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AUTORES AUTHORS PALAVRAS-CHAVE KEY WORDS Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 137 Recebido / Received: 18/11/1999. Aprovado / Approved: 17/10/2000. ) Cappuccino; Embalagem; Estimativa de vida œtil / Cappuccino; Packaging; Shelf-life estimative. Um dos fatores limitantes da vida œtil de cappuccino Ø a absorçªo de umidade do ambiente, que leva a alteraçıes sensoriais no produto. Uma forma de estimar a vida œtil de cappuccino Ø utilizar um modelo matemÆtico que relaciona o aumento de umidade do produto, por meio de sua isoterma de sorçªo de umidade, com a taxa de permeabilidade ao vapor dÆgua (TPVA) das embalagens de interesse. Avaliou-se a utilizaçªo de alternativas de potes plÆsticos, os quais foram caracterizados quanto à TPVA e obteve-se a isoterma de sorçªo de umidade de dois tipos de cappuccino (tradicional e diet), de dois fornecedores. Com base nas alteraçıes observadas nos produtos (aglomeraçªo e alteraçªo de cor), a umidade crítica a 30°C foi definida como 4,5% b.s. para os cappuccinos tradicionais e 7% b.s. para os cappuccinos diet. A legislaçªo brasileira estabelece como padrªo de identidade e qualidade o teor de umidade mÆximo de 3,5% para cappuccino. Os resultados da determinaçªo da TPVA indicaram que os potes de polipropileno (PP) apresentaram boa barreira à umidade para cappuccino, possibilitando períodos de vida œtil superior a 2 anos a 30°C/80%UR sob o aspecto de ganho de umidade. Entretanto, o uso de embalagens de polietileno tereftalato (PET) proporcionou vida œtil inferior a 11 meses, se for considerado o teor de umidade mÆximo de 3,5% (legislaçªo) e de no mínimo 1 ano, se forem aceitos os teores de umidade crítica definidos neste trabalho. One of the limiting factors for the shelf-life of dry cappuccino is the gain in moisture from the external environment, which causes sensory changes in the product. One of the ways to estimate cappuccino shelf-life is using a mathematical model, which relates the increase in product moisture by means of its moisture sorption isotherm with the water vapor transmission rate (WVTR) of a given packaging. In order to assess the adequacy of the new options of plastic pots for cappuccino dry mixes, its WVTR was determined and the moisture sorption isotherm of two different types of cappuccino (traditional and diet), from two manufactures, was obtained. Based on the product alterations observed (agglomeration and color changes), the critical moisture for traditional cappuccino was defined as 4.5% (dry basis) and for diet cappuccino as 7.5% (dry basis). The Brazilian legislation fixes as the identity and quality standard, the value of 3.5% as the maximum moisture for cappuccino. The results showed that the PP packaging had offered a good moisture barrier for cappuccino, allowing for shelf-life periods greater than two years at 30°C/80%RH. However, PET packagings showed shelf-life periods of below 11 months, when the maximum moisture value of 3.5% (legislation) was considered, and of at least one year, if the maximum moisture (critical) defined in this paper, was accepted. