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Apostila completa Direito Previdenciário

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1 
 
A seguridade social 
Evolução histórica da seguridade social 
A evolução socioeconômica faz com que as desigualdades se acentuem entre os membros da 
mesma comunidade e da comunidade internacional. A pobreza não é um problema apenas 
individual, mas, sim, social. 
A concentração da maior parte da renda nas mãos de poucos leva à miséria da maioria, que ressente 
da falta dos bens necessários para sobreviver com dignidade. 
No entanto, o homem sempre se preocupou em garantir seu sustento e o de sua família em 
situações de carência econômica, enfermidades, diminuição da capacidade de trabalho, redução ou 
perda de renda. 
Dessas situações o homem não consegue sair apenas com o seu esforço individual, necessitando do 
amparo do Estado para prevenir e remediar suas necessidades. 
Todos esses fatores levaram à busca de instrumentos de proteção contra as necessidades sociais, 
com reflexos na ordem jurídica. 
Dividimos a evolução história da proteção social em três etapas: assistência pública, seguro social e 
seguridade social. 
 
A assistência pública 
A primeira etapa da proteção social foi a da assistência pública, fundada na caridade, no mais das 
vezes, conduzida pela Igreja e, mais tarde, por instituições públicas. 
O indivíduo em situação de necessidade – em casos de desemprego, doença e invalidez – socorria-
se da caridade dos demais membros da comunidade. 
Nessa fase, não havia direito subjetivo do necessitado à proteção social, mas mera expectativa de 
direito, uma vez que o auxílio da comunidade ficava condicionado à existência de recursos 
destinados à caridade. 
A desvinculação entre o auxílio ao necessitado e a caridade começou na Inglaterra, em 1601, 
quando Isabel I editou o Act of Relief od the Poor – Lei dos Pobres. A lei reconheceu que cabia ao 
Estado amparar os comprovadamente necessitados. 
Surgiu, assim, a assistência pública ou assistência social. 
Cabia à Igreja a administração de um fundo, formado com a arrecadação de uma taxa obrigatória. 
“(...) o Poder Público tornava cogente o binômio igualdade-solidariedade”. 
A preocupação com o bem-estar de seus membros levou algumas categorias profissionais a 
constituírem caixas de auxílio, com caráter mutualista, que davam direito a prestações em caso de 
doença ou morte. Havia uma semelhança com os seguros de vida, feita principalmente por 
armadores de navios. 
A assistência pública, no Brasil, foi prevista pela Constituição de 1824, cujo art. 179, § 31, garantia 
os socorros públicos. 
As desigualdades sociais marcantes, denunciadas pela Revolução Francesa, levaram à criação de 
outros mecanismos de proteção social contra os abusos e injustiças decorrentes do liberalismo. 
 
O seguro social 
Já não bastava a caridade para o socorro dos necessitados em razão de desemprego, doenças, 
orfandade, mutilações etc. Era necessário criar outros mecanismos de proteção, que não se 
baseassem na generosidade, e que não submetessem o indivíduo a comprovações vexatórias de suas 
necessidades. 
“Dito de outra forma: amadurece historicamente a ideia de que se deve ter um direito à proteção, 
que as prestações previstas são ‘juridicamente exigíveis’, direito que deriva da contraprestação 
prévia em forma de quotas pagas pelo beneficiário ou por um terceiro por conta daquele”. 
Surgiram as empresas seguradoras, com fins lucrativos e administração baseada em critérios 
econômicos, com saneamento financeiro. 
O seguro do Direito Civil forneceu as bases para a criação de um novo instrumento garantidor de 
proteção em situações de necessidade. 
A primeira forma de seguro surgiu no século XII: o seguro marítimo, reivindicação dos 
comerciantes italianos. Não eram, ainda, as bases técnicas e jurídicas do seguro contratual. 
 
2 
 
O desenvolvimento do instituto do seguro fez surgir novas formas: seguro de vida, seguros contra 
invalidez, danos, doenças, acidentes etc. 
O seguro decorria do contrato, e era de natureza facultativa, isto é, dependia da manifestação da 
vontade do interessado. 
Mas a proteção securitária era privilégio de uma minoria que podia pagar o prêmio, deixando fora 
da proteção a grande massa assalariada. 
Era necessário, então, criar um seguro de natureza obrigatória, que protegesse os economicamente 
mais frágeis, aos quais os Estado deveria prestar assistência. 
“Diante das exigências das condições objetivas e da já difundida sensibilidade antes as ‘injustiças’ 
sociais, cada vez mais presentes na vida moderna, as soluções da beneficência, da assistência 
pública, do socorro mútuo, do seguro voluntário, inclusive da vida, resultavam absolutamente 
inadequadas. Era necessário dar um novo passo adiante e este se deu com o reconhecimento de 
uma dupla necessidade: de um lado, tornar obrigatórias, para todos os que pertencia, a importantes 
categorias de trabalhadores, formas de seguro frente aos principais riscos a que se encontram 
sujeitos – questão que, necessariamente, devia ser de competência do Estado -; de outro lado, 
ajudar os trabalhadores a suportar o custo desses seguros –e, também aqui, o Estado devia adotar 
alguma medida, chamando a contribuir a categoria dos empregadores”. 
O final do século XIX marcou o surgimento de um novo tipo de seguro, cuja garantia de 
efetividade dependia da distribuição dos riscos por grupos numerosos de segurados. Para isso, era 
necessário que as entidades seguradoras assumissem a cobertura dos riscos, sem, contudo, 
selecioná-los. 
Nasceu o seguro social, na Prússia, em 1883, com a Lei do Seguro Doença, que criou o Seguro de 
Enfermidade, resultado da proposta de Bismarck para o programa social. A Lei do Seguro Doença 
é tida como o primeiro plano de Previdência Social que se tem notícia. 
A partir de Bismarck e, principalmente, da Segunda Guerra Mundial, ganhou força a ideia de que o 
seguro social deveria ser obrigatório e não mais restrito aos trabalhadores da indústria, ao mesmo 
tempo em que a cobertura foi estendida a riscos como doença, acidente, invalidez, velhice, 
desemprego, orfandade e viuvez. 
Ao se tornar obrigatório, o seguro social passou a conferir direito subjetivo ao trabalhador. 
O seguro social era organizado e administrado pelo Estado. O custeio era dos empregadores, dos 
empregados e do próprio Estado. 
Já não se cuidava da configuração civilista do seguro. O Estado liberal precisava de mecanismos 
que garantissem a redução das desigualdades sociais, e não apenas dos conflitos e prejuízos. 
O Estado liberal produzia cada vez mais e em maior quantidade. O seguro social atuava, então, 
como instrumento de redistribuição de renda, que permitia o consumo. 
A solidariedade ganhou contornos jurídicos, tornando-se o elemento fundamental do conceito de 
proteção social, que, cada vez mais, foi se afastando dos elementos conceituais do seguro civilista. 
A par da questão econômica caminhava, ainda, a luta pela garantia dos direitos sociais. 
O seguro social, na concepção bismarckiana, estendeu-se pela Europa até meados do século XX. 
Os sistema de seguro social não resistiram às consequências da Primeira Guerra Mundial em razão 
da cobertura para o grande número de órfãos, viúvas e fétidos que resultaram do combate, além da 
inflação galopante da época, problemas sentidos principalmente na Alemanha e na Áustria. 
A questão social teve, então, que ser equacionada. Em 1919, no Tratado de Versalhes, surgiu o 
primeiro compromisso de implantação de um regime universal de justiça social. 
Foi, então, fundado o Bureau International Du Travail (BIT) – Repartição Internacional do 
Trabalho – que realizou a 1º Conferência Internacional do Trabalho, à qual se atribui o 
desenvolvimento da previdência social e sua implantação em todas as nações do mundo civilizado. 
Dessa conferência resultou a primeira Recomendação para o seguro-desemprego. A 3º Conferência 
(1921) recomendou a extensão do seguro social aos trabalhadores da agricultura. A10º Conferência 
(1927) estendeu as demais Convenções e Recomendações sobre o seguro-doença aos trabalhadores 
da indústria, do comércio e da agricultura. 
Outra Conferências foram feitas, sendo que a 17º (1933) estendeu as Recomendações anteriores aos 
seguros por velhice, invalidez e morte. A 18º Conferência (1934) regulou o seguro contra o 
desemprego. 
O BIT teve papel importante na expansão da previdência social pelo mundo. 
 
3 
 
O seguro social é espécie do gênero seguro, que, embora com características próprias, ainda tinha 
muito do seguro privado. 
Assim como no seguro privado, o seguro social seleciona os riscos que terão cobertura pelo fundo. 
A álea (incerteza da ocorrência do sinistro) e a formação de um fundo comum, administrado de 
forma a garantir econômica e financeiramente o pagamento das indenizações, são características do 
seguro social e do seguro privado. 
Porém, a amplitude e a natureza obrigatória do seguro social o diferenciam do seguro privado, de 
natureza eminentemente facultativa. 
 
