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Protozoários emergentes Profa. Dra. Irene Soares Disciplina Parasitologia Clínica, FCF/USP 1°semestre/2005 Parasitoses emergentes: Definição: Doenças parasitárias surgidas recentemente ou que apresentam aumento crescente de incidência Fatores: alteração do meio ambiente, avanços nas técnicas de diagnóstico e aumento da incidência de AIDS Outros fatores: uso de imunossupressores (transplantes) e quimioterapia Agentes etiológicos Protozoários coccídios intestinais: • Isospora belli→ Isosporose * • Cryptosporium parvum→ Criptosporidiose * • Cyclospora cayetanensis→ Ciclosporose * • Sarcocystis hominis→ Sarcocistose Outros protozoários intestinais: • Microsporídios →Microsporidiose � Todos são parasitas intracelulares obrigatórios Isosporose/Isosporíase •• Agente etiolAgente etiolóógicogico: Isospora belli (Woodcook, 1915) •• Taxonomia:Taxonomia: Filo: Apicomplexa Classe: Sporozoea Ordem: Eucoccidiida Família: Eimeriidae Gênero: Isospora Coccídio que apresenta um oocisto elíptico com dimensões de 30x12 µm, contendo em seu interior dois esporocistos com quatro esporozoítas (oocisto maduro) MorfologiaMorfologia Esporoblasto Esporozoítas Esporocistos Ingestão de oocistos esporulados junto com água ou alimentos contaminados CicloCiclo biolbiolóógicogico Esporozoítas (intestino delgado) merozoítas Gametócitos (masc. e fem.) Oocistos eliminados nas fezes (tornam-se infectantes após 4-6 dias) Reprodução assexuada esquizogonia Reprodução sexuada Trofozoítas→ esquizontes Patogenia e SintomatologiaPatogenia e Sintomatologia • Imunocompetentes: geralmente assintomática ou com diarréia autolimitada • Imunocomprometidos: quadro diarréico grave (>10 evacuações/dia), acompanhado de febre, cólicas intestinais, vômitos, má absorção e emagrecimento � Pode apresentar quadros de disseminação extra- intestinal (linfonodos, fígado e baço) EpidemiologiaEpidemiologia • A isosporose tem distribuição mundial • Mais frequente em áreas tropicais e subtropicais, sendo endêmica na América do Sul, África e Sudoeste Asiático • O aumento da incidência está relacionado ao surgimento da AIDS: prevalência de 15% em indivíduos infectados e com diarréia DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial �Diagnóstico parasitológico: �• Pesquisa de oocistos elípticos de I. belli nas fezes: - Método de concentração de Ritchie → microscopia óptica (com lugol) ou contraste de fase - Método de Hoffmann � � Os oocistos encontrados nas fezes são imaturos (contendo 1 ou 2 esporoblastos) Autofluorescência: oocistos fluorescem sob luz ultravioleta (UV) Filtro: 330-380 nm → oocistos de coloração azul � Oocistos imaturos de Isospora belli 1 esporoblasto 2 esporoblastos Oocistos de I. belli (autofluorescência) DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial �Diagnóstico parasitológico: � Técnicas de coloração: Kinyoun (a frio) ou Ziehl-Neelsen modificado � oocistos de coloração vermelha Auramina-rodamina� cor amarelo-esverdeada em microscopia de fluorescência • Pesquisa de oocistos em aspirados duodenais � • Biópsia de tecido (duodeno) Oocistos de I. belli Método de Kynioun Fluorescência (Auramina-rodamina) Oocistos de I. belli (biópsia de duodeno) Criptosporidiose •• Agente etiolAgente etiolóógicogico: Cryptosporidium parvum (Tyzzer, 1907) •• Taxonomia:Taxonomia: Filo: Apicomplexa Classe: Sporozoea Ordem: Eucoccidiida Família: Cryptosporididae Gênero: Cryptosporidium Oocisto mede 4 µm e contem 4 esporozoítas MorfologiaMorfologia Oocisto Espororozoítas Semelhante ao de Isospora � Os oocistos são imediatamente infectantes quando eliminados com as fezes Pode ocorrer transmissão direta pessoa a pessoa, auto- reinfecção (fecal-oral) e por inalação CicloCiclo biolbiolóógicogico Oocisto esporulado Contaminação de água e alimentos com oocistos Oocisto Patogenia e SintomatologiaPatogenia e Sintomatologia • Imunocompetentes: Assintomáticos Sintomáticos: Diarréia: Autolimitada→ cura espontânea Intensa (≅ 20 evacuações/dia) Outros sintomas: dor abdominal, náuseas e vômitos, perda de peso, desidratação Patogenia e SintomatologiaPatogenia e Sintomatologia • Imunocomprometidos: Apresentam diarréia crônica e intermitente acompanhada de cólicas abdominais, perda de peso acentuada, febre alta e vômitos � A intensidade e duração da diarréia está diretamente relacionada ao número de células T CD4+ � Manifestações extra-intestinais podem ocorrer em pacientes com AIDS (hepatite, pancreatite e criptosporidiose respiratória) EpidemiologiaEpidemiologia • A infecção humana foi relatada pela primeira vez em 1976 • A partir de 1982 adquiriu importância como oportunista em pacientes com AIDS • A prevalência é de 5-10% em pacientes com AIDS e de 5-20% em crianças imunocompetentes (creches) • São comuns infecções duplas com Cryptosporidium e microsporídios • Surtos de criptosporidiose têm sido relatados em diversos países • Dose baixa de oocisto já é suficiente para adquirir a infecção (≅ 9 oocistos) DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial Diagnóstico parasitológico: • Pesquisa de oocistos maduros nas fezes (método de Ritchie) ou outros líquidos orgânicos (aspirado duodenal e jejunal) → microscopia óptica ou contraste de fase � Há necessidade de examinar múltiplas amostras de fezes Técnicas de coloração: Kinyoun (a frio) ou Ziehl-Neelsen modificado (oocistos de coloração vermelha) Safranina-azul-de-metileno Acridina-orange (corante fluorescente) Auramina-carbolfuccina (corante fluorescente) � Diagnóstico diferencial com leveduras Oocistos de Cryptosporidium parvum Exame direto Exame direto(contraste de fase) Oocistos de C. parvum (Método de Kinyoun) Oocistos de C. parvum (Microscopia do contraste diferencial de interferência - Nomarski) Oocistos esporulados (esporozoítas vísiveis) DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial Diagnóstico imunológico: • Detecção de antígenos em amostras fecais utilizando-se anticorpos monoclonais Ensaios imunoenzimáticos: ELISA e imunocromatográficos Imunofluorescência • Detecção de anticorpos por ELISA C. parvum: Testes de detecção de antígenos fecais (ELISA) C. parvum: Testes de detecção de antígenos fecais (imunocromatográficos) Oocisto de C. parvum (Imunofluorescência direta) DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial Outros métodos: • Biópsia de jejuno • PCR Ciclosporose/Ciclosporíase •• Agente etiolAgente etiolóógicogico: Cyclospora cayetamensis (Ashford, 1979) •• Taxonomia:Taxonomia: Filo: Apicomplexa Classe: Sporozoea Ordem: Eucoccidiida Família: Eimeriidae Gênero: Cyclospora • Oocisto semelhante ao de Cryptosporidium • Apresenta 8-10 µm de diâmetro (2x maiores do que os oocistos de Cryptosporidium) • Os oocistos maduros apresentam dois esporocistos com 2 esporozoítas cada MorfologiaMorfologia Semelhante aos dos demais coccídios intestinais � Os oocistos eliminados nas fezes são imaturos, levando 5 dias para desenvolver os esporozoítas CicloCiclo biolbiolóógicogico Oocisto esporulado Contaminação de água e alimentos com oocistos Meio ambiente Oocisto não esporulado Oocisto não esporulado Sexuada Assexuada Zigoto Meronte I e II Desencistamento Patogenia e SintomatologiaPatogenia e Sintomatologia � • Assintomáticos • Sintomáticos: Diarréia: autolimitada que dura 3 a 4 dias; podem ocorrer recaídas frequentes durante um período de 2 a 3 semanas Outros sintomas: dor abdominal, náuseas e vômitos, perda de peso, fadiga, febrebaixa � Em indivíduos imunocomprometidos o quadro diarréico é crônico e intermitente EpidemiologiaEpidemiologia • O primeiro caso de infecção humana por Cyclospora foi descrito em 1979 • Cyclospora é amplamente distribuído no mundo, no entanto, a prevalência exata não é conhecida • Tem sido observados surtos relacionados ao consumo de framboesas e manjericão nos EUA e Canadá DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial Diagnóstico parasitológico: • Pesquisa de oocistos (imaturos) nas fezes → método de concentração de Ritchie (o número de oocistos eliminados nas fezes é muito baixo) Microscopia por contraste de fase ou luz UV: autofluorescência Filtro: 330-365 nm (oocistos de coloração azul ) 450-490 nm (oocistos de coloração verde) Técnicas de coloração: Kinyoun (oocistos de coloração vermelha) → oocisto ácido- resistente-variável Safranina-azul-de-metileno→ oocisto de coloração uniforme � Diagnóstico diferencial com C. parvum→ tamanho do oocisto / ácido-resistência-variável / necessidade de esporulação Oocistos de Cyclospora cayetanensis (Exame direto) Oocistos de C. Cayetanensis Autofluorescência Oocistos de C. cayetanensis Safranina-azul-de-metilenoMétodo de Kynioun DiagnDiagnóósticostico laboratoriallaboratorial • Ensaio de esporulação → dicromato de potássio 2,5% Outros métodos: • Biópsia de jejuno • PCR 2 esporocistos com 4 esporozoítas cada 30 x 12Oocisto não esporulado Isospora belli 4 esporozoítas4-5Oocisto esporulado Cryptosporidium parvum 2 esporocistos com 2 esporozoítas cada Estrutura do oocisto 8-10 Tamanho (µm) Oocisto não esporulado Cyclospora cayetanensis Forma encontrada nas fezes Espécie Coccídios intestinais Coccídios intestinais I. belli C. parvum C. cayetanensis Roteiro para diagnóstico de coccídios intestinais Microscopia de fluorescência Concentração das fezes (método de Ritchie) Fixação em formalina tamponada Isospora Cyclospora Presença de autofluorescência Kynioun Presença de oocistos álcool-ácido resistentes Cyclospora, Cryptosporidium, Isospora Fluorescência pela Auramina Sugestivo de oocistos de coccídios Microsporidiose Agentes etiológicos: parasitas pertencentes ao Filo Microspora (= Microsporidia) • 143 gêneros, 1200 espécies • Eucariotos primitivos: aspectos moleculares e citológicos de procariotos • Análises de genes de β-tubulina: fungos (?) • Parasitas intracelulares obrigatórios Microsporídios •• Somente 7 gêneros tem sido descritos como patógenos humanos:: Enterocytozoon: E. bieneusi (espécie + encontrada em todo o mundo) Encephalitozoon: E. intestinalis, E. hellem Pleistophora Trachipleistophora: T. hominis, T. anthrpophthera Vittaforna: V. cornea Brachiola: B. vesicularum Nosema: N. connori, N. oculorum * Microsporidium MorfologiaMorfologia • Os esporos são ovais ou piriformes • Medem de 2 a 7 µm por 1,5 a 5,0 µm (os estágios proliferativos podem ser arredondados e um pouco maiores) Ingestão ou inalação de esporos Germinação dos esporos (intestino delgado, trato respiratório, placenta, olhos, músculos) Disseminação (rins, fígado, cérebro, olhos) Profileração Esporogonia CicloCiclo biolbiolóógicogico Liberação de esporos Patogenia e SintomatologiaPatogenia e Sintomatologia • Infecção do trato gastrointestinal (E. bieneusi e E. intestinalis) • Hepatite e Peritonite • Infecção ocular (ceratoconjuntivite) • Sinusite • Infecções pulmonares (traqueobronquite, pneumonia) • Infecções do trato urinário (cistite, nefrite) • Miosite • Infecções cerebrais • Infecções sistêmicas � Em imunocompetentes: pouca ou nenhuma sintomatologia EpidemiologiaEpidemiologia • O primeiro caso humano de infecção por Encephalitozoon sp foi relatado em 1959 • Em 1985 uma nova espécie foi encontrada em um paciente infectado pelo HIV: Enterocytozoon bieneusi • Atualmente os microsporídios são reconhecidos como agentes etiológicos de infecções oportunistas em pacientes com AIDS • Pacientes não infectados pelo HIV e pacientes transplantados também têm sido encontrados infectados por microsporídios DiagnDiagnóóstico Laboratorialstico Laboratorial • Microscopia eletrônica • Métodos de coloração Tricrômio Gram-Chromotrope Substâncias quimioluminescentes: Calcofluor Fungi-Fluor Uvitex 2B • Imunofluorescência • PCR Material: fezes, urina, aspirado duodenal, bile, esfregaços conjuntivais e fluidos nasofaringeanos Esporos maduros de Encephalitozoon intestinalis (Microscopia eletrônica de transmissão) Vacúolo parasitóforo Esporos maduros Esporos de microsporídios am amostras de fezes (A) e tecido intestinal (B) (Tricrômio modificado, Ryan-Blue) Esporos de E. bieneusi em fluido broncoalveolar de um paciente com AIDS (Coloração de GRAM) Encephalitozoon intestinalis (Cultura de células in vitro) Encephalitozoon spp. (Imunofluorescência direta) Sulfametoxazol + trimetropimCiclosporidiose Sulfametoxazol + trimetropimIsosporose Não há tratamento específico (Sintomático) Criptosporidiose Não há tratamento específico Metronidazol? Albendazol ? Microsporidiose Drogas utilizadasParasitose Tratamento
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