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Introdução O final do século XIX e o princípio do século XX assistiram a grandes transformações das ciências, de uma forma geral, e da matemática, em particular. O surgimento da chamada física moderna com a teoria da relatividade proposta por Einstein e a mecânica quântica proposta por Schrödinger fez com que a matemática adotasse um tratamento, primordialmente, “vetorial” e “matricial.” É o surgimento do que conhecemos como álgebra linear que vai permear todos os ramos da matemática e de outras ciências. Nos anos 70 do século XX, com o avanço da ciência da computação e de suas múltiplas aplicações a todos os ramos do conhecimento, a Geometria Analítica passa a conhecer outras aplicações até então insuspeitadas. Surgem ramos do conhecimento como, por exemplo, a computação gráfica e visão computacional. Grandezas Escalares Grandezas físicas como tempo, por exemplo, 5 segundos, ficam perfeitamente definidas quando são especificados o seu módulo (5) e sua unidade de medida (segundo). Estas grandezas físicas que são completamente definidas quando são especificados o seu módulo e a sua unidade de medida são denominadas grandezas escalares. A temperatura, área, volume, são também grandezas escalares. Grandezas Vetoriais Quando você está se deslocando de uma posição para outra, basta você dizer que percorreu uma distância igual a 5 m? Você precisa especificar, além da distância (módulo), a direção e o sentido em que ocorre este deslocamento. Estas grandezas que são completamente definidas quando são especificados o seu módulo, direção e sentido, são denominadas grandezas vetoriais. Outras grandezas vetoriais: velocidade, aceleração, força. . . VETORES Vetor é um símbolo físico-matemático utilizado para representar o módulo, a direção e o sentido de uma grandeza física vetorial. Parece ser bem complicado, mas na realidade é uma coisa bastante simples. Para facilitar, imagine uma situação em que você está em uma rua movimentada de São Paulo e visualiza um carro muito bonito. Impressionado com a imagem corre para contar a um colega sobre o tal carro, e no mesmo instante este colega lhe pergunta: - Uau! Onde você viu este carro? - No centro de São Paulo. - Mas o carro ia em que direção? - Ele ia na mesma direção da Av. Rebouças. - Mas em que sentido o carro seguia? - Ele ia pela Rebouças sentido ao centro. - E qual era a velocidade em que o carro se movia? - Pô! uma máquina daquelas só podia estar a uns 190 km/h. Sem perceber você acabou de determinar ao seu colega o VETOR que representa o carro visto. Antes de lembrá-los como é que se pode enxergar um vetor em uma história como esta, precisamos lembrar da definição de um vetor. Outros exemplos: A força ou a velocidade, para serem caracterizadas, precisam, além de um valor, de uma direção e um sentido. É intuitivo por exemplo que, se um sólido se desloca com uma certa velocidade (numa certa direção), cada um de seus pontos possui esta velocidade. Ao dizer que a velocidade do vento é de 7 km/h norte, temos, no plano da superfície terrestre, um vetor de tamanho (intensidade) 7 com direção perpendicular ao equador e sentido de sul para norte. Como ventos de 7 km/h norte podem ocorrer em vários pontos da superfície, todos os ventos de 7 km/h norte representam um mesmo vetor, independentemente do local de sua atuação. Na geometria, os vetores são representados por flechas num plano bidimensional ou num espaço tridimensional. O ponto inicial da flecha é chamado de origem do vetor e o ponto final da flecha é chamado de extremidade do vetor. Como no caso da velocidade do vento, flechas de mesmo tamanho, direção e sentido representam o mesmo vetor, independentemente da posição de sua origem e de sua extremidade. Tanto a flecha com origem em A e extremidade em B, quanto a outra flecha com origem no sistema de coordenadas, representam o mesmo vetor u. O QUE É VETOR Vetor (do latim vector = condutor), como já dissemos é um instrumentos usado, principalmente pela física, que reúne "dentro de si" três informações sobre um corpo ou um móvel. MÓDULO (intensidade, número real não-numérico) SENTIDO DIREÇÃO Os vetores são representados por qualquer letra e por uma seta desenhada por sida da letra, como ou em livros e apostilas v (em negrito sem a seta). O módulo deste vetor é representado pela letra que representa o vetor, porém sem a seta em cima, v, ou então pelo símbolo do vetor entre os sinais matemáticos que representam módulo, | |. Para facilitar a nossa compreensão vamos pegar um exemplo simples Neste exemplo temos um vetor que possui todas as informações necessárias. veja: Direção: como vemos, o vetor acima possui a mesma direção da reta r, horizontal; Sentido: Fica notável que o vetor segue de P para O, da esquerda para direita, neste caso; Módulo: O módulo é a intensidade do vetor, como já sabemos. O módulo é, graficamente representado, pelo tamanho do vetor desenhado, que em nossa caso é de três unidades de medidas u, ou seja 3u. OBS.: Devemos sempre notar que se a unidade de medida fosse centímetros, o módulo do vetor seria 3 cm, e se a unidade de medida fosse metros, o módulo do vetor possuiria 3 metros, etc. Agora, possuímos todo o conhecimento necessário para retornar àquela história e dela tirar todas as informações do vetor que representa o carro visto. Então faça isto antes de continuar o seu estudo. As informações do vetor são: Sentido: Sentido centro de São Paulo. Direção: A mesma direção da Av. Rebouças. Módulo: Aproximadamente 190 km/h. Para compreendermos a idéia de vetor precisaremos antes entender como é a representação de um ponto no espaço: Se quisermos somar as coordenadas de dois pontos quaisquer fazemos: Para formalizarmos a idéia do que é um vetor definiremos: Definição Um vetor é um par ordenado de pontos, no plano ou no espaço, que denotamos por 𝐴𝐵 . Visualizamos o vetor como uma seta cujo ponto inicial é A e o ponto final é B. OBS: Um vetor sempre pode ser encontrado usando apenas dois pontos quaisquer que o definam. 𝑢 = 𝐴𝐵 , isto é , 𝑢 = B – A (ponto final menos ponto inicial) 𝑢 B A Ex: Dados dois pontos A= (2, 3, -2) e B = (4, 5, 1), podemos encontrar o vetor determinado por 𝐵𝐴 = A – B = (2, 3, -2) – (4, 5, 1) = (-2, -2, -3). VETORES IGUAIS E VETORES DIFERENTES Este é outro item muito importante para entendermos, definitivamente, um vetor. Para que dois vetores sejam iguais eles, necessariamente, precisam possuir módulos, sentidos e direção iguais. Por exemplo: Os vetores acima são iguais, pois possuem as três informações, que constitui um vetor, iguais. Se tivermos dois vetores que possuem módulos e direções iguais, porém sentidos diferentes, dizemos que que estes vetores são diferentes e opostos. Por exemplo: Estes dois vetores são diferentes, pois possuem a mesma direção (horizontal), o mesmo módulo, porém o sentido contrário e opostos. CÁLCULOS COM VETORES PRODUTO DE UM NÚMERO POR UM VETOR O produto de um número a por um vetor , resultará em um outro vetor dado por: Módulo: | | = a · Direção: A mesma de ; Sentido: 1) se a > 0 : o mesmo sentido de 2) se a < 0 : contrário de . Em coordenadas, se u = ( xu , yu , zu ) e r é um número real, então: r.u = r ( xu , yu , zu ) = (r xu , r yu , r zu) _____________________________________________________________________ Exemplo: Veja na figura seguinte, o escalar r =1.5 multiplicando o vetor u=(-2,2,3): Vetor Oposto Antes de entrarmos em outra parte importantedo estudo de vetor, precisamos entender o que é um vetor oposto. Denomina-se vetor oposto de um vetor , o vetor com as seguintes características: A figura representa o vetor e o seu oposto . Preste Atenção para dois detalhes: 1. Quando dois vetores tiverem a mesma direção e o mesmo sentido (a = 0º), o vetor resultante (soma) será: 2. Quando dois vetores tiverem a mesma direção e os sentidos opostos (a = 180º), o vetor resultante(soma) será: Adição de dois vetores Considere que um bloco realizou os seguintes deslocamentos: 3,0 cm na direção vertical, no sentido de baixo para cima (d1), e 4,0 cm na direção horizontal (d2), no sentido da esquerda para a direita: O deslocamento resultante não é simplesmente uma soma algébrica (3 + 4), porque os dois