A seguridade social 
A Segunda Guerra Mundial causou grandes transformações no conceito de proteção social. 
Territórios devastados, trabalhadores mutilados, desempregados, órfãos e viúvas, tudo isso mostrou 
ser necessário o esforço internacional de captação de recursos para a reconstrução nacional, o 
socorro aos feridos, desabrigados e desamparados e, ainda, para fomentar o desenvolvimento; 
acontecimentos totalmente diversos dos que levaram ao surgimento do seguro social. 
O seguro social nasceu da necessidade de amparar o trabalhador; protegê-lo contra os riscos do 
trabalho. 
Era, então, necessário um sistema de proteção social que alcançasse todas as pessoas e as amparasse 
em todas as situações de necessidade, em qualquer momento de suas vidas. 
Em 1940, na Alemanha, Hitler determinou à Frente de Trabalho a elaboração de um programa que 
criasse pensões por velhice e invalidez para todos os alemães em atividade. O programa deveria 
estar fundado na solidariedade, com apoio militar, custeado pelos impostos, com natureza de 
serviço público, e não mais de seguro social. A queda do nacional-socialismo impediu a implantação 
do plano. 
Em junho de 1941, o governo inglês, empenhado na reconstrução do país, formou uma Comissão 
Interministerial para o estudo dos planos de seguro social e serviços afins, então existentes, e 
nomeou para presidi-la Sir William Beveridge. A Comissão foi incumbida de, após estudos, fazer 
uma proposta para a melhoria do setor. 
O resultado dos trabalhos da Comissão – o Plano Beveridge – foi apresentado ao Parlamento em 
1942. O Plano analisou o seguro social e os serviços conexos da Inglaterra pós-Segunda Guerra 
Mundial, análise que abrangeu as necessidades protegidas, os fundos e as provisões. 
Beveridge concluiu que o seguro social já não atendia às necessidades sociais, porque era limitado 
apenas aos trabalhadores vinculados por contrato de trabalho, com certa remuneração quando em 
serviços não manuais. Ficavam sem cobertura os trabalhadores “por contra própria”, isto é, sem 
vínculo de emprego, que constituíam a parcela da massa pobre da população, justamente a que mais 
precisava da proteção do Estado. 
Entendeu Beveridge, ainda, que o seguro social não levava em conta as responsabilidades com a 
família para os trabalhadores não manuais, e concedia benefícios diferentes em situações em que 
eram os mesmos gastos necessários das pessoas doentes e das desempregadas. Quanto às 
contribuições, Beveridge entendeu que as distinções também não tinham lógica dentro do sistema. 
Beveridge percebeu que a principal conclusão de seu trabalho foi a de “que a abolição da miséria 
requer uma dupla redistribuição das rendas, pelo seguro social e pelas necessidades da família”. 
Beveridge destacou o papel do Estado, por meio de políticas públicas que garantissem a proteção 
social em situações de necessidade. Influenciou muito a legislação social que se seguiu na Europa e 
na América, influência que atualmente ainda se faz presente nos sistemas de seguridade social. 
Em 1944, foi realizada a Conferência da OIT, em Filadélfia, resultado a Declaração de Filadélfia, 
que adotou orientação para unificação dos sistemas de seguro social, estendendo-se a proteção a 
todos os trabalhadores e suas famílias, abrangendo rurais e autônomos. 
A Declaração de Filadélfia deu um passo importante na internacionalização da seguridade social, 
porque ficou expresso que o êxito do sistema dependeria da cooperação internacional. 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) prevê o direito à segurança, consagrando o 
reconhecimento da necessidade de existência de um sistema de seguridade social. 
Posteriormente, a 35º Conferência Internacional do Trabalho, da OIT, em 1952, aprovou a 
Convenção n. 102, à qual denominou “Norma Mínima em Matéria de Seguridade Social”. 
 
4 
 
Mas nem todas as Nações tinham condições econômicas de implantar a proteção mínima 
estabelecida pela Convenção n. 102. Entretanto, o padrão mínimo ficou garantido ao menos a uma 
parcela da população dos países signatários. 
O dinamismo social trouxe a tecnologia e a globalização, e os mínimos sociais acompanharam as 
modificações. 
Outros tratados internacionais foram celebrados, de modo que a passagem do seguro social para a 
seguridade social decorreu da intenção de libertar o indivíduo de todas as suas necessidades para 
fins de desfrutar de uma existência digna. 
 
Do risco social à necessidade social 
No seguro social, só tinham proteção aqueles que contribuíssem para o custeio. Era adequada, 
então, a noção de risco social. A relação jurídica do seguro, social ou privado, tem como objeto o 
risco, isto é, a possibilidade de ocorrência futura de um acontecimento que acarrete dano para o 
segurado. 
No seguro privado, o contrato estabelece os riscos cobertos, conforme escolha dos contratantes. 
No seguro social, entretanto, os riscos são previstos em lei, ou seja, são o objeto da relação jurídica 
de proteção social. “A relação jurídica preexiste ao acontecimento danoso, e nela são previstas 
situações causadoras de dano, que podem ocorrer no futuro, e que serão objeto de indenização pela 
parte seguradora. O interesse na asseguração de um bem reside na possibilidade da ocorrência da 
contingência danosa”. 
A seguridade social, entretanto, não está fincada na noção de risco, mas, sim, na de necessidade 
social, porque os benefícios não têm natureza de indenização; podem ser voluntários, não são 
necessariamente proporcionais à cotização, e destinam-se a prover os mínimos vitais. 
A relação jurídica de seguridade social só se forma após a ocorrência da contingência, isto é, da 
situação de fato, para reparar as consequências – a necessidade – dele decorrentes. 
Os valores dos benefícios de seguridade social destinam-se a garantir os mínimos vitais, isto é, o 
necessário à sobrevivência com dignidade, o que se distancia da indenização própria do seguro. Os 
benefícios, na seguridade social, não têm caráter indenizatório. 
Além do mais, na seguridade social, a contingência pode não gerar danos. Costumamos dar como 
exemplo, no Brasil, o salário-maternidade. O nascimento do filho gera o direito ao salário-
maternidade porque, ao dar à luz, a mulher deixa de trabalhar e, por isso, não recebe remuneração; 
é gerada, então, a consequência-necessidade que dá direito ao benefício, para suprir a ausência de 
remuneração. “Há contingências desejadas, que não causam dano, mas geram necessidade”. 
A necessidade se qualifica como social, isto é, que tem importância para a sociedade, para que todos 
os seus integrantes tenham os mínimos vitais à sobrevivência com dignidade. 
 
A seguridade social na Constituição Federal de 1988 – Normas gerais 
 
CF 1891 – primeira a conter a expressão aposentadoria, no momento em que tratou da 
aposentadoria por invalidez dos funcionários públicos.No período de vigência da Constituição de 1891, foi promulgada a Lei Eloy Chaves (Decreto 
Legislativo nº 4.682/23): primeira norma a instituir no Brasil a previdência social, com a 
criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões, de nível nacional, para os ferroviários. A Lei previa 
benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária, pensão por morte e assistência 
médica. Posteriormente, a Constituição foi emendada em 3 de setembro de 1926, para fins de 
autorizar o Congresso Nacional a disciplinar o trabalho e a “legislar sobre licença, aposentadoria e 
reformas, não se podendo conceder, nem alterar, por leis especiais”. À época, o conceito de previdência social 
se restringia às aposentadorias. Aos poucos as Caixas de Aposentadorias e Pensões foram 
estendidas a outras categorias de servidores públicos. Tais organizações, que eram estruturadas por 
Empresa, a partir de 1930, passaram a ser estruturadas por categorias profissionais. São dessa época 
o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM, em 1933), o Instituto de 
Aposentadoria e Pensões dos Comerciário (IAPC, em 1934) e o Instituto de Aposentadoria e 
Pensões dos Bancários (IAPB, em 1934). 
 
Conceito 
 
5 
 
O art. 6º da CF enumera os direitos sociais que, disciplinados pela Ordem Social, destinam-se à 
redução das desigualdades sociais e regionais. Dentre eles está a seguridade social, composta prelo 
direito à saúde, pela assistência social e pela previdência social. 
É do art. 194 da CF o conceito: “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e 
da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência 
social”. 
A solidariedade é o fundamento da seguridade social. 
Pela definição constitucional, a seguridade social compreende o direito à saúde, à assistência social e 
a previdência social, cada qual com disciplina constitucional e infraconstitucional específica. Trata-
se de normas de proteção social, destinadas a prover o necessário para a sobrevivência com 
dignidade, que se concretizam quando o indivíduo, acometido de doença, invalidez, desemprego, ou 
outra causa, não tem condições de prover seu sustento ou de sua família. 
É com a proteção dada por uns dos institutos componentes da seguridade social que se garantem 
os mínimos necessários à sobrevivência com dignidade, à efetivação do bem-estar, à redução das 
desigualdades, que conduzem à justiça social. 
As mutações sociais e econômicas decorrentes do avanço tecnológico conduzem a novas situações 
causadoras de necessidades, fazendo com que a proteção social tenha que se adequar aos novos 
tempos. O art. 194, parágrafo único, da CF, permite que se expanda a proteção e, 
consequentemente, também o seu funcionamento. 
Deseja a Constituição que todos estejam protegidos, de alguma forma, dentro da seguridade social. 
E a proteção adequada se fixa em razão do custeio e da necessidade. 
Assim, se o necessitado for segurado da previdência social, a proteção social será dada pela 
concessão do benefício previdenciário correspondente à contingência-necessidade que o atingiu. 
Caso o necessitado não seja segurado de nenhum dos regimes previdenciários disponíveis, e 
preencha os requisitos legais, terá direito à assistência social. 
Todos, ricos ou pobres, segurados da previdência ou não, têm o mesmo direito à saúde (art. 196). 
Portanto, todos os que vivem no território nacional, de alguma forma, estão ao abrigo do “grande 
guarda-chuva da seguridade social”, pois a seguridade social é direito social, cujo atributo principal é 
a universalidade, impondo que todos tenham direito a alguma forma de proteção, 
independentemente de sua condição socioeconômica. 
A seguridade social garante os mínimos necessários à sobrevivência. É instrumento de bem-estar e 
de justiça social, e redutor das desigualdades sociais, que se manifestam quando, por alguma razão, 
faltam ingressos financeiros no orçamento do indivíduo e de sua família. 
O direito subjetivo às prestações de seguridade social depende do preenchimento de requisitos 
específicos. 
Para ter direito subjetivo à proteção da previdência social, é necessário ser segurado, isto é, 
contribuir para o custeio do sistema porque, nessa parte, a seguridade social é semelhante ao antigo 
seguro social. 
O direito subjetivo à saúde é de todos, independe de contribuição para o custeio. 
O direito subjetivo às prestações de assistência social, dado a quem dela necessitar, na forma da lei, 
também independe de contribuição para o custeio. 
Prestações de seguridade social é o gênero do qual benefícios e serviços são espécies. Os benefícios 
são as prestações pagas em dinheiro. 
 
