR: 64 • Espádua: - Omoplata: 2 - Clavícula: 2 • Braço: • - Úmero: 2 Antebraço: - Rádio: 2 - Cúbito: 2 • Mão: 54 MEMBRO INFERIOR: 62 • Anca: • - Ilíaco: 2 Coxa: - Rótula: 2 - Fémur: 2 • Perna: - Peróneo: 2 - Tíbia: 2 • Pé: 52 S I M A C 37 Quais são as funções do esqueleto humano? Proteger (nomeadamente, a coluna vertebral protege a medula espinhal, o crânio protege o encéfalo e a caixa torácica protege os pulmões e o coração); Sustentar; Dar forma; Alojar a medula óssea (substância que existe no interior dos ossos, por entre as trabéculas, com função de hematopoiese – produção de células sanguíneas; nos ossos longos, contem poucas células e mais tecido adiposo e designa-se de medula óssea amarela ao passo que nos ossos chatos e curtos contem mais células, denominando-se neste caso medula óssea vermelha). Como se descreve um osso? 1. Nome 2. Localização: por exemplo, o fémur localiza-se na coxa 3. Classificação: De acordo com a forma: • Ossos longos • : o comprimento predomina sobre a largura e a espessura; apresentam um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises (pe: úmero); Ossos curtos • : o comprimento, a largura e a espessura são semelhantes (pe: ossos do carpo); Ossos chatos : o comprimento e a largura predominam sobre a espessura (pe: rótula). De acordo com o número: • Ossos pares • : existem 2 de cada no corpo (pe: rádio); Ossos ímpares : existe um de cada no corpo (pe: esterno). 4. Orientação: Fazer a orientação de um osso é definir qual é a sua posição no esqueleto. Como tal, para não haver enganos, a descrição dos ossos faz-se sempre em relação à mesma posição do corpo humano – a posição anátomo-descritiva (indivíduo de frente para o observador, de pé (posição ortostática), direito, com os calcanhares unidos, os membros superiores pendentes ao longo do corpo, com a palma da mão virada para diante (supinação) e os dedos estendidos e unidos). Nesta posição, o indivíduo considera-se atravessado por 3 planos: S I M A C 38 Plano sagital: plano vertical que atravessa a coluna vertebral, dividindo o corpo humano em lado direito e esquerdo; os planos parasagitais são planos paralelos ao plano sagital, dividindo as estruturas em porção interna (próxima da linha média) e porção externa (afastada da linha média); Plano frontal ou coronal: plano vertical que passa no promontório e divide o corpo em metade anterior e metade posterior; os planos parafrontais são planos paralelos ao plano frontal, dividindo as estruturas em porção anterior e porção posterior; Plano horizontal ou transversal: plano paralelo ao chão que passa ao nível da base do sacro e divide o corpo em metade superior e metade inferior; os planos para-horizontais são planos paralelos ao plano horizontal, dividindo as estruturas em porção superior e porção inferior. Para orientar um osso, deve recorrer-se aos 3 planos de forma a definir a posição relativa de 3 estruturas desse osso: uma anterior ou posterior, outra superior ou inferior e outra interna ou externa. Desta forma é possível definir a posição relativa do osso no esqueleto. Existem termos que são utilizados em situações específicas: • Estruturas proximais: estruturas próximas da raiz; Na descrição de estruturas dos membros: • Estruturas distais: estruturas afastadas da raiz. • Interior: estrutura localizada dentro de uma cavidade; Na descrição de estruturas em relação com cavidades: • Exterior: estrutura localizada fora de uma cavidade. Plano sagital Plano frontal Plano horizontal S I M A C 39 5. Conexões: ossos com os quais o osso descrito se articula. 6. Descrição: Um osso deve ser descrito de forma sistematizada. Se o osso se dividir em segmentos diferentes, devem descrever-se os segmentos em separado (por exemplo, no caso de ossos longos, a diáfise e cada epífise devem ser descritas isoladamente). Se o osso tem uma forma particular, esta deve ser referida e a descrição baseada nesta (por exemplo, um osso com uma forma quadrilátera deve ser descrito começando pelas duas faces, continuando pelos 4 bordos e acabando nos 4 ângulos). Na descrição de um osso enumeram-se também os acidentes do relevo do osso. ACIDENTES NO RELEVO DOS OSSOS: Apófises • Articulares (correspondem às cavidades articulares); (saliências na superfície óssea): • Não articulares (dão inserção a ligamentos e tendões) – pela sua forma, podem