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Intensivo - Delegado de Polícia Civil CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Constitucional Professor: Flavio Martins Aulas: 03 e 04 | Data: 21/10/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO. 2. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES. 3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES. 1. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO: A constituição é formada pelo preâmbulo, parte permanente e ato das disposições constitucionais transitórias. A) Preâmbulo: Embora presente em todas as constituições brasileiras, o preâmbulo não é obrigatório. O preâmbulo funciona como uma espécie de “carta de intenções”. Segundo o STF, o preâmbulo não é norma constitucional – STF declarou que o preâmbulo não é norma de natureza jurídica, mas de natureza política. Consequência de não ser norma constitucional: -O preâmbulo não é norma de repetição obrigatória nas Constituições Estaduais. -A palavra “Deus” no preâmbulo não fere a laicidade do Estado brasileiro (o preâmbulo não é norma constitucional e, apesar de constar o termo “Deus”, não há qualquer definição do que seria). -O preâmbulo não pode ser utilizado como parâmetro no controle de constitucionalidade (nenhuma lei será inconstitucional por ferir o preâmbulo, pois este não é norma constitucional). B) Parte Permanente: Vai do art. 1º ao 250 da CRFB/88. A nomenclatura “parte permanente” não significa imutabilidade. Apesar de admitir a reforma constitucional, não possui prazo determinado de vigência. C) ADCT (ato das disposições constitucionais transitórias): Ao contrário do preâmbulo, o ADCT é norma constitucional. Por tal razão, pode ser alterado por emenda constitucional. EC alterou o art. 2º do ADCT. Página 2 2. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES: São basicamente 05 elementos.: I) Elementos orgânicos: São aqueles que organizam a estrutura do Estado. Ex: art. 2º, art. 18 da CRFB/88. II) Elementos limitativos: Limitam o poder do Estado fixando direitos à população. Qualquer artigo da constituição que prevê direitos acaba por limitar o poder estatal – Ex: art. 5º da CRFB/88. As constituições modernas nasceram para exercer tal papel limitativo. III) Elementos sócioideológicos: São aqueles que fixam uma ideologia estatal. São princípios da ordem econômica os valores sociais do trabalho, da livre iniciativa e a busca do pleno emprego (art. 170 da CRFB/88). IV) Elementos formais de aplicabilidade: São elementos que auxiliam na aplicação de outros dispositivos constitucionais (seriam instrumentos da aplicação de outros artigos). Ex: art. 5º, §1º da CRFB/88 – “as normas definidoras dos direitos fundamentais têm aplicação imediata” (mandado de injunção). Parte da doutrina dá como exemplo o preâmbulo da Constituição, em razão da sua importância interpretativa. V) Elementos de estabilização constitucional: São os dispositivos que buscam a estabilidade em caso de tumulto institucional / abalo nas instituições / insegurança social. Ex: Intervenção federal (art. 34), estado de defesa (art. 136) e estado de sítio (art. 137). Página 3 3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: I) Quanto ao conteúdo: Quanto ao conteúdo, a Constituição pode ser material ou formal. Constituição material É aquela que possui apenas e tão somente conteúdo constitucional. É aquela que trata de direitos fundamentais, estrutura do Estado etc. Constituição formal É aquela que além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. Não importa o seu conteúdo, mas a forma através da qual ela foi aprovada. *A CRFB/88 é formal (Ex: além da matéria constitucional, há o art. 242, §2º - fala do colégio Pedro II). II) Quanto à forma: A constituição pode ser escrita ou não-escrita (costumeira). Constituição escrita: É um documento solene. Constituição não-escrita / costumeira: É aquela que é fruto dos costumes das sociedades. Ex: Inglaterra. *Todas as constituições brasileiras foram escritas. III) Quanto ao modo de elaboração: A constituição pode ser dogmática ou histórica. Constituição dogmática: É fruto de um trabalho legislativo específico (“dogmática” por refletir os dogmas de um momento da história [estática]). Ex: a vedação da tortura está no inciso III dentre LXXVIII do art. 5º, ou seja, papel de destaque exatamente em razão da superação