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Civil - 6 termo

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RESPONSABILIDADE CIVIL
- CONSIDERAÇÕES GERAIS
	O tema da responsabilidade civil é tratado em poucos dispositivos legais. Isso se justifica diante da grande dificuldade em se estabelecer todas as hipóteses que ensejariam responsabilidade civil. Por esta razão, o legislador preferiu deixar em aberto, incumbindo aos estudiosos do Direito conceituar. É o que acontece, p. ex, com o art. 186 do CC, que diz que aquele que agir com culpa deve reparar o dano. Quando alguém age com culpa? Deve-se analisar caso a caso e ponderar para saber até que ponto há ilícito civil. Deste modo, trabalharemos basicamente com conceitos, o que dificulta de certo modo o estudo. Por outro lado, a responsabilidade civil está mais próxima do nosso dia-a-dia, mais próxima da nossa realidade, p. ex: “O meu vizinho bateu no meu portão”. “Fulano ofendeu a minha mãe”. Tal tema está tão próximo de nós que basta lembrar do recente acidente com o avião da TAM. Somente neste caso temos diversos exemplos. “O avião da TAM não consegue parar, bate de frente com um prédio e explode matando todos a bordo. O taxista que estava no posto de combustível do lado é atingido e também morre. Portanto, já são 186 pessoas no avião, mais as pessoas do prédio, mais o taxista. O que um posto de combustível está fazendo do lado de um aeroporto? Como é possível a construção de um aeroporto sem área de escape? Quem deve ser responsabilizado? Quanto se vai poder cobrar? Outro caso recentíssimo é o que aconteceu nos EUA, onde a ponte que passa sobre o rio “Mississipi” caiu. Não houve implosão, nenhum navio trombou, ela simplesmente caiu, matando várias pessoas, danificando carros e etc. Quem nós vamos processar? Outros ex: Uma mulher foi fazer alisamento no cabelo e morreu intoxicada com o formol, substância à qual era alérgica e o produto possuía uma quantidade excessiva. Podemos processar alguém? Uma mulher fazia compras no supermercado quando uma garrafa ‘pet’ de refrigerante explodiu, atingindo-a no olho, fazendo-a perder parte da visão. Quem pode ser processado?”.
	Como dito, nós estaremos aprimorando conceitos, nós estaremos estabelecendo uma lógica de responsabilidade civil dentro do nosso sistema (brasileiro). Deve-se tentar esquecer algumas questões como, p. ex, de cultura americana. O brasileiro começou a se dar conta de uma cultura judicial, tipo, tudo é motivo para se “processar”. Essa é uma cultura tipicamente americana – “cultura do processo” – “tudo é processo”. Isso cria na própria coletividade uma necessidade de uma conduta diferenciada, mais diligente, cautelosa, diferentemente do que acontecia até então (“síndrome do temor do processo”). Fato que ocorreu nos EUA: “Uma pessoa vai ao dentista. Este, após diagnosticar, informa ao paciente que deverá ser feito um tratamento que irá durar 6 meses ou, caso ele preferisse,que também seria possível extrair os dentes e colocar uma prótese. O paciente opta pela segunda opção. Ocorre que no dia seguinte o dentista é procurado por um advogado do paciente informando que ele estava sendo processado por ter arrancado dente sem necessidade, haja vista que havia possibilidade de tratamento. Como o dentista não tinha provas de que a extração havia sido escolha do indivíduo, ele foi processado e condenado a pagar indenização no valor de quinze mil dólares. Mas ele agiu errado? De repente sim, de repente não, mas ele tinha que tomar algum tipo de cautela”. 
Como se vê, nos EUA as pessoas possuem um pensamento equivocado. Eles olham a responsabilidade civil como fonte de indenização. A nossa filosofia, isto é, a nossa idéia de responsabilidade civil é uma idéia de reparar ou indenizar o dano, baseado na nossa evolução. Nossa evolução se iniciou nas famosas “Leis de Talião”. No princípio, a ideia de responsabilidade era sempre uma ideia de vingança (“fazer você responder pelo mal que você me fez – mal pelo mal. Ex.: Alguém pisa no meu pé. Eu, então, encho a pessoa de bomba e a explodo em mil pedaços, ou seja, eu simplesmente fiz o mal a ela, assim como ela me havia feito”). Nisso, veio a interessante Lei de Talião. Interessante porque surge no nosso sistema uma idéia de “proporcionalidade”. Essa proporcionalidade faz com que você responda exatamente por aquilo que você fez, nem mais e nem menos. Isso é extremamente interessante. “Se a Juliana pisou no meu pé, eu posso pisar no pé dela. Não posso dar um soco no rosto, mas também não posso dar um tapinha no braço” – “olho por olho, dente por dente”.
 Portanto, hoje devemos pensar na responsabilidade exatamente ponderando sobre esta questão. Nós queremos que você seja reparado – voltar ao estado ‘quo ante’ – se puder voltar in natura é melhor mas, se não for possível, a gente pode compensar economicamente.
Fazendo isso, a gente traz exatamente a nossa lógica, a nossa idéia de responsabilidade é exclusivamente econômica e não um ato punitivo. Desde o Direito Romano, com a cisão da responsabilidade civil com o direito penal. Disso surgem dois prismas: Civil finalidade econômica. Penal finalidade punitiva. 
Pensando nisso, quando se manda alguém reparar algum dano, não se está punindo a pessoa (isso cabe ao direito penal), está-se tentando fazer com que o lesado retorne ao estado quo ante. É nisso que a gente tem que pensar para criar a nossa cultura sobre responsabilidade – não é para se ganhar dinheiro e nem para se perder. 
Como dito, este pensamento é para se diferenciar daquele pensamento americanizado, onde a gente muitas vezes acaba verificando que o critério utilizado não é o econômico, a responsabilidade civil acaba não se diferenciando da responsabilidade penal. 
Então, eles jogam a responsabilidade para um lado punitivo e muito severo. Exemplos: “Um sujeito fuma e em dado momento da sua vida ele descobre que tem câncer. Como o câncer já se encontra em um estágio avançado, ele sabe que vai morrer. Ele, então, processa a indústria tabagista. O juiz acolhe a ação e condena a empresa tabagista a pagar um valor de aproximadamente 500 bilhões de dólares para um único fumante. Isso gera um pensamento de levar vantagem, p. ex, uma pessoa toma ciência desta indenização e resolve começar a fumar para também conseguir este valor”. “Uma mulher vai ao ‘Mac Donald’s’ e pede um café. O café estava quente e ela se queimou. Pela dor e pela vergonha que passou, ela resolve processar o ‘Mac Donald’ e fatura de indenização três bilhões de dólares”. 
Com isso a gente acaba vendo a responsabilidade como uma forma de ganhar dinheiro. Isso é típico de uma cultura americana.
 Esse semestre nós estaremos tentando tirar esta idéia e estaremos tentando fazer o enquadramento da responsabilidade civil dentro da nossa lógica, dentro do nosso sistema.
Na nossa forma de trabalhar, a primeira coisa que a gente vai comentar é sobre os elementos:
1) São ELEMENTOS da responsabilidade civil:
CONDUTA;
NEXO CAUSAL;
DANO e
Eventualmente CULPA.
Porque eventualmente culpa?
No Direito Romano, um ponto importante que surgiu foi uma lei denominada “Lex Aqüilia”. Esta norma trouxe um fato inovador consistente no seguinte: Até então a responsabilidade era derivada do dano, isto é, se causou um dano tinha que responder. A lex aqüilia fala em indenização, mas proveniente de um “dano injusto” (não depende apenas da ocorrência de um dano, este tem que ser injusto. Se o dano, a contrario sensu, fosse justo, não haveria necessidade de reparar). 
Este dano injusto posteriormente foi devidamente traduzido para “culpa (culpa em direito civil, não em penal)”. Portanto, tem que haver culpa para poder haver reparação. Durante muito tempo foi esse entendimento que predominou: o elemento fundamental da responsabilidade sempre foi a culpa. Então, a responsabilidade se palpava em quatro elementos, quais sejam, conduta, nexo causal, dano e CULPA. Foi a época de ouro da chamada “responsabilidade subjetiva”, ou seja, a responsabilidade fundada na culpa (para que houvesse a obrigatoriedade da reparação havia a necessidade de comprovação da culpa).
Metade do século passado para cá, começou a surgir uma nova ideologiaque não levava mais em consideração a culpa, mas já começava a pensar em uma estrutura moderna calcada no chamado “RISCO”. Muitas vezes, existem determinadas atividades que por si só englobam uma lógica de risco e aquele que se aventura àquela atividade automaticamente assume o risco do que ela possa vir a causar. Essa responsabilidade calcada no risco independia do seu consentimento (culpa). Então, desaparece a culpa como elemento da responsabilidade civil, bastava que a sua conduta causasse um dano – isso se chama “responsabilidade objetiva”. 
Tem-se entendido o seguinte: Fora dito que a responsabilidade objetiva independe de culpa. É muito comum ouvir alguém falando que a responsabilidade objetiva é aquela em que o agente atua sem culpa. Não foi isso o que foi dito, foi dito que “independe”. Isso significa que não interessa como o agente tenha agido, ou seja, agindo com culpa ou não, se o agente causa um dano ele é obrigado a reparar. Portanto, se a gente fosse tratar da responsabilidade objetiva bastaria que existissem três elementos, quais sejam, conduta, nexo causal e dano.
Em suma: Responsabilidade objetiva 3 elementos: Conduta, nexo causal e dano. Ou seja a culpa não é elemento, não interessa a culpa.
 Responsabilidade subjetiva 4 elementos: Conduta, nexo causal, dano e culpa. Já aqui a culpa é imprescindível. 
	
Responsabilidade pode ser contratual ou extracontratual. 
EM NENHUM MOMENTO SE DISSE QUE NA RESPONSABILIDADE OBJETIVA O AGENTE NÃO AGIU COM CULPA, O QUE ESTAMOS DIZENDO AQUI É QUE NA RESPONSABILIDADE OBJETIVA NÃO IREMOS ANALISAR A CULPA, DE FORMA QUE PODE ATÉ TER AGIDO COM CULPA, MAS NÃO NOS INTERESSA.
