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Princípios do Direito Penal

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Direito Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 63 
AULA DEMONSTRATIVA: PRINCÍPIOS 
CONSTITUCIONAIS E GERAIS DO DIREITO PENAL 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação e Cronograma 01 
I - Princípio da LEGALIDADE 05 
II- Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 12 
III - Princípio da INTRANSCEDÊNCIA DA PENA 14 
IV - Princípio da LIMITAÇÃO DAS PENAS 15 
 V – Presunção de INOCÊNCIA OU Presunção de 
NÃO CULPABILIDADE 
17 
VI – Outros Princípios do Direito Penal 33 
Lista das Questões da Aula 37 
Questões Comentadas 44 
Gabarito 63 
 
 
Olá, meus amigos! 
 
É com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo 
ESTRATÉGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir 
para a aprovação de vocês no concurso do TRIBUNAL REGIONAL 
ELEITORAL DE MINAS GERAIS. Aqui vamos estudar (E muito!) teoria e 
comentar exercícios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de ANALISTA 
JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA. 
E aí, povo, preparados para receber mais de R$ 7.000,00 
mensais? 
A Banca que irá organizar o concurso (cujo edital ACABOU DE 
SAIR!) é a CONSULPLAN. 
Bom, está na hora de me apresentar a vocês, não é? 
Meu nome é Renan Araujo, tenho 25 anos, sou Defensor Público 
Federal desde 2010, titular do 16° Ofício Cível da Defensoria Pública da 
União no Rio de Janeiro. Antes, porém, fui servidor da Justiça Eleitoral 
Direito Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 63 
(TRE-RJ), onde exerci o cargo de Técnico Judiciário, por dois anos. Sou 
Bacharel em Direito pela UNESA e pós-graduado em Direito Público pela 
Universidade Gama Filho. 
Disse a vocês minha idade propositalmente. Minha trajetória de vida 
está intimamente ligada aos Concursos Públicos. Desde o começo da 
Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem 
saber? Isso faz toda a diferença! Algumas pessoas me perguntam como 
consegui sucesso nos concursos em tão pouco tempo. Simples: Foco + 
Força de vontade + Disciplina. Não há fórmula mágica, não há ingrediente 
secreto! Basta querer e correr atrás do seu sonho! Acreditem em mim, 
isso funciona! 
Bom, como já adiantei, neste curso estudaremos todo o conteúdo 
de Direito Penal previsto no Edital. Estudaremos teoria e vamos 
trabalhar também com exercícios comentados. 
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: 
 
Aula DEMONSTRATIVA – 29.10.12 
Princípios do Direito Penal. 
 
Aula 01 – 03.11.12 
Aplicação da Lei Penal. 
 
Aula 02 – 06.11.12 
DO CRIME (Parte I) - Fato típico (e seus elementos); Crime doloso, 
culposo, consumado, tentado e impossível; Desistência voluntária, 
arrependimento eficaz e arrependimento posterior. Ilicitude. 
 
Aula 03 – 16.11.12 
DO CRIME (Parte II) - Culpabilidade (e causas de sua exclusão). Erro de 
tipo, erro de proibição e erro sobre a pessoa; Coação irresistível e 
obediência hierárquica. Imputabilidade Penal. 
 
Aula 04 – 23.11.12 
Concurso de pessoas e concurso de crimes 
 
Aula 05 – 30.11.12 
Direito Penal – TRE/MG 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula DEMO 
 
 
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Penas: espécies; cominação; aplicação; suspensão condicional da pena; 
livramento condicional; efeitos da condenação e da reabilitação; medidas 
de segurança. 
 
Aula 06 – 07.12.12 
Ação penal publica e privada: extinção da punibilidade; execução das 
penas em espécie: penas privativas de liberdade, penas alternativas (Lei 
n° 9.714/1998), regimes, autorizações de saída, remição e incidentes de 
execução. 
 
Aula 07 – 14.12.12 
Crimes contra a Administração Pública (Parte I) 
 
Aula 08 – 21.12.12 
Crimes contra a Administração Pública (Parte II) 
 
Aula 09 – 05.01.12 
Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65) 
 
Aula 10 – 12.01.12 
Crimes contra a Ordem Tributária 
 
Conforme consta no edital, somente será exigida atualização 
legislativa em vigor até a data de publicação do edital, de forma que 
nosso curso está perfeitamente atualizado. Além disso, eventuais leis 
que entrarem em vigor posteriormente (durante o curso) não 
serão objeto de cobrança na prova. 
As aulas serão disponibilizadas no site conforme o cronograma 
apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questões que foram 
cobradas recentemente em concursos públicos. 
A CONSULPLAN não é uma Banca que elabora muitas provas de 
concursos públicos, e quando elabora geralmente o faz para cargos que 
não exigem conhecimentos de Direito Penal, de forma que existem 
pouquíssimas questões de Direito Penal desta Banca. Contudo, a 
resolução de questões de outras Bancas, bem mais conceituadas, 
como CESPE, FCC e ESAF irá dar conta do recado! 
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Teoria e exercícios comentados 
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Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 63 
Caso você seja daqueles que tem na resolução de questões a 
maior arma para estudar, recomendo o curso de questões 
comentadas que será disponibilizado pelo site! 
Meu e-mail para contato é 
renanaraujo@estrategiaconcursos.com.br. 
Curtam minha página no FACEBOOK e recebam questões 
comentadas, dicas e outras ferramentas para qualquer concurseiro! 
https://www.facebook.com/prof.renanaraujo 
No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL 
 
 Os princípios constitucionais do Direito Penal são normas que, 
extraídas da Constituição Federal, servem como base 
interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do 
sistema jurídico brasileiro. Entretanto, não possuem somente função 
informativa, não servem somente para auxiliar na interpretação de outras 
normas. Os princípios constitucionais, na atual interpretação 
constitucional, possuem força normativa, devendo ser respeitados, sob 
pena de inconstitucionalidade da norma que os contrariar. 
 No que tange ao Direito Penal, a Constituição Federal traz alguns 
princípios aplicáveis a este ramo do Direito. Vamos analisá-los um a um. 
 
I – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O princípio da legalidade está previsto no art. 5°, XXXIX da 
Constituição Federal: 
 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
Entretanto, ele TAMBÉM está previsto no Código Penal, em seu art. 
1°: 
 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
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Este princípio, quem vem do latim (Nullum crimen sine praevia lege), 
estabelece que uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes 
de sua prática não havia lei nesse sentido. Assim, se João ingere cachaça,não comete crime, pois a legislação brasileira não estabelece que essa 
conduta seja criminosa. Se no dia seguinte for editada uma Lei 
criminalizando a ingestão de bebida alcoólica, João não terá cometido 
crime, pois quando praticou o ato, a lei não existia, e ela não pode ser 
aplicada aos fatos acontecidos antes de sua vigência. 
Entretanto, o Princípio da Legalidade se divide em dois outros 
princípios, o da Reserva Legal e o da Anterioridade da Lei Penal. 
Desta forma, vamos estudá-los em tópicos distintos. 
 
