Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 1 Helmintologia Veterinária Classe Nematoda Superfamília Strongyloidea São parasitos que apresentam ovos estrongilidiformes em fezes de ruminantes. Chamados também genericamente de ovos de estrongilídeos. São parasitos importantes para equinos, principalmente, ruminantes, suínos e aves. Seus ovos se assemelham aos da superfamília Trichostrongyloidea. Características gerais: Cavidade bucal com cápsulas variadas; coroa radiada com dentes geralmente presentes; ausência de lábios; machos com bolsa copuladora; fêmea com cauda romba ou cônica. Machos possuem uma bolsa copuladora com lobos bursais e raios bursais; possuem também dois espículos com ou sem gubernáculo. Fêmeas possuem vulva na porção intermediária ou terminal, são ovíparas e seus ovos são blastomerados. Ciclo Biológico: Exógeno direto; endógeno variável. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 2 Gênero Oesophagostomum Coroas radiadas estão presentes. O machos possui espículos iguais e gubernáculo. A fêmea possui vulva próxima ao ânus. Espécies Oe. radiatum – parasita intestino grosso de bovinos. Parasita o ceco e cólon de bovinos e bubalinos. Oe. columbianum e Oe. venulosum – parasita o intestino grosso de pequenos ruminantes. O Oe. columbianum é parasito do ceco ao cólon de ovinos e caprinos. Oe. dentatum – parasita o intestino grosso de suínos. Parasita de cólon dos suínos. Possui papilas cefálicas e cervicais e geram diarreia aguda nos suínos. Ciclo biológico: Ciclo exógeno: do ovo até L3 dura cerca de 5 dias. Ciclo endógeno: a L3 penetra na parede do ID e IG formando nódulos em até 10 dias, após a L4 emerge e chega na luz em 14 dias. Os adultos estão prontos cerca de 3 semanas após a infecção e após 10 semanas de infecção muitos adultos são eliminados. Patogenia: As larvas são mais patogênicas do que os adultos, visto que provocam irritação e inflamação na parede intestinal, ocasionando nódulos contendo leucócitos, pus e sangue. A invasão bacteriana nos nódulos ocasiona reação inflamatória e os nódulos podem sofrer calcificação. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 3 Estrongilídeos de EQUINOS Esses parasitos geram grandes prejuízos na criação de equinos e são os nematoides mais comuns destes animais. Devido a sua alta frequência, é comum um grande número de desverminações ocasionando resistência parasitária. Causam diminuição do crescimento e aumento da mortalidade. Taxonomia: Superfamília Strongyloidea Família Strongylidae Subfamília Strongylinae – grandes estrôngilos Strongylus ssp. Triodontophorus ssp. Subfamília Cyathostominae – pequenos estrôngilos Cyathostomum sp. Cylicostephanus sp. Cylicociclus sp. Cylicodontophorus sp. Subfamília Cyathostominae Medem até 1,5 cm de comprimento – PEQUENOS ESTRÔNGILOS São parasitas de intestinos grosso de equídeos (ceco e cólon), são brancos ou avermelhados. Possuem cápsula bucal com corônula frangeata, com ou sem dentes. 75 a 100% dos ovos de estrongilídeos encontrados nas fezes de equinos são provenientes de pequenos estrôngilos. Um único cavalo pode estar parasitado por mais de 20 espécies diferentes! Ciclo biológico: do ovo até L3 leva em torno de 2 semanas. L3 a L5 ocorre dentro do hospedeiro. A L3 perde a bainha e invade a mucosa do intestino grosso onde irão sofrer muda para L4 e então L4 emerge para luz se tornando adulto. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 4 L1 – L2 – 2 semanas. PPP: 2,5 a 4 meses. As larvas L4 podem fazer hipobiose, fenômenos que faz com que se aumente o período pré-patente, permitindo que o parasita complete o ciclo na primavera. Patogenia: no PPP as larvas penetram na parede intestinal, mucosa e submucosa, ocasionando um processo inflamatório que vai gerar uma enterite catarral ou hemorrágica. Emergência de L4 para a luz intestinal associada à presença de eosinófilos na mucosa e ao extravasamento de líquido intersticial. No período patente, são parasitos histiófagos e lesam a mucosa com a cápsula bucal. Diminuindo então a superfície de absorção de água e abrindo portas para infecções bacterianas secundárias. Sinais clínicos: diarreia esverdeada e aquosa, que geralmente coincide com a primavera; pelos opacos e arrepiados; perda de peso e de performance. Subfamília Strongylinae Strongylus equinus 1,5 a 2,5 cm. Três dentes cônicos. Um situa-se dorsalmente, é maior e bífido. Strongylus vulgaris- Delafondia vulgaris 2,5 a 4,5 cm. Possuem um par de dentes dorsais de contorno arredondado, em forma de orelha. Strongylus edentatus –Alfortia edentate 2,5 a 5 cm. Não apresenta dentes na cavidade bucal. Triodontophorus ssp. 1,0 a 2,5 cm Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 5 São parasitas de intestino grosso de equídeos e muares, são grandes, medindo cerca de 2 a 5 cm e também espessos. Conhecidos por GRANDES ESTRÔNGILOS. São pardos ou avermelhados e ficam fortemente encravados na mucosa. Possuem cavidade oral bem desenvolvida e possuem forma de palitos de fósforos. Sua bolsa copuladora também é bem desenvolvida. Ciclo direto e infecção passiva via oral. Ciclo biológico: ambiente, exógeno, semelhante aos pequenos estrongilídeos de ruminantes. O ciclo é direto e dura cerca de 2 semanas, sendo