Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
I - Definição de contrato Acordo vinculativo resultante da fusão de duas ou mais declarações de vontades contrapostas, mas harmonizáveis entre si, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes. Antunes Varela II - Análise da definição A - Princípio Voluntarista "Acordo vinculativo" O contrato é diferente do instrumento que o corporifica. A definição de Antunes Varela advém do direito civil moderno e está ligada a um princípio voluntarista. O século XIX foi marcado pelo chamado pelo voluntarismo jurídico. Assim a declaração de vontade era a base de todo o direito moderno. Foi nessa época que o direito liberal consolidou- se , que a burguesia ascendeu ao poder e a economia era livre. A definição do contrato como um acordo de vontades, está hoje, relativizada. Hoje há uma séries de contratos onde a vontade não prevalece. Por exemplo, os contratos de adesão, que é uma técnica de contratação. Um banco tem maior força na contratação com um cliente. Há também o fenômeno da contratação eletrônica, através da internet. Claudia Lima Marques, escreveu um livro sobre contratos eletrônicos, e ela diz que, nesse tipo de contrato, ocorre a desumanização contratual. Pois as partes nunca se encontraram pessoalmente, e muitas vezes contrato ocorre com um site. Nesse tipo de contrato a mitigação do elemento vontade é maior. Mas isso ocorre porque a sociedade requer forma mais simplificada e rápida de contratar. E a maioria dos contratos são de adesão, pois a sociedade é uma sociedade de massa. São grandes empresas contratando com grandes massas de consumidores. B - Negócio Jurídico Bilateral "Fusão de duas ou mais declarações de vontades contrapostas" O contrato é caracterizado pelo acordo de duas ou mais vontades. Se houver uma única vontade não há contrato. Por isso o contrato é diferenciado das outras formas de negócios jurídicos. O contrato é uma forma dos particulares regularem suas próprias vontades e interesses. De acordo com a classificação dos negócios jurídicos, existe o NJ unilateral que é aquele que se compõe de uma única vontade. E existe o NJ bilateral que é aquele que se compõe de duas ou mais vontades e nessa espécie encontramos o contrato. O testamento é um negócio jurídico unilateral, por isso não é contrato. A promessa de recompensa é um negócio jurídico unilateral, por isso não é contrato. Mas dizer que o contrato é um negócio jurídico onde ocorre a fusão de uma ou mais vontades não é suficiente para caracteriza-lo. A convenção de condomínio é uma fusão de vontades que não é contrato. Pois na convenção de condomínio as vontades declaradas não estão contrapostas e sim no mesmo sentido. Assim como os instrumentos constitutivos de uma sociedade anônima. C - Mútuo Consentimento "Harmonizáveis entre si" Mas duas ou mais vontades contrapostas não formam o contrato. Se José quer comprar e Antônio quer vender, ainda não temos contrato. É necessário que José queira comprar o que Antônio está vendendo. Esse encontro de vontades é chamado de consentimento. A rigor todo consentimento é mútuo, mas há casos em que se usa a palavra consentimento para expressar uma única vontade, por exemplo quando a esposa dá o consentimento 1 Noções introdutórias quarta-feira, 31 de julho de 2013 08:54 Página 1 de Direito Civil IV para expressar uma única vontade, por exemplo quando a esposa dá o consentimento para o marido vender um imóvel. Conclui-se que se as vontades contrapostas encontram uma harmonização, dizemos que houve consentimento mútuo. Com esse consentimento nasce o vínculo contratual. Se não existir consentimento não existe contrato. Se não existe consenso existe o dissenso. Se o dissenso é oculto, temos os vícios de consentimento: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão. As vontades devem se ajustar em todos os seus aspectos. D - Partes "Destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes" O contrato é um instrumento de regulação entre partes. O que identifica as partes é o centro de seus interesses. Se José quer comprar e Antônio casado com Maria quer vender, há apenas duas partes nesse contrato, pois tanto Antônio como Maria interessam em vender. Parte não se identifica com a pessoa que assina o contrato. Pode-se ter uma única pessoa representando ambas as partes. O comprador pode estar representando o vendedor. Esse fenômeno é chamado de autocontrato ou contrato consigo mesmo. Mas existem determinadas situações no direito brasileiro que o autocontrato é vedado, é o caso dos contratos de consumo. É um tipo de cláusula contratual, que indica determinada pessoa para representar a outra parte do contrato. Exemplo: Antonio faz um contrato de empréstimo com o Banco X, e, no contrato, está uma cláusula que autoriza o Banco, no caso do inadimplemento de Antonio, emitir uma nota promissória em nome de Antonio em favor de si mesmo. Cláusula mandato Página 2 de Direito Civil IV I - Dispositivo legal CC Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. II - Aplicação da teoria dos negócios jurídicos ao contrato A teoria do negócio jurídico é aplicada aos contratos. Assim ele deve ser analisado nos seus três planos existência, validade e eficácia, a fim de verificar se ele obtém plenas condições de produção dos efeitos almejados. 1. Plano da existência Neste plano encontram-se os elementos essenciais do negócio jurídico: (a) Declaração de vontade; (b) Objeto; (c) Forma. 2. Plano da validade O plano da validade, traz os adjetivos dos elementos de existência: (a) agente capaz; (b) objeto lícito, possível e determinado ou determinável; (c) forma prescrita ou não defesa em lei. 3. Plano da eficácia O negócio, agora já existente e válido, pode ter algum obstáculo para sua efetivação. Pode-se sujeitar os efeitos do negócio jurídico a uma condição, a um termo ou a um encargo. III - Capacidade das partes Trata-se aqui de uma condição subjetiva de validade do negócio jurídico. A falta de capacidade pode gerar a nulidade do negócio jurídico, quando for uma incapacidade absoluta ou a sua anulabilidade, quando se tratar de uma incapacidade relativa. Essa capacidade deve ser aferida no momento do ato. Mesmo que após a prática do ato, o agente se torne capaz, isso não será suficiente para sanar a nulidade, em se tratando de incapacidade absoluta. Da mesma forma, a incapacidade superveniente ao ato não o macula, permanecendo o ato como válido. Relativização Essas questões referentes à capacidade das pessoas, estão de um certo modo relativizadas, pois hoje vivemos em uma sociedade de massa, e impera os contratos de adesão, com formas de contratação que não se avalia detidamente a capacidade do contratante. É o caso do menor de 15 anos que pega o ônibus, ou do incapaz que firma um contrato eletrônico. São as chamadas relações contratuais de fato, que são nada mais que situações onde as pessoas contratam por meio de um comportamento. IV - Legitimidade É uma capacidade mais específica. Foi criada pelo direito processual. Significa que determinadas pessoas não tem a capacidade para praticar determinados atos devido a sua posição na relação jurídica. Exemplo 1 2 Elementos e Requisitos do Contrato sexta-feira, 2 de agosto de 2013 09:47 Página 3 de Direito Civil IV Exemplo 1 O caso do pai que quer vender um imóvel a um dos filhos, para isso ele precisará do consentimento da esposa e dos outros filhos. A sanção é a anulabilidade do ato, podendo o consentimento ser dado posteriormente, desde que não seja tácito. Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Exemplo 2 O artigo 497 proíbe expressamente alguns contratos de compra e venda. As pessoas desse artigonão estão legitimadas a efetuar esse contrato devido à sua posição na relação jurídica. Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. V - Objeto Quando se fala em objeto do contrato deve se questionar o que as partes contrataram? Essa resposta será o objeto do contrato. 1. Definição de objeto "É o conjunto dos atos que as partes se comprometeram a praticar, singularmente considerados, não em seu entrosamento finalístico, ou por outras palavras, às prestações das partes, não o intercâmbio entre elas, pois este é a causa."(Orlando Gomes) O objeto do contrato, de acordo com a definição acima, são os atos que uma parte pratica em favor da outra, singularmente considerados. Podemos chamar de bem, que é o objeto da relação jurídica. Ex: Todo vendedor é devedor da entrega do imóvel e todo comprador é devedor do preço. O objeto do contrato é o pagamento do preço e a entrega do imóvel, ambas as prestações juntas é o objeto do contrato. São os atos sobre os quais recaem os poderes das partes. O que o vendedor pode exigir do comprador? O pagamento do preço. O que o comprador pode exigir do vendedor? A entrega do imóvel. O objeto do contrato é tão importante que se mudar um ato, modifica-se o tipo de contrato. Ex: se o "vendedor" entrega o imóvel ao "comprador" sem o pagamento do preço, gratuitamente, o contrato passa a ser de doação. Ex: o "vendedor" cede o imóvel temporariamente a título gratuito para o "comprador", esse contrato será de comodato, que é o empréstimo de bens infungíveis. 