Primeiro elemento: 
1) CONDUTA - 186 C.C 927
 Art. 186 do CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária...”. Portanto, o artigo 186 está para aquilo que a gente chama de RESPONSABILIDADE DIRETA, ou seja, determina que o sujeito responda pelo que ele faz, pratique. Isto significa que nós somos responsáveis pelos nossos próprios atos.
NO CASO DO 186, ESTA RELACIONADO A CULPA SUBJETIVA, O QUE É A REGRA DO NOSSOS SISTEMA.
EM CONTRAPARTIDA O § DO 927, TRAZ A RESPONSABILIDADE OBJETIVA, QUANDO DISPÕE “INDEPENDENTEMENTE DE CULPA.
TENDO EM VISTA QUE A CULPA OBJETIVA É EXCEÇÃO SÓ ASSIM SERPA CONSIDERADA QUANDO DETERMINADA POR LEI ( A EXEMPLO O CDC), OU QUANDO DA PRÓPRIA ATIVIDADE DECORRE O RISCO DE CAUSAR DANO, PORTANTO TENDO EM VISTA A ASSUNÇÃO DE RISCO, INDEPENDENTE DE CULPA TERÁ O DEVER DE INDENIZAR (EX VENDA DE FOGOS DE ARTIFÍCIO. 
 O que a gente pode extrair deste dispositivo? Ele nos diz que aquele que com sua ação ou omissão voluntária... Então, podemos concluir que poderá haver responsabilidade por uma conduta:
 POSITIVA: ação; ou 
 NEGATIVA: omissão. 
Deste modo, a gente visualiza duas coisas: ou eu sou responsável por alguma coisa que eu faço (positiva - uma ação); ou por alguma coisa que eu deixo de fazer (negativa – omissão). A ação é a situação mais simples da gente imaginar porque a ação, lógico, ela se exterioriza, ela se transparece para o mundo externo. De alguma maneira a gente consegue constatar efetivamente que ouve uma conduta que eu pratiquei, por ex., se eu bato na Juliana, lógico que isso vai se exteriorizar no mundo externo, se eu ofender também, porque embora seja por palavras ela vai se exteriorizar. E com isso torna muito mais fácil para a gente imaginar até uma idéia de nexo de causalidade, p. ex., brigando com a Juliana eu dei um soco no olho dela, descolamento de retina, ficou roxo e tal. Então a gente evidencia mais ou menos o seguinte: em razão da minha prática, porque eu bati na Juliana, ela vai perder visão, descolamento de retina, vai prejudicar a visão, caso de hospital e polícia e etc. Evidente que a gente consegue facilmente constatar o nexo de causalidade, ou seja, a Juliana vai ter essa diminuição da capacidade visual em razão da minha conduta, foi meu soco quem causou o dano para ela. Então a ação nos liga mais facilmente ao nexo de causalidade.
De outro lado, quando a gente fala em omissão, é mais complicada a sua visualização, haja vista que a omissão é deixar de fazer, a omissão não aparece, não é uma coisa que eu quis fazer e sim uma coisa que eu deixo de fazer. A omissão merece certas restrições, certas limitações, porque se a gente fosse partir do pressuposto de que você possa ligar ao nexo qualquer omissão que você tenha praticado, em fato concreto, você poderia se responsabilizar por tudo, por ex., o que você doou na campanha do agasalho esse ano? Nada. Muita gente morreu este ano por causa do frio. Se você tivesse doado talvez aquelas pessoas não morreriam. Então a gente poderia dizer que você é responsável pela morte do pedinte que morreu? Não! Por quê? Não é que isso não tem nexo de causalidade, a gente poderia buscar um nexo de causalidade longínquo onde tudo pode ser responsabilizado por tudo. 
Concluindo: a omissão que leva a responsabilidade é a omissão de não algo que eu poderia, mas algo que eu deveria, por determinação legal, contratual, ou profissional que se esperava aquilo, obrigação legal ou profissional que eu tivesse praticado, mas em razão de eu não ter feito causou o dano. 
Ex: acidente de trânsito policial, médico, bombeiro e o próprio causador do acidente têm o dever de socorrer porque senão é omissão de socorro. Você como transeunte poderia ter parado, socorrido, de repente poderia até ter salvado, mas você como transeunte não tem o dever e, por conseqüência, não tem responsabilidade. Ao passo que se você fosse policial você teria que agir. Se você fosse o causador do acidente você teria que socorrer, se você é médico você teria que socorrer. Para eles nós poderíamos dizer, houve a omissão de socorro, omissão como um dever legal, eles têm que ter esse tipo de consciência. Se ficar constatado que em razão da ausência dele, que a ausência da atividade do profissional ou do causador agravou o dano ou causou a morte, ele vai ser o responsável. 
Portanto, a omissão que a gente está trabalhando, é a omissão do dever legal ou profissional, aquilo que você deveria ter feito. 
Outro exemplo: Nos cruzamentos com ferrovia, sempre havia uma pessoa responsável ligar os alarmes e fechar a cancela quando o trem se aproximava para impedir o trânsito naquele instante. Várias vezes aconteciam acidentes porque não havia a baixa da cancela. Você até escutava o trem, mas você não o via, às vezes ele vinha fazendo uma curva, quando você ia cruzando, o trem pegava o carro no meio do caminho, por culpa daquela pessoa que deveria ter acionado, mas não o fez. Então eu não estou respondendo pelo que eu fiz, por que não fui eu quem jogou o carro ou fez alguma coisa, na verdade é pelo que eu não fiz, poderia ter acionado a cancela para parar o trânsito e em razão de eu não ter feito isso, aconteceu o acidente.
Então é esse tipo de omissão omissão de um dever legal ou profissional que deixa de cumprir, e em razão disso sobrevenha o acidente, ele responde pela sua culpa. É o que a doutrina chama de responsabilidade direta. Responsabilidade direta, é lógico, recai sobre o agente causador.
Ao lado dessa chamada responsabilidade direta, a gente encontra também uma coisa que a doutrina chama de RESPONSABILIDADE INDIRETA. Responsabilidade indireta são situações em que não é você quem pratica o ato, mas ao ditame da lei é você quem vai, ou também vai responder pelo dano
. Não sou eu quem fiz, mas a lei diz, sou eu quem vou pagar, ou sou eu que também vou pagar. Fui na casa da Juliana e lá tinha um cachorro. Ela me disse que ele não mordia, mas quando eu entrei ele me mordeu. Quem é que mordeu? O cachorro. Quem é que vai pagar? O dono. Nessa situação a gente fala na responsabilidade indireta, você pode nem ter praticado o ato, não foi você quem causou o dano, mas para efeito legal é você é quem vai ter que ressarcir.
Na realidade, alguns doutrinadores argumentam dizendoque tanto na responsabilidade direta como na responsabilidade indireta, alguém que tinha algum tipo de dever se omitiu
OU SEJA, TANTO A RESPONSABILIDADE DIRETA QUANTO A INDIRETA ESTÃO RELACIONADOS A UMA AÇÃO OU OMISSÃO DO RESPONSABILIZADO.
Ex, a Juliana tinha que cuidar do cachorro, e o cachorro me mordeu, quem mordeu foi o cachorro, mas a Ju agiu de forma omissa porque ela deixou o cachorro me morder. Situação: Eu peguei o carro da Juliana emprestado e atropelei alguém. A responsabilidade direta é do motorista e a responsabilidade indireta é do dono do carro, da Juliana, porque o carro é dela, ela tinha que ter tomado mais cuidado com o carro dela.
 E se houvesse avisos de “cuidado cão bravo” e “cachorro feroz”? Para um analfabeto ou uma criança pequena isso não quer dizer nada. Então a gente poderia dizer o seguinte: eventualmente pode até interferir ou minimizar, mas não tira tua responsabilidade, basicamente pensaríamos: por que o cachorro me mordeu? Porque é o instinto do cachorro e você sabe disso. Então, por que você não cuida do seu cachorro? Pois se ele me mordeu é porque você não está cuidando do seu cachorro direito. Então você é o responsável para efeito de reparação, você sabe que o cachorro morde.
Dentro da idéia da responsabilidade indireta, está:
Responsabilidade pelo fato de terceiro;
Responsabilidade pelo fato da coisa;
Responsabilidade pelo fato do animal.
1) RESPONSABILIDADE PELO FATO DE TERCEIRO
Responsabilidade por fato de terceiro, como eu falei, não sou eu quem pratica o ato, não sou eu quem realiza a conduta, sou eu quem também vou responder para a vítima. Também por quê? Porque ao dizer do legislador, lógico, de forma solidária, a vítima poderia acionar o agente causador direto, aquele que causou o dano, e o chamado responsável indireto. Então, em relação à vítima, há uma solidariedade entre os dois, pra vítima os dois são solidários, depois a questão da relação interna a gente vai ver em um momento posterior, mas por enquanto a gente vai trabalhar com o que? Para a vítima, a responsabilidade é dos dois. Assim, pode-se tanto acionar a o responsável quanto o responsável indireto, ou, ainda, os dois.
Quando se fala em responsabilidade indireta, a análise que se faz, leva sempre em consideração o artigo 932. 
* Obs.: Este artigo NÃO É TAXATIVO! Isto significa que há outras situações que podem ocorrer fora das hipóteses do art. 932. 
Quais são as vantagens do art. 932? 
1) Nas hipóteses do artigo 932, não cabe discussão quando se fala em responsabilidade indireta, porque a lei diz que é responsável e ponto final (imposição legal). Ex.: O pai em relação ao filho. Por que o pai tem que responder pelo filho? Tem as lógicas, mas também tem o ditame legal, a lei diz que o pai vai responder pelo filho, então acabou a discussão, essa é a primeira grande vantagem, nessas hipóteses não tem que se questionar a responsabilidade por fato de terceiro. 
