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Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 63 AULA DEMONSTRATIVA: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E GERAIS DO DIREITO PENAL SUMÁRIO PÁGINA Apresentação e Cronograma 01 I - Princípio da LEGALIDADE 05 II- Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 12 III - Princípio da INTRANSCEDÊNCIA DA PENA 14 IV - Princípio da LIMITAÇÃO DAS PENAS 15 V – Presunção de INOCÊNCIA OU Presunção de NÃO CULPABILIDADE 17 VI – Outros Princípios do Direito Penal 33 Lista das Questões da Aula 37 Questões Comentadas 44 Gabarito 63 Olá, meus amigos! É com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATÉGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovação de vocês no concurso do TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS. Aqui vamos estudar (E muito!) teoria e comentar exercícios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA. E aí, povo, preparados para receber mais de R$ 7.000,00 mensais? A Banca que irá organizar o concurso (cujo edital ACABOU DE SAIR!) é a CONSULPLAN. Bom, está na hora de me apresentar a vocês, não é? Meu nome é Renan Araujo, tenho 25 anos, sou Defensor Público Federal desde 2010, titular do 16° Ofício Cível da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro. Antes, porém, fui servidor da Justiça Eleitoral Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 63 (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e pós-graduado em Direito Público pela Universidade Gama Filho. Disse a vocês minha idade propositalmente. Minha trajetória de vida está intimamente ligada aos Concursos Públicos. Desde o começo da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferença! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em tão pouco tempo. Simples: Foco + Força de vontade + Disciplina. Não há fórmula mágica, não há ingrediente secreto! Basta querer e correr atrás do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! Bom, como já adiantei, neste curso estudaremos todo o conteúdo de Direito Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar também com exercícios comentados. Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: Aula DEMONSTRATIVA – 29.10.12 Princípios do Direito Penal. Aula 01 – 03.11.12 Aplicação da Lei Penal. Aula 02 – 06.11.12 DO CRIME (Parte I) - Fato típico (e seus elementos); Crime doloso, culposo, consumado, tentado e impossível; Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior. Ilicitude. Aula 03 – 16.11.12 DO CRIME (Parte II) - Culpabilidade (e causas de sua exclusão). Erro de tipo, erro de proibição e erro sobre a pessoa; Coação irresistível e obediência hierárquica. Imputabilidade Penal. Aula 04 – 23.11.12 Concurso de pessoas e concurso de crimes Aula 05 – 30.11.12 Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 63 Penas: espécies; cominação; aplicação; suspensão condicional da pena; livramento condicional; efeitos da condenação e da reabilitação; medidas de segurança. Aula 06 – 07.12.12 Ação penal publica e privada: extinção da punibilidade; execução das penas em espécie: penas privativas de liberdade, penas alternativas (Lei n° 9.714/1998), regimes, autorizações de saída, remição e incidentes de execução. Aula 07 – 14.12.12 Crimes contra a Administração Pública (Parte I) Aula 08 – 21.12.12 Crimes contra a Administração Pública (Parte II) Aula 09 – 05.01.12 Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65) Aula 10 – 12.01.12 Crimes contra a Ordem Tributária Conforme consta no edital, somente será exigida atualização legislativa em vigor até a data de publicação do edital, de forma que nosso curso está perfeitamente atualizado. Além disso, eventuais leis que entrarem em vigor posteriormente (durante o curso) não serão objeto de cobrança na prova. As aulas serão disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questões que foram cobradas recentemente em concursos públicos. A CONSULPLAN não é uma Banca que elabora muitas provas de concursos públicos, e quando elabora geralmente o faz para cargos que não exigem conhecimentos de Direito Penal, de forma que existem pouquíssimas questões de Direito Penal desta Banca. Contudo, a resolução de questões de outras Bancas, bem mais conceituadas, como CESPE, FCC e ESAF irá dar conta do recado! Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 63 Caso você seja daqueles que tem na resolução de questões a maior arma para estudar, recomendo o curso de questões comentadas que será disponibilizado pelo site! Meu e-mail para contato é renanaraujo@estrategiaconcursos.com.br. Curtam minha página no FACEBOOK e recebam questões comentadas, dicas e outras ferramentas para qualquer concurseiro! https://www.facebook.com/prof.renanaraujo No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 63 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL Os princípios constitucionais do Direito Penal são normas que, extraídas da Constituição Federal, servem como base interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurídico brasileiro. Entretanto, não possuem somente função informativa, não servem somente para auxiliar na interpretação de outras normas. Os princípios constitucionais, na atual interpretação constitucional, possuem força normativa, devendo ser respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que os contrariar. No que tange ao Direito Penal, a Constituição Federal traz alguns princípios aplicáveis a este ramo do Direito. Vamos analisá-los um a um. I – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O princípio da legalidade está previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição Federal: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Entretanto, ele TAMBÉM está previsto no Código Penal, em seu art. 1°: Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 63 Este princípio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), estabelece que uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes de sua prática não havia lei nesse sentido. Assim, se João ingere cachaça,não comete crime, pois a legislação brasileira não estabelece que essa conduta seja criminosa. Se no dia seguinte for editada uma Lei criminalizando a ingestão de bebida alcoólica, João não terá cometido crime, pois quando praticou o ato, a lei não existia, e ela não pode ser aplicada aos fatos acontecidos antes de sua vigência. Entretanto, o Princípio da Legalidade se divide em dois outros princípios, o da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. Desta forma, vamos estudá-los em tópicos distintos. I.a) Princípio da Reserva Legal O princípio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer penas. Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência deste fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, parte geral, volume I. Ed. Saraiva.11º Ed. Atualizada – São Paulo – 2007) Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 63 Percebam que o autor fala em “Princípio da Legalidade”. Isso ocorre porque certa parte da Doutrina não faz distinção entre princípio da legalidade e princípio da reserva legal, como se fossem sinônimos. Entretanto, entendo, como a maioria da Doutrina, que essa distinção existe, e que a reserva legal é apenas uma vertente do princípio da legalidade, sendo a outra vertente o princípio da anterioridade da lei penal. Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir crimes e cominar penas. Logo, Medida Provisória, Decretos, e demais diplomas legislativos NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS CRIMINOSAS NEM COMINAR SANÇÕES. Desta forma, pode haver violação ao Princípio da legalidade sem que haja violação à reserva legal. Entretanto, havendo violação à reserva legal, isso implica necessariamente em violação ao princípio da legalidade, pois aquele é parte deste. Lembrem-se: Legalidade = Reserva legal + Anterioridade da lei penal. O princípio da reserva legal implica a proibição da edição de leis vagas, com conteúdo impreciso. Isso porque a existência de leis cujo conteúdo não seja claro, que não se sabe ao certo qual conduta está sendo criminalizada, acaba por retirar toda a função do princípio da reserva legal, que é dar segurança jurídica às pessoas, para que estas saibam exatamente se as condutas por elas praticadas são, ou não, crime. Por exemplo: Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que atentem contra os bons costumes. Ora, alguém sabe definir o que são bons costumes? Não, pois se trata de um termo muito vago, muito genérico, que pode abranger uma infinidade de condutas. Assim, não basta que se trate de lei em sentido estrito (Lei formal), esta lei tem que estabelecer precisamente a conduta que está sendo criminalizada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 63 Entretanto, fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO. As normas penais em branco são aquelas que dependem de outra norma para que sua aplicação seja possível. Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas criminosas referentes à comercialização, transporte, posse, etc., de substância entorpecente. Mas quais seriam as substâncias entorpecentes proibidas? As substâncias entorpecentes proibidas estão descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as normas penais em branco são legais, não violam o princípio da reserva legal, mas sua aplicação depende da análise de outra norma jurídica. Mas a portaria da ANVISA não seria uma violação à reserva legal, por se tratar de criminalização de conduta por portaria? Não, pois a portaria estabelece quais são as substâncias entorpecentes em razão de ter sido assim determinado por lei, no caso, pela própria lei de drogas, que em seu art. 66, estabelece como substâncias entorpecentes aquelas previstas na Portaria SVS/MS n°344/98. Além disso, em razão da reserva legal, em Direito Penal é proibida a analogia in malam partem, que é a analogia em desfavor do réu. Assim, não pode o Juiz criar uma conduta criminosa não prevista em lei, com base na analogia. Por exemplo: João agride seu parceiro homossexual, Alberto. Nesse caso, houve a prática do crime de lesão corporal (art. 129 do Código Penal). Não pode o Juiz querer enquadrá-lo no conceito da Lei Maria da Penha, pois esta Lei é clara ao afirmar que só se aplica nos casos de agressão do homem para com a mulher. Aplicar a lei neste caso seria fazer uma analogia desfavorável ao réu, pois a Lei Maria da Penha estabelece punições mais gravosas que o art. 129 do Código Penal. Isso é vedado! Com relação à interpretação extensiva, parte da Doutrina entende que é possível, outra parte entende que, à semelhança da analogia in malam partem, não é admissível. A interpretação extensiva difere da analogia, pois naquela a previsão legal existe, mas está implícita. Nesta, a Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 63 previsão legal não existe, mas o Juiz entende que por ser semelhante a uma hipótese existente, deva ser assim enquadrada. Cuidado com essa diferença! Entretanto, em provas objetivas recomendo vocês a optarem pela afirmativa que proíba também a interpretação extensiva em desfavor do réu, pois é uma posição que se coaduna mais com um Estado Democrático de Direito, pois se a conduta criminalizada não está clara, a ponto de haver necessidade de interpretação extensiva, já houve violação à reserva legal, pois como vimos, a Lei penal deve ser clara e precisa, de forma que a conduta incriminada seja facilmente verificável. I.b) Princípio da anterioridade da Lei penal O princípio da anterioridade da lei penal estabelece que não basta que a criminalização de uma conduta se dê por meio de Lei em sentido estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, à prática da conduta. Desta forma, imagine a seguinte situação: Pedro dirige seu carro embriagado no dia 20/05/2010, tendo sido abordado em blitz e multado. Nesta data, não há lei que criminalize esta conduta. Em 26/05/2010 é publicada uma Lei criminalizando o ato de dirigir embriagado. O órgão que aplicou a multa remete os autos do processo administrativa da Multa ao MP, que oferece denúncia pelo crime de dirigir alcoolizado. A conduta do MP foi correta? Não! Pois embora Pedro tivesse cometido uma infração de trânsito, na data do fato a conduta não era considerada crime. Houve violação ao princípio da reserva legal? Não, pois a lei a criminalização da conduta se deu por meio de lei formal. Houve violação ao princípio da anterioridade da lei penal? Sim, e essa violação se deu pelo MP, que ofereceu denúncia sobre um fato acontecido antes da vigência da lei incriminadora. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoriae exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 63 Percebam que a violação à anterioridade, neste caso, se deu pelo MP. Mas nada impede, no entanto, que essa violação se dê pela própria lei penal incriminadora. Imaginem que a Lei que criminalizou a conduta de Pedro estabelecesse que todos aqueles que tenham sido flagrados dirigindo alcoolizados nos últimos dois anos responderiam pelo crime nela previstos. Essa lei seria inconstitucional nesta parte! Pois violaria flagrantemente o princípio constitucional da anterioridade da lei penal, previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição Federal. O princípio da anterioridade da lei penal culmina no princípio da irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que são sinônimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando ela beneficia o réu, estabelecendo uma sanção menos gravosa para o crime ou quando deixa de considerar a conduta como criminosa. Nesse caso, estamos haverá retroatividade da lei penal, pois ela alcançará fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGÊNCIA. POR EXEMPLO: Imaginem que Maria seja acusada em processo criminal por uso de entorpecentes (cocaína), fato cometido em 20.04.2005. A pena para este crime varia (apenas um exemplo!) de um a quatro anos. Se uma lei for editada posteriormente, estabelecendo que a pena para este crime seja de dois a seis MESES, essa lei é favorável à Maria. Assim, deverá ser aplicada ao seu processo, não podendo Maria ser condenada a mais de seis meses de prisão. Essa previsão se encontra no art. 5°, XL da Constituição: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Mas e se Maria já tiver sido condenada a dois anos de prisão e esteja cumprindo pena há mais de um ano? Nesse caso, Maria deverá ser colocada em liberdade, pois se sua condenação fosse hoje, não poderia Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 63 superar o limite de seis meses. Como já cumpriu mais de seis meses, sua pena está extinta. Obviamente, se a lei nova, ao invés de estabelecer uma pena mais branda, estabelece que a conduta deixa de ser crime (O que chamamos de abolitio criminis), TAMBÉM SERÁ APLICADA AOS FATOS OCORRIDOS ANTES DE SUA VIGÊNCIA, POR SER MAIS BENÉFICA AO RÉU. Não se trata de um “benefício” criminoso. Trata-se de uma questão de lógica: Se o Estado considera, hoje, que uma determinada conduta não pode ser crime, não faz sentido manter preso, ou dar sequência a um processo pela prática deste fato que não é mais crime, pois o próprio Estado não