2. Requisitos do objeto As partes não tem ampla autonomia para escolher o objeto do contrato, eis que na lei há a previsão de vários requisitos: Página 4 de Direito Civil IV lei há a previsão de vários requisitos: a. Possibilidade: o objeto do contrato deve ser possível física e materialmente. Por isso são nulos os contratos que impõe a uma pessoa atravessar o oceano atlântico à nado. O objeto também deve ser possível juridicamente. A lei proíbe a venda de bens públicos, por exemplo. Mas alguns doutrinadores afirmam que a possibilidade jurídica acaba sendo absorvida pela licitude. b. Licitude: o objeto não pode atentar contra a ordem legal, à moral e aos bons costumes. c. Determinabilidade: o objeto do contrato deve ser determinado, especificado, individualizado, para ser identificado. Pode ser determinável: indicado pelo gênero e quantidade. Pode se contratar a venda de uma safra futura. É um contrato aleatório, pois inclui um risco. Sendo um contrato de risco, num contrato aleatório, o comprador pode ser obrigado a pagar o preço da coisa e não receber nada em troca. 3. Causa do contrato "...não em seu entrosamento finalístico, ou por outras palavras, às prestações das partes, não o intercâmbio entre elas, pois este é a causa." Se pergunta porque as partes contrataram, a resposta para essa pergunta é a causa do contrato. Esse entrosamento finalístico nos mostra que em todo o contrato existe um nexo de causalidade. A causa é sempre a mesma para os contratos iguais. Todo locatário paga o aluguel ao locador, porque recebeu do locador a posse de um bem, e todo locador entrega um bem ao locatário, porque receberá o aluguel. 3.1 Definição de Causa "A causa é a razão determinante das relações que se estabelecem, qualquer razão de natureza objetiva ou subjetiva, pela qual as pessoas manifestam a sua vontade com eficácia jurídica, devendo ser conforme a lei, a ordem pública e os bons costumes." (Francisco Amaral) 3.2 Espécies de causa a. Causa Subjetiva Foi criada pelo direito francês, causa é assim a intenção das partes, é a finalidade pela qual as partes contrataram. E, com base nessa definição, o direito francês anulou vários contratos que tinham causas contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Ex: anulação de contratos de locação de imóvel, quando no local iria funcionar uma casa de prostituição. b. Causa Objetiva Criada pelo direito italiano, tem relação com a função econômico social, ou econômico jurídica do contrato. Quando dizemos que no contrato de locação a causa dele é a entrega do imóvel em troca do pagamento do aluguel, estamos falando da causa objetiva. A causa objetiva é insuficiente para definir a causa do contrato, por isso é necessário verificar a causa subjetiva. 3.3 Causa dos contratos atípicos Nos chamados contratos atípicos, a causa tem um papel maior de limitar a autonomia privada. A título de informação, vale lembrar, contrato típico, é o contrato previstos em lei e o contrato atípico é o que não está previsto em lei. Página 5 de Direito Civil IV contrato previstos em lei e o contrato atípico é o que não está previsto em lei. Como um contrato atípico resulta da livre criação dos particulares, não há nenhuma norma no ordenamento jurídico que o regule, posto que ele está na esfera da liberdade contratual. Mas o Código Civil colocou limites a esse tipo de contrato: a boa-fé, os bons costumes e a função social do contrato. A causa do contrato atípico, dá subsídios para encontrar um regime jurídico aplicável a ele. . O artigo 104 do CC afirma que forma é mais um requisito para o contrato, devendo ela ser a prescrita ou a não proibida. CC Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: (...) III - forma prescrita ou não defesa em lei. A forma é o modo como se exterioriza a declaração de vontade dos contratantes. A declaração de vontade é a essência da forma. Ademais a forma pode ser, substancial do negócio jurídico, ou a forma pode ter, apenas uma finalidade probatória. No direito brasileiro a regra é a liberdade das formas, como previsto no artigo 107 do CC. Em alguns casos, o legislador define uma forma específica para os contratos, que serão chamados de contratos solenes. Em outras ocasiões o legislador define uma forma para o contrato ser provado, nesse caso, serão chamados de contratos não solenes. A. Contratos solenes B. Contratos não solenes São aqueles para os quais a lei exige uma forma especial. O artigo 107 é afastado, pois a lei define a forma, sendo a forma da substância do ato. Nos contratos solenes a forma sempre será substancial. Se a determinação legal não for seguida, o contrato não terá validade, sendo portanto um contrato nulo por força do artigo 166 do CC: São a regra no direito brasileiro, prevalecendo a liberdade de forma do artigo 107. Exemplo: um contrato de compra e venda de um bem móvel, pode ser por escrito, ou não, que valerá da mesma forma. Mas, o legislador prevê, para os contratos não solenes, uma forma de provar sua existência. Nesse caso a forma que a lei exige é apenas para efeitos de provar que o contrato foi efetuado entre as partes. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: (...) IV - não revestir a forma prescrita em lei; (...) Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir Exemplos de contratos solenes Exemplos de contratos não solenes com previsão da forma com finalidade probatória 1. A lei define no artigo 108 do CC a forma para se efetuar o contrato de compra e venda de imóveis. Neste caso deve-se seguir a forma prescritana lei, sob pena de nulidade do contrato: 1. O contrato de depósito, tem a forma livre, mas a lei prevê que ele é provado se estiver por escrito, ressalvada a prova por outros meios. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 646. O depósito voluntário provar-se-á por escrito. 2. O contrato de doação é solene, e se faz por escrito: 2. O contrato de seguro também tem a forma livre, mas se quiser provar que o contrato existe o interessado deverá apresentar a apólice, ou o bilhete do VI - Forma Página 6 de Direito Civil IV apresentar a apólice, ou o bilhete do seguro, ou o pagamento do prêmio: Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição. Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio. VII - Consentimento O consentimento é requisito apenas do contrato, que é uma espécie de negócio jurídico. Existem negócios jurídicos que são unilaterais, não necessitando do consentimento. Mas para o contrato o consentimento é essencial, pois ele só nasce do encontro de vontades. a) O consentimento pode ser 1. Direto Também chamado de expresso, pois as partes exteriorizaram suas vontades de maneira verbal ou escrita, incluindo-se aqui os gestos da linguagem de libras e os gestos de manifestação de vontade, (como o levantar do braço para parar o transporte coletivo). 2. Indireto O consentimento será tácito quando a manifestação de vontade é expressa por meio de um comportamento. A doutrina chama esse comportamento de concludente, (de concluso). Exemplo: João doa um carro a seu sobrinho que nada diz, mas o sobrinho pega as chaves do carro e passa a utilizar o veículo regularmente. b) Consentimento pelo silêncio 1. Conceito de silêncio "O silêncio, por definição, implica a ausência de qualquer declaração, expressa ou tácita; ele corresponde à ausência de ação, e logo à inexistência de um fim e de meios desencadeados para o prosseguir. Em tais condições, compreende-se que o silêncio não surja como meio idóneo para, por si, desencadear efeitos de autonomia privada. Não basta, para uma eficácia induzida pelo silêncio, a simples previsão normativa genérica da produção de efeitos jurídicos: há, necessariamente, que lhe acrescentar uma norma com particular força que, a cada situação de silêncio relevante, confira um alcance que, por si, ele não teria.” , António Menezes Cordeiro Não é qualquer silêncio que é valorado pela lei como manifestação de vontade. De acordo com o artigo 111 do Código Civil: Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Pela leitura do artigo verifica-se que só é consentimento o silencio circunstanciado, ou seja aquele valorado pela lei, pelas circunstâncias ou pelos costumes. 