2) Nós vislumbramos o seguinte: na evolução da responsabilidade pelo fato de terceiro a gente constata que no Código velho, esse regra estava no 521 mais ou menos, mas por uma questão de lobby, no Código velho veio a se incluir uma regra que veio a se firmar no artigo 1523, que diz que os responsáveis indiretos, responsáveis pelo fato de terceiro só respondiam se provada sua culpa. O que no primeiro momento levou a uma situação de irresponsabilidade, porque para vítima ficava praticamente impossível demonstrar culpa. Então, vamos imaginar o pai em relação ao filho, patrão em relação ao empregado, eu não sei quais foram os critérios que o patrão utilizou para admitir o empregado, se eu não sei quais foram os critérios como eu posso dizer que ele errou na hora de escolhê-lo? Situação B: como eu posso falar que o pai errou na criação de seu filho se eu não faço a mínima idéia de como ele foi criado?. Então levou a uma situação de irresponsabilidade. 
No segundo momento houve uma situação de “presunção de culpa”. A idéia que a jurisprudência firmou, jogava a situação pra presunção de culpa, na idéia de que agente presume que o patrão errou na hora de contratar o empregado, a gente presume que o pai errou ao criar filho, porque se tivesse contratado bem ou criado bem não tinha acontecido o ilícito. Mas essa presunção em nenhum momento levou a inversão do ônus da prova, na idéia de que, o patrão que tinha que provar que acertou, que usou os critérios corretos ao escolher o seu funcionário, ou o pai tinha que provar que usou os meios adequados pra educação do filho. Após houve uma progressão: essa presunção passou a ser uma “presunção absoluta”, ao qual não cabia mais discussão. Veio a cominar no Código atual, 932 caput, que diz que a responsabilidade pelo fato de terceiro nas pessoas ali do 932 ela é OBJETIVA, ou seja, independe de comprovação da culpa. Esta é mais uma vantagem do art. 932.
Como dito, as hipóteses deste artigo não são taxativas e são de responsabilidade objetivas. Contudo, Para se responsabilizar pelo fato de terceiro fora do art. 932 deve-se constatar um dever e provar culpa.
Análise dos incisos do art. 932:
Art. 932 – São também responsáveis pela reparação civi:
Inciso I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
Trata-se da responsabilidade do pai em relação ao filho. O que a gente constata é o seguinte: o pai é responsável pelo filho, mas não é uma responsabilidade ad perpetua, o pai é responsável pelo filho enquanto estiver sobre sua autoridade, enquanto estiver em uma menoridade para efeitos legais. O pai responde pela conduta do filho. 
Requisitos:
1) Relação de paternidade (civil ou natural).
2) Autoridade: autoridade representada na idéia do poder familiar, pátrio poder. Então, enquanto ele detiver esse poder familiar sobre o filho, é dele a responsabilidade, o que o filho praticar de danoso quem responde é o pai. Se porventura eu estiver suspenso, ou perdido esse poder familiar, esse pátrio poder, é evidente que a gente não pode falar agora em responsabilidade do pai. Então se legalmente eu perdi o pátrio poder, está suspenso o pátrio poder não sou o responsável, então na suspensão ou na perda, a partir da perda eu já não repondo mais pelo dano. 
3) Companhia: Também vai responder pelo filho que tiver autoridade e o filho estar em sua companhia, o que implica, lógico, no dever de guarda. Pra se imaginar: Maurício casou com a Juliana. Tivemos um filho e nos separamos, a guarda ficou com a Juliana, eu tenho pátrio poder? Tenho, mas não tenho a guarda, o direito de guarda, a guarda pertence a Juliana. Nesse caso quem é que vai responder objetivamente na forma do artigo 932, inciso I se o menor praticar algum mal, algum ato ilícito? Objetivamente a Juliana. Por quê? Porque ela tem o pátrio poder e tem companhia legal, ela tem o direito e o dever de guarda sobre a criança. E o pai? O pai não está enquadrado no 932, inciso I, o que não significa entanto, que o pai não vai responder por nada, estou dizendo só que ele não é responsável objetivamente, ele pode ser responsável subjetivamente, porque ele embora ele não detenha a guarda, ele também detém o poder familiar, só não tem mais o direito de guarda, mas ele tem poder familiar sobre o menor.
Justificando: aqui, o dever de guarda significa dever de vigilância, estar cuidando, estar tomando conta, quem tem a guarda tem esse dever. Vamos imaginar a situação: você pegou seu filho, levou pra escolinha e foi trabalhar. Na escolinha a criança pegou uma pedra e deu uma pedrada em um transeunte que vem passando, posso responsabilizar os pais? Posso porque é o pai, se ele tem o poder familiar e o direito e dever de guarda a responsabilidade é dele objetivamente falando, não há desculpa pra isso. Uma vez dando essa aula um aluno me perguntou: quer dizer então que se eu levar pra escola ou deixar com a avó eu sou o responsável? Pra vítima é, você é o responsável. Quer dizer que eu tenho que ficar tomando conta 24 horas do meu filho? Sim. Isso porque até a Constituição de 67, havia-se uma noção de família que vinha desde os primórdios dahumanidade, baseado em: o Maurício casou com a Juliana, somos uma sociedade conjugal. Então uma das finalidades primordiais do casamento era a procriação, porque até então em 1950 quem transava antes do casamento era considerada prostituta. Então, a maternidade só poderia decorrer, de acordo com os costumes da sociedade, de uma relação de casamento, o casamento vinha pra viabilizar a procriação. O que a gente constava, por isso que o dote era muito comum, várias vezes o dote dava a noção clara da função social da mulher, a função social da mulher era naturalmente parideira, a única função da mulher era parir, não tinha outra função. Hoje a gente percebe que já não é mais uma finalidade essencial, vital para o casamento, vamos dizer: é uma finalidade secundária. Até então a Juliana era criada pra casar, ser boa esposa, parir e cuidar os filhos. Hoje a gente percebe que a função da mulher na sociedade ela mudou, hoje ela participa ativamente, hoje a mulher é criada para ser uma boa profissional (médica, advogada, etc.). 
Com isso eu quero chegar no seguinte: a maternidade é opção, ou voluntária ou involuntária, mas é opção e um risco. Se você optou por ter um filho, nada mais justo que você o eduque. Você tem a opção de educar seu filho, porque a partir do instante que você educou seu filho ele não vai te dar problemas, agora se você não criar seu filho você vai responder por isso, ou passar 24 horas cuidando dele.
Observações:
1) Maioridade cessa responsabilidade dos pais. Como dito, estava em sua autoridade e companhia, no caso havendo o rompimento do pátrio poder, rompe-se a responsabilidade do pai. Então isso é interessante a gente avaliar, principalmente porque tange a idéia de emancipação. A Juliana até os 18 anos, o que ela fez de errado, quem responde é o pai, 18 anos já é adulta, o pai pode ser responsável? Só se demonstrar culpa havendo uma situação onde ele não é mais objetivamente responsável.
2) Emancipação por casamento: a Juliana, 17 anos, casou, o casamento é forma de emancipação legal, então, a partir do instante que ela casou ela passa a ser maior, agente capaz, e como contingência disso, cessa a responsabilidade do pai. 
3) Emancipação voluntária: O que a doutrina e a jurisprudência têm acrescentado de diferente nesse contexto, é mais ou menos o seguinte: emancipação voluntária. Emancipação voluntária é aquela que os pais emancipam o filho, a partir dos 16 anos eles vão ao cartório e emancipam o filho pra ele já ser responsável por seus atos, o que a doutrina e jurisprudência dizem? A emancipação voluntária só isenta a responsabilidade dos pais se demonstrada que ela foi feita no interesse exclusivo do menor, foi antecipada. Porque tem entendido a doutrina e jurisprudência, que não seria justo, não seria lícito, os pais para retirar o peso de suas costas, emanciparem o filho para não terem que responder pelos seus atos. POR ISTO, VIA DE REGRA A EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE DOS PAIS, UMA VEZ QUE ESTE TIPO DE EMANCIPAÇÃO PODE SER USADA PARA PARA FRAUDAR A LEI, RETIRANDO A RESPONSABILIDADE DOS PAIS, ASSIM, COM A EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA, SÓ ISENTA OS PAIS DE RESPONSABILIDADE SE FICAR COMPROVADO QUE A EMANCIPAÇÃO SE DEU EXCLUSIVAMENTE NO INTERESSE DO MENOR.
 Ex.: admitamos que a Juliana recebeu uma herança do avô, empresas, fazenda, gado, dinheiro, ela é menor, como ela sempre foi criada com o avô, como ela sabe mexer com o gado, sabe mexer com a fazenda, para que ela possa administrar e tomar conta do seu patrimônio, a gente emancipa ela, para ela poder tomar cuidado e não ficar na dependência dos pais, até pode existir uma situação nesse contexto.
Situação B: o Felipe é um cara revoltado, é uma pessoa problemática, não respeita os pais, não tem noção de limite, e agora ele inventou que quer fazer cursinho em São Paulo e fazer direito na USP. Se aqui debaixo da minha asa eu não consigo controlar o Felipe, vive fazendo atrapalhadas uma atrás da outra, em São Paulo longe das minhas vistas vai ser muito pior. Qual a solução? Emancipação. E se ele fizer alguma besteira azar o dele, eu não tenho mais nada a ver com isso, e é exatamente isso que a jurisprudência, o juiz não tem aceitado, eu vou emancipar o Felipe não porque é para o bem dele, mas pensando direta ou indiretamente em excluir a minha responsabilidade, isso não teria como, não é legal, então mesmo que eu tenha emancipado, se o Felipe praticar um ato ilegal, o pai tem que responder.
Inciso II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
Para os tutores e curadores em relação aos tutelados e curatelados, analogicamente, aplica-se a mesma situação do inciso I, só que ao invés dos pais, também esse dever de autoridade e fiscalização recaindo sobre tutores em relação a menores, e curadores sobre os demais incapazes.
Inciso III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e preopostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
Os patrões ou comitentes em relação aos seus empregados ou prepostos. Vamos dizer que há direta ou indiretamente uma situação de representação, onde o patrão responde pelos atos do empregado, ou aquele que designar alguém para agir em seu nome, em relação aos atos desse seu preposto. Na forma do código velho, isso seria uma evolução se atentar a chamar culpa in eligendo (culpa na escolha), uma evolução da idéia de que a partir do instante que você opta que alguém vai fazer o trabalho no seu lugar, você responde pela opção que você fez. Se eu vou designar um empregado pra exercer determinada atividade no meu lugar, se ele fizer uma bobagem quem responde sou eu, porque eu errei pessoalmente. Ou por relação ao preposto, eu podia ter feito, mas como eu mandei alguém pra agir em meu nome, fazer no meu nome, eu respondo. 
