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0 KARINE RODRIGUES DE ARAÚJO A MULTIPARENTALIDADE E O DIREITO CIVIL: ALIMENTOS, GUARDA E SUCESSÃO PATOS DE MINAS 2014 1 KARINE RODRIGUES DE ARAÚJO A MULTIPARENTALIDADE E O DIREITO CIVIL: ALIMENTOS, GUARDA E SUCESSÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em direito pelo Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM, sob a orientação da professora Ms. Morisa Martins Jajah. PATOS DE MINAS 2014 2 COMISSÃO JULGADORA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de graduação em Direito Presidente e orientador (a): Ms. Morisa Martins Jajah Examinador(a):__________________________________________________________ Examinador(a):__________________________________________________________ PARECER FINAL DO ORIENTADOR: ( ) Autorizo depósito, sem ressalvas ( ) Autorizo depósito, com ressalvas ( ) Não autorizo o depósito Ressalvas: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Data:____/____/2014 Assinatura: _______________________________________________ 3 AGRADECIMENTOS O incentivo, o carinho e a dedicação de algumas pessoas foram essenciais ao longo dessa caminhada. Não há nada nessa vida que se faça sem o apoio daqueles que estão próximos a nós e dispostos a dedicar o seu tempo, para não nos deixar desistir nunca e mostrar sempre que há novos caminhos e novas formas de superar todos os desafios. Agradeço primeiramente a Deus, centro e fundamento de tudo, por ter me guiado durante esta trajetória, orientado e abençoado todos os meus passos, e a cada momento ter renovado minhas forças e sabedoria e principalmente ter propiciado coragem para lutar sempre. A minha família, por acreditar em mim todos os dias, em especial aos meus pais Marli e Adelson que são responsáveis por tudo que sou hoje. Mãe, seu cuidado e dedicação, em muitos momentos significaram segurança e certeza de não estar sozinha nessa caminhada. A minha irmã Karol, que de forma especial e carinhosa sempre esteve ao meu lado, disposta a ouvir e incentivar sempre, por muitas vezes só seu sorriso e carinho serviram como incentivo fundamental nos meus dias. Ao meu namorado, Alexandre, por todo carinho, amor, dedicação e principalmente paciência, por ter compartilhado todas as alegrias e tristezas. Por transmitir sempre sabedoria e cuidado. A minha orientadora, professora Morisa Martins Jajah, por fazer parte da construção desse trabalho, pelo tempo dedicado, e pelas dicas passadas. E aos demais docentes que fizeram parte de toda trajetória acadêmica. A todos aqueles que de alguma forma estiveram ao meu lado ao longo dessa caminhada, e que com palavras e gestos, foram incentivadores. 4 “Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...”. (Carlos Drummond de Andrade) 5 A MULTIPARENTALIDADE E O DIREITO CIVIL: ALIMENTOS, GUARDA E SUCESSÃO Karine Rodrigues de Araújo 1 SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 A evolução jurídica e social do conceito da família. 3 O afeto como instrumento jurídico. 4 A filiação: biológica, afetiva e multiparental. 5 Aspectos controvertidos da multiparentalidade. 5.1 Alimentos. 5.2 Direito a guarda e visita. 5.3 Direitos sucessórios. 6 A averbação da multiparentalidade.7 Conclusão. Referências. RESUMO: O presente artigo expõe as diversas mudanças ocorridas no ordenamento pátrio atual, que nem sempre tem acompanhado as diversas reformulações cotidianas e consequentemente à reformulação do núcleo familiar. Essencialmente em de tratando da relação familiar, relacionada à afetividade utilizada como instrumento jurídico e aplicada como princípio aliada a questão da dignidade da pessoa humana. A filiação nos seus mais variados conceitos biológicos, afetivos e multiparental. Com intuito ainda de demonstrar quais principais argumentos para aplicabilidade da multiparentalidade, e suas várias consequências práticas para prestação de alimentos, disponibilidade da guarda, direito a visita e sucessão, desde a evolução jurídica e sociológico-filosófica do instituto familiar. PALAVRAS-CHAVE: Família. Afetividade. Multiparentalidade. Filiação. Direito das Famílias. 