denominar-se bossas, tuberosidades ou protuberâncias, espinhas, linhas, cristas e eminências mamilares. Cavidades • Articulares (correspondem às apófises articulares); (profundidades na superfície óssea): • Não articulares: - de inserção (dão inserção a ligamentos e tendões); - de recepção (se alojam tendões, vasos e nervos, denominam-se goteiras ou sulcos; se alojam órgãos, denominam-se fossas); - de ampliação (dispõem-se à volta das fossas nasais, denominando-se seios (pe: seio maxilar) e células (pe: células etmoidais). Buracos e canais • De transmissão (dão passagem a nervos, vasos e outras estruturas que se limitam a atravessar os ossos) – de acordo com a forma, denominam-se hiatos, cisuras ou fendas; os buracos de forma irregular denominam-se buracos láceros; : • Nutritivos (dão passagem a vasos que asseguram a nutrição dos ossos). Chanfraduras (reentrâncias num bordo da superfície óssea). S I M A C 40 OSSOS DA CABEÇA: O esqueleto da cabeça compreende duas partes: Caixa craniana ou crânio: contem o encéfalo; Face: apresenta o aparelho mastigador e delimita, juntamente com a base do crânio, várias cavidades que contêm 4 dos 5 órgãos dos sentidos (olhos, nariz, ouvidos e boca). CRÂNIO: O crânio é uma caixa óssea que se divide em duas porções: uma superior denominada abóbada craniana e uma inferior designada base do crânio. É constituído por 8 ossos, sendo 2 pares (parietal e temporal) e 4 ímpares (frontal, etmóide, esfenóide e occipital). Entre os ossos do crânio encontram-se pequenos ossos supranumerários denominados ossos wormianos. S I M A C 41 FACE: Localiza-se adiante e por baixo da base do crânio. É constituída por 14 ossos, sendo 2 ímpares (vómer e maxilar inferior) e 6 pares (maxilar superior, unguis ou osso lacrimal, osso próprio do nariz ou nasal, corneto inferior, palatino e malar). OSSO DO PESCOÇO: HIÓIDE O hióide é o único osso do pescoço. É constituído por um corpo e 4 cornos dirigidos para cima encontrando-se suspenso por músculos e ligamentos. Não se articula com nenhum outro osso. NOTA: Fontanelas As fontanelas são áreas membranosas da abóboda craniana, existentes no recém-nascido, que se encontram no ponto de junção de vários ossos. São 2 as fontanelas mais importantes: a grande fontanela ou fontanela bregmática (em forma de losango, situada entre o frontal, ainda separado, e os 2 parietais) e a pequena fontanela ou fontanela lambdática (triangular, situada entre o occipital e os dois parietais). Entretanto, a ossificação (que se faz do centro para a periferia de cada osso) atinge os limites dos ossos e as fontanelas encerram. S I M A C 42 TÓRAX O esqueleto do tórax ou caixa torácica é formado pelas vértebras dorsais, costelas, cartilagens costais e esterno. O espaço delimitado pela caixa torácica é a cavidade torácica onde se encontram por exemplo os pulmões, coração e porção do esófago. S I M A C 43 ESTERNO 1. Nome: esterno 2. Classificação: osso ímpar e mediano achatado e alongado. 3. Orientação: a porção mais volumosa do osso é superior e a face côncava posterior. 4. Conexões: articula-se com as cartilagens costais e clavículas. 5. Descrição: O esterno com pode ser dividido em três segmentos: o segmento superior ou punho ou manúbrio esternal; o segmento médio ou corpo; e o segmento inferior ou apêndice xifoideu. A face anterior relaciona-se com a pele. Na transição do punho para o corpo encontra-se a crista manúbrio-esternal e na transição do corpo para o apêndice xifoideu encontra-se a crista xifo-esternal. A face posterior relaciona-se com as estruturas intratorácicas. A extremidade superior apresenta na sua porção mediana a fúrcula esternal e para fora desta duas facetas articulares para a clavícula. Os bordos laterais apresentam as chanfraduras articulares, em número de sete, para as cartilagens costais. S I M A C 44 COSTELAS: Os 12 pares de costelas classificam-se de acordo com a sua aderência ao esterno. As 7 primeiras costelas por serem aderentes ao esterno classificam-se como costelas verdadeiras ou esternais. As restantes classificam-se como costelas falsas ou asternais. Este grupo subdivide-se ainda em costelas aderentes (da oitava à décima costela) e costelas flutuantes (a XI e a XII costela) Costela em geral: 1. Nome: costelas 2. Classificação: osso par, longo. 