Há de se entender o seguinte: em relação a esse inciso III, o que a gente vislumbra, o Código diz que o patrão ou comitente em relação ao empregado ou preposto, ela existe ou ela se situa na idéia do que? A responsabilidade aí ocorre se o ato danoso advém desse responsável direto no exercício da atividade para o qual foi nomeado, ou em razão dele. 
EXERCÍCIO DA ATIVIDADE: No exercício, cumprindo aquilo para o qual foi nomeado. Ex.: contratei o Tiago que está com capacete pra ser entregador de pizza, então eu coloco ele pra entregar pizza, e tem os pedidos, ele vai entregar, cruza o sinal vermelho e bate num carro, para o dono do carro quem responde? Você (Tiago) é o causador direto, e eu (Maurício) o responsável indireto, por quê? Porque ele causou o acidente no exercício da atividade, ele não entrega pizza? Ele não bateu a moto indo ou voltando da entrega da pizza? Mais eu não o mandei cruzar o sinal vermelho, mas foi você que escolheu o Tiago, então se ele indo levar a pizza ou voltando causa-se um acidente, estaria ligado ao exercício da atividade, ele bateu porque dirigindo de moto indo entregar a pizza, ou voltando da entrega da pizza. ASSIM ESTA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO. NO ENTANTO NESTE INCISO A RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR É SEMPRE INDIRETA. 
Situação B: O Tiago tem que entregar a pizza aqui na sala do terceiro B, enquanto ele entregava a pizza ele viu o Felipe, seu desafeto, e aproveitou e deu um tiro no Felipe, quem responde? Só o Tiago. Por quê? Porque não tem nada a ver com a atividade, não foi nem entregando pizza, e nem na execução do serviço, ele simplesmente praticou o ato.
 EM RAZÃO DELE (atividade): o Código também diz que eu sou responsável em razão do meu funcionário, se ele pratica o ato em razão da atividade. Em razão da atividade a gente poderia colocar mais ou menos a idéia do que? De imaginar que ele foi facilitado. Se não fosse a função não teria praticado, então não foi pelo exercício, não é isso o que ocorre aqui, mas ele é facilitado, só é permitido que aquilo ocorra porque exerce a condição típica de empregado. 
Situação: Se o Felipe for à secretaria vão deixar ele mexer nas notas da Juliana? Não. Se eu for à secretaria vão me deixar eu mexer no computador e nas notasda Juliana? Vão. Eu posso alterar as notas da Juliana? Se for a meu critério eu poderia. A situação é a seguinte: eu passei uma cantada na Juliana e ela me deu um corte, me deu um não, por causa disso eu vou ferrar ela. Aí eu vou lá e vou dar três em tudo, três em penal, três em processo, tudo quanto é nota que ela tiver eu vou abaixar tudo pra três. Se eu for à secretaria vão me deixar usar o computador? Vão me deixar ter acesso as notas e eu vou poder mexer nas notas? Vão. O que não tem nada a ver com a minha atividade, porque eu estou indo lá por um motivo diferente, só vão permitir que eu tenha acesso e possa a fazer isso por quê? Porque eu sou professor. Então não foi no exercício, isso não faz parte das minhas atividades, a faculdade não me mandou fazer isso, mas eu sou facilitado pela função que eu exerço, eu sou professor e eu posso mexer nas notas.
Houve situação que eu achei interessante alguns anos atrás, que foi o seguinte: o sujeito era segurança do shopping, e após seu horário de expediente ele estava saindo do shopping armado, e os seguranças do shopping sabiam que ele estava saindo armado. Durante uma discussão no estacionamento por causa de uma vaga, ele deu um tiro e matou um cliente do shopping. Posso responsabilizar o shopping? Digo quanto ao exercício da função que seja diferente de, por ex., um policial, durante uma batida, uma blits disparasse um tiro e matasse alguém. Teve aquele caso bem antigo em que um policial durante uma blits discutiu com um cara, o cara indo embora o policial pegou a arma, deu um tiro e matou o cara, foi no exercício, ele estava a serviço e tal, ele estava fazendo uma blits, mas no exercício ele acabou excedendo e acabou matando alguém. Mas a gente imagina o seguinte, se ele pratica o ato, tipo assim: chega um bombeiro e diz que estão tendo um problema, houve um tremor de terra e as estruturas de algumas casas estão abaladas, e eles estão fazendo uma fiscalização na área pra ver se há algum risco de desabamento de alguma casa. Se você forem lá ele não vai deixar entrar. Mas por que deixa o bombeiro? Porque ele é bombeiro. Nem que ele não esteja lá em horário de serviço, nem fardado, mas ele só vai poder entrar porque ele é bombeiro. 
Situação dois: vai lá um funcionário da telefônica e diz:UHH nós estamos com alguns problemas em algumas casas que em algumas ligações elas estão cruzadas, então as ligações da senhora podem ter sido ouvidas por outras pessoas ou estarem grampeadas, e a gente está fazendo fiscalização nos pontos pra poder verificar o porquê desse problema, ela deixaria o funcionário da telefônica entrar? Deixaria. 
Voltando ao exemplo do segurança: Por quê que esse cara estava andando armado no shopping? Porque ele era segurança e todo mundo sabia que ele estava saindo do serviço e porque é segurança pode andar armado. Então permitiam e ponderavam porque ele segurança, se fosse qualquer outra pessoa que sabe que está armado teria sido preso. Só pode praticar o ato porque estava facilitado pela sua função, e é o que o Código diz, ou no exercício, fazendo aquilo para o qual foi contratado, ou facilitado por isso. 
Aquela história lá do motoboy em São Paulo que pegava as menininhas estuprava e matava. Por que nunca quiseram processar o patrão? Porque nunca foi no exercício, ele era motoboy e fazia entregas de pacotes, não era moto-táxi. Então seria diferente, você vai montar na moto de qualquer cara que vocês desconhece? Se fosse um moto-táxi que você tivesse ligado, você liga e chama o moto-táxi, você sairia com ele? Você nunca viu a cara, mas mesmo assim você montaria. Por que? Porque está na função. E se ele para no meio do mato estupra e mata? Só foi permitido e facilitado porque ele está na função de moto-táxi. Agora o motoboy, fazia entrega de pacotes, ele nunca cometeu o crime no exercício, e nem facilitado por ele. E ele dizia pra moças o que? Que ele era fotógrafo, você é linda vamos fazer umas fotos e não sei o que, vamos lá. Seria diferente se ele fosse mesmo fotógrafo, se ele fosse fotógrafo da Editora Abril. Você é uma moça bonita, vamos lá comigo tirar umas fotos de repente você aparece na Playboy. Aí você até poderia ir. Se ele fosse lá te estuprasse e matasse, haveria responsabilidade da Editora? Até haveria, porque eu só consegui aquilo porque eu fui facilitado pela minha função, ISTO SE EFETIVAMENTE FOSSE. 
Neste caso, assim como nos outros deste artigo, não interessa se o sujeito agiu com culpa ou não, a responsabilidade é objetiva (o indivíduo responderá por sua escolha). Portanto, se escolho alguém para agir em meu nome e este alguém comete um ato ilícito, eu sou obrigado a reparar, desde que o ato tenha sido praticado no “exercício daquilo pelo qual foi nomeado ou em razão dele”. 
* Observação: lembrem-se que o que fora dito se aplica à uma responsabilidade objetiva, contudo, não exclui eventual responsabilidade subjetiva. Responsabilidade subjetiva em que contexto? Se puder provar culpa do empregador (ainda que fora do exercício da atividade), ele eventualmente também poderia vir a ser responsável. Repetindo: essa responsabilidade que nós estamos tratando é a responsabilidade objetiva, no exercício da atividade ou facilitado em razão da atividade, não exclui eventualmente uma responsabilidade subjetiva em razão da culpa, ou seja, não sendo no exercício da função ou fora da atividade em que de repente decorresse uma situação onde você teria essa facilitação.
Representação legal e Representação convencional: pegar
	Inciso IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
Hotéis, Pensões, Motéis, Hospedagens, enfim, onde se receba por dinheiro em razão de seus hóspedes. Vale a mesma regra em relação às escolas (estabelecimentos de ensino) em relação aos seus educandos. Então, se algum ato ilícito é praticado pelo hóspede, na condição de hóspede, quem responde para a vítima é também o hotel (motel, etc.). Se algum ato é praticado por aluno durante o período de aulas, dentro do estabelecimento, em relação à vítima quem responde é também a escola. Nestes casos a gente poderia processar tanto o responsável direto, no caso do primeiro exemplo o hóspede, como também o responsável indireto – hotel.
*Observações:
1) A gente tem que observar pressupostos para o enquadramento do ato neste inciso. Tal pressuposto é que se “receba por dinheiro” (obs.: a expressão usada pelo CC é “albergue por dinheiro”). Portanto, tanto faz tratar-se de um hotel, quanto de um motel, ou mesmo estabelecimentos de ensino, mas necessariamente têm que ser pagos, pois se fossem gratuitos não se enquadrariam nesta situação. Ex.: “Recebo alguém gratuitamente em minha casa. Se esta pessoa vier a causar algum ato ilícito, a minha responsabilidade será nula. Mas se eu, p. ex, moro na praia e alugo um quarto à um conhecido meu e este pratica um ato ilícito, eu também serei responsável pelos prejuízos. O mesmo ocorre em relação aos estabelecimentos de ensino – se tiver recebido gratuitamente, não há falar-se em responsabilidade. Vamos supor que alguém resolva fazer um ato de solidariedade e resolva alfabetizar o pessoal de um bairro pobre da cidade (ato voluntário) – não há responsabilidade pelos atos dos educandos. Agora, se esta pessoa cobrar, ela será responsável pelos alunos”.
2) “Escolas Públicas”. A não ser que estivermos diante de uma situação do tipo “amigos da escola” (ato voluntário), as escolas públicas respondem pelos atos de seus alunos. Justificativa: escolas públicas são pagas (professores recebem, diretores, enfim, todos os funcionários recebem. Ademais, nós pagamos através dos impostos).
