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(VFROD�GH� 1HJyFLRV 0pWRGRV�4XDQWLWDWLYRV 3URI��0V��2VPDU�3DVWRUH�H�3URI��0V��)UDQFLVFR�0HUOR 2 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Conceitos Iniciais Objetivo Esta unidade tem o objetivo de fornecer uma visão geral dos conceitos básicos fundamentais para o entendimento dos demais tópicos de conteúdo, assim como fornecer uma pequena introdução sobre as equações e inequações algébricas – que serão tratadas com mais detalhe na segunda unidade; e apresentar uma visão geral da teoria de conjuntos, como subsídio para um melhor entendimento da maneira correta de se entender e tratar classificações múltiplas de elementos, segundo critérios não mutuamente exclusivos. Representações numéricas Nos primórdios da história do homem, a necessidade da contagem inexistia, pois os homens retiravam seu sustento diretamente da natureza, sem acumularem qualquer tipo de posse que não conseguissem carregar consigo. A contagem começou com a sofisticação das atividades humanas, quando o homem progressivamente abandonou as atividades nômades, para fixar- se a terra. Com o começo da produção, tornou-se criador de animais domésticos, por exemplo. Desta época remontam também as primeiras formas de calendário, dada a necessidade de registro das fases do ano, correspondentes a épocas mais propícias ao plantio. Com relação à contagem de animais, o pastor, pela manhã, soltava os seus carneiros e analisava ao final da tarde, se algum tinha se extraviado ou acrescentado ao rebanho. Assim eles tinham a correspondência um a um, onde cada carneiro correspondia a uma pedrinha que era armazenada em um saco. Cada animal correspondia a uma pedra que era posta em um saco de couro, quando ia para o pasto. Quando os animais voltavam do pasto, era feita a operação inversa, isto é, para cada animal que retornava, era retirada uma pedra do saco. Se no final do dia sobrasse alguma pedra, é porque faltava algum dos animais e se algum fosse acrescentado ao rebanho, isto 3 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais seria notado porque as pedras acabariam dentro do saco antes do final do recolhimento dos animais. Este é um dos primeiros processos analógicos de que se tem notícia: era feita uma analogia entre as pedras e os animais, quando o tratamento de um equivalia ao tratamento do outro. Curiosamente, a palavra cálculo é derivada da palavra latina calculus, que significa pedrinha (é só lembrar-se de cálculos renais). Mas outras analogias eram também usadas: nós em cordas, marcas nas paredes, talhes em ossos etc. A partir daí, a necessidade de se avaliar quantitativamente o espaço habitado levou o homem a desenvolver inúmeros sistemas de contagem e representação numérica, o que nos trouxe aos dias de hoje através de iniciativas de diversos povos: os egípcios, os babilônicos, os chineses, os hindus e os árabes. É do norte da Índia, nos meados do século V, que vem às primeiras referências históricas ao nosso sistema numérico atual, onde surgiram os primeiros símbolos que evoluíram para se transformar nos algarismos arábicos, erroneamente assim designados, embora os árabes tenham tido forte influência na disseminação destes símbolos e do sistema numérico a eles associado. Note que inicialmente o ZERO era uma ideia numérica de difícil concepção e por esta razão representada como um espaço vazio por muitos povos (sem um símbolo a ela associado), o que é comprovado pela inexistência de uma representação para ele em outros sistemas numéricos anteriores, com o sistema romano. A ideia de uma representação para o ZERO e de seu significado é mais recente, associada por muitos ao trabalho de Fibonacci (1175 a 1240): um matemático com vários trabalhos importantes que chegam aos nossos dias e que teria estudado matemática em suas viagens pelo Islã. Mas chega de história e comecemos a considerar as representações numéricas que se é utilizada hoje. 4 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Conjuntos Numéricos1 Os conjuntos numéricos foram surgindo conforme a necessidade uma de representar quantidades progressivamente mais complexas os sofisticadas. Pela própria sequência de apresentação dos conjuntos numéricos se percebe isto: 1. Conjunto dos Números Naturais É o grupamento de todos os números inteiros positivos, o que inclui a quantidade ZERO. Este conjunto é representado pela letra maiúscula N. Em muitos casos se destaca o conjunto dos números naturais não nulos (que exclui o zero). Neste caso, se coloca um asterisco ao lado da letra N para representar tal conjunto: N*={1,2,3,4,5,6,7,8,9,10…} N={0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10…} 2. Conjunto dos Números Inteiros É o grupamento de todos os números que pertencem ao conjunto N (dos naturais), mais ampliado com as suas respectivas representações negativa. Este conjunto é representado pela letra Z. Z={…-3,-2,-1,0,1,2,3…} O conjunto dos inteiros possui alguns subconjuntos2 de destaque: • Os inteiros não negativos: todos os números inteiros que não são negativos (inclui o ZERO). Este conjunto é igual ao conjunto dos números naturais e pode ser representado alternativamente por Z+. • Os inteiros não positivos: todos os números inteiros que não são positivos (inclui o ZERO). Pode ser representado alternativamente por Z-. 1O conceito de “conjunto” será tratado mais adiante, ainda nesta unidade. 2O conceito de “subconjunto” será tratado mais adiante, nesta unidade. 5 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais • Os inteiros não negativos e não nulos: equivalente ao conjunto Z+ excluindo o zero. Representa-se por Z*+ • Os inteiros não positivos e não nulos: equivalente ao conjunto Z- excluindo o zero. Representa-se por Z*-. 3. Conjunto dos Números Racionais É um conjunto que engloba todo e qualquer número que pode ser expresso por uma divisão de números inteiros. A palavra racional, neste caso, está associada a um de seus significados menos usual: fração. Este conjunto é representado pela letra Q. Estes números englobam números decimais finitos e os infinitos periódicos (que repetem uma sequência de algarismos da parte decimal infinitamente). Estes últimos são também conhecidos como dízimas periódicas. Naturalmente, este conjunto engloba os números inteiros por que todos eles podem ser representados por uma fração do tipo: A letra “I”, neste caso, pode ser substituída por qualquer número inteiro. 4. Conjunto dos Números Irracionais Analogamente, este conjunto é formado pelos números que não podem ser representados por uma divisão de números inteiros. Não se deve tomar a palavra irracional como sendo algo insensato ou ilógico, mas sim como algo incapaz de ser expresso exatamente como a razão entre dois números inteiros. Este conjunto é representado pela letra I. I 1 I = 6 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Excelentes exemplos de números irracionais são o número PI (resultado da divisão do perímetro de uma circunferência pelo seu diâmetro), que vale 3,14159265…; e todas as raízes não exatas, como a raiz quadrada de 2 (1,4142135…). 5. Conjunto dos Números Reais É o conjunto formado por todos os conjuntos citados anteriormente, ou mais simplesmente, pela união do conjunto dos racionais com conjunto dos irracionais. Este conjunto é representado pela letra R. Esquematicamente se poderia assim associar os conjuntos numéricos. Figura 1 - Correspondência dos Conjuntos Numéricos Note que a cada nível superior se acrescenta mais elementos aos conjuntos. 7 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Notação Posicional O sistema de numeração posicional é datado do século V, surgido junto com os trabalhos que deram origem aos algarismos que utilizamos hoje. No entanto, esteprincípio já era, de certa forma, utilizado nos sistemas numéricos egípcios e chineses. A notação (ou valor) posicional é empregada quando atribuímos a cada algarismo um determinado valor, de acordo com a posição relativa que ele ocupa na representação do numeral. Isto significa que, mudando a posição de um algarismo, estaremos alterando o valor por ele representado. A ideia é simples: embora se utilize os mesmos algarismos, os números 34 e 43 têm significado diferente porque seus algarismos mudaram de posição. Na prática, a primeira posição da direita representa a quantidade de unidades envolvida e, a segunda, a quantidade de dezenas. 3×10+4×1=34 4×10+3×1=43 O ZERO surge aqui como importante elemento para representar a ausência de valores em uma determinada posição: 3 centenas+ZERO dezenas+7 unidades=307 Note que as posições representam potências sucessivas de 10 (100=1, 101=10, 102=100 e assim por diante). Daí se dizer que nosso sistema de numeração usa a base dez, com correspondência direta e natural com os dedos das mãos de um indivíduo normal. 8 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Os sumérios e os babilônios usavam a base sessenta. Este sistema chega até nossos dias através da divisão do círculo em 360 graus, por exemplo. Os romanos preferiam a base doze. Também este sistema chega até hoje com a tradição de se comprar dúzias de frutas nas feiras livres. O sistema de numeração que utilizamos acaba por retratar o velho mais importante ábaco chinês. Em cada posição que um número se encontra seu valor é diferente. Figura 2 - Ábaco Chinês E esta é a razão porque precisamos posicionar adequadamente os algarismos dos números quando fazemos operações de soma ou subtração: para associar corretamente unidades com unidades, dezenas com dezenas e assim sucessivamente. Frações São números que exprimem uma ou mais partes iguais em que foi dividida uma “coisa” inteira. O exemplo clássico é a pizza: se dividirmos uma pizza em quatro partes iguais, cada parte representará uma fração da pizza. 