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www.atlanticaeditora.com.br 14 anos R e v i s t a B r a s i l e i r a d e Fis iologia do e x e r c í c i o Órgão Ofic ial da Sociedade Brasi le ira de Fis iologia do Exercíc io B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y vo lu m e 1 2 - n ú m e ro 0 1 • Ja n e iro /F e ve re iro 2 0 1 3 r e v i s t a B r a s i l e i r a d e F i s i o l o g i a d o e x e r c í c i o ESPORTE • Treinamento físico personalizado • Voleibol e desenvolvimento infantil ORTOPEDIA • Tratamentos na síndrome femoropatelar IMUNOLOGIA • Células natural killer e efeito do treinamento FISIOLOGIA • Alongamento estático sobre o teste de 1RM • Reexpansão pulmonar em trauma raquimedular • Exercício físico e estresse oxidativo • Consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura MR volume 12 - número 01 • Janeiro/Fevereiro 2013 ISSN 16778510 Na busca pela diminuição da gordura corporal, a L-Carnitine Fire® gera o melhor estímulo para a diminuição da gordura acumulada no corpo. Isso ocorre devido a geração de energia direta a partir de lipídios e pela rápida ação devido ao seu uso sublingual. O poder da L-Car- nitine Concentrated® durante os treinos garante um estímulo maior para a diminuição do percentual de gordura, já que esse suplemento é de uso sublingual e com isso a absorção é imediata e, consequente, aumento do gasto calórico e maior performance. O ZMA Way® fornece os micronutrientes importantes para os vários processos metabólicos que ocorrem durante a realização de um treinamento intenso e, por isso, é importante para melhores efei- tos ergogênicos. Durante esse processo é importante fornecer módulos nutricionais adequa- dos para o fortalecimento muscular. O Heavy Bomber Pack® atuará nesse fortalecimento ao manter o estado contínuo de anabolismo muscular e por fornecer um mix de nutrientes específicos para a formação de energia e contração muscular. A recuperação de energia de forma instantânea se dá pelo uso do ISO Waxy Maize®, que garante a reposição do glico- gênio muscular. Além disso, é de extrema importância estabelecer métodos para evitar a perda de massa magra que ocorre, principalmente, durante os treinos. Desse modo, o uso de ISO Casein® e BCAA Heavy Bomber® serão os principais responsáveis pela recuperação e manutenção da massa muscular no pós-treino e ao longo do dia e da noite. Lanche da manhã: ½ porção de Iso Casein® Pré-treino: 1 pack do Heavy Bomber® + 1 porção de L-Carnitine Fire® Durante o treino: 1 porção de L-Carnitine Concentrated® Pós-treino: 1 porção de BCAA Heavy Bomber® + 2 cápsulas de ZMA Way® + 1 porção de ISO Waxy Maize® Antes de dormir: ½ porção de Iso Casein® Felipe Franco MIDWAY TEAM uso combinadovocê muito mais definido Associação de suplementos com rápida ação e melhor eficiência. INVESTIMENTO EFICIÊNCIA VELOCIDADE Máxima definição muscular 1Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 Na busca pela diminuição da gordura corporal, a L-Carnitine Fire® gera o melhor estímulo para a diminuição da gordura acumulada no corpo. Isso ocorre devido a geração de energia direta a partir de lipídios e pela rápida ação devido ao seu uso sublingual. O poder da L-Car- nitine Concentrated® durante os treinos garante um estímulo maior para a diminuição do percentual de gordura, já que esse suplemento é de uso sublingual e com isso a absorção é imediata e, consequente, aumento do gasto calórico e maior performance. O ZMA Way® fornece os micronutrientes importantes para os vários processos metabólicos que ocorrem durante a realização de um treinamento intenso e, por isso, é importante para melhores efei- tos ergogênicos. Durante esse processo é importante fornecer módulos nutricionais adequa- dos para o fortalecimento muscular. O Heavy Bomber Pack® atuará nesse fortalecimento ao manter o estado contínuo de anabolismo muscular e por fornecer um mix de nutrientes específicos para a formação de energia e contração muscular. A recuperação de energia de forma instantânea se dá pelo uso do ISO Waxy Maize®, que garante a reposição do glico- gênio muscular. Além disso, é de extrema importância estabelecer métodos para evitar a perda de massa magra que ocorre, principalmente, durante os treinos. Desse modo, o uso de ISO Casein® e BCAA Heavy Bomber® serão os principais responsáveis pela recuperação e manutenção da massa muscular no pós-treino e ao longo do dia e da noite. Lanche da manhã: ½ porção de Iso Casein® Pré-treino: 1 pack do Heavy Bomber® + 1 porção de L-Carnitine Fire® Durante o treino: 1 porção de L-Carnitine Concentrated® Pós-treino: 1 porção de BCAA Heavy Bomber® + 2 cápsulas de ZMA Way® + 1 porção de ISO Waxy Maize® Antes de dormir: ½ porção de Iso Casein® Felipe Franco MIDWAY TEAM uso combinadovocê muito mais definido Associação de suplementos com rápida ação e melhor eficiência. INVESTIMENTO EFICIÊNCIA VELOCIDADE Máxima definição muscular Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 20132 © ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. 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R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I s I O l O g I A do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício Corpo Diretivo: Paulo sérgio C. gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da silva soares, Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício está indexada no SIBRADID (Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva) Editor Chefe Paulo de Tarso Veras Farinatti Editor Associado Pedro Paulo da silva soares Walace Monteiro Conselho Editorial Amandio Rihan geraldes (Al) Antonio Carlos gomes (PR) Antonio Cláudio lucas da Nóbrega (RJ) Benedito sérgio Denadai (sP) Dartagnan Pinto guedes (PR) Douglas s. Brooks (EUA) Emerson silami garcia (Mg) Francisco Martins (PB) Francisco Navarro (sP) luiz Carnevali (sP) luiz Fernando Kruel (Rs) Martim Bottaro (DF) Patrícia Chakour Brum (sP) Paulo sérgio gomes (RJ) Robert Robergs (EUA) Rosane Rosendo (sC) sebastião gobbi (sP) steven Fleck (EUA) Yagesh N. Bhambhani (CAN) Vilmar Baldissera (sP) Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br Administração e vendas Antonio Carlos Mello mello@atlanticaeditora.com.br Atlântica Editora e shalon Representações Praça Ramos de Azevedo, 206/1910 Centro 01037-010 são Paulo sP Atendimento (11) 3361 5595 / 3361 9932 assinaturas@atlanticaeditora.com.br Assinatura 1 ano (6 edições ao ano): R$ 260,00 Editor executivo Dr. Jean-louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.brEditor assistente guillermina Arias guillermina@atlanticaeditora.com.br Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br Editorial Diversidade e novos horizontes para o exercício físico, Paulo Farinatti, Editor-Chefe da RBFEx ........................................................................................... 6 artiGoS oriGiNaiS Influência do alongamento estático sobre o teste de 1RM, luiz Alberto Werneck, Eduardo lattari, sergio Machado ................................................................. 7 Consumo máximo de oxigênio e percentual de gordura em universitários, Igor larchert Mota, Jair sindra Virtuoso Junior ............................................................................. 13 Efeito agudo do exercício físico intenso no balanço oxidante e redutor no sangue de indivíduos ativos, Albená Nunes da silva, Clara Araujo Veloso, Rodrigo salles Amaral, Caroline Maria de Oliveira Volpe, José Augusto Nogueira Machado, Danusa Dias soares ......................................................... 19 Perfil morfofuncional e objetivo de sujeitos que procuram treinamento físico personalizado, Beatriz lopes de Almeida, Alexandre Correia Rocha, Dilmar Pinto guedes Junior ........................................................................................................... 