I.a) Princípio da Reserva Legal 
 
O princípio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE LEI (EM 
SENTIDO ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer penas. 
Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt: 
 
“pelo princípio da legalidade, a elaboração de 
normas incriminadoras é função exclusiva da lei, 
isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e 
nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que 
antes da ocorrência deste fato exista uma lei 
definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção 
correspondente.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. 
Tratado de Direito Penal, parte geral, volume I. 
Ed. Saraiva.11º Ed. Atualizada – São Paulo – 
2007) 
 
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Teoria e exercícios comentados 
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Percebam que o autor fala em “Princípio da Legalidade”. Isso ocorre 
porque certa parte da Doutrina não faz distinção entre princípio da 
legalidade e princípio da reserva legal, como se fossem sinônimos. 
Entretanto, entendo, como a maioria da Doutrina, que essa distinção 
existe, e que a reserva legal é apenas uma vertente do princípio da 
legalidade, sendo a outra vertente o princípio da anterioridade da lei 
penal. 
Assim, somente a Lei (editada pelo Poder Legislativo) pode definir 
crimes e cominar penas. Logo, Medida Provisória, Decretos, e demais 
diplomas legislativos NÃO PODEM ESTABELECER CONDUTAS 
CRIMINOSAS NEM COMINAR SANÇÕES. 
Desta forma, pode haver violação ao Princípio da legalidade sem que 
haja violação à reserva legal. Entretanto, havendo violação à reserva 
legal, isso implica necessariamente em violação ao princípio da 
legalidade, pois aquele é parte deste. Lembrem-se: Legalidade = Reserva 
legal + Anterioridade da lei penal. 
O princípio da reserva legal implica a proibição da edição de leis 
vagas, com conteúdo impreciso. Isso porque a existência de leis cujo 
conteúdo não seja claro, que não se sabe ao certo qual conduta está 
sendo criminalizada, acaba por retirar toda a função do princípio da 
reserva legal, que é dar segurança jurídica às pessoas, para que estas 
saibam exatamente se as condutas por elas praticadas são, ou não, 
crime. Por exemplo: 
Imagine que a Lei X considere como criminosas as condutas que 
atentem contra os bons costumes. Ora, alguém sabe definir o que são 
bons costumes? Não, pois se trata de um termo muito vago, muito 
genérico, que pode abranger uma infinidade de condutas. Assim, não 
basta que se trate de lei em sentido estrito (Lei formal), esta lei tem que 
estabelecer precisamente a conduta que está sendo criminalizada, sob 
pena de ofensa ao princípio da legalidade. 
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Entretanto, fiquem atentos! Existem as chamadas NORMAS 
PENAIS EM BRANCO. As normas penais em branco são aquelas que 
dependem de outra norma para que sua aplicação seja possível. Por 
exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06) estabelece diversas condutas 
criminosas referentes à comercialização, transporte, posse, etc., de 
substância entorpecente. Mas quais seriam as substâncias 
entorpecentes proibidas? As substâncias entorpecentes proibidas estão 
descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as normas 
penais em branco são legais, não violam o princípio da reserva legal, mas 
sua aplicação depende da análise de outra norma jurídica. 
Mas a portaria da ANVISA não seria uma violação à reserva 
legal, por se tratar de criminalização de conduta por portaria? Não, 
pois a portaria estabelece quais são as substâncias entorpecentes em 
razão de ter sido assim determinado por lei, no caso, pela própria lei de 
drogas, que em seu art. 66, estabelece como substâncias entorpecentes 
aquelas previstas na Portaria SVS/MS n°344/98. 
Além disso, em razão da reserva legal, em Direito Penal é 
proibida a analogia in malam partem, que é a analogia em desfavor 
do réu. Assim, não pode o Juiz criar uma conduta criminosa não prevista 
em lei, com base na analogia. Por exemplo: 
João agride seu parceiro homossexual, Alberto. Nesse caso, houve a 
prática do crime de lesão corporal (art. 129 do Código Penal). Não pode o 
Juiz querer enquadrá-lo no conceito da Lei Maria da Penha, pois esta Lei é 
clara ao afirmar que só se aplica nos casos de agressão do homem para 
com a mulher. Aplicar a lei neste caso seria fazer uma analogia 
desfavorável ao réu, pois a Lei Maria da Penha estabelece punições mais 
gravosas que o art. 129 do Código Penal. Isso é vedado! 
Com relação à interpretação extensiva, parte da Doutrina entende 
que é possível, outra parte entende que, à semelhança da analogia in 
malam partem, não é admissível. A interpretação extensiva difere da 
analogia, pois naquela a previsão legal existe, mas está implícita. Nesta, a 
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previsão legal não existe, mas o Juiz entende que por ser semelhante a 
uma hipótese existente, deva ser assim enquadrada. Cuidado com essa 
diferença! 
Entretanto, em provas objetivas recomendo vocês a optarem pela 
afirmativa que proíba também a interpretação extensiva em desfavor do 
réu, pois é uma posição que se coaduna mais com um Estado 
Democrático de Direito, pois se a conduta criminalizada não está clara, a 
ponto de haver necessidade de interpretação extensiva, já houve violação 
à reserva legal, pois como vimos, a Lei penal deve ser clara e precisa, de 
forma que a conduta incriminada seja facilmente verificável. 
 
I.b) Princípio da anterioridade da Lei penal 
 
O princípio da anterioridade da lei penal estabelece que não basta 
que a criminalização de uma conduta se dê por meio de Lei em sentido 
estrito, mas que esta lei seja anterior ao fato, à prática da conduta. 
Desta forma, imagine a seguinte situação: Pedro dirige seu carro 
embriagado no dia 20/05/2010, tendo sido abordado em blitz e multado. 
Nesta data, não há lei que criminalize esta conduta. Em 26/05/2010 é 
publicada uma Lei criminalizando o ato de dirigir embriagado. O órgão 
que aplicou a multa remete os autos do processo administrativa da Multa 
ao MP, que oferece denúncia pelo crime de dirigir alcoolizado. A conduta 
do MP foi correta? Não! Pois embora Pedro tivesse cometido uma infração 
de trânsito, na data do fato a conduta não era considerada crime. 
Houve violação ao princípio da reserva legal? Não, pois a lei a 
criminalização da conduta se deu por meio de lei formal. Houve violação 
ao princípio da anterioridade da lei penal? Sim, e essa violação se deu 
pelo MP, que ofereceu denúncia sobre um fato acontecido antes da 
vigência da lei incriminadora. 
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Percebam que a violação à anterioridade, neste caso, se deu pelo MP. 
Mas nada impede, no entanto, que essa violação se dê pela própria lei 
penal incriminadora. Imaginem que a Lei que criminalizou a conduta de 
Pedro estabelecesse que todos aqueles que tenham sido flagrados 
dirigindo alcoolizados nos últimos dois anos responderiam pelo crime nela 
previstos. Essa lei seria inconstitucional nesta parte! Pois violaria 
flagrantemente o princípio constitucional da anterioridade da lei penal, 
previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição Federal. 
O princípio da anterioridade da lei penal culmina no princípio 
da irretroatividade da lei penal. Pode-se dizer, inclusive, que são 
sinônimos. Entretanto, a lei penal pode retroagir. Como assim? Quando 
ela beneficia o réu, estabelecendo uma sanção menos gravosa para o 
crime ou quando deixa de considerar a conduta como criminosa. Nesse 
caso, estamos haverá retroatividade da lei penal, pois ela alcançará 
fatos ocorridos ANTES DE SUA VIGÊNCIA. POR EXEMPLO: 
Imaginem que Maria seja acusada em processo criminal por uso de 
entorpecentes (cocaína), fato cometido em 20.04.2005. A pena para este 
crime varia (apenas um exemplo!) de um a quatro anos. Se uma lei for 
editada posteriormente, estabelecendo que a pena para este crime seja 
de dois a seis MESES, essa lei é favorável à Maria. Assim, deverá ser 
aplicada ao seu processo, não podendo Maria ser condenada a mais de 
seis meses de prisão. 
Essa previsão se encontra no art. 5°, XL da Constituição: 
 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu; 
 
Mas e se Maria já tiver sido condenada a dois anos de prisão e esteja 
cumprindo pena há mais de um ano? Nesse caso, Maria deverá ser 
colocada em liberdade, pois se sua condenação fosse hoje, não poderia 
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superar o limite de seis meses. Como já cumpriu mais de seis meses, sua 
pena está extinta. 
Obviamente, se a lei nova, ao invés de estabelecer uma pena mais 
branda, estabelece que a conduta deixa de ser crime (O que chamamos 
de abolitio criminis), TAMBÉM SERÁ APLICADA AOS FATOS 
OCORRIDOS ANTES DE SUA VIGÊNCIA, POR SER MAIS BENÉFICA 
AO RÉU. 
Não se trata de um “benefício” criminoso. Trata-se de uma questão 
de lógica: Se o Estado considera, hoje, que uma determinada conduta 
não pode ser crime, não faz sentido manter preso, ou dar sequência a um 
processo pela prática deste fato que não é mais crime, pois o próprio 
Estado não considera mais a conduta como tão grave a ponto de merecer 
uma punição criminal. 
 