9 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Na prática, a fração representa a divisão de algo em partes iguais. Então um quarto significa que temos a unidade dividida em quatro partes iguais. O número na parte de cima do traço de fração é chamado de “numerador” e o número na parte de baixo é chamado de “denominador”. Note que não há possibilidade de divisão em “zero” partes. A razão disto é relativamente simples de se explicar. Primeiro se supõe que exista um número igual a uma divisão por ZERO. Por exemplo: Neste caso, “N” seria este suposto número. Agora, por uma regra simples de tratamento de igualdades, que veremos mais adiante, se pode passar o denominador do lado direito, que divide o valor 10, para o lado esquerdo, multiplicando. Ficaria assim: Mas isto é impossível, porque qualquer número multiplicado por ZERO dá como resultado ZERO. Então, nossa suposição inicial estava errada. Não existe um número que seja o resultado de uma divisão por ZERO. Nós vimos frações com o numerador igual à “1”. Mas o que significaria uma fração com numerador diferente de “1”? Significaria que temos mais que uma parte daquelas em que originalmente foi dividida a “coisa”. 10 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Exemplo: significa que temos dois pedaços de uma unidade (a “coisa”) que foi originalmente dividida em quatro pedaços iguais. Frações Equivalentes Dá-se o nome de frações equivalentes às frações que representam a mesma parte de um todo, como o próprio nome já indica. As frações equivalentes são produzidas multiplicando-se tanto o numerador, quanto o denominador, por um mesmo número inteiro. Por exemplo: Para se entender a equivalência de frações, recorre-se novamente à nossa pizza. Dividir-se uma pizza em duas partes iguais e se comer uma é “equivalente” a se dividir a mesma pizza em quatro partes iguais e se comer duas destas partes. Ou se dividir a pizza em oito partes iguais e se comer quatro destas partes. As frações equivalentes também podem ser produzidas dividindo-se tanto o numerador, quanto o denominador, por um mesmo número inteiro. Seria o caso de se considerar a expressão anterior de trás para frente: Neste último caso se diz que estamos simplificando as frações. 11 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais MMC - Mínimo Múltiplo Comum O próprio nome que designa o termo explica seu significado. Trata-se do menor múltiplo de dois ou mais números que se pode encontrar. Vamos a um exemplo. Qual o MMC de 6 e 8? Ou seja, qual é o menor múltiplo de 6 e 8 simultaneamente? Neste caso, será 24! Vejam que 24:4=6, assim como 242:3=8. Portanto, o MMC é 24. Vejamos outros exemplos. Tabela 1 – Exemplos de MMC Operações com Frações Adição e Subtração de Frações Para tratarmos a adição e a subtração de frações, dividimos as considerações em dois casos: Quando os denominadores de todas as frações envolvidas forem iguais. Neste caso, basta se executar as operações com os numeradores e o resultado final se escrever sobre o denominador comum: 12 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Mas, quando os denominadores são diferentes, se precisa usar de um artifício que faça com que possamos igualar os denominadores e tratar o resultado desta transformação pelo mesmo método do primeiro caso. O que fazemos então é substituir cada uma das frações originais por frações equivalentes (que representam a mesma quantidade), com um denominador igual a um mesmo múltiplo comum a todos os denominadores originais: em geral se usa o mínimo múltiplo comum (MMC) dos denominadores originais. Vamos a um exemplo: Neste caso, o MMC entre 6 e 4 foi mostrado nos exemplos dados anteriormente. É igual a 12. Então vamos substituir cada fração por uma fração equivalente com denominador igual a 12: Com esta substituição se transforma o problema original em outro, que pode ser tratado pelo primeiro método, já que temos denominadores iguais agora: Não importa quantas frações estejam envolvidas e se temos adições ou subtrações. O método é sempre o mesmo. 13 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais O mínimo múltiplo comum entre dois números é representado pelo menor valor comum pertencente aos múltiplos dos números. Observe o MMC entre os números 20 e 30: Múltiplos de 20: 0, 20, 40, 60, 80, 100, 120... Múltiplos de 30: 0, 30, 60, 90, 120, 150, 180... O MMC entre 20 e 30 é equivalente a 60, por ser o menor valor numérico que ocorre ao mesmo tempo na lista de múltiplos dos dois números. Outra forma de determinar o MMC entre 20 e 30, ou de qualquer outro conjunto de valores, é através da fatoração, em que devemos escolher os fatores comuns de maior expoente e os fatores não comuns. Observe: Pela definição, se escolheria os fatores “2” e “5” (que são comuns aos dois números), com o maior expoente observado; e o fator “3” (que não é comum aos números). E já que falamos em MMC, vamos conceituar também o máximo divisor comum. O máximo divisor comum (MDC) entre dois números é representado pelo maior valor comum pertencente aos divisores dos números. Observe o MDC entre os números 20 e 30: Divisores de 20: 1, 2, 4, 5, 10, 20. Divisores de 30: 1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30. 14 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais O maior divisor comum dos números 20 e 30 é 10. Podemos também determinar o MDC entre dois números através da fatoração, em que escolheremos os fatores comuns de menor expoente. Observe o MDC de 20 e 30 utilizando esse método. Pela definição, se escolheria os fatores “2” e “5” (que são comuns aos dois números), com o menor expoenteobservado. Multiplicação de Frações Multiplicar exige um processo bem mais simples: basta que se multiplique numerador com numerador e denominador com denominador, gerando uma nova fração com os resultados destas multiplicações. Quando julgado oportuno, se pode simplificar o resultado. Vamos ao exemplo: Divisão de Frações Na divisão de frações, podemos tratar a operação como se fosse à multiplicação da primeira fração pelo inverso da segunda. Novamente, podemos simplificar o resultado final. 15 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Comparação de Frações O processo de comparação de frações, para determinar qual a maior também se divide em dois casos, a serem considerados de forma semelhante ao que se fez no caso de adição ou subtração de frações. Se os denominadores das frações comparadas forem iguais, basta que se compare os numeradores: Como os numeradores, neste caso, funcionam como a contagem das partes que temos, fica fácil perceber que 2 partes são menos (menores) que 3 partes, já que estas partes são iguais entre si. No caso de denominadores diferentes, se substitui igualmente as frações originais por frações equivalentes de mesmo denominador e se procede à comparação da mesma forma que no primeiro caso. Porcentagem A porcentagem é de uso frequente em uma grande quantidade de situações, mais comumente envolvendo operações financeiras, sendo usada para calcular juros, expressar índices (por exemplo, de inflação), descontos ou aumentos de preço, multas etc. Na Estatística é utilizada para apresentar dados comparativos de maneira geral. A melhor forma de se entender a porcentagem é dizer que ela representa uma fração com denominador 100, isto é, a porcentagem é uma razão (fração) centesimal. 16 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Os números percentuais possuem representações na forma de fração centesimal e, quando escritos, para se simplificar a apresentação do denominador sempre igual a 110, utilizam-se do símbolo de porcentagem (%). Também podem ser escritos na forma de número decimal. Observe os números a seguir: A passagem do primeiro para o segundo número se deu gerando-se uma fração equivalente a sete vinte e cinco avos com denominador igual a 100 (neste caso, bastaria se multiplicar o numerador e o denominador por 4). Mas, como o denominador é 100, se pode substituir este denominador pelo símbolo de porcentagem. Finalmente, a última representação (dita decimal) é produzida se fazendo a divisão do numerador pelo denominador, em qualquer um dos casos: 7 dividido por 25 ou 28 dividido por 100. Com a porcentagem se introduz um novo significado para as frações: o de proporção. Uma fração (e a porcentagem não deixa de ser uma fração também) pode ser lida como a relação entre duas medidas. Por exemplo, quando um jogador costuma acertar 4 cobranças de pênaltis em 10 tentativas, isto pode ser expresso da seguinte forma: Estabelecido o conceito de porcentagem, podemos proceder às considerações de como se podem resolver problemas envolvendo porcentagens. Mas isto é um caso particular daquilo que é tratado no próximo item. Recgra de Três A regra de três deriva da consideração de um conceito de que já tratamos: as frações equivalentes. 