28 Influência da iniciação ao voleibol na aptidão física e desempenho motor de crianças do quarto ano do ensino fundamental, Juliana Victer da silva Fraga, Roberto Pereira de Oliveira, Tomires Campos lopes .................................................... 33 rElato dE CaSo A efetividade do treino de ortostatismo progressivo na reexpansão pulmonar em trauma raquimedular alto, Caroline Andréia Pizano, Melina Tarossi, Rodrigo Marques Tonella, Cristiane Delgado Alves Rodrigues, Núbia Maria Freire Vieira lima, shirley Mandu, Daniele Mascarenhas .......................................... 40 rEViSÕES Células natural killer e o efeito do treinamento, grasiely Faccin Borges, Ana Maria Miranda Botelho Teixeira, luís Manuel Pinto lopes Rama ........................................... 45 Protocolos de tratamento na síndrome femoropatelar, Alisson guimbala dos santos Araujo, Nayara Menezes Pereira ........................................................ 55 NorMaS dE PUBliCaÇÃo ...........................................................................................62 EVENtoS .............................................................................................................................63 Índice volume 12 número 1 - janeiro/fevereiro 2013 R e v i s t a B r a s i l e i r a d e F I s I O l O g I A do e x e r c í c i o Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y O Instituto Runner - entidade ligada à rede de academias Runner, uma das maiores do Brasil - desenvolve e capacita profi ssionais para atuação no segmento. Abrangendo as áreas técnica, comercial, marketing e gestão, o Instituto Runner provê seus alunos com mais de 1200 horas anuais de treinamento prático e teórico, sob a tutela de experientes e capacitados profi ssionais. Aqui, ciência e prática caminham juntas em direção ao seu futuro. Junte-se a nós! www.institutorunner.com.br Construindo saúde. E carreiras. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 20136 Editorial diversidade e novos horizontes para o exercício físico Paulo Farinatti, Editor-Chefe da RBFEx Neste primeiro número do ano de 2013, apresentamos seis estudos originais, um relato de caso e duas revisões da literatura. No campo do treinamento físico, grupo do Rio de Janeiro analisa a influência de exercícios de alongamento sobre a força máxima, enquanto estudo de Minas gerais descreve a influência de exercício intenso no balanço oxidante no sangue. As relações entre exercício e aspectos da pro- moção da saúde são abordadas em estudos sobre consumo de oxigênio e percentual de gordura em universitários da Bahia e perfil morfofuncional de indivíduos que procuram treinamento personali- zado na região de santos/sP. Interessante trabalho sobre iniciação ao volei- bol em crianças do ensino fundamental e apresen- tado por grupo do Rio de Janeiro, enquanto as relações entre formato do pé e entorses do torno- zelo foram investigadas por equipe do Paraná. O relato de caso vem de Campinas/sP, descrevendo como o treino de ortostatismo progressivo poderia influenciar na reexpansão pulmonar em pacientes com trauma raquimedular. Fecham a presente edição duas revisões, respectivamente vindas de grupos do Amazonas e santa Catarina, sobre o efeito do treinamento sobre células natural killer e protocolos de tratamento da síndrome femoropatelar. Em poucas palavras, um conteúdo diversifi- cado, rico e oriundo de diversas partes do país, nas quais grupos com diferentes formações vêm produzindo conhecimento de qualidade e com grande potencial de aplicação na rotina dos profis- sionais que lidam com prescrição do exercício em contextos vários. A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício, como se percebe, busca refletir essa diversidade. Aos nossos leitores, bom proveito! 7Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 artiGo oriGiNal Influência do alongamento estático sobre o teste de 1rM Influence of static stretching on the 1RM test luiz Alberto Werneck*, Eduardo lattari**, sergio Machado, D.sc.*** *Especialista em Personal training e musculação (FAMATH-RJ), Laboratório de Biodinâmica, Univer- sidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, **Mestrando em Ciências do Exercício e do Esporte (PPGCEE- UGF/RJ), Laboratório de Neurociência do Exercício- Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, ***La- boratório de Pânico e Respiração do IPUB/UFRJ, Programa de Quiropraxia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Central (UCEN)- Chile, Laboratório de Neurociência da Atividade Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física (PPGCAF), Universidade Salgado de Oli- veira, Niterói/RJ (UNIVERSO) Resumo O objetivo deste trabalho foi verificar se 1 série de 10 segundos de alongamento estático poderia reduzir as cargas mobilizadas no teste de 1RM. A amostra foi composta de 10 homens participantes de um programa de musculação por pelo menos 1 ano. A amostra foi dividida em 2 grupos de 5 indivíduos de maneira aleatória formando 10 pareamentos em um tratamento cruzado em que cada grupo era seu próprio controle. No primeiro dia, cinco sujeitos realizaram o teste com o prévio alongamento e os outros cinco não. No segundo dia, inverteu-se o procedimento. Os resultados demonstraram que a aplicação prévia de uma série com 10 segundos de permanência do alongamento estático não levou a perda de força no teste de 1RM. Concluiu-se que a realização de uma série de dez segundos de alongamento estático antes do início do treinamento contra resistência não prejudica o desenvolvimento da força. Palavras-chave: alongamento estático, força muscular, 1RM Abstract The aim of this study was to verify if 10 seconds of static stretching could reduce the loads mobilized in 1RM test. The sample was composed of 10 young healthy men and participants of a bodybuilding pro- gram for at least 1 year. The sample was divided into 2 groups of 5 individuals randomly forming 10 pairings in a crossover treatment where each subject was its own control. Two sessions were held in order to obtain reliability in 1RM test. On the first day, five subjects performed the test with the priorstretching and the other ones not. On the second day, the procedure was reversed. The results showed that the prior performance of a 10 seconds static stretching did not result in loss of strength in 1RM test. It was concluded that a series of ten seconds of static stretching before counter resis- tance training does not reduce strength development Key-words: static stretching, muscular strength, 1RM. Recebido em 7 de setembro de 2012; aceito em 4 de janeiro de 2013. Endereço para correspondência: Sergio Machado, Laboratório de Neurociência da Atividade Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Atividade Física (PPGCAF) - Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, Rua Ferreira Viana, 62/601, 22410-040 Rio de Janeiro RJ, E-mail: secm80@yahoo.com.br Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 20138 Introdução Dentro de um programa global de condiciona- mento, a compatibilidade e a priorização são funda- mentais na integração dos diferentes componentes da aptidão física. É comum, num programa de treinamento que vise à saúde, à estética ou à perfor- mance, a realização de exercícios de alongamento, força muscular e atividades aeróbicas, sendo que, o alongamento, é normalmente utilizado na fase de aquecimento [1-5] e de volta a calma [6]. No primeiro caso, é utilizado como forma de preparar o sistema músculo-articular para um esforço físico, através da deformação elástica e, de acordo com Evetovich et al. [4], smith [7], Worrel et al. [8] e Pinfildi et al. [9], como prevenção de lesões, apesar desta afirmação estar sendo posta em dúvida nos últimos anos [3,5,10-12]. No segundo caso, ou seja, na volta à calma, os exercícios de alongamento são utilizados com o intuito de provocar um relaxa- mento, pela diminuição da tensão passiva [6]. En- tretanto, o efeito que um trabalho de alongamento pode ter sobre a força muscular ainda é bastante controvertido [13]. Alguns autores demonstraram uma redução na capacidade de gerar tensão nos músculos previamente submetidos a uma sessão de alongamento. Algumas revisões evidenciaram que o alongamento antecedendo a uma atividade de força muscular acarreta queda no desempenho de força [14,15]. Entretanto, em uma importante revisão, Rubini et al.