 
ATENÇÃO! No caso das Leis temporárias, a 
lei continuará a produzir seus efeitos mesmo 
após o término de sua vigência, caso 
contrário, perderia sua razão de ser. O caso 
mais clássico é o da lei seca para o dia das 
eleições. Nesse dia, o consumo de bebida 
alcoólica é proibido durante certo horário. 
Após o término das eleições, a ingestão de 
bebida alcoólica passa a não ser mais crime 
novamente. Entretanto, não houve abolitio 
criminis, houve apenas o término do lapso 
temporal em que a proibição vigora. Somente 
haveria abolitio criminis caso a lei que 
proíbe a ingestão de bebidas alcoólicas no dia 
da eleição fosse revogada, o que não 
ocorreu! Estudaremos melhor este assunto 
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quando analisarmos a aplicação da Lei Penal 
no tempo. 
 
A legalidade (reserva legal e anterioridade) são garantias para os 
cidadãos, pois visam a impedir que o Estado os surpreenda com a 
criminalização de uma conduta após a prática do ato. Pensem como seria 
nossa vida se pudéssemos, amanhã, sermos punidos pela prática de um 
ato que, hoje, não é considerado crime? Como poderíamos viver sem 
saber se amanhã ou depois aquela conduta seria considerada crime nós 
poderíamos ser condenados e punidos por ela? Impossível viver assim. 
Assim: 
Legalidade = Anterioridade + Reserva Legal 
 
Vamos ver melhor, agora, como se dá a aplicação da lei penal no 
tempo. 
 
I.c) Aplicação da Lei Penal no Tempo 
 
A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jurídico em 
um determinado momento e vigora até sua revogação, regulando todos 
os fatos praticados nesse ínterim. Entretanto, nem sempre as coisas são 
tão simples, surgindo situações verdadeiramente excepcionais e 
complexas. 
É certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois é da 
natureza humana a mudança de pensamento. Assim, o que hoje é 
considerado crime, amanhã pode não o ser, e vice-versa. É claro, 
também, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve 
abordar a matéria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo 
como tratava a lei revogada, caso contrário, seria uma lei absolutamente 
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inútil. A esse fenômeno damos o nome de Princípio da continuidade 
das leis. 
A revogação, por sua vez, é o fenômeno que compreende a 
substituição de uma norma jurídica por outra. Essa substituição pode ser 
total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab-rogação, 
e no segundo caso, derrogação. 
A revogação, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda, 
ser expressa ou tácita. Diz-se que é expressa quando a nova lei diz 
expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06 
(nova lei de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as 
disposições contidas na lei 6.368/76. 
Por sua vez, a revogação tácita ocorre quando a lei nova, embora 
não diga nada com relação à revogação da lei antiga, trata da mesma 
matéria, só que de forma diferente. 
Assim: 
 
 
 
REVOGAÇÃO 
EXPRESSA 
(Lei diz expressamente que 
a anterior fica revogada) 
TÁCITA 
(Lei nova não diz nada, mas 
aborda a mesma matéria, de 
forma diferente) 
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Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vigência até sua 
revogação. 
Cuidado! No período de vacatio legis (Período entre a publicação da 
Lei e sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda não vigora! 
Ou seja, ela ainda não produz efeitos! 
Em termos gráficos: 
 
Publicação Entrada em vigor Revogação 
 
 
|----------|-------------------------------------------------------| 
 Vacatio Legis PRODUÇÃO DE EFEITOS 
 
Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei, 
somente produz efeitos durante o seu período de vigência. É o que se 
chama de princípio da atividade da lei. 
REVOGAÇÃO 
TOTAL = Ab-rogação 
(Lei nova revoga totalmente a 
anterior) 
PARCIAL – Derrogação 
(Lei nova revoga apenas 
alguns dispositivos da lei 
vigente, que permanece em 
vigor) 
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Em alguns casos, porém, a lei penal pode produzir efeitos e atingir 
fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e, até mesmo, atos 
praticados após sua revogação. Vamos analisá-los individualmente. 
 
1. Conflito de Leis penais no Tempo 
 
 Ocorrendo a revogação de uma lei penal por outra, algumas 
situações irão ocorrer, e as consequências de cada uma delas dependerão 
da natureza da norma revogadora. 
 
A) Lei nova incriminadora 
 
Nesse caso, a lei nova atribui caráter criminoso ao fato. Ou seja, até 
então, o fato não era crime. Nesse caso, a solução é bastante simples: A 
lei nova produzirá efeitos a partir de sua entrada em vigor, como toda e 
qualquer lei, seguindo a regra geral da atividade da lei. 
 
B) Lex Gravior ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais 
gravosa 
 
Aqui, a lei posterior não inova no que se refere à natureza 
criminosa do fato, pois a lei anterior já estabelecia que o fato 
fosse crime. No entanto, a lei nova estabelece uma situação mais 
gravosa ao réu. Por exemplo: O crime de homicídio simples (art. 121 do 
CP) possui pena mínima de 06 e pena máxima de 20 anos. Imaginemos 
que entrasse em vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o crime 
de homicídio seria de 10 a 30 anos. Nesse caso, a lei nova, embora não 
inove no que tange à criminalização do homicídio, traz uma situação mais 
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gravosa para o fato. Assim, produzirá efeitos somente a partir de sua 
vigência, não alcançando fatos pretéritos 
Frise-se que a lei nova será considerada mais gravosa ainda que não 
aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer prejuízo 
ao réu, como forma de cumprimento da pena, redução ou eliminação de 
benefícios, etc. 
 
C) Abolitio Criminis 
 
A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora 
vem a ser revogada por outra, que prevê que o fato deixa de ser 
considerado crime. Por exemplo: Suponhamos que a Lei “A” preveja 
que é crime dirigir veículo automotor sob a influência de álcool. Vindo a 
Lei “B” a determinar que dirigir veículo automotor sob a influência de 
álcool não é crime, ocorreu o fenômeno da abolitio criminis. 
Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato crime, ela 
produzirá efeitos retroativos, alcançado os fatos praticados mesmo antes 
de sua vigência, em homenagem ao art. 5, XL da Constituição Federal 
e ao art. 2° do Código Penal. Vejamos: 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu; 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato 
que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória. 
 
É claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato 
como crime, ela está beneficiando aquele praticou o fato e que, 
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porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou até mesmo, 
cumprindo pena em decorrência da condenação pelo fato. 
Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei Penal, 
que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente à sua 
vigência. 
 
 
CUIDADO! Não confundam abolitio criminis 
com continuidade típico-normativa. Em 
alguns casos, embora a lei nova revogue um 
determinado artigo que previa um tipo penal, 
ela simultaneamente insere esse fato dentro de 
outro tipo penal. Por exemplo: A Lei 12.015/09 
revogou o art. 214 do CP, que previa o crime 
de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao 
mesmo tempo, ampliou a descrição do tipo 
penal do estupro para abranger também a 
prática de atos libidinosos diversos da 
conjunção carnal, que era a descrição do tipo 
penal de atentado violento ao pudor. Assim, o 
que a Lei 12.015/09 fez, não foi descriminalizar 
o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele 
novo contorno jurídico, passando agora o fato a 
ser enquadrado como crime de estupro, tendo, 
inclusive, previsto a mesma pena 
anteriormente cominada ao Atentado Violento 
ao Pudor. Assim, não houve abolitio criminis, 
pois o fato não deixou de ser crime, apenas 
passou a ser tratado em outro tipo penal. 
CUIDADO! 
 