Nada impede que haja uma situação que possa haver uma responsabilidade da escola como também não exclui a responsabilidade do pai em relação ao filho, na escola ele ainda continua sendo filho do pai. A vítima pode então escolher quem ele quer acionar.
3) “Instituições de Ensino Superior”. Faculdades, Universidades, etc. Entende a doutrinae a jurisprudência se posiciona neste sentido que os estabelecimentos de ensino superior não se enquadram na hipótese do inciso IV. A justificativa é que os alunos que cursam ensino superior já possuem idade e inteligência o suficiente para saber o que é certo e o que é errado e não compete à faculdade tomar conta destes. Portanto, não haveria necessidade de vigilância constante, assim como é necessário se ter nas outras instituições de ensino, até pela própria função social destas últimas, qual seja, educação, formar capacidade intelectual e moral dos alunos, e nas instituições de ensino superior não, nestas a única finalidade é ensinar uma profissão.
* Mas porque este entendimento se estende apenas às instituições de ensino superior? Qual a justificativa de, p. ex, em um motel haver a responsabilidade por este inciso já que a entrada é permitida apenas à maiores de idade?
Como dito, não se aplica aos estabelecimentos de ensino superior porque os alunos já possuem idade e INTELIGÊNCIA o suficiente para entender o que é certo e o que é errado. A maioridade não significa nada para muitas pessoas que embora completaram 18 anos não possuem capacidade para compreender certas coisas, já que muitos não têm a oportunidade de estudar, ler jornais, revistas, internet, ou seja, não possuem a mesma capacidade intelectual de uma pessoa que esta cursando ensino superior. Estes obrigatoriamente passaram pelos 1º e 2º graus, vestibular e agora cursam faculdade. Concluindo: as pessoas que cursam uma faculdade possuem capacidade intelectual muito melhor que a maioria da população, que possuem livre acesso à hotéis, motéis, etc.
 Isso não quer dizer que os estabelecimentos de ensino superior não tenham responsabilidade! Eles possuem, mas não a do inciso IV, ou seja, não têm responsabilidade objetiva, contudo, possuem responsabilidade subjetiva (tem que comprovar a culpa). Ex.: “Trote”. Se a faculdade verifica que podem ocorrer trotes violentos contra calouros nos limites de sua propriedade, o que esta tem que fazer? Impedir, colocando seguranças, etc., isto é, não pode ser omissa, dado ao fato de que poderia ser responsabilizada. Para tanto, há que se provar a culpa da instituição (no caso do exemplo, tem que se provar a omissão).
Inciso V - os que ,, houverem participado nos produtos do crime, até a correspondente quantia.
	Diz respeito a responsabilidade daqueles que gratuitamente concorreram para o produto do crime. Estas pessoas são responsáveis até o limite daquilo que se beneficiaram. Ex.: “Três indivíduos (A e B) resolvem assaltar uma joalheria. ‘A’ doa um relógio do crime para seu amigo, que sabe do crime realizado. ‘B’ faz o mesmo e doa uma corrente à uma amiga, contudo a pessoa para quem ele doou não sabe do crime. O que o CC diz? Neste caso, pouco importa se o indivíduo sabe ou não que o bem é de origem criminosa, pois os dois (A e B) em relação à vítima (joalheria) vão responder de forma indireta (por óbvio, de forma direta vão responder aqueles que praticaram o crime) até o limite em que foram beneficiados ( vai poder ser cobrado de A o relógio e de B a corrente)”.
	Justificativa: Na lógica do legislador, se a gente parar para imaginar, quem tenha participado gratuitamente, na pior das hipóteses, respondendo pelo produto do crime, não perderá nada. Por isso que o CC diz que eles respondem, pois não perdem nada, pouco importando se sabiam ou não do crime. 
	E quem concorre de forma onerosa?
Quem concorre de forma gratuita não perde nada, agora quem concorre de forma onerosa não, por isso que o legislador tenta proteger o terceiro de boa fé. Se alguém compra uma jóia se saber (e não tinha como saber) que era de origem criminosa, tem que se proteger este terceiro.
	Ex.: “A comprou uma corrente de ouro por 50 reais e B comprou por 800 uma jóia que vale mil reais de um indivíduo. ‘B’ está de boa fé, pois não sabe e nem tinha como saber que a jóia era produto de crime, pois pagou um valor muito próximo do real, por isso ele será tutelado (terceiro de boa fé).‘A’ certamente sabe que é produto de crime ou deveria ao menos saber, haja vista que pagou por uma peça um valor muito aquém do real. Portanto, ele está de má fé – culpa! Desta feita, ela responderá até o limite daquilo que ela se beneficiou (responsabilidade subjetiva – agiu com culpa!)”. 
	Assim, quem participa gratuitamente responde objetivamente pelo que se beneficiou e quem participa onerosamente somente responde se provada a culpa (responsabilidade subjetiva). 
REGRESSO
	Em relação à vítima, os responsáveis diretos e indiretos são solidariamente responsáveis. Portanto, a vítima pode acionar tanto o responsável direto, quanto o indireto, ou ainda, se preferir, poderá acionar ambos.
	 Resolvida a questão externa, ou seja, resolvida a questão entre os responsáveis diretos e indiretos em relação à vítima, como fica a relação interna (relação entre os próprios responsáveis)?
	Art. 934 CC – “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz”.
	Quando o responsável indireto repara o dano, este poderá regressar contra o responsável direto (causador do dano).
	 Quanto?	Poderá ser cobrado no regresso, via de regra, tudo o que foi desembolsado para ressarcir o dano (100%).
	 Pode ocorrer o inverso? Ou seja, pode o responsável indireto regressar contra o direto? 
Por óbvio não. Deverá arcar com a reparação do dano aquele que o causou o dano diretamente. Mas porque então o responsável direto também responde? Como fora dito, ambos são solidariamente responsáveis em relação à vítima! A idéia do legislador foi fazer com que a vítima tenha mais garantias para ter o seu dano reparado e, no final das contas, quem vai ter que arcar com o prejuízo é o causador do dano (responsável direto), nem que seja via regresso.
*Art. 934 CC – “...SALVO se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz” – EXCEÇÃO.
	Não poderá haver regresso se o responsável direto for descendente do responsável indireto, absoluta ou relativamente incapaz (obs.: Inovação em relação ao CC velho. Este proibia o regresso contra descendente. Com o CC novo, não basta o agente ser descendente, tem que ser também incapaz).
	Ex.: “Meu filho causa um dano a outrem e eu reparo tal dano. Eu não poderei regressar contra o meu filho”. “O avô tutor ou curador de uma pessoa repara um dano causado por este. Ele também não poderá regressar contra o neto. E se o tio for tutor? No caso do tio, assim como os demais colaterais, poderá regressar, haja vista que não é ascendente do causador do dano”.
	Questão:
	 Este regra poderia gerar uma situação de injustiça. Ex.: “’A’ possui 17 e te um irmão (‘B’) de 20 anos. Este último é responsável, cursa faculdade, faz estágio, não bebe, não fuma, etc. ‘A’ vai à um baile e bebe bebida alcoólica. No final do baile esta pessoa pega o carro de alguém para dirigir e acaba colidindo com diversos carros. Como vimos, o pai terá que reparar o dano causado por ‘A’. O pai que possuía um patrimônio de aproximadamente 1 milhão de reais teve que desembolsar 500 mil reais pelos danos. Esta formulação acabará prejudicando o irmão, que sempre se comportou bem, pois o patrimônio que iria receber via sucessão reduziu em metade”.
	Solução apresentada pelo CC COLAÇÃO. Esses valores que o pai teve que gastar em indenizações de atos ilícitos, o herdeiro inocente poderia chamar de volta à colação. Então, no caso do exemplo acima, já que quando o pai morreu somente possuía 500 mil de patrimônio, 250 mil seria de ‘A’ e 250 mil seria de ‘B’. Mas, ‘B’ pode fazer com que os 500 mil que foram gastos com indenização volte à colação, ou seja, 500 mil para cada um (‘A’ não receberá, pois já os recebeu quando o pai teve que indenizar).	Portanto, uma forma de se fazer um acerto é através do instituto da colação! 
Sed o causador direto paga, esta não tem direito de regresso contra o responsável, diferentemente, se o reponsável paga, tem direito deregresso ao causador direito do dano em 100%, exceto se o causador direito for seu descendente absoluta ou relativamente incapaz, v.g, pai e filho, avô e neto (uma vez que é descendente).
Neste caso, como o pai paga (indeniza) em virtude de um ato ilícito de um dos filhos, e não pode haver o regresso, por óbvil ocorre uma diminuição do patrimônio do pai, este fato, de per si, causa um prejuízo aos demais herdeiros na questão sucessória. PORTANTO, NESTE CASO, ASSIM COMO NA DOAÇÃO,PODE SER INVOCADO A COLAÇÃO, CONSIDERANDO ESTE VALOR COMO ADIANTAMENTO DE HERANÇA.
EXEMPLO DE ORDEM DE REGRESSO: quem paga o que para quem/
 A criança menor, causa um dano na escola, causa dano a uma vítima. Para a vítima pouco importa, uma vez que pode pedir indenizção ao pai, a mãe e para a escola pois são solidários. Desta forma, nos parece que a culpa toda é da escola, vejamos: Inicialmente, filho é filho em qualquer lugar, portanto até parece que o dever é dos pais, no entanto, neste caso ocorreu a quebra de um contrato celebrado pela escola, o qual previa que, no período de aula, a escola seria responsável pelo menor, portanto, cabe aos pais, ingressar contra a escola.
 
RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DA COISA
	Neste caso, o agente responde pelas coisas que lhe pertence, uma vez que todas as coisas que possuímos, são por nossa opção.
