Buscar

Aula 4 - Aplicação da Lei Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Aplicação da Lei Penal
Tempo do Crime
Tomemos o exemplo de um crime que coloca a vítima em coma, por motivos de um disparo de projétil. A vítima permanece em coma por seis meses, quando finalmente perece. Quando ocorreu o crime? No momento do tiro ou no momento da morte?
Para responder tal pergunta, o direito penal trabalha com três teorias:
Teoria da Atividade ou da Ação: Considera-se o delito realizado na ação (ou omissão) do agente. Essa teoria é a adotada no CP, mais precisamente no Art. 4º.
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Teoria do Resultado ou do Evento: O crime se dá no momento do resultado, no caso (exemplo supra), a morte.
Teoria Mista: O tempo do crime é considerado tanto o da ação quanto o do resultado. 
Tendo o tempo do crime definido, temos o seguinte em relação ao delito:
Delito Permanente
A conduta se protrai no tempo pela vontade do agente e o tempo do crime é o de sua duração (Art. 148, Sequestro e cárcere privado).
Delito Habitual
Como o anterior, mas com a habitualidade dos atos, a prática repetida deles (Art. 229, estabelecimento para exploração sexual).
Delito Continuado
Formado por uma pluralidade de atos delitivos, mas legalmente valorados como um só delito, para efeito de sansão. 
Delito Omissivo
O que importa é o último momento em que o agente ainda podia realizar a ação obrigada (crime omissivo próprio) ou a ação adequada para impedir o resultado (crime omissivo impróprio).
Concurso de Pessoas
O decisivo é o momento de cada uma das condutas individualmente consideradas.
Obs: Crimes permanentes são aqueles que ocorrem por um determinado tempo. Exemplo: Formação de Quadrilha ou Extorsão Mediante Sequestro. Para os crimes permanentes sempre se aplica a lei posterior, independente de ela ser mais gravosa ou não. O mesmo acontece com o crime continuado. Ao optar pela manutenção do crime, o criminoso tacitamente concorda com a pena mais rigorosa da lei mais nova. 
Lei Penal no Espaço, Local do Crime
Um mesmo crime pode ter uma ou mais leis aplicáveis, mas não pode jamais sofrer duas sansões. O crime praticado contra o Presidente da República Federativa do Brasil será jugado pelas leis brasileiras, independentemente de onde fora praticado. 
Existem teorias para resolver a questão espacial:
Teoria da Ação ou da Atividade: Lugar do delito é aquele onde ocorreu a ação ou omissão típica.
Teoria do Resultado ou do Efeito: Lugar do delito é aquele onde ocorreu o evento ou o resultado.
*Teoria da Intenção: Lugar do delito é aquele onde deveria ocorrer o resultado, de acordo com a intenção do autor.
*Teoria do Efeito Intermédio ou do Efeito Mais Próximo: Lugar do delito é aquele em que a energia movimentada pela atuação do agente alcança a vítima ou o bem jurídico.
*Teoria da Ação à Distância ou da Longa Mão: Lugar do delito é aquele em que se verificou o ato executivo.
Teoria da Ubiquidade: É uma teoria mista que diz que o local do crime pode tanto ser o local do resultado quanto o local da ação. É justamente essa a teoria adotada pelo Brasil, pelo Art. 6º. Em regra, o crime é julgado no local da consumação (Tiro em Delta, Morte em Ribeirão: Julgado em Ribeirão). Na realidade, a teoria adotada pelo Brasil é a da Pura Ubiquidade, que diz que o local do crime pode tanto ser o da conduta como o do resultado ou o lugar do bem jurídico atingido. 
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Aplicação da Lei Penal brasileira
A lei penal não pode retroagir, salvo nos casos em que é benéfica ao réu. Se as leis retroagissem, o princípio da Segurança Jurídica seria constantemente quebrado e nenhuma ordem ou firmeza existiria nas relações sociais. 
Princípio da Territorialidade:
Art. 5º (CP). Todo crime ocorrido em território brasileiro é julgado pelo CP Brasileiro, independentemente da nacionalidade do agente, do ofendido ou do bem jurídico lesado. Este princípio é justificado pela tese da Soberania Nacional. O território brasileiro se dá até os limites das fronteiras e o mar territorial (200 milhas marítimas), incluindo o espaço aéreo. Vale a bandeira de uma embarcação ou meios de transporte aéreos como extensão do território, salvo quando a embarcação está ancorada em terras estrangeiras ou quando o avião está estacionado em aeroportos estrangeiros. 
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
O território nacional compreende a superfície terrestre (solo e subsolo), as águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente. O chamado mar territorial não deve ultrapassar doze milhas marítimas. A zona econômica marítima brasileira se estende até duzentas milhas marítimas.
Princípio Real, de Defesa ou de Proteção de Interesses: Art. 7º, I (CP)
Aplica-se a lei penal do Estado titular do bem jurídico lesado ou ameaçado, onde quer que o delito tenha sido cometido e qualquer que seja a nacionalidade do seu autor. Devem ser objetos de tutela exclusivamente bens ou interesses estatais, coletivos ou comunitários e não de ordem individual.
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Princípio da Nacionalidade ou da Personalidade: Art. 7º, II, b (CP)
Aplica-se a lei penal do país de origem do agente, onde quer que ele se encontre. Este princípio decompõe-se em personalidade ativa ou passiva caso a lei penal aplicada seja da nacionalidade do sujeito ativo ou passivo da infração penal. Tem aplicação subsidiária para evitar a impunidade de delitos perpetrados em país estrangeiro por nacionais de outros Estados, porque na maioria dos países vige a regra da não extradição dos seus cidadãos. Daí o preciso asserto de que a consequência natural da ampliação do poder punitivo em razão desse princípio é a proteção que o Estado confere a seus súditos ante o jus puniendi estrangeiro. Diante da alternativa de punir ou entregar ao Estado legitimado para a punição, o princípio da personalidade dá preferência à primeira opção.
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Princípio da Universalidade ou da Justiça Mundial: 
Aplica-se a lei nacionala todos os fatos puníveis, sem levar em conta o lugar do delito, a nacionalidade de seu autor ou do bem jurídico atingido. Este princípio se funda em um ideal da eliminação da impunidade. Consagra-se o entendimento de que determinadas condutas delitivas afetam valores essenciais da ordem comunitária internacional, como autênticos crimes societas generis humani.
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Princípio da Representação, da Bandeira ou do Pavilhão:
Aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou aeronave, ou cuja bandeira ostenta, quando o delito ocorre no estrangeiro e aí não é julgado.
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
Pena Cumprida no Exterior:
O Art. 8º do CP regula que a pena cumprida no exterior deve ser abatida na pena total a ser cumprida no Brasil.
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Os casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira estão previstos no Art. 7º do CP.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
	Eficácia da Sentença Estrangeira
O Art. 9º do CP regula que a sentença estrangeira pode ser aplicada no Brasil, desde que a pena brasileira preveja as mesmas consequências para o crime quanto o país que proferiu a sentença.

Outros materiais