que a larva possui termo e hidrotropismo positivo e foto e geotropismo negtivo. A L3 sobrevive de 4 a 8 meses em água pouco profunda, até 12 a 18 meses nas condições ideais. No hospedeiro, endógeno, migração por diversos tecidos conforme a espécie. O mecanismo de infecção no ciclo endógeno é através da ingestão da L3 na pastagem ou na água, sendo que este ciclo difere para cada espécie dos grandes estrôngilos. Ciclos endógenos: Strongylus equinus, L3 livre após o processo digestivo, penetra na mucosa intestinal onde forma nódulos no interior dos quais ocorre a muda para L4. A L4 atravessa a mucosa intestinal e cai no peritônio. Então a L4 migra por 6 a 7 semanas pelo fígado onde se alimenta do parênquima. Passam então para outros órgãos parenquimatosos como o baço e o fígado onde mudam para L5 obtendo tamanho de 2 cm. As L5 voltam ao intestino grosso, formando nódulos hemorrágicos na parede intestinal. Quando atinge a luz, sofrem diferenciação sexual. PPP de 8 a 9 meses. Strongylus vulgaris, L3 penetra na mucosa e submucosa do intestino, onde muda para L4. A L4 possui tropismo pelas artérias mesentéricas, migram então pelas adventícias das artérias que irrigam o ceco e o cólon, onde muitas atingem a artéria mesentérica central e seus ramos principais. As vezes as larvas se encapsulam nas paredes dos vasos por não encontrarem o retorno. Nas adventícias mudam para L5. A L5 volta pela luz do vaso ao ceco e ao cólon onde formam nódulos na parede intestinal. Os nódulos abrem-se para a luz intestinal onde os parasitas sofrem diferenciação sexual. PPP de 6 a 7 meses. Strongylus edentatus, L3 livre após o processo digestivo, penetra na mucosa intestinal e caem na circulação venosa. Pelo sistema da porta hepática atingem então o fígado ocorrendo a muda para L4. A L4 migra pelo peritônio, flancos e ligamento hepático onde mudam para L5. A L5 retorna ao IG formando nódulos hemorrágicos na parede intestinal, assim quando atingem a luz sofrem diferenciação sexual. PPP de 10 a 12 meses. Resumo de Parasitologia Veterinária –Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 6 Triodontophorus spp., 3 pares de dentes, conduto da glândula esofageana desenvolvido. Ciclo endógeno: após ingestão, a L3 sofre perda da bainha e então penetra na mucosa intestinal, mudando para L4 que volta a luz e muda para L5, que sofrerá diferenciação sexual. PPP 4 meses. Patogenia de larvas S. vulgaris. Arterite, com espessamento da parede arterial; Estenose; Parede espessada predispõe a formação de Trombos; Larvas na luz arterial podem constituir êmbolos; Trombos e êmbolos podem obstruir as artérias menores e arteríolas; Isquemia; Necrose; Cólica; Aneurisma (aumenta o diâmetro da artéria). Patologia da fase larval do Strongylus edentatus: hemorragia do parênquima hepático, hematomas subperitoneais, hemorragia, peritonite, aderências no omento, parede intestinal = nódulos e focos hemorrágicos. Patogenia larvas de Triodontophorus spp: formam nódulos inflamatórios na parede intestinal, os quais se originam devido à atração de macrófagos e eosinófilos na tentativa de encapsular o parasita. Patogenia dos parasitos adultos: são parasitas histiófagos, ou seja, com capsula bucal bem desenvolvida com a qual se alimentam do tecido. Ocorre lesão do epitélio e abertura de portas para infecções bacterianas secundárias. Eventualmente se alimenta de sangue causando anemia, hemorragias e fezes escuras. Sinais clínicos: cólicas, sudorese, inapetência, caquexia, palidez das mucosas, pelos arrepiados, diarreia escura e fétida. Diagnóstico: sinais clínicos, exames coproparasitológicos para pesquisa e quantificação de ovos de estrongilídeos., coprocultura e identificação de L3, necropsia para identificação dos parasitos e de lesões características. Estrôngilos dos equinos Epidemiologia: infecções são mistas, os pequenos estrõngilos são os mais prevalentes, os animais com mais de 2 anos são mais resistentes e funcionam como reservatório para contaminação das pastagens,. Os potros se infectam nos primeiros meses de vida. A L3 pode sobreviver de 90 a 180 dias na pastagem no caso dos pequenos estrôngilos ou 12 a 18 meses no caso dos grandes estrôngilos em condições ideais. Há melhor desenvolvimento da L3 em climas quentes e úmidos e as L3 são sensíveis a estiagens e geadas. A l$ em hipobiose favorece a perpetuação do parasitismo durante o inverno e Spring-rise é o nome dado ao aumento da sobrevivência da L3 na pastagem na primavera. Ocorrência de resistência dos parasitas aos anti-helmínticos. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Strongyloidea Francimery Fachini 7 Controle Utilização de medidas já conhecidas para o controle integrado de parasitas em ruminantes, desverminação dos animais, retenção dos animais por até 2 dias após a desverminação. Controle do funcionamento do vermífugo utilizado. Rotação anual do princípio ativo, diminuição da lotação das pastagens. Separar animais jovens dos adultos após desmame. Cochos altos nas baias. Esterco tratado antes que seja usado de adubo na pastagem. Não introduzir animais contaminados. Rotação de pastagem a cada 2 ou 3 meses, rotação de culturas e pastejo consorciado com outras espécies de animais.
Compartilhar