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos RESUMO SUMMARY Previous Note: Dry Mixes for the Preparation of Cappuccino: Shelf Life in Plastic Pots Rosa Maria Vercelino ALVES Pesquisadora do Centro de Tecnologia de Embalagem CETEA do Instituto de Tecnologia de Alimentos ITAL Cx. Postal 139, 13073-001 Campinas, SP, Brasil Fone: (0xx19) 3743 1925, Fax: (0xx19) 3743 1938 e mail: rosava@ital.org.br Cibele R. MILANEZ EstagiÆria com bolsa de Iniciaçªo Científica concedida pelo PIBIC-CNPq Marisa PADULA Pesquisadora do Centro de Tecnologia de Embalagem CETEA do Instituto de Tecnologia de Alimentos ITAL Cx. Postal 139, 13073-001 Campinas, SP, Brasil Fone: (0xx19) 3743 1924, Fax: (0xx19) 3743 1938 Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 138 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos 1. INTRODU˙ˆO A maior causa de perda de qualidade de produtos formulados com cafØ solœvel, como cappuccino e bebidas lÆcteas sabor cafØ, Ø o aumento de umidade, capaz de produzir aglomeraçªo e escurecimento dos mesmos. Nestes produtos, devido à presença de leite em pó, tambØm podem ocorrer reaçıes de oxidaçªo associadas à presença de oxigŒnio que sªo aceleradas pelo aumento de umidade e incidŒncia de luz (MADI et al.,1984). Desta forma, a estabilidade de cappuccino em uma determinada embalagem depende do nível de proteçªo oferecido pelo(s) material(ais) da embalagem e pode ser estimado utilizando modelos matemÆticos, desde que se considere que a estabilidade depende somente do conteœdo de umidade do produto (LABUZA et al., 1981, LABUZA et al., 1972, LABUZA., 1982, PACKAGING..., 1991, PO˙AS et al., 1995, RUDOLPH, 1987). Cappuccinos tŒm sido comercializados preferen- cialmente em embalagens metÆlicas e de vidro. Recentemente, embalagens plÆsticas rígidas e flexíveis fabricadas com estrutura contendo folha-de-alumínio começaram a ser utilizadas para cappuccino. Estas embalagens flexíveis, utilizadas para dose œnica, sªo vendidas no mercado varejo em cartuchos contendo 20 unidades. Esse mercado busca alternativas de embalagens rígidas, como potes de PET ou de PP que apresentam aspecto 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Produtos Utilizaram-se duas formulaçıes de cappuccino (diet e tradicional), adquiridas recØm-produzidas por duas empresas. 2.2 Embalagens Estudaram-se os potes plÆsticos de sete fabricantes e dois tipos de materiais, conforme descritos na Tabela 1. moderno, alØm das vantagens como baixo peso e alta resistŒncia mecânica. Entretanto, o mercado requer informaçıes sobre a vida œtil desses produtos quando acondicionados em embalagens com diferentes barreiras de proteçªo quanto à umidade. Neste trabalho, avaliou-se a taxa de permeabilidade ao vapor dÆgua de diferentes tipos de potes plÆsticos, caracterizaram-se dois tipos de cappuccino (diet e tradicional) de dois fornecedores quanto ao ganho de umidade e, utilizando-se um modelo matemÆtico, estimou-se a vida œtil dos produtos nas embalagens estudadas, considerando apenas o ganho de umidade. Dimensıes Corpo Tampa* Diâmetro (mm) Fabricante Processo de fabricaçªo Capacidade nominal (mL) Corpo Bocal interno Altura total (mm) Diâmetro Externo (mm) Altura total (mm) Peso (g) Massa do produto (g) Polipropileno (PP) 300 59,69 47,42 120,42 59,18 16,85 7,8 1501 620 75,90 61,14 148,95 72,69 17,95 12,0 320 420 74,16 60,07 103,30 73,34 21,09 8,0 2102 extrusªo e sopro 840 95,70 79,19 127,93 90,95 27,32 12,8 420 360 71,9 71,17 94,35 79,13 7,42 4,9 1803 injeçªo 680 82,64 82,21 131,63 89,95 7,54 6,4 350 350 71,44 59,55 99,92 69,03 22,98 9,9 1754 injeçªo e sopro 810 95,85 79,70 127,35 91,81 25,69 11,8 420 Polietileno tereftalato (PET) 5 280 68,54 46,35 88,59 55,44 18,64 8,3 135 6 290 60,57 46,77 112,35 55,14 18,65 8,1 150 4 360 77,66 56,91 134,79 66,43 19,08 10,9 180 5 380 68,25 56,62 116,03 66,43 19,10 11,0 180 7 430 66,78 56,12 113,66 64,90 12,17 7,8 220 5 injeçªo e sopro 550 77,77 56,94 134,62 66,34 19,28 11,0 280 TABELA 1. Características dos potes plÆsticos estudados. *Tampas de polipropileno (PP) rosqueadas, exceto do fabricante 3, cujo fechamento era por pressªo. Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 139 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos 2.3 Caracterizaçªo dos potes plÆsticos Os potes plÆsticos foram caracterizados quanto ao peso, capacidade volumØtrica e taxa de permeabilidade ao vapor dÆgua (TPVA). 2.3.1 Peso e capacidade volumØtrica A determinaçªo do peso dos potes e a capacidade volumØtrica foram feitas por meio de balança semi-analítica Mettler, modelo PM 6100, com precisªode 0,01g. A capacidade volumØtrica total foi determinada por meio da massa (g) de Ægua necessÆria para encher totalmente a embalagem, considerando as correçıes devidas de temperatura e densidade (ALVES et al., 1998b). 2.3.2 Taxa de permeabilidade ao vapor dÆgua As embalagens foram caracterizadas quanto à TPVA na condiçªo 30°C/80%UR, por meio do mØtodo gravimØtrico segundo a metodologia ASTM D 895-94 - Stardard test method for water vapor permeability of packages (ASTM, 1997). O ganho de peso foi quantificado em balança analítica Mettler, modelo AT 400, com resoluçªo de 10-4g. O condicionamento foi feito em câmara climatizada Vötsch, modelo VC 0033, com controle de temperatura e umidade relativa. Foi determinada a TPVA das embalagens fechadas com a termossoldagem de um selo de alumínio+tampa plÆstica. O selo era composto de folha-de-alumínio (40µm)/verniz termosselante universal (base de resina vinílica). Optou-se por selo com verniz universal, pois este permitiu a termossoldagem em qualquer tipo de material do pote plÆstico (PP e PET, no caso deste estudo). Durante o condicionamento na câmara Vötsch, os potes foram mantidos com o fundo sobre uma prateleira ranhurada, de forma a expor toda a superfície ao vapor dÆgua (corpo do pote, tampa e sistema de fechamento). 2.4 Caracterizaçªo dos produtos Determinaram-se a umidade inicial, a umidade crítica e a isoterma de sorçªo de umidade a 30°C das formulaçıes de cappuccino. 2.4.1 Umidade inicial (Uo) A umidade inicial foi determinada em estufa a vÆcuo (104Pa), a 70–1°C atØ peso constante, quantificada em balança analítica Mettler, modelo AT 400, com resoluçªo de 10-4g. O resultado foi expresso em percentagem de umidade em base seca (% b.s.). 2.4.2 Isoterma de sorçªo de umidade e umidade crítica (Uc) A isoterma de sorçªo foi determinada a partir do produto com o teor de umidade de recØm-produzido. Utilizaram-se dessecadores contendo soluçıes saturadas de sais, com faixa de umidade relativa entre 11 e 89%, mantidos em câmara Patra, com controle de temperatura de 30,0 – 1,0°C. Pesou-se cerca de 1g em triplicata, em pesa filtro de vidro, utilizando-se balança analítica Mettler, e condicionadas em dessecadores contendo as soluçıes saturadas, por um tempo suficiente para a estabilizaçªo do peso da amostra (21 dias). Após este período, determinaram-se as umidades de equilíbrio, para cada condiçªo de umidade relativa, sendo os dados plotados em um grÆfico (TEIXEIRA NETO, 1997, ALVES, 1997). A