1. Valoração pela lei Página 7 de Direito Civil IV No caso do artigo 539, o silêncio do donatário é entendido como aceite, se a doação não tiver encargo. Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. 2. Valoração pelas circunstâncias A vontade das partes também podem valorar o silêncio como consentimento numa das cláusulas do contrato. 3. Valoração pelo costume O costume também pode valorar o silêncio, é o caso do fornecedor que todo mês fornece o produto para o comerciante. c) Diferença entre silêncio e consentimento tácito No consentimento tácito existe um comportamento, alguma atitude a parte toma que denuncia sua vontade de contratar ou não. No silêncio não há comportamento algum. Página 8 de Direito Civil IV 1. Concepção Objetiva de contrato (Direito Romano) I - Teoria contratual clássica O direito romano está fora da teoria contratual clássica. Os romanos tinham uma concepção objetiva de contrato. Nesta concepção a vontade e o consentimento não tinham nenhum efeito jurídico. O contrato era uma operação formal e a parte mais importante era o rito, ou o modo de contratar. Os contratos formais romanos eram: o comodato, o mútuo e o depósito. Contratos esses que se aperfeiçoam com a tradição. Por isso, o direito romano tratava o contrato com uma concepção formal e objetiva. Se as pessoas quisessem contratar de outra forma, era impossível. A forma era a regra e somente por ela nascia o vínculo jurídico. 1.1 As três formas de contratar do direito romano a. Contratos denominados Litteris Eram contratos por escrito, e só adquiriam validade mediante o registro no livro do pretor. A forma que era o registro no livro fazia nascer o contrato. b. Contratos denominados Re Se davam pela tradição. Tradição, que é a entrega da coisa, pela qual se transfere a posse ou a propriedade. A forma neste caso, a tradição, fazia nascer o contrato. c. Contratos denominados Verbis Se dava pela declaração de determinadas palavras consideradas solenes, ou seja, era celebrado pela troca de expressões orais, como em um ritual religioso. 1.2 Stipulatio As trocas comerciais exigiram uma evolução dos contratos romanos. A stipulatio preencheu uma lacuna deixada pelos contratos formais, pois eles já não eram suficientes. Esse meio consensual de contratação era a exceção no direito romano. A stipulatio não gerava direito de crédito, somente os contratos que obedeciam as formas geravam esse direito. A stipulatio só gerava um meio de defesa. Quatro eram os tipos de contratos consensuais: a venda, a locação, a sociedade e o mandato. 2. Concepção Subjetiva de Contrato Foi formulada no século XIX, na Europa continental, em especial no direito francês. Com influência do direito canônico, do jusnaturalismo e também do voluntarismo jurídico. Essas influências ocorreram ao longo de toda a Idade Média, e possibilitaram a transição da concepção objetiva do contrato para a concepção subjetiva de contrato. O contrato para os modernos é baseado na vontade, e a vontade é o elemento essencial e preponderante. No limite de dizer que sem vontade não existe contrato. 2.1 Direito Canônico O direito canônico na Idade Média contribuiu para espiritualizar o vinculo que unia as partes contratantes. O direito canônico combatia o culto à forma ritualizada dos romanos. Então para os canônicos a forma não era importante 3 História do Contrato quarta-feira, 7 de agosto de 2013 09:05 Página 9 de Direito Civil IV ritualizada dos romanos. Então para os canônicos a forma não era importante e o que se valorizava era a fé jurada, ou seja a palavra dada. O direito canônico concebia que, a palavra de uma pessoa deveria ser cumprida, se não fosse era um pecado mortal. Dessas premissas nasceram dois princípios da teoria contratual clássica: o principio do consensualismo e o principio da força obrigatória dos contratos. 2.2 Jusnaturalismo No direito natural moderno, baseado na razão, destaca-se o direito à liberdade, e essa concepção de liberdade influenciou sobremaneira o direito privado. O direito à liberdade, oriundo da luta burguesa contra a monarquia, seus privilégios e desmandos, trouxe a ideia de que o homem deveria ser livre para contratar sem a interferência do governo. 2.3 Voluntarismo jurídico É uma corrente de pensamento do século XIX que pregava a valorização das pessoas pela manifestação da vontadeem todos os institutos jurídicos de direito privado. Estando a vontade na essência do direito civil. Dando origem a doutrinas como a da responsabilidade civil advinda da culpa. Conceituando o contrato como um acordo de vontades. II - O contrato nas codificações modernas 1. Contexto histórico No século XIX na Europa continental havia muita instabilidade nos planos politico, econômico e social. Em 1789 ocorria a Revolução Francesa. A controvérsia se baseava no particularismo jurídico característico da Idade Média, havia um direito para os nobres e outro para os burgueses, uma desigualdade formal. A burguesia luta pela igualdade e pelo poder politico. Sendo a vencedora a burguesia incorpora no estado moderno seus valores. O estado moderno é de direito e liberal, pois o bem comum seria a soma das liberdades individuais. Como o modelo de produção liberal é o capitalismo baseado na livre troca de mercadorias. É necessário que o direito categoriza a propriedade, a capacidade, os contratos, etc. Assim o primeiro passo da burguesia vitoriosa é a edição do Código Civil francês, que será aplicado a todos indistintamente. Estudaremos dois códigos que estão em vigor até hoje, e que influenciaram todas as outras codificações posteriores. 2. Código Civil Francês (1804) O Código Civil francês tem uma estrutura que se compromete a disciplinar a propriedade e sua transmissão. Dividido em três livros. O primeiro livro trata das pessoas e de seus direitos (capacidade, família,). O segundo livro trata da propriedade (o direito de propriedade e os direitos reais limitados: o usufruto, o penhor, a hipoteca e a servidão). O terceiro livro trata dos diversos modos de aquisição da propriedade e regula o contrato, como um modo de transmissão daquela. O contrato tem, portanto um papel instrumental e servil sendo subordinado à propriedade, pois, somente pelo contrato se pode transmitir operar sua transmissão. É um papel ideológico, não jurídico. 3. Código Civil Alemão (1900) O Código Civil alemão surgiu quase um século depois do francês. Enquanto na franca o jus racionalismo já dizia que o direito deveria ser expresso por um legislador racional. Na Alemanha havia um direito histórico, cuja fonte era os costumes, pela influência da Escola Histórica. Havia uma luta pela não codificação cujo representante maior era Savigny. A Alemanha demorou para se constituir como estado moderno, por isso não havia necessidade de uma codificação. Pois os códigos modernos eram a primeira tarefa do país que se constituía como estado, pois contribuía para a unificação da população sendo sinônimo de igualdade. Por ter sido elaborado tardiamente o Código Civil alemão regulou o contrato diferente do Página 10 de Direito Civil IV sido elaborado tardiamente o Código Civil alemão regulou o contrato diferente do francês. A estrutura do BGB foi copiada pelo Código Civil brasileiro. Com vários livros e separado em parte geral e parte especial. Na parte especial regula as obrigações, os direitos reais, o direito de família e sucessões. Na parte geral disciplina a pessoa, o negocio jurídico com conceitos gerais e comuns a todos os livros da parte especial. No direito das obrigações tem se os contratos como categoria geral, e contratos em espécies. Uma regulação específica para cada contrato. Partir do geral para o específico, faz com que o papel do contrato no BGB seja abstraído. Esquecendo das diferenças econômicas e sociais dos contratantes. Porque na compra e venda enxerga- se apenas o comprador e o devedor, se pensa na categoria. O negocio jurídico se torna uma declaração de vontade destinada a produzir efeitos. A categoria do negócio jurídico é extremamente abstrata. Esse Código Civil é marcado pela ideologia da liberdade de contratar e pela igualdade dos contratantes 4. Ideologia da liberdade de contratar e da igualdade dos contratantes Nos Códigos Civis modernos se desenvolveu um modelo de justiça contratual e esse modelo tem como bases duas ideias: 4.1. Garantia de liberdade de contratar O estado de direito liberal é um estado que se preocupa em assegurar para os contratantes a liberdade de contratar mais ampla possível, ao ponto dos particulares contratarem quando quiserem, com quem quiserem e o que quiserem. 