6 
 
 
 
A relação jurídica de seguridade social 
Estando a seguridade social assentada no tripé Previdência Social, Assistência Social e direto à 
saúde, engloba três tipos diferentes de relações jurídicas: relação jurídica de previdência social, 
relação jurídica de assistência social e relação jurídica de assistência à saúde. 
São sujeitos da relação jurídica de seguridade social: 
a) Sujeito ativo: quem dela necessitar; 
b) Sujeito passivo: os poderes públicos (União, Estado e Municípios) e a sociedade. 
Quanto ao objeto da relação jurídica de seguridade social, há alguns pontos a fixar. 
((Objeto = contingência-necessidade)). 
Muito antes da moderna concepção de seguro social, a proteção social se fazia pela caridade, sem 
direito subjetivo, e, posteriormente, pelo seguro social, com proteção apenas para aqueles que o 
contratassem. Era, assim, proteção securitária fundada no conceito de risco, típico do Direito Civil, 
isto é, evento futuro e incerto, cuja ocorrência gera dano para a vítima. Configurado o sinistro (risco 
acontecido), o dano decorrente é coberto pela indenização; nesse caso, só existe direito à cobertura 
se o segurado tiver pago o prêmio. O risco e a extensão da indenização são livremente escolhidos 
pelas partes, e a relação jurídica nasce da celebração do contrato. 
O seguro social também se fundava no risco e o trabalhador interessado na cobertura pagava sua 
contribuição. Porém, os riscos não eram livremente escolhidos pelas partes, mas, sim, fixados em 
lei. 
Para a seguridade social, entretanto, a noção civilista de risco não se mostra adequada à definição do 
objeto da relação jurídica. 
Primeiro, porque a noção de risco está diretamente ligada a dano, prejuízo recomposto com a 
indenização. 
Ocorre que nem sempre a proteção da seguridade se destina a reparar danos. Eis um exemplo: a 
invalidez, que causa incapacidade para o trabalho, é, evidentemente, dano que tem cobertura 
previdenciária ou assistencial, conforme hipótese. Porém, a maternidade também tem cobertura 
pela seguridade social, porque a segurada mãe fica impossibilidade de trabalhar e prover seu 
sustento e de sua família por um período; entretanto, não se pode conceituar a maternidade como 
dano. 
Segundo, porque o seguro, para pagar a indenização decorrente do sinistro, exige pagamento do 
prêmio. Mas não é o que ocorre na seguridade social, porque nem todos contribuem para o custeio, 
mas todos têm direito a algum tipo de proteção social; se pode contribuir é segurado da previdência 
social; se não pode contribuir tem direito à assistência social, preenchidos os requisitos legais; 
porém, todos têm direito à assistência à saúde, independentemente de contribuição para o custeio. 
Como definir, então, o objeto da relação jurídica da seguridade social? Do tripé que compõe a 
seguridade, apenas, a relação jurídica previdenciária se aproxima da noção civilista de seguro, 
 
7 
 
porque sempre dependerá do pagamento de contribuições do segurado. Porém, não há contrato, 
mas, sim, situações cuja cobertura sempre é definida, taxativamente, pela Constituição e pela 
legislação infraconstitucional. 
Então, o objeto da relação jurídica de seguridadesocial não é o risco, mas, sim, a contingência que 
gera a consequência-necessidade, objeto da proteção. O que importa é a consequência que o fato 
produz: a relação jurídica de seguridade social nasce após a ocorrência da contingência, para, então, 
reparar a consequência-necessidade decorrente. 
As contingências estão enumeradas na CF: são as prestações de seguridade social. 
Fixamos, desde já, que prestações é o gênero, do qual são espécies os benefícios e os serviços. 
 
 
23/08/2014 
Princípios constitucionais específicos do sistema de seguridade social: 
a) Solidariedade (art. 195, caput, da CF): participação obrigatória de todos os membros da 
sociedade, de forma direta, mediante contribuições sociais, e indireta, através dos tributos. Existe a 
solidariedade entre gerações: o indivíduo contribui para a geração que hoje necessita de proteção, 
para receber o benefício amanhã, quando será amparado pela geração futura. 
A Previdência Social adota o regime de repartição simples, em que há alto grau de solidariedade 
entre os participantes (segurados). Os trabalhadores em atividade financiam os inativos, que, no 
futuro, quando na inatividade, também serão financiados pelos trabalhadores em atividade. 
A Previdência Privada adota regime diferenciado do adotado pela Previdência Social. Referimo-nos 
ao regime de capitalização, em que a solidariedade entre os participantes é mínima. O participante 
desta previdência verte seu dinheiro para um fundo próprio, que será formado para a manutenção 
de sua aposentadoria especificamente. 
b) O princípio da anterioridade e as contribuições sociais: As contribuições da seguridade 
social não estão sujeitas ao princípio da anterioridade da lei tributária (art. 150, inc. III, alínea b, da 
CF/1988), mas sim à anterioridade nonagesimal. 
Com efeito, o § 6.° do art. 195 da Constituição estabelece, in verbis: 
§ 6.° As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 90 
(noventa) dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes 
aplicando o disposto no art. 150, III, b”. 
Esse lapso temporal, que alguns denominam anterioridade nonagesimal, é de certo modo 
incompatível com o que já se afirmou aqui a respeito da necessidade absoluta de planejamento e da 
estruturação em etapas do orçamento da seguridade social. 
 
Princípios seguridade social 
- Princípio da solidariedade social 
- Princípio do não retrocesso social 
- Princípio da dignidade da pessoa humana 
Quem tem condições para manter a seguridade social deve colaborar e deve manter. 
O sistema de seguridade social é calculado nessa lógica, no ambiente da seguridade social quem 
deve contribuir com mais, contribui com mais. 
Tem benefícios de pessoas que nunca contribui. 
Temos hoje no Brasil quase 10 milhões de pessoas recebendo salário mínimo que nunca contribuiu. 
 
Princípio da lógica do não retrocesso social 
Quando a constituição estabelece uma série de benefícios e prestações a lógica é que não voltemos 
para trás que não evite esses benefícios. 
Esse princípio de não voltar para trás não garante uma permanência perpetua, ou seja, não é porque 
temos o princípio do não retrocesso social que não possa modificar os critérios de conceder uma 
pensão por morte, uma aposentadoria, eu tenho que garantir o direito adquirido. 
O supremo chegou a enfrentar essa lógica do não retrocesso social quando ele analisou a emenda 
20/98 que estabelece: antes se uma pessoa fosse presa e trabalhasse os dependentes teria direito ao 
auxílio reclusão, a emenda 20 estabeleceu que só os dependentes que ganhar até 1.100,0 mais ou 
menos é que terão direito ao auxílio reclusão. 
 
8 
 
O supremo diz que não tem nenhum problema em assegurar o auxílio as pessoas de baixa renda. 
 
Princípio da dignidade da pessoa humana: o homem não pode ser vista como um meio, mas 
sempre como um fim. O ordenamento jurídico deve buscar satisfazer as necessidades primárias, 
básicas do homem em um ambiente, ou seja, você tem direitos sociais, individuais, coletivos. 
Você tem toda essa gama de direitos fundamentais prevista na CF. 
Os direitos sociais são essenciais para que uma pessoa tenha uma vida digna. 
A dignidade humana implica no direito da parte voltar inclusive contra o próprio Estado, ou seja, o 
Estado deve interferir na sua vida somente naquilo que ele deve fazer. 
 
Esses três princípios são princípios gerais da seguridade social, eles podem ser utilizados como 
vetor importantíssimos das normas do direito previdenciário. 
Esses princípios sempre serão usados direta ou indiretamente. 
- irredutibilidade do valor dos benefícios 
- diversidade da base de financiamento 
- gestão democrática e quadripartite 
 
Princípio setoriais: específicos da previdência social e da seguridade social. 
Art. 194 CF – a constituição fala de objetivo da seguridade social, mas a doutrina diz que são 
princípios objetivos. Ao mesmo tempo que é algo a ser.. ele tem uma lógica principiológica. 
Doutrina: o parágrafo único do art. 194 da CF dispõe que a seguridade social será organizada, nos 
termos da lei, com base nos objetivos que relaciona. Todavia, pela natureza de suas disposições, tais 
objetivos se revelam como autênticos princípios setoriais, isto é, aplicáveis apenas à seguridade 
social: caracterizam-se pela generalidade e veiculam os valores que devem ser protegidos. São 
fundamentos da ordem jurídica que orientam os métodos de interpretação das normas e, na 
omissão, são autênticas fontes do direito. 
Universalidade da cobertura e do atendimento: todos os que vivem no território nacional têm 
direito ao mínimo indispensável à sobrevivência com dignidade, não podendo haver excluídos da 
proteção social. 
O princípio tem dois aspectos: universalidade da cobertura e universalidade do atendimento. 
 