da ditadura militar. Constituição histórica: É aquela fruto de uma lenta evolução histórica. Ex: Inglaterra. *Todas as constituições brasileiras foram dogmáticas. IV) Quanto à origem: A constituição pode ser promulgada, outorgada, cesarista/bonapartista e pactuada/dualista. Constituição promulgada: É a constituição democrática, feita pelos representantes do povo. Constituições brasileiras promulgadas: 1891, 1934, 1946 e 1988. Página 4 Constituição outorgada: É a constituição imposta ao povo pelo governante – denominada “Carta Constitucional”. Constituições brasileiras outorgadas: 1824 (Dom Pedro I), 1937 (Getúlio Vargas) e 1967 (Militares). Constituição cesarista / bonapartista: É a constituição feita pelo governante e submetida à apreciação do povo mediante referendo ou plebiscito. Ex: Venezuela recentemente. Constituição pactuada / dualista: É fruto do acordo entre duas forças políticas de um país. Ex: Magna Carta de 1215. V) Quanto à extensão: Pode ser sintética ou analítica. Constituição sintética: É aquela resumida, concisa, que trata apenas dos temas principais. Ex: Constituição dos EUA de 1787. Constituição analítica: É a Constituição extensa, prolixa, repetitiva, que entra nos detalhes de vários institutos. *A CRFB/88 é analítica. VI) Quanto à função (José Joaquim Gomes Canotilho): Pode ser garantia ou dirigente. Constituição garantia: É aquela que apenas prevê os direitos e garantias fundamentais. É uma espécie de carta declaratória de direitos. Constituição dirigente: Além de prever os direitos fundamentais, fixa metas estatais, uma direção para o Estado seguir. *A CRFB/88 é dirigente (art. 3º [objetivos da república], art. 170). VII) Quanto à essência / Classificação ontológica (Karl Loewnstein): Constituição semântica, nominal/nominalista e normativa. Constituição semântica (“camisa que esconde as cicatrizes”): É aquela que esconde a dura realidade de um país (é comum em regimes ditatoriais). Ex: A Constituição brasileira de 1824 quanto à liberdade – país adotava a escravidão. Constituição nominal / nominalista (“camisa de tamanho abaixo do manequim”): É aquela que não reflete a realidade atual do país, pois se preocupa com o futuro. Constituição normativa (“camisa de tamanho certo”): Aquela constituição que reflete a realidade atual do país. *A CRFB/88 é normativa (concursos). Página 5 VIII) Quanto à ideologia: Pode ser ortodoxa ou eclética/compromissória. Constituição ortodoxa: É aquela que fixa uma única ideologia estatal (Ex: China). Constituição eclética / compromissória: É aquela que permite a existência de ideologias diversas. *A CRFB/88 é eclética (art. 1º, V - pluralismo político). IX) Quanto à sistematização: A constituição pode ser unitária/codificada ou variada. Constituição unitária / codificada: É aquela formada por um único documento. Constituição variada: É aquela formada por mais de um documento. *A CRFB/88 - Até 2004 era unitária; com o art. 5º, §3º trazido pela EC 45/04, e por consequência o Dec 6.949/09 (convenção internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência), atualmente ela é variada. X) Quanto ao sistema: Pode ser principiológica ou preceitual.Constituição principiológica: É aquela que possui mais princípios que regras (predominam os princípios). Constituição preceitual: É aquela que possui mais regras que princípios (predominam as regras). Prepondera que as normas constitucionais podem ser regras e princípios. REGRAS PRINCÍPIOS São dispositivos de conteúdo mais delimitado, determinado, preciso. Dispositivo de conteúdo mais amplo, vago, indeterminado. Art. 78 da CRFB/88 – regras de eleição presidencial. O Estado deve aplicar 25% do orçamento em educação (art. 212, caput) Art. 1º, III da CRFB/88 – dignidade da pessoa humana como fundamento da República. Art. 205 da CRFB/88 – educação é um direito de todos As regras devem ser cumpridas integralmente (tudo ou nada). Nas palavras de Robert Alexy, os princípios significam “mandamentos de otimização”, ou seja, devem ser cumpridos na maior intensidade possível. Página 6 Conflito entre regras: É resolvido por meio da revogação, ou seja, a lei nova revoga a antiga. Conflito entre princípios: É resolvido através da ponderação, pelo princípio da proporcionalidade. Será decidido no caso concreto. *CRFB/88 é principiológica.
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