4.2. Igualdade dos contratantes A igualdade dos contratantes pressupõe, que ambos podem discutir, com a mais ampla liberdade, todas as cláusulas do contrato. Com uma técnica de contratação paritária. Mas os contratos de trabalho, (que inicialmente eram regulados pelo direito civil), trouxeram à tona a desigualdade gritante entre as partes, com jornadas exaustivas, sem distinção entre mulheres, homens, jovens, velhos, crianças. Na realidade havia a desigualdade material das partes e o resultado eram contratos entre desiguais com clausulas abusivas. 5. Princípios da teoria contratual clássica 1. Autonomia da vontade A liberdade dos indivíduos é soberana, o estado não pode intervir no contrato sob pena de ferir essa autonomia. O primado da vontade individual é consolidado no século XVII, quando a própria existência da sociedade passa a ser fundamentada no contrato. É à Escola Jusnaturalista que a autonomia da vontade deve a sua autoridade, o seu primado. Mas foi sobretudo o jurista holandês Hugo Grócio que desenvolveu a nova teoria: a vontade é soberana; o respeito da palavra dada é uma regra de direito natural; pacta sunt servanda é um princípio que deve ser aplicado não apenas entre os indivíduos, mas mesmo entre as nações”. A promulgação do Código Napoleão em 1804 veio a positivar explicitamente o primado da autonomia da vontade, na máxima de que “o contrato faz lei entre as partes” (art. 1.134). 2. Liberdade de contratar A liberdade de contratar era quase ilimitada, respeitando apenas a ordem pública e os bons costumes. Ninguém poderia intervir nas cláusulas do contrato. Era uma liberdade quase que absoluta. Esse principio foi uma contribuição do jusnaturalismo. A pessoa poderia escolher contratar ou não, com quem e o quê. Os alicerces sobre os quais se funda a liberdade de contratar podem ser encontrados nos princípios elaborados pela Escola do Direito Natural, responsável por conferir importância crescente à contratualidade, a partir do século XVI, sob a influência do conceito de autonomia da vontade. Página 11 de Direito Civil IV 3. Consensualismo Um principio que descarta o formalismo do direito romano. A forma passa a ser secundária. A vontade é a fonte de obrigações, bastando para as partes se obrigarem. Originando o princípio da liberdade das formas. 4. Força obrigatória dos contratos Conhecido pelo brocardo romano "pacta sunt servanda", ou seja, aquilo que as partes contrataram tem força de lei entre elas. Por ser resultado da liberdade o contrato tem fora obrigatória. A força obrigatória dos contratos irradiava até o estado, que não tinha poder para interferir nos contratos particulares. Por influência do direito canônico, a palavra dada deveria ser cumprida, pois o descumprimento era pecado, só mais tarde o descumprimento do contrato passou a ter um sanção jurídica. 5 .Efeitos relativos aos contratos É um princípio que estabelece que o contrato tem efeitos entre as partes que contrataram, sem possibilidade de gerar efeitos em relação a terceiros. Uma terceira pessoa que não concorreu com sua vontade para aquele contrato não pode ser atingida por ele. Página 12 de Direito Civil IV 1. Qual é a relação entre contrato e operação econômica? Explique. 2. Diferencie o contrato no direito comum do contrato no direito moderno. 3. Quando o contrato foi regulado pelo Código Civil Francês de 1804? Qual é seu papel em relação à propriedade? 4. Como o contrato foi regulado pelo BGB? Qual é sua relação com o negócio jurídico? 5. Quais os princípios da teoria contratual clássica? Esses princípios foram acolhidos pelo CódigoCivil brasileiro de 2002? Questões quarta-feira, 7 de agosto de 2013 09:19 Página 13 de Direito Civil IV I - Contexto político, econômico e social A nova teoria contratual clássica surge no século XX. Nesse contexto político temos um estado de direito, ainda liberal, mas pincelado com direitos sociais. O modelo capitalista em constante expansão demanda muitos trabalhadores, e o mercado se abre para grandes consumidores. Nas sociedades pós industrializadas, a característica principal é o consumo em massa. E os princípios da teoria clássica não são mais suficientes para responder à demanda. O consumo de massa exige formas mais simples e rápidas de contratação, e essa forma é o contrato de adesão, um contrato com cláusulas prontas e iguais para todos que aderirem. No contexto social, começa-se a perceber uma massa de pessoas excluídas do setor econômico e o estado volta suas preocupações para a inclusão desse grupo na economia, dando prevalência aos interesses da coletividade. A preocupação agora é com a igualdade material dos contratantes, pois a igualdade formal construiu verdadeiras aberrações jurídicas, amplamente criticadas pelo marxismo, por exemplo. A ideia, de que o estado não poderia intervir nos contratos, foi relativizada. Assim, o estado passou a intervir, tanto na economia, quanto nos contratos. A essa intervenção denominou-se dirigismo contratual. II - Dirigismo contratual No dirigismo contratual o Estado é chamado para promover o bem-estar da coletividade, tutelando as relações econômicas, coibindo abusos, criando direitos sociais, regulamentando atividades privadas etc. O estado utilizou dois mecanismos importantes para concretizar essa intervenção: a edição de legislações setoriais e a atuação dos magistrados no julgamento dos casos concretos: 1. Legislação setorial Através da edição de leis especiais, o estado passou a intervir nas relações econômicas dos particulares. Essa legislação setorial traz normas cogentes, de ordem pública, que não podem ser afastadas pela vontade das partes. Exemplo é a Lei do inquilinato, editada pela primeira vez na década de 20, dirigida aos imóveis urbanos; mais tarde o Estatuto da Terra em 1964, regulou as locações de áreas rurais. Com essas legislações setoriais o Código Civil passou a ter um caráter subsidiário. O maior representante do dirigismo contratual é o Código de Defesa do Consumidor publicado em 11.09.1990. Outro exemplo é a Lei de planos de saúde. Concluímos que o estado pratica essa intervenção através do legislador. 2. Jurisprudência Antes mesmo de existirem as leis especiais acima citadas, os juízes já formulavam novas teorias e novos princípios para aplicar às situações concretas que lhe eram apresentadas. O contrato de adesão, por exemplo, não estava regulado pelo Código Civil de 1916, mas já era amplamente praticado, e suas controvérsias chegavam ao judiciário. Por esse motivo os juízes desenvolveram uma gama de novas teorias e princípios para a resolução desses casos. Exemplo é o princípio de que o contrato de adesão deve ser interpretado da maneira mais favorável à parte aderente, isso se fundamenta no fato de que esse tipo de contrato já nasce desequilibrado, e esse princípio foi uma forma dar um equilíbrio mínimo a ele. A teoria da nulidade das cláusulas abusivas foi aplicada pela jurisprudência muito antes de ser positivada pelo Código de Defesa do Consumidor, bem como os princípios da boa fé objetiva e da revisão contratual pela teoria da imprevisão. III - Constituição e a teoria contratual 1. Separação público e privado 4 Nova Teoria Contratual Clássica quarta-feira, 14 de agosto de 2013 08:20 Página 14 de Direito Civil IV Com a edição da Constituição Federal de 1988 houve uma crise na separação entre o público e o privado. Pois os princípios das legislações infraconstitucionais foram positivados na Constituição. Em função dessa normatização excessiva, diria Hannah Arendt: " É que não se poderia distinguir de maneira eficaz os planos público e privado, em função da ascensão do modelo social de Estado, e é o que transformaria o direito num objeto de consumo". No estado moderno inicial tinha uma separação muito rígida entre direito público e direito privado, mas em razão do dirigismo contratual, essa separação está em crise. Não se pode classificar o que é norma de direito público e o que é norma de direito privado, produzindo uma zona "mista". 2. Constituição e as relações privadas A Constituição Federal de 1988 é um divisor de águas para o direito privado. Conhecida por Constituição cidadã absorveu o fenômeno pelo qual os princípios migraram da legislação infraconstitucional para a Constituição. Fica claro pelos exemplos: a) no direito de família até 1988 a união estável não era considerada família; deixou de existir distinção entre filhos legítimos e ilegítimos. b) no direito civil a propriedade acolheu o princípio da função social; quanto ao contrato a Constituição Federal positivou dispositivos que o fundamentam, como o princípio da dignidade da pessoa humana, o princípio da solidariedade, o princípio da função social. Com essa relação entre leis constitucionais e infraconstitucionais o contrato muda, porque agora se aplicam as leis constitucionais diretamente nas relações contratuais. IV - Novos princípios contratuais A nova teoria contratual, não substituiu os princípios anteriores, mas deu uma releitura a eles, pode-se dizer uma relativização, por meio do dirigismo contratual, na medida em que se quebra as barreiras entre o público e o privado. Uma das consequências foi o surgimento de uma legislação setorial que procura alcançar a igualdade substancial dos contratos. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. 1. Função social do contrato 2. Boa fé objetiva Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 3. Justiça contratual substancial Página 15 de Direito Civil IV I - O CDC O Código de Defesa do Consumidor é uma lei setorial, chamada de microssistema, pois o CDC traz normas de direito privado, de direito penal, de direito processual civil, de direito administrativo. O CDC decorre de um movimento que começou nos EUA impulsionado pela necessidade de proteção e defesa da grande massa dos consumidores. O CDC foi editado porque a Constituição Federal de 1988 abarcou tanto os direitos de segunda como os de terceira geração. Não se protege o indivíduo que consome, mas a coletividade, como um direito fundamental transindividual. O avanço do capitalismo e o fenômeno das sociedades de consumo em massa, trouxeram a necessidade de se proteger os consumidores, como nova categoria de sujeito de direito. II - Defesa do consumidor na CF/88 CF Art. 5º inciso XXXII O estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Esse inciso diz que a defesa do consumidor se dará na forma da lei, isso tem duas implicações: (1) a partir desse inciso a Constituição Federal trouxe um mandamento para o legislador infra constitucional no sentido de criar uma legislação protetora desse novo sujeito de direitos, o consumidor; (2) o fato da defesa do consumidor estar no artigo 5º da CF/88, a torna um direito fundamental, e ainda mais, uma cláusula pétrea! Em outros artigos a defesa do consumidor aparece como um princípio, v.g. CF/88 Art. 170: CF Art. 170, V A defesa do consumidor. III - Princípios do CDC Em uma relação de consumo quem detém o conhecimentodo produto que está sendo oferecido é o fornecedor. O CDC obriga os fornecedores a informar aos consumidores tudo sobre o produto. O fornecedor tem o amplo dever de informar. a. Vulnerabilidade técnica É a fraqueza econômica e social do consumidor, à guisa de exemplo, o correntista frente ao banco é extremamente vulnerável. É a desigualdade econômica e social da relação. b. Vulnerabilidade fática Esta vulnerabilidade é exemplificada quando comparamos o acesso a assistência jurídica. Em regra o consumidor pessoa física não tem um corpo de advogados aptos e sempre prontos para batalharem judicialmente. c. Vulnerabilidade jurídica d. Vulnerabilidade informacional Todo consumidor é vulnerável. Pelas políticas do dirigismo contratual, essa parcela da sociedade, que é o consumidor, foi elevado pelo estado à posição de vulnerabilidade. Decorrente da desigualdade material existente na relação de consumo. 1. Princípio da vulnerabilidade 4.1 As relações de consumo sexta-feira, 16 de agosto de 2013 08:09 Página 16 de Direito Civil IV O CDC coloca a informação como um direito base no artigo 6º, e um direito do consumidor. A sociedade é inundada pela tecnologia, e os contratos eletrônicos são cada vez mais frequente, mas num contrato eletrônico, raramente o consumidor lê as cláusulas antes de clicar na caixa "concordo". 2. Princípio da hipossuficiência Hipossuficiência quer dizer baixa ou pouca suficiência para provar o que se alega em juízo. É um quesito a ser verificado pelo juiz na demanda consumerista para inverter o ônus da prova. Artigo 6º VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Ônus da prova A inversão do ônus da prova é direito básico do consumidor e matéria de ordem pública e interesse social, portanto, é obrigação do Magistrado analisar ex officio os requisitos legais de hipossuficiência e verossimilhança nas ações consumeristas. É possível em duas situações, que não são cumulativas, ou seja, ocorrerá quando a alegação do consumidor for verossímil OU quando o consumidor for hipossuficiente (segundo as regras ordinárias de experiência); • É ope iudicis (a critério do juiz), ou seja, não se trata de inversão automática por força de lei (ope legis). Obs.: no CDC, existem outros casos de inversão do ônus da prova e que são ope legis (ex: art. 12, § 3º, II; art. 14, § 3º, I e art. 38). • Pode ser concedida de ofício ou a requerimento da parte;• Revela que o CDC, ao contrário do CPC, adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, ou seja, o magistrado tem o poder de redistribuir (inverter) o ônus da prova, caso verifique a verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência do consumidor. • É nula a cláusula contratual que estabeleça a inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor (art. 51, II, do CDC). • A inversão do ônus da prova não tem o efeito de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo consumidor. • A inversão do ônus da prova no CDC: 3. Diferenças entre vulnerabilidade e hipossuficiência Vulnerabilidade Hipossuficiência É um conceito de direito material. É um conceito de direito processual. Trata-se de presunção absoluta (jure et de juris), ou seja, sempre se reconhece a vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. Trata-se de presunção relativa que, sempre precisará ser comprovada no caso concreto diante do juiz. Conclui-se que todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. IV - Princípios contratuais no Código de Defesa do Consumidor 1. Limitação da liberdade contratual O CDC limitou o princípio da liberdade contratual para defender o consumidor. Página 17 de Direito Civil IV O CDC limitou o princípio da liberdade contratual para defender o consumidor. Exemplos são os artigos 35 que informa que se o que o fornecedor oferta ele é obrigado a negocia, e o artigo 51, que interfere no conteúdo do contrato. Dever de contratar Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; Proibição das cláusulas abusivas Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; (...) 2. Proteção da boa-fé e confiança dos consumidores A boa-fé que o CDC protege é a objetiva, como dever de conduta, uma expectativa de comportamento, uma relação de confiança entre o consumidor e o fornecedor. As relações de consumo devem ser transparentes, (princípio da transparência), exemplo artigo 6º inciso III e artigo 47. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Com todas essas cláusulas o Código de Defesa do Consumidor procura o equilíbrio mínimo, pois a relação de consumo é marcada pela desigualdade material. Por isso o CDC regula como serão os contratos de adesão, que deverão ter linguagem clara, cláusulas que restringem direitos em destaque. Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 3. Equilíbrio mínimo 4. Relativização da força obrigatória dos contratos O CDC no artigo 6º V mitigou o princípio do pacta sunt servanda: CDC Art. 6º V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; Cabe ao aplicador do direito, sempre que se deparar com uma relação jurídica, verificar V - Relação de Consumo Página 18 de Direito Civil IV Cabe ao aplicador do direito, sempre que se deparar com uma relação jurídica, verificar se se trata de uma relação de consumo para assim aplicar o CDC, porque se não for o caso aplica-se o Código Civil. Pois o CDC é uma lei especial, ficando o CC como uma lei subsidiária, sendo aplicado em caso de lacunas o CDC, de acordo com o artigo 7º: CDC Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Pode o CC ser aplicado conjuntamente com o CDC, no caso do julgador aplicar princípios como o da função social do contrato, que no CC tem um caráter genérico. Conforme a doutrinadora Claudia Lima Marques, é possível um diálogo de fontes para regular a relação consumerista. Antes, com o CC de 1916, o CDC tinha uma relação superioridade por ser uma lei especial e mais nova, tendo princípios que no CC de 1916 não tinham previsão. Com a entrada em vigor do CC de 2002 houve uma aproximação entre a legislação civil e a consumerista, ao ponto de algumas normas do CC seremmais favoráveis ao consumidor do que as normas do CDC. Exemplo: o consumidor adquire um produto viciado, pelo artigo 18 do CDC ele pode ir reclamar perante o fornecedor no prazo de 90 dias para bens duráveis e 30 dias para bens não duráveis. Enquanto o CC dá um prazo de um ano para o adquirente reclamar em caso de bem durável que tenha um vício oculto. CDC Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. CC Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. O que ocorreu no exemplo acima foi um diálogo de