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Supervis ão Ed itorial: J. Guinsburg Tradução: Maria Lúcia Pereira, J. Guinsburg, RacheI Araújo de Baptista Fuser, Eudynir Fraga c Nanci Fernan des Revisão: J. Augusto de Abreu Nascime nto Capa: Adriana Garcia Produ ção: Ricardo \V. Neves e Raquel Fernandes Abranches DICIONÁRIO DE TEATRO Patrice Pavis Tradu ção para a língua portug uesa sob a d ireção de J. GUINSBURG E MARIA L ÚCI A PEREI RA ~\III - z :::::3" f PERSPECTIVA~I\\~ Titu lo tio or ig inol fra nc ês Dictionain: du Th éátnr Cop yrigh t (j) Dunod, Paris. I <J9(, Dados lntc rnacio nais de Cat alogaçã o na Pub lica ção (C IP) (Câma ra Brasi lc iru do Livro. S I'. Bra sil) Pav is, Pat ricc, 1947 - Dici onário de teatro / Pa tri cc Pa v is ; tra du ção para a líng ua po rtug uesa so b a direção de J. G u in sb urg C Maria Lúcia Perei ra. 3. ed - São Paul o : Perspectiva. 20 08. Tit ulo original: Dictiona irc du th éâtrc Bibl iogra fia. ISB N 97 8-85-273-020 5-0 1. Teatro - Dicionários 1. T itu lo . À memória de Margita Zah eadnik ová para Zajbo-Bojko e Mou mou chka 99 -53 10 C DD -7<J203 índic es para catálogo sistemático : I. Teatro : Dic ion ár ios 792 .0 3 3' edi ção Di rei tos reservados it ED ITO RA PERSP ECTI VA S. A . Av. Brigade iro Lui s Antôni o . 302 5 0 140 \ -000 São Paul o SI' Tcl c fax: (0 -- 11) 3885· 83 88 www.c d itorapcrspcctiva.com.br 2008 PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA Pel a pri me ira vez edita -se no Brasi l um d ic io- nário que, pau tad o em um elenco essenc ial de tó- pico s, co nsegue ab ranger todos os as pectos, mea n- dro s e nuances da linguage m teatral. Seu autor, Patri ce Pavi s, põe ao alcance do interessado - sej a ele lei go ou es pecialista, teóri co ou c riador - a defin ição e a refl exão que. no co njunto da tram a dos conce ito s epigrafados , traze m tud o aquilo que vem a co ns titui r o teatro . Nã o se tem 3LJ ui, porém , um repertório de ca- ráter históri co , mas, sim. temá tico . O le itor nun ca encontrará en trada s por nom es ou datas. Nomes e dat as co nsta rão oca siona lmen te do co rpo tex- tual dos verbetes , a títul o de escl areci mento ou de ilu s tr a ção . Ta mbém é oportuno lem brar q ue se trata de um dicioná rio francês c qu e, não obsta nte a s ua v is ad a decl a rad amemc mull icultu ral e ct nocenol ógica, o materi al é referenciado basica- ment e Ü experiência c à cultura em que o autor tem ori gem e at ua . Daí por qu c a larga maioria dos ve rbete s, definidos com gra nde rigor, e dos exemplos ilustrativos procede principalmente do tea tro na França . o que. de mod o a lgum. prejudi- ca a sua abrangên cia e a sua imen sa ut ilidade pa ra o estudo da a rte teatral em nosso mci o . Te ntamo s, na traduç ão , in seri r nota s que remetam il realida- de do teat ro no Bra sil. não dand o exe mplos, ma s pro cura ndo es tabe lecer pont es ou ana logias . Para a an áli se dos elem ent os co nstitutivos da arte teat ral. Patrice Pavis parte, quase sempre. de um a abord agem sc mi órica, na med ida em qu e esta 1'11 impli ca não men os o enfoqu e estru tura l e feno - menoló gico . Isto signi fica que este dici onário não se redu z a um a visão se mió tica do teat ro . Na ver- dade, ele é mu ito m ai s qu e isto: encarado em se u conjunto , rcpr oj eta c m manife stuçõcs signi fica ti- vas tod a a hist ór ia do teatro - sem que a obra se proponh a lal inte nto - c . também , o percu rso e o debate do pen sam en to c rític o sob re es ta arte e as vari antes de seu di scurso . Nes te se ntido , vale no- tar que, à lei tur a de st e re pertório, vai se impondo a percepção dc qu e o tea tro não é apenas um re - sistente histórico qu e so brev ive a si mesm o, rel e- gado à passi vidade de se us meios trad ic iona is, mas, ao co ntrário , é uma forma art ística dotada de um gra nde pod er v ita l de auto-renova ção, qu e o foi ada pta ndo ao s tempos c incorporan do a e le ino vaç ões es téticas e t écnicas, incl usive de o u- tros domínios, o qu e o torn am perfeitamente ap to a levar ao palc o os temas e os probl em as do mod o de ser de nossa é poc a, co mo já o fizera em relu- ção a qu ase tod as as outras. O tempo, este crítico feroz e se letivo , faz sobre- viver as obras cuj o va lor resiste a ele e ao seu de- safio. Por isso mesm o, cremos que, apesar da vis í- vel vinculação das o pções deste ele nco de noções ao teatro de hoje, o qu e, no futuro, poder á indi ciar com alguma particula ridade se u momento de o ri- ge m. o seu auto r nos pro porciona um d icion ári o que se destina a um a vida long a, graças, sobre tu- do, a um ex trao rd inár io conhecimento do campo, a uma rigorosa di sci plin a metodológica, a urn a P RE f Á CI O Á EDI Ç ÁO BR A SILEI R A pesquisa incansável e pertin ent e a seus o bje tos , e à profundidad e de sua expos ição ana lítica , tão raros ne ste gê nero de empreitada. Não é preciso enfat izar que a transposição desta obra para o português o ferece u um mont ant e res- peitá vel de probl emas c di ficuldades, qu e pro cu- ramos vencer da ma neira mais adequ ada possí- vel, cons ide rando as peculiar idades do ve rnác u lo e as ca rências co nhec idas de nossa linguagem téc - nica neste terren o . Te mos a co nsciência de qu e o trabalh o reali zado rep resent a co nd igna me nte o text o o rigina l e qu eremo s crer que isto se de va. afora à eq uipe da edito ra , ao interesse e dedi ca- ção dos tradutores de ste di cionário. J. GUINSIl URG E M ARIA LÚCI A P EREIR A PREFÁCIO Nota da Editora No q~e con cem e à versão par a a língu a portuguesa deste d icion ár io. a co ntribui ção de M ari a Lú cia Pe re.lra roi de parti cular relevâ ncia , po is. a lém de traduzir a maioria dos ver betes, reali zo u a espin hosa tare fa de uniformi zação. merec endo por isso nossos agradecime ntos . 1'11/ C o mo fazer um d icio ná rio de teat ro que res- ponda a todas as perguntas que se prop õe quem tr abalha no campo do teatro e quem se co ntenta e m a má- lo') Um dic ion ári o que seja um instru- mente c iemífico a integrar o conj unto das pes- qu isas que bali zaram o sé c u lo XX na orde m da se m ió tica, da lingü ísti ca e d a co mu nicação. Mas qu e não recu se a históri a . qu e int egr e não só as no ções prin cip ais que oc u pa m o ca mpo teatral. mas tamb ém suas ir a ns for maç ôcs através dos tempos. Ta l é a apo sta venc ida por Patrice Pav is: se u d icio nário é o fruto de vinte ano s de reflexão e pesqui sas. mas nào menos de experiências peda- góg icas e de cont emplações de espectador. a resultado di sto é um obj eto ra ro que . per- petuamente probl enuuico , e vita traze r ao leitor u ma so lução pront a , mas lhe mo stra . a cada pas- so. como se co locam o s di fíce is proble mas de u ma dupla práti ca, ao mesm o tempo lit er ári a e artís tica, ete rname nte inscrita nas pági nas de um livro . ma s também viva . provisória . fugaz. no âmbito de lima ce na. Este di cion ário é um objeto tant o mais precio - so q uanto sua s sucess ivas edições lhe perm itiram nã o só aperfeiçoam ent os úteis. ma s uma inserção IX em per spectiva das recent es manifestações da es- critura e da encenação co ntempor âneas . N e st e momento em qu e se assi st e a uma "mundi ali za ção" da cultura . o pri vil ég io de Pa- tri ee Pavi s é o de es tar no c ru zamento do s gran- des domínios, o dom ínio angl o- saxão. mas tam - bém os domínios latinos, a lemão c es lavo. e de le var a se u trabalho a riqu e za dos te xto s teóri cos c literá rios europ eus e ame rica no s. E es te d ic ion ário é igua lmente para o leitor, prático o u teór ico, es tudante o u a mado r. fonte de pra ze r: a legib ilidade, a sim plic idade diret a do estilo iluminam noções co mplexas sem o perar sua redução. Ele nos dir á tudo e nós ter em o s prazer e m aco m panhá-lo : por mais que a Po ética de Ari stó tel es esteja distribuída no dici on ário e m fa- tias miúdas. ela se recom põe maravilh osament e a nossos o lhos . Remi ssões c c itações tecem uma tra ma tão ce rrada qu e a a rmação lógica da s teo - rias está present e por Ind a part e. A te oria do teat ro que se pode ria e xtrai r des te d icion ário dá opo rtunidade às formas mais opos - las , mas nos ad vert e : as formas não são inocen- tes ; as formas justam ent e nã o são forma is ou formal istas. As form as fa lam: el as dizem a rela- ção do artista com o mundo. ANNE U IlERSFELD PRÓLOGO A ordem alfabética pode tornar-se um de sti- no: aquele que permitiu cla ssificar os art igos da prim eira e da segunda ediç ão deste dici onário (19 80 , 1987) s ituava de imedi ato a empreitada ent re "absurdo" e "veross imilhante". Esta nova ediçã o não escap a a es tas limit ações alfab ética s, embo ra e la tenha sido inteiramente modi ficada e co nside rav e lme nte aumentada. O projet o enciclo- pédi co se mpre par ece tão desme surado em sua amplitude e em sua ambição, mas tanto mais le- gíti mo e necessári o quanto nos esforçamo s para entende r a di ver sidade e a g loba lidad e do fen ô- mcno teat ral . A despeito dos acasos maliciosos do dicio ná rio - e de suas te imosias -r-, es ta nova ed ição , co ncebida dentro do mesm o espírito , en- riqu eceu-se co m inúmero s artigo s e complem en- tos. É um pu ro ac aso se "absurdo" ced e ago ra o prim eiro lugar a "abstração"? E a abstração não é, mais que o ab surdo, a melh or resposta à abun- dância das formas? O livro é, em todo caso, bem ma is que uma rápida atu alização ou uma modi- ficação do s mat eria is anti gos. O infinito jogo das remi ssões tece im percepti velm ent e um texto qu e dev eri a se r perpetuament e revi sto e co rrig ido pela a tua lidade. A presente edição leva em con- sid e ração inovações dos ano s noventa, a