3. Orientação: A extremidade mais volumosa é posterior, a concavidade é interna e dos bordos o que apresenta uma goteira é inferior. 4. Conexões: articula-se com duas vértebras e com a cartilagem costal respectiva. 5. Descrição: EPÍFISE ANTERIOR: A extremidade anterior articula-se com a cartilagem costal; CORPO: O corpo apresenta uma face externa relacionada com a pele e uma interna relacionada com a pleura (membrana que reveste o pulmão), o bordo inferior apresenta a goteira costal por onde passa o feixe vasculo-nervoso costal; EPÍFISE POSTERIOR: Na extremidade posterior encontra-se a cabeça da costela, constituída por duas facetas articulares que se articulam com as hemifacetas vertebrais, apresenta também a tuberosidade que se articula com a apófise transversa das vértebras, por intermédio de uma faceta articular. O colo separa a cabeça da tuberosidade. S I M A C 45 NOTA: aspectos funcionais do tórax. A caixa torácica apresenta movimento quer na inspiração, quer na expiração. Quando se inspira as costelas elevam-se e deslocam-se para diante e para fora, o que permite aumentar o volume intra torácico. Na expiração as costelas descrevem o movimento reverso o que faz com que o volume intra torácico diminuía. S I M A C 46 COLUNA VERTEBRAL OU RÁQUIS: Encontra-se situada na região posterior e mediana do tronco, sendo dividida em quatro segmentos : cervical, torácico, lombar e sacro-coccígeo. É formada por 33 ou 34 vértebras, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sagradas e 4 ou 5 coccígeas, que se sobrepõem umas às outras formando uma coluna. As vértebras sagradas assim como as coccígeas encontram-se soldadas entre si formando por isso blocos ósseos, o sacro e o cóccix, respectivamente. A coluna apresenta curvaturas no plano sagital: a curvatura cervical é convexa para diante, a curvatura torácica côncava para diante, a curvatura lombar côncava para trás e a curvatura sacro- coccígea côncava para diante. Apresenta também curvaturas no plano frontal , mas pouco acentuadas. S I M A C 47 VÉRTEBRAS As vértebras constituem a unidade básica estrutural da coluna vertebral. Apesar de diferentes entre si, apresentam características semelhantes que permitem descrever uma vértebra tipo. Vértebra tipo 1. Nome: vértebra 2. Classificação: osso irregular, impar e mediano. 3. Orientação: A porção mais volumosa e cilindróide da vértebra é anterior, a apófise na face oposta dirige-se para baixo e para trás. 4. Conexões: dependem da vértebra. O atlas ou 1ª vértebra cervical articula-se com o occipital, as vértebras torácicas com as costelas, o sacro com os ilíacos e todas com as vértebras adjacentes. 5. Descrição: Todas as vértebras apresentam o corpo, o buraco ou foramen vertebral, a apófise espinhosa, as apófises transversas, as apófises articulares, as lâminas e os pedículos. O conjunto de todas as apófises, lâminas e pedículos, constitui o arco vertebral. A sobreposição dos buracos vertebrais forma o canal raquidiano. A porção em forma de segmento de cilindróide é o corpo. O buraco vertebral situa-se entre o corpo e o arco vertebral. A apófise espinhosa tem a forma de uma espinha, é impar e mediana e tem a localização mais posterior. As apófises transversas em número de duas, dirigem-se transversalmente para fora. As apófises articulares em número de 4, sendo duas superiores e duas inferiores implantam- se no ponto de união dos pedículos e das lâminas. As lâminas em número de 2 têm uma forma quadrilátera e estendem-se desde a apófise espinhosa às apófises articulares. Os pedículos são duas lâminas que unem o corpo às apófises articulares. Cada pedículo apresenta em cada bordo uma chanfradura que constitui com a chanfradura da lâmina da vértebra adjacente o buraco de conjugação. S I M A C 48 Características próprias das vértebras de cada região Vértebras cervicais: São 7 e representam-se de C1 a C7. O corpo apresenta nas extremidades laterais da face superior as apófises semilunares e na face inferior as chanfraduras semilunares. A apófise espinhosa bifurca-se em dois tubérculos. A apófise transversa apresenta o buraco transversário para a artéria vertebral. Vértebras dorsais: São 12 e representam-se de T1 a T12 ou D1 a D12. O corpo apresenta 4 hemifacetas articulares para as costelas. A apófise espinhosa é fortemente inclinada para baixo. As apófises transversas apresentam na sua face anterior uma faceta articular para a tuberosidade da costela. Vértebras lombares: São 5 e identificam-se de L1 a L5. O corpo é em forma de rim e volumoso. A apófise espinhosa é rectangular, espessa e disposta horizontalmente. S I M A C 49 Sacro 1. Nome: sacro 2. Classificação: osso ímpar e relativamente achatado. 