fontes, aplicando-se a regra mais favorável ao consumidor, podendo ser o CC, tratados, princípios gerais de direito etc.. A relação de consumo necessita de dois elementos básicos: o elemento subjetivo: consumidor e fornecedor e o elemento objetivo: produtos e/ou serviços. Faltando qualquer desses elementos não estará caracterizada a relação de consumo. A - Elementos da relação de consumo 1. Fornecedor Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. O artigo 3º do CDC é bem amplo, incluindo pessoas físicas e jurídicas públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras. O fornecedor é aquele ente que coloca um produto/serviço no mercado de trabalho, praticando uma atividade de fornecimento, fazendo parte da cadeia de produção. A pessoa física pode ser fornecedor de um produto ou serviço(advogado, dentista, encanador, o vendedor Página 19 de Direito Civil IV fornecedor de um produto ou serviço(advogado, dentista, encanador, o vendedor de bombons), desde que exerça sua atividade com habitualidade e profissionalismo. Os entes despersonalizados, (condomínio, espólio, massa falida, sociedades de fato), malgrado não tenham personalidade jurídica segundo o CC, detém capacidade processual, segundo o CPC, podendo figurar portanto como parte numa demanda consumerista. O estado pode ser fornecedor desde que a contraprestação do serviço seja direta. O que todas as categorias acima citadas tem em comum é o exercício habitual da atividade de fornecimento. Exemplo, a farmácia tem como atividade habitual vender remédios, a essa relação aplica-se o CDC, porém se ela vender uma moto utilizada para a entrega de remédios, aplicar- se-á a esse contrato o CC. Os bancos são considerados fornecedores, porém o juiz não pode reconhecer de ofício a abusividade das cláusulas. Súmula n. 297 do STJ - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. Súmula n. 381 do STJ - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. O CDC classifica o objeto da relação de consumo em produtos e serviços duráveis e não duráveis. Produto durável é aquele que não se esgota com o uso, exemplo um carro. Produto não durável é aquele que se esgota com o uso, exemplo alimentos. Serviços duráveis são aqueles que são prestados ao longo tempo, exemplo fornecimento de energia e plano de saúde. Serviços não duráveis são aqueles que é prestado imediatamente, exemplo o encanador que conserta um vazamento. Art. 3º § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 2. Objeto O produto comercializado é qualquer bem. Modernamente com o fenômeno da desmaterialização das riquezas existem bens imateriais que valem muito mais que bens materiais. Exemplo as marcas, os softwares. Art. 3º § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Serviço é uma atividade colocada no mercado de consumo prestada mediante remuneração. Excluindo, em regra, as atividades feitas gratuitamente. Alguns serviços prestados gratuitamente, porém incluem-se como objetos de uma relação de consumo. Exemplo: o serviço de estacionamento gratuito de shoppings. O fundamento da exceção é que o serviço prestado tem apenas aparência de gratuito, pois no caso o que remunera o serviço de estacionamento são as compras realizadas dentro do shopping. 3. Consumidor 3.1 Consumidor strictu sensu Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. O consumidor especificado no artigo 2º, denominado consumidor strictu sensu, é aquele que encerra faticamente a cadeia de produção como destinatário final. Pode ocorrer porém, que o consumidor compre os produtos ou utilize os serviços, como insumos de sua própria atividade. Exemplo: o taxista que compra um carro para utiliza-lo como ferramenta de trabalho. Para responder a essas Página 20 de Direito Civil IV Teoria Maximalista Segundo a teoria maximalista, o Código de Defesa do Consumidor surgiu para ser um código geral de consumo. Para os maximalistas, basta que a pessoa retire o bem da cadeia de consumo para se tornar um estinatário fático e, portanto, um consumidor. Assim, pois, para essa teoria, o conceito estabelecido pelo artigo 2º, do CDC, deve receber interpretação mais ampla possível. Consumidor será aquele que retira a mercadoria do mercado de consumo (destinatário fático), não importando, para tanto, se o produto adquirido será utilizado para o desenvolvimento de uma atividade lucrativa, isto é, se será reintroduzido na cadeia produtiva e de consumo. No entanto, ela fragiliza a essência do Código de Defesa do Consumidor que é proteger o mais vulnerável. Para esta corrente, a vulnerabilidade não é fator de relevância. Teoria Finalista Em caminho contrário dos maximalistas, a teoria finalista ou teleológica, como a própria denominação indica, busca uma conceituação do consumidor para fins de aplicação da cobertura protetiva do CDC mais alinhada à finalidade para o qual foi criado, ou seja, a proteção da parte vulnerável da relação jurídica. Para os finalistas, o conceito de consumidor baseado na ideia de destinatário final, envolve não apenas o destinatário fático, mas também destinatário econômico do bem ou serviço, isto é, aquele que o retira do mercado de consumo, para uso próprio, sem fins lucrativos ou de reintrodução na cadeia produtiva. Assim, ao interpretar o art. 2°, do CDC, a teoria finalista adota um conceito restritivo de consumidor. Para essa teoria, só pode ser considerado destinatário final (e, portanto, consumidor) aquele que retira o produto ou serviço do mercado de consumo, sem o objetivo de reintegrá-lo novamente no mercado, ou seja, que não o aplica na sua cadeia produtiva, utilizando-o como insumo. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça, atualmente, é firme em adotar o conceito elaborado pela Teoria Finalista Moderada, conforme pode se verificar da ementa de acórdão abaixo: Direito do consumidor – Recurso Especial – Conceito de consumidor – Critério subjetivo ou finalista – Mitigação – Pessoa Jurídica – Excepcionalidade – Vulnerabilidade – Constatação na hipótese dos autos – Prática abusiva – Oferta inadequada – Característica, quantidade e composição do produto – Equiparação (art.29)– Decadência – Inexistência – Relação jurídica sob a premissa de tratos sucessivos – Renovação de compromisso – Vício oculto. A relação jurídica qualificada por ser “de consumo” não se caracteriza pela presença de pessoa física ou jurídica em seus polos, mas pela presença de uma parte vulnerável, de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio entre as partes. Ao consagrar o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor do critério subjetivo do conceito de consumidor para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre Entendimento atual dos Tribunais um carro para utiliza-lo como ferramenta de trabalho. Para responder a essas questões a doutrina criou duas teorias: Página 21 de Direito Civil IV para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e consumidores empresários em que fique evidenciada a relação de consumo. São equiparáveis a consumidor todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais abusivas (STJ, REsp. 476428/SC, Terceira Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, j. 19.04.2005). STJ - CC 41056 / SP CONFLITO DE COMPETENCIA 2003/0227418-6 20/set/2004 Processo civil. Conflito de competência. Contrato. Foro de eleição. Relação de consumo. Contratação de serviço de crédito por sociedade empresária. Destinação final caracterizada. - Aquele que exerce empresa assume a condição de consumidor dos bens e serviços que adquire ou utiliza como destinatário final, isto é, quando o bem ou serviço, ainda que venha a compor o estabelecimento empresarial, não integre diretamente - por meio de transformação, montagem, beneficiamento ou revenda - o produto ou serviço que venha a ser ofertado a terceiros. - O empresário ou sociedade empresária que tenha por atividade precípua a distribuição, no atacado ou no varejo, de medicamentos, deve ser considerado destinatário final do serviço de pagamento por meio de cartão de crédito, porquanto esta atividade não integra, diretamente, o produto objeto de sua empresa. PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE MÁQUINA DE BORDAR. FABRICANTE. ADQUIRENTE. VULNERABILIDADE. RELAÇÃO DE CONSUMO. NULIDADE DE CLÁUSULA ELETIVA DE FORO. 1. A Segunda Seção do STJ, ao julgar o REsp 541.867/BA, Rel. Min. Pádua Ribeiro, Rel. p/ Acórdão o Min. Barros Monteiro, DJ de 16/05/2005, optou pela concepção subjetiva ou finalista de consumidor. 