dimen- são interartística, intercultural e interrnidi ática do tea tro de hoj e. Tais influ ências obrigam a rc- pen sa r as teorias e sua s ca tego rias , a s itua r a dramaturgia oc idental (a " represe ntação" de um texto ) numa antro po log ia das pr átic as es pe ta - cula res e numa etnoceno log ia, Xl O teatro é uma arte frágil, efêmera, particular- mente sensível ao tempo. Ninguém poderia apreendê-lo sem requcsti onar seus próprios fun- damento s e rev isa r peri od icamente o ed ifício crí- tico ao qual incumbe, supõe -se, desc revê-lo. A ativid ade teatral nu nca foi tão intensa nem tão marcad a pe la divers idade das linguagens, das estruturas de recebiment o e dos públicos. O es - pectador dá do ravant e prova de uma grande tole- rância c de um gosto mai s marcado pelas experiên- cias de van gu arda. Ficou difícil surpreendê-lo e chocá-lo. Ele não se contenta mai s em ficar ma - rav ilhado, admirado ou fasc inado ; precisa de um a ex plicação técn ica o u fi los ófica. Al iás, o teatro não mais recei a teori zar sua própri a práti ca, a ponto de fazer di sso , às vezes , a matéria de suas ob ras, mesm o se a época se di stan cia hoje em dia da auto-reflcxividade complacente dos anos teó- ricos triunfais (1965-1 97 3). Estar-se-ia por fim levando o teatr o a sé rio, co ns ide ra- lo-iam agora co rno urna arte maior c aut ôno ma c não mai s como uma sucursa l da literatura, um sub stitutivo, na falta de melhor, do cine ma o u urna desprezível ativi- dade de feir a? Durant e os anos sessenta e setenta, a teatrologi a se desen volv eu sob o im pulso das ciências hu - manas; expl odiu num gra nde núm ero de objetos de pesqui sa e de metod ologias. A forma parcial e descontínua do dicionár io se imp õe para cadas- trar seus fragm ent os e lampejos, sem dar a ilusão de unidade ou de tot alidade. A teoria ex ige um a metalingu agem pre ci sa qu e defi na, sem sirnpli- ' RÓLOGO ficá -Ias. noções muito co mplexas. Es ta busca é mais de orde m metodológica e epistemol ógica do que terminológica e técnica. Ela não descre ve no- ções co m front eir as garantidas - e la delimita as frontei ras propondo uma matéria em moviment o. No infinito jogo das dccupa gen s, den ominaçõe s e rem issões. o dicionário permite um a refl exão so- bre o teatro e sobre o mundo "do qu al e le fala" (não se ousa mais dizer "que ele representa" ). A co m plexidade das teorias nã o passa, co n- tudo . de um pálido refl exo da infinita riqueza das ex pe riê nc ias teat rais de noss a é poca. Muitas dent re e las conhec em um ce rto resultad o . quer se tra te da in vesti gação do es paço, da expres são co rpora l, da re leitura dos c lássicos ou da re la- çã o fundame nta l e ntre ato r e esp ect ad o r. Des- co nfia r-se-á. em co mpen sação. dos d iscurso s qu e proclamam o fim da ence nação ou da hi stória, o desap arecimento da teori a, o ret orno à ev idê n- ci a do texto ou à supre macia incontest áv el do ato r, pois em geral atestam uma recusa d a retle- xão e do sentido, um retorno a um obscura nt is- mo crítico de s inistra mem ória . Nes tes te mpos de ince rteza ideol ógica onde se liquida a heran- ça hum anist a e ntre do is sa ldos de co nceitos des - bot ado s demas iad o depressa, de e ng en hocas hermen êuti cas o u de procedimentos pse udo- modernos qu e dão mui to na vis ta , um a rell exão hist ó r ic a e estrutu ral parece-n os m ais do que nunea necessári a para não ce der à ve rt ige m de um relat ivism o c de um es te tic ismo teór icos . Es te dicionário de noções teatrais procura, pri- me irame nte, clarif i car noçõe s críticas bem em ara- nhadas. Mesmo se envereda por caminhos tortuo- sos, prop orci ona um reflexo do tra balh o prático da aná lise da en cen ação, inclusive da criaçã o teatr al propria me nte dita, Mais do qu e pel a etimolog ia das pala vras e pela com pilação das defin ições, ele se in teressa pel a apresent ação de diferent e teses, s ituando a refl exão sobre o teat ro num contex to int electual e cultura l mais amplo, ava lian do a in- fluência dos meios de co municação de massa, tes- tando os instrument os metodol ógicos ex iste ntes ou imagináveis. Tod o léxico fixa o uso de uma lín gu a nu m de- terminado momento de sua evolução, arro la os signos nomeadores e del imita as coi sas deno mi- nad as a partir dos term os ex istentes . Es tabe lece- mos por co nseguinte . em primeiro lugar, um le- vantamento desses term os. Este foi o início de nossas preocupações , pois, se há noções que atra- XII vessam o tempo e as fro nte iras. existem també m conceitos hi sto ric amente datado s e caído s em d e- suso. porque de masiado ligados a um gê nero o u a um a pro blemát ica pa rtic ular. Foi-nos pr ec iso levant ar os doi s tip os de termos. Embora tenha- mos nos prendido ao uso atu al da probl em áti ca . pareceu -nos útil ret er igualmente conceitos m ai s clássicos, tanto mai s qu anto alguns são às ve zes reinvestidos de um sentido novo (ex.: ca ta rse. fic- ção, alar). Uma me sm a entrada remete portan to . freqüentemente , a empregos historicamente di fe- ~ehci ados o u contradi tóri os. Est as defasagens só são perce pt ívei s, tod avia, se se adotar urn a pers - pec tiva histórica e se se rel ativizar, ass im, os co n- ceitos e as teorias . Este d ic io ná rio, qu e d ispõe sua m até ria e m orde ns de razão. ve rsa essenc ia lme nte sob re a nossa trad ição teatral oc identa l, de A ristót e le s a Bob Wil son, em s u ma ... Es ta tradição exc lui a descri ção das formas ex tra-e uro péia s, e m par ti- cular dos teatros tradicionais orientais, q ue pro- vêm de um quadro d e referên cia s complet amen - te d iverso, m as e la tam bé m es tá abe rta, de sde o s anos o ite nta e no venta , às prát ica s int e rcultura is e à misc igen ação das for mas, ges tos e teorias q ue ca rac ter iza m a arte contempor ânea. Fomo s o b ri- gado s a ex cl uir, às ve zes meio arbitra riamente, form as anexas de es pe tác ulo: as cer imô nias. os ritos. o ci rco, a mímica. a ópe ra, as m ar ion et e s etc. Estas formas só for am exa m inadas na medi- da em qu e se mi stu ram ao teatro (cf m ari o net es e ato r, m úsica de cen a etc .) . E m compen sação , a influ ência dos meios de co municação de m assa - em parti cular o cinem a, a tel evisão ou o rádi o - é tão g ra nde que fi zemos ques tão, e m vá rios artigos . de le vantar s ua ma rca na pr át ic a co n- tempo rân ea . Não se encont ra rá aqui um a list a de c riado - res, mo vimento s e teat ros (mesmo qu e o s a rt i- gos faç am, é c la ro . re fer ên ci a co ns ta nte me nte a eles e qu e o índ ice perm ita part ir de nomes pró - prios). mas. a mes. uma apres entação d as gran - des qu es tõe s de dram aturg ia, de e st éti c a . de hermen ê uti ca. de semiol ogia e de ant ro pol og ia . O voc abulário da crít ica teatral. em co nsta nte evolu ção, não deixa de cobrir um campo e u m a probl emát ica bastante be m traçado s e co ns ti tuí- dos nu ma terminol og ia. às vezes mu ito es pecia- lizad a, q ue o d ici on ár io de ve esclarecer. Ao lad o dessas e ntradas muit o técnicas. co n- cedemos a mplo es paço a artigos-dossi ês so bre g randes qu estões esté tica s. mét od os de aná lise ou fo rm as de represent ação. Aí, ainda me nos do que e m outros casos, a lexicol og ia n ão poderi a pre- ten de r a objetividade . E la tem que tomar part ido nos debates em curso , assu mi r seus pr óprios pres- s upostos , não se esconder por trás das co lunas neu tra s do dicionário. Importa auxiliar o es tud ante , o am ador e o prati cant e de teatro, tan to quanto o crít ico e o es- pec tado r, a propor as gra ndes pe rgu ntas te óricas que atravessam sua arte . A d efin ição ge ra l à cuja base se abre a ma io- ria dos a rtigos ofe rec e s ua primei ra o rientação tomando o c uida do de não torn ar fi xos os te r- m os e a prob le má tica qu e e les ve ic u la m. Ela prc- re nde se r, port ant o . a mais gera l po ssíve l e não de ve se r e nte nd ida co mo uma d efin iç ão abso lu- ta . A disc ussão m etod ol ógi ca se esfor ça. a se- g ui r, e m remed iar a s im plic id ade in e rent e a tod a defin ição, ampli ando o debate c colocando-o no terre no teórico e e stét ico . Aí ai nda, a ten são en- tre voca bulário e tr at ad o sis tem ático é to tal. Ca da artigo é co nce bido co mo uma apresen tação da s dificu ldades de se u emprego numa teori a de con- junto; e le gostaria de se r o po nt o de partid a e a ab ertura para o unive rso d ramáti co e cê nico ; ele dei xa ad iv inhar. em fil igr an a, o co nj unto da cons- tru ção q ue o subtc ndc e o pre ssupõe . Daí as fre- qü ente s remissões (ind icadas por um asteri sco) , que . a lé m do tornarem o texto m ai s le ve, permi- te m traçar algumas pi sta s numa pai sage m crí ti- ca m ui to densa . O leitor poderá p rogred ir por e la s c o mo quiser, gu iado pelo índice te mát ico. Visão instantânea de um determ in ad o ponto da e vo lu ção tea tra l, es te li vro não ter á, espera- mo s. ne m a tranqü ila seg ura nç a d a list a te lefô- nic a nem a boa co nsci ênc ia do C ód igo Pena l, po is , s e e le prop õe lim a inte rpr et ação est rutura l do funcio name nto te xtu al e cê nico. esse instan - t âneo nad a tem de de fin itivo ou no rmat ivo. A ac uidade de sua visão é co mo qu e e mbasada por s ua fragi lidade . Tod o te rm o desl oc ado desloca co m e le o ed ifíc io int eiro: tiv emos a o po rtuni- da de de verificá -lo com freq üê nc ia nos úl tim os vinte anos.. O s te rmos arrolados, escolhidos tant o por causa de sua recorr ên ci a na histó ria d a crítica qua nto PR Ó LOGO por sua ut ilidad e na descr ição d os fenôme nos , pod eriam ser rcagrupados, não sem recort es, nas o ito catego rias do