- Universalidade de cobertura: todas as principais contingências sociais que possam existir devem 
estar cobertas pelo sistema de seguridade social, necessariamente um sistema de seguridade social 
efetivo deve abranger as principais contingênciais sociais existentes. 
No Brasil: art. 202 CF – esse rol de contingenciais é um rol não taxativo, esse é o mínimo das 
contingências sociais que devemos cobrir no Brasil. 
Essas são as contingenciais mínimas que a seguridade brasileira deve ter. 
Essa é a universalidade de cobertura é o mínimo das contingenciais que deverão ser cobertas. 
Uma vez que eu estabeleci quais são as contingenciais que eu vou cobrir eu tenho que cobrir todas 
elas, tem que ser universal, todos que tiverem direito tem que receber o benefício, eu não posso 
fazer uma distinção. 
Todos de forma universal, todos os que cumpram os requisitos legais, tem direito ao atendimento. 
Esse sistema é repetido na lógica do SUS, as ações da saúde são universais e igualitárias. 
Doutrina: cobertura é termo próprio dos seguros sociais que se liga ao objeto da relação jurídica, 
às situações de necessidade, fazendo com que a proteção social se aperfeiçoe em todas as suas 
etapas: de prevenção, de proteção propriamente dita e de recuperação. 
“Assim como a subjetiva faz referência ao campo da aplicação pessoal, em virtude deste princípio e 
como aplicação ao campo material, a seguridade social deve cobrir todos os riscos ou contingências sociais possíveis: 
doença, invalidez, velhice, morte etc. Em um sistema completo, este aspecto é fundamental porque 
permitiria que a seguridade social cumprisse seus fins. Porém, esse princípio não significa que toda 
pessoa tem direito a reclamar prestações por qualquer estado de necessidade, mas sim, que poderá 
gozar desse direito quando cumprir certos requisitos previstos pelo ordenamento jurídico e em 
determinada circunstância. Esse princípio se reflete no aforismo que diz ‘a seguridade social ampara o 
homem desde seu nascimento e até depois de sua morte’, convertendo esta ciência numa garantia quetem a 
pessoa para conseguir o desenvolvimento total de sua personalidade. 
 
9 
 
 
- Universalidade de atendimento 
Temos o princípio da universalidade de atendimento para a população urbana e rural. 
A chamada lei orgânica da previdência social de 1960, tivemos outras leis específicas, essa lei 
orgânica chamou a consolidação da lei de previdência social (CLPS- 1984) essa lei era apenas para 
trabalhador urbano, o trabalhador rural ou ele era registrado em carteira ou não tinha direito a nada, 
veio uma legislação conhecida como FUNRURAL e estabeleceu algumas proteções previdenciárias 
específicas para o trabalhador rural. 
O trabalhador rural tinha apenas direito a aposentadoria por invalidez e por idade. 
Acontece que o trabalhador rural quando ia receber uma das aposentadorias recebia no valor de 
50% do salário mínimo. 
No art. 201 todos esses direitos não era extensíveis ao trabalhador rural. 
Com a CF de 88 isso acabou e num pulo só todos que ganhavam meio salário mínimo passaram a 
ganhar um unificando o sistema. 
A lei 8213/91 unifica realmente a previdência do trabalhador urbano e rural. 
Isso não quer dizer que eu não preciso ter um benefício específico para o trabalhador rural, por 
exemplo, a aposentadoria por idade para o homem é de 65 e mulher 60, rural é 60 para homem e 55 
para mulher, é um critério diferenciado em que a própria constituição tem expressa. 
É possível estabelecermos alguma diferença para diferenciar o trabalhador rural do urbano, porém, 
é a própria constituição que fala, não pode uma lei diferenciar. 
Qualquer benefício extra que seja criado para o trabalhador urbano tem que ser extensível para o 
trabalhador rural. 
Esse princípio vem do fato histórico de que a previdência brasileira era diferente para o trabalhador 
urbano e rural, agora ele está unificado por isso falamos de uniformidade e equivalência, 
equivalência não é igualdade, não precisa ser igual, mas tem que ser equivalente. 
Se você é mãe e está registrada com 2.000,00 em carteira e engravida, você pode ter direito ao 
salário maternidade, provavelmente vai ganhar perto de 2 mil. 
Se você é mãe, trabalha no sítio da família e fica grávida, você vai receber um salário mínimo 
porque não tem contribuição. 
Essas diferenças na hora de calcular os benefícios podem existir, o que não pode é o benefício não 
ser equivalente. 
Doutrina: a universalidade do atendimento refere-se aos sujeitos de direito à proteção social: 
todos os que vivem no território nacional têm direito subjetivo a alguma das formas de proteção do 
tripé da seguridade social. 
A seguridade social, diferentemente do seguro social, deixa de fornecer proteção apenas para 
algumas categorias de pessoas para amparar a comunidade. 
“Desse ponto de vista, o princípio indica que deve-se proteger todas as pessoas, que toda a 
comunidade deve estar amparada pelo sistema. Toda pessoa, sem discriminação por causa de sua 
nacionalidade, idade, raça, tipo de atividade que exerce, renda, tem direito à cobertura de suas 
contingências. É denominado de universalidade porque a disciplina se expande ou estende a 
cobertura das diferentes contingências à maior quantidade de pessoas possível. A seguridade vai 
desbordando da restrição classista, já que a necessidade da cobertura das contingências não se 
admite como privativa de certas categorias sociais, mas sim, como um direito que deve ser 
estendido aos assalariados e, finalmente, ao conjunto da população, sem nenhum tipo de exclusão. 
 
Universalidade � cobertura � objeto � prevenção, proteção e recuperação. 
Universalidade � atendimento � sujeitos � todos os que vivem no território nacional. 
 
- Uni formalidade e equivalência dos benefícios para população urbana e rural 
Doutrina: os trabalhadores rurais sempre foram discriminados no Brasil se comparados os direitos 
destes aos reconhecidos aos trabalhadores urbanos. Em termos de seguridade social, a social não 
era diferente. A CF de 1988 reafirmou o princípio da isonomia, consagrado no caput de seu artigo 
5º, no inc. II. do parágrafo único, do art. 194, garantindo uniformidade e equivalência de 
tratamento, entre urbanos e rurais, em termos de seguridade social. 
 
10 
 
A uniformidade significa que o plano de proteção social será o mesmo para trabalhadores 
urbanos e rurais. 
Pela equivalência, o valor das prestações pagas a urbanos e rurais deve ser proporcionalmente 
igual. Os benefícios devem ser os mesmos (uniformidade), mas o valor da renda mensal é 
equivalente, não igual. É que o cálculo do valor dos benefícios se relaciona diretamente com o 
custeio da seguridade. E, como veremos oportunamente, urbanos e rurais têm formas diferencias 
de contribuição para o custeio. 
 
- Seletividade na prestação de benefícios e serviços 
Seletividade é escolher, selecionar. 
A lei 8213/91 escolher quais os benefícios eu vou conceder para os assegurado eu vou selecionar 
quais são os mais importantes. 
Apenas os benefícios e serviços mais importantes é que vão ser concedidos. 
Na prática tem pouca aplicação, a lei 8213 não criou nenhum benefício diferente dos que estão 
previstos na CF. 
- Distributividade na prestação de benefícios e serviços 
Foi concebida para ser um programa que vai distribuir renda para os brasileiros, apesar da lógica ser 
contra todo o resto do mundo. 
Eu vou distribuir, ou seja, quando eu for estabelecer os critérios de concessão dos benefícios que eu 
selecionei eu vou levar em conta quais são os mais importantes para distribuir rendas. 
O mais importante é a aposentadoria. 
A lógica da distributividade é você privilegiar os benefícios que tenham um impacto social mais 
importante. 
Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (doutrina): trata-se de 
princípio constitucional cuja aplicação ocorre no momento da elaboração da lei e que se desdobra 
em duas fases: seleção de contingências e distribuição de proteção social. 
O sistema de proteção social tem por objetivo a justiça social, a redução das desigualdades sociais (e 
não a sua eliminação). É necessário garantir os mínimos vitais à sobrevivência com dignidade. 
Para tanto, o legislador deve buscar na realidade social e selecionar as contingências geradoras das 
necessidades que a seguridade deve cobrir. Nesse proceder, deve considerar a prestação que garanta 
maior proteção social, maior bem-estar. 
Entretanto, a escolha deve recair sobre as prestações que, por sua natureza, tenham maior potencial 
para reduzir a desigualdade, concretizando a justiça social. A distributividade propicia que se 
escolha o universo dos que mais necessitam proteção. 
 
Voltando para o art. 194 nós temos outros princípios: 
- irredutibilidade do valor dos benefícios 
A CF estabelece o princípio da irredutibilidade ao valor dos benefícios, mas a CF não vincula os 
benefícios no número de salários mínimos contribuídos, ou seja, não há vinculação com o número 
de salários mínimos. 
Na prática o salário mínimo sobe mais do que a aposentadoria, todo ano tem reajuste para o 
aposentado, mas o salário mínimo sobe mais, no prazo de 5/10 anos ele não vai ganhar o número 
do salário que estava ganhando, ele perdeu o valor de compra. 
Quando a CF estabelece esse princípio ela não obriga a manter o número de salários mínimos de 
que a pessoa aposentou. 
Quando a constituição garante a irredutibilidade, ela garante uma irredutibilidade nominal, isso é 
decisão do Supremo e não real. 
A irredutibilidade do valor dos benefícios é nominal e não real. 
Quando veio a CF de 88 os advogados entraram com ações para manter o mesmo número de 
salários mínimos, ou seja, manter a vinculação, isso chegou no Supremo e o Supremo disse que não 
garante a irredutibilidade real e sim a nominal. Ou seja, tem que ter reajuste todos os anos, mas tem 
que ser de forma da lei, não está escrito em lugar nenhum que precisa ser o mesmo que o saláriomínimo. 
Hoje os benefícios são reajustados ao INPC. Esse índice não reflete ao salário mínimo, o SM é 
ganho real, no mínimo o INPC e mais o real. 
 