2. Todavia, deve-se abrandar a teoria finalista, admitindo a aplicação das normas do CDC a determinados consumidores profissionais, desde que seja demonstrada a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica. 3. Nos presentes autos, o que se verifica é o conflito entre uma empresa fabricante de máquinas e fornecedora de softwares, suprimentos, peças e acessórios para a atividade confeccionista e uma pessoa física que adquire uma máquina de bordar em prol da sua sobrevivência e de sua família, ficando evidenciada a sua vulnerabilidade econômica. 4. Nesta hipótese, está justificada a aplicação das regras de proteção ao consumidor, notadamente a nulidade da cláusula eletiva de foro. 5. Negado provimento ao recurso especial. (REsp 1010834/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, Julgamento: 03/08/2010) A teoria pois, que realmente atende aos propósitos constitucionais de defesa do consumidor é a teoria finalista moderada que confere, ao mesmo tempo, proteção à parte mais vulnerável da relação consumerista, sem, contudo, excluir do seu âmbito de proteção, a pessoa jurídica, quando se apresentar vulnerável no caso concreto. Página 22 de Direito Civil IV Os consumidores por equiparação são titulares de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, serão representados processualmente por associações de consumidores ou pelo Ministério Público. CDC Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. CDC Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: I - o Ministério Público, II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. Espécies de Consumidores por equiparação• a. Coletividade de pessoas Art. 2º § único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. No parágrafo único temos a primeira espécie de consumidor por equiparação, que é a coletividade de pessoas, mesmo que indetermináveis, que estejam expostas às relações de consumo. Exemplo os convidados de uma festa de aniversário em que foi servido uma comida estragada. b. Vítimas do evento Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 3.2 Consumidor por equiparação Página 23 de Direito Civil IV Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. No artigo 17, que está inserido no capítulo "da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço", temos a segunda espécie de consumidor por equiparação, que são as vítimas do evento danoso. c. Pessoas expostas às práticas comerciais Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam- se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. O artigo 29 está inserido no capítulo "Das Práticas Comerciais", nos dá a terceira espécie de consumidor por equiparação. Sendo aqueles que estão expostos às propagandas de TV, por exemplo. Página 24 de Direito Civil IV 1 A pessoa jurídica que realiza empréstimo perante um banco para aumentar as suas instalações pode invocar o artigo 52 § 1º do Código de Defesa do Consumidor? Não é equiparado http://tj-es.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8224777/apelacao-civel-ac-11030799354- es-011030799354-tjes É equiparado http://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/6093175/apelacao-civel-ac-2805274- pr-0280527-4/inteiro-teor-12240743 2 O taxista que adquire um automóvel para utiliza-lo como táxi mediante financiamento perante o banco, pode invocar a aplicação do Código de Defesa do Consumidor? É destinatário final http://tj-pe.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14607320/apelacao-apl-193827- pe-00056296620088170990 Não é destinatário final http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/318690/recurso-especial-resp-231208- pe-1999-0084384-3 3 O agricultor que compra máquina agrícola para utilizar em sua atividade no campo, pode ser considerado consumidor? Não é equiparado http://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5876042/108780300288300011-mg-1087803002883-0-001-1/inteiro-teor-12019594 É equiparado http://tj-ms.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21955657/agravo-regimental-em-embargos-de- declaracao-em-agravo-ed-7080-ms-2012007080-8-000101-tjms/inteiro-teor-21955658 Questões sexta-feira, 16 de agosto de 2013 09:31 Página 25 de Direito Civil IV I - Introdução Fruto da concepção privatística advinda do direito romano, o contrato na visão tradicional era considerado um vinculo unindo duas partes que manifestavam suas vontades, originando uma vontade comum. No CC de 1016, dois princípios justificavam essa visão tradicional, quais sejam, o princípio da liberdade contratual e o da obrigatoriedade dos contratos. Esses dois princípios estão ligados ao princípio da autonomia da vontade, segundo o qual alguém só pode ser vinculado pelas obrigações lícitas que voluntariamente contraiu. Nesse aspecto a vontade humana era a fonte primária de todo efeito jurídico. Na Alemanha desenvolveu-se um novo conceito de contrato, voltado à teoria dos negócios jurídicos, dando maior valor à confiança e à boa-fé. A doutrina da autonomia da vontade tão bem adequada ao princípios do liberalismo econômico, justificava a ideia de que ao Estado não era lícito intervir nos contratos, pois sendo as partes maiores e capazes, poderiam, por elas mesmas, se proteger de abusos, num claro reinado da autonomia da vontade. II - Conceito "É a faculdade reconhecida aos particulares de fixarem livremente, segundo o seu critério, a disciplina vinculativa do seus interesses, nas relações com as demais criaturas. " (Antunes Varela) A definição do conceito de autonomia privada, segundo Antunes Varela é: Os particulares regulam seus interesses quando exercem seus direitos subjetivos, exercendo assim sua autonomia. Podemos verificar essa faculdade em ação quando os indivíduos escolhem contratar ou não, escolhem com quem contratar, escolhem o que vão contratar. Quando num ordenamento jurídico existe este princípio, a maioria das normas jurídicas são supletivas ou dispositivas. Integra a autonomia privada a liberdade de contratar, a liberdade de escolher seus contratantes e a liberdade de determinar o conteúdo do contrato. III - Limites ao princípio da autonomia privada Por bons costumes entende-se um conjunto de regras, de práticas de vida, que, num dado meio e em certo momento, as pessoas honestas, corretas e de boa fé aceitam comumente. Neste sentido, o exercício de um direito apresenta-se Bons costumes Anteriormente ao dirigismo contratual, o Estado Liberal apenas davam limites negativos aos particulares, consistindo num conjunto de proibições. 2.1 Limitações Negativas Em decorrência da Revolução Industrial, o Estado passou a intervir na economia, e o próprio contrato passou a assumir uma função social. Transformações políticas dos Estados democráticos de direito, inseridas pelo princípio da solidariedade social e por ideias socialistas, fizeram nascer a tese da proteção estatal aos mais fracos, para corrigir as consequências desumanas do liberalismo jurídico. Tem início então o dirigismo contratual, visando o equilíbrio contratual. Os primeiros limites ao princípio da autonomia da vontade foram a moral, a ordem pública e bons costumes. Modernamente as limitações são impostas pela ética, pela probidade, pela lealdade contratual, pela boa-fé objetiva e pela justiça contratual, visando o equilíbrio do contrato. A autonomia da vontade nesse quadro, foi extremamente relativizada, mas segue sendo um princípio fundamental do direito dos contratos, devendo os contratantes regularem seus interesses seguindo observando atentamente às disposições legais, que em regra, são cogentes e de ordem pública. 4.2 Autonomia da Vontade ou Autonomia Privada quarta-feira, 28 de agosto de 2013 08:13 Página 26 de Direito Civil IV aceitam comumente. Neste sentido, o exercício de um direito apresenta-se contrário aos bons costumes se envolver conotações de imoralidade ou de violação das normas elementares impostas pela Sociedade. Atualmente, a noção de bons costumes, cuja ofensa estabelece motivo de nulidade do negócio jurídico, circunda o conjunto de regras éticas, munidas de peso social relevante, aceito pelas pessoas honestas, corretas, de boa fé, num dado ambiente e num certo momento, reconduzindo-se ao conceito de moral social dominante. O conceito de ordem pública, implica em obrigatoriedade. Normas que não podem ser afastadas. As normas de ordem pública são normas de aplicação imperativa que visam direta e essencialmente tutelar os interesses primordiais da coletividade. A ordem pública consiste num agrupado dos princípios fundamentais refletidos em normas de direito privado, subjacentes ao sistema jurídico que o Estado e a Sociedade estão fundamentalmente interessados em que predominem sobre as convenções privativas. Ordem Pública Com correlação ao princípio da função social da propriedade, tem o objetivo de realizar a justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes. A função social do contrato serve para limitar a autonomia da vontade, quando essa autonomia da vontade colidir com o interesse social, e deva este prevalecer. A consequência principal desse princípio é a possibilidade que terceiros, possam influir no contrato, em razão de serem atingidos por ele. Função Social do Contrato As limitações positivas são próprias do Dirigismo Contratual, onde o Estado além de dar limites negativos aos particulares, ainda influenciam no conteúdo do contrato. São exemplos dessas limitações, a função social do contrato, a boa fé objetiva, a justiça contratual, dentre outros. 