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JUÍZO - Psicopatologia

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JUÍZO DE REALIDADE e SUAS ALTERAÇÕES (O DELÍRIO)
O ajuizar, isto é, produzir juízos, é uma atividade humana por excelência. [...] Ajuizar quer dizer julgar. [...] É preciso lembrar que alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. [...] Juízos falsos podem ser produzidos de inúmeras formas, sendo ou não patológicos.
ERRO SIMPLES x DELÍRIO
A primeira constatação é que não existe limite nítido, fácil e decisivo entre o erro e o delírio. O erro se origina da ignorância, do julgar apressado e com base em premissas falsas. O erro ocorre no julgar quando:
1. Tomam-se coisas parecidas ou semelhantes por iguais ou idênticas, isto é, confusão de coisas semelhantes.
ERRO SIMPLES x DELÍRIO
2. Atribui-se, a coincidências ocasionais ou fortuitas, a força de relações consistentes de causa-efeito.
3. Aceitar ingenuamente as impressões de nossos sentidos como verdades indiscutíveis (erros por enganos dos sentidos).
ERRO SIMPLES x DELÍRIO
Os erros são possíveis de serem corrigidos pela experiência, pelas provas e pelos dados que a realidade oferece. Uma boa parte dos erros de ajuizamento, de apreciação, é determinada por situações afetivas intensas ou dolorosas, que impedem que o indivíduo analise a experiência de forma objetiva e lógica.
ERRO SIMPLES x DELÍRIO
Os tipos de erros mais comuns, não determinados (necessariamente) por transtorno mental, são os PRECONCEITOS, as CRENÇAS culturalmente sancionadas, as SUPERSTIÇÕES e as chamadas IDÉIAS PREVALENTES.
PRECONCEITO
Trata-se geralmente, de um juízo a priori, sem reflexão, um ajuizamento apressado com base em premissas falsas, “uma opinião precipitada que transforma-se numa prevenção” (Paim, 1993). [...] A discriminação social é um dos modos mais comuns e nefastos do preconceito. Ela se dá, entre outras formas, como:
PRECONCEITO
Racismo (os brancos são superiores aos negros)
Sexismo (os homens são mais inteligentes que as mulheres)
Etnocentrismo (o europeu é mais sensível que o indigena americano)
Classismo ou preconceito de classes (os pobres são preguiçosos)
Preconceito religioso (os mulçumanos são desequilibrados)
CRENÇAS CULTURAIS E SUPERSTIÇÕES
São descritas como partilhadas por um grupo cultural (religioso, político, étnico, grupo de jovens, [...]). Um tipo de crença culturalmente sancionada são as SUPERSTIÇÕES. Elas são, de modo geral, motivadas por fatores afetivos (desejos, temores, etc.).
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DO JUÍZO
São idéias que, por conta da importância afetiva que têm para o indivíduo, adquirem predominância enorme sobre os demais pensamentos, conservando-se obstinadamente em sua mente: “Não consigo pensar em outra coisa” é um exemplo de queixa típico de quem experimenta essas idéias.
IDÉIAS PREVALENTES ou SOBREVALORADAS (IDÉIAS ERRÔNEAS por SUPERESTIMAÇÃO AFETIVA)
As idéias prevalentes diferem das idéias obsessivas, pois são EGOSSINTÔNICAS, aceitas pelo indivíduo que as produz. Além disso fazem sentido para o paciente. As pessoas que têm idéias prevalentes ou sobrevaloradas identificam-se plenamente com elas e colocam a sua personalidade totalmente a seu serviço. São levadas por motivações afetivas pessoais.
IDÉIAS PREVALENTES ou SOBREVALORADAS (IDÉIAS ERRÔNEAS por SUPERESTIMAÇÃO AFETIVA)
[...] As idéias delirantes, ou delírios, são juízos patologicamente falsos. Dessa forma, o delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental. Sua base é mórbida, pois é motivado por fatores patológicos. 
O DELÍRIO
[...] Três características ou indícios externos que, do ponto de vista prático, são muito importantes para a identificação clínica do delírio:
O DELÍRIO
1. O doente apresenta uma CONVICÇÃO EXTRAORDINÁRIA, uma certeza subjetiva praticamente absoluta. A sua crença é total; a seu ver, não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu delírio.