11 
 
O poder de compra de quem aposenta cai. 
Esse princípio implica na manutenção do poder de compra do benefício recebido, mas essa 
manutenção é nominal. 
Doutrina: os benefícios – prestações pecuniárias – não podem ter o valor inicial reduzido. Ao 
longo de sua existência, o benefício deve suprir os mínimos necessários à sobrevivência com 
dignidade, e, para tanto, não pode sofrer redução no seu valor mensal. 
A inflação tem marcado a economia nacional e, principalmente na década de 1980, marcou, 
sobremaneira, salários e benefícios previdenciários. 
Era tão grave essa situação que a CF de 1988 previu, no art. 58 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, uma revisão geral para todos os benefícios de prestação continuada 
em manutenção, isto é, já concedidos em 05.10.1988, na tentativa de resgatar seu valor 
originário. Para tanto, determinou que todos esses benefícios fossem recalculados, de forma que 
passassem a equivaler ao mesmo número de salários mínimos que tinham na data da concessão, até 
a implantação do novo plano de custeio e benefícios, o que ocorreu com a vigência da Lei n. 
8.213/91. 
O problema, entretanto, não é exclusivo da previdência do Brasil. 
“A atualização do montante das prestações traduz o princípio do ajustamento periódico, que pode 
apresentar ou não certa regularidade, do seu valor nominal, a fim de evitar a degradação do seu 
poder de compra, ou seja, a redução efetiva do seu valor real. De fato, uma vez fixado no ato de 
atribuição das prestações, o respectivo montante permanece fixo, estabilizado, pode mesmo dizer-
se verdadeiramente congelado, se não for objeto de modificação. De certo modo, intervém aqui a 
aplicação analógica do princípio civilístico da restitutio in statu quo ante. Por isso mesmo se fala em 
reposição do valor das prestações”. 
O art. 201, § 4º da CF, reafirma o princípio da irredutibilidade, ao garantir o reajustamento dos 
benefícios, para preservar-lhes o valor real, conforme critério estabelecidos em lei. 
 
- princípio da equidade no custeio 
Equidade é a ideia de mitigar a lei em busca de uma justiça, é uma ideia de você fazer que aqueles 
que tenham mais condições financiem os direitos de quem não tem condições. 
Ao tributar para financiar a seguridade social, as empresas de ramo de atividades mais rentosas 
paguem mais, por exemplo. 
A equidade nada mais é que a concreção do custeio. 
A pessoa que tem empresa, escritórios grandes, ele cria uma sociedade e muda o regime de 
tributação, ele vai tributar com o lucro do escritório e não mais dele (pessoa física) em média ele vai 
pagar em torno de 16,5% de imposto de renda e ai ele vai pagar os 11% em cima do pro-labore 
dele. 
Se você se enquadrar no simples a tributação será de 4% ao mês ao 17%, escritórios pagaram 
menos. 
Doutrina: ao nosso ver, a equidade na forma de participação no custeio não corresponde, 
exatamente, ao princípio da capacidade contributiva. 
O conceito de “equidade” está ligado à ideia de “justiça”, mas não à justiça em relação às 
possibilidades de contribuir, e sim à capacidade de gerar contingências que terão cobertura pela 
seguridade social. 
Então, a equidade na participação no custeio deve considerar, em primeiro lugar, a atividade 
exercida pelo sujeito passivo e, em segundo lugar, sua capacidade econômico-financeira. Quanto 
maior a possibilidade de a atividade exercida gerar contingências com cobertura, maior deverá ser a 
contribuição. 
 
Gestão democrática e quadripartite 
Todos os órgãos colegiados da seguridade social devem ter necessariamente representantes dos 
trabalhadores, empregadores, aposentados, governos. 
Antes da emenda 20 não tinha representação dos aposentados, sendo tripartite. 
Doutrina: a gestão da seguridade social é quadripartite, com a participação de representantes dos 
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Poder Público nos órgãos colegiados (art. 
194, parágrafo único, VII). 
 
12 
 
A participação desses representantes se dá em órgãos colegiados de deliberação, como o 
Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional de 
Previdência Social. 
Esses Conselhos têm suas atribuições restritas ao campo da formulação de políticas públicas de 
seguridade e controle das ações de execução. 
A descentralização significa que a seguridade social tem um corpo distinto da estrutura 
institucional do Estado. No campo previdenciário, essa característica sobressai com a existência 
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal encarregada da execução da 
legislação previdenciária. 
 
Diversidade da base de financiamento 
Temos as mais diversas maneiras para cobrar as contribuições sociais, essa diversidade de 
contribuições é prevista na própria CF, não só é prevista como é estimulada, por isso que pagamos 
folhas de salários, CONFINS, contribuição social sobre o lucro, é por isso que os times de futebol 
sã obrigados a pagar uma parte da bilheteria, uma parte da mega-sena vai para a previdência social. 
Doutrina: o financiamento da seguridade social é de responsabilidade de toda a comunidade, 
na forma do art. 195 CF. 
Trata-se de aplicação do princípio da solidariedade, que impõe a todos os segmentos sociais – 
Poder Público, empresas e trabalhadores – a contribuição na medida de suas possibilidades. A 
proteção social é encargo de todos porque a desigualdade social incomoda a sociedade como um 
todo. 
Os aportes ao orçamento da seguridade social são feitos por meio de recursos orçamentários da 
União, dos Estados, do DF e dos Municípios, além de contribuições pagas pelo empregador, pela 
empresa ou entidade a ela equiparada (art. 195, I), pelo trabalhador (art. 195, II), pelas contribuições 
incidentes sobre as receitas dos concursos de prognósticos (art. 195, III) e pelas contribuições pagas 
pelo importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV). 
As bases de cálculos das contribuições da empresa e da entidade a ela equiparada são diversas e 
estão previstas no inc. I, a, b e c, do art. 195. 
Outras fontes de custeio podem ser instituídas para garantir a expressão da seguridade social. Para 
tanto, deve ser observado o disposto no § 4º do art. 195, que remete ao art. 154, I, de modo que 
novas fontes de custeio só podem ser criadas por meio de lei complementar, desde que não 
cumulativas e que não tenham fato gerador ou base de cálculo próprias ou já descriminados na CF. 
 
 Estes são chamados princípios setoriais. 
 
Além disso podemos citar, por exemplo, chamado princípio do equilíbrio atuarial. 
Quando eu for criar um benefício novo ou se for eu for ampliar eu tenho que ter um equilíbrio 
atuarial, eu tenho que ter dinheiro, da onde vem dinheiro para ampliar esse benefício? Não adianta 
criar um benefício e não ter dinheiro. 
Ou aumentar os tributos ou cortar as despesas. 
Art. 201 em diante. 
A regra da contrapartida (doutrina): embora não prevista expressamente como um princípio, 
não há como deixar de mencionar a regra da contrapartida, trazida pelo § 5º do art. 195: “nenhum 
benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a 
correspondente fonte de custeio total”. 
A seguridade social só pode ser efetivada com o equilíbrio de suas contas, com a sustentação 
econômica e financeira do sistema. Por isso, opera com conceitos atuariais. 
A CF quer o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, de forma que a criação, instituição, 
majoração ou extensão de benefícios e serviços devem estar calcadas em verbas já previstas no 
orçamento. 
Na área da previdência social, há disposição específica no caput do art. 201 da CF: a previdência 
social será organizadasob a forma de regime geral, de caráter contributivo e filiação obrigatória, 
observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. 
Regra da contrapartida (art. 195, § 5.°, da CF): há necessidade de que primeiro exista a fonte de 
custeio para depois ser criado o benefício. Neste passo, a criação, majoração ou extensão de 
 
13 
 
benefício está condicionada à existência da correspondente fonte, que concorra para o custeio total. 
Com isso, quer o constituinte proteger o equilíbrio financeiro do sistema, elemento sem o qual não 
será possível o cumprimento das finalidades da seguridade social. Torna-se necessária ampla 
avaliação técnica e atuarial do sistema. A regra da contrapartida é componente fixo a ser 
considerado, assim no plano plurianual, como no orçamento da seguridade social. Nenhum seguro 
– e a seguridade é expressão maior do seguro – pode existir sem previsão. A necessidade de 
planejamento é absoluta. O § 5.° do art. 195 da CF também significa outro comando em favor da 
integração dos diversos programas de seguridade. Isso porque, o orçamento da seguridade social há 
de ser elaborado de forma integrada pelos setores da saúde, da previdência e da assistência (§ 2.° do 
art. 195, da CF/1988). Posta a fonte de custeio, já está criado o benefício; sem a respectiva fonte de 
custeio, não há que se falar em benefício. Esclareçamos que: “O sistema estatal de proteção está 
associado a certa noção elementar de contabilidade: a noção de caixa. Para a caixa (...) trabalhadores, 
empresas e a sociedade em geral vertem contribuições. E da caixa serão debitadas as prestações 
(benefícios e serviços). É senso comum que nenhuma caixa terá equilíbrio quando os saques se 
tornam maiores do que os ingressos. A regra da contrapartida é o comando constitucional que 
torna compulsório esse equilíbrio entre entradas e saídas da caixa”. Como se depreende, a partir do 
momento em que está constituído o benefício em consonância com a regra da contrapartida, o 
esquema de proteção deve ser acionado por quem quer que dela necessite. Só assim serão atingidos 
os fins últimos da seguridade social. Dessa forma, configurada a situação de necessidade, devem 
existir bases de financiamento suficientes para a sustentação financeira do plano de proteção até 
então vigente. Contudo, a Previdência Social impõe certo período de carência para que alguém 
possa usufruir determinados benefícios e serviços. A carência (número mínimo de contribuições 
indispensáveis para a obtenção do benefício) é o suporte financeiro prévio para a formação do caixa 
previdenciário. 
O art. 195, em seus diversos incisos, prevê as bases de financiamento que, em conformidade com a 
regra da contrapartida, podem ser criadas pelo legislador. No entanto, considerando que essas bases 
poderiam revelar-se insuficientes para a manutenção e expansão da seguridade social, o constituinte 
permitiu que outras fontes, no futuro, e com observância da regra da contrapartida, fossem 
constituídas. É o que se depreende do art. 195, § 4.°, do mesmo diploma legal: “§ 4.° A lei poderá 
instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, 
obedecido o disposto no art. 154, I”. Esclareça-se que o art. 154, inc. I, da Carta Constitucional de 
1988 refere-se à competência residual da União. 
 
