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[DIG ITE O NOME DA EMPRESA] [DIGITE O TÍTULO DO DOCUMENTO] 2 ERRO DE TIPO ARREPENDIMENTO EFICAZ DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 3 1. ERRO DE TIPO Dispõe o art.20 do Código Penal: Art.20 O erro sobre elemento constituído do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. “Erro de tipo é o que incide sobre as elementares ou circunstancias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora” (DAMASIO, 1993, p. 265). Erro de tipo é o que ocorre sobre certos elementos do tipo pena. Pode incidir sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou sobre dados secundários da norma penal incriminadora. Não há dolo, porque o agente não sabe que está desempenhando um tipo penal. Exemplo costumeiro de erro de tipo do agente que, no abolido crime de sedução, aproveitando-se da inexperiência da mulher virgem, a seduzia, com ela mantendo conjunção carnal, supondo ter a mulher mais de 18 anos, quando, na verdade, contava ela 17 anos de idade. Neste exemplo, a falsa percepção da realidade recaiu também sobre um elemento do tipo penal do abolido crime de sedução (art. 217 do CP), qual seja, a idade da vítima. Em relação as teorias surgiram duas vertentes sobre o Erro: I. Teoria Causal ou Teoria do Dolo, nesta, o conhecimento da ilicitude é o conhecimento do dolo, situa-se na culpabilidade. Desta forma o erro de tipo e de proibição. Excluem o dolo, chama-se solução unitária. Esta solução gerou três consequências: -Teoria Estrita ou Extrema do dolo, sempre elide o crime.Equipara-se ao erro de proibição. -Teoria Limitada do dolo-exclui-se o dolo, mas matem-se a culpa. -Teoria Modificante do Dolo- consiste na consciência da ilicitude, é integrante do dolo. Mas o erro de proibição, pode permitir a condenação pela culpa. II. Teoria Finalista ou da Culpabilidade, ao contrário o dolo nesta é mera consciência e vontade de realização do tipo. O dolo não faz exigência do conhecimento normativo(tipo). O conhecimento associa a culpa. A consciência do 4 injusto está na culpabilidade, sendo o dolo mera consciência e vontade do tipo objetivo. Aparecem duas subteorias: -Teoria Estrita da Culpabilidade-erro de ilicitude, nesta, fato é erro de proibição, todo sempre. -Teoria Limitada da Culpabilidade- Há uma divisão de erro de proibição, este, podendo ser direto e indireto. No Erro Direto exclui-se o dolo, porém resta a culpa. No Erro Indireto, (limite legal, âmbito ou existência de uma causa excludente do crime), podendo ser evitável (atenua a pena) ou inevitável(atenua a pena) ou inevitável, exclui a culpabilidade). 1.2. Formas de Erro- Há duas espécies de erro de tipo: a) erro de tipo essencial, que incide sobre elementos ou circunstâncias do tipo, sem as quais o crime não existiria; b) erro de tipo acidental, que recai sobre circunstâncias acessórias, secundárias da figura típica. 1.3. Erro de tipo essencial ocorre o erro de tipo essencial quando a fingida percepção da realidade faz com que o agente ignore a natureza criminosa do fato. Exemplo: o agente mata uma pessoa supondo tratar-se de animal indomesticado. Este tipo de erro essencial pode ser considerado de duas formas: a) Erro de tipo essencial escusável (ou invencível): quando não pode ser impedido pelo cuidado objetivo do agente, isto quer dizer, que qualquer pessoa, na circunstância em que se achava o agente, adviria em erro. Exemplo clássico: caçador que, em selva densa, à noite, adverte figura vindo em sua direção e dispara sua arma em contra ao que desconfiava ser um animal bravo, matando outro caçador que atravessava pelo local. b) Erro de tipo essencial inescusável (ou vencível): Ocorre quando pela observância do cuidado objetivo pelo agente, acontecer por imprudência ou negligência. Exemplo: caçador que, ao se move atrás dele, dispara sua arma de fogo sem qualquer cautela, não examinando se era um homem ou um animal matando outro caçador que lá se estava. Nesse caso, caso 5 observasse a agente empregada ordinária diligência, teria prontamente averiguado que, em vez de animal bravo, havia um homem atrás deste. O erro de tipo essencial escusável afasta o dolo e a culpa do agente. Mas, o erro de tipo essencial inescusável exclui apenas o dolo, rebatendo o agente por crime culposo, se previsto em lei. 1.3. Erro de tipo acidental É aquele que incide sobre elementos acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução. O agente age com a consciência do fato, errando a respeito de um dado não essencial de delito ou quanto à forma de execução. 