[16] destacaram que, embora a maioria dos estudos encontrasse diminuições agudas na força, quando precedida de exercícios de alongamento, tais diminuições pareciam ser mais proeminentes em protocolos mais longos de alongamento (número de exercícios e séries, e a duração de cada série) que, no geral, excediam as escalas normalmente recomendadas na literatura. Consequentemente, a duração dos estímulos era excessivamente longa comparada com a prática comum, assim, fazendo evidente a necessidade de mais estudos adicionais. Outro fator importante é o método de alongamento utilizado, já que as respostas sobre a força muscular são diferenciadas mediante o método que se aplique, podendo acar- retar tanto em ganhos (balístico) [17-19] como em perdas de força (estático e facilitação neuromuscu- lar proprioceptiva-FNP) [20-23]. Portanto, o objetivo deste trabalho foi verifi- car se, utilizando como método o alongamento estático, executando apenas uma série de dez segundos, haveria redução das cargas mobilizadas no teste de 1RM. Material e métodos Amostra A amostra foi composta de 10 sujeitos com média de idade de 23,3 ± 2,98, peso 84,9 ± 4,7 e estatura de 1,81 ± 0,04, praticantes de treinamento de força há no mínimo um ano, sem histórico de lesão, e aptos para a realização de testes e treinamen- tos específicos. Após serem previamente esclarecidos sobre os propósitos da investigação e procedimentos aos quais seriam submetidos, os indivíduos assina- ram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os dez sujeitos foram divididos em dois gru- pos de cinco indivíduos, de maneira aleatória, para a realização dos procedimentos com e sem alongamento, de modo a formarem 10 parea- mentos, em um tratamento cruzado em que cada sujeito era seu próprio controle. Este estudo está de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Teste de 1RM para o exercício do supi- no reto Para coleta de dados, foi aplicado, para os dez sujeitos da amostra, o teste de uma repetição máxima (1RM), sendo realizado em dois dias diferentes, com intervalo de 48 horas entre eles e sendo utilizado o exercício do supino reto. As duas sessões de teste de 1RM para o exercício de supino reto tiveram, como objetivo, a familiarização com o procedimento e a obtenção da fidedignidade das cargas. As seguintes estratégias foram adotadas, durante o teste de 1RM, para reduzir erros de execução: • Todos os participantes da pesquisa foram devi- damente instruídos quanto aos procedimentos do teste e técnica de execução no exercício de supino reto; 9Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 • Todos os testes foram realizados no mesmo horário para o mesmo indivíduo; • Os equipamentos utilizados para os testes e para o treinamento foram devidamente che- cados; • Como padronização da amplitude do movi- mento, os sujeitos deveriam tocar a barra na caixa torácica no final da fase excêntrica, em cada repetição executada; • Foi permitido aos sujeitos a realização de um aquecimento específico que consistiu na execução do próprio supino reto, seguindo-se as recomendações do American College of sports Medicine’s guidelines [24]: 1 série de 5 a 10 repetições com uma carga de 40 a 60 % de 1 RM, e uma segunda série, 1 minuto depois, de 3 a 5 repetições com uma carga de 60 a 80 % de 1 RM. Após o aquecimento, foi dado um intervalo de 5 minutos antes do início dos testes. Aplicação experimental Verificada a fidedignidade das cargas obtidas no teste de 1RM para o exercício de supino reto, foram realizadas duas etapas para verificar a in- fluência do alongamento estático passivo sobre a força desenvolvida no teste de 1RM. a) 1º dia – Nesta etapa, cinco sujeitos realizaram o teste de 1RM com o prévio alongamento e os outros cinco realizaram o teste de 1RM sem o alongamento prévio; b) 2º dia – Nesta última etapa, os cinco sujeitos que realizaram o teste de 1RM sem o alonga- mento, dessa vez realizaram com o alongamen- to prévio. Os outros cinco que realizaram com o alongamento no primeiro dia, realizaram sem o alongamento nesse segundo momento. Foi realizada uma série de alongamento assis- tido passivo que seguiu a seguinte rotina: com o sujeito de costas, o avaliador, segurando-o pelas mãos, realizou-lhe uma abdução no plano hori- zontal, mantendo os braços aproximadamente no nível dos ombros, até uma posição que o aluno relatasse um ligeiro desconforto. O tempo de duração do alongamento foi de 10 segundos, por estar próximo do tempo normalmente utilizado nas academias pelos praticantes de musculação. O tempo entre a realização do alongamento e o início da execução do exercício foi de 30 segundos. As duas sessões dos procedimentos experimen- tais foram realizadas com um intervalo de 48 horas entre elas, no mesmo horário, pelo fato da capacidade de produzir força oscilar durante o dia [25]. Os indivíduos foram orientados a não realizar atividade física até o momento da coleta dos dados, além de não realizar trabalhos contra resistência utilizando a musculatura solicitada no teste, no dia que precedia cada etapa. Antes dos testes, foi realizado um aquecimento localizado, para, possivelmente, melhorar a capacidade de desempenho neuromuscular e reduzir o risco de lesões [26]. Análise estatística Para verificar as cargas obtidas nos testes de 1RM, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson,enquanto que para verificar a influência do alongamento estático antecedendo ao teste de 1RM, foi utilizado um teste “t” student pareado. Resultados Através do coeficiente de correlação de Pearson foi observada uma alta correlação (r = 0,98) nos testes de 1RM. Além disso, foi observado, atra- vés do teste t student, que não houve diferenças significativas entre a aplicação ou não do alonga- mento estático passivo antecedendo ao exercício de supino (Figura 1). Figura 1 - Comportamento da força muscular no teste de 1RM sem e com utilização de alongamento estático. Sem alongamento Com alongamento 87 86 85 84 83 82 81 80 C om po rta m en to d a fo rç a Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201310 traram não haver interferência. Em concordância, Mello e gomes [13], utilizando 2 séries de 15, 30 e 60 segundos de insistência, também não encon- traram efeitos deletérios do alongamento prévio ao trabalho de força. Dos estudos revisados neste trabalho, com exceção ao de Mello e gomes [13] e Prati et al. [14], nenhum utilizou um tempo de insistência próximo ao comumente utilizado pelos praticantes de atividade física contra resistência que é de 10 segundos. Vários autores propõem explicações para a redução da força após a realização de exercícios de alongamento, tais como alteração das propriedades viscoelásticas do músculo [45,46], redução da rigi- dez muscular esquelética e a tensão passiva [45,47], diminuição da ativação das unidades motoras após os exercícios de alongamento [37] e ativação dos órgãos tendinosos de golgi e dos receptores de dor que inibem a produção de força [38]. De acordo com o estudo de Wilson et al. [48], um sistema músculo-tendão mais maleável teria um período em que seu comprimento estaria reduzido, com ausência de sobrecarga, até que houvesse o ajustamento dos componentes elásti- cos para a transmissão da força. Este fato colocaria o componente contrátil numa posição menos favorável em termos de produção de força nas curvas de força-comprimento e força-velocidade. Porém, estas alterações talvez só ocorram com tempos de estimulação suficientemente altos [12]. Conclusão Ao comparar os resultados do teste de 1RM com e sem a utilização prévia de alongamento, observou-se que não houve diferenças significa- tivas entre os