- Orçamento da administração direta e indireta 
O professor entende que não é um princípio. 
A CF criou um subgrupo específico de que o governo, a sociedade possa ver quantos estamos 
gastando em seguridade social. 
- Orçamento de investimento das empresas estatais 
- Orçamento da seguridade social 
 
Artigo 201, § 1º - uniformidade. Existe a possibilidade de critérios diferentes de aposentadoria, 
veremos mais a frente. 
§ 2º: este parágrafo acaba sendo uma concretização constitucional do princípio da irredutibilidade 
do valor dos benefícios. 
Não pode ter aposentadoria menor que um salário mínimo no Brasil 
§ 3º: garante que quando você se aposenta a aposentadoria venha com um valor parecido do valor 
que estava ganhando na ativa. Temos que corrigir o valor. 
§ 4º: concreção do princípio da irredutibilidade: precisa ter reajuste todo o ano, mas quem diz 
quanto vai ter de reajuste é a lei. 
§ 5º: 
 
Além desses princípios, nós temos mais princípios relacionados a interpretação judicial no 
momento de se analisar o benefício previdenciário. Parte da doutrina acha que não são nem 
princípios e sim critério de interpretação, parte fala de princípio. Esses são os dois principais: 
Princípo do “tempos regit actum”: princípio geral do direito. 
 
14 
 
X chega e fala que Y morreu há 10 anos e que ela achava que não tinha direito a pensão por morte 
por isso que não pediu antes, agora ela diz que quer a pensão morte. 
Você tem que pegar a lei de 10 anos atrás para ver se ela tinha direito ou não. 
Tem 5 anos de prescrição, ela poderá cobrar apenas os 5 últimos anos. 
Não prescreve o fundo de direito, prescreve apenas as parcelas devidas que passarem os últimos 5 
anos. 
Se a lei atual for mais benéfica eu não posso aplicar a lei mais benéfica – entendimento do supremo, 
o professor discorda. 
O direito da pessoa não prescreve, o direito ao benefício ou não é imprescritível o que prescreve é 
somente as parcelas devidas. 
A mulher rural não tinha direito de aposentadoria antes de 92. Se ela entrar hoje com uma ação eu 
vou dar a partir da citação, porque ninguém sabia se ela queria entrar ou não. 
Se ela entra com um pedido no INSS em 2012 e ele não concede, eu dou a partir de 2012 porque 
tenho um marco temporal. 
Princípio da continuidade do trabalho (rural) 
Alguns falam que são do trabalho todo e outros apenas do rural. 
Quando você vai provar o seu tempo de serviço tem que prova de que você trabalhou, a prova 
usual e exigida é a contribuição você tem que provar contribuiu. 
É um método ou um critério de interpretação do qual o juiz se vale para suprir essas lacunas de 
tempo de serviço. Vale tanto para o rural quanto para o urbano. 
Com o rural há uma maior tolerância. 
O urbano só aposenta com a contribuição. Eu posso até suprir uma omissão, mas ele precisa ter 
uma prova material, um recibo de pagamento, um cheque, se não provar, acaba não contando o 
tempo. 
No urbano a partir de 99 tem que provar a contribuição, só o rural tem um “chorinho” de provar o 
tempo de serviço. 
O empregador não pagou a contribuição previdencial do empregado, eu não posso prejudicar o 
empregado, mas você precisa provar o vínculo de emprego. 
A carteira de trabalho e a previdência social faz presunção relativa em favor do empregado. O INSS 
tem o ônus de provar se é falso. 
 
Financiamento da seguridade social 
As contribuições sociais podem ser classificadas em: 
- contribuições a RPPS: aquelas voltadas ao custeio dos regimes próprios de previdência social, 
quais as recolhidas pelos servidores e entes públicos (art. 149, § 1º, e art. 40, caput, CR/88); 
- as contribuições previdenciárias: aquelas que se destinam apenas à previdência (regime geral) e não 
à assistência e à saúde, vedando a Constituição seu uso para outro fim qualquer (art. 167, XI); 
- as contribuições não previdenciárias: aquelas que se destinam ao financiamento global da 
seguridade, precipuamente à assistência social e à saúde, embora possam ser direcionadas inclusive 
ao pagamento de benefícios do regime geral (não de RPPS), se insuficientes as contribuições 
previdenciárias. 
São previdenciárias as contribuições cobradas dos segurados, dada a natureza contributiva da 
previdência social, assim como das empresas que utilizam mão-de-obra de segurados. Em regra, 
essas contribuições incidem sobre a remuneração recebida, da parte do segurado, e sobre a folha de 
pagamento, da parte da empresa. Em alguns casos podem incidir, excepcionalmente, em 
substituição à remuneração e à folha de pagamento, sobre areceita, como é o caso dos produtores 
rurais e das agroindústrias. 
De sua parte, dentre as contribuições previdenciárias podem ser destacadas as acidentárias, 
caracterizando-se estas pela destinação a fundo específico (Seguro de Acidente de Trabalho – SAT) 
voltado ao pagamento de benefícios acidentários, ou seja, aqueles devidos em função de acidente de 
trabalho e doença profissional, e à aposentadoria especial, devida em função da exposição a fatores 
de risco profissional. As contribuições previdenciárias acidentárias são pagas pelas empresas e entes 
equiparados, conforme o risco da atividade desenvolvida, e não pelos trabalhadores. 
Destaque-se ainda que a Constituição prevê que outras fontes podem ser utilizadas para incidência 
de contribuições sociais (art. 195, § 4º), desde que sejam instituídas por lei complementar, não 
 
15 
 
cumulativas e não tenham fato gerador ou base de cálculo daquelas já previstas na própria Carta 
Magna (art. 154, I). 
Portanto, o financiamento da seguridade social de forma direta pela sociedade se dá por 
contribuições sociais, espécie tributária que se caracteriza pela destinação específica a esse fim. De 
forma indireta, por outros recursos orçamentários (oriundos de impostos). Ainda, por outras fontes 
previstas na legislação. 
 
Contribuições sociais para financiamento da seguridade social 
As contribuições sociais têm fundamento constitucional no art. 195, que prevê seu pagamento 
pelos empregadores, pelos trabalhadores e pelos importadores, além da incidência sobre concursos 
de prognósticos. No campo infraconstitucional são reguladas principalmente pela Lei n. 8.212/91, 
mas também por inúmeras outras leis. 
O recolhimento pelos empregadores (patronal) incide em regra sobre a folha de pagamento, aí 
incluídos tanto os salários, qual a retribuição pelo trabalho com vínculo empregatício, quanto 
quaisquer outros rendimentos pagos em função de uma prestação de serviço, mesmo sem vínculo 
empregatício, sendo devidas em regra sobre a totalidade dos rendimentos pagos. Contribuem ainda 
sobre seu faturamento e sobre o lucro. 
As entidades beneficentes de assistência social que se enquadrem nos requisitos legais (Lei n. 8.742, 
de 7.12.93; Lei n. 12.101, de 27.11.2009) são imunes às contribuições patronais (art. 195, § 7º), 
devendo recolher apenas aquelas devidas pelos trabalhadores a seu serviço que tenham descontado 
como substitutas tributárias. 
O recolhimento pelos trabalhadores, em regra, se dá sobre o valor de retribuição que receber pela 
prestação de serviço no período contributivo, ou seja, pelos rendimentos do trabalho, estando 
limitadas a um teto. O pequeno produtor rural, denominado segurado especial, em regra, contribui 
sobre sua receita em substituição a essa base (rendimentos do trabalho). 
 
- Contribuições dos empregadores, empresas e equiparados (patronal) 
A redação original do inciso I do art. 195 da Constituição previa a incidência de contribuições “dos 
empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro”, o que gerou inúmeras discussões 
sobre a amplitude que se deveria dar para esses termos, visto que “empregador” é um termo 
específico relativo àquele que mantém uma relação de emprego com um empregado, ou seja, regida 
pela Consolidação das Leis do Trabalho, assim como “salário” é a contraprestação pelo trabalho 
sob esse regime, e “faturamento” engloba apenas o resultado das vendas de mercadorias e serviços. 
Para afastar quaisquer discussões, a Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.98, veio a ampliar o 
conteúdo do mencionado inciso I, de modo que hoje as contribuições são devidas pelo “empregador”, 
“empresa” e “entidade a ela equiparada na forma da lei”. Assim, mesmo que não sejam empregadoras, ou 
seja, não tenham trabalhadores regidos pela CLT ou utilizem mão de obra remunerada, todas as 
empresas devem as contribuições; ainda, mesmo que não seja tecnicamente uma empresa, também 
devem as contribuições, podendo assim ser citadas, por exemplo, associações, sindicatos, 
condomínios, missões diplomáticas e consulares, igrejas etc. 
Igualmente, a redação atual prevê a incidência não apenas sobre os “salários”, estritamente 
considerados, mas também sobre “demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à 
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício” (letra a), e não apenas sobre 
“faturamento”, mas toda e qualquer “receita” (letra b). 
 