vetores d1 e d2 têm direções e sentidos diferentes. Há dois métodos, geométricos, para realizar a adição dos dois vetores, dr = d1 + d2, que são: Figura 1 - Adição de dois vetores: Método da triangulação Método da triangulação: consiste em colocar a origem do segundo vetor coincidente com a extremidade do primeiro vetor, e o vetor soma (ou vetor resultante) é o que fecha o triângulo (origem coincidente com a origem do primeiro e extremidade coincidente com a extremidade do segundo) (Fig. 1). Figura 2 - Adição de dois vetores: Método do paralelogramo Método do paralelogramo: consiste em colocar as origens dos dois vetores coincidentes e construir um paralelogramo; o vetor soma (ou vetor resultante) será dado pela diagonal do paralelogramo cuja origem coincide com a dos dois vetores (Fig. 2). A outra diagonal será o vetor diferença. Exemplo: Determinar o vetor soma dos vetores abaixo. Resolução: Fixando o ponto O arbitrariamente Note que: Quando a extremidade do último vetor coincidir com a origem do primeiro, isto é, quando o polígono for fechado, o vetor resultante será nulo. (R = 0) Em qualquer ordem de colocação dos vetores, o vetor Resultante terá o mesmo módulo. Exemplo: Veja a soma dos vetores u=(-3,1,2) e v=(2,3,1) na figura seguinte: VETOR UNITÁRIO (VERSOR) Chamaremos de VERSOR ou VETOR UNITÁRIO, ao vetor cujo módulo seja igual à unidade, ou seja: | u | = 1. Considere o vetor u, representado no plano cartesiano Oxy, conforme figura abaixo: poderemos escrever: P = O + u u = P - O Se considerarmos que o ponto O é a origem do sistema de coordenadas cartesianas e, por conseguinte, O(0, 0) e que as coordenadas de P sejam x (abscissa) e y (ordenada), teremos o ponto P(x,y). Substituindo acima, vem: u = P - O = (x, y) - (0, 0) = (x - , y - 0 ) = (x, y). Portanto, u = (x, y) Logo, o vetor u, fica expresso através de um par ordenado, referido à origem do sistema de coordenadas cartesianas. Neste caso, o módulo do vetor u (aqui representado por u , conforme convenção adotada acima), sendo a distância do ponto P à origem O, será dado por: 𝑢 2 = 𝑥² + 𝑦² , aplicando Pitágoras no triângulo determinado por 𝑢 , x e y, então: 𝑢 = 𝑥² + 𝑦² UM VETOR NO PLANO, EM FUNÇÃO DOS VERSORES DOS EIXOS COORDENADOS Vimos acima que um VERSOR é um VETOR de módulo unitário. Vamos associar um versor a cada eixo, ou seja: o versor i =(1, 0) no eixo dos x e o versor j =(0, 1) no eixo dos y, conforme figura abaixo: O par ordenado de versores (i, j) constitui o que chamamos de BASE do plano R2, ou seja, base do plano cartesiano Oxy. Verifica-se que um vetor u = (x, y), pode ser escrito univocamente como: u = x.i + y.j , onde i = (1,0) e j = (0, 1) Analogamente, se em vez do plano R2, estivéssemos trabalhando no espaço R3, poderíamos considerar os versores i = (1, 0 , 0) , j = (0, 1, 0) e k =(0, 0, 1) , respectivamente dos eixos Ox, Oy e Oz , conforme figura abaixo, e a representação do vetor u, no espaço seria: u = (x, y, z) = x.i + y.j + z.k Analogamente, o terno (i, j, k) , será a BASE do espaço R3 . O módulo do vetor u = x.i + y.j + z.k será dado por: 𝑢 = 𝑥² + 𝑦² + 𝑧² EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 01- Represente num sistema de coordenadas cartesianas: a) o vetor do plano v(3, 5); b) o vetor do espaço w(1, 2, 3). 02- Determine as componentes do vetor ABv onde A(3, 4, 7) e B(5, -3, 4) 03- Se u = (3, -2) e v = (5, 1) , calcule u + v. 04- Se u = (5, -3, 7) e v = (0, 5, 1), calcule u + v. 05- Se u = (3, -2), calcule 2u. 06- Se u = (5, -3, 7) e v = (0, 5, 1), calcule 2u + 3v. 07- Dados u = (5, -3, 7) e v= (0, 5, 1), encontre os vetores: a) w = 2v -3u; b) t = (u – 3v)/5. 08- Qual é a norma do vetor ABv , se A(3, -5) e B(-2, 4)? 09- Qual a norma do vetor nulo? 10- Qual a norma dos vetores canônicos do plano e do espaço? GABARITO 01- a) b) 02- (2,-7,-3) 03- (8,-1) 04- (5,2,8) 05- (6,-4) 06- (10,9,17) 07- a) (-15,19,-19) b) (1, - 18 5 , 4 5 ) 08- 106 09- 0 10- Os vetores canônicos tanto no plano quanto no espaço são vetores unitários, por tanto a norma desses vetores sempre serão iguais a 1.
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