1 INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea passou por diversas transformações de cunho social, e o instituto da família não ficou fora dessas mudanças. O direito civil, regulador de grandes questões relevantes também foi impactado pelas mudanças contemporâneas e assim até mesmo o conceito clássico e estrito de família passou a admitir novas conceituações práticas e a trazer novas discussões jurídicas. A transformação das relações pessoais na atualidade, que nem sempre vem sendo acompanhadas pelo sistema jurídico brasileiro vigente, e em meio a novas conceituações surgiu o instituto da multiparentalidade ou também conhecida como tripla filiação, trata-se de tema emblemático, inovador no sistema jurídico brasileiro e com uma série de lacunas legais, que só podem ser superadas dia após dia através de estudos, interpretações e novos entendimentos. Um dos maiores questionamentos a respeito do tema é qual seria o argumento que autorizaria a aplicabilidade do novo instituto. O modelo de sociedade atualmente dotado de alta mutabilidade faz com que o ordenamento pátrio encontre dificuldades para acompanhar todas as mudanças, a falta de previsão legal do instituto que apesar de ser tão comum, fez com que surgissem novas 1 Graduanda do 8° Período de Direito do Centro Universitário de Patos de Minas- UNIPAM, sob orientação da professora Ms. Morisa Martins Jajah. 6 necessidades e nesse cenário os operadores do direto passaram a analisar as diversas possibilidades legais que pudessem regulamentar definitivamente essas mudanças, fazendo uso da analogia, dos princípios constitucionais e dos princípios que norteiam a aplicabilidade do direto de família. O estudo da multiparentalidade utilizou do método dedutivo bibliográfico através de pesquisas doutrinárias, jurisprudenciais, bibliográficas e nos institutos legais pertinentes existentes com intuito de construir uma série de argumentos sólidos que possam tratar de forma coerente essa nova acepção do direito. Dessa forma, por ser um tema ainda novo e polêmico faz-se necessário a análise do instituto e das muitas consequências inseridas no ordenamento jurídico, tema que se tornou objeto desse artigo. 2 A EVOLUÇÃO JURÍDICA E SOCIAL DO CONCEITO DA FAMÍLIA O reconhecimento jurídico social da entidade familiar em tempos arcaicos sempre foi feito levando em consideração a formação unicamente por laços biológicos hereditários, e composta necessariamente por seus cônjuges e descendentes. Essa concepção clássica foi quebrada junto com a evolução da sociedade moderna, que passou a admitir novos institutos e a constituir uma nova disposiçãoda família, novas estruturas em curso. A evolução do conceito de família está intimamente ligada com todos os fenômenos sociais. Antes mesmo, que a família ganhasse ares de compreensões sociológicas e filosóficas, família era conceituada unicamente como aquele grupo da sociedade que tinha como finalidade principal a percepção de fins patrimoniais. Um grupo formado por homens, mulheres e crianças, ligados por uma linha sucessória que compunham a sociedade da época. A ruptura dessa concepção clássica e a construção de novos valores provocaram na sociedade grandes mudanças, superando uma antiga concepção do apenas ter, e passando viger a concepção do ser, o que modernamente é denominado de a constitucionalização do direito civil. Nas palavras do autor Cristiano Cassettari “o direito civil e o direito constitucional são interpretados conjuntamente para se promover uma integração simbiótica entre a Lei Maior e a Legislação civilista.”. (2014, p. 20) A evolução jurídica do instituto da família esta ligada diretamente a grande capacidade de mutação que o homem possui, novas descobertas, estudos e valores proporcionaram grandes avanços e fez com que surgissem nesse novo cenário à figura do 7 afeto na união dos laços familiares. Logicamente, o contexto histórico em que se encontra o homem na atualidade sempre influenciará novas acepções e conceitos. Grandes mudanças já são visíveis sem muito esforço, à família deixou de ser a finalidade desejada por todos e passou a ser o meio para novos desejos, esse instituto passa assim a ter papel de sustentação, vista na atualidade como uma base da sociedade suscetível de mudanças, e não mais sob a ótica da unidade imutável dos séculos passados. Todas as mudanças tecnológicas, científicas e valorativas tem forte influência na reestruturação do núcleo familiar da modernidade. O mundo ganhou uma nova concepção contemporânea e a família contida como base da sociedade não poderia ficar fora dessa mudança. Muito certamente, a família sendo o início de toda a formação da sociedade, pode ter sido a grande impulsionadora de todas as mudanças sociais, que hoje são cada vez mais evidentes. A unidade familiar, dessa forma pode ser entendida como o mecanismo provocador e influenciador de mudanças e também como o instituto que sofre com essas mudanças. A estrutura familiar clássica de antes, agora chamada de família contemporânea, deixou de se prestar a uma visão estritamente linear, passando a admitir novas formas, novas interpretações, e assim como a sociedade agora admitindo todo novo tipo de formação. O antigo sistema onde o poder