índice tem ático : a dramaturg ia, que exam ina a ação. a per so- nagem , o es paço e o tempo. toda s as qu est ões q ue co ntrib uí ra m para fund am ent ar uma pesqui sa tea- tral, tex tua l e cênica ao me smo tempo; • o texto e o discurs o, cuj os principais co rnpo- nen tes e mecanism os no int er ior da represe nt a- ção exami na mos; • o atore x pcrsonagem , que co ns titue m as duas faces de toda rep resen tação das ações hu m anas; • o g ênero e as fo rmas. cujos princ ipa is casos de figura rcpcrt ori am os. se m pretender esgotar a qu est ão , o qu e é im possível , no caso; a el/cc l/açi/o e a maneir a pel a qu al ela é apreen- did a e organizad a, ex cl uindo-se os termo s t écni - co s da m aquinaria teatral. o que exigiria um estu- do es pecífico ; • os princíp ios es truturais c as quest ões de es- tética , q ue não são especialme nte ligados ao tea- tro , mas são indi spen sáve is par a ap reender sua es t ética C sua orga nizaç ão ; a reupçiio do espe táculo . do po nto de vi sta do esp ectad or , com todas as o pe raç õe s hc rm e- n êuti cas. s ócio -sc m i óticas e antropo lógicas qu e isto comporta; a scmiologia , qu e não tem nada de um a no va ci ên ci a a substituir outras di sciplinas, m as qu c co ns ti tui uma refl e xão pro pc d êutica e e pis rc- m ol óg ic n sobre a prod ução . a org anização c a re- cepção dos s ig nos . Esta se m io log ia iutc grnda, ap ós u ma forte crise de cresci mento nos an os 70, en co ntrou finalm ente sua vel oc idade d e c ruze iro e per deu qualquer pret en são hcgcm ónic a, se m nada ced er q uanto à profundi dad e e ao rigor . Estas oi to ca tegorias nos parecem q uadros bas- tan te es táve is, pont os de referên ci a seguros. na med id a e m qu e sus tenta m o o lhar que es te livro co nti nua a lançar so bre a rea lid ade teat ra l. apesar do flu xo incessante da criação. da irredutível di s- tân ci a e ntre a teoria e a prá tica c os acasos d a vida teatral. XIII ,- INDICE TEMÁTICO DRAMATURGIA ação ação falada acaso -> moti vação adaptação agoll aleg oria ana lítica (técnica. d ram a) apa rte apaz iguamento final argumento assunto -> fábu la alo catástro fe ce na obrig at ória co mplicação co mposição dramát ica composição parad oxal co nciliação -> co nfli to conclusão -> apaz ig uame nto final confli to co ntra-intriga -> intri ga sec undária cordel -> rec urso dr am ático co ro crise deIiberação desenlace deu s ex marhina di égcsc di lem a distensão cô mica document ação dr amático e épico dram atização dram aturgia dramaturgia clá ssica dramatúrgica (aná lise ) dramaturgo encadeamento ensa io épico (teatro) epílogo episódio epítase -> crise epic ização do teat ro erro -> hamartia espaço dramático espaço interior estrutura dram ática es tudos teatrais ex posição fábula [ab ula -> f ábula falha -> hama rtia ficção fim -> apaz iguame nto fina l jlash-back focalização font e for a de cena fora do texto função Kag go lpe de teatro hannat ia XI' í N D I C E TE~I Á T I CO histori ci za ção hybris imbroglio imitação inci de nte inte resse intriga int riga secundária mal -entendido -> qüiproquó meio rnirnesc moment o de decisão morcea u de bravoure . > cena obrigatória mo tivação mot ivo myt hos necessári o -» ve rossimilhante nó nota int rodutóri a obs tácu lo parábase parábola paroxismo pausa .> silênc io per ipéc ia poé tica teat ral pont o de ataq ue ponto de int egra ção pont o de vis ta port a- voz possível·> ve ross imilhantc prefácio -> nota int rodutória press upos to .> di scu rso pr ótase -> exposição qu ed a -> catástrofe qüiproquó rea lidade represen tada realid ad e teat ral reconhec ime nto recrudescim ent o da ação recu rso dr am ático regras repert ór io rép lica resu mo da peça -> argumento retardamento -> motivo. peripécia silê nc io sus pense teatrologia teicoscopia tem po tensão tram a .> intriga XI'I travestim cnt o -» di sfar ce unid ades vero ssimilha nça versão cênica virada TEXTO E DISCURSO aforismo -> sentença alexa ndr ino -> vers ificação ambigü idade aná lise da narrativa auto- reflcxivid ad e -> mi se en abvme autor dra má tico ca nev as cl ichê .> es te reó tipo co me ntário -> é pico co ncretização - > te xto dram ático co ntex to co nversa -» diálogo. pragm ática debate .> dilema dedi catóri a dêixis di alogism o - > di scurso di álogo dicção did ascálias di scurso dit irambo dito e não-d ito elocução enunciado, enunc iação . > discurso , situaç ão dc en unc iação cscansão -> declamação, versificação escr itu ra cê nica es paço textu al esq uete es tânc ias es tico mitia indicações cê nica s indica ções espaço-te mporais inver são -> virada lcitmoti .. máxim a . > se nte nça melop éia -> recit at ivo monólogo mont agem pala vra do autor não-d ito -> d ito e não -dito narração narrador narr at iva paratexto poe ma dr amáti co pro gr ama pró logo prosódia provérb io dramát ico recit ação -> decl ama ção, dicção rccit ante rccit ativo retórica sente nça so lilóq u io so ng subte xto teoria do teat ro te xto cênico . > tex to es petacular texto d ramá tico te xto c cont ratex to .> inte rte xtua lidndc texto princip al, te xto secundário tirad a títul o da peça tradução teatral ve rs ificação AT O R E PERSON AGEM actancia l a luron -> fanfarr ão a ma . > confidente. soubrette anagnoris -> recon heciment o antagonista anti -he r ói -> heró i aparição -> fant asma a po ntado r -> pont o a rleq uinada - C> pan tom ima a rq ué tipo at itud e ator hiornec ânica bobo .> bufão bu fão canastrão -> ator caracterização car áter comed iante ou ator co ndens ação con di ção social co n fide nte co nfigu ração corifeu -> co ro co rpo c riado í N t>I C E T EM Á T tCO dam a de co m panhia .> co nfide nte . soubrctte declam ação dem on st ração de trabalho desdob ram ent o -> dupl o deut e ragonista -> prot agoni sta di cção dir eção de ator dis far ce d istribuição dram ati s personae emp loi enton ação .> declamação. voz es pect ro -o- fant asm a es tereótipo ex pres são cor poral fa nfa rrã o fant asma figura figur ação fi gurante -> figuração fision omia .> mímica ge sto gcstua l . > teatro gestu al gestua lidade gestus gracioso . > bu fão herói ideoti ficaç ão impro visação ingê nua jogo jogo de cena jogo de linguagem jogo e co ntra-jogo kinésica kin estesia tau i lista de personagen s literatura dram áti ca . > arte dram áti ca lou co .> bufão mam bembe march a -c- mo vim ent o mari on ete (e ator ) ment iroso -> narrativa mími ca mi mo natu ral o lha r orador orqu éstica paixões pant o mim a papel XVII Í N DI C E TEM ÁT I CO paralingüística (elementos) -> ki n ésica performcr personagem pont o postura .> mov imento presença procedimento .> movim ent o prosódia protagonista proxêmica quir onomia raiso nneur resmun gos resumo .> con densação retr ato de ato r -» fotografi a de teatro sa ltimbanco soubrette subpartitura .> partitura supcrmarionetc tipo tom .> declamaçã o trabalhos de ator tritagonista .> protagonista coadjuvar voz voz off GÊNEROS E FORMAS ações comédia (alta e ba ixa) antimáscara .> másc ara antitcatro aristotélico (teatro ) arte corporal arte do espet áculo -> espetáculo atelanas auto sacrame nta l auto-teat ro ba lé de corte .> co m édie-ba lle t boulevard . > teatro de bo ulcvard burguês (teatro ) caf é-teatro cena de mult idão .> teatro de massa cerim ônia -o ritua l (teatro c) co media com édi a coméd ia antiga co média burlesca comédia de caráter co média de costumes co média de gaveta co mé dia de idéias co mé dia de intriga co mé dia de sa lão co mé dia de situação co mé dia em série comédia heróica co mé dia lacrim osa co mé dia ligeira -c- vaud cville co média negra co mé dia nova co média pastoral co me dia sa tírica comédia sentimental c- comédia lacrimosa co méd ia sé ria -c- tragédia doméstica (burg uesa ) coméd ie-ba llet Comme dia dell 'urte com med ia e rud ita co rti na crônica dan ça -teatro d idática -c- peça didática, teat ro d idá tico divertissement documentário -> teatro docu mentário dra ma dram a burguês -> dram a dram a históric o -> história d ra ma litúrg ico e le trônicas (artes) épico et nodra ma expe rimenta l -> teatro ex pe rime nta l ex pre ssão dramática -> jogo dram ático fantasmagoria -> fé er ie [ée rie formas teatrais gê nero herói-cômico -> comédia her ó ica happe ning hu mor c- comédia de hum ore s humor -> c ômico im prov iso inte rcultura l (teatro) in terlúd io inte rmédio inte rvenção -> teatro de agit-prop j ogo jogo dramático leitura dramática mascarada -> máscara massa -> teatro de massa materi alista (teatro) meios de co municação e teatro melodr am a X1'111 metatcatro (metapeça) mimodram a miracle mist ério monod rama moral idade mul heres (teatro das) multimídia (teatro ) novo teat ro oue (WO) III(/11 show ópe ra (e tea tro ) paixão parada paród ia participação - C> tea tro de participação peça peça bem-feit a peça de capa e es pada peça de grande es pe tác ulo -c- espetáculo peça de máquina -» máqui na teatral qeça de problema -> peça de tese peça de tese -> teatro de tese peça didática peça em um ato peça histórica -> histó ria peça muda -> pantomima peça rad iofô nica -> rád io e teatro per formance p ós-modern o (tea tro) rádio e teatro ritua l (teatro e) sa inete so tie tragéd ia her óic a trág ico tragicomédi a tragicômi co teatro antro po lóg ico tea tro autobiogr áfico teat ro de bolso -> teatro de câ mara teat ro do absurdo -> absurdo teat ro épico -> épico (teatro... ) teatro íntimo -> teat ro de câ mara teat ro sincrético -> teat ro total telev isão (e teatro) vanguarda -» teatro ex perimen tal vaudevillc vídeo -> meios de comunicação c teatro ENCENAÇÃO abst ração acessó rios ÍNDI CE T EM ÁT IC O aco ntecimento animação área de atuação arte da ce na arte da represent ação arte teatral bastidores .