umidade crítica dos produtos foi estabelecida com base nas alteraçıes que ocorreram durante a estocagem a 30°C, nas diferentes condiçıes de umidade relativa. Os dados experimentais da isoterma de sorçªo do produto foram ajustados pela equaçªo de Halsey (1), apresentada a seguir, utilizando-se o programa matemÆtico Statgraphics 6.1 (1992). Aa = exp(-C1/U C2) onde: Aa = atividade de Ægua do produto U = umidade do produto (g Ægua/100g de produto seco) C1 e C2 = constantes A qualidade do ajuste para a equaçªo de Halsey foi avaliada pelo coeficiente de determinaçªo (R2 ajustado) e pela determinaçªo do valor mØdio quadrÆtico relativo (ALVES et al., 1998 a). 2.5 Estimativa da vida œtil do cappuccino Conhecendo-se a isoterma de sorçªo dos produtos, a TPVA e as condiçıes de teste, foi possível estimar, utilizando-se um modelo matemÆtico, a vida œtil dos produtos com base no ganho de umidade. Esse modelo matemÆtico assume que, quando se tem uma embalagem protegendo um alimento contra o ganho de umidade, a transferŒncia de vapor dÆgua de fora da embalagem para dentro Ø lenta. Assim, supıe-se que, conforme o vapor dÆgua atravessa a embalagem, este vai sendo distribuído uniformemente no produto alimentício e, portanto, o fenômeno que rege o ganho de umidade do produto Ø o da transferŒncia de vapor dÆgua do exterior para o interior da embalagem, que pode ser descrita pela equaçªo (ALVES, BORDIN, 1998a): (1) ∫ − ⋅ ⋅ = Uc Uo UAa 100 URe dU TPVA100 UReMs t )( 100/ (2) onde: t = estimativa de vida œtil (dias) Ms = massa seca do produto (g) URe = umidade re la t iva do ambiente de estocagem (%) TPVA = taxa de permeabilidade ao vapor dÆgua da embalagem (g Ægua/embalagem/dia) Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 140 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos 3. RESULTADOS E DISCUSSˆO Aa(U) = atividade de Ægua do produto em funçªo do conteœdo de umidade, que Ø a isoterma de sorçªo de umidade do produto Uo = umidade inicial do produto (g Ægua/100g de produto seco) Uc = umidade crítica do produto (g Ægua/100g de produto seco) Para a integraçªo numØrica da equaçªo 2, utilizou-se o programa Mathematica 2.2.3. (1993). 3.1 Caracterizaçªo dos potes plÆsticos Os resultados da caracterizaçªo dos potes plÆsticos quanto ao peso e à capacidade volumØtrica (Tabela 2) indicaram que as embalagens mostraram-se homogŒneas quanto a esses parâmetros. Peso (g) Capacidade volumØtrica (mL) TPVA a 30°C/80%UR (g Ægua/embalagem/dia) Fabri- cante Capacidade nominal (mL) M IV CV (%) M IV CV (%) M IV CV (%) Polipropileno (PP) 300 22,1 21,7 - 22,5 1,1 302,6 302,3 - 303,4 0,1 0,002 0,001 0,003 29,91 620 37,3 36,4 - 38,3 1,9 617,8 614,5 - 620,1 0,3 0,004 0,004 0,005 11,8 420 18,0 17,6 - 18,3 1,2 424,3 423,5 - 425,3 0,1 0,003 0,003 0,005 20,52 840 31,0 30,2 - 31,8 1,9 843,8 840,4 - 847,6 0,3 0,006 0,003 0,009 29,3 360 18,5 18,0 - 18,9 1,8 363,8 361,6 - 365,5 0,3 0,002 0,002 0,003 15,03 680 32,0 31,5 - 32,2 1,0 680,2 679,3 - 681,5 0,1 0,004* 0,003 0,006 25,7 350 20,9 20,8 - 20,9 0,3 351,0 349,3 - 352,8 0,3 0,002 0,002 0,003 19,24 810 40,8 40,2 42,0 1,7 814,1 809,9 - 819,3 0,4 0,004 0,003 0,005 15,9 Polietileno tereftalato (PET) 5 280 19,6 19,5 - 19,6 0,3 276,8 275,8 - 277,4 0,2 0,017** 0,017 0,018 3,0 6 290 20,5 20,5 - 20,5 0,1 287,1 286,3 - 287,5 0,1 0,020 0,020 0,021 1,6 4 360 30,1 29,9 - 30,1 0,3 358,7 358,2 - 358,9 0,1 0,019 0,014 0,025 20,9 5 380 25,7 