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Ética no Serviço Público

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Módulo - Ética no Serviço Público
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Sumário
 
Sumário 3
 I. Apresentação 5
Apresentação 5
 II. Moral e Ética 6
Moral e Ética 6
 A. Por que a ética no trabalho..................................................6
 B. O homem, um ser consciente.............................................14
 C. A Moral e a Ética................................................................21
 D. O individual no social e na moral.......................................34
 III. Avaliação 44
Avaliação 44
 IV. Trabalho e Ética 49
Trabalho e Ética 49
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 A. O significado do trabalho....................................................49
 B. Os deveres fundamentais do homem.................................59
 C. As virtudes profissionais.....................................................63
 D. A ética profissional.............................................................78
 V. Código de Ética Profissional do Servidor Público 85
Código de Ética Profissional do Servidor Público 85
 A. Regras Deontológicas........................................................85
 B. Principais Deveres do Servidor Público..............................97
 C. Vedações ao Serviço Público...........................................107
 D. Comissões de Ética..........................................................117
 VI. Encerramento 125
Encerramento 125
 VII. Glossário 126
Glossário 126
 VIII. Bibliografia 129
Bibliografia 129
 IX. Anexos 129
Solução da Avaliação 131
 
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Apresentação
 I. Apresentação
 
Apresentação I
 
 
 
 
O principal objetivo deste módulo de Ética no Serviço Público é apresentar o 
conceito de moral e de ética no serviço público com a aplicação do Código de 
Ética do Servidor Público. 
Este módulo é dividido em três temas: Moral e Ética,Trabalho e Ética e 
Código de Ética Profissional do Servidor Público. Você pode iniciar pelo 
tema de seu interesse, na ordem que desejar, pois a navegação não é linear. 
Esperamos aprender juntos. Conte sempre conosco. 
Sucesso! 
 
 
 
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Apresentação
 II. Moral e Ética
 
Moral e Ética II
 
 
Por que a ética no trabalho 6
O homem, um ser consciente 14
A Moral e a Ética 21
O individual no social e na moral 34
 
 
 
 A. Por que a ética no trabalho
Tema: Moral e Ética
Assunto: Por que a ética no trabalho 
Olá, caro(a) aluno(a)
Este material destina-se ao seu uso como aluno(a) inscrito(a) no Curso 
QUALIDADE NO ATENDIMENTO, promovido pela RCI – Rede de 
Colaboração e Aprendizagem das IFE. Para facilitar o manuseio do material, 
seguir-se-á a sequência estabelecida para o curso em temas, assuntos e 
unidades. 
 
Nesta unidade, você conhecerá a ética nas organizações e a prática que pode 
levar a procedimentos antiéticos. E chegará à conclusão de que uma atitude 
ética é o melhor caminho. Vamos lá? 
 
Antes de entrar na teoria, que tal ver um exemplo? 
Na sede de um órgão público, os carros particulares dos funcionários ficam 
protegidos na garagem, ocupando as vagas destinadas à frota oficial. Esta 
ficou em estacionamento descoberto, exposta à chuva, ao sol e ao risco de 
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Moral e Ética
roubo. Os responsáveis pelo patrimônio público, neste caso, priorizaram seus 
interesses particulares em detrimento do interesse coletivo. 
Nos últimos cinco anos, este órgão público trocou, pelo menos uma vez, toda a 
sua frota precocemente envelhecida. 
 
 
Embora esta atitude não seja generalizada no serviço público, esta situação 
evidencia uma falta de senso ético por parte dos gestores e dos servidores do 
órgão. Você concorda? 
 
A troca de informações e o conhecimento de novas experiências são muito 
importantes para auxiliar no seu aprendizado e no seu aperfeiçoamento 
profissional. 
 
Agora vamos iniciar o estudo teórico deste tema. Podemos começar? 
Atualmente, a sociedade passa por uma grave crise de valores, caracterizada 
pela falta de decoro, de respeito pelo outro e de limites. As pessoas têm 
dificuldades em assimilar normas morais e respeitar as leis e as regras sociais. 
Isso tem uma influência direta nas organizações, porque elas estão ligadas à 
cultura e, com base nesta, definem suas relações interpessoais e empresariais, 
seus objetivos, compromissos e formato administrativo. Podemos dizer, então, 
que a cultura de uma organização é o reflexo da cultura da sociedade. 
Cada organização, porém, possui uma cultura própria, visível, através da qual 
se identificam as formas como as pessoas se relacionam, a linguagem usada, 
as imagens cultuadas. No serviço público, as organizações também possuem 
uma cultura própria. 
7
Moral e Ética
 
 
 
Mas, será que na maioria das organizações tudo corre bem, com tranquilidade 
e harmonia? Pense um pouco nisso. 
 
Por que temos motivação para produzir ?
Todas as organizações são um campo de conflitos. Umas resolvem suas 
questões democraticamente, discutindo-as coletivamente. Outras usam 
autoritarismo e punições, impedindo a livre expressão. Esses conflitos, muitas 
vezes, são promovidos mediante campanhas internas, como para a escolha do 
empregado padrão, e outras maneiras de destacar determinadas qualidades do 
empregado em detrimento de outras. 
Na base desses conflitos, encontra-se a luta pelo poder. E o poder exercido 
dentro de uma organização visa a atingir suas metas, levando os seus 
membros a produzirem de forma competente e eficaz. 
A sobrevivência de uma organização depende da forma como esse poder é 
exercido, da postura moral das pessoas que o exercem. 
Para que haja desenvolvimento e a qualidade de vida seja preservada, faz-se 
necessário que as relações nas organizações se baseiem em valores como: 
 Honestidade 
 Confiança 
 Credibilidade 
 Altruísmo 
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Moral e Ética
Uma organização precisa ser vista como um organismo vivo, onde cada 
integrante tem um papel importante e útil a cumprir, a fim de garantir o seu 
perfeito funcionamento. 
Para facilitar o entendimento do assunto vamos ver, agora, uma historinha. 
Podemos começar? 
A mãe de Mariana faleceu e lhe deixou de herança um apartamento. Após 
algum tempo, Mariana resolveu vender o imóvel e procurou um advogado para 
tratar da documentação. Porém, ela não tinha ideia da via crucis que iria iniciar. 
O processo de inventário do imóvel se arrastou por doze longos anos, tendo 
passado por inúmeras instâncias. Sempre havia uma exigência legal que 
atrasava a conclusão do inventário. Este mesmo processo, que levou tanto 
tempo para a sua conclusão, se tivesse sido acompanhado por funcionários 
mais comprometidos com a diligência e agilização do caso, teria levado muito 
menos tempo e dinheiro. 
 
 
Circunstâncias como essa acontecem a todo momento. Reflita sobre o que 
pode ser feito para que a sociedade cultive o conceito de presteza e 
responsabilidade profissional. 
Novos paradigmas nas relações profissionais
As pessoas que compõem as organizações precisam agir com 
profissionalismo, dedicação e integridade, evitando a troca de favores, o 
jeitinho, o corporativismo e o princípio de levar vantagem em tudo. Para 
colocá-las a serviço do bem comum é preciso, assim, que as relações 
profissionais ocorram com base em princípios morais como: 
 confiabilidade
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Moral e Ética
 credulidade 
 integridade 
 respeito
Enfim, as organizações públicas devem dedicar à ética o mesmo cuidado 
dispensado às questões ditas organizacionais. 
A ética no trabalho, ou qualquer que seja ela, deve seguir uma orientação 
humanista, colocando a vida humana como o valor principal. Não podemos 
esquecer que as pessoas integrantes das organizações são,
antes de tudo, 
seres humanos com emoções e sentimentos e não apenas peças da 
engrenagem produtiva. 
A ética nas organizações
A ética é a questão número um para a maioria das grandes organizações, de 
acordo com recentes pesquisas realizadas nos Estados Unidos. 
No Brasil, já existe uma consciência, que continua crescendo, de que a 
questão da ética é tão importante quanto à lucratividade. Contudo, ainda temos 
muita estrada para caminhar neste sentido. Infelizmente, existe uma grande 
resistência das pessoas em admitirem suas atitudes antiéticas na vida em geral 
e, por extensão, no trabalho. E o pior é que as pessoas não fazem uma 
autoanálise dos seus comportamentos, mas, ao contrário, passam a assumir 
uma postura bem mais cômoda, embora desonesta: culpam a organização e 
os outros pelas consequências dos seus atos. 
 
 
Os comportamentos antiéticos dentro das instituições, como o favoritismo, o 
sacrifício dos mais fracos, a deturpação de relatórios, o tráfico de influências, 
10
Moral e Ética
entre outros, atingem as pessoas e o próprio agente, pois são desumanos com 
todos. 
 
Faça tudo para não perder de vista a sua dimensão humana no trabalho. 
Tenha em mente que você precisa de tempo para a vida, para o lazer e para a 
família. Um bom profissional precisa ter consciência dos limites que deve impor 
entre os mundos profissional e pessoal. Precisa saber claramente quem ele é e 
o que é o trabalho na sua vida. Se não tem essa compreensão, fica alienado. 
 
A ética tem tudo a ver comigo!
A pessoa alienada não tem uma verdadeira compreensão do que se passa 
atrás das aparências, dificultando o entendimento entre o pensamento e a 
ação. 
A alienação leva o indivíduo a desconhecer que a ética precisa estar presente 
em todos os momentos da atividade humana. 
Não entender isso, faz com que o profissional não considere as situações 
éticas que a todo momento ocorrem na organização, deixando-as de lado ou 
subestimando-as.
Esta alienação, entendida como a falta de compreensão da seriedade e 
consequência de atitudes antiéticas, faz com que profissionais bem 
intencionados não percebam a gravidade da questão. 
 