familiar estava concentrado na figura patriarcal foi substituído por um sistema democrático, igualitário e moderno que passa a admitir inúmeros tipos de mudanças. Com essa gama de mudanças, passando a família também a fazer parte do sistema democrático vigente no ordenamento brasileiro, passa a ser protegida pelos chamados princípios e garantias inerentes a pessoa humana. A família é à base da sociedade contemporânea e a ofensa a este instituto passa a ser também uma violação clara e grave a Carta Magna. A partir desse ponto, a unidade chamada de família passa observar referenciais básicos contidas na Lei Maior, não só brasileira, mas de uma forma geral, buscando legislações esparsas que passam a ter papel inovador nesse novo contexto. Tornar-se evidente a aplicabilidade de alguns princípios básicos que passam a ter papel protetivo do instituto familiar. O legislador da constituinte de 1988, apenas positivou aquilo que já era evidente na sociedade, propiciou a proteção jurídica da família. Foi a partir da positivação da proteção da entidade familiar, que se tornou possível o reconhecimento da característica pluralista da família. Essa também é outra característica da constitucionalização do direito civil, que passa a abranger os direitos fundamentais. 8 A família moderna que pode ser chamada, com propriedade de uma entidade plural, passa a ser orientada pela dignidade da pessoa humana encontrada no artigo 1°, inciso III da Constituição Federal de 1988, pelo princípio da isonomia que retrata a questão de direitos e deveres entre homens e mulheres, essencialmente das relações privadas e consequentemente ao tratamento igualitário de todos os filhos, positivado no artigo 5°, caput da Constituição, traz ainda a solidariedade social prevista no artigo 3°, I, da Carta Magna e a afetividade como um dos mais inovadores princípios. Essa tríade de princípios é utilizada pelo autor Flávio Tartuce (2005, p.65). Todos os institutos vigentes passaram a tutelar a proteção da unidade familiar em todas as suas formações, passando a figurar todos os direitos da pessoa humana como ápice para qualquer discussão existente. A importante tese do autor Gustavo Tepedino vai de encontro a essa linha moderna e assim assevera “a pessoa humana, o desenvolvimento de sua personalidade, o elemento finalístico da proteção estatal, para cuja realização devem convergir todas as normas de direito positivo, em particular aquelas que disciplinam o direito de família, regulam as relações mais intimas e intensas do indivíduo no social. (1999, p. 328)” A própria Constituição Federal de 1988, alterou o conceito de família superando a visão civilista clássica e demonstrando a nova linha de evolução no artigo 226, parágrafo 4º passando a prever garantias constitucionais a entidade familiar e permitindo a concepção da família como todo aquele grupo familiar formando por seus descendentes, e permitindo atingir novas linhas de interpretação. 3 O AFETO COMO INSTRUMENTO JURÍDICO Atualmente, o afeto é o princípio que norteia as novas relações familiares. A palavra afeto deriva do latim affectus é uma característica nata aos seres humanos e se apresenta em cada um de uma forma e intensidade distintas, o filósofo Nicola Abbagnano definiu afeto da seguinte forma: Corresponde às emoções positivas e exclui o caráter exclusivista e dominante da paixão. Designa um conjunto de atitudes, como a bondade, a benevolência, a inclinação, a devoção, a proteção, o apego, a gratidão, a ternura etc., que no seu todo pode ser caracterizado como a situação em que uma pessoa preocupa-se ou cuida de outra pessoa. (2000, p.21) 9 É o afeto que permite a caracterização das diversas entidades familiares, moldadas das mais diversas formas e constantemente em mudança. Foi principalmente em detrimento da revolução industrial que foi superada aquela formação clássica do modelo familiar, pautado na visão religiosa e econômica e transformado em um modelo que permite a visualização de algumas características inerentes ao ser humano, porém, tratadas de forma obscura em outros tempos. A sociedade impactada com todas as mudanças sociais, econômicas e principalmente com a mudança de interpretação, passou a prestar-se a questões da moralidade, da ética e principalmente da afetividade. O envolvimento da constituição do núcleo familiar com as questões éticas, morais e afetivas, propiciou a formação de uma formação familiar diversa, ou melhor, dizendo de uma diversidade de formações familiares. A formação familiar superou apenas a aproximação por interesses e passou a ser emanada de espontaneidade. Essa intenção foi até mesmo exposta no preâmbulo da Constituição Federal