25,4 - 25,8 0,6 376,4 373,0 - 377,5 0,4 0,022 0,021 0,022 2,2 7 430 27,8 27,2 - 28,2 1,2 432,3 426,5 - 435,4 0,6 0,033 0,031 0,035 4,2 5 550 33,1 28,3 - 34,6 7,3 554,7 548,0 - 559,2 0,7 0,031* 0,028 0,037 10,7 TABELA 2. Caracterizaçªo dos potes plÆsticos quanto ao peso, à capacidade volumØtrica e à TPVA. Entre os quatro fornecedores de potes de PP (dois tamanhos) avaliados, observou-se que quando termosseladas, as do Fabricante 2 apresentaram maior TPVA comparativamente às demais, devido às maiores dimensıes e menor peso (menor espessura). TambØm verificou-se uma maior variaçªo nas TPVA dos potes de PP em geral, pois os valores obtidos eram baixos e pequenas variaçıes nos resultados e mínimas falhas na termossoldagem dos selos nos potes levaram a maiores coeficientes de variaçªo. As embalagens de PET (faixa de TPVA de 0,02 a 0,03g Ægua/embalagem/dia) apresentaram-se cerca de dez vezes mais permeÆveis que as de PP (faixa de TPVA de 0,002 a 0,003g Ægua/embalagem/dia para as de menor capacidade e 0,004 a 0,006g Ægua/embalagem/dia para as de maior capacidade), devido às diferenças de propriedade de barreira do PET em relaçªo ao PP (GARCIA et al., 1989). Comparativamente, houve diferenças nas TPVA das embalagens de PET (0,017 a 0,033g Ægua/embalagem/dia), decorrentes de diferenças de peso, capacidade volumØtrica e design, que interferem na distribuiçªo de espessura da parede M = mØdia referente a dez repetiçıes, exceto (*) com doze e (**), com nove repetiçıes. IV = intervalo de variaçªo CV = coeficiente de variaçªo Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 141 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos U m id ad e de e qu ilíb rio0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Atividade de água (g ág u a /1 00 g a m os tra s ec a ) Cappuccino diet/Fornecedor A Cappuccino diet/Fornecedor B Umidade inicial (g Ægua/100g amostra seca)Cappuccino M IV CV (%) Diet 2,80 2,57 3,13 6,76Fornecedor A Tradicional 1,73 1,47 2,16 12,49 Diet 3,47 2,88 3,85 8,91Fornecedor B Tradicional 1,90 1,79 2,03 4,35 da embalagem. Outro fato que poderia interferir Ø a distribuiçªo do grau de cristalinidade. Comparando os resultados obtidos nesse estudo com os das embalagens de vidro, hoje utilizadas para cappuccino, verifica-se que, em embalagens de vidro, a entrada de umidade ocorre pelo sistema de fechamento, composto geralmente de tampa plÆstica com disco de cartªo + selo de alumínio colado. ORTIZ et al. (2000) obtiveram os resultados 0,003 a 0,006g Ægua/embalagem/dia a 30°C/80%UR para potes de vidro de 410mL, que Ø a mesma faixa obtida para as embalagens de PP. Em embalagens metÆlicas, tambØm utilizadas neste segmento, nªo Ø esperada permeabilidade ao vapor dÆgua pela embalagem, desde que estas nªo apresentem problemas na recravaçªo do corpo com a tampa e com o fundo e na solda lateral. 3.2 Caracterizaçªo dos cappuccinos 3.2.1 Umidade inicial (Uo) Os resultados da umidade inicial (Uo) dos dois tipos cappuccinos de dois fornecedores sªo apresentados na Tabela 3. Observou-se que, inicialmente, o cappuccino diet do Fornecedor B jÆ apresentava o teor de umidade mÆximo estipulado pela legislaçªo nacional (3,5%). TABELA 3. Caracterizaçªo dos cappuccinos quanto à umidade inicial. M = mØdia referente a dez repetiçıes IV = intervalo de variaçªo CV = coeficiente de variaçªo 3.2.2 Isoterma de sorçªo de umidade e umidade crítica (Uc) As isotermas