considera mais a conduta como tão grave a ponto de merecer uma punição criminal. ATENÇÃO! No caso das Leis temporárias, a lei continuará a produzir seus efeitos mesmo após o término de sua vigência, caso contrário, perderia sua razão de ser. O caso mais clássico é o da lei seca para o dia das eleições. Nesse dia, o consumo de bebida alcoólica é proibido durante certo horário. Após o término das eleições, a ingestão de bebida alcoólica passa a não ser mais crime novamente. Entretanto, não houve abolitio criminis, houve apenas o término do lapso temporal em que a proibição vigora. Somente haveria abolitio criminis caso a lei que proíbe a ingestão de bebidas alcoólicas no dia da eleição fosse revogada, o que não ocorreu! Estudaremos melhor este assunto Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 63 quando analisarmos a aplicação da Lei Penal no tempo. A legalidade (reserva legal e anterioridade) são garantias para os cidadãos, pois visam a impedir que o Estado os surpreenda com a criminalização de uma conduta após a prática do ato. Pensem como seria nossa vida se pudéssemos, amanhã, sermos punidos pela prática de um ato que, hoje, não é considerado crime? Como poderíamos viver sem saber se amanhã ou depois aquela conduta seria considerada crime nós poderíamos ser condenados e punidos por ela? Impossível viver assim. Assim: Legalidade = Anterioridade + Reserva Legal Vamos ver melhor, agora, como se dá a aplicação da lei penal no tempo. I.c) Aplicação da Lei Penal no Tempo A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jurídico em um determinado momento e vigora até sua revogação, regulando todos os fatos praticados nesse ínterim. Entretanto, nem sempre as coisas são tão simples, surgindo situações verdadeiramente excepcionais e complexas. É certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois é da natureza humana a mudança de pensamento. Assim, o que hoje é considerado crime, amanhã pode não o ser, e vice-versa. É claro, também, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a matéria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo como tratava a lei revogada, caso contrário, seria uma lei absolutamente Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 63 inútil. A esse fenômeno damos o nome de Princípio da continuidade das leis. A revogação, por sua vez, é o fenômeno que compreende a substituição de uma norma jurídica por outra. Essa substituição pode ser total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab-rogação, e no segundo caso, derrogação. A revogação, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda, ser expressa ou tácita. Diz-se que é expressa quando a nova lei diz expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06 (nova lei de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as disposições contidas na lei 6.368/76. Por sua vez, a revogação tácita ocorre quando a lei nova, embora não diga nada com relação à revogação da lei antiga, trata da mesma matéria, só que de forma diferente. Assim: REVOGAÇÃO EXPRESSA (Lei diz expressamente que a anterior fica revogada) TÁCITA (Lei nova não diz nada, mas aborda a mesma matéria, de forma diferente) Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 63 Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vigência até sua revogação. Cuidado! No período de vacatio legis (Período entre a publicação da Lei e sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda não vigora! Ou seja, ela ainda não produz efeitos! Em termos gráficos: Publicação Entrada em vigor Revogação |----------|-------------------------------------------------------| Vacatio Legis PRODUÇÃO DE EFEITOS Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei, somente produz efeitos durante o seu período de vigência. É o que se chama de princípio da atividade da lei. REVOGAÇÃO TOTAL = Ab-rogação (Lei nova revoga totalmente a anterior) PARCIAL – Derrogação (Lei nova revoga apenas alguns dispositivos da lei vigente, que permanece em vigor) DireitoPenal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 63 Em alguns casos, porém, a lei penal pode produzir efeitos e atingir fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e, até mesmo, atos praticados após sua revogação. Vamos analisá-los individualmente. 1. Conflito de Leis penais no Tempo Ocorrendo a revogação de uma lei penal por outra, algumas situações irão ocorrer, e as consequências de cada uma delas dependerão da natureza da norma revogadora. A) Lei nova incriminadora Nesse caso, a lei nova atribui caráter criminoso ao fato. Ou seja, até então, o fato não era crime. Nesse caso, a solução é bastante simples: A lei nova produzirá efeitos a partir de sua entrada em vigor, como toda e qualquer lei, seguindo a regra geral da atividade da lei. B) Lex Gravior ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa Aqui, a lei posterior não inova no que se refere à natureza criminosa do fato, pois a lei anterior já estabelecia que o fato fosse crime. No entanto, a lei nova estabelece uma situação mais gravosa ao réu. Por exemplo: O crime de homicídio simples (art. 121 do CP) possui pena mínima de 06 e pena máxima de 20 anos. Imaginemos que entrasse em vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o crime de homicídio seria de 10 a 30 anos. Nesse caso, a lei nova, embora não inove no que tange à criminalização do homicídio, traz uma situação mais Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 63 gravosa para o fato. Assim, produzirá efeitos somente a partir de sua vigência, não alcançando fatos pretéritos Frise-se que a lei nova será considerada mais gravosa ainda que não aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer prejuízo ao réu, como forma de cumprimento da pena, redução ou eliminação de benefícios, etc. C) Abolitio Criminis A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora vem a ser revogada por outra, que prevê que o fato deixa de ser considerado crime. Por exemplo: Suponhamos que a Lei “A” preveja que é crime dirigir veículo automotor sob a influência de álcool. Vindo a Lei “B” a determinar que dirigir veículo automotor sob a influência de álcool não é crime, ocorreu o fenômeno da abolitio criminis. Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato crime, ela produzirá efeitos retroativos, alcançado os fatos praticados mesmo antes de sua vigência, em homenagem ao art. 5, XL da Constituição Federal e ao art. 2° do Código Penal. Vejamos: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. É claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato como crime, ela está beneficiando aquele praticou o fato e que, Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 63 porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou até mesmo, cumprindo pena em decorrência da condenação pelo fato. Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei Penal, que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. CUIDADO! Não confundam abolitio criminis com continuidade típico-normativa. Em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal. Por exemplo: A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a descrição do tipo penal do estupro para abranger também a prática de atos libidinosos diversos da conjunção carnal, que era a descrição do tipo penal de atentado violento ao pudor. Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, não foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo contorno jurídico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, não houve abolitio criminis, pois o fato não deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal. CUIDADO! Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 63 Também não há abolitio criminis quando a lei nova revoga uma lei especial que criminaliza um determinado fato, mas que mesmo assim, está enquadrado como crime numa norma geral. Explico: Imagine que a Lei “A” preveja o crime de roubo a empresa de transporte de valores, com pena de 4 a 12 anos. Posteriormente, entra em vigor a Lei “B”, que revoga expressa e totalmente a Lei “A”. Pode-se dizer que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser crime? Claro que não, pois a conduta, o fato, está previsto no art. 157 do Código Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei especial que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo a ser regido pelo tipo previsto no Código Penal. Pode-se dizer, no entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que é a superveniência de lei mais benéfica. D) Lex Mitior ou Novatio legis in mellius A Lex mitior, ou novatio legis in mellius ocorre quando uma lei posterior revoga a anterior trazendo uma situação mais benéfica ao réu. Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da Constituição, já transcrito, a lei nova retroage para alcançar os fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. Essa previsão está contida também no art. 2°, § único do CPB: Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 63 Vejam que o Código Penal estabelece que a aplicação da lei nova se dará ainda que o fato (crime) já tenha sido julgado por sentença transitada em julgado. Assim, se João foi condenado e está cumprindo pena por um crime que vem a ser considerado como fato atípico, extinta está a punibilidade de João, nos termos do art. 107, III do Código penal: Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (...) III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; E) Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais favoráveis e outros mais prejudiciais ao réu. Por exemplo: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de furto, cuja pena é de 1 a 04 anos de reclusão, e multa. Posteriormente, sobrevém uma lei que estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de detenção, sem multa. Percebam que a lei nova é mais benéficapois extinguiu a pena de multa, e estabeleceu o regime de detenção, mas é mais gravosa pois aumentou a pena mínima e a pena máxima. Nesse caso, como avaliar se a lei é mais benéfica ou mais gravosa? E mais, será que é possível combinar as duas leis para se achar a solução mais benéfica para o réu? Duas correntes se formaram: 1° corrente: Não é possível combinar as leis penais para se extrair os pontos favoráveis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma terceira lei (Lex tertia), o que seria uma violação ao princípio da Separação dos Poderes, já que não cabe ao Judiciário legislar. Essa é a TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA ou GLOBAL. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 63 2° corrente: É possível a combinação das duas leis, de forma a selecionar os institutos favoráveis de cada uma delas, sem que com isso se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz só estaria agindo dentro dos limites estabelecidos pelo próprio legislador. Essa é a TEORIA DA PONDERAÇÃO DIFERENCIADA. O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou entendimento no sentido de que deve ser adotada a TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA, devendo ser aplicada apenas uma das leis, em homenagem aos princípios da reserva legal e da separação dos Poderes do Estado. O STJ sempre adotou esta posição. Para saber qual das leis é mais benéfica, o STJ adotou o entendimento de que ninguém melhor que o próprio réu para saber qual lei lhe é mais benéfica (faz sentido, ). Quem deve aplicar a nova lei penal mais benéfica ou a nova lei penal abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no sentido de que a lei será aplicada pelo Juízo que estiver analisando a causa, ou aplicando a execução. Nos termos da súmula 611 do STF: SÚMULA Nº 611 TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA CONDENATÓRIA, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES A APLICAÇÃO DE LEI MAIS BENIGNA. ATENÇÃO: Cuidado para não caírem nessa: Lei durante o período de vacância (vacatio legis) não produz efeitos, logo, não retroage, ainda que mais benéfica ao réu! Assim, se Pedro está cumprindo o último ano Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 63 de sua pena por um determinado crime, e é publicada uma lei que prevê que este fato deixa de ser crime, mas cujo período de vacatio legis é de um ano, Pedro deverá cumprir integralmente sua pena, pois a lei nova só produzirá efeitos quando Pedro já tiver cumprido toda a pena. Resumindo: Pedro deu um azar danado! Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa? Nesse caso, a lei mais gravosa não se aplicará aos fatos regidos pela lei mais benéfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em prejuízo do réu. No momento em que a lei intermediária (a que revogou, mas foi revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de sua vigência. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral da irretroatividade da Lei. Lei A (gravosa) Lei B (Mais benéfica) Lei C (Mais gravosa) EFEITOS DA LEI B EFEITOS DA LEI C |----|------|------------------------------------------------------| Fato PRODUÇÃO DE VIGÊNCIA DA LEI B No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzirá efeitos mesmo após sua revogação pela Lei C. Percebam que após a revogação da Lei B, as duas estão produzindo efeitos, tanto a Lei B quanto a Lei C, embora só esta última esteja em vigor. A Lei B estará produzindo efeitos com relação aos fatos cometidos anteriormente à sua revogação, e a Lei C produzirá efeitos tão-somente em relação aos fatos cometidos após sua Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 63 entrada em vigor, não alcançando os fatos pretéritos. Nesse caso, há a ULTRA-ATIVIDADE DA LEI B. Excepcional é a situação das leis intermitentes, que se dividem em leis excepcionais e leis temporárias. As leis excepcionais são aquelas que são produzidas para vigorar durante determinada situação. Por exemplo, estado de sítio, estado de guerra, ou outra situação excepcional. Lei temporária é aquela que é editada para vigorar durante determinado período, certo, cuja revogação se dará automaticamente quando se atingir o termo final de vigência, independentemente de se tratar de uma situação normal ou excepcional do país. No caso destas leis, dado seu caráter transitório, a superveniência de lei que considere que o fato não é mais crime, é indiferente, ESSA LEI NÃO RETROAGE! Assim, aquele que cometeu o crime durante a vigência de uma destas leis responderá pelo fato, nos moldes em que previsto na lei, mesmo diante de superveniência de lei benéfica ou abolitiva. Isso é uma questão de lógica, pois, se assim não o fosse, bastaria que o réu procrastinasse o processo até data prevista para a revogação da lei a fim de que fosse decretada a extinção de sua punibilidade. Isso está previsto no art. 3° do Código Penal: Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 2. Tempo do crime Três teorias buscam explicar quando se considera praticado o crime: Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 63 1) Teoria da atividade – O crime se considera praticado quando da ação ou omissão, não importando quando ocorre o resultado. É a teoria adotada pelo art. 4° do Código Penal, vejamos: Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 2) Teoria do resultado – Para esta teoria, considera-se praticado o crime quando da ocorrência do resultado, independentemente de quando fora praticada a ação ou omissão; 3) Teoria da ubiquidade ou mista – Para esta teoria, considera-se praticado o crime tanto no momento da ação ou omissão quanto no momento do resultado. Como vimos, nosso Código adotou a teoria da atividade como a aplicável ao tempo do crime. Isto representa sérios reflexos na aplicação da lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como vimos, é a data da conduta. Imaginem que Renato, adolescente com 17 anos, 11 meses 10 dias dispara arma de fogo contra Paulo, com intenção de matar, ferindo-lhe. Paulo é encaminhando para o Hospital e permanece internado no CTI por 60 dias, quando vem a falecer. Nesse caso, Renato não responderá por crime de homicídio doloso, pois quando da realização da conduta Renato era menor de idade, aplicando-se-lhe o ECA, ainda que a morte de Paulo tenha ocorrido já quando Renato possuía mais de 18 anos. Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da permanência delitiva, ainda que mais gravosa que a do início. O mesmo Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIATeoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 63 ocorre nos crimes continuados, hipótese em que se aplica a lei vigente à época do último ato (crime) praticado. Essa tese está consagrada pelo STF, através do enunciado n° 711 da súmula de sua Jurisprudência: SÚMULA Nº 711 A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. Agora que já compreendemos o princípio constitucional da legalidade (com seus subprincípios da reserva legal e da anterioridade), inclusive com a aplicação prática no caso de conflito de leis penais, passemos ao próximo princípio constitucional do Direito Penal. II – PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA A Constituição Federal estabelece, em seu art. 5°, XLVI: XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: A individualização da pena é feita em três fases distintas: Legislativa, judicial e administrativa. Na esfera legislativa, a individualização da pena se dá através da cominação de punições proporcionais à gravidade dos crimes, e com o Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 63 estabelecimento de penas mínimas e máximas, a serem aplicadas pelo Judiciário, considerando as circunstâncias do fato e as características do criminoso. Na fase judicial, a individualização da pena é feita com base na análise, pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos antecedentes do réu, etc. Nessa fase, a individualização da pena sai do plano meramente abstrato e vai para o plano concreto, devendo o Juiz fixar a pena de acordo com as peculiaridades do caso (Tipo de pena a ser aplicada, quantificação da pena, forma de cumprimento, etc), tudo para que ela seja a mais apropriada para cada réu, de forma a cumprir seu papel ressocializador-educativo e punitivo. Na terceira e última fase, a individualização é feita na execução da pena, a parte administrativa. Assim, questões como progressão de regime, concessão de saídas eventuais do local de cumprimento da pena e outras, serão decididas pelo Juiz da execução penal também de forma individual, de acordo com as peculiaridades de cada detento. Por esta razão, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.078/90) que previa a impossibilidade de progressão de regime nesses casos, nos quais o réu deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado. O STF entendeu que a terceira fase de individualização da pena havia sido suprimida, violando o princípio constitucional. Outra indicação clara de individualização da pena na fase de execução está no artigo 5°, XLVIII da Constituição, que estabelece o cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com as características do preso. Vejamos: XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 63 III – PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA (OU PRINCÍPIO DA PERSONIFICAÇÃO DA PENA, OU PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL DA PENA) Este princípio constitucional do Direito Penal está previsto no art. 5°, XLV da Constituição Federal: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; (grifo nosso) Esse princípio impede que a pena ultrapasse a pessoa do infrator. Por exemplo: Se Paulo comete um crime, e morre em seguida, está extinta a punibilidade, ou seja, o Estado não pode mais punir em razão do crime praticado, pois a morte do infrator é uma das causas de extinção do poder punitivo do Estado. Entretanto, como vocês podem extrair da própria redação do dispositivo constitucional, isso não impede que os sucessores do condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato. Explico: Imaginem a seguinte situação: Roberto mata Maurício, cometendo o crime previsto no art. 121 do Código Penal (Homicídio). Roberto é condenado a 15 anos de prisão, e na esfera cível é condenado Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 63 ao pagamento de R$ 100.000,00 (Cem mil reais) a título de indenização ao filho de Maurício. Durante a execução da pena criminal, Roberto vem a falecer. Embora a pena privativa de liberdade esteja extinta, pela morte do infrator, a obrigação de reparar o dano poderá ser repassada aos herdeiros, até o limite do patrimônio deixado pelo infrator falecido. Assim, se Roberto deixou um patrimônio de R$ 500.000,00 (Quinhentos mil reais), desse valor, que já pertence aos herdeiros (pelo princípio da saisine, do Direito das Sucessões), poderá ser debitado os R$ 100.000,00 (cem mil reais) que Roberto foi condenado a pagar ao filho de Maurício. Se, porém, o patrimônio deixado por Roberto é de apenas R$ 30.000,00 (Trinta mil reais), esse é o limite ao qual os herdeiros estão obrigados. Desta forma, tecnicamente falando, os herdeiros não são responsabilizados pelo crime de Roberto, pois não respondem com seu próprio patrimônio, apenas com o patrimônio eventualmente deixado pelo de cujus. IV – VEDAÇÃO ÀS PENAS DE MORTE, PERPÉTUAS, CRUÉIS, DE BANIMENTO OU DE TRABALHOS FORÇADOS (OU PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS) A Constituição Federal estabelece em seu art. 5°, XLVII, que: XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 63 c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; Podemos perceber, caros concurseiros, que determinados tipos de pena são terminantemente proibidos pela Constituição Federal. No caso da pena de morte, a Constituição estabelece uma única exceção: No caso de guerra declarada, é possível a aplicação de pena de morte por crimes cometidos em razão da guerra! Isso não quer dizer que basta que o país esteja em guerra para que se viabilize a aplicação da pena de morte em qualquer caso. Não pode o legislador, por exemplo, editar uma lei estabelecendo que os furtos cometidos durante estado de guerra serão punidos com pena de morte, pois isso não guarda qualquer razoabilidade. Esta ressalva é direcionada precipuamente aos crimes militares. A vedação à pena de trabalhos forçados impede, por exemplo, que o preso seja obrigado a trabalhar sem remuneração. Assim, ao preso que trabalha no estabelecimento prisional é garantida remuneração mensal e abatimento no tempo decumprimento da pena. A prisão perpétua também é inadmissível no Direito brasileiro. Em razão disso, uma lei que preveja a pena mínima para um crime em 60 anos, por exemplo, estaria violando o princípio da vedação à prisão perpétua, por se tratar de uma burla ao princípio, já que a idade mínima para aplicação da pena é 18 anos. Logo, se o preso tiver que ficar, no mínimo, 60 anos preso, ele ficará até os 78 anos preso, o que significa, na prática, prisão perpétua. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 63 Cuidado! Esta vedação é cláusula pétrea! Trata-se de direitos fundamentais do cidadão, que não podem ser restringidos ou abolidos por emenda constitucional. Desta forma, apenas com o advento de uma nova Constituição seria possível falarmos em aplicação destas penas no Brasil. Os princípios do Contraditório, da presunção de inocência, do Juiz Natural NÃO SÃO PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL, MAS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. Entretanto, em razão da possibilidade de a Banca entender que o princípio da Presunção de Inocência é um Princípio do Direito Penal, achei por bem comentá-lo na nossa aula . V – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU PRESUNÇÃO DE NÃO- CULPABILIDADE A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 63 O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação. Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dúbio pro reo ou favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), havendo dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada. Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado! CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de acordo com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in dubio pro societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de denúncia ou queixa e na decisão de pronúncia, no processo de competência do Júri, o Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a denúncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com base apenas em indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, deverá decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisões não há consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as provas necessárias à elucidação dos fatos. Desta maneira, sendo este um princípio de ordem Constitucional, deve a legislação infraconstitucional Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 63 (especialmente o CP e o CPP) respeitá-lo, sob pena de violação à Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentença em primeira instância seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o acusado ainda não é considerado culpado nessa hipótese. CUIDADO, GALERA! A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois nesse caso não se trata de uma prisão como cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença condenatória seja cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte recentemente), e o Juiz decreta sua prisão preventiva, o faz não por considerá-lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade Provisória! Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e a respectiva posição dos Tribunais Superiores, pois a organizadora ADORA PERGUNTAR A POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES: Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 63 antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode ser considerado culpado nem sofrer qualquer conseqüência em relação a eles; Regressão de regime de cumprimento da pena – O STJ e o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do semi-aberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha cometido crime doloso ou falta grave para que haja a regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que tenha havido condenação criminal ou administrativa. A Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a Constituição; Revogação do benefício da suspensão condicional do processo em razão do cometimento de crime – Prevê a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, este benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 63 VI – OUTROS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Princípio da alteridade (ou lesividade)Este princípio preconiza que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que ele possa ser considerado crime em sua essência, ele deve causar lesão a um bem jurídico de terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL NÃO PUNE A AUTOLESÃO. Assim, aquele que destrói o próprio patrimônio não pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente não pratica o crime de lesões corporais, etc. Princípio da Adequação social Prega que uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como crime, quando não afrontar o sentimento social de Justiça, não seria crime, em sentido material, por possuir adequação social (aceitação pela sociedade). É o que acontece, por exemplo, com o crime de adultério, que foi recentemente revogado. Atualmente a sociedade não entende mais o adultério como um fato criminoso, mas algo que deva ser resolvido entre os particulares envolvidos. Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal Estabelece que nem todos os fatos considerados ilícitos pelo Direito devam ser considerados CRIMES, mas somente aqueles que atentem contra bens jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. Princípio do ne bis in idem Por este princípio entende-se que uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Além disso, estabelece que uma pessoa não possa, sequer, ser processada duas vezes pelo mesmo fato. Princípio da proporcionalidade Este princípio determina que as penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à gravidade do fato. Mais que isso: Estabelece que as penas devem ser COMINADAS (previstas) de forma a dar ao infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto. Assim, se o CP previsse que o crime de homicídio Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 63 teria como pena máxima dois anos de reclusão, e que o crime de furto teria como pena máxima quatro anos de reclusão, estaria, claramente, violado o princípio da proporcionalidade. Princípio da insignificância (ou da bagatela) As condutas que ofendam minimamente os bens jurídico-penais tutelados não podem ser consideradas crimes, pois não são capazes de lesionar de maneira eficaz o sentimento social de paz. Imagine um furto de um pote de manteiga, dentro de um supermercado. Nesse caso, a lesão é insignificante, devendo a questão ser resolvida no âmbito civil (dever de pagar pelo produto furtado). Agora imagine o furto de um sanduíche que era de propriedade de um morador de rua, seu único alimento. Nesse caso, a lesão é grave, embora o bem seja do mesmo valor que anterior. Tudo deve ser avaliado no caso concreto. Para o STF, os requisitos OBJETIVOS para a aplicação deste princípio são: Mínima ofensividade da conduta; Ausência de periculosidade social da ação; Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica. O STJ, no entanto, entende que, além destes, existem ainda requisitos de ordem subjetiva: Importância do objeto material do crime para a vítima, de forma a verificar se, no caso concreto, houve ou não, de fato, lesão; Na verdade, esse requisito não passa de uma análise mais aprofundada do último dos requisitos objetivos estabelecidos pelo STF. Sendo aplicado este princípio, não há tipicidade, eis que ausente um dos elementos da tipicidade, que é a TIPICIDADE MATERIAL, Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 63 consistente no real potencial de que a conduta produza alguma lesão ao bem jurídico tutelado. Resta, portanto, somente a tipicidade formal (subsunção entre a conduta e a previsão contida na lei), o que é insuficiente. Este princípio possui aplicação a todo e qualquer delito, e não somente aos de índole patrimonial, embora o STJ entenda não se aplicar aos crimes contra a administração pública, por se resguardar não só o patrimônio, mas a moralidade administrativa. O STF, no entanto, não rechaça absolutamente a hipótese, admitindo a aplicação deste princípio ainda quando se trate de crimes contra a administração pública, desde que presentes os requisitos citados. Vejamos o seguinte julgado: Habeas Corpus. 