> fo ra de ce na cade rno de encenação cena cenário ce nário const ruído ce nário falado .> ce nário ve rba l ce ná rio sonoro ce nário verba l ce ná rios sim ultâneos cê nico ce nografia co locação em on da -> rád io co nse lheiro literário .> dr amaturgo coreografia (e teatro) cortina criação coletiva descoberta -> ana lítico(a) (técnica..., dra ma...) dir eção de cena dir etor de cena d iretor de teat ro dirigir- se ao púb lico d ispositivo cê nico efeito sonoro -» sonoplas tia ence nação encenador ensino de teatr o .> univcrsid ad e cnrrcato cspacialização .> leitura dramática espaç o (no teatro) espaço cênico espaç o lúdico (ou ge stua l) espaço tea tral es petac ular es petác ulo ctnocenologia fantas ia (teatro da...) fes tiva l figurino formador .> an imação fotografia (de teatro) iluminação imag em instalação intcrmedialidade jogo mudo .> jogo de ce na lado corte , lado jard im -> dire ita e esq uerda do palco -lado pátio, lad o j ardim XIX ÍNDICE TEMÁTICO luz -> iluminação maquiagem máquina teatral marcação -> leitura dramática, encenação modelo (representação) montagem sonora -> sonoplastia música de cena música (e teatro) naturalista (representação) objeto .opsis orquestra outra cena -> espaço interior, fantasia palco parateatro percurso plástica animada ponto prática espetacular praticável pré-encenação produção teatral projeção quadro quadro vivo quarta parede rampa -> quadro, cortina realista (representação) reapresentação representação teatral reteatralização -> teatralização rítmica ritmo roteiro som -> sonoplastia sonoplastia tablado teatralidade teatro de diretor teatro de imagens teatro de objetos teatro materialista teatro mecânico teatro musical tempo texto e cena theatron verista (representação) versão cênica vídeo -> meios de comunicação c teatro vocalização -> leitura dramática voz xx PRINCÍPIOS ESTRUTURAIS E QUESTÕES DE ESTÉTICA abstração absurdo adaptação ambigüidade animação antropologia teatral apolíneo e dionisiaco arte dramática arte poética -> poética teatral atualização avaliação -> descrição, estética teatral bom-tom brechtiano burlesco categoria dramática (teatral) ciência do espetáculo -> teatrologia citação dose -> focalização coerência colagem cômico corte -> decupagem decoro distância distanciamento divertido -> cômico duplo edificação -> teatro didático, teatro de tese efeito de desconstrução efeito de estranhamento efeito de evidenciação efeito de real efeito de reconhecimento efeito teatral especificidade teatral essência do teatro estética teatral esteticismo estilização estranhamento -> efeito de estranhamento estratégia expressão fantástico forma forma aberta forma fechada formalismo gosto grotesco inquietante estranheza -> efeito de estranhamento insólito -> efeito de estranhamento ironia magia ->[éerie máscara matemática (abordagem) do teatro melodramático metáfora, metonímia -> retórica misc ell abvme norma -> regras origem -> arte teatral pathos percepção perspectiva poesia (no teatro) procedimento processo teatral psicanálise -> fantasia quadro reprodução ridículo -> cômico riso -> cômico ritmo ruptura sagrado -> ritual simbolismo -> estilização, símbolo sociocrítica tratado -> arte teatral valor -> estética teatral verista (representação) verossimilhante RECEPÇÃO aplauso atitude catarsc crítica dramática dedicatória descrição espectador expectativa fortuna da obra -> recepção hermenêutica ilusão instituição teatral -> sociocrítica interpretação legibilidade leitura nota introdutória percepção pesquisa teatral piedade -> terror e piedade XXI ÍNDtCE TEMÁTICO relação teatral terror e piedade SEMIOLOGIA actancial (modelo) actante -> actancial analagon -> ícone códigos teatrais comunicação não-verbal -> kinésica comunicação teatral decupagem dêixis descrição formalização -> descrição, partitura ícone índice intcrtextualidade isotopia linguagem cênica, teatral -> escritura cênica linguagem dramática mensagem teatral meta linguagem -> descrição metateatro mundo possível -> ficção notação -> descrição, partitura ostensão partitura pragmática prática significante práxis público -> espectador, recepção questionário reconstituição -> descrição referente -> realidade representada, signo teatral sátira -> cômico, paródia segmentação -> dccupagern scmiologia teatral semiotização seqüência signi ficado -> signo teatral significante -> signo teatral signo teatral símbolo sistema cênico sistema significante -> sistema cênico situação de enunciação situação de linguagem situação dramática unidade mínima visual e textual A NOTA TÉCNICA As palavras seg uidas de um asterisco remetem a outros artigos. As datas entre pa rê nteses após os nomes de autor ou de obras permitem identifi car na bibliog ra fia no final do volume o arti go ou o livro em questão. As ob ras ci tadas no corpo do artigo não são re toma das no compleme nto bi bliográfico, mas co nstituem , é claro , referên cias importantes. Para obras muito co nhecidas ou reeditadas, muita s vezes se esco lheu a data da prime ira ed ição. indicando na bib liog rafia geral aque la da ed ição ut ilizada . Um índice temático perm ite restituir o termo a seu ca mpo conceitual. em funç ão de um tipo de abo rdagem ou de um domínio crítico. XXII ABSTRAÇÃO ~ Fr .: ab stract ion; Ingl. : ab stru ct io n, AI.: Abstrak tion: Esp.: ab strac ci án. Se não exi ste teatro abstr ato (no sentido de uma pintura ab s trata). se m pre se obse rva, e m co ntrapartida. um processo de abstração e de es ti- liraç ão " da matér ia teat ral. tanto na escritura quanto na cena. Todo trabalho artí stico . e si ng u- larm ente toda ence na ção, abs trai-se da rcal ida - de ambi ente ; e la está an tes (retomando a d istin- ção da Poéti ca de ARISTÓ TE LES) ma is próxim a da poesia - q ue tr ata do geral - do que do teatro - que trata do pa rticu lar. É da natureza da ence na- ção organizar. fil trar , abstrair e extrai r a rea lida- de. Certas es t éticas s is tema tizam este processo de abstração: assim a Ba uhau s de O. SC HLEMMER visa "a simplificação. a red ução ao ess enc ial. ao e lementar, ao primário. para opor um a unidade à mu ltiplici dade da s co isa s" (1971\: 71 ). Daí rc - su lta um a geo me triza ção das formas. um a sim- plificação do s indi vídu os e dos movimentos. uma per cepção dos có d igos. das convenções e da es- untura de conjunto. ABSUR DO ~ Fr: absurdc ; lngt .: ab surd ; 1\1.: das Absurde; Esp .: absurdo. 1. O que é sentido co mo despropositado. como totalmente sem sentido ou sem ligação lógic a com o resto do text o ou da ce na. Em filosofia ex isten- cial, o abs urdo não pode se r explicado pela razão c recusa ao homem q ua lque r ju stifi cação filosó- fica ou política de sua ação. É preciso distin gu ir os e lemento s absurdos no teat ro do teatro absur- do co ntem porâ neo . No teatro. falar-se-á de eleme ntos absurdo s qua ndo não se conseguir recol oc á-Ios e m seu contexto dramat úrgico, cê nico. ideológi co . Tais e lement os são encont rados e m forma s tea trai s be m a ntes do ab s u rdo d o s a nos ci nq üen ta (ARISTÓFANES, PLA UTO . a far sa medi eval. a Commcdia deli 'nrt e" , JARRY . APOLLl NAIRE) . O ato de nascimen to do teat ro do ab surdo, co rno gênero ou tema ce ntra l. é cons tituído por A Can - tora Careca de IONESCO ( 1950) e Esp erando Godot de BECK ETT ( 19 5 3) . ADA:-'tOV. PINTER . AI.BEE. ARRABAL. PINGET são a lguns de seus represent antes contem porãneos. Às vezes se fala de teatro de d errisão; o qual " procura el udir qua lquer definição precisa. e pro gr ide ta tea ndo em direção ao indi zí vel. ou. ret omando um títu - lo beck ct t iano , e m direção ao inom in ávcl " (JACQUART, 1974 : 22). 2. A orige m deste movimento remonta a CAMUS (O Es trangeiro, O M ito de Sisifo ; 194 2) e a SARTRE (O Ser c o Nada, 1943). No co ntexto da guerra e do pós-gu erra , es tes filó sofos pintaram um retrato desiludido dc um mundo des truído c d ilacera do por co nll itos c ideologias. r--" '- NÍI'e/.1 Sistema das personagens Atores Intriga Estrutura super fic ia l I I I(manifesta) V V V --------~------- _ . ._._- Níl'e/ 2 Modelo actancial Actantcs Ação Estrutura discursiva I I I(nível figurativo) V V V ..- - ~.__._ - - - . - - Nivel I Estruturas elementares da Operadores lógicos Modelos l ógicos Estrutura profunda significação (quadrado semiótico da ação Estrutura narrativa de Greirnas, 1970) A ÇÃ O Ent re as tradições teatrais que pre figuram o ab- surdo co nte mpo râneo. alinham-se a farsa . as pa- radas ", os inter m édios gro tesco s de SHAKESPEA- RE ou do teat ro românt ico, dramaturgias inclassifi- cá vei s como as de APOLLlNAIRE. de JARRY, FEYDEAU ou GOMBROWICZ.As peça s de CM 1US (Caligu la, o Mal-en tend ido) e SARTRE (Entre Quatro Paredes ) não correspo nde m a nenhum dos critérios formais do absurd o, mesm o qu e as per- so nage ns sejam seus porta-vozes filosó ficos. A peça absurda surgiu simultaneamente como antipe ça da dr amaturgia clás sica. do sistema épi- co brechtiano e do realismo do teat ro popular (antiteatro"i . A form a preferida da drumaturuia absurda é a de lima peça sem intri ga nem perso- nagens claramente definidas: o acaso e a inven- ção reinam nela co mo senhores absolutos . A cena renuncia a todo mimetismo psicológico ou gcs tual, a tod o efeito de ilusâo, de modo que o espectador é obrigad o a aceitar as convenções físicas de um novo univer so ficcional , Ao centrar a fáb ula nos pro b lemas da co municaçã o. a peça ab su rda trans- forma-se com freq üência num discu rso so bre o teatro. numa metapeça" . Das pesqui sas surrea lis- tas so bre a esc rita automática, o absurdo rete ve a ca pac ida de de sublimar. numa forma paradoxal, a escrita do sonh o. do subconsc iente e do mundo menta l. e de enco ntrar a metáfor a cê nica para en- c he r de image ns a paisagem inte rio r. 3 . Existem várias estratégia s do absurdo: - o ab surdo niilista , no qual é qua se impossíve l ex trai r a menor inform ação so bre a visão de mund o e as implicações filos õficas do tex to e da representação (IONESCO. Itl LDESIJEIf\IER): - o absurdo com o prin cípio estrutu ra l para refl e- tir o caos uni versal, a desintegração da lingua- gem e a ausência de imagem harm on iosa da IlU- man idade (BECKETr, ADAMOV. CALAFERTE): - o ab surdo satíric o (na formulação e na intriga) dá co nta de maneira suficientemente realis ta (1 mund o descrito (DÜRRENMATT , FR ISCI!. GRASS, HAVEL). 