1.3.1. Espécies São espécies de erro acidental: a) erro sobre o objeto - error in objeto; b) erro sobre a pessoa - error in persona; c) erro na execução – aberratio ictus; d) resultado diverso de pretendido – aberratio criminis a) Erro sobre o objeto - “error in objeto” Ocorre o erro sobre o objeto quando o agente conjetura que sua conduta recai sobre determinada coisa e no real, recai sobre outra. Perante o Direito Penal, o erro sobre o objeto é irrelevante, pois de qualquer forma o agente responde pelo crime. Exemplos: agente que furta o carro de “A” supondo que pertence a “B”: agente que furta uma jóia sem muito valor pensando tratar-se de um diamante raro, entre outros. b) Erro sobre a pessoa - “error in persona” O erro sobre a pessoa vem previsto no art.20, § 3°, do Código Penal, que dispõe: Art.20. (...). § 3° O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se incluem, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão a da contra quem o agente desejava praticar o crime. Ocorre quando há erro de representação. O agente, agindo de maneira errada, atinge uma pessoa supondo tratar-se da qual ansiava ofender. Exemplo: o agente atira em “A” pensando tratar-se de “B”. 6 Contudo, o erro sobre a pessoa não exclui o crime (não isenta de pena), pois a norma penal não tutela indivíduo determinado, mas todas as pessoas. O agente responderá penalmente como se tivesse praticado o crime contra a pessoa pretendida, ainda que a vítima efetiva seja outra. Assim, não devem ser considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas sim esses dados com relação à vítima virtual, que o agente pretendia atingir. Exemplo: o agente, pretendendo matar “A”, atira e mata o próprio irmão. Não sobrevirá sobre o fato a agravante genérica do art. 61, II, alínea “e”, do Código Penal. Nas conjecturas inversas, almejando o agente matar o próprio irmão e, por erro de representação, eliminando um terceiro, será contestado criminalmente como se tivesse matado o próprio irmão, incidindo sobre o fato, nesse caso, a agravante genérica citada. c) Erro na execução - “aberratio ictus” O erro na execução, também conhecido pela expressão latino aberratio ictus (que significa aberração no ataque), ou crime aberrante, ocorre no mecanismo da ação, ou seja, na fase de execução do delito, quando o agente, pretende atingir uma pessoa, por desvio no golpe, atinge outra não pretendida, ou mesmo ambas. A aberratio ictus é uma modalidade de erro acidental, não excluindo a tipicidade do fato. Vêm previstas no art.73 do Código Penal. Como o próprio nome indica, o erro na execução do crime pode derivar de vários fatores resultantes da inabilidade do agente em executar o delito oude outro caso fortuito. Exemplos: erro de pontaria no disparo de arma de fogo, movimento da vítima no momento do tiro, defeito apresentado pela arma de fogo no momento do disparo etc. Neste tipo de erro de execução ocorrem duas formas: a) aberratio ictus com unidade simples, ou com resultado único, quando outra pessoa que não a mirada pelo agente venha a sofrer o resultado morte ou lesão corporal. Exemplo: o agente desfecha um tiro contra “A” e comete um erro, acertando “B”, que vem a morrer ou sofrer lesão corporal. De acordo com o disposto no art.73 do Código Penal, existe um só delito, doloso, pois a tentativa contra a vítima virtual resta absorvida pelo crime consumado contra a vítima efetiva; b) aberratio ictus com unidade complexa, ou resultado duplo, que ocorre quando o agente vem a atingir a vítima virtual e também a vítima efetiva. 7 Na realidade, nesses casos, existem dois crimes: um homicídio doloso (tentando ou consumado) em relação à vítima que pretendia atingir e um homicídio culposo ou lesão corporal culposa em relação ao terceiro. Nessa hipótese, o Código Penal adota a unidade de conduta criminosa, aplicando a regra do concurso formal – art.70 do Código Penal Brasileiro. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, comete dois ou mais crimes, análogos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas das penas cabíveis ou, se iguais, apenas uma delas, mas aumentada, em qualquer caso de 1 ∕ 6 (um sexto) até 1∕ 2 (metade). As penas são aplicadas de modo cumulativo, se ação ou omissão é dolosa e os crimes antagônicos resultam de fins autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Temos algumas hipóteses a seguir as hipóteses que podem acontecer á vista de um caso concreto. Por conseguinte, se o agente, almejar matar o indivíduo “A”, apreende também a pessoa de “B”, termos o subsequente quadro: a) o agente mata “A” e fere “B”: na realidade, há um crime de homicídio doloso em relação à “A” e um crime de homicídio culposo em relação à “B”. O agente, desta forma, de acordo com a regra do concurso formal, responde por homicídio doloso (pena mais grave), aumentando a pena de um sexto até metade; b) o agente