 
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Moral e Ética
Cultivar a ética é construir organizações sólidas
Como já foi comprovado, através de pesquisas, além de ser pensamento dos 
antigos filósofos, podemos afirmar, sem medo de errar, que: 
 a ética ainda é o melhor caminho; 
 a integridade é uma fonte de sucesso para as organizações, que 
ganharão a confiança dos clientes, o comprometimento dos servidores e 
a autonomia dos seus líderes. 
É muito triste, quando a ética é negligenciada numa organização, passando a 
prevalecer o sentimento de desconfiança, a falta de lealdade dos empregados, 
a utilização da tecnologia a serviço da fraude, entre outros. 
A falta de ética coloca em jogo o destino da organização e tem sido o motivo 
do desmoronamento de muitas instituições. 
 
A ética é: 
o direito e a vontade de justiça; 
a arte que deve ser aprendida dia após dia;
o investimento que vale a pena, pois é um grande patrimônio para os 
indivíduos e o maior para a vida de uma organização. 
Reflita e registre a sua resposta abaixo. 
 
 B. O homem, um ser consciente
Tema: Moral e Ética
Assunto: O homem, um ser consciente
Vamos estudar nesta unidade o homem como um ser consciente, conhecendo 
os seus estados psíquicos, suas lembranças e sentimentos. Observe a 
diferença entre consciência psicológica e consciência moral. Verifique, 
também, as reflexões sobre atitudes discriminadoras que separam as pessoas. 
Vamos lá? 
 
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Moral e Ética
 
Antes de começar o estudo teórico deste tema, que tal ver um exemplo? 
Um jogador anônimo fez uma aposta em uma casa lotérica. Seu bilhete foi 
premiado com uma bolada milionária. Porém, o vencedor, desavisado, não foi 
reclamar o seu prêmio. O dono da casa lotérica, consternado com a situação, 
resolveu, ele mesmo, procurar o vencedor do prêmio. Após dias de busca, 
finalmente o vencedor do bilhete foi localizado - pelo dono da casa lotérica. A 
história se tornou pública, e o dono da casa lotérica apresentava-se como um 
herói. Perplexo com tanto alarde, ele não entendia porque um ato, que nada 
mais era que a sua obrigação, foi transformado em um símbolo de 
demonstração de honestidade. Porque será? 
 
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Moral e Ética
 
 
Reflita um pouco sobre o exemplo acima. Como você agiria? O que você acha 
da atitude do proprietário da casa lotérica? 
 
O médico e psicanalista Carl Jung afirmou que “a existência só é real quando é 
consciente para alguém. A tarefa do homem é conscientizar-se cada vez 
mais” 
Vamos,agora, entrar na teoria? 
O que é consciência
Podemos dizer que ser consciente significa proceder com consciência. O ser 
consciente sabe que existe. A pessoa consciente é a que sabe o que faz. 
 
14
Moral e Ética
 
Gostamos muito da palavra consciência. Preste atenção como todos nós a 
usamos no dia a dia, na linguagem coloquial. Vejamos os seus significados nas 
diferentes situações abaixo: 
 Paulo perdeu a consciência. 
 Paulo agiu de acordo com a sua consciência. 
O que é perder a consciência
Perder a consciência é deixar de ter o sentimento da existência de nós 
mesmos e do mundo. Aqui se trata da consciência psicológica, que é o 
conhecimento de nós mesmos. É a consciência que temos de existir, a 
consciência que temos de nossos estados psíquicos, de nossas lembranças e 
sentimentos. É, também, a consciência que temos, por exemplo, de que há 
livros sobre a mesa, de que o dia está chuvoso ou ensolarado. 
Como você pode ver, a consciência psicológica estende-se à experiência do 
meio em que você vive, revelando, desta maneira, quem você é, o que faz e 
que mundo o rodeia. 
Essa frase refere-se à consciência moral, àquela voz interior que nos orienta, 
de maneira pessoal, sobre o que devemos fazer em determinada situação. A 
consciência moral emite seu juízo, antes da ação, como uma voz que 
aconselha ou proíbe. Após a realização da ação, a consciência moral 
manifesta-se como um sentimento de satisfação - força recompensadora - ou 
arrependimento, remorso - força condenatória. 
 
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Moral e Ética
 
Diferença entre consciência psicológica e consciência moral
As consciências psicológica e moral relacionam-se entre si. Veja a situação 
seguinte. 
Praticamos uma ação e, em seguida, refletimos achando que não devíamos tê-
la praticado, por ser, por exemplo, prejudicial a alguém. Essa reflexão 
acompanhada de arrependimento ocorre porque temos uma consciência 
psicológica. 
Ora, se nós não tivéssemos este tipo de consciência, não existiria o problema 
da moral, pois esta é a função da consciência que consiste na distinção entre o 
bem e o mal. 
Vê-se, então, que, se o problema moral se estabelece para o homem é porque, 
inicialmente, ele tem consciência psicológica. Assim, você pode concluir, a 
consciência moral pressupõe a consciência psicológica. 
Se todos os atos humanos fossem desencadeados pela pressão dos instintos e 
dos hábitos, se o homem não tivesse consciência do que faz, não existiria o 
problema da moral. Mas, o homem é um ser racional, pensante. 
Ser consciente significa não apenas ter o conhecimento de nós mesmos e 
compreender o que está ocorrendo ao nosso redor, mas, também, perceber 
que podemos agir de diversas maneiras, planejando o que irá acontecer. 
Ninguém gosta de ser maltratado!
Estamos vivendo um momento em que milhões de pessoas conspiram por um 
mundo mais humano, mais seguro, mais responsável e mais consciente. 
E numa organização, este ser dotado de consciência, de poder de decisão e de
escolha, precisa ser respeitado, independente da posição hierárquica que 
16
Moral e Ética
ocupa, da sua capacidade produtiva e dos benefícios que traga à instituição.
Não podemos esquecer que os indivíduos são mais importantes que as 
organizações e de que estas existem para oferecer melhores condições de vida 
aos seres humanos. 
 
 
Isso se aplica, igualmente, aos clientes externos, bem como a toda a 
sociedade, que devem ser tratados e respeitados como seres humanos, 
independente da sua condição social e econômica. Em muitas situações, 
principalmente na área de saúde, vemos que as pessoas pertencentes às 
camadas mais altas recebem tratamento diferenciado daquelas de camadas 
populares. 
 
O que você acha de uma atitude discriminante, que separa as pessoas? Pense 
um pouco a respeito. 
 
Temos certeza de que você concorda que esse comportamento é totalmente 
contrário à ética. Não é mesmo? 
Podemos concluir, então, que as organizações devem dedicar à ética o mesmo 
cuidado que dispensam às questões organizacionais, sabendo-se que isso é 
de suma importância para a sua sobrevivência econômica. 
 
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Moral e Ética
 
Ética humanista
A ética de uma organização deve seguir uma orientação humanista, ou seja, 
deve reconhecer o valor principal dos seres humanos. 
Não pode ser esquecido que as pessoas envolvidas com a organização são 
seres humanos com emoções e sentimentos e não máquinas ou peças da 
engrenagem produtiva. 
 
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Moral e Ética
 
Tudo deve ser feito para que a ciência e a técnica não sejam privilegiadas em 
detrimento do aspecto humano. 
Vamos fazer uma reflexão sobre os questionamentos de Marcuse, abaixo 
transcritos. 
"O que fazer para que os recursos existentes na sociedade, intelectuais ou 
materiais, possam ser colocados a serviço da vida, de uma vida que mereça 
ser vivida?" 
"O que fazer para que esses recursos possam ser usados para o máximo de 
desenvolvimento e satisfação das necessidades e faculdades individuais com o 
mínimo de labuta e miséria?" 
O compromisso ético das organizações é instituir práticas mediante as quais 
o indivíduo seja tratado e reconhecido como um ser racional, consciente e 
respeitado na sua inteireza, não se aceitando que os interesses econômicos 
fiquem acima dos da pessoa humana. 
 
Na sua opinião, como o servidor público poderá contribuir para aprimorar o 
senso ético, visando ao bem comum? Reflita a respeito. 
 
Desenvolvimento científico e tecnológico – Onde fica a ética
É muito importante a presteza das decisões, a eficácia na ação. Isso é 
inegável. Não podemos, também, negar a importância do desenvolvimento 
científico e tecnológico, que é fundamental ao crescimento econômico. Agora, 
esse desenvolvimento econômico deve ser colocado a serviço da vida, através: 
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Moral e Ética
 da preservação do meio ambiente; 
 da criação de técnicas educacionais, da criação de novos métodos e 
aparelhos a serem colocados a serviço da vida; 
 do desenvolvimento de pesquisas; 
 do desempenho de práticas que garantam mais saúde e longevidade. 
A ciência e a tecnologia devem ser usadas com ética, ou seja, devem ser 
colocadas a serviço da vida, da harmonia, do respeito e da integridade. 
A ética organizacional orienta as organizações a investirem na realização dos 
indivíduos, procurando aproveitar os talentos dos seus empregados, dando-
lhes oportunidades, fornecendo-lhes as informações necessárias, enfim, 
oferecendo condições para que possam realizar-se como pessoas livres e 
conscientes. 
Da mesma forma, como já foi comentado, a ética organizacional orienta que os 
parceiros e clientes externos sejam tratados com equidade, respeito, 
honestidade, segurança e transparência, qualquer que seja sua cor, sexo ou 
condição social. 
 C. A Moral e a Ética
Tema: Moral e Ética
Assunto: A moral e a ética 
Nesta unidade, vamos estudar sobre a Moral e a Ética, entendendo os 
conceitos e a diferença de cada um deles. Observe o exemplo apresentado, 
antes de iniciar o estudo teórico. Podemos começar? 
Estudo de Caso
Antes de começar o estudo teórico, vamos ver um estudo de caso? 
Numa empresa de economia mista da área de turismo, numa grande cidade do 
país, durante um período de festas folclóricas, o poder público contratou 
profissionais para a produção dos eventos. Os serviços de iluminação, 
sonorização, decoração e segurança foram terceirizados. Era praxe das 
empresas prestadoras desses serviços pagarem propinas, a fim de garantir a 
sua escolha. Mas o coordenador de eventos, de um determinado ano, cuja 
trajetória profissional e pessoal era norteada pelo senso ético e de 
honestidade, não concordou com tal procedimento. Contratou então, empresas 
usando critérios baseados na qualidade dos serviços oferecidos, em requisitos 
técnicos e nas referências apresentadas. O resultado dessa conduta ética foi a 
demissão desse coordenador, após a realização do primeiro ciclo de festas 
populares da cidade. 
 