17 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Existe uma propriedade básica que envolve as frações equivalentes: a multiplicação cruzada de numeradores com denominadores produzirá sempre um mesmo resultado. Vamos ao exemplo: Esta propriedade se verifica sempre, quando temos frações equivalentes. Agora, dá-se o nome de regra de três a um processo de resolução de problemas de quatro valores, dos quais três são conhecidos, onde se pede que seja determinado quarto valor. A resolução desse tipo de problema é muito simples, porque basta que se monte uma estrutura semelhante à comparação de frações equivalentes. E para se entender isto, vamos supor que não se soubesse o valor 12, na comparação anterior, mas que se soubesse que se tratava de uma comparação de frações equivalentes. Neste caso, teríamos: Note-se que, neste caso, podemos dizer que as frações comparadas são equivalentes, ou que existe a mesma “proporcionalidade” entre os termos à esquerda e à direita da comparação original. Isto para estabelecermos uma ligação com aquilo que foi comentado no final do item anterior, sobre o outro significado que pode ser atribuído às frações. Mas para resolvermos problemas de regra de três, resta antes se estabelecer como a proporção deve ser montada: se direta ou inversamente. Exemplo 1 Um atleta percorre um 20 km em 2 horas, mantendo o mesmo ritmo, em quanto tempo ele percorrerá 30 km? 3Caso haja dúvida com relação ao tratamento dos números para se determinar o valor de “x”, basta que se consulte a unidade que trata da resolução de equações de 1ª grau. 18 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Neste caso, devemos perceber (e isto se faz caso a caso) que quanto maior à distância, maior será o tempo necessário para percorrê-la. Assim se tem uma proporcionalidade direta entre a distância e o tempo: quando uma cresce, o outro também cresce. O problema seria montado da seguinte forma: Exemplo 2 Quatro trabalhadores constroem uma casa em 8 dias. Em quanto tempo, dois trabalhadores constroem uma casa? Neste caso, devemos perceber um comportamento diferente entre as medidas (grandezas) envolvidas. Quanto maior a quantidade de trabalhadores, menos tempo se levaria para fazer o serviço. O contrário também seria verdade: quanto menor a quantidade de trabalhadores, mais tempo se levaria para fazer o serviço. Assim se tem uma proporcionalidade inversa entre a quantidade de trabalhadores e o tempo para a execução da obra: quando uma cresce, o outro decresce. O problema seria montado se invertendo as relações, com se segue: A resolução de problemas de regra de três envolve, então, a consideração se temos uma relação direta ou inversa entre as grandezas. Nos casos em que temos apenas duas grandezas envolvidas, classificamos estes problemas como sendo de Regra de Três Simples. 19 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Recgra de Três Composta A regra de três composta é utilizada em problemas com mais de duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais. Para se resolver este problema se sugere um procedimento padrão simples: • Monte uma tabela com número de colunas igual à quantidade de grandezas envolvidas; e três linhas a preencher. • Na primeira coluna escreva os valores correspondentes à grandeza que se quer determinar. • Nas demais colunas, se lançam os valores das outras grandezas, não importando a ordem. • Nas duas primeiras linhas se devem transcrever os dados do problema para cada situação apresentada: aquela que serve de base e a nova situação, onde se deseja calcular uma grandeza ainda não determinada. • Na terceira linha, a partir da segunda coluna, se anota o tipo de relação entre a grandeza considerada e a grandeza anotada na primeira coluna, isto é, aquela que desejamos determinar. • Por fim, se transcreve os números da tabela para um modelo de comparação de frações, onde do lado da esquerda se tem a transcrição direta dos números anotados na primeira coluna e, do lado da direita, a transcrição de uma série de frações correspondentes a casa uma das demais colunas, invertendo-se os valores da tabela, sempre que a relação definida na terceira linha for inversa. Para se entender o processo, vamos a um exemplo. 20 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Exemplo 3 Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160 m3 de areia. Em 5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar 125 m3? Montamos a tabela de seguinte maneira:Tabela 2 – Exemplo de regra de Três Composta Note que o preenchimento da terceira linha nada tem a ver com a variação dos valores na coluna em questão. A comparação é genérica com a grandeza da primeira coluna: • Quando se tem mais horas para trabalhas, se precisa de menos caminhões: inversa. • Quando se tem mais areia a transportas, se precisa de mais caminhões: direta. Por fim, se monta a comparação final: Serão necessários 25 caminhões. 21 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Porcentagem, de novo Os problemas de porcentagem são problemas de regra de três. Mas lembre-se que quando se dá uma porcentagem, dois valores já estão determinados na comparação das frações equivalentes envolvidas, porque a porcentagem é uma fração, onde o denominador é sempre zero. Existem três tipos de problemas básicos envolvendo porcentagens: • Pode-se desejar saber a que número corresponde uma porcentagem de um valor básico. • Pode-se desejar saber a que valor básico corresponde um número, dada a porcentagem. • Pode-se desejar saber a que porcentagem corresponde a relação entre um número e um valor de base. O valor de base corresponde ao termo geral de comparação, que será equivalente ao denominador 100, na porcentagem. Vamos aos exemplos. Exemplo 4 Uma mercadoria é vendida em, no máximo, três prestações mensais e iguais, totalizando o valor de R$ 900,00. Caso seja adquirida à vista, a loja oferece um desconto de 12% sobre o valor a prazo. Qual o preço da mercadoria na compra à vista? Neste caso, temos a seguinte relação: 22 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Note que o valor básico é o preço original da mercadoria, com o que comparamos o desconto praticado. O valor calculado é o desconto. Logo o valor a ser pago é: Exemplo 5 O FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) é um direito do trabalhador com carteira assinada, no qual o empregador é obrigado por lei a depositar em uma conta na Caixa Econômica Federal o valor de 8% do salário bruto do funcionário. Esse dinheiro deverá ser sacado pelo funcionário na ocorrência de demissão sem justa causa. Determine se o depósito efetuado pelo empregador em um determinado mês foi de R$ 96,00, calcule o salário bruto correspondente. Neste caso, temos a seguinte relação: Note que R$ 96,00 correspondem aos 8% depositados e que o valor base (com que o depósito mantém uma relação de 8%) é o que desejamos saber. Exemplo 6 Em uma sala de aula com 52 alunos, 13 utilizam bicicletas como transporte. Expresse em porcentagem a quantidade de alunos que utilizam bicicleta. Neste caso, temos a seguinte relação: Este problema pede a proporcionalidade entre os usuários de bicicleta e a quantidade total de alunos. Pede, então, a porcentagem correspondente a esta relação. 23 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Equações e Inequações A aritmética foi, durante muito tempo, a forma usual que se tinha para resolver problemas numéricos. A aritmética é a parte da matemática que estuda as operações básicas com os números: adição, subtração, multiplicação e divisão. Em certos casos, se podem incluir outras operações, como a exponenciação, vista neste caso como a multiplicação, repetidas vezes, por um mesmo fator. Entretanto, em certas situações esse processo não conseguia resolver determinados problemas. Isto exigiu que se começasse a trabalhar com elementos algébricos, constituindo, assim, as equações que são expressões, escritas em linguagem matemática (álgebra), que representam uma determinada situação problema. Mas não basta conseguir esquematizar um problema com expressões algébricas: é preciso saber tratar (resolver) essas expressões. Para tanto, realizaram-se estudos acerca dos métodos de obtenção da solução das equações e isto é feito através de manipulações aritméticas envolvendo letras (incógnitas). As letras utilizadas nas expressões algébricas possuem a propriedade de representar qualquer número cujo valor ainda não se determinou, ou que pode ser usado na expressão, para calcularmos outro valor, a ele correspondente. Neste último caso, temos aquilo que chamamos coeficiente. Portanto, ao encontrarmos expressões que nos auxiliam a determinar a solução de um número para equações que possuem apenas letras, quer dizer que determinamos um método de obter a solução para qualquer tipo daquela equação. Por exemplo, considere o cálculo de 30% de um número N: 24 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais A equação resultante determina como, a partir do valor de um número “N” se pode calcular 30% deste valor. Veja que “x” é a incógnita, ou seja, o valor que queremos determinar e, neste caso, “N” é um coeficiente dessa equação, que representa qualquer número que seja fornecido. Resolver uma equação consiste em realizar uma sequência de operações que nos conduzem a equações equivalentes cada vez mais simples e que nos permitem, finalmente, determinar as raízes da equação, isto é, o(s) valor(es) que deve(m) ser atribuído(s) às letras envolvidas, para que a equação seja coerente, matematicamente falando. Por exemplo: A manipulação desta equação nos deve levar a conclusão de que o valor de “x” que a torna coerente matematicamente falando, é 3. Para gerarmos equações equivalentes, podemos