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Aula 3 - Princípios

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Assim como os outros ramos do ordenamento jurídico, o Direito Penal também se baseia em princípios, elementos essenciais e diretores, jurisdicizados. Derivados, em sua origem, dos valores ético-culturais e jurídicos vigentes em uma determinada comunidade social, numa certa época, foram se impondo num processo histórico-político contínuo como basilares à sociedade democrática. Em síntese, os princípios, no Direito Penal, servem de fundamento e de limite à responsabilidade penal (limite do exercício da atividade punitiva estatal). 
Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal
Nullum crimen, nulla poena sine lege praevia, scripta et stricta Art. 5º, XXXIX CF e 1ºCP 
Art. 1º (CP) Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 5º (CF) Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
A origem desse princípio se dá na Magna Carta (Inglaterra): Era o rei quem determinava o que era crime e o que não era. Por isso houve uma limitação. Além da lei são necessários alguns pré-requisitos para se tipificar o crime:
O reconhecimento legislativo do princípio da legalidade começa com a Declaração de Virgínia, de 1776, mas tem seu momento culminante com a Déclaration des Droits l’Homme et du Citoyen (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão), de 1789, principalmente no caráter do Art. 7º e 8º:
Art. 7º Nenhum homem pode ser acusado, detido ou encarcerado, senão nos casos determinados pela lei e segundo as formas por ela exigidas
Art. 8º A lei só deve estabelecer penas, de forma estrita, e necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude da lei estabelecida e promulgada com anterioridade ao delito e legalmente aplicada
A ONU, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, contempla este princípio assim como muitos outros que veremos a seguir.
Resumindo, temos como características necessárias da lei penal:
Lex Praevia: A lei deve ser anterior ao fato (crime).
Lex Scripta: Para tipificar uma conduta como crime deve haver lei escrita (costumes e medidas provisórias não possuem valor aqui).
Lex Stricta: A lei deve ser específica, ou seja, é vedada a tipificação do crime por analogia. Entretanto, a analogia pode ser utilizada, desde que a favor do réu, a chamada analogia in bonam partem.
Lex Certa: A lei precisa ser clara, precisa e objetiva. 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Cabe aqui retomarmos as palavras de Cesare Beccaria para representar o princípio: “Não existe liberdade onde as leis permitem que, em determinadas circunstâncias, o homem deixe de ser pessoa e se converta em coisa”.
Segundo Miguel Reale, sendo o homem o único ser dotado de valores, conclui-se que a essência do homem é o dever-ser. O homem não é uma simples unidade orgânica, viva; nele reside uma capacidade de superação e inovação. Trata-se da capacidade de síntese do homem, capaz de instaurar novos objetos do conhecimento. Portanto, o homem é um ente que é e que deve-ser, tendo consciência dessa dignidade. É dessa consciência “que nasce a ideia de pessoa, segundo a qual não se é homem pelo mero fato de existir, mas pelo significado ou sentido da existência” (Filosofia do Direito, p. 211).
Mais uma vez temos a Constituição Federal como criadora de princípios, inclusive princípios penais, no caráter de seu Art. 1º, Inciso III:
Art. 1º (CF) A República Federativa do Brasil, formada ela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
III - a dignidade da pessoa humana;
Princípio da Culpabilidade
O pilar deste princípio consiste no pressuposto de que não há pena sem culpabilidade (nulla poena sine culpa), e que a pena não pode ultrapassar a medida da culpabilidade. Em outras palavras, só pode ser punido aquele que atua culpavelmente e a pena não pode ultrapassar o “grau” da culpa. Este postulado reafirma o caráter inviolável da Dignidade Humana.
“No Direito brasileiro, encontra-se ele implicitamente agasalhado, em nível constitucional, no Art. 1º, III, corroborado pelos artigos 4º e 5º, XLVI, da CF. Vincula-se ainda, ao Princípio da Igualdade (art. 5º, caput, CF), que veda o mesmo tratamento ao culpável e ao inculpável.” (Curso de Direito Penal Brasileiro, Volume 1 – BARROSO, L.R., p. 167, adaptado). 