2. É impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes.
O DELÍRIO
3. O delírio é, quase sempre, um juízo falso; o seu conteúdo é impossível.
4. O delírio é uma produção associal, idiossincrática em relação ao grupo cultural do doente. Geralmente se trata de uma convicção de um só homem
Kendler e colaboradores (1983) propuseram uma série de dimensões ou vetores da atividade delirante que, além de serem dimensões do delírio, servem como indicadores de sua gravidade.
DIMENSÕES DO DELÍRIO
DIMENSÕES DO DELÍRIO
GRAU DE CONVICÇÃO: este grau determina até que ponto o paciente está convencido da realidade de suas idéias delirantes. 
EXTENSÃO: trata-se da extensão com que as idéias delirantes envolvem diferentes áreas da vida do paciente.
DIMENSÕES DO DELÍRIO
BIZARRICE ou IMPLAUSIBILIDADE: trata-se do grau em que as crenças delirantes se distanciam das convicções culturalmente compartilhadas pelo grupo social de origem do paciente, ou seja, do quanto seu delírio se distancia da realidade consensual, do quão implausível, impossível de suceder o delírio.
DESORGANIZAÇÃO: aqui se verifica até que ponto as idéias delirantes são consistentes internamente, têm lógica própria e em que grau são sistematizadas, com ordem interna.
DIMENSÕES DO DELÍRIO
PRESSÃO ou PREOCUPAÇÃO: isto tem a ver como o quanto o paciente está preocupado e envolvido com suas crenças delirantes, o quanto ele se sente pressionado pelo delírio.
RESPOSTA AFETIVA ou AFETO NEGATIVO: trata-se do quanto as crenças delirantes abalam ou tocam afetivamente o paciente, do quanto ele fica assustado, ansioso, triste ou irritado em conseqüência do delírio.
DIMENSÕES DO DELÍRIO
COMPORTAMENTO DESVIANTE: aqui se verifica o quanto o paciente age em função de seu delírio e em que medida ele pratica atos estranhos, perigosos ou inconvenientes a partir de suas idéias delirantes.
DELÍRIO PRIMÁRIO ou IDÉIAS DELIRANTES VERDADEIRAS
O verdadeiro é um fenômeno primário. Sendo um fenômeno primário, é psicologicamente incompreensível, não tem raízes na experiência psíquica do homem normal; por isso é impenetrável, incapaz de ser atingido pela relação intersubjetiva, pelo contato empático entre entrevistador e entrevistado. [...] O verdadeiro delírio expressa uma quebra radical na biografia do sujeito, a transformação qualitativa de toda sua existência, sua pessoa se modifica, sua personalidade sofre verdadeira transmutação.
DELÍRIO SECUNDÁRIO ou IDÉIAS DELIRÓIDES e os DELÍRIOS COMPARTILHADOS
Assemelha-se externamente ao primário, diferindo deste por não se originar de alteração primária do pensamento, do ajuizar, mas de alterações profundas em outras áreas da atividade mental (afetividade, consciência, etc.), que indiretamente fazem com que se produzam juízos falsos. É fruto de condições psicologicamente rastreáveis e compreensíveis.
DELÍRIO SECUNDÁRIO ou IDÉIAS DELIRÓIDES e os DELÍRIOS COMPARTILHADOS
Os eventos podem ocorrer eventualmente em mais de uma pessoa. São os chamados DELÍRIOS COMPARTILHADOS da loucura a dois. Nesses casos, em geral há um sujeito realmente psicótico, [...] que apresenta delírio primario e, ao interagir intimamente com outra pessoa influenciável, acaba por gerar o delírio em tal pessoa. [...] Há sempre uma dupla: o verdadeiro delirante e outra (s) pessoa (s) – em geral uma personalidade sugestionável.
ESTRUTURA DOS DELÍRIOS
Segundo a estrutura, os delírios são classificados em SIMPLES (monotemáticos) ou COMPLEXOS (pluritemáticos) e em não-sistematizados ou sistematizados.
ESTRUTURA DOS DELÍRIOS
DELÍRIOS SIMPLES (monotemáticos): são idéias que se desenvolvem em torno de um só conteúdo, de um tema único, geralmente de um único tipo (apenas um tema religioso, persecutório, etc.).