20
Moral e Ética
 
 
Reflita um pouco sobre o exemplo anterior. 
Como você agiria? O que você acha da atitude desse coordenador?
 
Ética e Moral: qual a diferença?
Os mundos ético e moral do indivíduo se relacionam de forma contraditória e 
intrínseca. Há uma influência recíproca entre as atitudes humanas que, na 
verdade, constituem a unidade indivisível da personalidade natural do homem. 
Essa contradição pode ser constatada quando verificamos que os indivíduos 
nem sempre utilizam, na sua ação moral, os princípios éticos que pregam.
É aquela velha história que você deve conhecer: a teoria é diferente da 
prática. E como é! Uma coisa é pregar o que deve ser feito, como deve ser 
feito. E outra é o fazer, a ação. 
 
21
Moral e Ética
 
Porém, a natureza da preocupação ética vai além dos aspectos de coerência 
entre o dizer e o fazer. Não podemos esquecer que o fim do refletir ético é 
encontrar para o ser humano o caminho seguro de uma moral feliz. 
A felicidade é a busca essencial do ser. Mas essa verdade não se atinge 
simplesmente pela correção dos princípios e pela coerência da prática moral 
com tais valores. Pode acontecer que a pessoa discurse sobre uma ética, 
reflita sobre sua validade e a pratique, e que no final, apesar de tudo, se sinta 
infeliz. Nesse caso, precisa arriscar-se, experimentando novas éticas ou novas 
práticas morais que o façam atingir o estágio feliz. 
Cada um tem que fazer sua parte!
A busca da felicidade pelo homem é tarefa exclusiva sua. O maior objetivo do 
ser humano é a felicidade. Mas, ele tem que fazer a sua parte. Veja o que o 
compositor baiano Gilberto Gil falou a esse respeito: 
« A Bahia já me deu régua e compasso. Meu caminho pelo mundo, eu mesmo 
traço. » 
 
22
Moral e Ética
 
Este caminho particular de cada um tem a ver com a sua cabeça e com o seu 
corpo, com o conhecimento de si próprio, de sua integridade espiritual e 
sensitiva, de seus limites e de suas possibilidades. 
Por isso não basta somente a lógica interna e a correção formal da proposta 
ética de cada um, mas principalmente, o fato de que, praticando essa ou 
aquela ação, a pessoa se realizou, sentiu-se bem, atingiu a felicidade. 
Como você pode concluir, a ética deve ser realizada por uma moral. Seja 
como reflexão indicativa de uma prática moral feliz, ou como atividade 
intelectual especulativa do comportamento moral que felicitou o indivíduo. Daí 
decorre, após a ação, a descoberta de uma nova ética que orientará com maior 
segurança os novos passos da pessoa feliz. 
O que são valores morais? Confira!
Os valores morais estão presentes nas diversas
esferas das nossas vidas. 
Vejamos:
 O pai exige que o filho, respeitando seus valores, chegue em casa no 
horário estabelecido. 
 A esposa reclama fidelidade do marido e vice-versa. 
 Em política, sabe-se que sem padrões de justiça não é possível 
administrar a sociedade. 
 O desenvolvimento da ciência e da tecnologia demanda parâmetros 
éticos. 
 A Constituição de um país contém valores morais que os cidadãos 
devem conhecer e transformar em realidade. 
Não existe vida social sem a presença de regras ou normas de conduta – esta 
é a importância do mundo moral. 
Os valores morais dominantes não são decididos individualmente. Eles surgem 
23
Moral e Ética
da experiência do grupo humano e vão se internalizando e se tornando aceitos 
pelos membros da sociedade. À medida que teorizamos sobre essa moral, 
vamos tomando consciência dela, os seus preceitos tornam-se explícitos e 
começam a se propagar pelos meios educativos e comunicacionais. 
 
Olhe, aqui, uma dica importante! É fundamental o papel dos pais na 
propagação dos valores, porque para a criança a família é uma referência 
muito forte. 
Se os pais desejam, realmente, transmitir aos seus filhos algo essencial, 
precisam vivenciar, antes de tudo, o ensinamento. Desprendimento, 
generosidade, altruísmo, em suma, todas as qualidades ligadas ao coração e 
ao amor são imperiosas na família como exigência para uma vida plena. 
 
 
As maiores recompensas que os pais podem ter são a alegria de transmitir 
24
Moral e Ética
princípios de vida e de ver o filho crescer graças ao esforço e aos exemplos 
que oferecem. 
 
Moral ou imoral? Eis a questão!
A ação realizada será moral ou imoral, conforme esteja de acordo ou não com 
a norma estabelecida. Assim, respeitar a propriedade alheia será considerada 
uma ação moral, uma vez que - não roubar - está de acordo com a norma. 
Trapacear no jogo será considerada uma ação imoral, pois a trapaça 
representa a violação de uma norma moral, no caso, a honestidade. 
No Brasil, os truques e sutilezas com o objetivo de levar vantagem sobre o 
outro, transgredindo as normas, entraram na rotina de muita gente. O guarda 
dá um jeitinho de cancelar a multa; o fiscal dá outro jeitinho de não embargar a 
obra, e o tráfico de influências se alastra. 
Na verdade, o “jeitinho” não deixa de ser uma prática de ações imorais. O 
desrespeito e o desprezo à lei dão lugar ao oportunismo, à prepotência e ao 
imperativo do mais “esperto”. 
O resultado disso é a desmoralização da ideia de justiça, um clima de 
desconfiança generalizada, um incentivo a comportamentos desonestos. 
 
 
Como se dá a construção da nossa ética?
À medida que vivemos nossas experiências, vamos construindo a nossa ética. 
Geralmente, a construímos no período da adolescência, quando começamos a 
nos descobrir como um ser pensante e emotivo. Nessa época, o corpo se 
impõe com suas manifestações biológicas específicas, com seus apelos 
radicais em busca do outro, com as naturais descargas hormonais e sensitivas. 
25
Moral e Ética
O novo corpo começa a buscar um maior espaço físico de liberdade, onde 
possa se descobrir, se questionar e comparar suas descobertas com os outros 
indivíduos. 
Você está lembrado das emoções vividas na sua adolescência? É a fase de 
descobertas marcantes de novas verdades e novas emoções, como a 
sexualidade e o amor. 
 
 
Com base nas experiências da fase de adolescência, vamos construindo-nos, 
sensorial e emotivamente, a partir do conhecimento pessoal de nós mesmos, 
dos caminhos que nos levam à dor e ao prazer, à decepção, ao remorso, à 
angústia, à alegria e a momentos de felicidade. 
Esta vivência tão marcante, com sensações contraditórias e conflitantes, faz 
com que cada descoberta signifique uma ruptura, um trauma ou corte com 
relação à ética que dirigia a nossa vida no período anterior. 
O Padre Antonio Vieira retrata, de forma interessante, a caminhada do ser 
humano no seguinte verso: “os desenganos vão conosco à frente e as 
esperanças vão ficando atrás, sucedendo exatamente o contrário do nosso 
tempo de rapaz”. 
 
26
Moral e Ética
 
 
 
Vamos ver algumas definições sobre moral e ética?
A palavra moral vem sendo substituída pela palavra ética. Para alguns 
autores, os seus significados se confundem. Outros acham que tais palavras 
27
Moral e Ética
possuem origens distintas e significados iguais. 
Vamos apreciar algumas definições de autores diversos sobre moral e ética. 
O Prof. Oscar d'Alva e Souza Filho, em seu livro Ética Individual & Ética 
Profissional, afirma que “a moral é sempre a consumação prática de uma 
determinada ética, pois no comportamento do indivíduo está embutido um valor 
ético que ele preza e cultiva”. 
Prossegue, dizendo que: “o homem, ao agir, ao fazer, realiza objetivamente 
uma ação valorável. Nessa prática, nesse comportamento, está embutida a 
ética”. 
Já ocorreu com você uma situação em que, antes de agir, ficou se 
perguntando: Devo fazer isso? Devo agir ou não dessa forma? Isso é a 
consumação de um momento ético. 
A moral é bem mais dinâmica do que a ética, que é mais estática e 
conservadora. A moral se modifica e se altera com mais facilidade, devido a 
sua exterioridade e superficialidade. 
 