de sorçªo de umidade do cappuccino diet (Fornecedores A e B) sªo apresentadas na Figura 1. Na anÆlise visual dos cappuccinos diet dos dois fornecedores, observou-se início de escurecimento dos produtos a partir da atividade de Ægua 0,43 (UA=3,98% e UB=5,09%) que se acentuou atØ valores de Aa de 0,75, permanecendo semelhante desde entªo. O processo de aglomeraçªo dos cappuccinos diet iniciou-se a partir da Aa de 0,43, embora atØ 0,51 a aglomeraçªo dos produtos desfazia-se sob forte agitaçªo. Em Aa 0,63 os cappuccinos diet, embora aglomerados, soltavam-se sob FIGURA 1. Isotermas de sorçªo de umidade dos cappuccinos diet, a 30,0 ± 1,0°C. pressªo manual, mas o do fornecedor B (UB=9,16%) ficava com aspecto de œmido. A partir de 0,68 de Aa os cappuccinos diet dos dois fornecedores (UA=9,35% e UB=10,05%) apresentaram-se aglomerados e, quando pressionados manualmente, os grânulos desfaziam-se mas os produtos apresentaram aspecto œmido. As isotermas de sorçªo do cappuccino tradicional/ Fornecedores A e B sªo apresentadas na Figura 2. U m id a de d e e qu ilíb rio 0 10 20 30 40 50 60 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Atividade de água (g ág u a /1 00 g a m os tra se ca ) Cappuccino tradicional/Fornecedor A Cappuccino tradicional/Fornecedor B FIGURA 2. Isotermas de sorçªo de umidade dos cappuccinos tradicionais, a 30,0 ± 1,0°C. Observando-se visualmente os produtos, verificou-se início de escurecimento do cappuccino tradicional a partir da Aa=0,43 (UA=1,92% e UB=2,95% ) que se acentuou a partir de 0,63 de Aa (UA=4,97% e UB=5,89%), descaracterizando o produto. A aglomeraçªo do cappuccino tradicional iniciou-se a partir de 0,43 de Aa, embora atØ 0,51 de Aa desfazia-se sob pressªo manual (UA=2,29% e UB=3,77%). A partir de 0,56 de Aa, embora os grânulos do cappuccino tradicional/fornecedor B se desfizessem quando comprimindos manualmente (UB=4,48%), estes apresentavam-se œmidos, chegando a ter aspecto de massa (UB=8,12%, Aa=0,68). Acima de 0,80 de Aa, observou-se dissoluçªo dos produtos, mais acentuada no Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 142 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos do Fornecedor A (UA=22,08%, UB=24,70%). Observou-se, tambØm, desenvolvimento de fungos em Aa 0,89 no cappuccino tradicional do Fornecedor A. Com base nas alteraçıes observadas, a umidade crítica (Uc) a 30°C foi definida em 4,5% b.s. para os cappuccinos tradicionais e de 7% b.s. para os cappuccinos diet, quando ocorrem aglomeraçªo e alteraçªo de cor em níveis indesejÆveis para esses produtos. Em funçªo dos resultados, a Uc do cappuccino diet estaria entre 7 e 8%. Optou-se por 7% b.s. por ser o menor teor de umidade crítica definida para o cafØ solœvel na literatura (ROBERTSON, 1993), uma vez que o mesmo Ø o componente que mais se altera no cappuccino . Nªo foram encontradas na literatura consideraçıes sobre umidade crítica para cappuccinos. A legislaçªo brasileira fixa como Padrªo de Identidade e Qualidade (PIQ) para cappuccinos, o teor de umidade mÆximo de 3,5%, sem distinçªo de formulaçªo (BRASIL, 1999). As isotermas obtidas para os dois tipos de cappuccinos foram ajustadas para equaçªo de Halsey e as constantes determinadas, bem como o valor mØdio quadrÆtico relativo (%RMS) do ajuste estªo apresentados na Tabela 4. TABELA 4. Resultados da modelagem matemÆtica da isotermas dos cappuccinos avaliados para a equaçªo