Em sentido amplo, podemos inserir nesse princípio um outro, o Princípio da Responsabilidade Penal Subjetiva ou da Imputação Subjetiva (princípio da culpabilidade stricto sensu). Este princípio refere-se à impossibilidade de se responsabilizar criminalmente por uma ação ou omissão aquele que tenha agido sem dolo ou culpa (não há delito ou pena sem dolo ou culpa – Arts. 18 e 19, CP). Entra no princípio da culpabilidade o in dubio pro reo.
Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos
O Escopo imediato e primordial do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos. Não há delito sem que haja lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico determinado. Devemos observar também que a noção de ofensa ou perigo de ofensa é passível de graduação menor ou maior. Desta forma, a tutela penal só é legítima quando socialmente necessária (Princípio da Necessidade) para assegurar as condições de vida, o desenvolvimento e a paz social, tendo em conta os ditames superiores da dignidade e da liberdade da pessoa humana. É melhor prevenir os crimes do que puni-los, já dizia Beccaria e Montesquieu.
Princípio da Intervenção Mínima
Este princípio estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica dos homens, e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. A intervenção penal só pode ocorrer quando for absolutamente necessário para a sobrevivência da comunidade, como última ratio legis. 
Princípio da Fragmentariedade
Este princípio estabelece que somente as ações ou omissões mais graves endereçadas contra bens valiosos podem ser objetos de criminalização. Isso significa dizer que o Direito Penal só regula, só se preocupa com determinadas situações, o Direito Penal seria portanto, um arquipélago de pequenas ilhas no grande mar do penalmente indiferente. Isso quer dizer que sua tutela se apresenta de maneira fragmentada, fracionada. A fragmentariedade não quer dizer que o direito seja lacunoso, mas sim que apresenta um limite necessário a um totalitarismo de tutela, de modo pernicioso para a liberdade. 
Princípio da Pessoalidade
	Impede-se que uma pessoa diferente do autor do delito seja punida. 
Art. 5º (CF) Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
A responsabilidade penal é sempre pessoal ou subjetiva, e decorrente apenas de sua ação ou omissão, não sendo admitida nenhuma outra forma ou espécie. Segundo o Código Penal Francês, no caráter de seu Art. 121-1, “ninguém é responsável penalmente senão pelo próprio fato”.
Princípio da Individualização da Pena
Analisando o princípio da pessoalidade, extraímos que por causa deste caráter individualíssimo da pena, ela não pode ser transmitida a terceiros. A responsabilidade penal é pessoal. Ela é determinada segundo o comportamento da pessoa processada e em razão de sua própria culpa. A Lei regulará como a pena deve ser, como previsto no Art. 5º, XLVI (CF):
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos;	
A pena deve estar proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a medida de segurança à periculosidade criminal do agente.
Princípio da Proporcionalidade
Este princípio implica em estabelecer as sansões penais de uma maneira justa. Pode-se afirmar que uma medida é razoável quando apta a atingir os objetivos para os quais foi proposta; quando causa o menor prejuízo entre as providências possíveis, ensejando menos ônus aos Direitos Fundamentais, e quando as vantagens que aporta superam suas desvantagens. 
Somente com Beccaria este princípio foi legitimado. Para ele, as penas previstas em lei devem ser proporcionais aos delitos, e ao dano causado à sociedade (que é a verdadeira medida dos crimes). A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão já impõe que “a lei só deve estabelecer penas estritamente e evidentemente necessárias (...)”.
Princípio da Humanidade
É justamente na Dignidade Humana que radica o fundamento material do Princípio da Humanidade, visto que constitui “o último e fundamental limite material à atividade punitiva do Estado”. 
A ideia é de que as penas sejam cada vez mais humanas, menos degradantes e menos agressivas aos Direitos Fundamentais do Homem. 
Mais uma vez temos a figura da Constituição Federal, como forma garantidora do Estado Democrático de Direito, estabelecer princípios penais, conforme o inciso XLI do Art. 5º, e também no inciso XLVII e XLIX, do mesmo artigo:
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
Princípio da Adequação Social
A teoria da adequação social significa que apesar de uma conduta se subsumir formalmente ao modelo legal, não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada (v.g., restrição da liberdade ambulatória de um usuário de transporte coletivo; intervenção cirúrgica realizada com fim terapêutico e resultado favorável, etc.). As condutas socialmente adequadas não necessariamente são exemplares, mas estão contidas dentro do marco da liberdade social. O fundamento deste princípio está em estabelecer os limites da liberdade de ação social. 