4. O teatro absu rdo já pertence à história liter á- ria . E le possui suas figu ras clássicas. Seu diál ogo com um a dra maturg ia realista durou pouc o. já que BRECHT. que projetava esc reve r um a ada ptação de Esperando Godot, não co nseg uiu concluir este proje to. Apesar das recuperações no Leste . e m auto res como IlAVEL ou MROZEK, ou no Oeste. 2 no s jogo s de lingu agem à ma neira de WITT- GENSTEIN (po r HANDKE. HlLDE SHEIM ER . DUBILLARD ). o abs urdo co ntinua, no enta nto . a influenc iar a escritura co ntemporânea e as pro- voc aç ões ca lculadas das encena ções dos textos prudente ment e "cl áss icos" . ~ Trágico, tragicômico. cômico. lI ildeshe imer. 1960: Esslin , 1962 ; loncsco, 1955, 1962, 1966. AÇÃO t}- Fr.: a.ctioll ; Ingl .: ac tion; AI.: H all d l llll g : Esp.: {I e Cl OIl . 1. Níveis de f orm aliz ação da Ação a. Açt70 visível e in visível Seq üênc ia de acontec imen tos cê nico s essen- cialme nte produ zidos em função do co m porta- mento das per son agen s, a ação é. ao mes mo te m - po, co nc re ta me nte, o co nj unto dos processos' d e tra nsformações vis íveis em cena e, no níve l das personagens" ; o qu e ca rac teriza suas mod ifica- çõcs psicológ icas o u mo rais. b. Defin ição tradici onal A definiçã o tradic ion al da ação C'scq üênc ia de fatos e atos qu e co ns tituem o assunt o de uma ob ra dramática o u narrat iva", dicionário Robert ) é pu- ram ent e tauto lógi ca . visto qu e se co nte nta e m substitu ir " ação" por aros e fatos, sem indi car o que constitu i esses aros e jatos e como el es são organizado s no texto dr amáti co ou no palc o . Di- ze r. co m ARISTÓTELES, que a fábu la é " a junção das ações realizad as" ( 1450a) ainda não e xpl ica a natur eza e a es tru tura da ação; trata- se. e m se- guida. de mostrar co mo, no teatro, es ta "j un ção das ações" é es tru turada. como se arti cu la a fábu - la e a part ir de que índ ices pode-se recon st itu í- Ia. c. Dcfinição scmiol ágica Rcc ou sti tui-sc pr imeiro o modelo actanrial" num determinado ponto da peça es tabe lece ndo o vínculo e ntre as ações das person agens. det erm i- nand o o suje ito e o obje to da ação, ass im CO IllO os opone ntes e adj uvantes , quando este es q uema é m od ificad o e os actantes" assume m novo valor c no va posição dent ro do unive rso d ram atúrgico. O motor da ação pode. por exem plo, passar de uma para outra person agem. o o bjeto persegu ido po de se r e liminado ou assumir um a outra for ma, modifi car-se a estratégia d o s opon en tes/ adj u- van tes. A ação se produz desde que um dos actan- tcs tome a iniciativa de um a mudança de posição d en tro da configuração actonci ul" ; alte rando as- s im o eq uilíbrio das fo rças do drama. A ação é portanto o elem ento transform ado r e dinâmico qu e permite passar lógica e temporalmente de uma pa ra outra situação" , E la é a seq üê nc ia lógico- temporal das dife rent es situações A s análises da narrati va" se combinam para art icul ar toda históri a em red or do e ixo desequilí- br io/equilíbrio ou transgressão/m ed iação , poten- cia lidade/rca lização (não reali zação). A passagem de um a outro es tádio. de uma situação de partida a uma situação de chegada desc rev e exatamente o percurso de toda ação. ARISTÓTEL ES não es tava dize ndo outra coisa quando decompun ha tod a fá- bula " e m início, meio e fim (Poét ica , 1450b). 2. M odel o Actancial, Ação e Int riga a. Para di ssoci ar ação de intriga " : é indispensá- ve l recolocar as du as noç ões no interior do mo- del o ac ta ncial e si tuá-Ias em d ifere nte s níveis de m anifestaçã o (estrutura pro fund a e es trut ura su- perficial ). O q uadro abaixo se lê de ci ma a baixo co mo a pa ssage m da estrutura profunda (q ue só ex iste no n íve l teóri co de um mod el o rec on st ituído) à es- tru tu ra super fic ial (o u de "superfície" . qu e é a do di scurso do te xto e das seq üê nc ias de c pisód ios d a int rig a); logo. da ação naqu ilo q ue e la tem de cê nica c narrati vam ent e pereeptível. 3 A Ç Ã< b. A a ção situa-se num nível relati vamente pro- fundo v iSIO qu e ela se com põe de figuras muito gerais da s transformações ac tanciais ant es mes- mo de deixar adi vinhar, no nível real da fábul a. a composição de talhada dos episódios narr ati vos qu e formam a intriga' . A aç ão pode ser resu mida num código gera l e abstrato. E la se cris ta liza, em ce rtos casos. numa fórmu la assaz lapidar (BARTl lES , 1963, ao da r a "fórmu la" das tragédias racinian as ). A in- tr iga é perce pt ível no níve l su pe rfi c ia l (o d a pe rfo rm an ce ) d a mensagem indi vidual. Poder- se-ia di stin gui r assi m a ação de Do n Ju an em suas diferentes fontes literárias . ação qu e redu- zi ríamos a u m peque no número de seqüên ci as narrativas fun damen tai s. Em co ntra pa rti da. se ana lisa rmos ca da ve rsão , é preciso le var e m conta episó d ios e ave nturas particul ar es do her ó i, enu- merar c u ida dosa me nte as seqüê nc ias de moti- vos ' : trata- se aí de u m estudo da in trig a. H. GOUHIER propõe uma dist inção análoga e ntre ação e int rig a qu and o opõe a açelo esquemática. es péc ie de essência ou fórmula co ncentrada da ação . à açelo que ass ume uma du raç ão 0 11 aç ão enc arnada no n ível da exi stênci a : " A ação es bo- ça acontec ime ntos e s itu ações ; a pa rtir do In O- menta qu e e la começa a se a longa r. põe e m mo - vime nto um j ogo de im agen s qu e já conta u ma his tó ria e que por a í se co loc a no ní vel da ex is- tência" (1 95 8: 76). c. A dife rença en tre aç ão e int rig a corresponde à o pos ição e ntre ú f á hula " (se ntido 1.a. ) co mo matéria e histór ia contada. lóg ica temporal e ca u- sai do sistema ac tanci a l, e a f ábula (se ntido I .b.) como es trutura da narr ativa e di scu rso cantante, seqüência conc reta de discurso e de peripécias; assunto no sen tid o de TOMASCIIÉVSK I ( 196 5) , A ÇÃO a sabe r. como di sposi ção real dos acomcc irncn- lOS na narrat iva . 3_Ação das Persona gen s Desde ARI STÓTE L ES, est á aberta a discussão so bre a prim azia de um dos term os do par ação - ca rac teres. É natural que um determin e o outro e reciprocamente, mas as opiniões diverg em sob re o termo maior c a contradição. a. Conc epção existencial A ação vem prim eiro. "As persona gens não age m para imit ar os ca racteres. mas recebem seus ca racte res por ac résc imo e em razão de sua s ações [...] sem ação não pode haver tragédia . mas pode hav ê-Ia sem car áter" (Poética, 1540a ). A ação é co nside rada co mo o motor da fábula, definind o- se as personagen s somente por tabela. A análise da narr ativa ou do drama esforça-se para distin- gu ir esferas de ações (PROPP. 1965), seqüências mínimas de atos , actantes que se definem por seu lugar no modelo actancial (SOURIAU. 1950; GREI- MAS. 1966), situações (SOU RIAU . 1950; JANSEN, 1968; SARTRE. 19:3). Esta s teori as têm em co - mum uma ce rta desconfiança em rela ção à aná - lise psicológica dos caracte res e uma vontade de só julgar estes últimos com base em suas ações co ncre tas . SART RE resume bast ant e bem esta atitude: "U ma peça é lan çar pessoas numa em - preit ada; não há necessidade de psicologia. Em co ntrapartida. há necess ida de de deli mitar mui- to exa tamen te qu e pos ição. qu e situação pode assumir cada per son agem , em funç ão das cau - sas e co ntradições ante riores qu e a produziram co m relação à ação prin cipal" ( 1973: 143). b. Concepç ão essencialista Inversamente. lima filosofia levada a ju lgar ( 1 homem por sua ess ênci a e não por sua s ações e sua situação começa por analisar, muitas vezes de ma- neira finíssima , os caracteres, defin e-os de acordo co m uma consistência c uma essência psicológica ou moral além das ações concretas da intriga; ela só se interessa pela personificação da "avareza", da " paixão" , do "desejo absoluto". As personagens só exi stem como lista de cmplois morai s ou psico- lógicos; elas co incide m totalmente com seus dis- cursos , contradições e confl itos" . Tudo se passa co mo se sua ação fosse a co nse qüênc ia c a exte- rio rizaçã o de sua vontade e de se u ca ráter. 4. Dinâmica da Ação A açã o está ligad a, pel o me nos para o teatro d ram ático" (forma fechada*), ao surg ime nto e à resolução da s contradições e conflitos entre as pers onagens e entre uma person agem e uma si- tu ação. É o desequilíbrio de um co nfli to qu e for- ça a(s) per sona gem (s) a agirem para resol ver a contrad ição; porém sua ação (sua rea ção ) trará ou- tro s conflitos e co ntradições. Esta din âmi ca in- cessante cria o mo vim en to da peça . Entretanto, a aç ão não é necessariam ent e ex pres sa e mani- festa no nível da intri ga; às vezes e la é sensível na transformação da co nsc iência dos protagonis- tas. transformação que não tem ou tro bar ômetro que não os discursos (dr ama clássico ). Falar. no teatro ainda mais que na realidade co tidiana. sem- pre é agir (ver ação falada * ). 