DELÍRIOS COMPLEXOS (pluritemáticos): são aqueles que englobam vários temas ao mesmo tempo, com múltiplas facetas, envolvendo conteúdos de perseguição, mistico-religiosos, de ciúme, de reivindicação, etc.
ESTRUTURA DOS DELÍRIOS
DELÍRIOS NÃO-SISTEMATIZADOS: são delírios sem concatenação consistente. Os conteúdos e os detalhes dos delírios não-sistematizados variam de momento para momento
e costumam ser encontrados em indivíduos com baixo nível intelectual, [...].
DELÍRIOS SISTEMATIZADOS: são os delírios bem-organizados, com historias ricas, consistentes e bem-concatenadas, que mantém ao longo do tempo os mesmos conteúdos, com riquezas de detalhes.
RELAÇÃO entre ALTERAÇÃO DO HUMOR e TEMÁTICA DELIRANTE
Os delírios podem ser classificados em congruentes ou incongruentes com o humor. [...]
Exemplos de CONGRUÊNCIA: Na depressão, delírios de ruína e culpa; na mania, delírios de grandeza, poder.
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
Em geral, os delírios surgem após período pré-delirante, denominado HUMOR DELIRANTE. Nesse período, o paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, sente como se algo terrível estivesse por acontecer, mas não sabe exatamente o quê... Predominam aqui grande perplexidade, sensação de fim de mundo, de estranheza radical. Esse estado pode durar horas ou dias. 
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
O humor delirante cessa quando o paciente configura o delírio, isto é, quando descobre, como se fosse por uma revelação inexplicável, o que de fato está acontecendo.
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
Curiosamente, após a revelação do delírio, o paciente muitas vezes se acalma, como se tivesse encontrado uma explicação plausível para a perplexidade anteriormente inexplicável. 
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
Klaus Konrad (1992) propõe haver um processo seqüencial no desenvolvimento do delírio, com períodos pré-delirantes, delirantes e de reorganização da personalidade e fases residuais. Ele sugere os seguintes momentos:
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
TREMA: no processo temporal de surgimento do delírio, o trema é a fase que precede imediatamente o surgimento das idéias delirantes. Há tensão geral, clima ameaçador, mal definido e difuso pairando ainda sem significação.
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
APOFANIA: a tensão acumulada (durante o trema) agora se desdobra em delírio. O sujeito tem a vivência de verdadeira revelação. Nessa fase, ocorrem experiências delirantes descritas como percepção delirante, falsos reconhecimentos e desconhecimentos delirantes, difusão e sonorização do pensamento e vivências corporais delirantes. 
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
[...] Ocorre aqui a ANÁSTROFE: [...] tudo se volta para o indivíduo, [...] ele se sente de forma passiva no centro do mundo, observado por todos.
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
FASE APOCALÍPTICA: [...] corresponde a certa desorganização do sujeito após a primeira revelação do delírio inicial. Tal fase é acompanhada de vivências ameaçadoras de fim de mundo, [...] de perda da sensação de que há alguma continuidade de sentido no mundo. O sujeito delirante parece viver a estranha reestruturação de seu mundo. [...] Exemplo: “Sinto que já morri”, “Eu não sou mais eu.”
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
CONSOLIDAÇÃO: o delírio tende a cristalizar-se, há certa elaboração intelectual em torno dele, com a fixação de elementos a partir da personalidade do sujeito, o que pode incluir também defesas neuróticas (“Finalmente me deixaram em paz apesar de ainda estarem me observando”).
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
FASE DE RESÍDUO: geralmente se trata da fase final do processo psicótico-delirante. Há perda do impulso e da afetividade manifesta. O sujeito não pode mais confiar e relacionar-se calorosamente com os outros; busca passiva ou ativamente certo isolamento, concentra-se no impessoal da vida [...].
SURGIMENTO e EVOLUÇÃO DO DELÍRIO: ESTADOS PRÉ-DELIRANTES
Em relação ao CURSO, os delírios podem ainda ser AGUDOS ou CRÔNICOS. Os delírios agudos surgem de forma rápida, podendo desaparecer em pouco tempo (horas a dias). Podem ser passageiros, fugazes [...]. Já os delírios crônicos tendem a ser persistentes, contínuos, de longa duração (vários anos), pouco modificáveis ao longo do tempo. 