 Para melhor compreensão, vamos imaginar as seguintes hipóteses: “Se você tivesse uma criança em casa, você deixaria uma faca sobre o sofá? Você deixaria uma faca na gaveta da cozinha? Você deixaria uma folha de papel na sala? Você deixaria um revólver na gaveta da cozinha? Facas eventualmente podem ferir. Agora, a arma só existe uma função – matar. Você até poderia deixar a faca na gaveta da cozinha, mas o revólver não”. Eu estou falando isso para que vocês entendam que todo e qualquer objeto possui um “risco inerente” também denominado de “risco natural”. “Papel pode ferir? Eventualmente pode, mas é muito mais difícil de ferir do que com uma faca e muito mais ainda do que um revólver, que é muito mais perigoso”. 
A idéia do CC é que para alguém ter algo, tudo é questão de opção e agente tem que pagar por nossas escolhas. Segundo ponto: já que você possui um bem, o que se espera que você faça? Cuide deste bem. Já que você escolheu ter, então você que cuide da coisa e se responsabilize por ela. Cada objeto tem um potencial de perigo diferente. Por isso que agente aceita que você deixe um papel sobre o sofá, mas jamais uma faca. A faca exige um cuidado muito maior do que com um pedaço de papel. 
Quanto mais perigoso o objeto, maior a proteção que deve ser dispensada. Guardei minha arma sobre o armário. Está bem guardado? Parece que não. Guardei na minha gaveta de roupas, está bem guardada? Também não. Por sua periculosidade, a arma necessita de um cuidado especial. É isso que a gente tem que ponderar.
DESTA FORMA, SE A COISA DE SUA PROPRIEDADE TIVER POTENCIAL LESIVO, POR ELA SERÁ RESPONSÁVEL. Parece até então, uma responsabilidade objetiva, no entanto não é, uma vez que todo objeto possui um potencial lesivo, de forma que, A RESPONSABILIDADE CIVIL DIZ QUE, SE A COISA FOR USADA INDEVIDAMENTE, SUA SERÁ A RESPONSABILIDADE, MAS INVERTIDO O ONUS DA PROVA, ou seja, somente será responsabilizado se infringir o dever de cuidado. 
Alguns autores dizem que a responsabilidade é objetiva se a coisa for usada para um ato ilícito. Parece mais lógico dizer que a responsabilidade é subjetiva com presunção de culpa. Você, a princípio, responderá, a não ser que você prove que guardou com o cuidado preciso em razão do objeto. 
Tem um julgado que é extremamente interessante – caso concreto: Furtaram um carro de alguém. Ao fugir ele atropelou uma senhora. Tal senhora processou o dono do carro. Ele deverá responder? Depende. Como é que furtaram o carro? Fora guardado com o cuidado preciso? Ex: Eu estacionei o meu carro no estacionamento da Toledo e o deixei trancando e com o alarme acionado. Mesmo assim o ladrão o furtou. Eu respondo? Não, pois agi com o cuidado preciso. Agora, se o agente deixa o seu carro aberto, com as chaves no contado (como ocorreu o caso em concreto), ele não agiu com o cuidado devido. O julgado entendeu que ele deverá responder, haja vista que não dispensou ao carro o cuidado devido (o carro é um objeto perigoso).
E o caso do pai que, mesmo negando, o filho (maior) pega o carro escondido e causa dano, o pai pode ser responsabilizado, neste caso, é importante analizar o caso concreto, e parece-nos que o pai seria responsável sim, vejamos: o pai conhece o filho e, deixando a chave em um local de fácil acesso, sabia que o filho, QUE MORA COM ELE, poderia pegar o carro e sair, portanto, acabou por infringir o dever de cuidado, devendo ser responsabilizado. 
FUNDAMENTO LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO DE COISA
Se for procurado no CC uma regra específica, não encontraremos nada sobre esta responsabilidade. Trata-se de uma construção doutrinária. Nós temos no CC sobre a responsabilidade da coisa apenas duas regras voltadas à questão de edificação. 
Logo essa responsabilidade é subjetiva com presunção de culpa. O cuidado preciso é proporcional ao potencial danoso.
 - Art. 937 do CC “O dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”.
Obs.: - Edifício = edificação pronta;
 - Construção = edificação em obra.
 - Ruína = parte ou o todo do edifício ou construção que cai. Ex.: reboque que solta da parede.	
	O dono do edifício ou construção responde pela ruína se esta decorre da falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Devemos entender o seguinte: Se ruiu é porque precisava de reparos! Tanto precisava de reparos que ruiu. O que somente seria possível ao dono alegar é que a ruína se deu, não pela falta de reparos, mas de uma situação fortuita (situação externa). Ex.: “A parede da sala desaba sobre o Tiago. A princípio quem é o responsável? A Toledo. Suponhamos que uma pessoa tenha trombado com o carro na parede e a derrubado sobre ele. Neste caso a Toledo poderia ter excluída a sua responsabilidade – não foi por falta de reparos”.
	Portanto, a culpa exclusiva de terceiros, o caso fortuito ou a força maior poderia excluir a responsabilidade.
	Questão: Vamos supor que eu tenha colocado a minha filha na escola da Juliana. A minha filha atirou um brinquedo para fora e acertou o Tiago que estava passando de moto pela rua. Ele caiu da moto, machucou-se e teve sua moto deteriorada. Quem é o responsável direto? A minha filha. E o responsável indireto? Eu (pai) e a escola da Juliana.
- RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DA COISA (continuação)
Na aula passada a gente começou a falar sobre a idéia de responsabilidade pelo fato da coisa, e nós adiantamos que todo e qualquer objeto tem um risco que a gente pode chamar de risco natural, risco inerente, alguns maiores, alguns são menores, mas todo objeto vai transferir esse risco. O que eu disse pra vocês? Primeiro, ter ou não ter objeto são opções. Opções individuais e cada um tem a sua, você pode ter ou não ter um carro, ter a moto ou não ter a moto, cada um tem as opções que acha mais adequada. Agora, o que nós também apuramos na aula passada? Nós apuramos mais ou menos o seguinte: nós consideramos que, não é justo, não é correto que você trate todas as coisas de forma igual, porque todas os objetos não são iguais, em potencial no que diz respeito a sua potencialidade e o seu perigo. Dentro disso nos falamos sobre a situação em que você até deixaria eventualmente uma folha de papel, uma folha de mercado, um folder, aspecto de loja jogado no sofá da sala, mas a gente já não aceita que você deixe jogada uma faca. A gente aceita que você guarde a faca na gaveta da cozinha, mas não aceite que você guarde o revólver na gaveta da cozinha. E cada um deles tem um grau em potencial de risco, perigo, e cada um deles merece a cautela proporcional a esse risco que ele causa, desse modo o que nós maisou menos pensamos? Nós dissemos que se por ventura o seu objeto foi utilizado por um objeto que leva a um dano, via de regra, a responsabilidade é sua, salvo se você provar que guardava com o cuidado preciso, ou seja, guardava com a cautela que merecia o objeto em razão do perigo que ele representava. 
Tanto que eu disse pra vocês, há algumas decisões que são interessantes, tipo: furtaram um carro e o ladrão em fuga acabou atropelando uma pessoa, o dono do carro teve que pagar. Justificativa: o carro não estava guardado com o cuidado preciso, e a situação dele ser furtado foi facilitada porque você largou em uma condição oportuna pra que isso acontecesse (ex.: deixar a chave no contato, deixar a porta destravada, etc.).
Vamos trabalhar com essa sistemática, isto é, a princípio vários autores falam em responsabilidade objetiva, que esta seria uma responsabilidade objetiva quanto a coisa. Segundo o professor, tal responsabilidade seria muito mais subjetiva com presunção de culpa. A gente admite que você posa provar que guardava sua coisa com o cuidado preciso, ou seja, que eu tomei as cautelas pra guardar aquilo que me pertencia, que eu não errei, eu não agi com culpa, então seria mais uma noção subjetiva. Entretanto, responsabilidade civil pelo fato da coisa, ele não tem uma regra nesse contexto dentro do Código, na verdade nós só temos duas regras lógicas que falam sobre responsabilidade pelo fato da coisa, que estão mais ligadas a questão de edificações.
 Art. 937 – “O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”.
1ª Regra. O art. 937 apresenta a responsabilidade do dono do edifício ou construção - leia-se o dono do imóvel. Edifício são paredes, telhado, etc, já realizadas. Construção é a obra em realização, está em construção, ainda não foi acabada, mas o edifício a que ele se refere é essa edificação já acabada. Se fosse um galpão, as pilastras e a cobertura já são suficientes pra caracterizar o edifício. Então ou ele já está pronto, ou ele está sendo montado. O dono do edifício ou construção responde pelos danos causados pela sua RUÍNA. 
De que se trata essa ruína?
 A ruína diz respeito a parte ou todo do edifício que cai. Então ou o edifício desaba, ou parte do edifício desprende e cai. Ex.: telhas que se desprendem e cai, parte do reboco que cai, etc. Em Maringá tinha um prédio que era todo pastilhado, e ele estava soltando. Tinha um toldo de uma loja embaixo que estava todo perfurado, então do jeito que caía ele já perfurava, caía sobre os carros que estavam estacionados, nunca caiu sobre ninguém, mas isso é a idéia de ruína. Poderia ser ruína então, uma luminária que cai, poderia ser ruína um ar condicionado que desprende, porque faz parte do edifício, faz parte da construção porque foi agregado. 
Diz o Código: o dono do edifício ou construção é responsável pelos danos provocados pela ruína, desde que essa ruína seja decorrente da falta de reparos cuja necessidade fosse manifesta. E é assim uma situação interessante, então não é o fato de simplesmente ruir, é ruir pela falta de reparos, falta de consertos, cuja necessidade fosse manifesta. 
Quando a gente vai avaliar necessidade manifesta?
Vamos imaginar que esse ar condicionado aqui se desprenda e caia, ou essa luminária se desprende e cai, ou está caixa de som se desprende e cai. Nas três hipóteses, quando é que nós vamos mandar poder processar a Toledo? Você percebeu que tem uma rachadura na parede em baixo do ar condicionado? Normalmente essas rachaduras de ordem diagonal são problemas de estrutura. Quando é na horizontal, normalmente é problema de acabamento, você não espera o cimento assentar, aí você vem e já faz o reboco, mas quando é na diagonal é problema de estrutura, e a rachadura começa exatamente no buraco aonde quiseram colocar o ar. Em quais hipóteses a Toledo é responsável? Na realidade, o grande problema que (esse dispositivo é basicamente a mesma coisa que havia no Código velho) trás é que se a gente imaginasse: depois que ruiu é lógico que a aparência nunca vai ser boa, houve alguma coisa que rompeu, caiu, quebrou. Então vai haver uma aparência de desastre, e muitas vezes a prova é complicada, porque a prova pericial logo de cara, se feita logo após o fato ocorrer é impossível verificar se efetivamente houve ou havia necessidade anterior.