de Halsey. ConstantesCappuccino C1 C2 RMS (%) R2 ajustado (%) Diet 2,809 0,895 7,6 99,1Fornecedor A Tradicional 1,870 0,713 16,1 98,0 Diet 3,525 0,955 7,5 99,0Fornecedor B Tradicional 2,259 0,756 14,4 98,0 A equaçªo de Halsey apresentou um bom ajuste dos dados experimentais das isotermas dos cappuccinos diets dos fornecedores A e B, uma vez que o RMS foi menor que 10%. Entretanto, o ajuste da isoterma dos cappuccinos tradicionais dos fornecedores A e B foram mais elevados (14,4 e 16,1% de RMS, respectivamente) devido à dificuldade na determinaçªo de isotermas de produto com alto teor de açœcar (TEIXEIRA NETO, 1997). A percentagem do R2 ajustado foi alta para todos os ajustes. 3.2.3 Estimativa de vida œtil do cappuccino As equaçıes ajustadas foram substituídas na equaçªo 2, apresentada no item 2.5. Em seguida as equaçıes foram integradas numericamente, visando verificar quais seriam os períodos de vida œtil dos dois tipos de cappuccino nas diferentes embalagens em estudo, considerando o valor de umidade crítica definida neste trabalho (7,0% b.s. para o cappuccino diet e 4,5%b.s para o cappuccino tradicional a 30°C/80%UR) e o valor mÆximo de umidade estipulado no PIQ (3,5% ). No caso do cappuccino diet Fornecedor B, nªo foram feitos os cÆlculos atØ o valor de umidade mÆxima fixada no PIQ, porque inicialmente o produto jÆ apresentava este teor de umidade. Na Tabela 5, sªo apresentados os períodos estimados de vida œtil caso os cappuccinos fossem acondicionados nos potes plÆsticos termosselados (fechamento selo+tampa). Pela Tabela 5 observa-se que, nos potes de PP, os períodos de vida œtil estimados para os dois tipos de cappuccino foram superiores a 2,4 anos a 30°C/80%UR, exceto no caso do cappuccino diet Fornecedor B, que inicialmente jÆ apresentava o teor de umidade mÆximo permitido pela legislaçªo. Nas embalagens de PET, se considerado o teor mÆximo de umidade fixado pela legislaçªo (3,5%), os períodos estimados de vida œtil variaram de 3 a 4 meses (diet /Fornecedor A) e de 6 a 11 meses (tradicional/ Fornecedores A e B ) . Pode-se es t imar que os cappuccinos diet levem de 1,6 a 3,0 anos para atingir teores de umidade de 7% nos potes de PET, enquanto os cappuccinos tradicionais levariam de 11 meses a 1,6 anos para atingir teores de umidade de 4,5% nas embalagens de PET. No mercado brasileiro, os fabricantes de cappuccino especificam períodos de vida œtil de 8 meses (potes plÆsticos de PP) e 1,0 ano (embalagens de vidro e latas). Entretanto, neste estudo, estimaram-se períodosde vida œtil superiores nas embalagens de PP, pois considerou- se apenas o aspecto de ganho de umidade. É provÆvel que nos potes de PP, por estes apresentarem boa proteçªo para o produto quanto ao ganho de umidade, outros fatores venham a interferir como reaçıes de oxidaçªo, levando ao final da vida œtil do cappuccino antes que o teor de umidade mÆximo seja atingido. Por outro lado, o uso de potes de PET fica restrito se for considerado como umidade mÆxima o teor especificado na legislaçªo brasileira. De acordo com os valores de umidade crítica definidos neste trabalho, a vida œtil dos cappuccinos, nos potes plÆsticos de PET, poderia ser definida como de 1 ano. E, finalmente, vale ressaltar que os períodos de vida œti l apresentados foram est imados com base apenas no ganho de umidade. A t í tu lo de complementaçªo, sugere-se que sejam feitos estudos de estocagem em condiçıes controladas acompanhando a estabil idade do produto com anÆlises sensoriais per iódicas. Essas aval iaçıes sªo necessÆr ias para verificar se ocorrem alteraçıes devidas às reaçıes de oxidaçªo de componentes do produto, que tambØm limitariam a vida œtil dos cappuccinos. Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 143 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos 4. CONCLUSÕES TABELA 5. Períodos de vida œtil estimados (a 30°C, 80%UR) para os dois tipos de cappucccinos nos potes plÆsticos termosselados. Com base nos resultados apresentados as principais conclusıes obtidas foram: • A umidade crítica a 30°C foi definida neste trabalho como de 4,5% b.s. para os cappuccinos tradicionais e de 7,0% b.s. para os cappuccinos diet, baseada na ocorrŒncia de aglomeraçªo e alteraçªo de cor nos produtos. • Nos potes de PP, os períodos de vida œtil estimados com base no ganho de umidade, dos dois tipos de cappuccino, foram superiores a 2,4 anos a 30°C/ 80%UR, exceto para o cappuccino diet Fornecedor B, que inicialmente jÆ apresentara o teor de umidade mÆximo fixado pela legislaçªo. Como esses períodos sªo longos, outras reaçıes como as de oxidaçªo podem ocorrer e limitar a vida œtil por alteraçıes sensoriais. • A legislaçªo brasileira fixa como 3,5% o teor de umidade mÆxima de comercializaçªo do cappuccino, o que restringe o uso de potes plÆsticos de PET. Para os teores de umidade crítica definidos neste trabalho, a vida œtil dos cappuccinos, nos potes de PET avaliados, poderia ser definida como de 1 ano. Os autores agradecem o apoio financeiro do Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento CafØ. AGRADECIMENTOS REFER˚NCIAS BIBLIOGR`FICAS ALVES, R.M.V. Especificaçªo de embalagem usando como ferramentas isoterma de sorçªo e modelo matemÆtico. In: JARDIM, D.C.P., GERMER, S.P.M. Atividade de Ægua em alimentos. Campinas: ITAL, 1997. Capítulo 7. 20p. ALVES, R.M.V., BORDIN, M.R. Estimativa de vida œtil de cafØ solœvel por modelo matemÆtico. CiŒncia e Tecnologia de Alimentos, 18(1):19-24, 1998a. ALVES, R.M.V., OLIVEIRA, L. M., COLTRO,L., GARCIA, E.E.C., SARANTÓPOULOS, C.I.G.L., PADULA, M. Ensaios para avaliaçªo de embalagens plÆsticas rígidas. Campinas: CETEA/ITAL, 1998b. cap.5, p.59-81. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS - ASTM . Standard test methods for water vapor transmission of packages ASTM D 895-94. In: ANNUAL Book of ASTM Standards. Philadelphia: ASTM, 1997. v.15.09, p.117-118. Vida œtil (Uc=3,5%) (meses) Vida œtil (Uc=7,0%) (meses) Vida œtil (Uc=4,5%) (meses) Diet Tradicional Diet Tradicional Fornecedor Fornecedor Fornecedor Fornecedor Fabricante Capacidade nominal (mL) A B A B A B A B Polipropileno (PP) 300 31 - 85 69 287 220 150 1261 620 34 - 91 74 306 235 160 134 420 29 - 79 65 268 205 140 1172 840 29 - 79 65 268 205 140 117 360 38 - 102 83 345 264 181 1513 680 37 - 99 81 335 257 176 147 350 37 - 99 81 335 257 176 1474 810 44 - 119 97 402 308 211 176 Polietileno tereftalato (PET) 5 280 3 - 9 7 30 23 16 13 6 290 3 - 9 7 29 22 15 13 4 360 4 - 11 9 36 28 19 16 5 380 3 - 9 8 31 24 16 14 7 430 3 - 8 6 26 20 13 11 5 550 4 - 10 8 35 27 18 15 Braz. J. Food Technol., 3:137-144, 2000 144 R. M. V. ALVES et al. Nota PrØvia: Misturas para o Preparo de Cappuccino: Vida Útil em Potes PlÆsticos BRASIL. Secretaria de Vigilância SanitÆria. 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