 
A moral se apresenta no modo de vestir, de falar, na escolha de determinadas 
posturas e padrões de comportamento. 
A ação moral provoca, no meio social, uma sanção positiva ou negativa, 
conforme o comportamento. São exemplos disso o aplauso e a vaia - formas 
difusas de controle social da moralidade individual ou grupal. 
É indiscutível que a vida humana estrutura-se em torno de valores morais, pois 
nossas atitudes são baseadas em escolhas feitas a partir do valor que elas têm 
para nós. 
28
Moral e Ética
 
 
Os valores morais só existem nos atos e produtos humanos, como: 
comportamentos, interações sociais, decisões tomadas. Estes valores são de 
propriedade do homem porque se pressupõe que seus atos se realizam de 
forma livre e consciente, já que o ser humano possui livre arbítrio. 
Geralmente, as organizações são acionadas por interesses individualistas, sem 
uma base moral. 
Algumas definições do que é ética. Vamos conferir!
Adolfo Vasquez afirma que: “a ética é a ciência que estuda o comportamento 
moral dos homens na sociedade”. 
Elizete Passos diz que: “a ética é a ciência da moral”. 
Pierre Weil fala da “Ética Moralista – fundamentada no dever e/ou na razão, 
nos dogmas impostos pela sociedade, e da Ética Espontânea – fundamentada 
na sabedoria e no amor complementados pela razão“. 
Oscar d'Alva e Souza Filho costuma conceituar ética como “uma reflexão sobre 
o fazer, antes de fazer, procurando fazer bem”. 
Vejamos abaixo outras definições sobre ética de autores desconhecidos. 
“É um conjunto de ideias, princípios e valores sobre os quais o homem reflete, 
para pensar a ação feliz e segura”. 
“É um conjunto de valores e princípios orientadores da ação humana”. 
“Um conjunto ou sistema lógico de ideias e doutrinas que servem de postulado 
29
Moral e Ética
à ação do homem”. 
“É uma reflexão sistemática sobre o comportamento moral”. 
“Investiga, analisa e explica a moral de uma determinada sociedade”. 
“Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem da moral, da distinção 
entre o comportamento moral e outras formas de agir, da liberdade e da 
responsabilidade e, ainda, de questões como a prática do aborto, da eutanásia 
e da pena de morte”. 
“A ética não diz o que não deve ser feito em cada caso concreto”. 
 
Faça uma reflexão sobre seus valores éticos e morais.
Verifique
se a sua prática de vida corresponde ao que você pensa. 
 
 D. O individual no social e na moral
Tema: Moral e Ética
Assunto: O individual no social e na moral
Esta unidade aborda o indivíduo no social e na moral. Você estudará o conceito 
de moral, como o ser humano a internaliza e a influência do meio social na 
formação do sujeito. 
Estudo de Caso 
Antes de entrar na parte teórica, vamos ver um estudo de caso? 
Ocorreu uma greve da força policial. No primeiro dia da greve foi inaugurada 
uma era de pânico e terror nas principais cidades do estado. Foram praticados 
assaltos, arrastões e saques a lojas, bancos e supermercados, ficando a 
população à mercê da barbárie. O caos se instalou, sendo decretado feriado 
estadual. Cidadãos ficaram confinados em suas residências, tornando-se 
prisioneiros. 
 
30
Moral e Ética
 
Após vários dias de negociação, chegou-se a um acordo, e as polícias voltaram 
as ruas. Só então, a população pôde retomar a sua rotina normal. O que se 
conclui dessa triste história? Que as sociedades necessitam de uma força 
coercitiva para impor a lei e a ordem? Reflita sobre o fato de que quanto mais 
distanciada a sociedade estiver de valores morais e sociais, mais dependente 
ficará de mecanismos externos para manterem a ordem e a paz. 
Agora, vamos entrar na teoria? 
As influências do meio social na moral
A moral é, ao mesmo tempo: 
 um conjunto de normas que determinam como deve ser o 
comportamento; 
 as ações realizadas de acordo ou não com tais normas. 
Veja o aspecto social da moral. Desde pequenos, ficamos sujeitos às 
influências do meio social através da família, da escola, dos amigos, dos meios 
de comunicação de massa. As ideias morais vão sendo adquiridas, aos 
poucos, desta forma. Quando nascemos, já nos deparamos com um conjunto 
de normas e valores aceitos em determinado meio social. 
 
31
Moral e Ética
 
A moral, todavia, não se reduz ao aspecto social. Passamos a colocar os 
valores assimilados em questão, à medida que desenvolvemos a reflexão 
crítica. Passamos a refletir sobre as normas e tomamos a decisão de acatá-las 
ou negá-las. 
Voltando ao estudo de caso apresentado no início da unidade, vale a pena 
ressaltar um outro aspecto do episódio: a falta de ética pessoal e profissional 
por parte dos policiais grevistas. Quando os policiais deflagraram a greve, 
paralisando totalmente as atividades, violaram um princípio ético da profissão, 
o de colocar em risco a vida do cidadão. No momento em que assumiram essa 
posição, se distanciaram de todos os valores até então defendidos, 
incorporaram a postura de quem combatem. 
 
32
Moral e Ética
 
 
Reflita sobre o nosso cotidiano, como nos afastamos dos valores morais que 
alicerçam a nossa vida. 
 
A aceitação das normas sociais
Interiorização é a aceitação espontânea de uma norma em consequência de 
uma reflexão pessoal consciente.
O que qualifica o ato como moral é essa interiorização da norma. Faltando a 
interiorização, o ato não é considerado moral, mas apenas um comportamento 
determinado pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes. 
Vejamos estes exemplos, para você entender o que é interiorização. 
Se uma criança de 12 anos decide escovar os seus dentes após as refeições, 
porque sabe que, assim, conservará os seus dentes sem cáries, ela interiorizou 
a norma que lhe foi ditada. 
O Código de Trânsito determina que não devemos buzinar diante de um 
hospital. Se respeito essa norma por convicção íntima, consciente de que os 
doentes precisam de silêncio, é sinal de que interiorizei a norma, e a minha 
atitude é qualificada como ato moral. 
Porém, se a criança escova os dentes apenas para não ser punida e, no 
segundo caso, se respeito essa norma apenas para não ser multado, significa 
que não houve interiorização. E nestes exemplos, os dois atos escapam do 
campo moral, reduzindo-se ao cumprimento de uma lei. 
 
33
Moral e Ética
 
Como se dá o controle social
O grande filósofo Aristóteles observou, quando escreveu sua ÉTICA, que o 
indivíduo, antes de uma ação, submete-a a três formas de controle: 
 o de sua própria consciência; 
 o da família;
 o da sociedade. 
À primeira forma foi chamada pelo filósofo de ética individual, porque o 
indivíduo consulta somente a sua consciência e, em seguida, executa o ato. 
Na segunda alternativa, após consultar a sua consciência, a pessoa reflete 
sobre a reação que o seu ato poderia provocar na sua família. Muitas vezes, 
ela deixa de agir, reprimindo a sua ação, por conveniências ligadas à família. 
Na terceira forma, o indivíduo embora tenha superado a sua consciência ética 
e a conveniência familiar, reflete sobre a repercussão que o seu 
comportamento poderá ter na sociedade. 
A consciência moral é construída?
O psicólogo e pedagogo Jean Piaget realizou um estudo pioneiro sobre o 
desenvolvimento do critério moral, com base em uma pesquisa com crianças 
dos bairros de Genebra, na Suíça. Segundo ele, a formação da consciência 
moral na pessoa segue, basicamente, quatro etapas: 
 1. A etapa do comportamento puramente instintivo, que se orienta apenas pelo 
prazer e pela dor. A criança procura o prazer e foge da dor, sem relacioná-
los a normas morais. Esta fase chama-se anomia, que significa negação, 
sem lei. 
No adulto, a anomia revela um nível muito baixo de moralidade, ou seja, 
34
Moral e Ética
falta de responsabilidade e de ideal moral. Exemplificando, seria o caso do 
motorista que “voa” com seu automóvel apenas pelo prazer de correr, sem 
considerar as consequências de seu ato. 
 2. A fase em que a criança obedece às ordens para receber a recompensa ou 
para evitar o castigo chama-se hetoronomia, isto é, lei estabelecida ou 
imposta por outra pessoa. É o caso do motorista que observa as leis de 
trânsito só para não ser multado 
 3. Nessa etapa, que se chama socionomia, os critérios morais da criança vão 
se afirmando por meio de suas relações com outras crianças. Significa lei 
interiorizada do convívio. Ela vai interiorizando as noções de 
responsabilidade, obrigação, respeito, justiça. Começa a não fazer aos 
outros o que não gostaria que fizessem a ela. Age sempre buscando a 
aprovação ou evitando a censura dos outros. Entre adultos, é o caso do 
motorista que dirige preocupado consigo mesmo e, sobretudo, com o que os 
outros pensam dele. 
 4. Nesta fase, a criança já interiorizou as normas morais e passa a comportar-
se de acordo com elas. É a etapa mais elevada de comportamento moral. 
Entre adultos, é o caso do motorista que, na direção do automóvel, orienta-
se pelas leis de trânsito e por seus próprios princípios internos de conduta. 
Chama-se autonomia, ou seja lei própria. 
Diferenças entre normas morais e normas jurídicas
Vamos agora apreciar as diferenças entre os princípios morais e as normas 
jurídicas, criadas para orientar o comportamento do homem. Vejamos. 
 
 
Exemplo
Vejamos exemplos de normas jurídicas cujo cumprimento é obrigatório: A 
convocação dos jovens para o serviço militar. O comparecimento às urnas, 
35
Moral e Ética
durante uma eleição, para votação. 
 
 
Tanto as normas morais como as jurídicas podem sofrer desvios. Quando as 
normas instituídas pelo Estado não atendem aos interesses da sociedade, as 
pessoas sentem-se oprimidas pelas leis. E quando os indivíduos negam as 
normas morais estabelecidas e criam a sua moral particular, caem no 
individualismo.
A pessoa individualista não considera o bem comum da sociedade. Ela 
esquece que o homem é um ser social, que tem não só direitos, mas também 
deveres. 
 