procedimentos, o que leva a crer que a realização de uma série com 10 segundos de permanência de alongamento estático, antes do início do treinamento contra resistência, não é contra producente para o mesmo. Isso é de suma relevância para o profissional de educação física que prescreve seus exercícios dentro de academias e ambientes relacionados à prática esportiva. sugere-se que estudos eletro- miográficos sejam feitos para observar se há ou não uma menor ativação da musculatura agonista após uma sessão de alongamento, durante testes de força máxima. Discussão Os métodos de alongamento, com intuito de promover o aumento da flexibilidade, mais utili- zados nas academias, previamente aos exercícios contra resistência são: estático, balístico e o de facilitação neuromuscular proprioceptiva [9,12]. A necessidade do aprimoramento dos 2 com- ponentes da aptidão física, força e flexibilidade, para a manutenção da qualidade de vida e a apa- rente incongruência entre eles numa mesma sessão de treinamento, pelo fato do alongamento poder ter um efeito negativo sobre a força, faz com que vários estudos sejam realizados com o objetivo de esclarecer este ponto. Os estudos que analisaram a influência do alongamento nos exercícios de força são muito controversos, possivelmente pelo fato do tempo de duração e o tipo de alongamento variarem muito entre eles. Quando trabalhos de alongamento estático foram realizados imediatamente antes, diversos estudos [1,4,20,21,27-41] demonstraram uma diminuição do desempenho nos exercícios de força. grande parte dos estudos citados acima utilizou um tempo de permanência acima da realidade utilizada em ambientes de academia. Outro ponto importante é o tipo de alongamento utilizado. As pesquisas demonstram que os tipos de alongamento podem influenciar de formas distintas a força muscular. Destes, o alongamento estático e as técnicas de FNP demonstraram um efeito deletério sobre as diversas manifestações da força muscular, conforme verificado em estudos realizados [20-23]. Já o tipo de alongamento executado de maneira dinâmica (balístico), pode acarretar até mesmo em ganhos de força muscular, conforme descritos em outras pesquisas realizadas [17,19,42]. O fato de realizar um teste de força di- nâmica máxima e protocolos de treinamento que utilizam força submáxima (90% de 1RM) imedia- tamente após a aplicação do alongamento estático passivo pode influenciar nas respostas imediatas sobre a força. Foi observado que três séries com 10 segundos de duração foram o suficiente para acarretar na perda de força verificada através de um volume total de treinamento executado no exercício de supino [14]. Em oposição, os estudos de garrison et al. [43] e Cramer et al. [44], mos- 11Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 Referências 1. Nelson Ag, Allen JD, Cornwell A, Kokkonen J. Inhibition of maximal voluntary isometric torque production by acute stretching is joint-angle specific. Res Q Exerc sport 2001a;72(1):68-70. 2. Nelson Ag, Kokkonen J. Acute balistic muscle stretching inhibits maximal strength performance. Res Q Exerc sport 2001;72(4):415-9. 3. Young WB, Behm Dg. should static stretching be used during a warm-up for strength and power activies? strength Cond J 2002;24(6):33-7. 4. Evetovich TK, Nauman NJ, Conley Ds, Todd JB. Effect of static stretching of the biceps brachii on torque, electromyography, and mechanomyogra- phy during concentric isokinetic muscle actions. J strength Cond Res 2003;17(3):484-8. 5. Thacker sB, gilchrist J, stroup DF, Kimsey CD. The impact on stretching on sports injury risk: a systematic review of the literature. Med sci sports Exerc 2004;36(3):371-8. 6. 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Métodos: Trata-se de um estudo descritivo e analítico, de corte transversal, cuja amostra selecionada por conveniência foi composta por 55 universitários, com a média de idade de 21 anos (± 2,8). Para coleta dos dados, foi utilizado o teste máximo de Balke (bicicleta) na avaliação da capacidade cardiorrespiratória (VO² em ml/kg.min-1) e a medida de quatro dobras cutâneas (subescapular, tríceps, suprailíaca, panturrilha). Na análise dos dados foram utilizados procedimentos da estatísticadescritiva e medidas de correlação (sperman), p < 0,05. Resultados: A média do VO² foi de 41,8 ml/kg.min-1 (± 13,8) e do percentual de gordura 19,9 (± 7,4). Na correlação verificou-se uma relação inversa, ou seja, à medida que o percentual de gordura aumenta há uma diminuição na condição cardiorrespiratória dos sujeitos avaliados (rho = -0,55). Conclusão: Os resultados permitem concluir que a quantidade de gordura corporal é um determinante no desempenho cardiorrespiratório em jovens universitários. Palavras-chave: distribuição da gordura corporal, aptidão física, consumo de oxigênio. Recebido em 15 de agosto de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Igor Larchert Mota, Rua 2, n°291 Lot. Mar de Rosas, 49030-210 Aracaju SE, E-mail: igorlarchert@hotmail.com Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201314 Introdução A nova era da mecanização, da automação e da computação eximiu os homens das tarefas físicas mais intensas no trabalho e nas atividades da vida diária. Atualmente, observa-se uma trans- formação notável de uma sociedade acostumada aos trabalhos pesados (fisicamente ativa), para uma população de cidadãos urbanos ansiosos e estressados e de suburbanos com pouca ou ne- nhuma oportunidade para o envolvimento em atividades físicas. A associação entre a prática de atividade fí- sica e melhores padrões de saúde é amplamente difundida. Entretanto, apenas recentemente (30 a 40 anos atrás), pôde-se admitir que o baixo nível de atividade física fosse fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis [1]. Uma boa aptidão aeróbia ajuda a prevenir doenças cardíacas, alguns tipos de câncer, diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose entre outras doenças crônicas, por outro lado, os esportes que envolvem componentes aeróbios como correr, pedalar e nadar proporcionam um bom desenvol- vimento dessa capacidade aeróbica e consequente- mente a prevenção destas patologias crônicas [2]. Os componentes da aptidão física relaciona- dos à saúde compreendem consumo máximo de oxigênio (VO2máx), composição corporal, força muscular, flexibilidade e tolerância ao estresse [3]. O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é também apresentado como a melhor vari- ável utilizada para determinar e classificar o condicionamento aeróbio de uma pessoa. Ele representa a quantidade máxima de oxigênio que pode ser captado, transportado e con- sumido pelo metabolismo celular enquanto uma pessoa desempenha exercícios dinâmicos envolvendo grandes massas musculares, além de sofrer influência das variáveis: idade, sexo, nível de condicionamento, hereditariedade e estado clínico cardiovascular [4]. Além disso, é influenciado pelas variáveis idade, sexo, hábitos de exercício, hereditariedade e estado clínico cardiovascular. É, igualmente, conhecido como potência aeróbica máxima, por sua medida ser descrita, tanto na forma relativa como na forma absoluta, em volume de oxigênio (mililitros ou litros) por minuto. seus valores podem ser determinados tanto de forma direta, através da análise de gases inspirados e expirados por meio de um espirômetro durante um teste de esforço máximo, como de forma indireta através da avaliação de determinadas variáveis fisiológicas e físicas coletadas durante um teste de esforço máximo e submáximo, cujos valores são inseri- dos dentro de modelos matemáticos [5]. A composição corporal, assim como o con- dicionamento cardiorrespiratório, é considerada uma qualidade física relacionada à saúde. Ela tem sido usada como parâmetro para vários segmentos da atividade física e desempenho pro- fissional e é de grande importância na orientação dos programas de controle do peso corpóreo. O desenvolvimento precoce de doenças