de 1988 quando bem menciona que a formação do estado democrático, irá assegurar direitos sociais, individuais, a liberdade, o bem-estar, a harmonia, a sociedade fraterna e essencialmente a igualdade. O afeto não encontra qualquer respaldo expresso na legislação pátria, mas pode ser observado nas legislações esparsas, implicitamente quando passaa reconhecer a igualdade entre todos os filhos, sejam biológicos e através de adoção (afetivos), o reconhecimento da união estável, da família homoafetiva e o reconhecimento de outras diversas formas de constituição da família que têm como escopo principal o afeto. Alusões ao chamado princípio da afetividade podem ser encontradas na Carta Magna, no Código Civil de 2002, no Estatuto da Criança e do Adolescente e em outras legislações extravagantes. Já presente em outras formações familiares afetivas muito comuns, o afeto é característica fundamental para consideração da multiparentalidade, uma nova formação da família, pautada necessariamente em relações emanadas de afeto, ou seja, circundadas em sentimentos. O afeto pode ser tratado como um requisito básico e essencial para a existência não só da multiparentalidade, mas de qualquer outra forma de relação socioafetiva. Há inclusive uma diversidade de julgados dos tribunais brasileiros, que dispõem exatamente nessa linha de que a afetividade é requisito básico e indispensável para caracterização de parentalidade socioafetiva. O laço de afetividade existente entre pessoas pressupõe a existência de uma relação harmoniosa e voluntária, que une um grupo de pessoas através da afeição superando aquela antiga característica unicamente hereditária. Afirmar hoje, que há um nítido fenômeno de superação da ligação de parentes estritamente por laços biológicos, não quer dizer que 10 haverá um desmerecimento a filiação biológica ou que está será sempre o elo frágil da relação, fazer essa afirmação na sociedade contemporânea é visualizar a possibilidade de coexistência harmoniosa entre filiação biológica e afetiva, sem que para existência de uma, haja necessidade de exclusão da outra. E em razão do valor do afeto não só no ordenamento pátrio, mas na sociedade Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus Maluf afirma “em razão da importância da afetividade, na pós-modernidade o afeto passou a ser considerado um valor jurídico, que permeia diversas relações jurídicas, notadamente no campo do direito de família” (2012, p.20). Em se tratando o afeto como um princípio, tal qual qualquer outro princípio tutelado na legislação brasileira, é abrangido como uma norma jurídica fundamental tutelada na Constituição. Os princípios no ordenamento brasileiro servem como norteadores da aplicabilidade das normas que são positivadas, pois, são tão importantes quanto às normas encontradas positivadas. O afeto traduz em um único conceito a junção abrangente do princípio da solidariedade e da dignidade da pessoa humana, princípios estes indispensáveis à organização social. A conceituada jurista Maria Berenice Dias, leciona que: “O afeto não é fruto da biologia. Os laços de afeto e de solidariedade derivam da convivência familiar, não do sangue.” (2007, p.68). 4 A FILIAÇÃO: BIOLÓGICA, AFETIVA E MULTIPARENTAL O mais clássico dos conceitos de parentesco hoje mencionados, é a filiação que em linha gerais, nada mais é do que o vínculo existente entre pais e filhos. Contudo, essa definição nem sempre foi fácil e concisa. Antes do advento da Constituição Federal de 1988, havia uma realidade que fazia distinção entre filiação legítima e ilegítima, definições estas que poderiam ser encontradas no Código Civil de 1916, que traziam inúmeras consequências jurídicas e sociais. Através dos conceitos tragos pelos legisladores ao longo do tempo, é que foi possível chegar hoje a definições mais precisas que caminham em direção à igualdade. O Código de 1916 dedicava um capítulo único de sua obra para tratar a respeito da legitimação da filiação. Importante ressaltar esses conceitos que foram impulsionadores das mudanças hoje visíveis, que através do tempo foram impulsionadoras, alavancado e ampliando a visão não só dos legisladores, mas de estudiosos e juristas que causam reflexos até hoje na legislação vigente. 