proceder de duas maneiras básicas: • Adicionando ou subtraindo de ambos os lados (membros) duma equação a mesma quantidade. • Multiplicando ou dividindo ambos os lados (membros) de uma equação por uma quantidade diferente de zero. Resolver uma equação é, finalmente, proceder a uma série de operações que gerem sucessivas equações equivalentes, para, ao final, se ter a letra que representa a incógnita cujo valor se quer determinar, isolada em um dos lados da equação e, do outro, um valor numérico que dá solução ao nosso problema. Resolver equações envolve treino e atenção, mas o processo é simples. Vamos a um exemplo: 25 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Para começarmos a manipulação, podemos multiplicar ambos os lados por 6, o que fará com que os denominadores sumam. Na prática, se multiplica pelo MMC dos denominadores existentes. A seguir, se retira o equivalente a um dos termos onde “x” aparece, dos dois lados da equação. Isto fará com que apenas um lado passe a ter termos com a incógnita “x”. O próximo passo é se deixar apenas o termo com o “x” do lado da esquerda, se somando 1 aos dois lados. Por fim, dividem-se os dois lados por 4, o que faz com que a incógnita fique sozinha do lado da direita. Inequações Inequações são sentenças matemáticas abertas, isto é, sem um valor definido, expressas Por agora, por uma desigualdade entre duas expressões algébricas. Na prática, uma inequação é equivalente a uma equação onde se substitui o sinal da igualdade por sinais de desigualdade, a saber: • Maior: > 26 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais • Menor: < • Maior ou igual: >= • Menor ou igual: <= • Diferente: ≠ O processo de resolução de equações é equivalente ao processo de resolução das equações, com uma única diferença: quando multiplicamos ou dividimos ambos os lados da inequação por um valor negativo a relação se inverte: • Maior vira menor. • Menor vira maior. • Maior ou igual vira menor ou igual. • Menor ou igual vira maior ou igual. • A relação diferente é a única que não se altera. Isto se deve ao fato de que a relação entre números com sinais invertidos também se inverte: 2 < 5 mas -2 > -5 Vamos a um exemplo: 27 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais A solução da inequação foi encontrada utilizando-se a mesma técnica usada para as equações, como afirmamos originalmente. Vejamos outro exemplo:Neste caso, ao final dividimos ambos os lados por um número negativo (-2) e, por esta razão, a relação se inverteu. Dízimas Periódicas Há frações que não possuem representações decimais exatas. Por exemplo: Quando há repetição periódica e infinita de um ou mais algarismos, ao final de um número, dá-se o nome a este tipo de número de numerais decimais periódicos ou dízimas periódicas. As dízimas periódicas são indicadas pela colocação de três pontos à direita do número, como no exemplo acima. Numa dízima periódica, o algarismo (ou algarismos) que se repete infinitamente, constitui o que se chama de período dessa dízima. E é possível determinar a fração (número racional) que deu origem a uma dízima periódica. Denominamos esta fração de geratriz da dízima periódica. Existem diversos procedimentos para que se determine a geratriz da dízima periódica. Eis uma 28 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais sequência que permite isto. • Acha-se o múltiplo de 10 que alinha a dízima periódica com o número original. Na prática será um múltiplo que tenha tantos zeros quantos são os algarismos que constituem o período da dízima. • O numerador será igual ao número original multiplicado por aquela potencia, subtraído pelo seu valor original. • O denominador será igual à potência encontrada subtraída de “1”. • Finalmente, se no numerador se tiver um número com casas decimais, multiplicam-se o numerador e o denominador por 10 até que as casas decimais desapareçam do numerador. Vamos a um exemplo. Considere a dízima 23,45343434... O período da dízima é 34: esta é a sequência de algarismos que se repetem indefinidamente. Então o múltiplo de 10 que usaremos é 100: 2 zeros correspondendo aos dois algarismos de 34. A geratriz ficaria assim: Mas, como no numerador restam casas decimais, se deve multiplicar numerador e denominador por 10 até as casas decimais desaparecerem. 29 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Esta é a geratriz da dízima. Para se conferir o resultado, basta se calcular o resultado da divisão de 232.189 por 9.900. Exercícios de Fixação 1. Efetue as seguintes operações com frações: 2. Resolva os seguintes problemas de regra de três: a. 10 funcionários escavam um túnel de 100 metros de extensão em 30 horas. Quantos funcionários serão necessários para escavar um túnel de 200 metros em 20 horas? b. Em uma liquidação, 3 vendedores vendem 50 pares de sapato em 6 horas de trabalho. Assumindo que houvesse clientes esperando, quantos pares seriam vendidos se fossem 6 vendedores trabalhando por 12 horas? 30 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais c. Em um salão de beleza, 2 funcionários atendem 10 clientes em 3 horas. Quantos funcionários conseguiriam atender 80 clientes, em 12 horas? d. Em 5 dias, 10 motoboys entregam 3000 livros. Se houvesse a necessidade de entrega de 9000 livros, em 10 dias, quantos motoboys deveriam ser contratados? e. Estima-se que, em uma agência dos Correios, um grupo de 6 funcionários igualmente eficientes atenda 100 clientes em 45 minutos. Nessa situação, se outros 4 funcionários, com a mesma eficiência dos primeiros, forem adicionados ao grupo, então essas 100 pessoas serão atendidas em quanto tempo? 3. Resolva os seguintes problemas de porcentagem: a. 23% de 250. b. 0,12% de 60. c. Qual a porcentagem correspondente a R$ 30 em R$ 220? d. Se um desconto de 15% sobre uma compra resultou na economia de R$ 200, qual o valor original da compra? 4. Numa loja, um determinado produto é vendido com descontos de 15% ou de 20% sobre o preço de tabela, dependendo da condição de pagamento. Sabe-se que a diferença entre o preço obtido após o desconto de 15% e o preço obtido após o desconto de 20% é de R$ 120,00. Nesse caso, qual é o preço de tabela? 4. Resolva as equações e inequações: a. 18x – 43 = 65 b. 23x – 16 = 14 – 17x c. 7x – 2 = -4x + 5 d. 2x + 1 <= x + 6 e. 2 – 3x >= x + 14 31 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais Respostas dos Exercícios de Fixação 1. Frações: 2. Regra de três: a. 30 funcionários. b. 200 pares. c. 4 funcionários. d. 5 motoboys deveriam ser contratados, porque a necessidade total seria de 15 motoboys. e. 27 minutos. 32 Universidade Anhembi MorumbiConceitos Iniciais 3. Porcentagem: a. 57,5. b. 0,072. Note que a porcentagem pode ser um número não inteiro. Procede-se da mesma forma, neste caso, usando-se o número fornecido dividido por 100. c. 13,64%. d. R$ 1.333,33 e. R$ 2.400,00. Note que R$ 120,00 correspondem a 5% do preço, já que é a diferença entre 20% e 15%. 4. Equações e inequações: a. 6 b. ¾ ou 0,75 c. 7/11 d. x <= 5 e. x <= -3 2 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Funções Matemáticas e Equações Objetivo Esta unidade tem o objetivo de fornecer uma visão geral do conceito de função, seus diversos elementos e, a partir do entendimento deste embasamento inicial, se estudar os principais tipos de função que são usados frequentemente para resolver problemas. Também é objetivo desta unidade se verificar como podem ser resolvidos estes problemas com o uso de equações algébricas. Conceito e Características das Funções A importância do estudo das funções não se restringe apenas aos interesses da matemática pura, mas colocado em prática em outras áreas do saber, como a administração e a economia, ajuda a resolver diversos problemas que são característicos em cada uma destas áreas. Muitas vezes nos deparamos com um gráfico dentro de um texto qualquer, que nada mais é que uma função: a comparação (relação) de duas grandezas representada graficamente. Para que esse gráfico tome forma é necessário que essa relação (comparação) seja representada em uma função na forma algébrica. O estudo das funções se inicia com a observação: • Das suas características; • Dos seus elementos; e • Dos diferentes tipos de funções. 3 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações E, para dar continuidade ao estudo de função é necessário o conhecimento de equações, pois todo o desenvolvimento algébrico de uma função é resolvido através de equações. Uma relação estabelecida entre dois conjuntos “A” e “B”, onde exista uma associação entre cada elemento de A com um único de B através de uma lei de formação é considerada uma função. Observe o exemplo: Figura 3 - Representação Esquemática de uma Função Cada tipo de função possui uma propriedade e é definida por leis generalizadas. As funções possuem representações geométricas no Plano Cartesiano e as relações entre pares ordenados (x; y) são de extrema importância no estudo dos gráficos de funções, pois a análise dos gráficos demonstra, de forma geral, as soluções dos problemas propostos com o uso de relações de dependência. 