5. Ação e Discurso o di scurso é um mod o de fazer . Em vi rtude de um a con venç ão implícita. o discurso teatral é se m- pre maneira de ag ir. mesm o segundo as mai s clás- s icas normas dramatúrgicas . Para O' AUBIG NA C. os di scursos no teat ro " [...] de vem se r co mo ações d aqueles que neles fazem o s ap arecer; poi s aí f a- lar é agir" (Pra tique du Th éâtrc, liv ro IV. ca po 2). Quando Ha rnlct diz : "Estou partindo par a a In glaterra", deve-se j á im agin á-lo a ca minho. O di scurso cênico foi mu itas vezes co ns ide rado corno o local de urna presença » e de uma ação ve rba l. "No princíp io era o Verbo [...] no princí- pio era a Ação. Mas qu e é um Verbo ? No prin cípi o e ra o Verbo ati vo" (GOUHIER. 1958: 63). Outras form as de ação ve rba l. co mo as per - Io rmá ticas, o jogo dos pressup osto s. o e mprego dos d êiti co s es tão e m ação no texto dramático (PAVIS. 1978a ). Mai s que nun ca . e las tomam pro- blemática a separação entre a ação vis íve l no pal- co e o "trabalho" do text o : " r a la r é faz e r. o logos assume as funções da práxi s e a subs titui" (BAR- THES. 1963: 66). O teatro se torna um local de s imulação onde o espectador é encarreg ado. por uma convenção tácit a co m o auto r e o ator, de im aginar os atos performáti cos num palco qu e não o da realidade te]. pragnuuica" ). 6 . Elementos Const itutivos da Ação ELAM ( 19110: 121 ) d ist ingu e. na seqüênc ia dos trabalhos d a filosofi a d a ação (VAN DIJK. 197 6), seis el em ent o s cons titutivos da ação: "O age nte, sua int enção . o a to ou o tip o de ato, a modalidade da ação (a manei ra c os meios). a disposição (tem- por al . es pac ial e c irc uns tanc ial) c a finalidade". Estes e lementos definem qu alqu er tipo de aç ão. pelo men os de ação co nsc iente e não ac ide nta l. Ident ificand o estes e leme ntos, precisar-se-á a na- tur eza e a função d a açã o no teatro. 7_Formas da Ação a. A çau ascendente/a çã o descend ente Até a crise * e sua resolu ção na cat ástrofe ", a ação é ascendente . O e nca dea mento dos aconteci- mentos se faz cada vez mais rápid o e necessário à medida que nos aproxi mamas da conclusão. A ação descendente é reunida em algum as cenas, até mes- mo alguns versos no 11mda peça (paroxismo*). b. Açao representada/ação contada A ação é da d a diret am ent e a ve r ali é tran s- mit ida num te xt o . No segundo caso. e la própria é m odalirada" pela ação e pel a s ituação d o recit ant e . c. A çao inte rio r/ação exterior A ação é mcdi ati zad a e intcriorizada pela perso- nagem ou. ao co ntrá rio, receb ida do exterior por esta. d. Açiio principal/ação sec undária A prim eira tem se u e ixo na progressão do ou dos prot agonist as; a segunda é enxe rtada na pri- meira co mo intriga compleme ntar sem irnp ort ân- c ia primordial para a fáhula ge ral. A dram aturgia clássica , ao e xigir a unidad e de ação. tende a li- mit ar a aç ão à ação princ ipal. e. Açao coletiva/ação privada O texto, principalmente nos dramas históricos, muitas vezes apresenta em paralelo o destino in- dividuai dos herói s e este . ge ra l ou si mbó lico, de um gru po ou de um pov o. f Açc/o 1/(/ fo rma fe chada */I/a [onna aberta * (Ver neste s termos.) 5 A Ç Ã O 8_A Ação Teatral numa Teoria da Linguagem e da Ação Humana a_Os autores da açiio Entre os inúm eros se ntidos da açã o teatral. fo i possível , no qu e antecede, co nduzir a ação a três ramos esse nciais : - a ação da f âbula" ou ação representada: tudo o qu e se passa no int eri or da fic ção. tudo o qu e fazem as per son agen s; - a ação do dramaturgo e do e nce na do r: es tes enunciam o texto atra vés da encenação. proce- dem de mod o a que as personagen s f açam est a ou aqu ela co isa; - a ação verbal das personagens que di zem o texto, co ntribuindo assim para assumir a fic- ção e a respon sabilidade delas. b. Vínculo da ação da fábula e da aç ão falada das personagens Pa rece útil distin guir dois tipos de ação, no tca- tro : a ação globa l da fábula, que é uma ação com o ela se dá a ler na fábul a. e a ação falada das perso- nage ns, que se realiza em cada uma das enun ciações (ou répl icas*) da personagem . A ação enqua nto fábula forma a armação nar- rativa do texto ou d a representaçã o. Ela é passí- vel de ser lida e. port ant o . recon stituída de di ver- sas maneiras pelos práti co s que en cen am a peça , ma s co nserva se mpre sua estrutura narr ativa glo - bal , no interio r da qu al se insc revem as enuncia- ções (ações faladas) d as per sonagens. Pode acon tecer qu e es ta distinção tend a a apa- gar-se. qu and o as per son agen s não têm mais ne- nhum projeto de ação e se co nte ntam em substi- tuir tod a ação visíve l por uma históri a de sua enunciação ou de sua dificuldade em se co muni- car: é o easo e m BECK ETT (Fim l /C Jogo. Espe- ro ndo Godot), HANO K E i Kaspar) ou PINGET . Este já era mesmo o ca so em certas co médias de MARIVAUX (Os Juramentos Indiscretos), ond e os locutores não falam mais em direção a um fim ou de acordo co m uma fábula e fazem constante re- fer ência a su a maneira de falar c à dificuldade de comun icação. Tornasch évski , 1965 ; Greimas, 1966; Jansen , W 1968; Urmson. 1972 ; Brcmond, 1973; Rapp, 1973; Hüblcr, 1972 ; Sticrlc, 1975 ; Poética , 1976; Van Dij k, 197 6 ; Suvi n , 1981 ; Ricn ard s, 1995 ; Za rrilli. 1995. AÇÃO FALADA AÇÃO FALADA :), Fr.: action parlée; Ingl.: .~peech aCI; AI.: -t.: Sprechhandlung; Esp.: acc/On hablada. J. No teatro, a ação não é um simples caso de movimento ou de agitação cênica perceptível. Ela se situa também, e para a tragédia clássica sobre- tudo, no interior da personagem em sua evolu- ção, suas decisões, logo, em seus discursos*. Daí o termo ação falada (segundo a azione parlata definida por PIRANOELLO). Toda fala no palco é atuante e aí, mais que em qualquer outro lugar, "dizer é fazer". o' AUBIGNAC era bem consciente disso, CORNEILLE fazia de seus monólogos verdadeiros mimos discursivos (PAVIS, 1978a), CLAUOEL opunha o kabuki, onde atores falam, ao bunraku, onde uma fala age. Todo homem de teatro sabe bem, como SARTRE, "que a linguagem é ação, que há uma linguagem particular no teatro e que esta linguagem jamais deve ser descritiva [...] que a linguagem é um mo- mento da ação, como na vida, e que ela é feita unicamente para dar ordens, proibir coisas, ex- por, sob a forma de argumentações, os sentimen- tos (logo, com um fim ativo), para convencer ou defender ou acusar, para manifestar decisões, para duelos verbais, recusas, confissões etc.: em suma, sempre em ato" (1973: 133-134). 2. Por causa destas certezas, a pragmática" en- cara o diálogo e o acontecimento cênico como ações performáticas e como um jogo sobre os pres- supostos e o implícito da conversação; em suma, como uma maneira de agir sobre o mundo pelo uso da palavra. Searle, 1975; Poetica, 1976,n. 8; Pfister, 1979; Q Ubersfeld, I977a, 1982; Pavis, 1980a. ACESSÓRIOS :), Fr.: acccssoires; Ingl.: props; AI.: Requisiten. -t.: Esp.: utileria. Objetos" cênicos (excluindo-se cenários" e figurinosr í que os atores usam ou manipulam durante a peça. Numerosíssimos no teatro natu- ralista, que reconstitui um ambiente com todos os seus atributivos, tendem, hoje, a perder seu valor caracterizante para se tomarem máquinas" de atuar ou objetos * abstratos. Ou então transfor- mam-se, como no teatro do absurdo (particular- mente em IONESCO) em objetos-metáforas da invasão do mundo exterior na vida dos indiví- duos. Eles passam a ser personagens completas e acabam invadindo totalmente a eena. ~. Espaço, tablado. rT\ Veltrusk y, 1940; Bogatyrev, 1971; Hoppe, ~ 1971; Saison, 1974; Harris e Montgomery, 1975; Adam, 1976: 23-27; Ubersfeld, 1980a; Pavis, 1996a: 158-181. AÇÕES :), Fr.: actions; Ingl.: actions; AI.: Handlungen; -t.: Esp.: acciones. Ao contrário das ações teatrais, simbólicas e representadas do comportamento humano, as ações de artistas de performance" ou de body art (ar/e corporal*) como as de Otto MÜHL ou de Hermann NITSCH, do grupo Fura dels Baus ou do Circo Archaos são ações literais, reais, muitas vezes violentas, rituais e catárticas: elas dizem respeito à pessoa do ator e recusam a simulação da mimese teatral. As ações, ao recusarem a teatralidade e o signo, estão em busca de um modelo ritual da ação eficaz, da intensidade (LYOTARD, 1973), visando extrair do corpo do performcr, e depois, do espectador, um campo de energias e de intensidade, uma vibração e um abalo físicos próximos daqueles que exigia ARTAUO, ao reivindicar uma "cultura em ação que se toma em nós corno que um novo órgão, uma es- pécie de segunda respiração" (1964: 10-11). W Kirby, 1987; Sandford, 1995. ACONTECIMENTO :), Fr.:événemcnt; Ingl.: event; AI.: Ereignis; Esp.: ~ acontecimiento, A representação teatral, considerada não no aspecto ficcional de sua fábula, mas em sua reali- dade de prática artística que dá origem a uma tro- ca entre ator e espectador. 6 J. Uma das marcas específicas da teatralidade é constituir uma presença humana entregue ao olhar do público. Essa relação viva entre ator e espectador é que constitui a base da troca: "A essência do teatro não se acha nem na narração de um acontecimento, nem na discussão de uma hipótese com o público, nem na representação da vida cotidiana, nem mesmo numa visão [...] O teatro é um ato realizado aqui e agora no or- ganismo dos atores, diante de outros homens" (GROTOWSK1, 1971: 86-87). 2. Esta situação particular do ato teatral explica porque todos os sistemas cênicos, inclusive o tex- to, dependem do estabelecimento desta relação com o acontecimento: "A significação de uma peça de teatro está muito mais distante da signi- ficação de uma mensagem puramente lingüísti- ca do que o está da significação de um aconteci- mcnto" (MOUNIN, 1970: 94). 