1.1 – Contribuição sobre folha de salários e demais rendimentos... 
Art. 195, inc. I, a, da Constituição 
Arts. 22 a 22-B e 24 a 25-A da Lei n. 8.212/91 (LCPS) 
Arts. 201 a 203 e 211 do Decreto n. 3.048/99 (RPS) 
Lei n. 10.256, de 9.7.2001 
Lei n. 10.666, de 8.5.2005 
Trata-se de contribuição estritamente previdenciária (art. 167, XI), destinando-se, portanto, ao 
Fundo da Previdência Social – FPS, e incide sobre quaisquer rendimentos do trabalho, ou seja, 
quaisquer valores que correspondam a retribuição pelo trabalho prestado aos sujeitos passivos 
(salários, pro labore, gorjetas, abonos etc.), excetuadas apenas aquelas verbas de natureza 
 
16 
 
indenizatória ou não correspondente a contraprestação do serviço expressamente previstas na 
LCPS (art. 28, § 9º). 
Em regra, as contribuições patronais não se limitam a teto, incidindo, pois, sobre a totalidade dos 
rendimentos pagos, ainda que os trabalhadores tenham sua própria contribuição limitada. 
Assim se configuram essas contribuições: 
I - 20% sobre a totalidade dos rendimentos pagos a empregados e avulsos. 
De acordo com o § 1º do art. 22 da LCPS, as instituições financeiras pagam adicional de 2,5% em 
relação aos rendimentos pagos a empregados, avulsos e contribuintes individuais, ou seja, 
contribuem com 22,5% sobre a totalidade dos rendimentos pagos a esses trabalhadores. 
II - adicional de 1 a 3% sobre a base anterior para o Seguro de Acidente do Trabalho – SAT, 
destinado à cobertura dos benefícios acidentários, quais o auxílio-doença, a aposentadoria por 
invalidez, o auxílio-acidente e a pensão por morte, quando decorrentes de acidente do trabalho ou 
doença profissional, e à aposentadoria especial, devida pelo exercício de atividades profissionais 
potencialmente prejudiciais à saúde do trabalhador. 
Essa contribuição incide conforme o grau de risco (leve, médio e grave) da atividade 
preponderante, devendo ser considerada por estabelecimento da empresa. Cabe redução de até 50% 
e aumento de até 100%, conforme o estabelecimento esteja abaixo ou acima da média das empresas 
do segmento econômico (art. 10 da Lei n. 10.666, de 8.5.2005), aferido pelo Fator Acidentário de 
Prevenção – FAP (art. 202-A, RPS). 
Se o estabelecimento da empresa tiver empregados e avulsos sujeitos a condições especiais de 
trabalho, ou seja, potencialmente prejudiciais à saúde, sujeita-se a acréscimo de 12, 9 ou 6%, 
calculado somente sobre os rendimentos pagos aos trabalhadores assim expostos, conforme essas 
atividades levem ao pagamento de benefício em 15, 20 ou 25 anos de trabalho, respectivamente 
(art. 57, § 6º, da Lei n. 8.213/91 - PBPS). 
III - 20% sobre a totalidade dos rendimentos pagos a contribuintes individuais (administradores 
não empregados, autônomos, profissionais liberais, diaristas etc.). 
Como já destacado, a alíquota para as instituições financeiras sobre essa base é de 22,5%. 
Não incide contribuição para o SAT sobre essa base. 
IV - 15% sobre o valor pago a cooperativas de trabalho e de produção. 
Em regra não incide contribuição para o SAT sobre essa base. 
Porém, havendo trabalhadores sujeitos a condições especiais de trabalho, em se tratando de 
cooperativas de trabalho incidirá contribuição para o SAT de 9, 7 ou 5% para atividades especiais 
que levem ao pagamento de benefícios em 15, 20 ou 25 anos. Em se tratando de cooperativa de 
produção, as alíquotas serão de 12, 9 ou 6%, respectivamente. 
Essa contribuição – e, consequentemente,o adicional para o SAT –, todavia, foi declarada 
inconstitucional pelo e. Supremo Tribunal Federal (RE n. 595.838, Pleno, rel. Min. DIAS TOFFOLI, 
j. 23.4.2014, publicação pendente). 
V - 12% do salário de contribuição do empregado ocupado em residência em atividade sem fim 
lucrativo, devida pelo empregador doméstico, não havendo previsão de contribuição para o SAT, 
embora o empregado doméstico atualmente esteja coberto pelos benefícios acidentários (EC n. 72, 
de 2.4.2013). Diferentemente da contribuição devida pelo serviço prestado pelos demais 
empregados, que incide sobre a totalidade da remuneração, a do empregado doméstico incide sobre 
o “salário de contribuição”, tratado à frente, o que implica em limitação ao teto. 
VI - 2% sobre o valor da venda de suas mercadorias, em substituição às contribuições sobre a folha 
de pagamento de empregados e avulsos, devida pelos empregadores rurais pessoa físicas, os 
segurados especiais e os consórcios simplificados desses produtores, mais adicional de 0,1% para 
SAT. 
Essa contribuição deve ser retida na fonte pela pessoa jurídica que adquirir seus insumos para 
beneficiamento ou revenda, descontando do valor pago ao produtor (art. 30, III e IV). 
Em se tratando de empregador rural pessoa jurídica e agroindústria vegetal (exceto de 
reflorestamento), a alíquota será de 2,5% sobre o faturamento e 0,1% para o SAT (Lei n. 10.256, de 
9.7.2001). 
Em situação peculiar se encontram os pequenos produtores rurais pessoas físicas, inclusive 
pescadores e extrativistas. 
 
17 
 
Até o advento dos atuais Plano de Custeio e de Benefícios da Previdência Social, instituídos através 
das Leis nº 8.212 e 8.213, de 24.7.91, o trabalhador rural era regido pelo então sistema do Programa 
de Assistência ao Trabalhador Rural – Prorural, instituído pela Lei Complementar nº 11, de 25.5.71, 
mantido pelo Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – Funrural. Pelo Prorural, os 
beneficiários eram os empregados rurais e os pequenos produtores e os únicos benefícios de 
natureza previdenciária eram aposentadoria por idade e invalidez, equivalentes a 50% do salário 
mínimo, pensão, equivalente a 30% do salário mínimo, e auxílio-funeral (art. 2°). Assim mesmo, no 
caso de aposentadoria, era devida a um único beneficiário, o chefe da família (art. 4°, parágrafo 
único), ainda que todos fossem empregados, ficando os demais desamparados, a não ser pela 
previsão de pensão por morte daquele. 
O financiamento do Prorural provinha de contribuição sobre o resultado da venda da produção 
agrícola, indistintamente se de pequenos ou grandes produtores, equivalente a 2% do valor da 
comercialização. 
A nova Constituição unificou os regimes previdenciários dos urbanos e dos rurais, passando estes à 
qualidade de contribuintes obrigatórios e a ter direito a todos os benefícios; unificou também o 
regime de contribuições, seja dos empregadores, seja dos trabalhadores. Assim, os trabalhadores 
passaram a contribuir como segurados obrigatórios (art. 12, 20 e 21 da LCPS) e os empregadores 
conforme o regime das empresas urbanas (art. 22 e 23, na redação original). Porém, o segurado 
especial continuou contribuindo sobre a produção na forma mencionada (art. 25), por força do § 8° 
do art. 195 da Constituição. 
A partir do advento da Lei n. 8.540, de 22.12.92, dando nova redação ao art. 25 da Lei n. 8.212, as 
pessoas físicas empregadoras rurais passaram também a contribuir sob o mesmo regime dos 
segurados especiais, ou seja, sobre o resultado da comercialização da produção. Pela Lei n. 10.256 
foi previsto o consórcio de pessoas físicas. 
Qualificam-se como segurados especiais o pequeno produtor rural não empregador, seja 
proprietário, meeiro, arrendatário ou porcenteiro, os pescadores artesanais e os extrativistas, que 
exerçam sua atividade individualmente ou em regime de economia familiar em pequena 
propriedade, bem assim seus dependentes (art. 12, inc. VII). 
Regime de economia familiar configura-se como “a atividade em que o trabalho dos membros da família é 
indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições 
de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes” (§ 1º). No caso de 
produtores rurais e extrativistas, qualifica-se como pequeno produtor aquele cujo imóvel que tenha 
tamanho inferior a 4 módulos fiscais (88 hectares em Presidente Prudente). 
Podem ter auxílio “eventual” de terceiros, inclusive empregados, desde que não sejam permanentes, 
estando limitados a 2 meses ao ano de empregados temporários e 120 pessoas/dia em média de 
diaristas (art. 11, § 7º, LBPS). 
A peculiaridade dos segurados especiais em relação aos “empregadores rurais” é que, sem 
comprovar contribuição individual, têm direito a alguns benefícios de valor mínimo, conforme art. 
39, inciso I e parágrafo único, da LBPS (aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, 
auxílio-doença, auxílio-reclusão, pensão e salário-maternidade), não tendo direito a aposentadoria 
por tempo de contribuição. Ou seja, não precisam contribuir individualmente para que todos os 
membros da família, que efetivamente ajudem na produção, sejam segurados da Previdência. 
Porém, podem facultativamente inscrever-se no Instituto (art. 12, § 3°) e recolher como 
contribuintes individuais (art. 25, § 1°), quando então o cálculo dos benefícios será feito com base 
nas suas contribuições (art. 39, II) e passará a ter direito a todos os benefícios, indistintamente, 
inclusive aposentadoria por tempo de contribuição, não prevista no inciso I do art. 39 (Súmula 272, 
STJ: “O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção 
rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço se recolher contribuições facultativas”). 
 
Em relação aos segurados especiais, portanto, a contribuição sobre a produção se caracteriza tanto 
como patronal quanto de trabalhadores, porquanto substitui o recolhimento sobre a folha de 
pagamento dos empregados temporários e diaristas que vier a contratar (patronal), ao mesmo 
tempo em que se destina à garantia de direito a benefícios dos membros do grupo familiar 
(trabalhadores). 
 