36
Moral e Ética
Revisão Panorâmica
VOCÊ NÃO BUZINA EM FRENTE A UM HOSPITAL, PORQUE:
Segundo o Código do Trânsito, não devo buzinar: 
 
37
Moral e Ética
 
 1. Se respeito a norma por convicção íntima, consciente de que os doentes 
precisam de silêncio. 
Nesse caso, interiorizei a norma e o meu ato é qualificado como moral. 
 2. Se respeito a norma só para não ser multado. 
Significa que a norma não foi interiorizada, e o meu ato escapa do campo 
moral, reduzindo-se ao cumprimento de uma lei. 
 
 
 
38
Moral e Ética
 
Observe a ilustração. Qual o tipo da norma prevista na ilustração? 
 
 
Agora que você identificou o tipo de norma, observe, nessa segunda ilustração, 
se houve interiorização da moral. 
 
39
Moral e Ética
 III. Avaliação
 
Avaliação III
 
 
 
 
 
Caro (a) aluno (a), 
Neste momento, você terá a oportunidade de verificar o grau de aprendizagem 
dos estudos ora concluídos.
Preparamos instrumentos de avaliação contendo dezessete questões objetivas. 
Estas questões, por serem bastante variadas e por abrangerem todo o 
conteúdo que você estudou, apresentam grandes possibilidades de acerto. 
Para cada uma das questões, oferecemos três alternativas, dentre as quais, 
você deverá selecionar, sempre, a correta. 
Será considerado desempenho satisfatório um aproveitamento equivalente a 
75%. Esperamos que as suas escolhas lhe permitam obter, de imediato, um 
desempenho satisfatório, após a primeira avaliação. Entretanto, se isto não 
ocorrer, reveja o conteúdo estudado. 
Mantenha-se confiante. Tenha certeza de que, mesmo distantes, estaremos 
torcendo pelo seu sucesso. 
Antecipadamente os nossos parabéns!
Lembre-se de que, em cada uma das questões apresentadas, você vai marcar 
sempre a alternativa verdadeira. 
Exercício1
[Solução n°1 p 125]
Os conflitos nas organizações são resolvidos:
através de punições; 
fazendo valer a autoridade; 
respeitando-se cada integrante como um indivíduo, com um papel 
importante e útil a cumprir. 
40
Avaliação
Exercício2
[Solução n°2 p 125]
Qualifica o ato como moral: 
o conhecimento antecipado da punição; 
o conhecimento da lei que rege a norma;
a interiorização da norma. 
Exercício3
[Solução n°3 p 125]
O ser consciente é aquele que:
apenas tem conhecimento de si mesmo e compreende o que está 
ocorrendo ao seu redor; 
percebe que pode agir de diversas maneiras, planejando o que irá 
acontecer, além de ter conhecimento de si mesmo e de compreender o 
que está ocorrendo ao seu redor; 
entende de moral e ética. 
Exercício4
[Solução n°4 p 125]
Para desempenharmos o papel de indivíduos humanos e, portanto, membros 
de uma sociedade humana:
saber usar uma boa linguagem é fundamental para o falante, uma vez que 
a linguagem é um importante elemento de poder;
temos que desprezar a função prática da linguagem, na vida humana e 
social;
temos de buscar o aprendizado de línguas estrangeiras, para sabermos 
usar bem a nossa língua pátria. 
Exercício5
[Solução n°5 p 126]
A pessoa alienada é aquela que:
desconhece que o respeito à ética é uma necessidade humana; 
desconhece o poder do pensamento na ação humana; 
desconhece seus sentimentos mais profundos. 
Exercício6
[Solução n°6 p 126]
Dentro das instituições, comportamentos, como: favoritismo, deturpação de 
relatórios, tráfico de influências são considerados:
41
Avaliação
inadequados; 
antiéticos; 
alienantes. 
Exercício7
[Solução n°7 p 126]
Os valores morais são formados: 
individualmente, pois cada pessoa traz consigo esses valores; 
surgem da experiência do grupo humano e vão se internalizando e se 
tornando aceitos pelos membros da sociedade;
através de conhecimentos científicos. 
Exercício8
[Solução n°8 p 126]
Construímos a nossa Ética:
na escola; 
à medida em que vivemos; 
quando nos tornamos adultos. 
Exercício9
[Solução n°9 p 126]
Quando, numa organização, prevalece o sentimento de desconfiança, significa 
que:
o chefe não tem poder;
os empregados estão competindo entre si e gerando conflitos; 
a ética foi negligenciada. 
Exercício10
[Solução n°10 p 126]
Das situações abaixo, marque aquela que caracteriza interiorização da moral:
uma criança lava as mãos, antes das refeições, porque aprendeu que 
assim estará preservando sua saúde;
um motorista evita ultrapassar a faixa de pedestre, para não ser multado; 
um jovem não joga papel no chão da escola por medo de castigo. 
Exercício11
[Solução n°11 p 127]
Assinale a única definição correta:
42
Avaliação
linguagem familiar é a utilizada ,apenas, por pessoas da família; 
linguagem culta ou variante-padrão é a mais elaborada, cuidada, de 
acordo com as normas gramaticais; 
linguagem popular não é a mais informal, embora seja utilizada por 
pessoas de baixa escolaridade. 
Exercício12
[Solução n°12 p 127]
A vida humana é estruturada:
em torno de valores morais;
a partir do livre arbítrio de cada um; 
através do nosso conhecimento de como as coisas funcionam. 
Exercício13
[Solução n°13 p 127]
Quando falamos: “Uma coisa é dizer e outra é fazer” estamos querendo 
explicar:
que há uma contradição entre os mundos ético e moral do indivíduo; 
que a natureza da preocupação ética vai além do dizer; 
que são apenas termos contraditórios. 
Exercício14
[Solução n°14 p 127]
O Sr. Marcelo e Dona Zélia tinham três filhos adolescentes, todos homens. 
Viviam relativamente bem. Relativamente, por causa da inflexibilidade de 
determinadas ordens, que ele impunha aos filhos, incontestavelmente, em 
defesa de princípios éticos e morais, que ele pregava. Essa postura gerava, às 
vezes, conflitos, sofrimentos e mal-entendidos. Qual das atitudes abaixo, você 
julga mais pacífica, acolhedora e com possibilidades de êxito?
defender o princípio de que norma é feita para ser cumprida; 
estabelecer as normas, mas antes de pô-las em prática, submetê-las a 
discussões, podendo modificá-las, para atender ao consenso do grupo;
submeter as normas à discussão da família, desde que a última palavra 
fosse dele. 
Exercício15
[Solução n°15 p 128]
Rafael, filho caçula de D. Amanda, acabara de completar 18 anos e de passar 
no vestibular. Seu presente: um carro novinho, zerinho! Ontem, ele chegou em 
casa, contando uma grande vantagem: estacionou o carro em cima da calçada 
e, além disso, em lugar proibido. Quando o guarda chegou e o flagrou, ele 
43
Avaliação
passou-lhe uma boa conversa e uma boa gorjeta e, questão resolvida! Se 
Rafael fosse seu filho, como agiria, tomando por base o conhecimento que 
você vem adquirindo no decorrer deste curso:
diria que estava decepcionado ou decepcionada com a sua atitude e que 
iria tomar-lhe a chave do carro por um mês; 
reclamaria com ele, falaria da sua decepção e diria que coisas como 
essas não devem ser feitas; 
numa reflexão adulta, procuraria fazer com que ele entendesse que essas 
espertezas, no sentido de levar vantagem sobre o outro, nada mais são, 
do que transgressões das normas, que são estabelecidas, para serem 
cumpridas. Atitudes como essas são desrespeitosas, prepotentes e 
oportunistas. 
Exercício16
[Solução n°16 p 128]
A ação moral enseja, no meio social, uma sanção positiva ou negativa, 
conforme o comportamento. São exemplos disso o aplauso e a vaia. Aplauso, 
significa: 
distinção; 
escolha; 
valorização. 
Exercício17
[Solução n°17 p 128]
O maior objetivo do ser humano é:
a felicidade; 
a realização profissional; 
a realização espiritual. 
 
44
Avaliação
 IV. Trabalho e Ética
 
Trabalho e Ética IV
 
 
O significado do trabalho 49
Os
deveres fundamentais do homem 59
As virtudes profissionais 63
A ética profissional 78
 
 
 
 A. O significado do trabalho
Tema: Trabalho e Ética
Assunto: O significado do trabalho 
Vamos estudar nesta unidade o que significa o trabalho para o homem, 
enfocando os sentidos do trabalho e seus propósitos e a diferença entre o 
trabalho humano e a atividade instintiva animal. Você conhecerá como se dá a 
atuação humana, entendendo que a felicidade para o homem é ter moral. 
Observe, ao final da unidade, um exercício solo para facilitar o seu 
aprendizado. 
 
45
Trabalho e Ética
 
Estudo de Caso
Antes de entrar na teoria deste tema, que tal ver um estudo de caso? 
A empresa Pólo Norte produzia sorvetes caseiros. Sua clientela era composta, 
basicamente, pelos moradores do bairro. Portanto, confiança era um fator 
importantíssimo para garantir a sobrevivência dos negócios. A empresa era 
pequena e gerida por uma só família. Todos os funcionários pertenciam à 
comunidade. A estrutura de trabalho era baseada na confiança e amizade, e os 
empregados tratados como parte da família. 
 