MECANISMOS CONSTITUTIVOS DO DELÍRIO
INTERPRETAÇÃO: DELÍRIO INTERPRETATIVO (ou INTERPRETAÇÃO DELIRANTE)
[...] A atividade interpretativa é um mecanismo que, de forma geral, está na base constituinte de todos os delírios. Em alguns delírios, entretanto, verifica-se que sua formação deve-se quase que exclusivamente a uma distorção radical na interpretação de fatos e vivencias; [...] O delírio interpretativo geralmente respeita alguma lógica, produzindo histórias que, embora delirantes, guardam verossimilhança.
INTUIÇÃO: DELÍRIO INTUITIVO (OCORRÊNCIA ou INTUIÇÃO DELIRANTE)
O indivíduo intui o delírio de repente, pois capta de forma imediata novo sentido nas coisas, percebe nova realidade totalmente convincente e irredutível. [...] O delirante não sente qualquer necessidade de fundamentar o delírio em possibilidades plausíveis e verossímeis: ele não interpreta e conclui, não busca provas que certifiquem a verdade de seu delírio, ele simplesmente SABE, simplesmente intui a REVELAÇÃO DELIRANTE.
IMAGINAÇÃO: DELÍRIO IMAGINATIVO
Assim como a interpretação, a imaginação está presente na constituição da maior parte dos delírios, acompanhando a atividade interpretativa lado a lado. O indivíduo imagina determinado episodio ou acontecimento e, a partir disso, pela interpretação vai construindo o delírio.
AFETIVIDADE: DELÍRIO CATATÍMICO
[...] Em estado de profunda depressão, o sujeito reorganiza seu mundo e o seu EU com delírio de conteúdo depressivo; o maníaco cria, a partir de seu estado afetivo de euforia e exaltação, um delírio de grandeza, coerente com tal estado. 
MEMÓRIA: DELÍRIO MNÊMICO (RECORDAÇÃO DELIRANTE)
[...] O delírio é constituído por recordações e elementos da memória (verdadeiros ou falsos) que ganham dimensão delirante. O indivíduo utiliza tanto recordações verdadeiras quanto falsificações da memória, como as alucinações ou ilusões mnêmicas, para construir seu delírio.
ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: DELÍRIO ONÍRICO
São os delírios associados a quadros de turvação da consciência, ricos em vivências oníricas com alucinações cênicas, ansiedade intensa e certa confusão do pensamento. O delírio desenvolve-se devido principalmente à crítica insuficiente relacionada às vivências oníricas. Os delírios podem ocorrer durante ou após a turvação da consciência.
ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS: DELÍRIO ALUCINATÓRIO
O delírio é construído a partir de experiências alucinatórias ou pseudo alucinatórias intensas, como alucinações auditivas de conteúdo persecutório ou alucinações visuais muito vívidas. O indivíduo forma seu delírio desenvolvendo, de certa forma, a temática e a experiência gerada pela atividade alucinatória.
ALTERAÇÕES SENSOPERCEPTIVAS: DELÍRIO ALUCINATÓRIO
A PERCEPÇÃO DELIRANTE é um tipo especialmente importante de delírio. O delírio surge a partir de uma percepção normal que recebe, imediatamente ao ato perceptivo, significação delirante. Trata-se de processo com duas vertentes (perceptiva e ideativa) que ocorrem de forma simultânea. A percepção delirante é vivenciada como uma REVELAÇÃO, uma descoberta abrupta que o indivíduo faz, passando então a entender tudo o que se passa.
MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO DELÍRIO
Por que o delírio se estabiliza e permanece ao longo do tempo? Sims (1995) assinala alguns fatores envolvidos em tal “estabilização do delírio”:
MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO DELÍRIO
A INÉRCIA em mudar as próprias idéias e a necessidade de consistência das produções ideativas que são formadas ao longo do tempo.
MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO DELÍRIO
A POBREZA NA COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL, falta de contatos pessoais satisfatórios, isolamento social, ser estrangeiro e não falar a língua dominante, etc.
MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO DELÍRIO
O comportamento agressivo por parte do paciente, resultante do delírio persecutório, pode desencadear mais rejeição pelo meio social e, dessa forma, reforçar o CÍRCULO VICIOSO DE SENTIMENTOS PARANÓIDES, REJEIÇÃO, HOSTILIDADE, MAIS
SENTIMENTOS PARANÓIDES, e assim por diante.