crônicas Abstract Introduction: Physical fitness is an individual deter- minant to perform daily tasks, and some physical qua- lities, for example, cardiorespiratory capacity and body composition are related to health. Objective: To analyze the relationship between the maximal oxygen intake and the percentage of fat in university students. Me- thods: This is a descriptive and analytic cross-sectional study, which was selected by convenience sample and consisted of 55 students, with a mean age of 21 years (± 2.8). Data was collected using the Balke VO2max Test (bicycling) in the capacity cardiorespiratory eva- luation (VO ² in ml/kg.min-1) and the four skinfolds measurement (subscapular, triceps above iliac, calf ). Data analysis used descriptive statistics and sperman correlation measures, p < 0.05. Results: The average of the maximal oxygen intake was 41.8 ml/kg.min-1 (sD = 13.8) and the fat’s percentage of 19.9 (± 7.4). When examined the relationship between the variables of the study, there was an inverse relationship, i.e. when the percentage of fat increases was observed a decreasing in the cardiorespiratory capacity of the evaluated subjects (rho = -0.55). Conclusion: The results suggested that the amount of body fat is a determinant of cardiores- piratory capacity in university students. Key-words: body fat distribution, physical fitness, oxygen intake. 15Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 não transmissíveis, como as cardiovasculares, hipertensão, elevados níveis de lipoproteínas de baixa densidade, entre outras, está associado sig- nificativamente com elevados níveis de gordura corporal [6,7]. Portanto, quantificar a gordura corporal com o menor erro possível torna-se fundamental, fato que tem levado pesquisadores a desenvolverem e validarem diferentes técnicas para estimá-la [8]. Nesse sentido, o ser humano resolve melho- rar a sua aptidão física no intuito de se prevenir das patologias e se tornar saudável. Portanto, ser saudável é tornar-se responsável pela sua própria saúde. O ser saudável requer um compromisso contínuo com o estilo de vida, uma grande von- tade de mudar em busca da melhor qualidade de vida e da longevidade [9]. Diante desta perspectiva, a monitorização da quantidade de gordura corporal e da prática da atividade física tem recebido notoriedade em aspectos relacionados à promoção da saúde. Na tentativa de contribuir para a elucidação do problema, o estudo procura analisar a relação do consumo máximo de oxigênio com o percentual de gordura em universitários. Material e métodos Sujeitos Participaram deste estudo 55 universitá- rios, 36 homens e 19 mulheres, saudáveis, da Universidade Estadual do sudoeste da Bahia, localizada na região nordeste do Brasil. Os indivíduos foram selecionados e alocados em grupos segundo o sexo para as avaliações, no entanto, a análise dos dados foi feita sem con- siderar os gêneros. Os critérios de inclusão da pesquisa foram: ser maior de 18 anos de idade e saudáveis. Foram excluídos da amostra os indivíduos que apresentaram qualquer doença no mo- mento da realização dos testes propostos. Os participantes conheceram os procedimentos do experimento e suas implicações (riscos e benefícios), por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido conforme recomendações da resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de saúde. Delineamento experimental Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal-analítico e abordagem quantitativa. Os testes para determinação das medidas antro- pométricas e VO2 foram aplicados no laboratório de exercícios resistidos do Campus de Jequié da UEsB em outubro de 2005. Medidas antropométricas A massa corporal foi medida em uma balança com precisão de 0,1kg (Filizola®, são Paulo, Brasil) e a estatura mensurada em um estadiômetro com precisão de 0,1 mm (Seca). A densidade corporal (DC) foi estimada pela equaçãogeneralizada de Petroski (10): 4 dobras cutâneas (tríceps, supra ilíaca, panturrilha, subescapular), e o percentual de gor- dura (%g) calculado pela equação de siri de 1961. A técnica da espessura das dobras cutâneas como procedimento no estudo da gordura cor- poral, está baseada no princípio de que existe uma significativa relação entre a gordura situada diretamente abaixo da pele (gordura subcutâ- nea), a gordura interna e a densidade corporal [11]. No Brasil, Petroski [10] e Rodriguez-Añez [12] destacaram-se ao desenvolverem equações antropométricas para a estimativa da densidade corporal, e Petroski & Pires Neto [13] por vali- darem equações estrangeiras, a maioria de origem americana. A conversão da densidade corporal a partir dos valores das dobras cutâneas para per- centual de gordura pode ser realizada através das equações de siri (1961) e de Brozek [10] Determinação do VO2 máx O VO2 max foi determinado a partir do teste máximo de Balke (bicicleta), 1959. Este teste foi desenvolvido para eletrocardiografia de esforço, razão pela qual são mais indicados em indivíduos destreinados. A técnica de Balke é escalonada máxima, sem intervalos. Inicia-se o teste com uma carga de 25 Watts (sedentários) ou 0,5 kg ou 150 kg para uma rotação de 6 metros (critério estabe- lecido para o presente estudo), já para indivíduos treinados (50 Watts ou 1,0 kg ou 300 kgm) e com velocidade de 50 rpm; a cada dois minutos, aumentam-se mais 25 watts, sucessivamente, até Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201316 Na Tabela II encontram-se os valores mínimos e máximos, além das médias (19.92 e 41.80) do percentual de gordura e VO2. Tabela II - Valores das variáveis gordura (%) e VO2 máx (ml 1/(kg.min)). n* Míni- mo Máxi- mo Média DP G(%) 54 8 59 19,92 7,42 VO2máx 547 19,1 75,8 41,802 13,848 Na Figura 1, é apresentado os valores em porcentagem de gordura correlacionados aos valores de VO2 máx, demonstrando uma relação negativa (r = -0,55). Figura 1 - Gráfico de correlação entre as variáveis percentual de gordura e VO2 máx. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 20 40 60 80 %G VO 2m ax r= -0,55 Discussão Este estudo procurou analisar a relação entre a composição corporal e a capacidade cardiorrespi- ratória, que são consideradas propriedades físicas análogas à saúde. A pesquisa demonstrou haver correlação inversa entre o percentual de gordura e o consumo máximo de oxigênio, ou seja, à medida que o percentual de gordura aumenta há uma diminuição na condição cardiorrespiratória dos sujeitos avaliados (Figura 1). Os resultados das Tabelas I e II, sobre massa corporal, estatura e percentual de gordura, apre- sentaram escores mais elevados quando com- parados com a média da população masculina brasileira da região sul, estimadas por Petroski ser atingida a frequência cardíaca máxima do indi- víduo, ou outros critérios de interrupção, ou seja, a incapacidade de manter a velocidade e a carga. A carga máxima sustentada permite se estimar o VO2 máx. em l/min através da fórmula abaixo: VO2 máx: 200 + (12 x W) / M = VO2 em ml 1/ (kg.min) W = carga máxima sustentada em Watt M = peso corporal total do atleta expresso em kg O protocolo de balke permite uma adaptação fisiológica adequada, pois a carga é aumentada em pequenos incrementos, retardando o início da ativação do metabolismo aeróbico. O resultado depende, entretanto, da motivação do indivíduo. Análise estatística Para a análise estatística dos dados utilizou-se o software Microsoft Excel 2003®. Foi adotado para análise e interpretação dos dados, um nível de significância de 5% (p < 0,05). A análise descritiva dos dados serviu para caracterização da amostra, com distribuição de frequência, medida de tendência central (média) e de dispersão (amplitude de variação, desvio- -padrão). Para análise correlacional das variáveis VO2máx e percentual de gordura, utilizou-se a estatística não-paramétrica de spearman, devido a não normalidade dos dados. Resultados O perfil antropométrico e as características de faixa etária