4 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Chama-se Plano Cartesiano um esquema reticulado necessário para especificar pontos num determinado “espaço” com dimensões. Cartesiano é um adjetivo que se refere ao matemático francês e filósofo Descartes. As dimensões, na prática, correspondem aos valores que são relacionados entre os conjuntos “A” e “B”. E os pares ordenados representam exatamente os valores numéricos associados entre aqueles conjuntos. Na figura anterior se teria, então, os pares ordenados (1; 4), (2; 8), (3; 12) e assim por diante. Observe a figura a seguir: Figura 4 - Plano Cartesiano 5 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Nela aparecem exemplos de pares ordenados, lançados no Plano Cartesiano: (-5; 3), (6; 5) e (4,5; -3,5). O Plano Cartesiano pode ser entendido, de uma forma mais prática, como a base quese usa para a criação de gráficos que representam funções. As funções possuem um conjunto denominado domínio e outro chamado de imagem da função. No Plano Cartesiano o eixo “x” representa o domínio da função, enquanto o eixo “y” representa os valores obtidos em função de “x”, constituindo a imagem da função. No exemplo anterior, da maneira como foi definida a relação, o conjunto “A” seria o domínio e o conjunto “B” seria o contra domínio da função. Observe a direção das linhas (de “A” para “B”). Isto deve significar que em função do valor considerado em “A” se pode determinar o valor correspondente em “B”. Quando se diz que se tem uma função de “x”, significa dizer que se deve fazer um cálculo com o valor de “x” para determinar “y”, e não o contrário. A definição de que variável assume a posição equivalente a “x” é uma questão prática. Suponhamos que se estude a relação entre a temperatura média do dia e o número de resfriados que ocorrem em cada dia. É razoável que a temperatura condicione quanto resfriados ocorrerão e não o contrário. Neste caso, a temperatura assumiria a posição equivalente a “x” e o número de resfriados a posição de “y”. Isto é, se assumiria que o número de resfriados observados é função da temperatura média de cada dia. Um exemplo de relação de função pode ser expresso por uma lei de formação que relaciona: o preço a ser pago em função da quantidade de litros de combustível abastecidos. Lembre-se: cada elemento do conjunto domínio da função deve estar “ligado” com apenas um elemento do conjunto imagem. Se isto não acontecer, não temos uma função. 6 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Considerando o preço do combustível igual a R$ 2,50, temos a seguinte lei de formação: f(x) indica o preço a pagar e “x” a quantidade de litros. Neste caso, podemos dizer que o preço a pagar é função da quantidade de litros abastecida, isto é, a partir da quantidade de litros se determina o preço a pagar. Eis outros exemplos de função que poderíamos citar: • O tempo de viagem é função, entre outras coisas, da distância percorrida. • A altura de uma criança é função de sua idade. • O consumo de combustível é função, entre outras coisas, da velocidade média desenvolvida. • O perímetro de um triângulo é função da medida de seus lados. Um conceito importante referente às funções dita que cada elemento do conjunto domínio da função deve estar “ligado” com apenas um elemento do conjunto imagem. Se isto não acontecer, não temos uma função. Do que vimos até agora, podemos concluir que em uma função temos: • O conjunto dos valores de “x” (também chamada variável independente), denominado domínio da função; • O conjunto dos valores de “y” (também chamada variável dependente), denominado contra domínio da função; e • A lei que descreve a relação de dependência entre as variáveis “x” e “y”. 7 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações No caso do combustível, esta lei seria a indicação de que devemos multiplicar cada valor de “x” por 2,5 para determinarmos o valor correspondente de “y”. No que dentro do contra domínio podemos ter valores que não correspondem a nenhum valor de “x”. É o caso do valor “31” na figura que representava o esquema de uma função (Figura 3). Esta observação é importante porque temos um novo conceito. Chamamos de conjunto imagem aos valores do conjunto contra domínio que satisfazem à lei de correspondência. Então, o conjunto imagem é um subconjunto do contra domínio. Observemos, agora, outra representação gráfica de função. Figura 5 - Uma Função Genérica 8 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Nesta nova figura temos a função representada por uma linha contínua, variando entre os valores de “x” de -2 a 12. Significaria dizer que para cada valor de “x”, neste intervalo, se teria determinado o valor da função. Note que existem valores de “x” que correspondem a valores da função iguais a zero. È o caso dos valores de “x” correspondentes a -2, 5 e 11. Dá-se o nome de zeros ou raízes da função aos valores de “x” que correspondem a um valor calculado para a função igual a zero. Outro conceito importante é o sinal da função. Observe que os valores da função estão associados aos valores correspondentes ao eixo vertical (o eixo “y”). Neste caso a função é dita positiva quando estes valores são positivos. Veja a tabela abaixo, associando os valores de “x” aos sinais da função. Tabela 3 – Sinais da Função O sentido de variação da função indica se ela é crescente, decrescente ou constante em um determinado ponto, isto é, qual a tendência de variação da função num ponto, quando se aumenta o valor de “x”. 9 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Vamos observar a tabela abaixo, que associa os valores de “x” ao sentido de variação da função. Tabela 4 - Sentido de Variação da Função Dá-se o nome de máximos de uma função aos valores da função em que a tendência da função para trás e para frente do ponto considerado é de redução do valor. Dá-se o nome de máximo global ou absoluto ao maior valor que a função pode assumir. Aos demais pontos de máximo se dá o nome de máximos relativos. Dá-se o nome de mínimos de uma função aos valores da função em que a tendência da função para trás e para frente do ponto considerado é de aumento do valor. Dá-se o nome de mínimo global ou absoluto ao menor valor que a função pode assumir. Aos demais pontos de mínimo se dá o nome de mínimos relativos. 10 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Vamos à tabela: Tabela 5 – Máximos E Mínimos da Função Equações Matemáticas Antigamente as pessoas buscavam solucionar problemas cotidianos que envolviam cálculos numéricos através de processos aritméticos, isto é, com o uso das operações aritméticas básicas: adição, subtração, multiplicação e divisão; e suas derivadas, a exemplo da exponenciação que pode ser vista, em determinado contexto, como uma sequência de multiplicações sucessivas. Contudo, em certas situações esse processo não conseguia resolver os problemas que surgiam. Com isso, passou-se a trabalhar com elementos algébricos, constituindo, assim, as equações que nada mais são do que expressões que representam uma determinada situação problema. Estas expressões traduzem os problemas da linguagem natural do dia a dia para uma linguagem matemática formal. 11 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Mas não basta conseguir esquematizar um problema apenas com expressões algébricas: é preciso saber resolver essas expressões algébricas. Para tanto, realizaram-se estudos acerca dos métodos de obtenção da solução das equações. A obtenção da solução de uma equação é feita através de manipulações aritméticas envolvendo letras (incógnitas). Mas qual o objetivo dessas letras ou palavras em meio a números? As incógnitas utilizadas nas expressões algébricas possuem a propriedade de representar qualquer número. Portanto, ao encontrarmos expressões que nos auxiliam a determinar a solução de um número para equações que possuem apenas incógnitas, quer dizer que determinamos um método de obter a solução para qualquer tipo daquela equação. Por exemplo, considere a solução de uma equação do tipo: 2×x+3=0 A solução é dada pela expressão: Neste caso, “x” é a incógnita, ou seja, o valor que queremos determinar. Nós poderíamos generalizar a solução do problema, introduzindo novas letras: “a” e “b” seriam, então, os coeficientes dessa equação, representados por números quaisquer que submetidos à operação da segunda equação forneceriam automaticamente o valor de “x”. 