 Em razão disso, o que se tem adotado é um critério que já vem sendo utilizado há uns quarenta. Ele dizia assim: se ruiu é porque precisava de reparos. Como a gente falou, alguma coisa está errada, se ruiu precisava de reparos, tanto precisava de reparos que ruiu, se não precisasse de reparos e estivesse tudo certo não tinha ruído, se caiu, se ruiu é porque algum problema existia. Então haveria uma “presunção da responsabilidade do dono”. Toda vez que houvesse a ruína, nós presumiríamos que alguma coisa estava errada. Competiria ao dono a prova que o fato foi decorrência de um fator externo que não a falta de reparos. 
Ex. Eu tinha feito um pacote, estava mandando via área até que o airbus bateu num prédio e caiu em cima do meu pacote. Eu vou processar a Tam porque a laje caiu em cima do meu pacote e estragou aquilo que eu estava mandando. Evidentemente vai ser demonstrado que a queda da laje não foi problema estrutural, não foi problema do edifício, a queda da laje foi por conta do acidente do airbus. Deste modo, se for demonstrado o dono isenta-se de responsabilidade, se não for demonstrado seria o responsável.
 Outro ex.: Uma senhora foi se esconder da chuva e entrou em um prédio alugado para a agência dos correios. Ela entrou no prédio e em razão da chuva o prédio desabou, matando-a juntamente com dois funcionários. Discussão: até que ponto haveria responsabilidade do dono do prédio? Porque a alegação que se fez foi a seguinte: De fato, naquele ano choveu demais, choveu um absurdo em toda região sul, passou praticamente 40, 45 dias chovendo. Todas as estradas estavam tudo esburacadas por causa do excesso de chuva. Esse prédio ficava em Santa Catarina. Lá o terreno é muito acidentado, tudo fica no meio de morro, então são morros e a cidade está lá no meio, e essa agência do correio ficava bem no pé do morro. O excesso de chuva caia água abaixo, e por uma convergência de terreno todo esse excesso de chuva, que não era absorvido pela terra, acabava convergindo no mesmo ponto, e formava praticamente um rio, e desaguava bem no meio da parede do prédio, e em decorrência desse excesso de água a parede não suportou mais a pressão e desabou. Haveria responsabilidade do dono do prédio? Nessa situação específica com essas características não, ele pode provar que com esse excesso de chuva e a canalização em cima da parede que acabou gerando isso como conseqüência, e não foi nem uma chuva, foram 40 dias de chuva castigando, jorrando direto aquela água ali, e não tinha o que fazer, não tem como contornar essa situação, não tinha como fazer essa paralisação. Todavia, competiria a ele fazer essa demonstração, e isso tudo foi apurado.
Art. 938 – “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que de que caírem ou forem lançadas em lugar indevido”.
2ª Regra. Este artigo diz respeito a coisas que não são mais integrantes do imóvel, mas objetos sólidos ou líquidos que são atirados ou derrubados. Um vaso derrubado, lata de cerveja, casca de banana, sólidos ou líquidos. A quem pertence à responsabilidade se esses objetos são atirados ou que são derrubados vier causar dano? Pelo que diz o 938, pertencem ao morador, não está ligado então a propriedade, está ligado ao morador, aquele que habitar no todo ou em parte o edifício é responsável pelos objetos que caírem ou forem atirados. Porque morador? Porque o morador ou ele atirou, ou ele sabe quem atirou, porque dentro da casa dele só está quem ele permite. Assim eu aciono o morador e se ele souber quem foi ele regressa contra quem tenha praticado diretamente o ato.
 Em um condomínio de apartamentos, condomíniovertical, se um objeto foi atirado ou derrubado a quem pertence à responsabilidade? A todo o condomínio. O Código diz aquele que habitar no todo ou em parte - então todos podem ser acionados. Deste modo, para a vítima, paga o condomínio, depois eles se acertam entre eles. Há algumas decisões que admitiram nessa história do acertam entre eles, principalmente entendendo que dentro da relação de condomínio poderia ser limitado isso daí, por ex., se porventura a gente sabe quem é que causou o ilícito, o condomínio poderia ir direto nessa pessoa. Contudo, para vítima quem paga é o condomínio, em regresso a gente poderia regressar eu sei que foi o Tiago, então o condomínio paga e depois regressa contra o Tiago.
PARA A VÍTIMA NÃO HÁ DISCUSSÃO, TODO O PRÉDIO É RESPONSÁVEL.
NO ENTANTO, NO REGRESSO (E TÃO SOMENTE NO REGRESSO, OU SEJA, NA RELAÇÃO INTERNA) CONTRA O CAUSADOR, EM DECORRENCIA DE JURISPRUDENCIA, PODE SE SE EXCLUIR AS PESSOAS QUE COMPROVAREM QUE SERIA IMPOSSÍVEL DE CAUSAR O DANO: se o morador possa provar impossibilidade dele mesmo ter praticado o ilícito, excluir-se dessa partilha do condomínio. Por ex. Eu tive um problema num prédio, e durante um período que choveu muito também a tubulação não conseguiu dispensar toda a água, e em conseqüência da água se acumulando nas calhas, como ela não conseguiu descer pela tubulação ela desembocou para dentro, acabou parando dentro do prédio e empoçou a laje, e apesar de ter sido passado um produto para impermeabilizar ela não suportou aquele excesso de água. Tinha praticamente uns 20 cm de água. Então ela acabou absorvendo e a minha sala que ficava no último andar, chovia mais lá dentro do que do lado de fora. Quando deu uma secada a gente foi ver o que tinha acontecido, a calha não deu conta, porque as saídas d’água estavam entupidas, entupidas porque tinham lá, sacos plásticos, latas de cerveja, casca de banana, camisinha usada, etc. Do lado do meu prédio tem um prédio residencial, nesse caso considerando que a minha sala é no sexto andar, na hora de acionar a gente poderia acionar o condomínio como um todo, mas na hora de partilhar quem seria responsável? Do sétimo pra cima. Por que do sétimo pra cima? Porque como a minha fica no sexto, quem está no sexto se jogar vai pra baixo, mas do sétimo pra cima quem jogar pode cair pra dentro do telhado, o que previsível, se você está do sétimo pra cima ia jogando e ia acumulando em cima do telhado, e foi esse fator que acabou sendo utilizado. Então caracterizado que não há como determinadas pessoas terem praticado o ilícito, elas poderiam ser excluídas.
Aconteceu uma situação dessas onde foi excluída a parte de trás do condomínio. Em um condomínio de apartamentos, quatro apartamentos, dois na frente e dois no fundo, alguma coisa foi atirada, pegou em alguém na rua, as pessoas que moravam na parte do fundo do prédio pediram pra ser excluídas, porque elas não poderiam ter atirado. O prédio não tinha playground e nem salão de festas, então não havia um lugar onde todo mundo poderia estar naquele instante, só poderia então ter praticado esse ilícito quem mora na frente, só os da frente poderiam ser responsabilizados, mas isso em uma relação interna, entre eles. Para a vítima o responsável é o condomínio.
E NO CASO DE ALUGUEL?
O mencionado artigo trata da responsabilidade do dono. Se a casa ruir, mesmo sem a locatária informar o locador, o locador e responsável pelos danos da ruína? SIM, isto pois a casa é sua, o fato de ela ter ou não informado, isto é um problema contratual, e depois deve ser resolvido em ação independente.
E no caso de aluguel de um apartamento, a moradora deu uma festa e da festa atiraram objetos 
- RESPONSABILIDADE PELO FATO DO ANIMAL
Art. 936 – “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa (EXCLUSIVA) da vítima ou força maior”.
Nesse caso, tal como os objetos, a responsabilidade pelo fato do animal decorre da opção de você ter determinado animal, o que implica no fato de que você vai ter que guardar o animal com o cuidado preciso e necessário para que ele não cause danos a alguém. O Código diz que os danos provocados pelo animal vão ser indenizados pelo dono ou detentor. Então se eu deixo o meu cachorrinho com a Juliana para ela ir passear, somos responsáveis: o Maurício (dono) e a Juliana que está como detentora, guardiã do animal. O Código diz no art. 936, que essa responsabilidade só não ocorreria se provada culpa da vítima. Vamos estabelecer como critério não só culpa da vítima, mas culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e/ou força maior. Então não sendo uma dessas situações, entende-se a responsabilidade pelos danos provocados pelo animal. 