mata “A” e fere “B”: na realidade, há dois crimes, quais sejam, um homicídio doloso em relação a “A” a e uma lesão corporal culposa em relação a “B”. O agente, entretanto, segundo a regra do concurso formal, responde por homicídio doloso, aumentando a pena de um sexto até metade; c) o agente fere “A” e “B”: há temos aqui dois crimes, ou seja, uma tentativa de homicídio em relação a “A” e uma lesão corporal em relação a “B”. O agente, portanto, responde por tentativa de homicídio, aumentada a pena de um sexto até metade, por força do disposto na art.70 do Código Penal; d) o agente mata “B” e fere “A”: na realidade, também há dois crimes, sendo uma tentativa de homicídio em relação a “A” e um homicídio culposo em relação a “B”. Mas se, matou “B” (vítima afetiva) como se tivesse matado “A” (vítima virtual), respondendo, nesse caso, por homicídio doloso. Caso haja duplicidade de resultado, a pena será a do homicídio doloso, acrescentado a um sexto até metade pelo concurso formal. 8 1.3.4. Desígnios autônomos A suposição de concurso formal com intuitos autônomos, que será observada em capitulo próprio, presumida no art.70 caput, segunda parte, do Código Penal, tem aplicação também nas hipóteses de aberratio ictus. Se o agente, ao almejar atingir a vitima virtual, afrontar a vitima efetiva, atuando com intenções autônomas, as penas devem ser somadas, ou seja, aplicadas cumulativamente. Podemos ter nesses casos de desígnios autônomos, proporciono o seguinte quadro, tendo como exemplificação a figura de A e B: a) se o agente mata “A” e “B”: responde por dois crimes de homicídio doloso, aplicando-se a pena cumulativamente; b) se o agente mata “A” e fere “B”: responde por um crime de homicídio doloso consumado e por uma tentativa de homicídio, cumulativamente; c) se o agente fere “A” e “B”: responde por duas tentativas de homicídio; d) se o agente fere “A” e mata “B”: responde por um crime de homicídio doloso consumando e por uma tentativa de homicídio, cumulativamente. Resultado diverso do pretendido ''aberratio criminis (delicti)'' O resultado diverso do pretendio, versado como aberratio criminis ouaberratio delictio, espécie de crime aberrante, também vemos em mecanismo de ação, na fase de execução do delito, quando o agente, pretendendo atingir um bem jurídico, adeje outro diverso. A Aberratio criminis é também reconhecida como uma modalidade de erro acidental e não abandona a tipicidade do fato. Está prevista no art.74 do Código Penal. Já na aberratio ictus o desvio incide sobre a pessoa vítima do crime, na aberratio criminiso o desvio recai sobre o objeto jurídico do crime, portanto, na primeira, muito embora cometendo erro no golpe, a ofensa permanece a mesma, modificando apenas a gravidade da lesão; na segunda, dura um resultado de natureza diversa do pretendido, com a conseqüente mutação de titulo do crime. A solução para tal fato: se sobrevir o resultado diferente do que foi querido pelo agente, contestará este por culpa, se o fato for previsto como crime culposo. Se caso acontecer também o resultado previsto pelo agente, aproveito a regra do concurso formal. Nesse caso específico, o Código Penal aceita que se puna com o resultado diferente do pretendido a titulo de culpa. 9 Podem, então, ocorrer às seguintes hipóteses exemplificativas: a) o agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa: contestará pelo resultado homicídio ou lesão corporal a título de culpa, porquanto essa modalidade de elemento subjetivo é conjeturada para esses delitos. b) o agente quer atingir uma pessoa e atinge uma coisa: não permanece crime de dano culposo, por causa do princípio da excepcionalidade do delito culposo, por isso que o agente só responde por tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, se cabível. c) o agente quer atingir uma pessoa, vindo atingir esta e também uma coisa: contesta somente pela decorrência determinada na pessoa, pois não existe dano culposo devido ao princípio da excepcionalidade do delito culposo; d) o agente quer atingir uma coisa, vindo a atingir esta e também uma pessoa: contrapõe pelos crimes de dano (doloso) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso formal (art. 70 do CP). Dá-se a pena do crime mais grave com o acréscimo de um sexto até metade. 