dos universitários estão expressos na Tabela I. A média de idade que foi de 21 anos (± 2.84) exibe o perfil jovem da população e as mé- dias obtidas para peso e estatura são semelhantes, o que torna a amostra homogênea quanto a esses aspectos, e tem importância pelo fato da amostra ser relativamente reduzida. Tabela I - Características Antropométricas. Jequié/ BA, 2010. n* Míni- mo Má- ximo Média DP Idade (anos) 54 18 30 21,83 2,84 Peso (kg) 54 43,4 90,3 66,372 10,694 Estatura (cm) 54 1,52 1,88 1,70 9,35 17Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 [10], em que, a massa corporal, a estatura e o percentual de gordura apresentaram os seguintes valores respectivamente, 73,6 kg (± 9,7), 174,5 cm (± 6,8) e 16,1 % (± 6,8). De acordo com o Institute for Aerobics Research, o percentual de gordura (19,9) para a faixa etária de 20 a 29 anos de idade no sexo masculino, é considerado razoável [14]. A média de VO2máx (41,8 ± 13,8) é classifi- cada no conceito “Bom”, de acordo com a classi- ficação sugerida pela American Heart Association [15]. A Associação Americana de Cardiologia sugere uma classificação por faixa etária do con- sumo de VO2 máx, que são: baixa, regular, média, boa e excelente. segundo esta, as pessoas com idade menor que 29 anos, geralmente, apresen- tam VO2máx em torno de 42 a 52 ml/kg/min. Valores estatisticamente baixos do percentual de gordura associados aos altos índices de VO2máx, demonstram a presença de pessoas com excelentes aptidões físicas neste estudo. Em estudo feito na modalidade esportiva do handebol, Fiori [16] encontrou em atletas de 16 a 21 anos o VO- 2máx. de 56,93 ± 4,47 ml/kg/min, estando este, superior aos valores encontrados na literatura e nesta pesquisa. Boldori [17], estudando um grupo de bom- beiros militares de santa Catarina, encontrou as médias de VO2 máx de 41,6 ± 6,5 ml/kg/min e percentual de gordura de 16,0 ± 4,9 (%), numa faixa etária de 40 a 50 anos. Já para a faixa etária de 20 a 29 anos, encontrou as médias de 46,1 ± 6,0 (ml/kg/min) e 11,1 ± 4,3 (%) para VO2 e %g respectivamente, valores estes bem próximos aos encontrados nos universitários avaliados neste estudo. A relação da composição corporal com a resistência cardiorrespiratória apresenta uma relação que foi destacada por george et al. [18], referindo como exemplo dois indivíduos com a mesma capacidade de VO2 absoluta, porém um indivíduo com 75 kg e o outro com 85 kg. Assim, o indivíduo com 75 kg tem condições de realizar um esforço de maior intensidade e por período mais longo do que o indivíduo de 85 kg. Entre as potenciais e plausíveis limitações deste estudo, é possível destacar o número redu- zido da amostra, porém com base na literatura consultada é possível identificar que os resultados encontrados nesta investigação são sustentados pelas evidências científicas de associação da quantidade de gordura corporal com o consumo máximo de oxigênio. A possibilidade de viés de seleção e de aplica- ção dos testes de desempenho físico está minimi- zada, pois os aplicadores de tais testes passaram por um treinamento prévio. Porém, é possível que fatores motivacionais possam ter interferido na realização dos testes. Conclusão Com base nos resultados apresentados, é possível concluir que a quantidade de gordura do corpo é um determinante no desempenho cardiorrespiratório em jovens universitários, uma vez que quanto maior o percentual de gordura menor o consumo máximo de oxigênio destes indivíduos. sugere-se, portanto, que a elaboração de programas direcionadosà melhoria da aptidão cardiorrespiratória inclua ações direcionadas ao controle do peso corporal. Referências 1. Rodrigues EsR, Cheik NC, Mayer AF. Nível de atividade física e tabagismo em universitários. Rev saúde Pública 2008;4(42):672-8. 2. santos ls, Dias Tlg, Ferreira lMH, Rocha NFM, Escudeiro ss, Cerqueira gs. 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Tel: (11) 3361-5595 | assinaturas@atlanticaeditora.com.br 19Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 artiGo oriGiNal Efeito agudo do exercício físico intenso no balanço oxidante e redutor no sangue de indivíduos ativos Acute effect of intense exercise on oxidative and reducing blood response in trained men Albená Nunes da silva*, Clara Araujo Veloso*, Rodrigo salles Amaral*, Caroline Maria de Oliveira Volpe*, José Augusto Nogueira Machado*, Danusa Dias soares** *Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), Hospital Santa Casa de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG, **La- boratório de Fisiologia do exercício da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (EEEFTO/UFMG), Belo Horizonte/MG Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do exercício físico, representado pelo teste de Cooper, na produção de Espécies Reativas de Oxigênio (ROs), na formação de AgEs, na ativação de proteína Kinase C (PKC) e na capacidade antioxidante do plasma de indivíduos treinados. ROs foi quantificado utilizan- do quimioluminescência dependente de luminol. A capacidade antioxidante total do plasma foi avaliada através da redução direta de sal tetrazólico (MTT). Para análise da produção de AgEs, as concentrações de malonaldeído (MDA) plasmático foram medidas por kit de ácido tiobarbitúrico (TBARs) e a produção de ROs em resposta à ativação por PKC foi medida usando o ativador PDB. As análises estatísticas da produção de ROs foram feitas em função logarítmica, usando-se o teste de Fisher. Para os demais dados, foi utilizado o teste “t” de student, sendo p < 0,05 consi- derado estatisticamente significativo. O exercício físico foi capaz de aumentar em 39% a produção de ROs nos leucócitos coletados (p < 0,05). Entretanto, este aumento não resultou em peroxidação lipídica (p > 0,05). A capacidade antioxidante do plasma diminuiu após o teste de Cooper (p < 0,05). Houve ainda grande alteração na sensibilidade da via DAg-PKC (399%) em resposta à atividade física, quando estimulada com éster de forbol (PDB). Os resultados sugerem que o teste de Cooper induziu um aumento em respostas de oxidação na ausência e na presença de PDB e diminui- ção da resposta redutora para compensar este aumento e afastar a possibilidade de estresse oxidativo. Palavras-chave: espécies reativas de oxigênio, estresse oxidativo, exercício físico. Recebido em 27 de novembro de 2012; aceito em 4 de fevereiro de 2013. Endereço para correspondência: Albená Nunes da Silva, Rua Major Lopes 738/601, 30330-050 Belo Horizonte MG, E-mail: albenanunes@hotmail.com Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201320 Introdução O exercício físico representa aumento na uti- lização de substratos pelos músculos em atividade devido ao aumento na demanda de energia e, consequentemente, na utilização do oxigênio para produzi-la através da via oxidativa [1]. Esse aumento do consumo de oxigênio (O2), assim como a ativação de vias metabólicas es- pecíficas durante ou após o exercício, resultam na formação de Espécies Reativas de Oxigênio (ROs) [2]. Essas substâncias, também chamadas de radicais livres, são produzidas naturalmente em nosso organismo através de processos metabóli- cos oxidativos que são altamente reativos e com tempo de vida fugaz na ordem de milésimos de segundos [2]. Radical livre é definido como qualquer átomo, molécula ou fragmento de molécula contendo um ou mais elétrons desemparelhados em suas camadas de valência [3]. Essas moléculas têm sua produção aumentada por exercícios de alta intensidade e foram relacionadas, a partir da década de 80, a diversas doenças, como enfisema pulmonar, doenças inflamatórias, aterosclerose, câncer, e ao envelhecimento [4]. Para sobre- viver, os seres aerobionte desenvolveram um mecanismo endógeno para minimizar os danos produzidos pelos radicais livres: o sistema de defesa antioxidante [2]. O desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROs), ou seja, os radicais livres, e a remoção destes compostos pelo siste- ma de defesa