Se fossemos analisar cegamente casos cotidianos, encontraríamos muitas ações dignas punição pelo Código Penal, por exemplo, a lesão corporal realizada por um médico em uma cirurgia, ou os efeitos colaterais de um medicamento receitado por um profissional da saúde. Todavia, estas ações não são assim interpretadas (como crimes), pois são socialmente aceitáveis, além de visarem um fim, visam o bem do paciente. É neste sentido que o Princípio da Adequação Social entra. É importante salientar, que mesmo no exemplo da intervenção cirúrgica ou mesmo dos medicamentos, a adequação social não se confunde com o risco permitido. O único ponto em comum dos dois é a ausência de um resultado penalmente típico.
Nos casos de adequação social, a exclusão da lesão produzida do âmbito do resultado penalmente típico ocorre em virtude de uma interpretação teleológica restritiva dos tipos.
Princípio da Insignificância
Quando a lesão do bem jurídico é insignificante, ínfima, ou quando o bem jurídico é dotado de pouco valor, não se deve tipificar a ação criminalmente. Sendo o Direito Penal a última Ratio Legis, não devemos usá-lo para todo e qualquer caso. Todavia, este princípio é muito complicado, justamente por sua amplitude. Ora, o furto de bagatela é muito abrangente. O que é insignificante e o que não é? Como podemos ter segurança jurídica se algo dado como insignificante não seria punido? A insignificância e os limites desse princípio estão sempre sujeitos à jurisprudência e à doutrina, e os limites sempre serão discutíveis. Não podemos também determinar um mínimo aceitável para que o caso fosse julgado pelas leis penais e punido, pois isso abriria margem para uma maior incidência de pequenos crimes, pequenos furtos.
Demais disso, em grande parte dos casos concretos de aplicação deste postulado, o problema pode ser mais seguramente solucionado por meio dos princípios da lesividade (ofensividade ou exclusiva proteção de bens jurídicos), da intervenção mínima, da fragmentariedade e também pelo princípio da proporcionalidade. 
Princípio do ne bis in idem
Do ponto de vista substancial, este princípio traduz a proibição de sancionar ou punir alguém duas ou mais vezes pelo mesmo fato, e de que ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato (aspecto formal). Este princípio tem uma função delimitadora, mas também implica em uma pena justa. Nos casos de penas cumpridas parcialmente fora do país, quando o cidadão retornar ao Brasil, será julgado pelas leis daqui, e, se condenado pelo mesmo crime, o tempo que cumpriu da pena no exterior será abatido do tempo que deverá cumprir no Brasil. 
Princípio da Segurança Jurídica
O princípio da Segurança Jurídica visa refutar qualquer imprevisibilidade ou incerteza no que diz respeito ao controle formal-legal a que o indivíduo se encontra submetido. 
Princípio da Irretroatividade da Lei Penal
	Art. 5º, XL (CF)
	A lei só vale quando depois de promulgada, salvo nos casos em que a lei nova beneficia o réu.
Ultratividade da lei: Mesmo depois de revogada, a lei continua valendo (a lei na hora do fato).
Retroatividade: Nos casos em que a lei nova é mais benéfica e cabe o abolitio criminal, (quando o réu é acusado de um crime que é abolido), o réu é liberado da pena e o registro é apagado, o réu volta a ser primário, entretanto, não tem direito à indenização. Nos casos de leis excepcionais ou temporárias (exemplo da pena de morte em tempos de guerra) os princípios de retroatividade não valem.
Lei Penal em Branco
Princípio da Confiança
Todos temos que confiar no cumprimento das regras pelos outros, cabe aqui a ideia do homem médio (exemplo da pessoa barbeira que no dia do acidente não fez nada de errado). Se não se fez nada de errado, não se pode ser punido. Não há crime quando o ébrio atropelado entrou na frente do carro, desde que o carro não estivesse infringindo nenhuma lei. O culpado é o ébrio.

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