3. Orientação: a porção mais espessa do osso é superior e a face côncava anterior. 4. Conexões: articula-se com a L5 o cóccix e os ilíacos. 5. Descrição: O sacro é formado pelas 5 vértebras sagradas que se encontram soldadas entre si. Apresenta a forma de uma pirâmide quadrangular e forma com a L5 um ângulo, o promontório. Face anterior: é formada pelos corpos das 5 vértebras sagradas, que se encontram separados pelas linhas transversais que terminam externamente nos buracos sagrados anteriores, que dão passagem aos ramos anteriores dos nervos sagrados. Para fora dos buracos encontram-se as goteiras transversais. Face posterior: apresenta na linha mediana a crista sagrada, e de dentro para fora, a goteira sagrada, os tubérculos sagrados póstero-internos, os buracos sagrados posteriores e os tubérculos sagrados pósteros-externos. Faces laterais: encontra-se em cima a faceta auricular do sacro que se articula com a faceta auricular do ilíaco. S I M A C 50 Base: indo de diante para trás e na linha mediana apresenta uma faceta articular para o corpo da L5, o oríficio superior do canal sagrado, e o inicio da crista sagrada. Para fora encontram-se as asas do sacro e as apófises articulares do sacro que se articulam com as apófises articulares inferiores da L5. Vértice: apresenta uma faceta articular para o cóccix e o orifício inferior do canal sagrado. S I M A C 51 OSSOS DO MEMBRO INFERIOR: O membro inferior é formado por 4 segmentos: anca, coxa, perna e pé. ANCA: A anca une o membro inferior ao tronco. Contém um osso, denominado osso coxal ou ilíaco. ILÍACO: 1. Nome: ilíaco ou osso coxal. 2. Localização: anca. 3. Classificação: osso chato e par. 4. Orientação: A cavidade articular é externa; A maior chanfradura existente no rebordo desta cavidade é inferior; O maior ressalto que limita esta chanfradura é posterior. A cavidade articular é externa; Outro exemplo: O maior buraco que existe no osso é inferior; Das duas tuberosidades que limitam esse buraco, a mais afilada é anterior. 5. Conexões: Sacro (atrás); Ilíaco contralateral (adiante); Fémur (por fora). 6. Descrição: Segmento superior ou ilion; O ilíaco é constituído por 3 segmentos: Segmento médio, que apresenta a cavidade articular denominada cavidade cotiloideia ou acetábulo; Segmento inferior, que apresenta na porção média o buraco obturado ou isquio- púbico, cuja metade anterior se designa por púbis e a posterior por isquion. S I M A C 52 o corpo; O púbis contem 3 porções: o ramo superior ou horizontal (une o corpo ao acetábulo); o ramo inferior ou descendente (une o corpo ao ramo ascendente do isquion). o corpo; O isquion contem igualmente 3 porções: o ramo descendente (une o corpo ao acetábulo); o ramo ascendente (une o corpo ao ramo descendente do púbis). O ilíaco tem um contorno irregularmente quadrilátero, podendo descrever-se 2 faces, 4 bordos e 4 ângulos: 2 FACES: Face externa : apresenta na porção média a cavidade cotiloideia ou acetábulo, por cima da qual se encontra a fossa ilíaca externa (superfície que dá inserção a músculos) e por baixo da qual se encontra o buraco isquio-púbico ou obturado (preenchido pela membrana obturadora); a cavidade cotiloideia articula-se com a cabeça do fémur, sendo circunscrita pelo rebordo cotiloideu que apresenta 3 chanfraduras, uma posterior ou ilio- isquíática, uma anterior ou ilio-púbica e uma inferior ou isquio-púbica (é a mais acentuada das 3); esta cavidade é constituída por 2 porções, o fundo da cavidade, o qual é não articular, e o crescente periférico, articular, cujas duas extremidades limitam a chanfradura isquio-púbica. S I M A C 53 Face interna : é dividida pela linha inominada ou crista do estreito superior em duas porções, uma superior que constitui a fossa ilíaca interna (onde se insere o músculo ilíaco) e uma inferior formada por uma superfície irregular que apresenta, de cima para baixo – a tuberosidade ilíaca, a faceta auricular do ilíaco (articula-se com uma faceta homónima do sacro),
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