46
Trabalho e Ética
 
Quando Sr. José Gomes - o patriarca da família - faleceu, seu filho mais velho, 
Alberto, assumiu os negócios. Querendo imprimir a sua marca, Alberto mudou 
radicalmente o tratamento dado aos funcionários. Passou a ter uma atitude 
impessoal e a tratá-los como meros trabalhadores e não mais como parte de 
uma família. Aos poucos, os mesmos funcionários que vestiam a camisa da 
empresa e trabalharam anos a fio sem cobrar hora extra, passaram a exigir os 
seus direitos. O novo chefe, cheio de si, não entendia o que estava 
acontecendo e porque a situação estava se encaminhando para um confronto. 
Ele havia quebrado algo que não tinha conserto: a motivação e a identidade 
dos funcionários com o trabalho. 
Vamos, agora, começar o estudo teórico? 
O que é trabalho?
O trabalho é a aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um 
determinado fim. O trabalho exerce uma função psicológica no indivíduo e na 
sociedade, porque favorece o crescimento de ambos. 
É um meio através do qual o homem e a sociedade alcançam níveis de 
civilização mais avançados e progressivos.
Aprecie o que Albert Camus falou sobre o trabalho: "o trabalho é entre outras 
coisas (...) o domínio da natureza pelo homem e, ao mesmo tempo, um tipo 
primordial de relacionamento dos homens entre si". 
 
47
Trabalho e Ética
 
 
Reflita um pouco sobre o conteúdo estudado até agora. 
Será que você viveria sem trabalhar? O que o trabalho significa para você? 
Se preferir, discuta este tema com os seus colegas. 
 
O desenvolvimento humano está fundamentado no trabalho
O trabalho ocupa um lugar de destaque e relevo na mente e na preocupação 
do homem. É um fator essencial à dimensão existencial e cultural do ser 
humano, cujo sentido e dignidade têm sido uma conquista humana no decorrer 
e evolução da história. 
Por outro lado, deve-se ter em mente que o homem não deve ser submisso ao 
trabalho, mas é este que deve estar em função do indivíduo. Deve ser 
atribuído ao trabalho um sentido e significado justo, sem que se transforme em 
valor alienador do ser humano. 
Numa organização, torna-se, então, necessário, respeitar as normas de 
convivência que os bons costumes e a moral estabelecem e consagram, 
imprimindo nas relações com os colegas um caráter de estabilidade, criando, 
assim, uma base firme e duradoura para o desenvolvimento do homem. 
 
48
Trabalho e Ética
 
Que tal ouvir uma historinha ?
A família Gomes sempre valorizou o trabalho. Toda a estrutura familiar girava 
em torno dos direitos e deveres de cada membro. Por serem de origem muito 
humilde, os filhos desde pequenos trabalharam para ajudar no orçamento, 
além de participar nas tarefas da casa. 
 
49
Trabalho e Ética
 
Quando a filha mais nova, Juliana, se casou com um rapaz rico, ela quis 
proporcionar a seus filhos tudo o que não tinha tido em sua infância. Na medida 
em que eles cresciam, Juliana se empenhava para que nada abalasse a vida 
deles, criando um verdadeiro mundo de fantasia. Não eram responsáveis por 
nada e tinham tudo o que desejavam. 
Juliana estava convencida que seus filhos, inevitavelmente, iriam ter que 
assumir responsabilidades quando se tornassem adultos. Portanto, ela queria 
que tivessem uma infância tranquila. Entretanto, à medida em que se tornavam 
adultos, ficou evidente como estavam despreparados para lidar com as 
dificuldades da vida. Sempre esperavam que alguém resolvesse os seus 
problemas e não valorizavam nenhum tipo de trabalho. Juliana, então, 
compreendeu que havia errado muito nos valores cultivados na educação de 
seus filhos. O respeito ao trabalho, individual e coletivo, não havia sido 
cultivado. 
 
Reflita sobre como reproduzimos este padrão de comportamento e como 
podemos evitar. 
 
Vamos retomar o estudo teórico deste tema? 
Os sentidos do trabalho e seus propósitos
Maria da Glória Rabello de Moura pesquisou os sentidos do trabalho, 
chegando à conclusão de que os principais são os seguintes: 
 1. Pessoal - é o fundamento da existência econômico-financeira, pois garante e 
50
Trabalho e Ética
assegura o sustento ao trabalhador e à sua família. E, para a maioria das 
pessoas, é a única fonte para aquisição de bens. Permite, também, ao 
homem aperfeiçoar suas potencialidades, forças, capacidades e talentos, e é 
um dos melhores meios de formação de equilíbrio e autodomínio. 
 2. Social - é o primeiro e o mais importante meio de produção de que 
dependem, de modo inevitável, o rendimento econômico e o bem-estar da 
nação. No trabalho, as pessoas experimentam a interdependência, ou seja, 
a necessidade que uns têm dos outros. Proporciona o dinamismo, evitando 
que as pessoas não sejam simples parasitas da sociedade. 
 3. Cósmico - é um instrumento de aperfeiçoamento do mundo. Graças ao 
trabalho o homem domina, usufrui e melhora o planeta, legitimando a sua 
capacidade produtiva, como ser transformador da sociedade. 
 4. Religioso - é o campo mais propício para o exercício das virtudes, como a 
paciência, o altruísmo, a dedicação, a humildade, a bondade, entre outras. 
No trabalho, as pessoas atuam com as forças dadas por Deus, tendo a 
oportunidade de usar bem as coisas criadas e, desta forma, prestando um 
culto a Deus. 
Qual a diferença entre o trabalho humano e a atividade instintiva animal?
Observe a extraordinária clareza e beleza com que Karl Marx fez a distinção 
entre o trabalho humano e a atividade instintiva do animal. Ele afirmou: 
"Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera 
mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior 
arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de 
transformá-la em realidade. 
No fim do processo de trabalho aparece um resultado que já existia antes, em 
forma de ideia, na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o 
material sobre o qual opera. Ele imprime ao material o projeto que tinha 
conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de 
operar e ao qual tem de subordinar sua vontade." 
Através do trabalho, o homem, na condição de transformador da natureza, tem 
condições de atingir seu mais elevado ideal de realização, com consciência e 
liberdade. 
 
51
Trabalho e Ética
 
Os animais são seres guiados pelos instintos...
Os animais vivem em harmonia com sua própria natureza, pois agem de 
acordo com as características de sua espécie quando,
por exemplo, se 
acasalam, protegem a cria, caçam e se defendem. Os animais vivem quase 
que completamente determinados pelos seus instintos e cada espécie vive no 
seu ambiente particular. 
A atuação humana
Quando o homem age, cria e empreende, produzindo objetos e saberes, bens 
materiais e simbólicos, está atuando não somente no âmbito do trabalho, mas 
também no campo do saber e do poder, ou seja, no campo da cultura e da 
política. Estas dimensões estão entrelaçadas e carregam um forte componente 
ético. 
 
52
Trabalho e Ética
 
A felicidade está em ter moral
O fim buscado pela ética profissional é uma moral feliz. Ou seja, deverá 
corresponder à expectativa de felicidade da pessoa. Essa moralidade feliz do 
profissional remete o indivíduo a uma identificação teórica com a sua profissão, 
a um confronto com seus valores de indivíduo e à expectativa final que o 
cliente espera do seu trabalho. 
A atitude profissional compromete o conceito da profissão, a moral do 
profissional e o cliente. Ela é tão séria e relevante socialmente que hoje saiu 
do mero controle da consciência ética de cada sujeito para receber controle 
externo da própria sociedade, destinatária maior desses serviços. 
 
53
Trabalho e Ética
54
Trabalho e Ética
 
 B. Os deveres fundamentais do homem
Tema: Trabalho e Ética
Assunto: Os deveres fundamentais do homem
Esta unidade trata dos deveres fundamentais do homem enfocando o homem 
como um ser social. Verifique, com atenção, a história das três peneiras 
demonstrando uma lição de ética. Vamos lá? 
 
 
Que tal ver um estudo de caso, antes de iniciar o estudo teórico? 
Todos conhecem o famoso desenho animado Tarzan. É a história de uma 
criança que foi criada por animais, no caso, macacos. Houve também, casos 
verídicos de crianças que foram encontradas, após anos, vivendo com e como 
animais. O que se constatou no estudo do comportamento destas crianças é 
que, apesar da genética determinar várias características do homem, 
especificamente em nível físico, o meio social tem um papel preponderante na 
definição do caráter de uma pessoa. 
Sem estes valores, descritos em todos os códigos sociais, a noção de deveres 
e direitos é totalmente rudimentar. A sociedade humana estabeleceu, ao longo 
dos milênios, uma delicada rede de relações humanas, pautada em direitos e 
deveres. Esses valores nos distanciaram dos animais irracionais. 
 
55
Trabalho e Ética
 
 
Você já pensou na sua origem? Quem você é? De onde veio? Pense um 
pouquinho sobre isso com seus colegas. 
 
Como o homem se diferencia de um animal irracional?
Sabemos que o ser humano provém de espécies inferiores e que é um animal. 
Este animal racional, o homem, tem muitas semelhanças com o animal 
irracional. Se observarmos os órgãos sensitivos, veremos as semelhanças e 
desvantagens que o homem leva em relação ao animal quanto à perfeição e à 
agudeza de certos sentidos, como o olfato, a visão, a audição. 
 
56
Trabalho e Ética
 
O organismo do animal é mais saudável do que o organismo do homem. Este é 
mais fraco do que o animal irracional, carente de meios naturais de defesa, 
sensível a doenças e a intempéries, com pouca força, sem garra, lento no 
correr e no nadar. 
O homem não leva vantagens consideráveis, se comparado com o animal, 
principalmente quando fazemos um paralelo entre os vários sistemas que 
regem o animal e o homem - sistema nervoso, sistema digestivo, sistema de 
irrigação sanguínea, sistema respiratório. 
O homem e o animal possuem poderosos instintos
Com relação aos instintos, tanto o homem, como o animal, possuem instintos 
poderosos como o de conservação e o sexual. Mas, o homem, graças à sua 
racionalidade, não desapareceu, transformou seu ambiente e se multiplicou 
exageradamente.
Todas as fraquezas e desvantagens do homem com relação ao animal são 
compensadas pela razão. 
 