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Também não há abolitio criminis quando a lei nova revoga uma 
lei especial que criminaliza um determinado fato, mas que mesmo 
assim, está enquadrado como crime numa norma geral. Explico: 
Imagine que a Lei “A” preveja o crime de roubo a empresa de 
transporte de valores, com pena de 4 a 12 anos. Posteriormente, entra 
em vigor a Lei “B”, que revoga expressa e totalmente a Lei “A”. Pode-se 
dizer que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser 
crime? Claro que não, pois a conduta, o fato, está previsto no art. 157 do 
Código Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei 
especial que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo 
a ser regido pelo tipo previsto no Código Penal. Pode-se dizer, no entanto, 
que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que é a superveniência 
de lei mais benéfica. 
 
D) Lex Mitior ou Novatio legis in mellius 
 
A Lex mitior, ou novatio legis in mellius ocorre quando uma lei 
posterior revoga a anterior trazendo uma situação mais benéfica ao réu. 
Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da Constituição, já transcrito, a 
lei nova retroage para alcançar os fatos ocorridos anteriormente à sua 
vigência. 
Essa previsão está contida também no art. 2°, § único do CPB: 
 
Parágrafo único - A lei posterior, que de 
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos 
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
 
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Vejam que o Código Penal estabelece que a aplicação da lei nova se 
dará ainda que o fato (crime) já tenha sido julgado por sentença 
transitada em julgado. Assim, se João foi condenado e está cumprindo 
pena por um crime que vem a ser considerado como fato atípico, extinta 
está a punibilidade de João, nos termos do art. 107, III do Código penal: 
 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
(...) 
III - pela retroatividade de lei que não mais 
considera o fato como criminoso; 
 
E) Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu 
 
Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais 
favoráveis e outros mais prejudiciais ao réu. Por exemplo: Suponhamos 
que Maria tenha praticado crime de furto, cuja pena é de 1 a 04 anos de 
reclusão, e multa. Posteriormente, sobrevém uma lei que estabelece que 
a pena passa a ser de 02 a 06 anos de detenção, sem multa. Percebam 
que a lei nova é mais benéficapois extinguiu a pena de multa, e 
estabeleceu o regime de detenção, mas é mais gravosa pois aumentou a 
pena mínima e a pena máxima. Nesse caso, como avaliar se a lei é mais 
benéfica ou mais gravosa? E mais, será que é possível combinar as duas 
leis para se achar a solução mais benéfica para o réu? Duas correntes se 
formaram: 
1° corrente: Não é possível combinar as leis penais para se extrair os 
pontos favoráveis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma 
terceira lei (Lex tertia), o que seria uma violação ao princípio da 
Separação dos Poderes, já que não cabe ao Judiciário legislar. Essa é a 
TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA ou GLOBAL. 
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2° corrente: É possível a combinação das duas leis, de forma a 
selecionar os institutos favoráveis de cada uma delas, sem que com isso 
se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz só estaria agindo dentro dos 
limites estabelecidos pelo próprio legislador. Essa é a TEORIA DA 
PONDERAÇÃO DIFERENCIADA. 
O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou 
entendimento no sentido de que deve ser adotada a TEORIA DA 
PONDERAÇÃO UNITÁRIA, devendo ser aplicada apenas uma das leis, 
em homenagem aos princípios da reserva legal e da separação dos 
Poderes do Estado. O STJ sempre adotou esta posição. 
Para saber qual das leis é mais benéfica, o STJ adotou o 
entendimento de que ninguém melhor que o próprio réu para 
saber qual lei lhe é mais benéfica (faz sentido, ). 
Quem deve aplicar a nova lei penal mais benéfica ou a nova lei penal 
abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento 
no sentido de que a lei será aplicada pelo Juízo que estiver 
analisando a causa, ou aplicando a execução. Nos termos da súmula 
611 do STF: 
SÚMULA Nº 611 
 
TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA 
CONDENATÓRIA, COMPETE AO JUÍZO DAS 
EXECUÇÕES A APLICAÇÃO DE LEI MAIS BENIGNA. 
 
 
ATENÇÃO: Cuidado para não caírem nessa: 
Lei durante o período de vacância (vacatio 
legis) não produz efeitos, logo, não 
retroage, ainda que mais benéfica ao réu! 
Assim, se Pedro está cumprindo o último ano 
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de sua pena por um determinado crime, e é 
publicada uma lei que prevê que este fato 
deixa de ser crime, mas cujo período de 
vacatio legis é de um ano, Pedro deverá 
cumprir integralmente sua pena, pois a lei 
nova só produzirá efeitos quando Pedro já 
tiver cumprido toda a pena. Resumindo: 
Pedro deu um azar danado!  
 
Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa? 
Nesse caso, a lei mais gravosa não se aplicará aos fatos regidos pela lei 
mais benéfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em prejuízo do 
réu. No momento em que a lei intermediária (a que revogou, mas foi 
revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de 
sua vigência. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral 
da irretroatividade da Lei. 
 
Lei A (gravosa) Lei B (Mais benéfica) Lei C (Mais gravosa) 
 EFEITOS DA LEI B EFEITOS DA LEI C 
 
|----|------|------------------------------------------------------| 
 Fato PRODUÇÃO DE VIGÊNCIA DA LEI B 
 
No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzirá efeitos 
mesmo após sua revogação pela Lei C. Percebam que após a revogação 
da Lei B, as duas estão produzindo efeitos, tanto a Lei B quanto a Lei C, 
embora só esta última esteja em vigor. A Lei B estará produzindo efeitos 
com relação aos fatos cometidos anteriormente à sua revogação, e a Lei 
C produzirá efeitos tão-somente em relação aos fatos cometidos após sua 
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entrada em vigor, não alcançando os fatos pretéritos. Nesse caso, há a 
ULTRA-ATIVIDADE DA LEI B. 
Excepcional é a situação das leis intermitentes, que se dividem em 
leis excepcionais e leis temporárias. As leis excepcionais são aquelas 
que são produzidas para vigorar durante determinada situação. Por 
exemplo, estado de sítio, estado de guerra, ou outra situação 
excepcional. Lei temporária é aquela que é editada para vigorar durante 
determinado período, certo, cuja revogação se dará automaticamente 
quando se atingir o termo final de vigência, independentemente de se 
tratar de uma situação normal ou excepcional do país. 
No caso destas leis, dado seu caráter transitório, a 
superveniência de lei que considere que o fato não é mais crime, é 
indiferente, ESSA LEI NÃO RETROAGE! Assim, aquele que cometeu o 
crime durante a vigência de uma destas leis responderá pelo fato, nos 
moldes em que previsto na lei, mesmo diante de superveniência de lei 
benéfica ou abolitiva. 
Isso é uma questão de lógica, pois, se assim não o fosse, bastaria 
que o réu procrastinasse o processo até data prevista para a revogação 
da lei a fim de que fosse decretada a extinção de sua punibilidade. Isso 
está previsto no art. 3° do Código Penal: 
 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, 
embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, 
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
2. Tempo do crime 
 
Três teorias buscam explicar quando se considera praticado o crime: 
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1) Teoria da atividade – O crime se considera praticado quando da 
ação ou omissão, não importando quando ocorre o resultado. É a 
teoria adotada pelo art. 4° do Código Penal, vejamos: 
 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no 
momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. 
 