antioxidante leva o organismo a uma situação conhecida como estresse oxidativo [3]. O estresse oxidativo é uma condição celular ou fisiológica de elevada concentração de ROs que causa danos moleculares às estruturas ce- lulares, com consequente alteração funcional e prejuízo das funções vitais [5]. Além disso, pode gerar danos às proteínas e ao DNA, provo- cando alterações na função celular e, portanto, tecidual [2]. Esses danos acontecem em diversos órgãos e tecidos, como o muscular, hepático, adiposo, vascular e cerebral; e um dos principais meca- nismos de lesão é a peroxidação lipídica, ou seja, a oxidação da camada lipídica da membrana celular [2]. Todavia, o efeito deletério do es- tresse oxidativo varia consideravelmentede um ser vivo para o outro, de acordo com a idade, o estado fisiológico e a dieta [6]. Há, na literatura científica, evidências de correlação entre exercí- cios de alta intensidade e excesso na produção de radicais livres [7], e os submáximos resultam em significantes mudanças na susceptibilidade de hemácias à oxidação e ao estresse osmótico [8]. Além disso, quando realizados até a fadiga, exercícios físicos levam ao aumento da utilização da via oxidativa de produção de energia, e con- Abstract The present study was designed to determine the effects of exercise (Cooper test) on Reactive Oxygen species (ROs) production, PKC activation, AgEs for- mation, and antioxidant capacity of plasma in healthy well trained male volunteers. ROs were quantified by luminol-dependent chemiluminescence. Total plasma antioxidant status was measure in a MTT dye reduction assay For the analysis of the production of AgEs, plasma malondialdehyde (MDA) concentra- tion was measured by TBARs Assay Kit and ROs production with PKC activation was measured using a PDB (phorbol ester) as activator. statistical analyses were made with student’s t test and F test. Cooper test increased (39.0%) the ROs generation in leukocytes from well-trained athletes. similar experiments were performed in vitro with leukocyte collected before and after intense exercise under stimulation without or with phorbol ester (PDB), respectively. ROs produc- tion increased in leukocytes after exercise (p < 0.05). lipid peroxidation (MDA) was not altered when the quantification performed before and after exercise were compared (p > 0.05). In contrast, the total plasma antioxidant status was significantly decreased in plasma collected after exercise. Our results suggest that physical exercise induces an increase in the oxidizing metabolic response in the presence or in the absence of PDB and a significant decrease in the plasma reducing response to compensate the oxidizing status and to avoid a typical oxidative stress. Key-words: reactive oxygen species, oxidative stress, exercise. 21Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 sequentemente, da produção de radicais livres, causando um perfil agudo de estresse oxidativo. O teste de Cooper, um teste internacionalmente usado para avaliar a condição física, consiste em correr-se na maior velocidade possível para se atingir a maior distância possível, em doze minutos, sendo caracterizado como um teste de alta intensidade. Existe um crescente interesse da comunidade científica envolvida com a ati- vidade física pelo entendimento da relação entre exercício físico e produção de ROs, pois estas substâncias podem estar associadas às respostas adaptativas induzidas pelo exercício físico. sendo assim, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito do exercício físico intenso em parâmetros oxidantes e redutores sanguíneos. Material e métodos Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da santa Casa de Misericórdia (sCM) de Belo Horizonte. Todos os procedi- mentos adotados neste estudo estão de acordo com as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras das Pesquisas Envolvendo seres Humanos” do Conselho Nacional da saúde (Res. 196/96). Os voluntários assinaram um termo de consentimen- to livre e esclarecido. Participaram deste estudo 11 voluntários masculinos com idade média de 26,54 ± 2,2 anos saudáveis, praticantes regulares de atividade física, sem histórico recente de lesão, não tabagistas e que não estivessem utilizando qualquer medicação (Tabela I). A avaliação física constou de medidas de massa corporal, estatura, dobras cutâneas e teste de esforço progressivo submáximo na bici- cleta ergométrica. Neste estudo o teste de Cooper foi utilizado para representar um exercício físico intenso e de duração moderada. O teste de Cooper, que foi desenvolvido pelo Dr. Kenneth H. Cooper em 1968, é mundialmente utilizado para ava- liação da condição cardiorrespiratória. Neste teste, o indivíduo deve correr a maior distância possível em 12 (doze) minutos. Os valores da distância são submetidos à fórmula: distância(m) - 504.9/44.73 para predizer o Volume Máximo de Oxigênio (VO2máx), e o resultado é dado em ml.kg-1.min-1. Tabela I - Dados físicos dos voluntários que partici- param do estudo. Vo- lun- tário Peso (kg) Altura (cm) Idade (anos) % Gor- dura VO2 máx (ml.kg-1. min-1) 1 80 171 31 18 48 2 59,9 174 26 7,48 51,1 3 81,1 181,5 28 14,23 45 4 76,3 173 28 11,31 45,3 5 70 1.83 27 11 51 6 88.2 178 23 12,89 48 7 78,7 175 26 17,8 48,9 8 74,8 175 25 14,45 58,8 9 102,6 188 28 14,03 42,2 10 60 170 24 15,79 47,1 11 112 191 26 16,86 45,6 Média 86,62 179,5 26,54 13,98 48,27 DP 21,24 8,21 2,2 3,19 4,37 Imediatamente antes e após o teste foram coletados 15 ml de sangue venoso periférico dos atletas através da punção venosa, em tubos vacu- tainers contendo heparina como anticoagulante e dirigidos para o laboratório de Imunologia da sCM onde foram processados utilizando o proto- colo de separação de leucócitos, desenvolvido por Bicalho et al. [9]. A contagem destes leucócitos foi feita no microscópio usando-se uma câmara de Neubauer e o número calculado pela fórmula: células/ml = nº / 4 x 10 x diluição (100) x 103. O ensaio de quimioluminescência depen- dente de luminol permite avaliar, indiretamente, a atividade da NAD(P)H oxidase, a enzima responsável pela geração de ROs durante a fa- gocitose das células. A energia gasta na produção de ROs, ao ser liberada, produz luminosidade, definida como quimioluminescência nativa ou natural. Contudo, esta luminosidade pode ser amplificada usando-se reagentes químicos e os resultados foram expressos em RlU/min (Unida- des Relativas de luz por minuto). Em um tubo especial para luminômetro foram colocados: 200 μl de luminol 10-4 M, 500 μl de PBs e 100 μl de células (1x105/ml), e a leitura foi realizada por 17 minutos no luminômetro. Após essa leitura foi adicionado então 20 μl de ester de phorbol (PDB) 1x10-5 M, e a leitura realizada por mais 25 minutos. A quimioluminescência foi medida a cada minuto e os resultados ex- Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201322 Resultados Para comprovar que o exercício físico (teste de Cooper) foi realizado em intensidade elevada, as variáveis FC e PsE foram registradas em 3 mo- mentos durante o protocolo (Tabela II). O teste de Cooper aumentou em 39% a média na produção de ROs por leucócitos em RlU/min (Figura 1). Tabela II - Dados individuais, médias e desvios da frequência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE) nos minutos 4, 8 e 12. Vo- lun- tá- rios Fcmáx PSEmax 4° min 8° min 12° min 4° min 8° min 12° min 1 126 154 189 16 18 20 2 111 150 179 15 17 19 3 118 147 198 13 17 20 4 122 152 182 12 16 20 5 106 153 192 11 13 18 6 104 162 201 12 18 21 7 121 164 202 12 18 21 8 112 160 197 13 17 21 9 124 162 193 14 17 21 10 128 163 191 15 18 21 11 112 147 175 14 17 20 Mé- dia 116,72 155,81 190,81 13,27 17 20,18 DP 8,17 6,53 8,91 1,61 1,41 0,98 Figura 1 - Quantificação da produção de ROS (RLU/ min): Antes e após o teste de esforço na presença e ausência de PDB. 25000 20000 15000 10000 5000 0 RO S (R LU ) 39% 85% 399% * * * # Antes Após Antes Após s/ PDB c/ PDB * = experimento