Ex.: Uma tem um buldogue e na casa dela embaixo o gradil é bem fechado, bem estreito, e em cima mais aberto, então até determinada altura, gradil duplo, mais fechado e em cima ainda é mais aberto. Um moleque atentado ia lá e vivia provocando o cachorro, até que em dado momento ele colocou a mão lá para provocar o cachorro e o cachorro deu mordia na mão do moleque. A mãe do moleque foi lá reclamar com o dono. O dono tem alguma responsabilidade civil em relação ao moleque? Em uma situação ao menos mais simples de imaginar: a gente pode falar que o meu cachorro fugiu e foi lá e deu uma mordida no moleque, bom é responsabilidade minha. Eu lembro quando eu era moleque, a gente tinha sempre um problema porque voltando da escola pra casa, tinha um senhor lá que tinha um cachorro, era um pastor alemão, e quando a gente passava lá e estávamos lá brincando e correndo, e daqui a pouco quando a gente passava só via o cachorro, e o cachorro quando estava solto vinha igual um louco, e o muro era na altura de uma janela, muro baixo. O que significava que quando o cachorro estava solto, a gente ouvia o latido e já tinha que sair correndo porque esse muro baixo ele pulava. Lógico, se esse cachorro morde alguém na rua, é responsabilidade do dono, se tem um cachorro com esse porte e um muro desse tamanho, é evidente que o cachorro vai conseguir pular, e lógico que você não está aguardando seu animal como deveria, principalmente por ser um cachorro grande. Então é um cachorro como todo e qualquer animal irracional, morde de forma instintivamente, você deveria guardar com outro tipo de cautela. Vacas, animais na pista, então fugiram algumas vacas da minha fazenda e adentraram a pista, vai alguém e atropela a vaca ou o cavalo, lógico que a responsabilidade é do dono do animal, se o animal é dele ele deveria cuidar pra eu não conseguisse fugir, se fugiu é porque não está guardando com a cautela que deveria. Mas nesse caso o moleque foi lá e enfiou a mão pra dentro, pra provocar o animal, e daí? Culpa exclusiva da vítima então? Deixa-me fazer uma pergunta pra vocês: porque o cachorro não mordeu o pé do menino? Porque não passa o pé, é mais fácil colocar a mão do que o pé. A idéia que me parece está mais ou menos no seguinte: é evitável? Dava pra ter evitado? Então vamos pensar de outro lado, você tem um cachorro bravo, muito bravo, alguém poderia enfiar a mão lá intencionalmente ou acidentalmente. Você poderia ter evitado que nesse caso o cachorro mordesse alguém? De repente se fosse interiça a grade não poderia ter evitado? E depois que o cachorro mordeu, o dono desse animal colocou tela na grade, e é interessante porque depois que ela colocou essa tela o cachorro não mordeu mais ninguém, por quê? Porque impediu que as pessoas coloquem a mão e o cachorro não morde mais ninguém. O dono do cachorro e da casa está errado? Ela é responsável pela reparação? Como vimos não foi por culpa exclusiva da vítima. Tem que pagar? Tem, pois foi opção dele ter um cachorro. Agora eu quero que vocês entendam, quando eu digo que o dono é a responsável, eu estou querendo usar essa expressão a contrário censo de dizer, não, ela não tem responsabilidade alguma, ela não pode simplesmente dizer, há ele colocou a mão, tudo bem ninguém está dizendo que o moleque acertou, ninguém está dizendo que o moleque está certo, que os pais desse meninoestão certos. É errado, lógico que está errado. O que eu estou dizendo pra vocês é: o dono “também” não está certo, porque ele sabe que tem um animal em casa, sabe que isso pode acontecer, pode evitar, mas não o faz. Então o que vai acontecer? Quando eu for processar, você vai acabar fazendo uma responsabilização dele lógico, mas ele não vai acabar pagando isso de forma integral, isso vai ser dividido conforme cada um tenha participado do evento, a culpa de cada um. Então você vai dizer, ele agiu com culpa, mas é uma culpa leve, uma culpa pequena, o menino que está bem errado porque ele colocou a mão lá pra ficar atentando o cachorro, ou os dois estão igualmente errados. Então você vai fazer uma ponderação em relação ao ato que está sendo praticado, e aí fazer uma divisão dentro das responsabilidades. Vamos dizer, o moleque gastou R$ 500,00 na farmácia tomando vacina e etc. Nessa divisão nós entendemos o seguinte: está bem errado o dono porque ele sabia que os moleques passavam lá provocando o cachorro e ele não fazia nada, mas o moleque também está errado. Portanto, os dois agiram igualmente errados, 50 % pra cada um. Se entendermos que o menino está mais errado, está mais errado porque não tinha nada que enfiar a mão por dentro da grade, então vamos dividir em 60 e 40. Se entendermos o menino está muito mais errado, o ato dele é muito mais errado do que o dela, porque não só pra provocar, mas pra qualquer outro ato ele não poderia estar enfiando a mão na casa dos outros, então 70 e 30, 80 e 20, isso vai servir conforme a análise que a gente fizer da conduta de cada um. 
 Mas o que eu quis, e o que eu acho que a gente deve ponderar sempre são o seguinte: o que nós não podemos nessa situação é excluir a responsabilidade do dono do cachorro, porque completamente certo ele não está, e a excludente que o Código apresenta é o que? Culpa exclusiva da vítima, e isso não acontece (ou caso fortuito e força maior).
Uma coisa que vocês já deve ter percebido é que o Código fala só em força maior. Normalmente caso fortuito, quando ocorre por caso fortuito ele engloba também a força maior e vice-versa. Até porque não há uma definição exata e precisa do que seja força maior. Assim nós vamos entender que a excludente englobaria tanto caso fortuito ou força maior. A responsabilidade do dono do animal ou do detentor poderia ser medida em face de umas dessas. 
O que nós avaliamos até agora? Primeiro o elemento da responsabilidade. Como eu falei pra vocês, a gente avaliou primeiro o elemento da responsabilidade “conduta” para saber exatamente porque que eu quero que você pague o prejuízo. Eu não posso simplesmente eleger alguém. Ex.: Estouraram o vidro do meu carro e quem vai pagar é o Tiago. Por que o Tiago. Porque ele tem dinheiro. Isso não é justificativa. Então tem que haver alguma situação que justifique o porquê dele está vinculado ao ressarcimento, ao pagamento. O que nós consideramos? Ou é pela minha conduta, fato próprio; ou é por fato de terceiro, não foi ele que fez, mas ele tem um vínculo com o que o terceiro fez e, por isso, torna-se responsável; ou, ainda, pelo fato da coisa ou fato do animal. O Tiago tem um cachorro que vive na rua, o cachorro ficou mordendo até estourar o meu pneu, então ele é o responsável porque ele o dono do animal. Desta maneira a conduta é que vai justificar esse elo de ligação que vai fazer com que o sujeito seja o responsável por aquela ação dentro dessas hipóteses que nós vimos.Vamos passar agora para o estudo do segundo elemento da responsabilidade civil, qual seja, nexo de causalidade. 
2º elemento da responsabilidade civil – a ciência da reparação do dano:
NEXO DE CAUSALIDADE
Qual é a grande idéia do nexo de causalidade? O nexo de causalidade eu tenho de um lado uma conduta, uma ação ou omissão, uma prova, um fato de terceiro, fato de animal, alguma coisa, e de outro eu tenho um dano. O nexo de causalidade é aquele elo que vai fazer a ligação, que vai fazer a ponte entre essa sua conduta da prova, responsabilidade por fato de terceiro ou de animal; e o dano que eu quero ver ressarcir. Nexo de causalidade tem a própria designação constando causa e efeito, que minha conduta seja causa do qual deriva o efeito dano. 
 Nexo de causalidade
Conduta_____________________Dano
Quando vocês estudaram Direito Penal, qual foi a teoria que vocês adotaram sobre nexo de causalidade? Chama-se “Teoria da equivalência de causas” ou “condicio sine qua non”. 
Parte do pressuposto de que, tudo que concorre para o resultado final é causa. Então tudo aquilo que vem a levar efeitos para o resultado final é considerado causa. Só vai ter responsabilidade penal a medida da sua participação, como é que eu sei por essa teoria, se aquilo que eu estou procurando é causa? Como é que eu tenho a análise de que um determinado fato, um determinado evento, é ou não é causa? A teoria de equivalência das causas diz pra gente o seguinte: você pega aquele fato ou aquele elemento que você quer avaliar e exclui do contexto, se alterar o resultado final, ou seja, se a morte não fosse acontecer, é porque aquilo é causa, se o resultado continuar na mesma, é porque aquilo é causa. Eu estava armado, com uma arma que um amigo me emprestou, e debaixo de chuva, passo a passo, fui até a janela da Juliana e mandei bala, dei seis tiros. A chuva interfere? Se você tirar a chuva muda o resultado final? Não, então a chuva não é causa. A arma emprestada é causa? É, se não tivesse me emprestado a arma, não tinha atirado. 
O grande problema é o seguinte: se a gente fosse aplicar essa mesma teoria, para a lógica da responsabilidade civil, isso causaria um efeito cascata, um efeito dominó e a responsabilidade seria interminável, ela se desdobraria e no final das contas a gente acabaria responsável por tudo. 
Por ex. a Juliana pegou uma faca e deu uma facada no Thiago, lógico, se por uma acaso a loja não tivesse faca, a Juliana não teria faca e não teria como ela dar uma facada no Thiago. Se a Tramontina não tivesse fabricado a faca, a loja não teria faca para vender, e a Juliana não teria dado uma facada no Thiago. Se a Companhia Siderúrgica Nacional não tivesse feito aço, a Tramontina não fazia faca e, conseqüentemente, a Juliana não teria dado uma facada no Thiago. Se as mineradoras não extraíssem minério de ferro, a Siderúrgica não faria aço, a Tramontina não faria faca e a Juliana não teria dado uma facada no Thiago. Se por um acaso, há 21 anos a mãe da Juliana não a tivesse parido ela não tinha nascido e não tinha dado uma facada no Thiago. Então, se a gente fosse permitir essa situação, ela acaba se irradiando de uma forma que acabaria gerando responsabilidade geral, generalizada, tudo acaba interferindo. Assim, a gente tem que buscar uma outra teoria.
Em responsabilidade civil, busca-se adotar uma premissa ao qual a maior parte da doutrina busca chamar de “TEORIA DA CAUSA DIRETA E ADEQUADA”. 
Então, nessa hipótese, nesta formulação nós vamos excluir automaticamente todas aquelas causas chamadas causas indiretas, aquelas causas remotas. Só nos interessam as causas próximas, as causas imediatas. Situação que é muito comum para vocês discutirem: eu dei um pisão no pé da Juliana e ela está com o pé machucado, não sabe se quebrou, não sabe se para o acaso só está machucado, e como ela não consegue dirigir, a gente chama uma ambulância para levar ela para o hospital, tirar radiografia, etc. No caminho a ambulância capota e a Juliana é atirada pra fora e morre. Em Direito Penal eu tenho responsabilidade? Tenho, se eu não tivesse dado o pisão no pé da Juliana ela não estaria na ambulância, e como conseqüência, ela não teria morrido. E em Direito Civil? É causa? Que é causa é causa, mas não é causa direta, porque quando eu dei um pisão no pé da Juliana ela morreu? Não, então não foi meu pisão que a matou. O que a matou? Estar dentro da ambulância. Então a gente vai tentar excluir todas as causas chamadas remotas do âmbito da reparação,

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