2.2 Limitações Positivas Página 27 de Direito Civil IV I - Conceito de liberdade de contratar "É a faculdade reconhecida às pessoas de criarem entre si guiadas pela sua própria razão, acordos destinados a regular os seus interesses recíprocos. " (Antunes Varela) A liberdade de contratar está na base do princípio da autonomia da vontade, se exterioriza no poder que é dado aos contratantes de contratarem ou não, além de escolher com quem contratar, sem qualquer interferência do Estado. Este princípio teve seu apogeu com a edição do Código Civil Napoleônico, em que prevaleciam o individualismo e a pregação irrestrita da liberdade em todos os campos da vida. Esse princípio se baseava na teoria de que a vontade manifestada deveria ser respeitada. II - Definição de liberdade de contratar O CDC afirma que a oferta vincula o fornecedor e integra o contrato. Assim oferecida a mensagem (informação ou publicidade), fica o fornecedor a ela vinculado. E o fornecedor que se recusar a cumprir a oferta, pode ser forçado a contratar, nos termos do artigo 35 do CDC: CDC Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; 1. Dever de Contratar no CDC CC Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. Art. 466. Se a promessade contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. O contrato preliminar visa sempre a celebração de um contrato definitivo. Quanto à nomenclatura esse tipo de contrato recebe variadas denominações, podendo ser, pré- contrato, contrato promessa, compromisso, contrato preparatório, etc.. No contrato promessa as partes se obrigam a concluir um contrato com certo conteúdo. A peculiaridade desde contrato, é justamente o fato, de as partes já terem acordado, sobre os requisitos essenciais do contrato definitivo, mas não querem faze-lo de imediato. As partes visam assim, criar uma obrigação para o futuro. Embora denominado preliminar, este contrato possui todos os elementos caracterizadores do 2. Contrato Preliminar ou contrato promessa no CC III - Limites a liberdade de contratar 4.3 Liberdade de Contratar (contratar ou não) quarta-feira, 4 de setembro de 2013 09:44 Página 28 de Direito Civil IV denominado preliminar, este contrato possui todos os elementos caracterizadores do definitivo, ou seja, contém todos os requisitos essenciais do contrato a ser celebrado posteriormente, com exceção da forma, que é livre. Alerta Orlando Gomes que o contrato preliminar admite arrependimento. Se assim não desejam as partes devem utilizar expressões como irrevogável ou irretratável. Compromissos de compra e venda de terrenos loteados A lei de parcelamento do solo urbano, em seu artigo 25, declara irretratáveis e irrevogáveis os compromissos de compra e venda de imóveis loteados, qualquer cláusula de arrependimento, nesses contratos, ter-se-á por não escrita: Lei 6766/79 Art. 25. São irretratáveis os compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão, os que atribuam direito a adjudicação compulsória e, estando registrados, confiram direito real oponível a terceiros. Convém tomar conhecimento da Súmula 413 do STF: Súmula 413 - STF - O compromisso de compra e venda de imóveis, ainda que não loteados, dá direito a execução compulsória, quando reunidos os requisitos legais. Página 29 de Direito Civil IV "É a faculdade que as partes tem, dentro dos limites da lei de fixar, de acordo com sua vontade, o conteúdo dos contratos que realizarem, celebrar contratos diferentes dos prescritos no Código ou incluir nestes as cláusulas que lhes aprouver." (Antunes Varela) I - Definição II - Contratos Atípicos CC Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Os contratos, quanto à sua designação, dividem-se, doutrinariamente, em contratos típicos e atípicos. Os contratos típicos abrangem as várias espécies contratuais que possuem nomem juris e servem de base à fixação dos esquemas, modelos ou tipos de regulamentação específica da lei. Os contratos típicos estão previstos e regulados por norma jurídica, formando espécies legalmente definidas. O Código Civil de 2002 rege e esquematiza vinte e três tipos de contratos típicos: compra e venda, troca, contrato estimatório, doação, locação de coisas, empréstimo, prestação de serviços, empreitada, depósito, mandato, comissão, agência, distribuição, corretagem, transporte, constituição de renda, seguro, jogo, aposta, fiança, sociedade, transação e compromisso. Em contraposição a essas figuras contratuais típicas, disciplinadas na lei, aparecem os contratos atípicos ou inominados. Os contratos atípicos afastam-se dos modelos legais, haja vista que não são disciplinados ou regulados expressamente pelo Código Civil, pelo Código Comercial ou por qualquer lei extravagante, sendo, todavia, permitidos juridicamente, desde que não contrariem a lei, os bons costumes e os princípios gerais de direito. Na atividade empresarial, são exemplos de contratos atípicos o contrato de publicidade, o de hospedagem, o de mediação, o de cessão de clientela, a joint venture, entre muitos outros. A possibilidade de celebração de contratos atípicos decorre do princípio da autonomia da vontade, sendo que tal prerrogativa encontra respaldo no art. 425 do Novo Código Civil brasileiro, que dispõe: Os contratos atípicos decorrem da necessidade das partes na atividade negocial, já que impossível seria a regulamentação de todas as formas de relações intersubjetivas. Em decorrência disso, é certa a assertiva de que os contratos atípicos decorrem da autonomia da vontade privada. O contrato de adesão é uma limitação à liberdade contratual. O Código Civil de 2002 contém duas normas que tratam do contrato de adesão. A primeira, presente no art. 423 que determina a interpretação mais favorável ao aderente quando no contrato de adesão houver cláusulas ambíguas ou contraditórias; a segunda, referida no art. 424, estabelece que nos contratos de adesão são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Verifica-se, no entanto, que em nenhuma das duas normas acima mencionadas, constantes do Código Civil de 2002, o legislador define contrato de adesão. O contrato de adesão é uma técnica de contratação, podendo ser aplicada a qualquer contrato, típico ou não. 1. Contrato de Adesão no Código Civil Completar 2. Contrato de Adesão no Código de Defesa do Consumidor II - Contrato de Adesão 4.4 Liberdade Contratual (conteúdo do contrato) quarta-feira, 4 de setembro de 2013 09:45 Página 30 de Direito Civil IV Completar Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. (se houver uma cláusula inserida à mão no contrato de adesão ele não se desconfigurará) § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior. (pode até haver uma cláusula resolutória, mas sempre quem decidirá é o fornecedor) § 3° Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008) (a exigência em relação à forma do contrato, é uma exigência do formalismo. Em razão do dirigismo contratual o formalismo do direito romano é retomado) § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. (por exemplo a cláusula em contrato de plano de saúde que limita a realização de um exame para apenas uma vez por ano. Essa cláusula deve estar em destaque. Por ser a informação um dever do fornecedor e um direito do consumidor. Em ultima instancia tem a finalidade de conseguir um equilíbrio mínimo. § 5° (Vetado) A vedação das cláusulas abusivas é uma limitação à liberdade contratual. O Estado interfere positivamente no contrato dizendo quais as cláusulas que não devem estar no contrato. Atuação característica do dirigismo contratual. No Código civil a vedação à cláusulas abusivas encontram-se nos seguintes dispositivos: Completar 1.Vedação de Cláusulas Abusivas no Código Civil 2.Vedação de Cláusulas Abusivas no Código de Defesa do Consumidor III - Cláusulas abusivas Como visto, em toda relação jurídica deve prevalecer o princípio da boa-fé. Como consequência, toda cláusula que infringir este princípio é considerada, por lei, como abusiva. Cláusula abusiva é aquela desfavorável à parte mais fraca na relação contratual, que, na relação de consumo é o consumidor. A existência de cláusula abusiva no contrato de
Compartilhar