significativo (p < 0,05) comparado ao controle antes do exercício sem PDB. Estes dados demonstram que a atividade fí- sica intensa é um determinante para o aumento na produção de ROs. A Figura 1 também mostra pressos em RlU/min (unidades relativas de luz/ minuto). O PDB, queé ativador fisiológico da proteína Kinase C (PKC), foi adicionado com a intenção de investigar se o teste de Cooper interferiu na via diacilglicerol-PKC (DAg- -PKC), alterando a capacidade de produção de ROs pelos leucócitos. A quantificação da produção dos produtos avançados de glicação (AgEs) foi realizada utili- zando o plasma congelado em heparina de acordo com o TBARs AssAY KIT (Cayman Chemical). O malonaldeído (MDA) é usado como indicador de lesão em células, pois ocorre em consequência natural da peroxidação lipídica, um mecanismo já bem estabelecido de dano celular em tecidos animais. Os peróxidos lipídicos, derivados de ácidos graxos poliinsaturados, são instáveis e se decompõem para formar uma série de complexos altamente reativos. A medida das substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARs), vastamente utilizada por pesquisadores, é um método bem conhecido para mostrar e monitorar a peroxidação lipídica (Tbars Assay Kit – Cayman Chemical). A leitura, feita em duplicata para minimizar a possibilidade de erros, foi realizada no Espectrofotômetro (UV mini-1240) da marca shimadzu, a um compri- mento de onda de 530-540 nm. A quantificação da capacidade antioxidante foi realizada adicionando 25 μl de sal tetrazóli- co (MTT) a 100 μl de plasma. Este plasma foi incubado por 2 horas a 37º C e após a incubação foi acrescentado 100 μl de Dimetilsufóxido (DMsO) e homogenizou-se o tubo em vórtex. Este tubo foi centrifugado por 5 minutos a 2000 x g. A leitura do sobrenadante foi realizada no leitor de Elisa stat Fax 2100 a 570 nm. Todo o procedimento foi realizado em duplicata e, então, realizada uma média da leitura para redu- ção de possíveis de erros, para todas as amostras. Para comparar a produção de ROs, antes e de- pois do exercício, na presença e ausência de PDB, foi feita uma transformação de dados utilizando uma função logarítmica e utilizado o teste de Fi- sher. Para compararmos as médias de formação de AgEs e da Capacidade Antioxidante do plasma, foi utilizado o teste “t” de student. Foi adotado o nível de significância de p ≤ 0,05 e os dados estão expressos em média e ± desvio padrão da média. 23Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 2013 que a adição de PDB antes e após o exercício físico aumenta a produção de ROs nas duas situações em relação ao controle. Porém, após o exercício, a ativação foi superior, quando com- paradas com as mesmas células antes do exercí- cio físico. A via responsável por este aumento, provavelmente, é a via da NADPH oxidase, já que o PDB é o análogo de Diacilglicerol (DAg), que estimula as proteínas kinases C (PKCs), e estas fosforilam as subunidades citosólicas do complexo multienzimático NADPH oxidase, em uma rota de produção de ROs conhecida como DAg-PKC. A produção de Malonaldeído (MDA) foi quantificada antes e após o teste de Cooper e os resultados estão apresentados na Figura 2. Não houve diferença nas concentrações de MDA quando comparados antes e após o exercício físico. O perfil antioxidante do plasma foi avaliado através da redução direta do MTT (sal de tetrazólio) pelo plasma. Observou-se diferença significativa na capacidade de redução direta do MTT pelo plasma como mostrado na Figura 3. Figura 2 - Comparação entre as concentrações de Manolnaldeido (MDA) antes e após o teste de Cooper. 0.125 0.100 0.075 0.050 0.025 0.000C on ce nt ra çã o M D A (NS) Antes Após N.S. = Não significativo. Figura 3 - Capacidade antioxidante do plasma. 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 M TT * Ab so rb ân ci a (5 70 nm ) (-11,8%) Antes Após * = experimento significativo (p < 0,05) comparado ao controle antes do exercício. Discussão Muitos trabalhos têm mostrado que a ativi- dade física intensa eleva a produção de espécies reativas de oxigênio (ROs). Os resultados deste estudo mostram que a atividade física intensa e de duração moderada (12 minutos), aqui represen- tada pelo teste de Cooper, foi um estímulo capaz de aumentar a produção (ROs) por leucócitos em 39%. No presente trabalho, foi avaliada a produção de ROs por leucócitos de forma direta, através de quimioluminescência dependente de luminol. Nenhum outro trabalho havia investi- gado a produção de ROs utilizando protocolo semelhante. A maioria dos estudos utiliza métodos indiretos para avaliar aumento na produção de ROs, como, por exemplo, através da medida do malonaldeido (MDA), que é um marcador de peroxidação lipídica e reage com as substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARs), sinali- zando a existência de estresse oxidativo. Demirbag et al. [10] constataram que o teste de esforço na esteira, com duração média de 7.7 minutos, foi estímulo suficiente para aumentar a produção de peróxidos em sujeitos destreinados. Wang et al. [11] investigaram como a intensidade do exercício impacta o status redox mediado pela oxidação da lDl em monócitos. Os autores concluíram o trabalho afirmando que a atividade física de alta intensidade (80% VO2máx) eleva a produção de ROs. Miyazaki et al. [12] investigaram se o treinamento com intensidade elevada (80% FCmáx), durante doze semanas, alteraria o estresse oxidativo induzido pelo exercício após um evento até a fadiga. Os autores constataram que o exer- cício físico até a fadiga aumenta a habilidade dos neutrófilos em produzir ROs e o treinamento diminui esta habilidade. No presente estudo foi investigado se o teste de Cooper interfere na sensibilidade da PKC à estimulação por PDB. Utilizando o cálculo do índice experimento dividido pelo controle (E/C), houve diferença na ativação de 222% (dados não mostrados) entre as células que não haviam sofrido intervenção da atividade física e as células que haviam sofrido intervenção da atividade física. Como explicação para este fenômeno, pode-se argumentar que talvez a atividade física intensa, como no caso do teste de Cooper, tenha causado Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 12 Número 1 - janeiro/fevereiro 201324 a translocação das Proteínas Kinases C (PKC) do citoplasma para a membrana das células e, dessa forma, tenha facilitado o aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROs) através da via da NADPH-oxidase. Ou seja, quando o PDB foi adicionado às células pré-estimuladas pela atividade física, o ambiente celular estava propício para a produção de ROs. Perrini et al. [13] mostraram que o exercício agudo está associado ao aumento na quantidade e na fosforilação das PKC-λ no músculo esque- lético. Nenhum outro estudo investigou a inter- venção da atividade física na via DAg-PKC nos leucócitos, o que dificulta a comparação destes resultados com os de outros estudos. No nosso estudo, os níveis de MDA foram quantificados, antes e após o teste de Cooper para verificar se houve peroxidação lipídica. Os resultados mostram que o exercício físico não aumentou os níveis de MDA (Figura 4). Isto indica que, apesar da produção de ROs ser au- mentada pelo teste de Cooper, não há indício de que este aumento conduza à situação de estresse oxidativo, levando a deterioração de membranas lipoprotéicas celulares e a peroxidação lipídica nesse grupo de voluntários. Figura 4 - Os resultados não mostram diferença en- tre a produção de ROS em repouso entre indivíduos fisicamente ativos e sedentários em quando analisados em repouso. 7500 5000 2500 0 RO S (R LU ) (NS) Sedentários Ativos Esse resultado é bastante coerente, uma vez que, se o exercício físico como o teste de Cooper, gerasse aumento nas concentrações de MDA, essa prática, bem como outras formas de atividade física com intensidades elevadas de esforço, seriam desaconselhadas,
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