MECANISMOS DE MANUTENÇÃO DO DELÍRIO
O delírio pode diminuir o respeito e a consideração que as pessoas que convivem com o paciente têm por ele; a partir dessa situação, o indivíduo delirante pode construir NOVAS INTERPRETAÇÕES DELIRANTES a fim de, involuntariamente, tentar MANTER A SUA AUTO-ESTIMA.
OS TIPOS DE DELÍRIO SEGUNDO SEUS CONTEÚDOS
DELÍRIOS DE PERSEGUIÇÃO
O indivíduo acredita que é vitima de um complô e está sendo perseguido por pessoas conhecidas e desconhecidas, tais como máfias, vizinhos, [...]. Ele pensa que querem envenená-lo, matá-lo, [...] a perseguição é o tema mais freqüente dos delírios.
DELÍRIO PERSECUTÓRIO OU DE PERSEGUIÇÃO
DELÍRIOS DE PERSEGUIÇÃO
[...] Diz ser alvo freqüente ou constante de referências depreciativas, caluniosas. Ao passar diante de um bar e observar as pessoas conversando e rindo, entende que estão falando dele [...] Às vezes, ouve o seu nome e que o xingam [...] ou simplesmente deduz que a conversa das pessoas no bar é sobre ele.
DELÍRIO DE REFERÊNCIA (DE ALUSÃO OU AUTO-REFERÊNCIA)
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
Um mecanismo psicológico particularmente importante na formação dos delírios de perseguição e de referência é o que FREUD denominou de PROJEÇÃO; inconscientemente, o indivíduo “projeta” para fora de seu mundo mental, no mundo externo, idéias, conflitos, desejos e temores que seriam insuportáveis se fossem percebidos como pertencentes ao seu mundo interno [...].
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
O indivíduo delirante constrói conexões significativas (delirantes) entre os fatos normalmente percebidos. Essas conexões novas surgem geralmente sem motivação compreensível. [...] Exemplo: “As chuvas do verão passado, o inverno atual mais frio, indicam que realmente a guerra dos seres alienígenas irá começar”. [...] Também apresenta colorido persecutório.
DELÍRIO DE RELAÇÃO
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
O indivíduo vivencia intensamente o fato de estar sendo controlado, comandado ou influenciado por força, pessoa ou entidade externa. [...] O doente afirma ter perdido a capacidade de persistir a essa força externa e passa a submeter-se inteiramente a ela [...].
DELÍRIO DE INFLUÊNCIA OU CONTROLE (TAMBÉM DENOMINADO VIVÊNCIAS DE INFLUÊNCIA)
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
O indivíduo acredita ser extremamente especial, dotado de capacidade e poderes. [...] O delírio é dominado por idéias de poder e riqueza. O sujeito pensa que pode tudo, que tem poderes mentais, místicos ou religiosos, alem de conhecimentos superiores ou especiais [...].
DELÍRIO DE GRANDEZA (DE ENORMIDADE)
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
O indivíduo afirma ser um novo messias, um DEUS, Jesus, um santo poderoso ou, até, um demônio. Essas são temáticas delirantes freqüentes em nosso meio. O paciente sente que tem poderes místicos, que entrou em contato com Nossa Senhora, com o Espírito Santo ou com o demônio, que tem missão mística ou religiosa [...]. Geralmente apresentam aspecto grandioso [...].
DELÍRIO MÍSTICO OU RELIGIOSO
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
[...] O indivíduo percebe-se traído pelo cônjuge de forma vil e cruel; afirma que ela (e) tem centenas de amantes, [...]; O indivíduo acometido pelo delírio de ciúmes é extremamente ligado e emocionalmente dependente do ser amado.
DELÍRIO DE CIÚMES E DELÍRIO DE INFIDELIDADE
DELÍRIOS E O MECANISMO DE PROJEÇÃO
O indivíduo afirma que uma pessoa, geralmente de destaque social (um artista ou cantor famoso, um milionário, etc.) ou de grande importância para o paciente, está totalmente apaixonada por ele e irá abandonar tudo para que possam se casar. [...] É mais comum em mulheres [...].