2) Teoria do resultado – Para esta teoria, considera-se praticado o 
crime quando da ocorrência do resultado, independentemente de 
quando fora praticada a ação ou omissão; 
3) Teoria da ubiquidade ou mista – Para esta teoria, considera-se 
praticado o crime tanto no momento da ação ou omissão quanto 
no momento do resultado. 
 
Como vimos, nosso Código adotou a teoria da atividade como a 
aplicável ao tempo do crime. Isto representa sérios reflexos na aplicação 
da lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como vimos, é a 
data da conduta. 
Imaginem que Renato, adolescente com 17 anos, 11 meses 10 dias 
dispara arma de fogo contra Paulo, com intenção de matar, ferindo-lhe. 
Paulo é encaminhando para o Hospital e permanece internado no CTI por 
60 dias, quando vem a falecer. Nesse caso, Renato não responderá por 
crime de homicídio doloso, pois quando da realização da conduta Renato 
era menor de idade, aplicando-se-lhe o ECA, ainda que a morte de Paulo 
tenha ocorrido já quando Renato possuía mais de 18 anos. 
Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da 
permanência delitiva, ainda que mais gravosa que a do início. O mesmo 
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ocorre nos crimes continuados, hipótese em que se aplica a lei vigente 
à época do último ato (crime) praticado. Essa tese está consagrada pelo 
STF, através do enunciado n° 711 da súmula de sua Jurisprudência: 
 
SÚMULA Nº 711 
 
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME 
CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A 
SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA 
CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. 
 
Agora que já compreendemos o princípio constitucional da legalidade 
(com seus subprincípios da reserva legal e da anterioridade), inclusive 
com a aplicação prática no caso de conflito de leis penais, passemos ao 
próximo princípio constitucional do Direito Penal. 
 
II – PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
 
A Constituição Federal estabelece, em seu art. 5°, XLVI: 
 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena 
e adotará, entre outras, as seguintes: 
 
A individualização da pena é feita em três fases distintas: 
Legislativa, judicial e administrativa. 
Na esfera legislativa, a individualização da pena se dá através da 
cominação de punições proporcionais à gravidade dos crimes, e com o 
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estabelecimento de penas mínimas e máximas, a serem aplicadas pelo 
Judiciário, considerando as circunstâncias do fato e as características do 
criminoso. 
Na fase judicial, a individualização da pena é feita com base na 
análise, pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos antecedentes 
do réu, etc. Nessa fase, a individualização da pena sai do plano 
meramente abstrato e vai para o plano concreto, devendo o Juiz fixar a 
pena de acordo com as peculiaridades do caso (Tipo de pena a ser 
aplicada, quantificação da pena, forma de cumprimento, etc), tudo para 
que ela seja a mais apropriada para cada réu, de forma a cumprir seu 
papel ressocializador-educativo e punitivo. 
Na terceira e última fase, a individualização é feita na execução da 
pena, a parte administrativa. Assim, questões como progressão de 
regime, concessão de saídas eventuais do local de cumprimento da pena 
e outras, serão decididas pelo Juiz da execução penal também de forma 
individual, de acordo com as peculiaridades de cada detento. 
Por esta razão, em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do 
artigo da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.078/90) que previa a 
impossibilidade de progressão de regime nesses casos, nos quais o réu 
deveria cumprir a pena em regime integralmente fechado. O STF 
entendeu que a terceira fase de individualização da pena havia sido 
suprimida, violando o princípio constitucional. 
Outra indicação clara de individualização da pena na fase de 
execução está no artigo 5°, XLVIII da Constituição, que estabelece o 
cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com as 
características do preso. Vejamos: 
 
XLVIII - a pena será cumprida em 
estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
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III – PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA (OU 
PRINCÍPIO DA PERSONIFICAÇÃO DA PENA, OU PRINCÍPIO DA 
RESPONSABILIDADE PESSOAL DA PENA) 
 
 
Este princípio constitucional do Direito Penal está previsto no art. 5°, 
XLV da Constituição Federal: 
 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, 
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido; (grifo nosso) 
 
Esse princípio impede que a pena ultrapasse a pessoa do infrator. 
Por exemplo: Se Paulo comete um crime, e morre em seguida, está 
extinta a punibilidade, ou seja, o Estado não pode mais punir em razão do 
crime praticado, pois a morte do infrator é uma das causas de extinção do 
poder punitivo do Estado. 
Entretanto, como vocês podem extrair da própria redação do 
dispositivo constitucional, isso não impede que os sucessores do 
condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados 
pelo fato. Explico: 
Imaginem a seguinte situação: Roberto mata Maurício, 
cometendo o crime previsto no art. 121 do Código Penal (Homicídio). 
Roberto é condenado a 15 anos de prisão, e na esfera cível é condenado 
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ao pagamento de R$ 100.000,00 (Cem mil reais) a título de 
indenização ao filho de Maurício. Durante a execução da pena 
criminal, Roberto vem a falecer. Embora a pena privativa de liberdade 
esteja extinta, pela morte do infrator, a obrigação de reparar o dano 
poderá ser repassada aos herdeiros, até o limite do patrimônio deixado 
pelo infrator falecido. 
Assim, se Roberto deixou um patrimônio de R$ 500.000,00 
(Quinhentos mil reais), desse valor, que já pertence aos herdeiros (pelo 
princípio da saisine, do Direito das Sucessões), poderá ser debitado os R$ 
100.000,00 (cem mil reais) que Roberto foi condenado a pagar ao filho de 
Maurício. Se, porém, o patrimônio deixado por Roberto é de apenas R$ 
30.000,00 (Trinta mil reais), esse é o limite ao qual os herdeiros estão 
obrigados. 
Desta forma, tecnicamente falando, os herdeiros não são 
responsabilizados pelo crime de Roberto, pois não respondem com 
seu próprio patrimônio, apenas com o patrimônio eventualmente deixado 
pelo de cujus. 
 
IV – VEDAÇÃO ÀS PENAS DE MORTE, PERPÉTUAS, CRUÉIS, DE 
BANIMENTO OU DE TRABALHOS FORÇADOS (OU PRINCÍPIO DA 
LIMITAÇÃO DAS PENAS) 
 
 
A Constituição Federal estabelece em seu art. 5°, XLVII, que: 
 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra 
declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
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c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
Podemos perceber, caros concurseiros, que determinados tipos de 
pena são terminantemente proibidos pela Constituição Federal. 
No caso da pena de morte, a Constituição estabelece uma única 
exceção: No caso de guerra declarada, é possível a aplicação de pena de 
morte por crimes cometidos em razão da guerra! Isso não quer dizer que 
basta que o país esteja em guerra para que se viabilize a aplicação da 
pena de morte em qualquer caso. Não pode o legislador, por exemplo, 
editar uma lei estabelecendo que os furtos cometidos durante estado de 
guerra serão punidos com pena de morte, pois isso não guarda qualquer 
razoabilidade. Esta ressalva é direcionada precipuamente aos crimes 
militares. 
A vedação à pena de trabalhos forçados impede, por exemplo, que o 
preso seja obrigado a trabalhar sem remuneração. Assim, ao preso que 
trabalha no estabelecimento prisional é garantida remuneração mensal e 
abatimento no tempo decumprimento da pena. 
A prisão perpétua também é inadmissível no Direito brasileiro. 
Em razão disso, uma lei que preveja a pena mínima para um crime em 60 
anos, por exemplo, estaria violando o princípio da vedação à prisão 
perpétua, por se tratar de uma burla ao princípio, já que a idade mínima 
para aplicação da pena é 18 anos. Logo, se o preso tiver que ficar, no 
mínimo, 60 anos preso, ele ficará até os 78 anos preso, o que significa, 
na prática, prisão perpétua. 
 