11 O Código de 1916 no intuito de buscar respaldo jurídico na classificação da legitimidade da filiação traduziu uma técnica adotada no direito romano chamada de pater is est quem nuptia demonstrant, que presumia a filiação em decorrência da união através do matrimônio devidamente constituído. Os filhos havidos dentro da constância do matrimônio, através das núpcias eram tidos como legítimos aqueles que não fossem dessa forma eram tidos como ilegítimos; característica essa que implicava em grandes consequências jurídicas para a época principalmente com relação à sucessão dos bens do de cujus. A evolução científica, jurídica e principalmente social superou essas classificações clássicas e na vigência de um novo código de leis trouxe o princípio da igualdade dos filhos expresso no artigo 1596 do Código Civil Brasileiro que assim dispõe: “os filhos havidos ou na da relação de casamento, ou por adoção terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Para fins didáticos, a doutrina traz algumas conceituações importantes de serem analisadas, já que a evolução visualizada hoje está intimamente ligada à interpretação extensiva que é feita tendo como base os dispositivos do novo Código. Apesar da grande evolução de pensamento, nem todos os paradigmas foram superados e nesse contexto muitas situações possíveis de acontecer, ainda não são previstas, situações que ficam a cargo de legisladores, juristas e estudiosos tentarem solucionar. Para a mais abalizada doutrina a filiação hoje, seria decorrente do liame dos laços biológicos ou através do instituto da adoção, hipóteses que contam com previsão taxativa no ordenamento jurídico brasileiro. Nesse sentido Maria Helena Diniz dispõe: Filiação é o vínculo existente entre os pais e filhos, podendo ainda ser uma relação socioafetiva entre pai adotivo e institucional e filho adotado ou advindo de inseminação artificial, ou seja, a filiação biológica hoje não detém a supremacia sobre a filiação afetiva, como bem salienta. (2007, p. 420-421). Apesar do ordenamento jurídico já permitir de forma expressa a chamada filiação afetiva para alguns casos, surge nesse meio à chamada filiação multiparental, fruto desse trabalho e também conhecida como tripla filiação, que se trata de um liame afetivo entre pessoas que formam uma relação de filiação, o que poderia chamar-se de um parentesco psicológico, sem que para isso tenha que haver a exclusão da maternidade ou paternidade biológica da certidão de registro civil, coexistindo assim no registro civil a existência da figura de mais de um pai ou de uma mãe. Em linhas gerais nada mais é do que uma nova forma de visualizar a família moderna, agora com a possibilidade de ser composta não 12 somente por laços biológicos, mas também por laços afetivos, sem que para isso seja necessário remover os pais biológicos da certidão registro civil. E partindo desse princípio Renata de Almeida e Walsir Rodrigues assim afirmam: Em síntese: parece permissível a duplicidade de vínculos maternos ou paternos filiais, principalmente quando um deles for socioafetivo e surgir, ou em complementação ao elo biológico ou jurídico preestabelecendo, ou antecipadamente ao reconhecimento de paternidade ou maternidade biológica. (2010, p.383) A concepção da multiparentalidade traz consigo adeptos, estudiosos e doutrinadores, que ainda têm dúvidas no tratamento da questão. Essa capacidade de mutabilidade da sociedade, cada vez mais rápida e dinâmica, impossibilita que o ordenamento jurídico acompanhe todas as mudanças ocorridas, a falta de previsão legal do instituto que apesar de ser tão comum fez com que surgissem novas necessidades e nesse cenário os operadoresdo direto passaram a analisar as diversas possibilidades legais que pudessem regulamentar definitivamente essas mudanças, fazendo uso da analogia, dos princípios constitucionais e dos princípios que norteiam a aplicabilidade do direto de família. Apesar de se tratar de um assunto corriqueiro no dia a dia, a multiparentalidade não encontra qualquer respaldo legal, e traz uma série de consequências jurídicas, tais como a ampliação da linha de parentesco, a inclusão do sobrenome de todos os genitores citados na certidão de registro, prestação de alimentos dos pais biológico e afetivos, direito de visita, alteração na linha sucessória entre outros. O primeiro caso noticiado no Brasil de Multiparentalidade aconteceu na cidade de Ariquemes no Estado de Rondônia em março de 2011. Que assim foi noticiado na revista exame que um homem, cuja identidade não pode ser revelada, havia registrado uma menina como se fosse sua filha, mesmo sabendo que o pai era um ex-companheiro da mulher. Tempos depois, o pai biológico passou a se relacionar com a filha e entrou com ação para ter seu nome no registro. A promotora do caso propôs então o afeto, como base para solucionar a lide, assim os dois deveriam ser postos na certidão de nascimento. (BOTTINI, 2013) 5 ASPECTOS CONTROVERTIDOS DA MULTIPARENTALIDADE A possibilidade de coexistência de dois pais, ou duas mães, em uma relação familiar traz algumas dúvidas