DELÍRIO ERÓTICO (EROTOMANIA)
DELÍRIOS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO
São aqueles que têm temática de colorido marcadamente triste, como ruína ou miséria, culpa ou auto-acusação, doenças e mesmo o desaparecimento de parte do corpo (negação de órgãos). [...] São o oposto dos delírios de grandeza ou daqueles onde o sujeito acredita ser um ser especial [...].
DELÍRIOS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO
[...] O indivíduo vive em um mundo repleto de desgraças, está condenado à miséria, ele e sua família irão passar fome, o futuro lhe reserva apenas sofrimentos e fracassos. Em alguns casos o indivíduo acredita estar morto ou que o mundo inteiro está destruído e todos estão mortos.
DELÍRIO DE RUÍNA (OU NILISTA)
DELÍRIOS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO
O indivíduo afirma, sem base real para isso, ser culpado por tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das pessoas que o cercam, ter cometido um crime grave, ser uma pessoa indigna, pecaminosa, suja [...], que deve ser punida por seus pecados [...].
DELÍRIO DE CULPA E DE AUTO-ACUSAÇÃO
DELÍRIOS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO
O indivíduo experimenta profundas alterações corporais. Relata que seu corpo está sendo destruído ou morto, que não tem mais um ou vários órgãos, como o coração, o fígado ou o cérebro, suas veias “estão secas”, não tem mais nenhuma gota de sangue, seu corpo secou ou apodreceu, seus braços e pernas estão se “esfarelando”.
DELÍRIO DE NEGAÇÃO DE ÓRGÃOS
DELÍRIOS DE CONTEÚDO DEPRESSIVO
O indivíduo crê convicção extrema que tem uma doença grave, incurável, que está contaminado pelo vírus da AIDS, que irá morrer brevemente em decorrência do câncer. É um delírio muitas vezes difícil de ser diferenciado das idéias hipocondríacas não-delirantes. [...] O que difere o delírio hipocondríaco da idéia hipocondríaca é a intensidade da crença [...].
DELÍRIO HIPOCONDRÍACO
OUTROS TIPOS DE DELÍRIO MENOS FREQUENTES
[...] O indivíduo, de forma completamente desproporcional em relação à realidade, afirma ser vitima de terríveis injustiças e discriminações e, em conseqüência disso, envolve-se em intermináveis disputas legais, processos trabalhistas, [...].
DELÍRIO DE REIVINDICAÇÃO (OU DE QUERELÂNCIA)
OUTROS TIPOS DE DELÍRIO MENOS FREQUENTES
[...] O indivíduo, mesmo completamente leigo na ciência ou na área tecnológica em questão, revela ter descoberto a cura de uma doença grave (AIDS, câncer, etc.) ou ter desenvolvido um aparelho moderno fantástico [...].
DELÍRIO DE INVENÇÃO OU DESCOBERTA
OUTROS TIPOS DE DELÍRIO MENOS FREQUENTES
Ocorrem em indivíduos que se sentem destinados a salvar, reformar, revolucionar ou redimir o mundo ou a sua sociedade. [...] Esses delirantes têm convicção plena de que seu sistema religioso ou político é absolutamente o único capaz de salvar de fato a humanidade.
DELÍRIO DE REFORMA (OU SALVACIONISMO)
OUTROS TIPOS DE DELÍRIO MENOS FREQUENTES
O indivíduo afirma que existem animais ou objetos dentro de seu corpo. Esse tipo de delírio baseia-se na interpretação delirante de sensações corporais vivenciadas pelo paciente, mas sem a temática de doença.
DELÍRIO CENESTOPÁTICO
OUTROS TIPOS DE DELÍRIO MENOS FREQUENTES
O indivíduo acredita que seu corpo (especialmente sua pele ou seus cabelos) está infestado por pequenos organismos. [...] Acompanhando o delírio, podem ocorrer alucinações táteis [...].
DELÍRIO DE INFESTAÇÃO (SÍNDROME DE EKBOM)
OUTROS TIPOS DE DELÍRIO MENOS FREQUENTES
O indivíduo descreve historias fantásticas com convicção plena, sem qualquer crítica. Esse tipo de delírio é notável pelas histórias e narrativas fabulosas, totalmente irreais, [...].
DELÍRIO FANTÁSTICO OU MITOMANÍACO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2. ed. Porto Alegre. ArtMed.

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