1.4. Erro determinado por terceiro Conforme a regra expressa do art.20,2°, do Código Penal, “responde pelo crime o terceiro que determina o erro”. Essa afirmação pode ser: a) Dolosa, quando o terceiro desvirtua o agente a incidir em erro. Exemplo clássico da doutrina é o terceiro que entrega arma municiada ao agente, fazendo-o crer que se encontrava desmuniciada, induzindo-o a dispará-la em direção á vítima, matando- a. Nesse caso, o agente induzido não responderá por homicídio culposo. O terceiro provocador do erro responderá criminalmente por homicídio doloso. b) Culposa, quando o terceiro age com culpa, induzindo o agente a incidir em erro por imprudência, negligência ou imperícia. Outro exemplo largamente difundido na doutrina é o do terceiro que, imprudentemente, sem verificar se a arma se encontrava induzindo-o a dispará-la em direção á vítima, matando-a. Sendo nesta situação, o agente não responde de por crime algum, se o erro for escusável. Se o 10 erro for inescusável, o agente induzido objetará por homicídio culposo. O terceiro provocador do essencial homicídio culposo. 1.5.Descriminantes putativas Prescreve o art. 20, §1. º, do Código Penal: Art. 20. (...). § 1. º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, revolveria a ação legítima. Não há dispensa de pena quando o erro procede de culpa e o fato é punível como crime culposo. Esse dispositivo trata das chamadas descriminantes putativas, estas manifestas por exigentes putativas ou causas putativas de exclusão da antijuridicidade. Descriminar expressa absolver, inocentar, isentar, exculpar. Putativo é um adjetivo aplicável àquilo que aparenta ser verdadeiro, legal certo, sem o ser. Desta forma, as descriminantes putativas são aquelas hipóteses que isentam o agente de pena, em razão da suposição de fato que, se presente, tornaria legítima a ação. Os arts. 20 § 1. º, e 21 do Código Penal, três modalidades de erro poderão ser apontadas nas descriminantes putativas: a) o agente supõe a existência de causa de exclusão da antijuridicidade que não existe – essa presunção é de erro de proibição e será contemplada em capítulo próprio; b) o agente incide em erro sobre os limites da causa de exclusão da antijuridicidade – essa hipótese também é de erro de proibição e será apreciada em capítulo próprio; Cada causa de exclusão da antijuridicidade aludida no art. 23 do Código Penal proporciona suas características próprias, impetrando requisitos específicos para sua ocorrência. Se o agente incide em erro sobre a situação de fato que autoriza a legítima defesa, o estado de necessidade, o exato cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito, permanecerá isento de pena, pois se trata de descriminante putativa. 11 2. ARREPENDIMENTO EFICAZ O arrependimento eficaz pode ser também cognominado de arrependimento ativo, ocorre “quando o agente, tendo já ultimado o processo de execução do crime, desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado” (JESUS, 2006, p. 343/344). Artigo 15, segunda parte, Código Penal alude: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”. - Temos 03 (três) requisitos para configurar o arrependimento eficaz: a) O agente iniciou a execução (3º fase do iter criminis) b) O agente não atingiu a consumação (4º fase do iter criminis) Ele terminou a execução, mas se arrependeu e impediu a ocorrência do resultado A não consumação foi fruto da própria vontade do agente (Fórmula de Frank – Ele PODE prosseguir, mas NÃO QUER) - O arrependimento eficaz só é possível nos crimes materiais, tendo em vista que está preso ao resultado naturalístico. - Nesse caso, o agente já terminou a execução, o que constitui que não é mais admissível a prática da desistência voluntária. Mas pode ainda, o agente se arrepender de sua conduta, adotando atitudes tendentes a evitar a superveniência do resultado naturalístico. O arrependimento eficaz é uma EXCLUDENTE DA TIPICIDADE MEDIATA OU INDIRETA DA TENTATIVA. Ou seja, a conduta do agente será tipificada, de acordo com os atos já praticados. Sendo assim, agente só responderá pelo que já fez. 3. ARREPENDIMENTO POSTERIOR Artigo 16, Código Penal: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3”. O arrependimento posterior sobrevém após a consumação do fato. Não obstante, exige 04 (quatro) requisitos: Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa: 12 A lei não admite violência ou grave ameaça contra a pessoa. Sendo possíveis termos violência contra a coisa. Exemplo: furto praticado mediante rompimento de obstáculo. Existe uma divergência doutrinária acerca do roubo: - Violência contra a pessoa (violência real) - Grave ameaça (violência moral) - Redução, por qualquer meio, da resistência da vítima A discussão recai sobre a “redução, por qualquer meio, da resistência da vítima”. 4. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA 4.1. Diz o artigo 15 do Código Penal: Artigo 15 – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 4.2. Conceituação dos autores: A desistência voluntária é “a atitude do agente que, podendo chegar à consumação do crime, interrompe o processo executivo por sua própria deliberação” (DOTTI, 2010, p. 413). Assim, o agente começa “a realização de uma conduta típica, pode, voluntariamente, interromper a sua execução” (BITENCOURT, 2007, P. 406), conduta essa impunível. Falando de outro modo, “o agente, voluntariamente, abandona seu intento durante a realização dos atos executórios” (CUNHA, 2010, p. 69). A desistência voluntária está para a tentativa inacabada da mesma forma que o arrependimento ativo está para a tentativa acabada. Com a finalidade de confirmar as diferenças entre os dois institutos, eis o magistério de Celso DELMANTO e outros: Na desistência voluntária, o agente interrompe o processo de execução que iniciara; ele cessa a execução, porque a quis interromper (mesmo que haja sido por medo remorso ou decepção) e não porque tenha sido impedido por fator externo à sua vontade. No arrependimento eficaz, embora já houvesse realizado todo o processo de execução, o agente impede que o resultado ocorra. (DELMANTO, 2010, p. 141/142). 13 4.3. Natureza: - Atipicidade: não há forma consumada, também não se amolda às condições da norma de ampliação típica da tentativa - Causa de isenção de pena: Antes do ato voluntário, já permanecia configurada a tentativa, que deixa de ser punível por medida de política criminal. Fórmula de Frank: “Posso prosseguir, mas não quero”=desistência voluntária - Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz A doutrina chama os institutos de tentativas qualificadas, ou abandonadas. Diferenças: Figura 1. Diferenças-Arrependimento eficaz e desistência Voluntária Fonte: http://www3.lfg.com.br/2014. 14 5. ERRO DE PROIBIÇÃO Previsto no artigo 21 do CP., é denominado de erro sobre a ilicitude do fato, é conhecido como erro de proibição, pois age sobre a compreensão do agente, sobre determinado comportamento considerado criminoso. O erro de proibição é um juízo contrário aos preceitos emanados pela sociedade, que chegam a ciência de outrem na forma de usos e costumes, da escolaridade, da tradição, família, etc. No erro de proibição, o erro se caracteriza da ignorância ou da má compreensão legal. Pode-se ignorar a lei e ao mesmo tempo reconhecer a norma. 5.1 – FORMAS DE ERRO DE PROIBIÇÃO 5.1.1. Erro de proibição direto Este erro envolve a situação do autor em desconhecer a existência da norma proibitiva, ou, se o conhecimento obtiver, pondera a norma não vigente ou a interpreta de forma errada, e como consequência, não reputa aplicável a norma proibitiva. 5.1.2. Erro de proibição indireto Neste caso, o autor tem o conhecimento da existência da norma proibitiva, porém crê que, em caso concreto, há uma causa que, justificada em juízo, autoriza a conduta típica. “por erro que concorre uma norma justificante, por desconhecer os limites jurídicos de uma causa de justificação admitida ou supor a seu favor uma causa de justificação não acolhida pelo ordenamento jurídico”. (GOMES, 1996, p. 109). 5.1.3. Erro de proibição escusável Neste não se deve reprovar a conduta do autor, pois, este não se encontraem situação de conhecimento do injusto do fato. Desta forma, o erro de proibição invencível deve ser sempre, desculpável. Trata do assunto o Art. 21 do nosso CP: “O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta a pena”. 15 5.1.4. Erro de proibição inescusável Neste caso, o agente igualmente ignora o injusto do fato, porém, possui por completo a condição de atingir à consciência da ilicitude do fato por conta própria. Sendo neste caso, o agente responde pelo crime doloso e há apenas a possibilidade de atenuação da pena, conforme o Art. 21, 3ª parte, CP: “(...) se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço”. 16 Referências Bibliográficas: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. 11. Ed. São Paulo: Saraiva 2007. Vol. 1. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Disponível em www.stj.jus.br/SCON acesso em: 21.11.2015. BRASIL. Código Penal, de 1940. In: VADE mecum. 16 ed. São Paulo: 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. CUNHA, Rogério Sanches. CP para Concursos. 3. Ed. Salvador: Jus Podivm, 2010. DELMANTO, Celso. Código Penal comentado: acompanhado de comentários, jurisprudência, súmulas em matérias penais e legislação complementar. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. DOTTI, Rene Ariel. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 3. Ed. São Paulo: RT, 2010. JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal: Parte Geral. 28. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Vol. 1. GOMES, Luiz Flávio. Erro de tipo e erro de proibição: e a evolução da teoria causal-naturalista para a teoria finalista da ação. Editora RT, 1996. 3ª edição – São Paulo. 17
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