com relação aos direitos e deveres existentes entre os entes 13 formadores da família, principalmente em relação à aplicabilidade dos dispositivos do Código Civil. A emancipação prevista no artigo 5° do Código Civil é feita mediante consentimento dos pais, a existência de três ou mais genitores provoca um questionamento, qual dos genitores poderia autorizar a emancipação voluntária? Por consequência de análise do dispositivo legal conclui-se que todos os três ou mais genitores existentes deverão autorizar e que em caso de desautorização de algum, nos termos do artigo 1631 do Código Civil, a questão deverá ser solucionada judicialmente. Outra questão complexa, encontrada no ordenamento é com relação à autorização ao menor de 18 anos que deseja casar e necessita de autorização dos genitores. Partindo dessa premissa da emancipação, aplicará consentimento de todos e em caso de divergência haverá aplicabilidade do artigo 1631 do Código Civil. Ainda assim, o Código de Processo Civil, traduz a regra que em caso de absolutamente incapazes serão representados, em caso de relativamente incapazes serão assistidos, e em se tratando de uma relação com três os mais genitores, aplicando o artigo 8° do Código Civil, o menor será assistido ou representado por qualquer de seus pais quando litigar em juízo alguma pretensão, ou necessitar de acompanhamento de representação ou assistência legal. Ante a aplicabilidade das regras do Codex, aos casos de multiparentalidade, poderia ser feito análise minuciosa de cada artigo, contudo, se faz desnecessária tal análise, já que se constata que será sempre respeitado o melhor interesse do menor ou dos entes que compõe a relação familiar, ou ainda o bom senso aplicado no caso prático. Além dos questionamentos, já mencionados, questões relacionadas à prestação de alimentos, a guarda e sucessão merecem análise. 5.1 ALIMENTOS Casos de multiparentalidade desde sua formação envolvem em suas relações a vontade livre das partes e principalmente o afeto. O reconhecimento jurídico da multiparentalidade cria um laço afetivo, e cria junto consigo um laço jurídico provedor de direitos e deveres a todos os interessados na relação, trazem assim, à discussão todos aqueles direitos e interesses a criança e a pessoa humana. Analisando superficialmente a questão da obrigação de prestar alimentos no ordenamento jurídico brasileiro, é possível concluir desse modo, que o artigo 1694 do Código Civil, ao tratar o tema, o traz de forma concisa, contudo há no ordenamento pátrio 14 entendimento já aceito por grande parte dos estudiosos que se pauta no enunciado do Conselho de Justiça Federal de número 341 que dispõem da seguinte forma: Art. 1696. Para fins do artigo 1696, a relação socioafetiva pode ser elemento gerador de obrigação alimentar. Além do mais, a Constituição Federal bem expõem que os pais têm o dever de assistir, educar e criar os filhos menores e que os alimentos são recíprocos, ou seja, aos filhos cabe também a obrigação de prestar alimentos em caso de necessidade dos pais. A prestação de alimentos, logicamente é sempre pautada em observância do binômio possibilidade e necessidade. A multiparentalidade propicia ao menor uma abrangência na relação de parentesco juridicamente falando e possibilita ao filho menor o direito de pedir alimentos a qualquer um dos pais, em consonância com o princípio do melhor interesse do menor, que conta com previsão expressa no Estatuo da Criança e do Adolescente. Impossível encontrar argumentos que sejam capazes de afastar a obrigação alimentar para com os filhos havidos dentro de uma relação multiparental. No ordenamento, seja na constituição ou nas demais legislações esparsas só encontram-se elementos capazes de comprovar que não há distinção com relação a filhos legítimos, ilegítimos, adotivos, afetivos e etc. Há ainda no ordenamento a forte presença de jurisprudências e recentes julgados que dispõem nesse sentido que a partir do momento do reconhecimento da relação multiparental todos os pais passam a ter direitos e deveres iguais e consequentemente os demais entes que compõem a relação de parentesco. 