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Cuidado! Esta vedação é cláusula 
pétrea! Trata-se de direitos fundamentais 
do cidadão, que não podem ser restringidos 
ou abolidos por emenda constitucional. 
Desta forma, apenas com o advento de 
uma nova Constituição seria possível 
falarmos em aplicação destas penas no 
Brasil. 
 
Os princípios do Contraditório, da presunção de inocência, do 
Juiz Natural NÃO SÃO PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL, MAS DO 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
Entretanto, em razão da possibilidade de a Banca entender que 
o princípio da Presunção de Inocência é um Princípio do Direito 
Penal, achei por bem comentá-lo na nossa aula . 
 
V – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU PRESUNÇÃO DE NÃO-
CULPABILIDADE 
 
A Presunção de inocência é o maior pilar de um Estado Democrático 
de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser 
considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito 
em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII 
da CRFB/88: 
 
LVII - ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
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O que é trânsito em julgado de sentença penal condenatória? 
É a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, 
condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. 
Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória 
irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, 
não pode sofrer as consequências da condenação. 
Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe 
ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o 
começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. 
Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dúbio pro reo ou favor 
rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentença), havendo 
dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em 
favor deste, pois sua culpa não foi cabalmente comprovada. 
Resumindo, para vocês gravarem: O Processo Penal é um jogo no 
qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de 
comprovarem suas teses. Só que o empate dá o título ao acusado!  
CUIDADO: Existem hipóteses em que o Juiz não decidirá de acordo 
com princípio do in dubio pro reo, mas pelo princípio do in dubio pro 
societate. Por exemplo, nas decisões de recebimento de denúncia ou 
queixa e na decisão de pronúncia, no processo de competência do Júri, o 
Juiz decide contrariamente ao réu (recebe a denúncia ou queixa no 
primeiro caso, e pronuncia o réu no segundo) com base apenas em 
indícios de autoria e prova da materialidade. Ou seja, nesses casos, 
mesmo o Juiz tendo dúvidas quanto à culpabilidade do réu, deverá decidir 
contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas decisões não 
há consequências para o réu, permitindo-se, apenas, que seja iniciado o 
processo ou a fase processual, na qual serão produzidas as provas 
necessárias à elucidação dos fatos. 
Desta maneira, sendo este um princípio de ordem 
Constitucional, deve a legislação infraconstitucional 
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(especialmente o CP e o CPP) respeitá-lo, sob pena de violação à 
Constituição. Portanto, uma lei que dissesse, por exemplo, que o 
cumprimento de pena se daria a partir da sentença em primeira instância 
seria inconstitucional, pois a Constituição afirma que o acusado ainda não 
é considerado culpado nessa hipótese. 
 
 
CUIDADO, GALERA! A existência de 
prisões provisórias (prisões decretadas 
no curso do processo) não ofende a 
presunção de inocência, pois nesse caso 
não se trata de uma prisão como 
cumprimento de pena, mas sim de uma 
prisão cautelar, ou seja, para garantir que o 
processo penal seja devidamente instruído ou 
eventual sentença condenatória seja 
cumprida. Por exemplo: Se o réu está dando 
sinais de que vai fugir (tirou passaporte 
recentemente), e o Juiz decreta sua prisão 
preventiva, o faz não por considerá-lo 
culpado, mas para garantir que, caso seja 
condenado, cumpra a pena. Vocês verão mais 
sobre isso na aula sobre Prisão e Liberdade 
Provisória!  
 
Vou transcrever para vocês agora alguns pontos que são polêmicos e 
a respectiva posição dos Tribunais Superiores, pois a organizadora 
ADORA PERGUNTAR A POSIÇÃO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES: 
 
 Processos criminais em curso e inquéritos policiais em 
face do acusado podem ser considerados maus 
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antecedentes? Segundo o STJ não, pois em nenhum deles o 
acusado foi condenado de maneira irrecorrível, logo, não pode 
ser considerado culpado nem sofrer qualquer conseqüência em 
relação a eles; 
 Regressão de regime de cumprimento da pena – O STJ e 
o STF entendem que NÃO HÁ NECESSIDADE DE 
CONDENAÇÃO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que 
o preso sofra a regressão do regime de cumprimento de pena 
mais brando para o mais severo (do semi-aberto para o 
fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha 
cometido crime doloso ou falta grave para que haja a 
regressão, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de 
Execuções Penais), não havendo necessidade, sequer, de que 
tenha havido condenação criminal ou administrativa. A 
Jurisprudência entende que esse artigo da LEP não ofende a 
Constituição; 
 Revogação do benefício da suspensão condicional do 
processo em razão do cometimento de crime – Prevê a Lei 
9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial 
ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por 
determinado, devendo o réu cumprir algumas obrigações 
durante este prazo (dentre elas, não cometer novo crime), 
findo o qual estará extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF 
e o STJ entendem que, descoberta a prática de crime pelo 
acusado beneficiado com a suspensão do processo, este 
benefício deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das 
condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da 
sentença condenatória do crime novo. 
 
 
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VI – OUTROS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
Princípio da alteridade (ou lesividade)Este princípio preconiza 
que o fato, para ser MATERIALMENTE crime, ou seja, para que ele 
possa ser considerado crime em sua essência, ele deve causar lesão a um 
bem jurídico de terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL 
NÃO PUNE A AUTOLESÃO. Assim, aquele que destrói o próprio 
patrimônio não pratica crime de dano, aquele que se lesiona fisicamente 
não pratica o crime de lesões corporais, etc. 
Princípio da Adequação social Prega que uma conduta, ainda 
quando tipificada em Lei como crime, quando não afrontar o sentimento 
social de Justiça, não seria crime, em sentido material, por possuir 
adequação social (aceitação pela sociedade). É o que acontece, por 
exemplo, com o crime de adultério, que foi recentemente revogado. 
Atualmente a sociedade não entende mais o adultério como um fato 
criminoso, mas algo que deva ser resolvido entre os particulares 
envolvidos. 
Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal Estabelece 
que nem todos os fatos considerados ilícitos pelo Direito devam ser 
considerados CRIMES, mas somente aqueles que atentem contra bens 
jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES. 
Princípio do ne bis in idem Por este princípio entende-se que 
uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Além 
disso, estabelece que uma pessoa não possa, sequer, ser processada 
duas vezes pelo mesmo fato. 
Princípio da proporcionalidade Este princípio determina que as 
penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à gravidade do fato. 
Mais que isso: Estabelece que as penas devem ser COMINADAS 
(previstas) de forma a dar ao infrator uma sanção proporcional ao fato 
abstratamente previsto. Assim, se o CP previsse que o crime de homicídio 
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teria como pena máxima dois anos de reclusão, e que o crime de furto 
teria como pena máxima quatro anos de reclusão, estaria, claramente, 
violado o princípio da proporcionalidade. 
Princípio da insignificância (ou da bagatela) As condutas que 
ofendam minimamente os bens jurídico-penais tutelados não podem ser 
consideradas crimes, pois não são capazes de lesionar de maneira eficaz 
o sentimento social de paz. Imagine um furto de um pote de manteiga, 
dentro de um supermercado. Nesse caso, a lesão é insignificante, 
devendo a questão ser resolvida no âmbito civil (dever de pagar pelo 
produto furtado). Agora imagine o furto de um sanduíche que era de 
propriedade de um morador de rua, seu único alimento. Nesse caso, a 
lesão é grave, embora o bem seja do mesmo valor que anterior. Tudo 
deve ser avaliado no caso concreto. Para o STF, os requisitos 
OBJETIVOS para a aplicação deste princípio são: 
 Mínima ofensividade da conduta; 
 Ausência de periculosidade social da ação; 
 Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
 Inexpressividade da lesão jurídica. 
 