57
Trabalho e Ética
 
O homem um ser social
O homem manifesta a sua racionalidade na ação, que pode se dar sob vários 
aspectos - a técnica, a tradição, o progresso, o pensamento, a reflexão, a 
liberdade. Como o homem é um ser social, torna-se imprescindível que 
aprenda a respeitar normas de convivência, pautadas pela ética e pela moral, 
imprimindo um caráter de estabilidade nas relações com seus parceiros. Assim, 
cria-se uma base sólida para o desenvolvimento. 
Os principais deveres do ser humano
Podemos dizer, então, que o trabalho é um meio de aperfeiçoamento das 
relações dos indivíduos entre si. Nesse propósito, Maria da Glória Rabello de 
Moura considera como deveres fundamentais os seguintes: 
O mau uso das desculpas
É necessário que as pessoas cumpram os seus deveres, revelando 
compromisso e responsabilidade. As organizações necessitam de seriedade 
no trato das suas questões. A ausência desse comportamento gera a 
banalização e o descaso com o coletivo. 
Cuidado para não usar desculpas, tentando justificar deslizes! 
Observe as suas atitudes e as da organização. Tendo dúvidas, reflita, fazendo 
questionamentos.
Lição de ética
Você conhece a história das TRÊS PENEIRAS? É uma antiga lição de ética, 
mas muito atual e apropriada para ser usada nas nossas vidas.
"Um dia um rapaz falou para o grande filósofo Sócrates (470 - 399 a.C.) que 
58
Trabalho e Ética
precisava contar-lhe algo sobre alguém. Sócrates imediatamente perguntou-
lhe: "O que você quer me contar já passou pelas três peneiras?" - "Três 
peneiras!" Veja: 
A primeira peneira é a VERDADE 
O que você vai contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa 
deve morrer por aí mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve passar, 
então, pela segunda peneira. 
A segunda peneira é a BONDADE 
O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir o caminho e a fama da 
pessoa ou ajuda a destruí-la? Se o que você deseja me contar é verdade e 
uma boa coisa, deverá passar, ainda pela terceira peneira. 
A terceira peneira é a NECESSIDADE 
Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar 
o planeta? 
E Sócrates concluiu: Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto 
você e seu irmão, iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre 
tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a 
discórdia entre irmãos, parceiros do planeta. Devemos ser sempre a estação 
terminal de qualquer comentário infeliz!" 
Para Sócrates ninguém pratica voluntariamente o mal. Somente o ignorante 
não é virtuoso. Ou seja, só age mal, quem desconhece o bem, pois todo 
homem quando fica sabendo o que é o bem, reconhece-o racionalmente como 
tal e passa a praticá-lo. Ao praticar o bem, o homem sente-se dono de si e, 
consequentemente, é feliz. 
 C. As virtudes profissionais
Tema: Trabalho e Ética
Assunto: As virtudes profissionais
Nesta unidade você estudará as virtudes profissionais com o conhecimento das 
qualidades pessoais e o desempenho profissional. Observe um jogo solo para 
que você internalize melhor o conteúdo deste assunto. Vamos lá? 
 
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Trabalho e Ética
 
Antes de começar o estudo teórico do tema, vamos ver o estudo de um caso? 
Não é possível dissociar as qualidades pessoais do desempenho profissional. 
O caso de Vítor é um bom exemplo disso. Embora tecnicamente preparado, 
Vítor tinha algumas distorções de caráter. Oportunista, sempre buscava formas 
de tirar vantagem sobre seus familiares, amigos e colegas de trabalho. 
Trabalhava como motorista para uma empresa de transportes. Dirigia muito 
bem, muito responsável no cumprimento das regras de trânsito, mantinha-se 
sempre calmo, característica fundamental para quem tem de enfrentar o 
estresse do trânsito.
Além disso, era muito cuidadoso com o veículo. 
Porém, mesmo sendo extremamente qualificado para exercer a função de 
motorista, o desvio de caráter de Vítor não permitiu que ele se tornasse um 
bom profissional. Nos momentos de folga, ao invés de estacionar o carro na 
garagem da empresa, utilizava veículos da firma para fazer trabalhos 
particulares e, assim, obter uma renda extra. Vítor acabou sendo demitido. 
Como se pode perceber, a dimensão pessoal extrapola a nossa vida privada e 
também se manifesta na nossa vida profissional. A atitude profissional exige 
características que são de cunho pessoal, tais como lealdade, honestidade e 
responsabilidade. 
Reflita sobre quais das suas características pessoais você considera positivas 
no trabalho e quais você considera prejudiciais. 
 
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Trabalho e Ética
 
Qualidades pessoais e desempenho profissional
Além dos deveres fundamentais do homem, não se pode esquecer que as 
qualidades pessoais concorrem muito para o enriquecimento da atuação de 
qualquer profissional. Aliás, tais qualidades, muitas vezes, facilitam o 
desempenho da profissão. 
O ser humano está em contínuo crescimento pessoal. Então, muitas das 
qualidades de que necessita para viver bem e produtivamente podem ser 
adquiridas mediante reflexão, boa vontade e esforço. O trabalho é, também, 
um excelente campo para o aprimoramento da nossa personalidade. 
 
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Trabalho e Ética
 
Vamos, então, apreciar as principais virtudes que um profissional precisa 
desenvolver, segundo a opinião do consultor dinamarquês Clauss Moller. Este 
estudioso afirmou, em 1996, que o sucesso de um profissional depende das 
qualidades que pratica no seu ambiente de trabalho, tais como 
responsabilidade, lealdade, iniciativa, honestidade, sigilo, competência, 
prudência, coragem, perseverança, compreensão, humildade, imparcialidade e 
otimismo. Vamos, agora, analisar uma a uma. 
Responsabilidade
Você sabe o que é uma pessoa responsável? Esta palavra é bastante usada 
e, na maioria das vezes, não apropriadamente. Na realidade, responsável é o 
indivíduo que responde pelos seus próprios atos ou pelos atos de outrem. 
Então, a virtude da responsabilidade é um elemento fundamental, no 
exercício de qualquer profissão. 
A pessoa dotada de senso de responsabilidade tem muito mais condições de 
agir de maneira mais favorável aos interesses da sua equipe. E a consciência 
de que possui tal influência é uma experiência pessoal muito importante. A 
responsabilidade aumenta a autoestima das pessoas, conferindo-lhes um 
sentido de vida e uma motivação para alcançar as metas traçadas. 
 
As pessoas que não assumem responsabilidades, geralmente, têm dificuldade 
em encontrar significado em suas vidas. Em geral, essas pessoas não são 
bons integrantes de equipes. Reflita sobre o tema. Você se considera uma 
pessoa plenamente responsável? 
 
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Trabalho e Ética
 
Lealdade significa ser fiel aos seus compromissos, com sinceridade, franqueza 
e honestidade. Lealdade não significa fazer só o que o seu chefe ou a 
organização quer. Lealdade não é obediência cega. Será que eu sou um 
funcionário leal? Vamos ver? 
 
 
 
 
Iniciativa é a capacidade daquele que sabe agir, que está disposto a 
empreender, ousar. É a ação daquele que é o primeiro a propor algo. 
 
As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas pela iniciativa, 
sendo que esta última é que coloca as duas primeiras em movimento. 
Quando tomamos a iniciativa de fazer algo pela organização é porque somos 
leais para com ela. Repare que tomar iniciativa em relação a um trabalho é, 
também, assumir responsabilidade por sua implementação. 
Então, as virtudes responsabilidade, lealdade e iniciativa caminham juntas 
numa organização. 
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Trabalho e Ética
 
A honestidade é a primeira virtude no campo profissional. Ela é total, não 
admitindo relatividade. Ou seja, a pessoa é honesta ou não é. Não existe meio 
termo! 
 
A honestidade relaciona-se com: 
 a confiança que nos é depositada; 
 a responsabilidade perante o bem de terceiros; 
 a manutenção dos direitos de terceiros. 
A fascinação pelos lucros, privilégios e benefícios fáceis não permeia a 
honestidade. 
Veja o que foi afirmado pelo filósofo Aristóteles (384 a 322 a. C), analisando a 
questão da honestidade. Reflita um pouco sobre o que ele afirmou. 
"Há pessoas que se excedem para obter qualquer coisa e de qualquer fonte, 
por exemplo, os que fazem negócios sórdidos, como os usurários que 
emprestam pequenas importâncias a juros altos. Todas as pessoas deste tipo 
obtêm mais do que merecem e de fontes erradas. O que há de comum entre 
elas é obviamente uma ganância sórdida. Com efeito, os indivíduos que 
ganham muito em fontes erradas e cujos ganhos são injustos não são 
chamados de avarentos, mas de maus, ímpios e injustos". 
 
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Trabalho e Ética
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Trabalho e Ética
 
 
O sigilo é uma virtude de suma importância nas organizações. Como 
funcionários, temos obrigação de preservar uma informação sigilosa a que 
temos acesso. O respeito aos segredos das pessoas e das organizações é 
uma qualidade fundamental que deve ser incentivada e desenvolvida pelos 
profissionais. 
 