12 Universidade Anhembi MorumbiFunçõesMatemáticas e Equações Resolver uma equação é encontrar todos os valores possíveis para a incógnita que tornem a igualdade verdadeira. A equação mostrada no exemplo acima pode ser interpretada e resolvida facilmente: o valor de “x” que colocado em seu lugar na equação produz uma igualdade é -1,5. A resolução das equações implica num processo que tenta isolar a incógnita em um dos lados da equação e deixar os coeficientes (outras letras) ou os valores numéricos do outro lado. Para tal, existem duas transformações básicas. Dada uma equação, as seguintes operações podem ser efetuadas sem que se modifique a igualdade previamente estabelecida: • Somar (ou subtrair) um mesmo número real em cada lado da igualdade. • Multiplicar (ou dividir) cada lado da igualdade por uma mesma constante não nula. Note que resolução da equação original seguiu este processo, que detalhamos agora. Parte-se da equação inicial e se subtrai o valor 3 de ambos os lados: 2×x+3-3 =0-3 2×x=-3 Em seguida, se dividem ambos os lados da nova igualdade por 2: Na prática, para se resolver equações mais complexas, se pode aplicar qualquer operação aritmética em ambos os lados da equação: raiz quadrada, exponenciação, logaritmos etc. 13 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Dá-se o nome de sistemas de equações a duas ou mais expressões que devem ser resolvidas simultaneamente: x-y=8 x+y=30 As soluções dos sistemas de equações podem ser interpretadas geometricamente como sendo os pontos de interseção dos gráficos determinados por cada equação. No exemplo dado, a solução do sistema é o ponto de interseção das duas funções, a saber, o ponto de coordenadas (19; 11). Veja a figura: Figura 6 - Resolução de Um Sistema de Equações 14 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações O método algébrico de resolução dos sistemas de equações envolve a criação de uma expressão que isola uma incógnita em uma das equações e substitui a ocorrência desta incógnita na outra equação pela expressão encontrada. A partir da substituição, podemos resolver a equação onde só ocorre a incógnita “y”: Conhecido o valor de “y” se pode determinar o valor de “x”: Inequações Inequações podem ser definidas como desigualdades de expressões algébricas. Isso significa que iremos estabelecer uma relação, entre as duas expressões, diferente da igualdade. Inequações podem envolver relações do tipo: Maior que; Maior ou igual; Menor que; Menor ou igual; Diferente 15 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Na prática, o processo de resolução de inequações é muito semelhante ao usado para resolver equações. No entanto, temos uma grande exceção: quando tivermos que multiplicar ambos os lados da inequação por “-1” (menos um), a relação de maior ou menor se inverte. É fácil se perceber esta necessidade. Veja a expressão abaixo: 3<5 Se multiplicarmos ambos os lados por “-1”, sem invertermos a relação, teremos: -3<-5, o que é matematicamente errado. Assim sendo, ao se multiplicar uma inequação por “-1”, deve-se inverter a relação de maior ou menor. No nosso exemplo, o resultado final deverá ser: -3>-5 A título de exemplo, vamos resolver uma inequação, aplicando o mesmo processo usado para a solução de uma equação. Siga os passos a seguir: A interpretação do resultado de uma inequação é mais ou menos intuitiva: para que a inequação original seja satisfeita (seja uma expressão verdadeira), é necessário que o valor de “x” seja maior que 4. 16 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Você pode testar isto substituindo diferentes valores na inequação inicial e verificando que somente para valores de “x” maiores que 4 a expressão será verdadeira ou matematicamente correta. E aqui se destaca outra diferença entre equações e inequações: enquanto as equações definem valores pontuais que lhe servem de resposta ou solução, nas inequações se tem um intervalo de valores como sendo a resposta desejada. No caso anterior, se ao invés de se ter uma inequação, se produzisse uma equação, teríamos: 3x+12=24 A solução para esta equação seria x = 4: um valor preciso e bem definido. Já a inequação correspondente tem como resposta um conjunto de valores, isto é, todo e qualquer valor numérico que seja maior que 4. Funções de Primeiro Grau: Forma Geral Como dissemos antes, uma função é utilizada para relacionar valores numéricos a uma variável “x”, através de uma determinada expressão algébrica que envolve o uso do valor de “x”. Uma função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos de expressões algébricas do tipo: F(x)=ax+b Note que para definir a função do 1° grau, basta haver uma expressão algébrica do 1° grau, isto é, o maior expoente que é aplicado à variável “x” deve ser 1 (um). Vejamos um exemplo: F(x)=x-2 17 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Neste caso, teremos a =1 e b = -2. A partir daí, podemos determinar o valor da função para cada possibilidade de valoração de “x” simplesmente se substituindo o valor desejado de “x” na expressão da função. Veja a tabela a seguir: Tabela 6- Valores da Função F(x) = x - 2 Note que os valores numéricos mudam conforme o valor de “x” é alterado. Assim, obtemos diversos pares ordenados, constituídos da seguinte maneira: (x; f(x)). Veja que para cada coordenada “x”, iremos obter uma coordenada f(x). Isso auxilia na construção de gráficos das funções. O gráfico correspondente a esta função é mostrado a seguir: Figura 7 - Função F(x) = x - 2 18 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações As funções de 1º grau, ao serem representadas no Plano Cartesiano, conforme se observa na Figura 7, constituem uma reta crescente ou decrescente. E no caso de a = 0, a função é chamada de constante. Uma função possui pontos considerados essenciais para a composição correta de seu gráfico, e um desses pontos é dado pelo coeficiente linear da reta representado na função pela letra “b”, que indica por qual ponto numérico a reta intercepta o eixo das ordenadas (y). Conforme vimos na figura anterior, a reta corta o eixo vertical (eixo “y”) no ponto -2. Outra maneira de se definir o coeficiente linear da função de 1º grau seria dizer que ele é igual ao valor da função para “x” igual a zero, o que se comprova na observação da Tabela 6. As funções de 1º grau podem ser classificadas de acordo com o valor do “a”, denominado coeficiente angular da função de 1º grau. Se a > 0, a função é crescente; caso a < 0, a função se torna decrescente. A função anterior era crescente e o valor de “a” era igual a 1 (maior que zero). Na prática, o coeficiente angular recebe este nome porque é numericamente igual à tangente do ângulo formado pela reta com o eixo “x”. Existe ainda outra interpretação para o valor de “a” (coeficiente angular). Ele corresponde à relação entre as variações de dois valores de F(x) e dos valores de “x” correspondentes. Observe na Tabela 6 que quando “x” varia de 1 para 2, o valor de F(x) varia de -1 para zero. Se fizermos a relação entre estas variações, teremos: 19 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações O valor encontrado é igual ao coeficiente angular. Quando temos a = 0, a função é dita constante porque para qualquer valor de “x”, F(x) será sempre igual a “b”. Retomando o conceito de raiz da função (o valor de “x” que faz com que o valor da função seja igual a zero), tem-se que: Significa dizer que sempre que “x” for igual à divisão do coeficiente “b” pelo coeficiente “a”, multiplicado por -1(menos um) se terá o valor da função igual a zero. Com esta última informação (como achara a raiz da função de 1º grau) fica fácil esboçar o gráfico de qualquer função deste tipo. Observe a figura abaixo: Figura 8 - Montagem do Gráfico de Uma Função do 1º Grau 20 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Observe que o ponto onde a reta corta o eixo “x” (horizontal) é numericamente igual à raiz da reta: E o ponto onde a reta corta o eixo “y” é igual ao valor do parâmetro “b” (coeficiente linear). Uma única situação não permite que se desenhe a reta usando este procedimento: quando ela tem o parâmetro “b” igual a zero. Neste caso ela passa pela origem dos eixos (o ponto onde eles se cruzam). Para se desenhar a reta, nesta última situação, é preciso que se escolha um valor para “x” esse calcule a função. Com este par de valores se marca um ponto no Plano Cartesiano e se liga este ponto à origem dos eixos. Veja o novo exemplo: Figura 9 - Reta Passando Pela Origem dos Eixos 21 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Você poderia escolher o valor 6 para “x”, que geraria um resultado para a função igual a 15: F(x)=2,5x=2,5×6=15 Ligando este ponto à origem, você terá a imagem da reta correspondente à função, como mostra a figura. Vamos, agora, a uma aplicação prática das funções de 1º grau. Exemplo 1 Uma pessoa vai escolher um plano de saúde entre duas opções: A e B. As condições gerais dos planos são: Plano A: cobra um valor fixo mensal de R$ 140,00 e R$ 20,00 por consulta num certo período. Plano B: cobra um valor fixo mensal de R$ 110,00 e R$ 25,00 por consulta num certo período. Temos que o gasto total de cada plano é dado em função do número de consultas “x” dentro do período pré-estabelecido. Comecemos por determinar a função correspondente a cada plano. Depois, vamos estudar em qual situação o plano A é mais econômico; em qual situação o plano B é mais econômico; e quando os dois se equivalem. As equações corespondentes aos planos serão: Plano A=20x+140 Plano B=25x+110 22 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Para que o plano A seja mais econômico se precisa observar que: Plano A<Plano B 20x+140<25x+110 Isto nos leva a: x>6 É mais ou menos intuitivo que, quando “x” for menor que 6, o Plano B será mais econômico. Mais isto também pode ser validado com a inequação correspondente: 20x+140>25x+110 x<6 Finalmente, para que os planos sejam equivalentes, tem-se que: 20x+140=25x+110 x=6 Nossa avaliação pode ser comprovada pelo gráfico a seguir: Figura 10 - Comparação dos Planos 23 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Note-se que até se atingir o número de 6 consultas (eixo dos “x”) o custo do Plano B é menor. A partir de 6 consultas, o Plano A é mais econômico, conforme já apontavam os nossos cálculos anteriores. Funções de Segundo Grau: Forma Geral; Mínimos e Máximos A função do 2º grau, também denominada função quadrática, é definida pela expressão do tipo: F(x)=ax2+bx+c Este tipo de função é chamado de 2º grau porque o maior expoente que aparece aplicado à variável “x” é 2. Daí se pode generalizar que uma função de grau “n” recebe este nome porque tem como maior expoente da variável “x” o valor “n”. E o gráfico associado a uma função do 2º grau é uma parábola. Figura 11 - A Parábola 24 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Ao