3. A cena dispõe de poderosos recursos para pro- duzir uma ilusão (narrativa, visual, lingüística), mas o espetáculo depende também, a todo ins- tante, da intervenção externa de um acontecimen- to: rompimento do jogo, parada da representação, efeito imprevisto, ceticismo do espectador etc. 4. Para certos encenadores ou teóricos, a finali- dade da representação não é mais a magia ilusio- nista e, sim, a conscientização da realidade de um acontecimento vivido pelo público. A pró- pria idéia de ficção fazendo esquecer a comuni- cação do acontecimento torna-se então estranha para eles: "A ilusão que procuraremos criar não terá por ohjeto a maior ou menor verossimilhan- ça da ação, mas a força comunicativa e a reali- dade desta ação. Cada espetáculo se tornará por isso mesmo uma espécie de acontecimento" (ARTAUD). O palco é uma "linguagem concre- ta", o local de uma experiência que não repro- duz nada de anterior. 5. Algumas formas atuais de teatro (o happe- ning"; a festa popular, o "teatro invisível" de BOAL, 1977), a performance" buscam a versão mais pura da realidade ligada ao acontecimento: o espetáculo inventa a si mesmo negando todo projeto e toda simbólica. t: ...., Ilusão, recepção, especificidade teatral, herme- ~. nêutica, essência do teatro. 7 ACTANCIAL W Derrida, 1967; Ricoeur, 1969; Voltz, 1974; - Cole, 1975; Boal, 1977; Kantor, 1977; Hinklc, 1979; Wiles, 1980; Barba e Savarese, 1985. ACTANCIAL (MODELO ... ) :), Fr.: actantiel (modele... ); Ingl.:actantial model; -t.: AI.:Aktantcnmodell; Esp.: actancial (modelo ... ). I. Utilidade do Modelo Actancial A noção de modelo (ou esquema ou código) actancial impôs-se, nas pesquisas semiológicas, para visualizar as principais forças do drama e seu papel na ação. Ela apresenta a vantagem de não mais separar artificialmente os caracteres" e a ação*, mas de revelar a dialética e a passagem paulatina de um a outro. Seu sucesso se deve à clarificação trazida aos problemas da situação> dramática, da dinâmica das situações e das per- sonagens, do surgimento e da resolução dos erm- flitos": Ela constitui, por outro lado, um trabalho dramatúrgicor indispensável a toda encenação, a qual também tem por finalidade esclarecer as relações físicas e a configuração das personagens. Finalmente, o modelo actancial fornece uma nova visão da personagem. Esta não é mais assimilada a um ser psicológico ou metafísico, mas a uma entidade que pertence ao sistema glohal das ações, variando da forma amorfa do actante" (estrutura profunda narrativa) à forma precisa do ator" (es- trutura superficial discursiva existente tal e qual na peça). O actante é. segundo GREI MAS e COURTES (1979), "aquele que realiza ou recebe o ato, independentemente de qualquer dctcrmi- nação" (1979: 3). GREIMAS pegou esta noção no gramático L. TESNIERE (Éléments de syntaxc structuralc ; 1965). Entre os pesquisadores, não reina a unanimi- dade quanto à forma a ser dada ao esquema e à definição de suas divisões, e as variantes não são simples detalhes de apresentação. A idéia funda- mentai de PROPP (1929) a GREIMAS (1966) é de: - repartir as personagens em um número míni- mo de categorias, de modo a englohar todas as combinações efetivamente realizadas na peça; - destacar, além dos caracteres particulares, os verdadeiros protagonistas da ação reagrupando ou reduzindo as personagens. ACTANCIAL 2. Ajustamentos do Modelo a. Polti (1895) A primeira tentativa de definir o conjunto das situações dramáticas teoricamente possíveis é a de G. POLTI, o qual reduz as situações básicas a trinta e seis, o que não deixa de ser uma excessi- va simplificação da ação teatral. b. Propp (1928) A partir de um corpus de contos, W. PROPP define a narrativa típica como uma narrativa de sete actantes pertencentes a sete esferas de ações: - o mau (que comete a maldade), - o doador (que atribui o objeto mágico e os va- lores), - o auxiliar (que vai em socorro do herói). - a princesa (que exige uma façanha e promete casamento), - o mandatário (que envia o herói em missão), - o herói (que age e é submetido a diversas peri- pécias), - o falso-herói (que usurpa por um instante o pa- pei do verdadeiro herói). PROPP define, além disso, as funções das personagens: "O que muda são os nomes (e, ao mesmo tempo, os atributos) das personagens; o que não muda são suas ações, ou suas fUI1- çiies*. Pode-se concluir daí que o conto muitas vezes empresta as mesmas ações a diferentes personagens. Isto é o que permite estudar os contos a partir das [unções das personagens" (1965: 29). c. Souriau (1950) Seis funções dramatúrgicas formam a estrutu- ra de todo universo dramático: - leão (força orientada): é o sujeito desejante da ação, - sol (valor): o bem desejado pelo sujeito, - terra (o obtentor do bem): aquele que se bene- ficia do bem desej ado, - marte (o oponente): o obstáculo encontrado pelo sujeito, - balança (o árbitro): decide a atribuição do bem desejado pelos rivais, - lua (adjuvante). Estas seis funções só têm existência em sua interação. O sistema de SOURIAU representa uma 8 primeira etapa importante para a formalização dos actantes; ele inclui todos os protagonistas ima- gináveis. Apenas a função de arbitragem (balan- ça) parece a menos bem integrada ao sistema, pairando acima das outras funções e por vezes difici lmente definível na peça estudada. Por ou- tro lado, o esquema se adapta sem prohlema àque- le de GREIMAS,que estrutura as seis funções sub- dividindo-as em três pares de funções. d. Greimas (1966,1970) Destinador -> Objeto -> Destinatário 'I Adjuvante -> Sujeito -> Oponente O eixo destinador-destinatârio é o do contro- le dos valores e, portanto, da ideologia. Ele deci- de a criação dos valores e dos desejos e sua divi- são entre as personagens. É o eixo do poder ou do saber ou dos dois ao mesmo tempo. O eixo sujeito-objeto traça a trajetória da ação e a husca do herói ou do protagonista. Está cheio de obstáculos que o sujeito deve superar para pro- gredir. É o eixo do querer. O eixo adjuvante-oponente facilita ou impede a comunicação. Ele produz as circunstâncias e as modalidades da ação, e não é necessariamente representado por personagens. Adjuvantes e opo- nentes às vezes não passam de "projeções da von- tade de agir e de resistências imaginárias do pró- prio sujeito" (GREIMAS, 1966: 190). Este eixo é também ora o eixo do saher, ora o do poder. e. A. Ubersfeld (1977) Na aplicação que Anne UBERSFELD (I 977a: 58-118) faz do modelo greimassiano, esta permuta o par sujeito-objeto, fazendo do sujeito a função manipulada pelo par destinador-destinatário, en- quanto o objeto se torna a função tomada entre adjuvante e oponente. Este detalhe modifica pro- fundamente o funcionamento do modelo. Com GREIMAS, na verdade, não se partia de um sujei- to fabricado conscientemente por um destinatá- rio em função de um destinador: o sujeito só se definia no final, em função da busca do objeto. Esta concepção apresentava a vantagem de cons- truir pouco a pouco o par sujeito-objeto e de defi- nir o sujeito não em si, mas conforme suas ações concretas. Em contrapartida, no esquema de A. UBERSFELD, arriscamo-nos a supervalorizar a natureza do sujeito, de fazer dele um dado facil- mente identificável pelas funções ideológicas do destinador-destinatário - o que não parece, por outro lado, ser a intenção de A. UBERSFELD, já que ela nota, com razão, que "não existe sujeito autônomo num texto, mas um eixo sujeito-ohje- to" (I977a: 79). A modificação do modelo grei- massiano, por tabela, também tem por objeto o eixo adjuvante-oponente, mas ela não tem as mesmas conseqüências sobre o funcionamento global: pouco importa, na verdade, que o auxílio e o empecilho tenham por objeto o sujeito ou o objeto que eles perseguem, só haverá uma dife- rença de eficácia e de rapidez do auxílio ou do empecilho. f Dificuldades e possíveis melhorias dos esqllemas actanciais A decepção mais freqüentemente sentida quan- do da aplicação do esquema é sua generalidade e universalidade grande demais, em particular para as funções do destinador e do destinatário (Deus, a Humanidade, a Sociedade, Eros, o Poder etc.). É bom, por outro lado, proceder a várias experiên- cias, em particular para o sujeito, casa que temos interesse em completar no fim da experiência c da maneira mais flexível possível. Lembrar-nos- crnos, finalmente, que a razão de ser do modelo actancial é sua mobilidade, e que não existe fór- mula mágica pronta e definitiva: a cada nova si- tuação deverá corresponder um esquema particu- lar: cada uma das seis casas é, aliás, passível de ramificar-se num novo esquema actancial. Tomaremos o cuidado de não limitar o uso do código actancial à personagem (logo, à análise textual). Tudo o que é mostrado em cena deve ser tomado também como combinatória de actantes: assim, na Mãe Coragem de BRECHT, os mate- riais utilizados e seu desgaste também constitu- em um modelo actancial. Poder-se-ia, portanto, estabelecer um modelo no qual os seis actantes seriam representados pelos diferentes estados dos objetos e da cena; isto evitaria reduzir o modelo a uma combinatória de personagens. Do mesmo modo, poder-se-ia estudar o sistema dos diferen- tes gestus", (Sobre a dificuldade de um modelo actancial a-histórico, ver: personagcmvv Este modelo foi pensado em função da dramaturgia ocidental clássica do conflito e só se aplica, mui- to mal, ao drama moderno (SZONDI, 1956) e às 9 ACTANCIAL formas extra-européias que não apresentam nem conflito, nem fáhula, nem progressão dramática, no sentido ocidental. 