 
 
Antes de comentar algo sobre a organização em que trabalhamos, devemos 
pensar se vale a pena falar e qual a consequência que poderá advir do 
comentário. Tenhamos em mente que revelar detalhes, ou ocorrências, dos 
ambientes de trabalho pode prejudicar a instituição. Por exemplo, isto pode dar 
oportunidade de terceiros copiarem planos e projetos ainda não colocados em 
prática. Além disso, a revelação de questões sigilosas da organização pode 
acarretar situações embaraçosas e punições para quem falou. 
Não esqueça que é uma postura inadequada e antiética falar sobre 
questões delicadas e segredos de sua organização. Fique atento a isso! 
 
Competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de 
forma adequada e persistente. A competência é uma virtude qualificadora do 
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Trabalho e Ética
ser humano. Em qualquer área de atuação, é de extrema importância a busca 
da competência. 
 
O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais 
é um pré-requisito para a prestação de um serviço de boa qualidade. 
Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinada 
tarefa, mas é necessário que tenhamos a postura ética de recusar serviços, 
quando não possuímos a devida capacitação para executá-los. 
 
 
Vejamos exemplos de consequências da falta de competência profissional: 
 pacientes que morrem ou ficam aleijados por incompetência médica; 
 causas que são perdidas pela incompetência de advogados; 
 prédios que desabam por erros de cálculo em engenharia. 
Como você vê, sem capacitação, sem conhecimento, não vamos a lugar a 
nenhum. 
 
Prudência é a qualidade de quem age com moderação, comedimento, 
buscando evitar o erro e o dano. É cautela, precaução e segurança. 
 
A execução de qualquer trabalho exige muita segurança. O profissional 
prudente analisa situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma 
mais profunda e minuciosa, contribuindo para o maior acerto das decisões a 
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Trabalho e Ética
serem tomadas. No caso, então, de decisões sérias e graves, a prudência é 
indispensável porque evita os julgamentos apressados que redundam, muitas 
vezes, em erros com sérias consequências para uma organização. 
 
 
 
Ter coragem é possuir ousadia, firmeza, desembaraço, capacidade de 
resolução em face das situações difíceis.
Ter coragem é agir sem medo diante 
do perigo. 
 
Você é uma pessoa corajosa? 
Todo profissional precisa ter coragem. Vejamos como essa virtude é 
fundamental no trabalho: 
Precisamos ter coragem para tomar decisões indispensáveis e importantes 
para a eficiência do trabalho, sem levar em conta possíveis atitudes de 
desagrado dos chefes ou colegas. 
 
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Trabalho e Ética
 
 
A perseverança é a qualidade daquele que é constante, pertinaz, determinado, 
firme. Quem persevera é um vencedor! 
É uma qualidade muito necessária no trabalho, porque, numa organização, 
estamos sujeitos a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser 
superados, sem prejuízo da produtividade e da qualidade do trabalho. 
 
A pessoa que não tem constância, não conclui quase nada na vida e se torna 
insatisfeita e, quase sempre, culpa o outro pelo seu insucesso. A 
perseverança anda de mãos dadas com a coragem e a firmeza. 
Reflita sobre a sua atuação profissional e veja se você tem sido perseverante 
nos seus propósitos, contribuindo para o seu sucesso pessoal e do seu 
trabalho. 
 
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Trabalho e Ética
 
 
Compreensão é o ato ou efeito de compreender. A faculdade de perceber. Um 
profissional que possui a virtude da compreensão é muito bem aceito pela 
equipe de trabalho, porque ele se torna acessível, de fácil diálogo, de fácil 
convivência. Além disso, colabora muito para um bom resultado do seu grupo. 
 
Agora, preste bem atenção! Não confunda compreensão com falta de firmeza, 
com fraqueza. Ser compreensivo não é ser levado por opiniões ou atitudes, 
nem sempre válidas para a eficiência do trabalho. Ter compreensão não é ser 
simplesmente "bonzinho". 
 
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Trabalho e Ética
 
A compreensão no ambiente profissional deve estar atrelada à prudência, à 
humildade e à generosidade e deve visar a alcançar os objetivos da 
organização. 
 
Humildade é a virtude de ser modesto, respeitando o outro, acatando opiniões 
e valores diversos. É reconhecer os limites, estando aberto a mudanças. 
 
A humildade tem a ver com a responsabilidade, com a competência, com a 
perseverança, com a compreensão e com a honestidade. 
A virtude da humildade é essencial no trabalho. Precisamos tê-la em grau 
suficiente para admitir que não sabemos todas as coisas, para aceitar as 
nossas falhas e as do outro e para admitir que o bom senso e a competência 
são propriedade de um grande número de pessoas. 
 
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Trabalho e Ética
 
É importante fazermos uma autoanálise para reconhecer as nossas limitações 
e, quando necessário, buscar a colaboração de outros profissionais mais 
capazes. A pessoa humilde está sempre disposta a aprender coisas novas, 
numa constante busca de crescimento e aperfeiçoamento.
Mas, é importante não confundir a virtude da humildade com fraqueza, 
subserviência, dependência. Quem acredita nisto, tem um conceito errôneo 
que precisa ser modificado. 
 
Imparcialidade é julgar desapaixonadamente, sem erro. É agir com retidão e 
justiça, não sacrificando a sua opinião à própria conveniência, nem às de 
outrem. 
 
A imparcialidade vive de mãos dadas com a justiça e a coragem. Para exprimir 
um julgamento justo, precisamos ser imparciais. Logo, a justiça depende muito 
da imparcialidade. 
É a virtude da imparcialidade que dá ao profissional condições de: 
 Combater os preconceitos. 
 Questionar os mitos. 
 Defender os verdadeiros valores sociais e éticos. 
 Exercer o senso de justiça. 
 
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Trabalho e Ética
 
Uma das metas principais do ser humano é a felicidade. Uma condição para 
sermos felizes é o otimismo. O que é ser otimista? 
Reflita sobre suas atitudes no trabalho e veja se você é otimista ou pessimista. 
Pense positivo. Acredite nas pessoas. Tenha fé no potencial dos seus 
companheiros. Tenha em mente que não existe problema sem solução. E vá 
em frente. 
O profissional precisa ser otimista para acreditar na capacidade de realização 
da pessoa humana, para acreditar no poder do desenvolvimento, para 
enfrentar o futuro com energia e bom humor. 
 
Para um maior aprofundamento, sugerimos que você veja a série sobre ética, 
dividida em quatro temas - A Arte de Viver, A Culpa dos Reis, O Drama 
Burguês.
 
 D. A ética profissional
Tema: Trabalho e Ética
Assunto: A ética profissional
Nesta unidade, vamos estudar e conhecer o conceito de ética profissional, 
entendendo que o princípio básico de toda ética é o respeito à dignidade 
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Trabalho e Ética
humana. Observe o exemplo e o exercício de fixação, ao final. 
 
 
Antes de começar o estudo teórico deste tema, vamos ver um exemplo? 
A reportagem da Revista Veja, edição de 6 de março de 2002, página 87, 
intitulada "Eu toparia qualquer coisa", conta uma trágica história.
Após a segunda gravidez, Beth, uma mulher na faixa dos trinta anos, não 
estava satisfeita com seu corpo. Alegava que seu quadril tinha umas 
"gordurinhas localizadas". Assim, resolveu que necessitava de uma 
lipoaspiração. Procurou uma famosa clínica em São Paulo e, após cinco horas 
de espera, a médica que a atendeu (dona da clínica), convenceu-a de que, já 
que iria se submeter a uma cirurgia, deveria ampliá-la fazendo uma plástica de 
abdômen para retirada de estrias e flacidez, problemas que, até então, não 
incomodavam Beth. 
Convencida de que valia a pena o esforço, Beth internou-se e submeteu-se à 
cirurgia. Prevista para durar três horas, a cirurgia durou doze. 
Começava ali o desespero de Beth. Na primeira troca de curativos, notou que 
sua pele estava em carne viva de tão esticada que fora. Consultada, a médica 
dizia que era normal e que ela deveria esperar a cicatrização. Como Beth 
continuava sentindo dores terríveis e as cicatrizes não fechavam, procurou 
outro médico. Após três outras cirurgias reparadoras, uma cicatriz enorme na 
barriga, a pele repuxada e a perda do umbigo, a cirurgia, cujo objetivo principal 
era aumentar a autoestima de Beth, fez efeito contrário. Se Beth tivesse 
encontrado uma médica com ética profissional, não precisaria ter se submetido 
a qualquer cirurgia. Um verdadeiro médico a teria convencido de praticar algum 
tipo de exercício físico, o que facilmente teria resolvido seu problema. 
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Trabalho e Ética
O conceito de ética profissional
Numa conceituação geral, ética profissional é um conjunto de princípios a 
serem observados pelos indivíduos no exercício de sua profissão. 
O professor Oscar d'Alva, no seu livro "Ética Individual & Ética Profissional - 
Princípios da Razão Feliz" (1998) afirma: 
"A ética profissional pode ser compreendida como uma reflexão pessoal do 
agente profissional, buscando definir diretrizes lógicas e valorativas 
orientadoras de seu procedimento no trabalho." ..."O refletir ético-profissional 
traduz densa complexidade e dificuldade normativa da indicação de uma moral 
exemplar, pois apresenta invariavelmente como questão prática a 
problematização de duas realizações felizes, a do profissional e a de seu 
cliente". 
Laura Nasch (1993) afirma que a ética nas organizações não se caracteriza 
como valores abstratos nem alheios aos que são praticados na sociedade. Ao 
contrário, as pessoas que fazem parte da instituição levam para ela as mesmas 
crenças e princípios que absorveram como membros da sociedade. 
Elizete Passos, professora de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, no 
seu livro "Ética nas Organizações - Uma Introdução", diz que a "ética 
profissional caracteriza-se por um conjunto de normas e princípios que tem por 
fim orientar as relações dos profissionais com os seus pares, destes com

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