O STJ, no entanto, entende que, além destes, existem ainda 
requisitos de ordem subjetiva: 
 Importância do objeto material do crime para a vítima, de 
forma a verificar se, no caso concreto, houve ou não, de fato, 
lesão; 
 
Na verdade, esse requisito não passa de uma análise mais 
aprofundada do último dos requisitos objetivos estabelecidos pelo STF. 
Sendo aplicado este princípio, não há tipicidade, eis que ausente um 
dos elementos da tipicidade, que é a TIPICIDADE MATERIAL, 
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consistente no real potencial de que a conduta produza alguma lesão ao 
bem jurídico tutelado. Resta, portanto, somente a tipicidade formal 
(subsunção entre a conduta e a previsão contida na lei), o que é 
insuficiente. 
Este princípio possui aplicação a todo e qualquer delito, e não 
somente aos de índole patrimonial, embora o STJ entenda não se 
aplicar aos crimes contra a administração pública, por se resguardar 
não só o patrimônio, mas a moralidade administrativa. O STF, no 
entanto, não rechaça absolutamente a hipótese, admitindo a 
aplicação deste princípio ainda quando se trate de crimes contra a 
administração pública, desde que presentes os requisitos citados. 
Vejamos o seguinte julgado: 
 
Habeas Corpus. 2. Subtração de objetos da Administração Pública, 
avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta reais). 3. 
Aplicação do princípio da insignificância, considerados crime 
contra o patrimônio público. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem 
concedida. 
 
(HC 107370, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, 
julgado em 26/04/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-119 
DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011) 
 
Os Tribunais superiores não aceitam a aplicação deste princípio, 
ainda, no que se refere aos crimes praticados com violência ou grave 
ameaça à pessoa. 
Podemos resumir o entendimento Jurisprudencial no seguinte 
quadro: 
 
 
 
Mínima ofensividade 
da conduta 
OBS: É aplicável aos 
crimes praticados 
contra a administração 
pública, desde que 
Ausência de 
periculosidade social 
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PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA 
(Requisitos) 
da ação presentes os requisitos 
citados (STF). 
OBS²: O STJ entende 
que não se aplica aos 
crimes contra a 
administração pública. 
Reduzido grau de 
reprovabilidade da 
conduta 
Inexpressividade da 
lesão jurídica 
Importância do 
objeto material para 
a vítima* 
SOMENTE PARA O 
STJ 
 
 
Princípio da Intervenção Mínima Tem como principais 
destinatários o legislador e, subsidiariamente, o operador do Direito. O 
primeiro é instado a não criminalizar condutas que possam ser resolvidas 
pelos demais ramos do Direito (Menos drásticos). O operador do Direito, 
por sua vez, é incumbido da tarefa de, no caso concreto, deixar de 
realizar o juízo de tipicidade material. Resumindo: O Direito Penal é a 
última opção para um problema (Ultima ratio). Deste princípio derivam 
outros, como o da fragmentariedade (O Direito Penal só tutela os 
valores mais importantes da sociedade) e o da subsidiariedade (Direito 
Penal só atua quando todos os demais ramos do Direito se mostraram 
incapazes de solucionar o problema). 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DAS QUESTÕES DA AULA 
 
 
 
 
 
01 - (FCC - AUDITOR-FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – 
PREFEITURA DE SÃO PAULO – 2007) 
 
A regra que veda a interpretação extensiva das normas penais 
incriminadoras decorre do princípio constitucional da 
(A) culpabilidade. 
(B) igualdade. 
(C) legalidade. 
(D) subsidiariedade. 
(E) proporcionalidade. 
02 - (FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE DILIGÊNCIAS) 
Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar que 
a) é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato praticado pelo 
agente for definido como crime no tipo penal. 
b) o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autor do delito acima do 
máximo previsto emlei, aplicando os costumes vigentes na localidade em 
que ocorreu. 
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c) é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não previsto 
em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por ela definido. 
d) fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito primário 
da norma incriminadora se a descrição do fato delituoso na norma penal 
for vaga e indeterminada. 
e) o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato não 
descrito como crime na lei penal, se esse fato for imoral, antissocial ou 
danoso à sociedade. 
03 - (FCC – 2009 – MPE-SE – TÉCNICO DO MP – ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
O art. 5º, LVII, da Constituição Federal dispõe que "ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória". Nesse dispositivo constitucional está consagrado o 
princípio 
a) da anterioridade da lei penal. 
b) da presunção de inocência. 
c) da legalidade. 
d) do contraditório. 
e) do juiz natural. 
04 - (FCC – 2007 – MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) 
Em matéria penal, a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
a) desde que o representante do Ministério Público não tenha apresentado 
a denúncia. 
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b) desde que a autoridade policial ainda não tenha instaurado inquérito 
policial a respeito. 
c) ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
d) desde que ainda não tenha sido recebida a denúncia apresentada pelo 
Ministério Público. 
e) desde que a sentença condenatória ainda não tenha transitado em 
julgado. 
05 - (FCC – 2007 – MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO) 
Dispõe o artigo 1º do Código Penal: "Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia cominação legal". Tal dispositivo legal 
consagra o princípio da 
a) ampla defesa. 
b) legalidade. 
c) presunção de inocência. 
d) dignidade. 
e) isonomia. 
06 - (FCC – 2008 – TCE-SP – AUDITOR DO TRIBUNAL DE CONTAS) 
O princípio constitucional da legalidade em matéria penal encontra efetiva 
realização na exigência, para a configuração do crime, de 
a) culpabilidade. 
b) tipicidade. 
c) punibilidade. 
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d) ilicitude. 
e) imputabilidade. 
 
07 - (FGV-2008-SENADO-ADVOGADO DO SENADO) 
Relativamente ao princípio da presunção de inocência, analise as 
afirmativas a seguir: 
I. O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal deve 
ser tratado como inocente, salvo quando preso em flagrante por crime 
hediondo, caso em que será vedada a concessão de liberdade 
provisória. 
II. Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da 
autoridade, e a nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, 
sem prejuízo da responsabilidade civil do estado. 
III. Milita em favor do indivíduo o benefício da dúvida no momento da 
prolação da sentença criminal: in dubio pro réu. 
IV. A presunção de inocência é incompatível com as prisões cautelares 
antes de transitada em julgado a sentença penal condenatória. 
Assinale: 
(A) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(B) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 
(C) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas. 
(D) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas. 
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
 
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08 - (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA)A00 
Relativamente aos princípios de direito penal, assinale a afirmativa 
incorreta. 
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina. 
(B) Não há pena sem prévia cominação legal. 
(C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da anterioridade da 
lei penal. 
(D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de 
considerar crime. 
(E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-se aos 
casos anteriores. 
 
09 - (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA)A00 
Em matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto 
afirmar que: 
(A) a lei penal não retroagirá mesmo que seja para beneficiar o réu. 
(B) a prática de racismo não é considerada crime, salvo se a vítima for 
detentor de função pública. 
(C) os presos têm assegurado o respeito à sua integridade física, mas não 
à integridade moral. 
(D) a Constituição não autoriza a criação de penas de trabalhos forçados. 
(E) as penas privativas de liberdade poderão ser impostas aos sucessores 
do condenado. 
 
10 - (FGV-2008-INSPETOR-INSPETOR DE POLICIA)A00 
Assinale a alternativa correta. 
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(A) Expirado o prazo de validade da lei temporária, não se poderá impor 
prisão em flagrante àqueles que pratiquem o crime após a expiração, mas 
ainda será possível a instauração de processo criminal. 
(B) Todos aqueles que praticaram o crime durante a vigência da lei 
temporária poderão ser processados, mesmo depois de expirado seu 
prazo de vigência. 
(C) Cessada a vigência da lei temporária, consideram-se prescritos os 
crimes praticados durante sua vigência. 
(D) O princípio da ultra atividade da lei penal permite que todos aqueles 
que pratiquem o crime no intervalo de três anos a partir do fim do prazo 
de vigência da lei temporária sejam processados criminalmente. 
(E) Terminado o prazo de vigência da lei temporária, ocorrerá a abolitio 
criminis, libertando-se os que estiverem presos em razão da prática do 
crime previsto nessa lei. 
 