construir o gráfico de uma função do 2º grau, notaremos sempre que: Se a > 0, a parábola tem a concavidade voltada para cima; e Se a < 0, a parábola tem a concavidade voltada para baixo (casa da Figura 11). Se você quiser visualizar uma parábola, basta ver as antenas parabólicas de televisão: elas têm este nome porque se formato segue as exatas relações de uma parábola. Note que a parábola tem um ponto (representado na figura pela letra “V”) chamado vértice da parábola. As coordenadas do vértice são: O símbolo Δ (chamado “delta” em função de se originar a partir da letra grega como este mesmo nome) representa uma expressão numérica que veremos mais adiante. Raízes (ou Zeros) da Função do 2º Grau Denominam-se raízes da função do 2º grau os valores de “x” para os quais ela se anula. Este conceito é totalmente equivalente ao que vimos para as funções de 1º grau. Na pratica, as raízes são definidas pela fórmula de Bháskara: Exemplo: na função y = x² - 4x + 3, as raízes da função serão: 25 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Note que o símbolo original “±” na fórmula significa que para uma raiz se deve proceder ao cálculo usando “+” (mais) e para a outra “-“ (menos). O valor de expressão da qual se tira a raiz tem o nome de delta1. Este valor é importante porque a partir dele se pode determinar como se comportam as raízes da função (ou equação) de 2º grau. Veja a tabela: Tabela 7 – Raízes e Valor de Delta Quando Δ for maior que zero, teremos um gráfico de parábola que corta o eixo “x” em dois pontos, como na Figura 11. Quando Δ for igual a zero, o gráfico da parábola encostar- se-á ao eixo “x”, sem cruzá-lo ( o vértice da parábola estará sobre o eixo “x”). Finalmente, quando Δ for menor que zero, a parábola estará totalmente definida acima ou abaixo do eixo “x”, sem cruzá-lo ou nele tocar. Se a parábola vai ficar acima do eixo “x” ou abaixo dele, isto dependerá do sinal do parâmetro “a”.1 Delta é também chamado de discriminante da função de 2º grau. Duas raízes com valores distintos. Duas raízes com valores iguais, mas de sinais opostos. A função não tem raízes 26 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Quando a parábola ficar totalmente acima do eixo “x”, isto implicará que todos os valores de F(x) serão positivos. E quando a parábola ficar totalmente abaixo do eixo “x”, isto implicará que todos os valores de F(x) serão negativos. Esboçando o Gráfico da Função do 2º Grau Para se desenhar o gráfico da função de 2º grau é preciso que se siga um procedimento básico. Usaremos como exemplo a mesma função referenciada anteriormente: Eis os passos a serem seguidos: • Ache as raízes da equação. • Determine a orientação da concavidade (verificar o sinal do parâmetro “a”). • Determine o ponto onde a parábola corta o eixo “y” (este ponto é numericamente igual ao parâmetro “c”, que corresponde ao valor da função quanto a variável “x” for igual a zero). • Determine as coordenadas do vértice da parábola. Neste caso, já temos calculadas as raízes: x1=3 e x2=1 Já que o valor de “a” é positivo (1), a parábola era concavidade para cima. O valor de “c” (3) indica onde a parábola cortará o eixo “y”. 27 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações E as coordenadas do vértice são: Termos, então, a representação gráfica da função conforme a figura a seguir: Figura 12 - Representação da Função 28 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Esboçando o Gráfico da Função do 2º Grau Dá-se o nome de ponto de máximo ou ponto de mínimo de uma função de 2º grau à posição de seu vértice. Se a concavidade da parábola for voltada para cima (a > 0), teremos um ponto de mínimo. Mas se a concavidade da parábola for voltada para baixo (a < 0), teremos um ponto de máximo. O significado disto é intuitivo e pode ser verificado nas representações gráficas das parábolas: um ponto de mínimo representa o conjunto de valores de “x” e F(x) que corresponde ao menor valor possível para F(x). O raciocínio recíproco se aplica ao ponto de máximo: representa o conjunto de valores de“x” e F(x) que corresponde ao maior valor possível para F(x). Regra de Soma e do Produto Para se construir uma equação de 2º grau, a partir das raízes, basta que se desenvolva a seguinte expressão: a×(x-R1 )×(x-R2 ) Nesta expressão, R1 e R2 representam as raízes que se deseja e “a” é um valor qualquer que multiplica as subexpressões entre parênteses. Vamos tentar gerar uma função de 2º grau com raízes iguais a 1 e 3 e a = 1. Seguindo a orientação anterior, teremos: 29 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Esta é exatamente a função que utilizamos no exemplo anterior, para a qual calculamos as raízes (1 e 3), o que comprova a validade do procedimento. Dá-se o nome de regra da soma e do produto a uma característica adicional dos parâmetros “b” e “c” das equações de 2º grau: • A soma das raízes da equação é sempre igual a: • O produto das raízes da equação é sempre igual a: Saber destas características das equações do 2º grau pode ajudar a achar as raízes das mesmas sem que se precise usar a fórmula de Bháskara. No exemplo anterior, bastaria que se tentasse descobrir dois números que somados são iguais a 4 e multiplicados entre si dão como resultado 3. A resposta natural seria 1 e 3, isto é, as raízes da equação. Exemplo 2 Vamos tentar achar as raízes da seguinte equação, sem usar a fórmula de Bháskara: Sabemos, pela regra da soma e do produto que as duas raízes somadas devem dar 17 e que o produto delas deve ser igual a 70. Logo, tentando alguns valores, se poderia chegar a 7 e 10, isto é, aos valores das raízes desta equação, por que: 30 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Mas é preciso prestar atenção: a soma tem sinal invertido em relação ao cálculo . Inequações do 2º Grau As inequações do 2º grau são resolvidas utilizando o teorema de Bháskara. O resultado deve ser comparado ao sinal da inequação, com o objetivo de definir a solução desejada. Primeiramente devemos passar todos os termos da inequação para um dos lados, deixando o outro igual a zero. Veja o exemplo a seguir: Neste caso passaríamos os termos “4x” e “-3” para a direita da inequação. Isto pode ser feito se subtraindo os termos de ambos os lados da inequação: O próximo passo é determinar as raízes da equação correspondente, que já sabemos serem 3 e 1. A seguir, esboçamos o gráfico da função, que deve corresponder à Figura 12. Agora, observando o gráfico, vemos que uma parte da parábola fica acima do eixo “x” e outra abaixo: • A parábola fica acima do eixo “x” para valores de “x” inferiores a 1 e superiores a 3. • A parábola fica abaixo do eixo “x” para valores de “x”entre 1 e 3. 31 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações A inequação pede que os valores da expressão sejam positivos (> 0). Neste caso, resolver a inequação é indicar que valores de “x” forçam que o cálculo de F(x) seja positivo, isto é: Deste exemplo se conclui que resolver inequações de 2º grau pode ser uma tarefa muito simples, desde que se consiga fazer o esboço do gráfico da parábola correspondente. Exemplo 3 Considere que a curva de custo total mensal para uma mercadoria seja dada pela equação C(x) abaixo e que a função de receita total seja dada pela equação R(x) abaixo, onde “x” é a quantidade produzida. Determine o(s) ponto(s) de equilíbrio, a quantidade de produção para o lucro máximo e a condição em que se tem prejuízo. Dá-se o nome de ponto de equilíbrio à condição em que o resultado geral das vendas de uma empresa não gera nem lucro, nem prejuízo. Significa dizer que o resultado, ou o lucro é zero. Nós podemos escrever a expressão do lucro como: 32 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações Ao se resolver esta equação, teremos o seguinte gráfico: Figura 13 - Representação da Função do Lucro As raízes desta equação são 20 e 180. • Os pontos de equilíbrio acontecem quando o cálculo da função lucro é igual a zero: para “x” igual a 20 ou 180. • O lucro máximo é obtido no vértice da parábola, isto é, quando x = 100, o que gera um lucro de 640 unidades monetárias. 33 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações A primeira expressão é resultante da substituição do valor de “x” na equação do lucro. A segunda resulta da aplicação da fórmula da coordenada do vértice da parábola. • O prejuízo acontece quando o lucro é negativo, isto é, quando x < 20 ou quando x > 180. Significa dizer que uma produção de menos de 20 unidades ou mais de 180 unidades causará prejuízo à empresa. Exercícios de Fixação 1. Esboce o gráfico da função: F(x)= 5x + 30. 2. Na produção de peças, uma fábrica tem um custo fixo de R$ 16,00 mais um custo variável de R$ 1,50 por unidade produzida. Sendo “x” o número de peças unitárias produzidas, determine: a) A lei da função que fornece o custo da produção de x peças; b) Calcule o custo de produção de 400 peças. 3. Um motorista de táxi cobra R$ 4,50 de bandeirada mais R$ 0,90 por quilômetro rodado. Sabendo que o preço a pagar é dado em função do número de quilômetros rodados, calcule o preço a ser pago por uma corrida em que se percorreu 22 quilômetros. 34 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações 4. Esboce o gráfico da função: 5. Considere que a curva de custo total mensal para uma mercadoria seja dada pela equação C(x) abaixo e que a função de receita total seja dada pela equação R(x) abaixo, onde “x” é a quantidade produzida. Determine o(s) ponto(s) de equilíbrio, a quantidade de produção para o lucro máximo e a condição em que se tem prejuízo. Respostas dos Exercícios de Fixação 1. 