5.2 DIREITO A GUARDA E VISITA A multiparentalidade traz aos filhos maiores ou menores todos aqueles direitos inerentes à filiação. Não seria diferente ao tratar da questão da guarda e consequentemente do direito de visita. A evocação da guarda nesses casos poderá ocorrer de diversas formas, nas suas diferentes espécies. O direito a visita e guarda, apresenta-se muito antes como uma questão básica a relação familiar que é a simples convivência não só aos pais, mas a qualquer outro parentesco afetivo, avós, irmãos, madrasta, padrasto, entre outros. A convivência e o envolvimento dos filhos com todos os seus pais, será fator determinante para a formação pessoal e da personalidade deste. A guarda poderá se dar de forma unilateral, forma mais comum hoje encontrada que é atribuída a um dos pais, que tem o dever de propiciar ao filho educação, criação, saúde, segurança, afeto e principalmente convivência com os demais pais. Poderá ainda ser a guarda 15 compartilhada, ou seja, aquela concebida de forma conjunta entre todos os pais e impondo a todos portando a obrigação de zelar pelos direitos básicos ao menor. A tendência hoje é que sempre que possível será imposta a guarda compartilhada que propicia ao menor o direito a convivência de maneira mais ampla. Tanto a guarda unilateral, quanto a guarda compartilhada poderão ser requeridas por quaisquer dos pais, ou decretada pelo juiz mediante as necessidades do menor observando sempre a questão da convivência. Definida a guarda aplicada para cada caso, observar- sê-a o direito de visita àquele que não figura como detentor da guarda, que poderá visitar o filho, acordando com o possuidor da guarda dias e melhores horários ou segundo a definição que o magistrado faça. O direito a visita também é fator extensivo aos avós segundo determinação e observando o interesse da criança. 5.3 DIREITOS SUCESSÓRIOS A Constituição Federal, no seu artigo 5°, inciso XXX, trata o direito à herança como uma cláusula pétrea, e o artigo 227,§ 6º proíbe a descriminação de filhos havidos, ou não da relaçãodo casamento, adotivos ou por quaisquer outros meios. Desses dispositivos poderia concluir simplesmente, que resguardado os direitos iguais entre todos os filhos, todos teriam diretos sucessórios iguais, mesmo em caso de multiparentalidade. Ainda, assim Maria Berenice Dias dispõe que a supremacia do principio da igualdade alcançou também os vínculos de filiação, ao ser proibida qualquer designação discriminatória com relação aos filhos havidos ou não da relação de casamento ou adoção. (2007, p. 62) A sucessão pode ser de forma legítima, ou seja, todos os filhos são automaticamente sucessores do de cujus, sem haver exclusão ou diferenciação de biológicos e afetivos, e também poderá ocorrer através do testamento. Há julgados demonstrando o reconhecimento pacífico da sucessão multiparental, como ainda se trata de tema novo e em discussão não há grande quantidade de casos práticos. Mas, defendendo essa tese Francisco José Cahali assim afirma: “hoje, o status filho, é o que basta para a igualdade de tratamento, pouco importando, se fruto ou não do casamento de seus pais e independentemente do estado civil dos progenitores” (2012, p. 176). Talvez, a maior controvérsia com relação à sucessão, estaria ligada aquele filho que após muitos anos, vêm requerer a concessão da multiparentalidade, se este teria direitos iguais com relação aos outros, e nessa linha a Súmula do STF n° 149 de 13 de dezembro de 16 1963 assim dispõe: é imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança. Ou seja, não há limite de tempo para que o filho possa requerer a paternidade. A multiparentalidade também pode ser reconhecida post mortem, quando comprovado for que o ente falecido possuía forte relação afetiva, harmoniosa e voluntária, além de detentor da posse do estado de filho, o que é indício suficiente para declaração da existência da relação e consequentemente transmissão dos direitos sucessórios. 6 A AVERBAÇÃO DA MULTIPARENTALIDADE O reconhecimento da multiparentalidade, como já mencionado exige necessariamente o consenso de todos os envolvidos e existência dos requisitos básicos, quais sejam afeto, convivência e harmonia. Esses requisitos se fazem necessários exatamente porque o reconhecimento de uma nova relação trará consequências jurídicas. Existente uma relação fática de multiparentalidade, a legitimidade para litigar em juízo o reconhecimento do vínculo afetivo é do filho, da mãe e do pai (afetivos). Em caso do falecimento do titular do direito, o terceiro estará legitimado a participar do polo ativo, quando o reconhecimento do vínculo não foi realizado em vida, e este provar a convivência com o parente, sem que exista no intuito de obter vantagem patrimonial. A ação proposta para o reconhecimento da multiparentalidade nas palavras do autor Chistiano Cassettari “poderá ser em ação própria (declaratória de paternidade ou maternidade socioafetiva), e, também incidental em outra ação judicial cível, sendo ela de família ou não, e até trabalhista ou eleitoral.” (2014, p. 186). Ante o reconhecimento da multiparentalidade para que está provoque efeitos erga omnes, ou seja, para terceiros, haverá necessidade de