11 - (FGV-2008-TCM-PROCURADOR) 
A respeito do tema da retroatividade da lei penal, assinale a afirmativa 
correta. 
(A) A lei penal posterior que de qualquer forma favorecer o agente não se 
aplica aos fatos praticados durante a vigência de uma lei temporária. 
(B) A lei penal posterior que de qualquer forma favorecer o agente aplica-
se aos fatos anteriores, com exceção daqueles que já tiverem sido objeto 
de sentença condenatória transitada em julgado. 
(C) A lei penal mais gravosa pode retroagir, aplicando-se a fatos 
praticados anteriormente à sua vigência, desde que trate de crimes 
hediondos, tortura ou tráfico de drogas, como expressamente ressalvado 
na Constituição. 
(D) Quando um fato é praticado na vigência de uma determinada lei e 
ocorre uma mudança que gera uma situação mais gravosa para o agente, 
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ocorrerá a ultratividade da lei penal mais favorável, salvo se houver a 
edição de uma outra lei ainda mais gravosa, situação em que prevalecerá 
a lei intermediária. 
(E) A lei penal posterior que de qualquer forma prejudicar o agente não 
se aplica aos fatos praticados anteriormente, salvo se houver previsão 
expressa na própria lei nova. 
 
12 - (DELEGADO DE POLÍCIA – POLÍCIA CIVIL/PA – 2006 – 
CESPE) 
_________ 
Julgue os itens seguintes, com relação aos princípios constitucionais de 
direito penal. 
 
I - A decisão acerca da regressão de regime deve ser calcada em 
procedimento no qual sejam obedecidos os princípios do contraditório e 
da ampla defesa, sendo, sempre que possível, indispensável a inquirição, 
em juízo, do sentenciado. 
 
II - A vigente Constituição da República, obediente à tradição 
constitucional, reservou exclusivamente à lei anterior a definição dos 
crimes, das penas correspondentes e a conseqüente disciplina de sua 
individualização. 
 
III - O princípio da presunção de inocência proíbe a aplicação de penas 
cruéis que agridam a dignidade da pessoa humana. 
 
IV - Em virtude do princípio da irretroatividade in pejus, somente o 
condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo 
Estado. 
 
A quantidade de itens certos é igual a 
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A) 1. 
B) 2. 
C) 3. 
D) 4. 
 
13 - (DELEGADO DE POLÍCIA – SECAD/TO – 2008 – CESPE) 
Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o direito penal, da 
aplicação da lei penal e do concurso de pessoas, julgue os itens de 108 a 
112. 
 
Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. 
Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da intranscendência. 
 
14 - (DELEGADO DE POLÍCIA – SECAD/TO – 2008 – CESPE) 
Considere que um indivíduo seja preso pela prática de determinado crime 
e, já na fase da execução penal, uma nova lei torne mais branda a pena 
para aquele delito. Nessa situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta 
na legislação anterior, em face do princípio da irretroatividade da lei 
penal. 
 
 
 
 
 
01 - (FCC - Auditor-Fiscal Tributário Municipal – Prefeitura de São 
Paulo – 2007) 
VII – QUESTÕES COMENTADAS 
 
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A regra que veda a interpretação extensiva das normas penais 
incriminadoras decorre do princípio constitucional da 
 
(A) culpabilidade. 
ERRADA: O princípio da culpabilidade estabelece que para que uma 
pessoa seja condenada pela prática de um crime, deve ter agido com 
culpa (dolo ou culpa em sentido estrito). Entretanto, não se trata de um 
princípio constitucional do Direito Penal. 
 
(B) igualdade. 
ERRADA: O Princípio da igualdade está previsto no art. 5°, caput, da 
Constituição, mas não é um princípio do Direito Penal, nem guarda 
relação com a vedação à interpretação extensiva das normas penais 
incriminadoras. 
 
(C) legalidade. 
CORRETA: Como estudamos, a vedação à interpretação extensiva das 
normas penais incriminadoras decorre do postulado da Reserva Legal, que 
é sub-princípio do Princípio da Legalidade, pois contraria a idéia de 
certeza e clareza da lei penal incriminadora. A afirmativa está correta! 
 
(D) subsidiariedade. 
ERRADA: O Princípio da subsidiariedade determina que o Direito Penal 
atue somente em caso de insuficiência dos outros ramos do Direito. 
Assim, se o problema puder ser resolvido através do Direito 
Administrativo, do Direito Civil, etc., não será cabível a aplicação do 
Direito Penal. Também não se trata de um Princípio Constitucional do 
Direito Penal. 
 
(E) proporcionalidade. 
ERRADA: O princípio da proporcionalidade não é um princípio próprio do 
Direito Penal, embora esteja implícito na Constituição. Não guarda relação 
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com a vedação à interpretação extensiva das normas incriminadoras. 
Determina que as medidas tomadas pelo Poder Público (seja na edição de 
leis, edição de atos administrativos) seja pautada pela proporcionalidade, 
que significa, grosso modo, correlação entre os fins pretendidos e os 
meios utilizados, bem como necessidade da medida. 
02 - (FCC – 2008 – MPE-RS – SECRETÁRIO DE DILIGÊNCIAS) 
Tendo em conta o Princípio da Reserva Legal, é correto afirmar 
que 
a) é lícita a aplicação de pena não prevista em lei se o fato 
praticado pelo agente for definido como crime no tipo penal. 
ERRADA: O tipo penal deve derivar de uma Lei em sentido estrito. Se o 
tipo penal derivar de Medida Provisória, Decreto, etc., haverá violação ao 
princípio da reserva legal. 
b) o juiz pode fixar a pena a ser aplicada ao autor do delito acima 
do máximo previsto em lei, aplicando os costumes vigentes na 
localidade em que ocorreu. 
ERRADA: Assim como não há crime sem lei anterior que o defina 
(princípio da anterioridade), também não há pena sem prévia disposição 
legal (também princípio da anterioridade), previstos no art. 1° do CP e no 
art. 5°, XXXIX da Constituição Federal. Desta forma, a aplicação de pena 
não prevista em lei, com base apenas nos costumes, além de ilegal é 
inconstitucional. 
c) é vedado o uso da analogia para punir o autor de um fato não 
previsto em lei como crime, mesmo sendo semelhante a outro por 
ela definido. 
CORRETA: No Direito Penal não se admite a analogia in malam partem, 
ou seja, a aplicação de uma norma penal incriminadora a um fato 
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parecido com o descrito nela, mas que não possui previsão legal como 
crime. Veremos mais sobre isso na aula de aplicação da lei penal. 
d) fica ao arbítrio do juiz determinar a abrangência do preceito 
primário da norma incriminadora se a descrição do fato delituoso 
na norma penal for vaga e indeterminada. 
ERRADA: a abrangência do preceito primário na norma penal 
incriminadora (a conduta a ser praticada pelo agente) deve ser clara e 
precisa, não comportando discricionariedade do Juiz, sob pena de violação 
ao princípio da reserva legal, que é subdivisão do princípio da legalidade, 
conforme estudamos. 
e) o juiz tem o poder de impor sanção penal ao autor de um fato 
não descrito como crime na lei penal, se esse fato for imoral, anti-
social ou danoso à sociedade. 
ERRADA: Esta chega a ser bizarra. Trata-se de alternativa que elenca 
hipótese clara e flagrante de violação ao festejado princípio da reserva 
legal. 
03 - (FCC – 2009 – MPE-SE – TÉCNICO DO MP – ÁREA 
ADMINISTRATIVA)

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