35 Universidade Anhembi MorumbiFunções Matemáticas e Equações 2. 3 4. 5. Pontos de equilíbrio: 50 e 40. Lucro máximo para uma produção de 45 unidades. Ter-se-á prejuízo quando a produção for inferior a 40 ou superior a 50 unidades. 2 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Funções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Objetivos desta Unidade Esta unidade tem o objetivo de dar continuidade ao estudo das funções, abordando as funções exponenciais e logarítmicas, frequentemente utilizadas para resolver problemas de administração e, em especial, aqueles envolvendo cálculos financeiros. Complementarmente se estudará as progressões aritméticas e geométricas, que são a base para o cálculo de juros na matemática financeira. Funções Exponenciais Em álgebra, as potências inteiras e racionais de um número “a” estão definidas por: “a” é chamada de base da potência e “n” o seu expoente. Na prática, um expoente fracionário é equivalente a se tirar a raiz do número. Veja o exemplo: Se “a” for negativo, então algumas das potências fracionárias de “a” terão valores fora do campo dos números reais, como por exemplo: 3 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Este tipo de consideração, no entanto, foge ao escopo de nosso estudo, pelo que para expoentes fracionários sempre consideraremos a condição de a≥0. Nestas condições, uma função ou equação exponencial nunca terá uma raiz (terá como resultado de cálculo um valor igual a zero). Por consequência, a função sempre será positiva. Comportamento das Funções Exponenciais Considerando o valor de “a”, temos duas condições: • Quando “a” está compreendido entre 0 e 1, a função é decrescente. • Quando “a” é maior que 1, a função é crescente. Veja os gráficos: Observe que se a = 1, teremos uma função constante. Figura 14 - Potências de Bases Maiores Que 1 Figura 15 - Potências de Bases Entre 0 e 1 4 UniversidadeAnhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Propriedades das Funções Exponenciais A seguir se apresenta as principais propriedades das funções exponenciais. As propriedades básicas, das quais todas as outras derivam, são: • O produto de exponenciais de mesma base é igual a esta base elevada à soma dos expoentes dos fatores multiplicados: • A divisão de exponenciais de mesma base é igual a esta base elevada à diferença entre o expoente do numerador e o expoente do denominador. Outras propriedades derivadas das propriedades básicas são: • Qualquer número diferente de zero, elevada a zero resulta em 1: • Qualquer número elevado 1 é igual e este mesmo número: • Qualquer potência de um número, elevada a outra potência, é igual a este número elevado ao produto das duas potências: • Duas potências iguais de bases diferentes, quando multiplicadas, dão como resultado o produto das bases elevado àquela potência: 5 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Equações Exponenciais Equações exponenciais são aquelas em que a incógnita se encontra no expoente de pelo menos uma potência. A forma de resolução de uma equação exponencial permite que as funções exponenciais sejam também resolvidas de forma prática. São exemplos de equações exponenciais: Para resolvermos uma equação exponencial precisamos aplicar técnicas para igualar as bases. Assim, considerando a equação como um todo, podemos dizer que os expoentes também serão iguais. Observe a resolução da seguinte equação exponencial: Se fatorarmos o número 2187, teremos que ele é igual a 37. Substituindo isto na equação original, temos: E, considerando-se a igualdade como um todo, podemos concluir que x = 7. Vejamos outra equação: Após a fatoração de 1024, temos: 6 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Exemplo 1 Para igualarmos as bases, é preciso lembrar que qualquer base elevada a zero é igual a 1. Então teremos: Disto resulta que: Para saber o(s) valor(es) de “x”, basta resolver a equação do 2º grau que acabamos de determinar. Funções Logarítmicas Toda função é denominada função logarítmica de base “a” se for definida pela lei de formação: Lê-se a expressão acima como logaritmo de “x” na base “a”. Em especial, a variável “x” neste caso recebe o nome de logaritmando ou antilogaritmo. Nesse tipo de função o domínio é representado pelo conjunto dos números reais maiores que zero e o contradomínio, o conjunto dos reais. Na prática, achar um logaritmo de um número equivale a achar o expoente que transforma a base considerada neste número. Veja o exemplo: 7 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas A resposta para esta equação exponencial é simples: “x” deve ser igual a 2 para que a igualdade seja verdadeira. Mas muitos não sabem que estamos resolvendo um problema de logaritmos quando tratamos equações exponenciais deste tipo: Se dizer que o logaritmo de 9 na base 3 é igual a 2 significa que 3 elevado a 2 será igual a 9. Na prática, se pode transformar qualquer problema de logaritmos em um problema exponencial equivalente. Gráfico de Uma Função Logarítmica Assim como procedemos com as funções exponenciais, devemos dividir as considerações da representação gráfica das funções logarítmicas em dois casos: • Quando a base do logaritmo for maior que 1, teremos uma função crescente. Figura 16 - Log em uma Base Maior Que 1 8 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas • Quando a base do logaritmo estiver entre 0 e 1, teremos uma função decrescente. Note que em qualquer situação, o gráfico da função logarítmica está sempre à direita do eixo “y” e que a raiz da função logarítmica, em qualquer base, é 1. Propriedade da Função Logarítmica As propriedades da função logarítmica são totalmente equivalentes às propriedades das funções exponenciais. Veja a tabela comparativa: Figura 17 - Log Em uma Base ente 0 E 1 Tabela 8 – Relação entreas Propriedades dos Logaritmos e as das Exponenciais 9 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Eis alguns exemplos de logaritmos: Mudança de Base As calculadoras existentes no mercado conseguem calcular o logaritmo de qualquer número, mas trabalham em geral, apenas em duas bases: a base decimal e a base neperiana. A base neperiana é assim chamada porque o valor da base é igual à constante de Neper: 2,71828183. Esta constante é frequentemente referenciada em cálculos financeiros ou de economia, entre outros, daí se dar destaque ao uso dela quando é utilizada como base para cálculo dos logaritmos. Neste ponto vale a pena se mencionar duas convenções utilizadas quando se trabalha com logaritmos. Assim como acontece com as operações de raiz, onde sempre que queremos calcular a raiz quadrada de um número não se precisa indicar o “2” na raiz, no caso dos logaritmos temos duas convenções equivalentes. Quando a base do logaritmo desejado é 10, usualmente não se escreve a base: E quando usamos a base neperiana, ao invés de se escrever “log”, escreve-se “ln”: 10 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Agora, suponha que você queira calcular o logaritmo de 49 na base 7: É claro que, pela definição inicial, a resposta para isto é 2, porque 7 elevado ao quadrado é igual a 49. Mas vamos supor que você não soubesse disto e desejasse calcular este resultado com uma calculadora que tenha uma função logarítmica: decimal ou neperiana. Neste caso, existe um recurso simples. Para todo e qualquer logaritmo em uma base se pode escrever: Isto significa que, se não temos como calcular o logaritmo de um número em uma determinada base, porque não se tem uma calculadora que o faça de forma direta, temos o recurso de calcular o logaritmo deste número em outra base; calcular o logaritmo da base original nesta outra base; e se dividir um resultado pelo outro, conseguindo da resposta ao problema original: Para o nosso caso teríamos: O mesmo vale para uma calculadora que só tenha a função logarítmica na base neperiana (que é o caso da calculadora HP 12c): Resumidamente, temos um problema típico de logaritmo quando nossa incógnita está em um expoente. 11 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Exemplo 2 Se um cavalo engorda 10% ao mês. A partir de um peso inicial (x), quando ele irá dobrar o seu peso (x)? Primeiramente devemos entender como cresce o peso do cavalo do problema. Se o peso inicial dele era 100 kg, a tabela a seguir mostra a evolução do peso ao longo dos três primeiros meses: Note que para cada mês se deve multiplicar o peso anterior por 1,1. Neste caso para o mês “m” se deverá multiplicar o peso inicial “m” vezes por 1,1. E quando se espera que o peso esteja dobrado, teremos a equação: Neste caso se percebe que não importa qual o peso inicial do cavalo, porque para resolver a equação podemos simplificar o fator “P” nos dois lados da equação: Tabela 9 – Evolução do Peso de um Cavalo 12 Universidade Anhembi MorumbiFunções Exponenciais e Logarítmicas. Progressões Matemáticas Agora, já que temos uma igualdade, se aplicarmos a mesma operação dos dois lados da igualdade, continuaremos a ter uma igualdade. A operação que iremos aplicar é o logaritmo: Usando-se a propriedade dos logaritmos, referente ao logaritmo de uma potência, nós teremos: Substituindo-se esta expressão na igualdade inicial: Isto significa que o cavalo levará pouco mais de 7 meses para dobrar
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