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20 - ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

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DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
1. CONCEITO
O princípio que veda o enriquecimento sem causa, fundado na equidade, já era conhecido e aplicado no direito romano. 
As ações destinadas a evitar o locupletamento de coisa alheia, sem causa jurídica, recebiam o nome genérico de “condictiones”. 
Podem ser citadas, entre as principais ações, 
a “condictio indebiti”, utilizada nos casos de pagamento por erro; 
a “condictio causa data non secuta”, para a repetição de coisa dada por causa futura que não se verifica, como a restituição do dote quando o casamento não se realiza;
as 	“condictiones sine causa”, previstas para as hipóteses de pagamento efetuado sem causa e que se dividiam em várias espécies.
Modernamente, várias são as ações que têm esse objetivo:
a de repetição de indébito (em caso de pagamento indevido), 
a de locupletamento ilícito (na cobrança de cheque prescrito, representativo de um empréstimo não pago)
 a de indenização etc. 
Tais ações constituem espécies do gênero das ações de “in rem verso”. 
2. A DISCIPLINA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
O Código Civil de 2002 dedicou um capítulo específico ao enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886), no título concernente aos “Atos Unilaterais”. 
Dispõe o art. 884 do aludido diploma:
“Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido”.
A propósito desse instituto, salienta Caio Mário que “toda aquisição patrimonial deve decorrer de uma causa, ainda que seja ela apenas um ato de apropriação por parte do agente, ou de um ato de liberalidade de uma parte em favor de outra. Ninguém enriquece do nada. 
O sistema jurídico não admite que alguém obtenha um proveito econômico às custas de outrem, sem que esse proveito decorra de uma causa juridicamente reconhecida. 
A causa para todo e qualquer enriquecimento não só deve existir originariamente, como também deve subsistir, já que o desaparecimento superveniente da causa do enriquecimento de uma pessoa, às custas de outra, também repugna ao sistema (CC, art. 885).
A determinação para que a restituição do indevidamente recebido seja feita com “a atualização dos valores monetários” se deve ao fato de a jurisprudência vir-se manifestando, há longo tempo, no sentido de que a correção monetária constitui mera recomposição do valor da moeda corroído pela inflação, devendo ser computada desde o momento em que foi feito o desembolso, para se evitar o enriquecimento sem causa do devedor, sendo irrelevante a demora havida na propositura da demanda.
3. REQUISITOS DA AÇÃO DE “IN REM VERSO”
São pressupostos da ação de “in rem verso”: 
a) enriquecimento do “accipiens” (do que recebe ou lucra); 
b) empobrecimento do “solvens” (do que paga ou sofre o prejuízo);
c) relação de causalidade entre os dois fatos; 
d) ausência de causa jurídica (contrato ou lei) que os justifique; 
e) inexistência de ação específica.
O enriquecimento compreende não só o aumento patrimonial, como também qualquer vantagem obtida pelo “accipiens”, como, por exemplo, a decorrente da omissão de uma despesa. 
►O empobrecimento do “solvens” pode consistir em diminuição de seu patrimônio, como ocorre no pagamento indevido, ou em não percepção de verba a que faz jus, como a contraprestação de serviços prestados ou a indenização prevista em lei.
►A relação de causalidade significa que enriquecimento e empobrecimento são resultantes de um mesmo fato. Assim, o enriquecimento do “accipiens” deve ter por causa o empobrecimento do “solvens”, e vice-versa.
Na I Jornada de Direito Civil promovida pelo Conselho da Justiça Federal, foi aprovado o Enunciado 35, de seguinte teor: “A expressão ‘se enriquecer à custa de outrem’ do art. 884 do novo Código Civil não significa, necessariamente, que deverá haver empobrecimento”.
A ausência de causa jurídica é o requisito mais importante, o que realmente configura o enriquecimento sem causa. 
É muito comum, em um negócio, um dos contratantes lucrar e o outro perder. Mas não se pode falar em enriquecimento sem causa, porque houve um contrato entre ambos, uma causa jurídica para o lucro obtido. 
Configura-se o enriquecimento sem causa somente quando inexiste contrato, ou dispositivo de lei, a justificar o aludido proveito, como ocorre no pagamento indevido. 
Se “A” deve a “B”, mas por engano paga a “C”, este experimentará um enriquecimento sem causa, porque não era parte no contrato. Fica, por isso, obrigado a restituir o que indevidamente recebeu (CC, art. 884).
Prescreve o art. 885 do Código Civil que:
 “a restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir”. 
Só cabe ação de “in rem verso” quando inexiste ação específica. Tem ela, pois, caráter subsidiário ou residual. 
Dispõe, com efeito, o art. 886 do novo Código Civil que:
 “não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido”. 
►Se deixou prescrever a pretensão específica, também não poderá socorrer-se desta última. Caso contrário, as demais ações seriam absorvidas por ela.
PRESCRIÇÃO: O Código Civil é expresso em limitar o exercício da ação de enriquecimento sem causa a três anos (art. 206, § 3º, IV). 
Não tendo, todavia, a nova lei se referido expressamente ao pagamento indevido, entende-se que o prazo extintivo para a ação dele derivada seja o geral, de 10 anos (art. 205).
O STJ já firmou posição a esse respeito. Com efeito, proclamou a Segunda Turma que 
“A restituição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional de 10 (dez) anos previsto no artigo 205 do Código Civil. Precedente da Primeira Seção”.

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