18 
 
Diferentemente, os empregadores rurais são contribuintes individuais obrigatórios, de modo que só 
terão direito aos benefícios previdenciários, como trabalhadores, se efetivamente recolherem como 
tais. Sua contribuição sobre a produção se caracteriza somente como patronal. 
VII - 5% da bilheteria e demais receitas (patrocínios, licenciamento de marca, transmissão de 
espetáculo etc.) em substituição às contribuições sobre a folha de pagamento de empregados e 
avulsos e SAT, devida pelos clubes de futebol. 
Observe-se que as hipóteses substitutivas não afastam a contribuição sobre remunerações pagas a 
contribuintes individuais e cooperativas de trabalho e de produção, nem englobam as contribuições 
retidas dos trabalhadores ou de outra pessoa jurídica como responsáveis tributários. 
 
1.2 – Contribuição sobre receita e faturamento 
Art. 195, inc. I, b, da Constituição 
Art. 23, inc. I, da Lei n. 8.212/91 (LCPS) 
Art. 204, inc. I, do Decreto n. 3.048/99 (RPS) 
Lei Complementar n. 70, de 30.12.91 
Lei n. 9.718, de 27.11.98 
Lei n. 10.833, de 29.12.2003 
Lei Complementar n. 7, de 7.9.70 
Lei n. 9.715, de 25.11.98 
Lei n. 10.637, de 30.12.2002 
Não se trata de contribuições estritamente previdenciárias, pois não se destinam ao FPS, mas 
precipuamente à saúde e à assistência social, sem prejuízo de cobrir insuficiência das contribuições 
previdenciárias. 
Até março/92 a contribuição sobre o faturamento correspondia à então estabelecida pelo Decreto-
lei n. 1.940, de 25.2.82, conhecida por Finsocial (art. 23, inc. I, LCPS), recepcionada que foi pelo 
art. 56 do ADCT/88, vindo a ser substituída pela contribuição instituída pela LeiComplementar n. 
70, de 30.12.91, conhecida como Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins. 
Inicialmente estabelecida de forma cumulativa, ou seja, incidindo sobre todas as operações de 
faturamento da cadeia produtiva e distribuidora até chegar ao consumidor, a Emenda 
Constitucional n. 42, de 19.12.2003, veio a prever a instituição da não cumulatividade, pela qual, 
ainda que incidindo sobre todas as operações, é dado ao contribuinte compensar o valor pago nas 
operações de aquisição do insumo/mercadoria quando vier a proceder à venda, resultando em 
recolhimento efetivo apenas sobre o valor agregado nessa etapa. Assim, a não cumulatividade da 
Cofins foi instituída pela Lei n. 10.833, de 29.12.2003, que ampliou em seu art. 1º o conceito de 
faturamento previsto no art. 2º da LC n. 70/91, aumentou a alíquota e estipulou inúmeros setores 
da economia aos quais é inaplicável (art. 10), de modo que hoje coexistem os dois regimes. 
Pelo regime cumulativo, a Cofins incide em regra a 3% sobre o valor do faturamento (art. 8º da Lei 
n. 9.718, de 27.11.98), conceituado no art. 2º da LC n. 70/91 como “a receita bruta das vendas de 
mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”. Há variadas exceções nas leis de 
regência tanto de alíquota quanto de base de cálculo, inclusive isenções, conforme o ramo de 
atividade e produtos comercializados. 
Pelo regime não cumulativo, incide em regra a 7,6% sobre a receita bruta amplamente considerada, 
conceituada como “o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou 
classificação contábil”. Igualmente, há exceções nas leis de regência. 
As entidades sem fins lucrativo, previstas no art. 13 da MP nº 2.158-35, de 24.8.2001, (associações, 
sindicatos, condomínios etc.) contribuem com 1% sobre a folha de salários. 
A par da Cofins, devem também ser consideradas como contribuições sociais a Contribuição para o 
Programa de Integração Social – Pis, instituída pela LC n. 7, de 7.9.70, e a Contribuição para o 
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Pasep, criado pela Lei Complementar 
n. 8, de 3.12.1970. 
O Pis foi concebido inicialmente como uma forma de promover a participação dos trabalhadores 
nos lucros das empresas, mediante a constituição de um fundo com contas individuais que podiam 
ser sacadas em hipóteses expressamente previstas, além de anualmente pagar os rendimentos dessas 
contas e um abono anual para os trabalhadores de baixa renda. O Pasep seguiu o Pis, estendendo 
aos servidores públicos o regime do Pis, mediante contribuições dos entes públicos. 
 
19 
 
Com o advento da atual Constituição, seu art. 239 alterou o perfil dos Fundos Pis-Pasep, passando 
a destiná-los especialmente ao pagamento do seguro-desemprego e o abono anual, sem 
possibilidade de saque do saldo pelo trabalhador. Destina-se também, em parte (pelo menos 40%), 
a programas de fomento do BNDES, mas como tal se trata de aplicação dos recursos, de modo que 
seu resultado se volta também aos fins mencionados. 
Embora o seguro-desemprego não esteja regulamentado pela Lei n. 8.213/91, mas pela Lei n. 
7.998, de 11.1.90, e seja administrado pelo Ministério do Trabalho e não pelo INSS, estando, 
portanto, desvinculado do Plano de Benefícios da Previdência Social, o “desemprego involuntário” é 
fator de risco expressamente englobado constitucionalmente na seguridade social (art. 201, inciso 
III), de modo que a contribuição a ele destinada deve ser considerada como social. Destina-se em 
parte a previdência, pela cobertura do desemprego, e em parte a assistência, pelo pagamento do 
abono ao trabalhador de renda média anual inferior a dois salários mínimos, conhecido 
popularmente como 14º salário, 
 
Assim como a Cofins, em relação ao Pis coexistem os sistemas cumulativo e não cumulativo, criado 
este pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002. 
Tida como uma forma mais racional de tributação, por gerar contribuição apenas sobre o valor 
agregado em cada fase da cadeia produtiva, e almejada há muito pelas empresas, a não 
cumulatividade do Pis e da Cofins acabou por não representar alento na carga tributária para a 
maioria dos setores. Ao contrário, passou em alguns casos a representar até mesmo maior carga 
tributária, sem esquecer do maior custo operacional de apuração, dada a complexidade do sistema, a 
exigir de muitas empresas incremento no pessoal relacionado à contabilidade. 
Pelo regime cumulativo, o Pis incide em regra a 0,65% sobre o valor do faturamento (art. 8º da Lei 
n. 9.715, de 25.11.98). 
Pelo regime não cumulativo, incide em regra a 1,65% sobre o faturamento. 
Os entes equiparados a empresa que não têm faturamento (associações, sindicatos, condomínios 
etc.) contribuem com 1% sobre a folha de salários, o que é conhecido como Pis-Fopa. 
Assim como em relação à Cofins, há inúmeras regras próprias de regência do Pis, que não podem 
ser desconsideradas pelo intérprete que queira se aprofundar no assunto ou buscar o correto 
enquadramento de determinada atividade, sendo exemplos a alíquota e base diferenciada para 
instituições financeiras e para fabricantes de cigarros, o sistema de substituição tributária de 
refinarias, distribuidoras e postos de combustíveis, o regime da Zona Franca de Manaus etc. 
 
1.3 – Contribuição sobre o lucro 
Art. 195, inc. I, c, da Constituição 
Art. 23, inc. II, da Lei n. 8.212/91 (LCPS) 
Art. 204, inc. II, do Decreto n. 3.048/99 (RPS) 
Lei n. 7.689, de 15.12.88 
Logo que promulgada a Constituição, a Lei n. 7.689, de 15.12.88, instituiu a Contribuição Social 
sobre o Lucro – CSL, que atualmente incide, para as empresas em geral, à alíquota de 9% e de 15% 
para instituições financeiras (Lei n. 11.727, de 23.6.2008). 
Em termos de apuração da base de cálculo, em regra a CSL segue as normas relativas ao Imposto 
de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ. Assim, empresas que apuram o IRPJ em regimes especiais 
também terão regime especial para apuração da CSL. É o caso das empresas sujeitas a lucro 
presumido ou a lucro arbitrado, que são formas de apuração menos complexas do que a do 
chamado “lucro real” e aplicáveis a micro, pequenas e médias empresas, cuja base de incidência não 
é o lucro líquido apurado, mas percentual da receita bruta, qual 12% para lucro presumido e 32% 
para lucro arbitrado, permanecendo a mesma alíquota de 9%. 
 
1.4 – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e 
Empresas de Pequeno Porte – Simples 
Art. 179 da Constituição 
Lei n. 9.317, de 5.12.96 
Lei Complementar n. 123, de 14.12.2006 
Lei n. 10.034, de 24.10.2000 
 
20 
 
É de se registrar, porquanto atinge número considerável de pessoas jurídicas, que as formas de 
recolhimento antes tratadas sofrem drástica alteração em se tratando de microempresas e empresas 
de pequeno porte, porquanto abrangidas por sistema especial de apuração de seus tributos 
instituído pela Lei n. 9.317, de 5.12.96, e atualmente regulado pela Lei Complementar n. 123, de 
14.12.2006, conhecido como Simples Nacional. 
Por esse sistema, as empresas recolhem por alíquota única, aplicada sobre a receita bruta, diversos 
tributos federais e estaduais aos quais estão sujeitas, entre eles as contribuições sociais, inclusive 
previdenciárias patronais (art. 13). Excluem-se as contribuições previdenciárias retidas dos 
segurados (§ 1º, IX). 
As alíquotas são estabelecidas conforme o ramo de atividade e montante da receita bruta das 
pessoas jurídicas, na forma dos anexos da Lei Complementar, variando de 4 a 22,9% dessa base. 
 
2 – Contribuição dos trabalhadores 
A Constituição prevê contribuição da parte do “trabalhador e demais segurados da previdência”, na 
redação dada ao inciso II do art. 195 pela EC n. 20/98. Igualmente, a alteração da redação veio a 
dar maior amplitude a essas contribuições, antes previstas apenas em relação aos “trabalhadores”

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