3. Actantes e Atores a. Teoria dos níveis de existência da pcrsonagcm Nível I: nível das estruturas elementares do significado. As relações de contrariedade, con- tradição, implicação entre diferentes universos de sentido formam o quadrado lógico (quadrado scmiótico de GREIMAS, 1966,1970: 137). Nível 11: nível dos actantes"; entidades gerais, não-antropomorfas e não-figurativas (exemplo: a paz, Eros, o poder político). Os actantes só têm existência teórica e lógica dentro de um sistema de lógica da ação ou de narratividade. Nível 111: nível dos atores" (no sentido téc- nico do termo, e não no sentido de "aquele que atua, que representa personagens"), entidades individualizadas, figurativas, realizadas na peça (grosso modo: a personagem no sentido tradi- cional). Nível intermediário entre 11e 111: os papéis"; entidades figurativas, animadas, mas genéricas e exemplares (cx.: o fanfarrão, o pai nobre, o trai- dor). O papel participa ao mesmo tempo de uma estrutura narrativa profunda (ex.: os traidores sem- pre fazem x) e da superfície textual (o tartufo é um tipo bem preciso de traidor). Nivel IV: nível da encenação, dos atores (no sentido de comediantes como tais são representa- dos por um ou vários comediantes). Este é um outro nível, exterior ao da personagem. h. Redução OIi sincretismo da personagem • Redução Um actante é representado por vários atores; ex.: em Mãe Coragem, o actantc "sohreviver" cabe a di fcrentes atores: Mãe Coragem, o cozinheiro, os soldados, o capelão. Um comediante representa duas personagens: todos os casos de papel desdobrado do come- diante. Em A Alma Boa de Sé- Tsuan (BRECHT), a mesma personagem encobre dois actantes dife- rentes (ser humano/ter lucro a qualquer preço). Sis tema de personagem Nive l de existência - - - - Estrutura _fillperfi cial Comediantes Personagem perceptível Ní\'c1 IV c ' c=' através do ator (representação) C 1// Nívellll a' " Alares I1 Estrutura discursivaa- a (superfície texlUal) a a ' a' a' (motivos, temas da intriga) .r. Papéis \1/Estrutura p rofunda Estrutura narrativaNível 11 (lógica das ações) (sintaxe do texto) Acta nrcs A Ní~'êll Operadores lógicos Estruturas elementares (estru tura lógica) Quadrado lógico de Greimas do significado ADAPTA Ç Ã O • Si ncretismo Dois co med iantes representam uma personagem ou um a faceta particular da persona gem (proces - so de de sdobramento muito usado hoje). Um rncs- mo ator pode também concentrar várias esferas de ação. Por exemplo, Mãe Coragem ag rup a os actant es de " lucrar" e "viver tranqüilamente" . m Bremond , 1973; Suvin, 1981. ADAPTAÇÃO ~ Fr. : adap t a t ion; Ing l. : adap tat ion; AI. : 't.: Biihnenbearbeit ung, Adaptat ion , Adapti on: Esp.: adap taci áu. I . Tr ansposição ou transform ação de lima ob ra. de um gênero em outro (de um romance nu ma peça , por exem plo). A ada ptação (o u drama - tização ' ) tem por objeto os con teúdos nar rati vos (a narrati va, afábala') que são mantidos (mais ou menos fie lme nte, com diferen ças às veze s con- sideráv e is), enquanto a estrutura discursi va co- nhece um a transformação radical , prin cip alm en- te pelo fa lo da passagem a um disp ositi vo de enunciaç ão" inteiramente diferente. Ass im, um romance é adaptado para palco, tela Oll televisão. Durante es ta ope ração semiótica de tran sfe rênci a, o rom ance é transposto em diálogos (muitas ve- zes diferent es dos originais) e sobretudo em ações cêni cas que usam todos as matérias da rep resen- tação teatral (gestos, imagens , música etc .), Exem- plo : as ada ptações, por GIDEou CAMUS, de ob ras de DOSTOIÉVSKI. /0 2. A adaptaçã o também des ign a o trabalho drama t úrgico" a part ir do text o destinado a ser encenado. Todas as manobr as textuais imagináveis são permitidas: cortes, reorg ani zação da narrativa, "abrandamentos" estilísticos, redução do número de perso nagens ou dos lugares, concentração d ra- mática em alguns moment os fortes, acréscimos e textos externos, montagem" e co/agem * de ele- mentos alheios, modificaçã o da co nclusão, modi- ficação da fábul a em função do discurso da ence- nação. A adapt ação, d iferentemente da tra duç ão " ou da atualização" , goza de gra nde liberdade; el a não receia modifi car o sent ido da obra original, de fazê-Ia dizer o co ntrário (cf as adaptações brech- tianas (Bea rbci tungení de SHAKESPEARE, MO- L1ÉRE e SÓFOCLES e as "traduções" de Hein er MÜLLER com o a de Prom eteu), Ada pta r é recriar int ei ramente o texto co ns iderado co mo simples matéria. Esta prática teatral levou a se tom ar co ns - ciência da imp ort ância do d ramatur go" (sent ido 2) para a elabo ração do espe táculo, Não poderia haver ada ptação perfeita e defi ni- tiva das obras do passado . Quando muito pode-se. co mo BRECHT ( 196 1), em seu Modellbuch, pro - por certos princípi os de representação e li xar ce r- las interpretações da peça co m os quais os futuros encenadores pod erão se beneficiar (modelo*). 3. Adaptação é empregado freqü entemente no sentido de "traduç ão'tou de tran sposi ção mais ou menos fiel, sem que seja se mpre fácil traçar a fro n- teira entre as duas prática s. Trata-se então de uma tradução que adapta o te xto de partida ao novo co ntexto de sua recepção co m as supressões e acrésc imosjulgados necessários à sua reavali ação . A rcleitura do s clássicos - co ncentração, no va ira - du ção , ac rés c imos de textos ex te rno s. novas in- terpretações - é também uma ada ptação, assim co mo a o peração que consiste em traduzir um tex- to es trangei ro, adaptando-o ao co ntex to cu ltura l e lin güísti co de sua língua de chegada . É notáv el que a maioria das traduções se intitu le. hoje, ada p- tações, o qu e leva a tender a reconhecer o fat o de qu e tod a intervenção, desde a tradu ção até o tra- balh o de reescritura dram ática, é uma recri ação, qu e a transferência das form as de um gê ne ro para o utro nun ca é inocente, e sim que e la im plica a produção do se ntido. AGON ê (Do grego agon, competição .) Fr.: agoll; IngI.: agol!; A!. : Ag {)Il ; Esp.: Agol!. 1. Todo ano, realizavam-se na G réc ia antiga com- petições de esportistas e arti stas. Havia um agon dos coros, dos dramaturgos (5 10 a.C .}, do s atores (45 0- 4 20 a.c.). 2. Na co médi a ática ou antiga (ARISTÓFANES), o agoll é o di álogo e o co nfli to do s in imi gos , o q ual co ns ti tui o ce rne da peça. 3. Por ex te nsão, o agoll ou princípi o "ago nís- ri co " marca a rela ção co ntl itual e ntre os p rata- gmúslas*. Estes se opõem num a dialé tica de dis- curso/resposta . Cad a um se engaj a tot alment e nu ma d iscu ssão que imp õe sua marca à cstr u tu- ra d ra má tica e con stitui seu confl ito", Ce rtos teó- ricos chegam mesmo a fazer do d iá logo (e das cs tico m itias't vo e mb lema do co nfl ito d ramático e . de man eira mais ge ra l, do teat ro . No entanto, é preciso lembrar que ce rras d ra ma turg ias (é pi- cas o u ab surdas, por exe m plo) não se ba sci um no princípio agonístico dos caracteres <Ia açã o . 4. Na teoria dos jo gos de R. CAILLOIS ( 1958) , o agon é um dos quatro princípios qu e go ve rnam a atividade lúdica (com o iltynx , bu sca da vertigem. o alea. pape l do acaso, e a mimcsis, go sto pela imitação). C'J di I" , '-'\,. Di álogo, la cuca, protagorusta. [;;'J, Du ch emin, 1945; Rorn illy, 11)70 . /I A ~ IB IGÜlDADE ALEGORIA Fr.: a llégoric; Ingl.: a llcgorv; AI.: A llego ric; Esp. : alegoria, Per sonific aç ão de um prin cípio o u de lim a idéi a abs tra ta qu e, no teatro. é realizad a por uma per sonagem re vestida de atributos e de propri e - dade s bem definidos (a fo ice para a Morte, por exemplo ). A a le go ria é usada sobretudo nas moral idad es" e nos m ist éri os medievai s e na dramaturg ia barroca (GRYPHIUS). Ela tende a desap arecer com o aburg uesame nto e a antro- pom orfi za ção da per sonagem, mas vo lta nas formas par ódica s o u militantes do agir-p rol" , do ex press io n is mo (WEDEKIND) ou das par á- bol as br echri an as (A rturo Ui ; Os Set e Pecados Capitais ). Benj amin , 1928; Frye , 195 7; Le Th éàt re W europ éen fa ce à l'inventíon: allégories, m er- veill eux, fanta stiquc, Pari s, PUF, 1989. AMBIG ÜIDADE ~ Fr. : ambi glli'té ;. In gl. : ambiguit v; A I. : 't.: Doppc ldeu ti g ke i t, Meh rdcu tigke ir; Es p. : ambigiicdad. Aquilo que autoriza vá rios sentidos ou int er- pre tuções" de uma personagem . de um a ação. de uma passag em do tex to dram ático ou da rep re- sentação int ei ra . A produção e a manutenção das amhigü ida - dcs é um a das co ns tantes es tru turais da o bra de art e cênica . 1\ obra de arte, na verda de . não é nem co dificada', nem de codificad a de uma só maneira cor re ta , e xce to no ca so da obra li c l éo u da peça d idát ica ' . A e ncenação tem tod o o po - der para resol ver , mas também ac rescentar ce r- ta s ambig üid ades. Toda interpretaç ão" cê nica toma necessari am ente partido por uma certa lei - tura do texto , abrindo a poria a novas possibili - dades de sentido *. c'~ Signo. isoto pia. herm enêutica, coerênci a. CQ Rastier, 1971 ; Pavis, 1983a . ANÁLISE DA NARRATIVA ANÁLISE DA NARRATIV, Fases da Narrativa Universo perturbado ~ assim a fórmula fundamental representada no quadro abaixo. Desenlace Fonte: segundoT. PAVEL. 1976: 18. Universo restabelecido Mediação + d. Frase mínima da narrativa Na prática, buscar-se-á reduzir a fábula a uma frase mínima que resuma a ação desvendando as articulações ou as contradições: reencontra- se aí o método brechtiano para destacar num curto enunciado o gestus" da obra: "Todo epi- sódio particular tem seu gestus fundamental: Richard Glocester corteja a viúva de sua vítima. Por meio de um círculo de giz, descobre-se quem é a verdadeira mãe da criança. Deus faz com o diabo uma aposta cujo prêmio é a alma de Faus- to" (BRECHT, Pequeno Organon, § 66). A busca do gestus da ação obriga a centrar a nar- rativa na ação principal e no conflito-mediação que permite a resolução do contrato do
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