algumas formalidades consubstanciadas na lei 6.015/1973 (Lei dos Registros Públicos), que estabelece que antes de averbada a sentença judicial não produzirá qualquer efeito contra terceiros. Destarte, o inciso II, artigo 10 do Código Civil, prevê a averbação em registro público de atos judiciais ou extrajudiciais que declarem o reconhecimento da filiação. É o registro civil das pessoas naturais que tem capacidade para armazenar e registrar toda história do indivíduo, tratando, o nome a personalidade jurídica e a parentalidade. O grande questionamento existente no ordenamento jurídico é em caso de multiparentalidade, existência de dois pais ou duas mães, em razão da estrutura da certidão de nascimento, como o documento seria feito, e nesse ponto o Conselho Nacional de Justiça em 17 seu provimento 2, de 27 de abril de 2009, foi alterado pelo provimento 3, de 17 de novembro de 2009, padronizando todas as certidões em todo o país, substituindo os campos onde anteriormente constavam pai e mãe, por filiação, e o campo de avós maternos e paternos pelo campo, avós, tão somente, sendo superado qualquer impasse registral. Reconhecida a multiparentalidade em juízo, o juiz determinará a expedição de mandado de averbação ao Oficial do Cartório de Registro Civil, determinando que seja incluído no registro o nome do pai ou da mãe, reconhecidos, possuindo a partir da averbação a publicidade do ato. 7 CONCLUSÃO Apesar da existência de diversas normas reguladoras das relações pessoais, seria impossível a existência de normas suficientes para prever todas as formações que surgem na sociedade atual. As normas jurídicas podem prever questões estritas com relação aos direitos e deveres dos entes do núcleo familiar, mas não detém capacidade postulatória para coercitivamente provocar o sentimento do amor e da afetividade em qualquer pessoa. Exatamente em função de quesitos que não podem ser tutelados pela norma jurídica é que surge a multiparentalidade, a formação familiar ligada por laços afetivos e principalmente de comum acordo entre todas as partes envolvidas. Logicamente, diante de uma nova formação familiar, o direito não poderia simplesmente virar as costa para a questão, que traz fortes consequências quando tratadas no âmbito dos direitos a alimento, guarda e sucessão. Nesse sentido desenvolveu o presente estudo, que percorreu de forma sucinta os aspectos inerentes a multiparentalidade, que tinha como objetivo apresentar o principal argumento para aplicabilidade da multiparentalidade, qual seja a consideração da afetividade como princípio norteador do direito de família e formador de novas formas de entidades familiares, e da igualdade das parentalidades biológicas e afetivas, sem existência de qualquer hierarquia. Uma filiação não irá sobrepor à outra, havendo existência harmoniosa. Apesar da pequena quantidade de estudos a respeito do tema, que ainda é novo e trará inúmeros questionamentos, já é nítido que aplicabilidade do novo instituto só fortalecerá o ordenamento pátrio, permitindo que aquele que opte pela multiparentalidade possa requer alimentos a qualquer dos pais, e ter direito de convívio com todos, e que quando venha a tornar-se herdeiro que seja tratado igualitariamente. 18 Mais importante que qualquer outra questão até aqui tratada, é a questão do amor e da preservação e incentivo ao laço afetivo, aquele que for fruto do instituto da multiparentalidade terá direitos e deveres em dose dupla, tal qual carinho e cuidado, demonstrando que os laços biológicos e afetivos podem conviver pacificamente e contribuir na formação de crianças, jovens e adultos. Contudo, ainda é um instituto novo que não conta com qualquer regulamentação legal própria, dessa forma, a legislação atual é omissa, lacunas essas que só serão preenchidas com o decorrer do tempo, com ocorrência de mais casos e estudos constantes da área do direito das famílias. REFERÊNCIAS ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ALMEIDA. Renata Barbosa de. RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson. Direito Civil: famílias. Editora Lemem Juris, 2010. Rio de Janeiro. BOTTINI FILHO, Luciano. Certidão de nascimento passa a admitir dois pais e uma mãe. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/certidao-de-nascimento-passa-a- admitir-dois-pais-e-uma-mae>. Acesso em: 17 set. 2014. BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Provimento n° 2 e 3. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/images/stories/docs_corregedoria/provimentos/provimento_02.pdf>,Acesso em 15 de outubro de 2014. BRASIL. Lei n.º 6.015 de 31 de dezembro de 1973. 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