2. Subtração de objetos da Administração Pública, avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta reais). 3. Aplicação do princípio da insignificância, considerados crime contra o patrimônio público. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida. (HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 26/04/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011) Os Tribunais superiores não aceitam a aplicação deste princípio, ainda, no que se refere aos crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa. Podemos resumir o entendimento Jurisprudencial no seguinte quadro: Mínima ofensividade da conduta OBS: É aplicável aos crimes praticados contra a administração pública, desde que Ausência de periculosidade social Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 63 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (Requisitos) da ação presentes os requisitos citados (STF). OBS²: O STJ entende que não se aplica aos crimes contra a administração pública. Reduzido grau de reprovabilidade da conduta Inexpressividade da lesão jurídica Importância do objeto material para a vítima* SOMENTE PARA O STJ Princípio da Intervenção Mínima Tem como principais destinatários o legislador e, subsidiariamente, o operador do Direito. O primeiro é instado a não criminalizar condutas que possam ser resolvidas pelos demais ramos do Direito (Menos drásticos). O operador do Direito, por sua vez, é incumbido da tarefa de, no caso concreto, deixar de realizar o juízo de tipicidade material. Resumindo: O Direito Penal é a última opção para um problema (Ultima ratio). Deste princípio derivam outros, como o da fragmentariedade (O Direito Penal só tutela os valores mais importantes da sociedade) e o da subsidiariedade (Direito Penal só atua quando todos os demais ramos do Direito se mostraram incapazes de solucionar o problema). Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 63 LISTA DAS QUESTÕES DA AULA 01 - (FCC - AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – PREFEITURA DE SÃO PAULO – 2007) A regra que veda a interpretação extensiva das normas penais incriminadoras decorre do princípio constitucional da (A) culpabilidade. (B) igualdade. (C) legalidade. (D) subsidiariedade. (E) proporcionalidade. 02 - (FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE DILIGÊNCIAS) Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que a) é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato praticado pelo agente for definido como crime no tipo penal. b) o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autor do delito acima do máximo previsto emlei, aplicando os costumes vigentes na localidade em que ocorreu. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 63 c) é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não previsto em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por ela definido. d) fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito primário da norma incriminadora se a descrição do fato delituoso na norma penal for vaga e indeterminada. e) o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato não descrito como crime na lei penal, se esse fato for imoral, antissocial ou danoso à sociedade. 03 - (FCC – 2009 – MPE-SE – TÉCNICO DO MP – ÁREA ADMINISTRATIVA) O art. 5º, LVII, da Constituição Federal dispõe que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Nesse dispositivo constitucional está consagrado o princípio a) da anterioridade da lei penal. b) da presunção de inocência. c) da legalidade. d) do contraditório. e) do juiz natural. 04 - (FCC – 2007 – MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Em matéria penal, a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, a) desde que o representante do Ministério Público não tenha apresentado a denúncia. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 63 b) desde que a autoridade policial ainda não tenha instaurado inquérito policial a respeito. c) ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. d) desde que ainda não tenha sido recebida a denúncia apresentada pelo Ministério Público. e) desde que a sentença condenatória ainda não tenha transitado em julgado. 05 - (FCC – 2007 – MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Dispõe o artigo 1º do Código Penal: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal". Tal dispositivo legal consagra o princípio da a) ampla defesa. b) legalidade. c) presunção de inocência. d) dignidade. e) isonomia. 06 - (FCC – 2008 – TCE-SP – AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) O princípio constitucional da legalidade em matéria penal encontra efetiva realização na exigência, para a configuração do crime, de a) culpabilidade. b) tipicidade. c) punibilidade. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 63 d) ilicitude. e) imputabilidade. 07 - (FGV-2008-SENADO-ADVOGADO DO SENADO) Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as afirmativas a seguir: I. O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal deve ser tratado como inocente, salvo quando preso em flagrante por crime hediondo, caso em que será vedada a concessão de liberdade provisória. II. Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e a nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do estado. III. Milita em favor do indivíduo o benefício da dúvida no momento da prolação da sentença criminal: in dubio pro réu. IV. A presunção de inocência é incompatível com as prisões cautelares antes de transitada em julgado a sentença penal condenatória. Assinale: (A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. (C) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas. (D) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 63 08 - (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA)A00 Relativamente aos princípios de direito penal, assinale a afirmativa incorreta. (A) Não há crime sem lei anterior que o defina. (B) Não há pena sem prévia cominação legal. (C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da anterioridade da lei penal. (D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime. (E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-se aos casos anteriores. 09 - (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA)A00 Em matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que: (A) a lei penal não retroagirá mesmo que seja para beneficiar o réu. (B) a prática de racismo não é considerada crime, salvo se a vítima for detentor de função pública. (C) os presos têm assegurado o respeito à sua integridade física, mas não à integridade moral. (D) a Constituição não autoriza a criação de penas de trabalhos forçados. (E) as penas privativas de liberdade poderão ser impostas aos sucessores do condenado. 10 - (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA)A00 Assinale a alternativa correta. Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 63 (A) Expirado o prazo de validade da lei temporária, não se poderá impor prisão em flagrante àqueles que pratiquem o crime após a expiração, mas ainda será possível a instauração de processo criminal. (B) Todos aqueles que praticaram o crime durante a vigência da lei temporária poderão ser processados, mesmo depois de expirado seu prazo de vigência. (C) Cessada a vigência da lei temporária, consideram-se prescritos os crimes praticados durante sua vigência. (D) O princípio da ultra atividade da lei penal permite que todos aqueles que pratiquem o crime no intervalo de três anos a partir do fim do prazo de vigência da lei temporária sejam processados criminalmente. (E) Terminado o prazo de vigência da lei temporária, ocorrerá a abolitio criminis, libertando-se os que estiverem presos em razão da prática do crime previsto nessa lei. 11 - (FGV-2008-TCM-PROCURADOR) A respeito do tema da retroatividade da lei penal, assinale a afirmativa correta. (A) A lei penal posterior que de qualquer forma favorecer o agente não se aplica aos fatos praticados durante a vigência de uma lei temporária. (B) A lei penal posterior que de qualquer forma favorecer o agente aplica- se aos fatos anteriores, com exceção daqueles que já tiverem sido objeto de sentença condenatória transitada em julgado. (C) A lei penal mais gravosa pode retroagir, aplicando-se a fatos praticados anteriormente à sua vigência, desde que trate de crimes hediondos, tortura ou tráfico de drogas, como expressamente ressalvado na Constituição. (D) Quando um fato é praticado na vigência de uma determinada lei e ocorre uma mudança que gera uma situação mais gravosa para o agente, Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoriae exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 63 ocorrerá a ultratividade da lei penal mais favorável, salvo se houver a edição de uma outra lei ainda mais gravosa, situação em que prevalecerá a lei intermediária. (E) A lei penal posterior que de qualquer forma prejudicar o agente não se aplica aos fatos praticados anteriormente, salvo se houver previsão expressa na própria lei nova. 12 - (DELEGADO DE POLÍCIA – POLÍCIA CIVIL/PA – 2006 – CESPE) _________ Julgue os itens seguintes, com relação aos princípios constitucionais de direito penal. I - A decisão acerca da regressão de regime deve ser calcada em procedimento no qual sejam obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa, sendo, sempre que possível, indispensável a inquirição, em juízo, do sentenciado. II - A vigente Constituição da República, obediente à tradição constitucional, reservou exclusivamente à lei anterior a definição dos crimes, das penas correspondentes e a conseqüente disciplina de sua individualização. III - O princípio da presunção de inocência proíbe a aplicação de penas cruéis que agridam a dignidade da pessoa humana. IV - Em virtude do princípio da irretroatividade in pejus, somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. A quantidade de itens certos é igual a Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 63 A) 1. B) 2. C) 3. D) 4. 13 - (DELEGADO DE POLÍCIA – SECAD/TO – 2008 – CESPE) Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de pessoas, julgue os itens de 108 a 112. Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da intranscendência. 14 - (DELEGADO DE POLÍCIA – SECAD/TO – 2008 – CESPE) Considere que um indivíduo seja preso pela prática de determinado crime e, já na fase da execução penal, uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta na legislação anterior, em face do princípio da irretroatividade da lei penal. 01 - (FCC - Auditor-Fiscal Tributário Municipal – Prefeitura de São Paulo – 2007) VII – QUESTÕES COMENTADAS Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 63 A regra que veda a interpretação extensiva das normas penais incriminadoras decorre do princípio constitucional da (A) culpabilidade. ERRADA: O princípio da culpabilidade estabelece que para que uma pessoa seja condenada pela prática de um crime, deve ter agido com culpa (dolo ou culpa em sentido estrito). Entretanto, não se trata de um princípio constitucional do Direito Penal. (B) igualdade. ERRADA: O Princípio da igualdade está previsto no art. 5°, caput, da Constituição, mas não é um princípio do Direito Penal, nem guarda relação com a vedação à interpretação extensiva das normas penais incriminadoras. (C) legalidade. CORRETA: Como estudamos, a vedação à interpretação extensiva das normas penais incriminadoras decorre do postulado da Reserva Legal, que é sub-princípio do Princípio da Legalidade, pois contraria a idéia de certeza e clareza da lei penal incriminadora. A afirmativa está correta! (D) subsidiariedade. ERRADA: O Princípio da subsidiariedade determina que o Direito Penal atue somente em caso de insuficiência dos outros ramos do Direito. Assim, se o problema puder ser resolvido através do Direito Administrativo, do Direito Civil, etc., não será cabível a aplicação do Direito Penal. Também não se trata de um Princípio Constitucional do Direito Penal. (E) proporcionalidade. ERRADA: O princípio da proporcionalidade não é um princípio próprio do Direito Penal, embora esteja implícito na Constituição. Não guarda relação Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 63 com a vedação à interpretação extensiva das normas incriminadoras. Determina que as medidas tomadas pelo Poder Público (seja na edição de leis, edição de atos administrativos) seja pautada pela proporcionalidade, que significa, grosso modo, correlação entre os fins pretendidos e os meios utilizados, bem como necessidade da medida. 02 - (FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE DILIGÊNCIAS) Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que a) é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato praticado pelo agente for definido como crime no tipo penal. ERRADA: O tipo penal deve derivar de uma Lei em sentido estrito. Se o tipo penal derivar de Medida Provisória, Decreto, etc., haverá violação ao princípio da reserva legal. b) o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autor do delito acima do máximo previsto em lei, aplicando os costumes vigentes na localidade em que ocorreu. ERRADA: Assim como não há crime sem lei anterior que o defina (princípio da anterioridade), também não há pena sem prévia disposição legal (também princípio da anterioridade), previstos no art. 1° do CP e no art. 5°, XXXIX da Constituição Federal. Desta forma, a aplicação de pena não prevista em lei, com base apenas nos costumes, além de ilegal é inconstitucional. c) é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não previsto em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por ela definido. CORRETA: No Direito Penal não se admite a analogia in malam partem, ou seja, a aplicação de uma norma penal incriminadora a um fato Direito Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula DEMO Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 63 parecido com o descrito nela, mas que não possui previsão legal como crime. Veremos mais sobre isso na aula de aplicação da lei penal. d) fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito primário da norma incriminadora se a descrição do fato delituoso na norma penal for vaga e indeterminada. ERRADA: a abrangência do preceito primário na norma penal incriminadora (a conduta a ser praticada pelo agente) deve ser clara e precisa, não comportando discricionariedade do Juiz, sob pena de violação ao princípio da reserva legal, que é subdivisão do princípio da legalidade, conforme estudamos. e) o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato não descrito como crime na lei penal, se esse fato for imoral, anti- social ou danoso à sociedade. ERRADA: Esta chega a ser bizarra. Trata-se de alternativa que elenca hipótese clara e flagrante de violação ao festejado princípio da reserva legal. 03 - (FCC – 2009 – MPE-SE – TÉCNICO DO MP – ÁREA ADMINISTRATIVA)
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