Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 OBSERVANDO O CORPO CIDADE E SEU ESPAÇO A cidade comunica. Em todos os sentidos e mesmo para além deles. Em cada canto, pedaço, rua, avenida, casa, prédio ou calçada, percebemos representações e significações sobre a vida urbana. São variadas emoções para aqueles que se propõem a apreender as grandes cidades. A questão urbana faz parte, mais do que nunca, de importantes disciplinas e áreas do conhecimento, além da engenharia e da arquitetura, como a comunicação social, a nutrição, a medicina, o direito, a geografia, a história, as ciências sociais, entre outras. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 OBSERVANDO O CORPO CIDADE E SEU ESPAÇO Os diversos contextos metropolitanos se irradiam e se entrelaçam a partir de fluxos comunicacionais caracterizados pelo incremento de fetichismos visuais de matrizes digitais, como diria Massimo Canevacci. Esses fetiches visuais se estratificam transversalmente sobre a publicidade, a moda e as artes em geral, afetando os corpos humanos e as cidades. Em cada produção comunicacional, corpos e metrópoles dialogam e, ao mesmo tempo, somatizam pústulas de desejos expressos e não expressos que formam e deformam a fisionomia da carne e do cimento. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 2 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 OBSERVANDO O CORPO CIDADE E SEU ESPAÇO Canevacci nos brinda com interessantes perspectivas sobre as mercadorias e os corpos na grande cidade contemporânea, a qual ele chama de metrópole comunicacional. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 SOBRE FETICHISMOS VISUAIS E A METRÓPOLE COMUNICACIONAL Para Canevacci, o corpo expandido em edifícios, coisas-objetos-mercadorias e imagens é aquilo que se entende por fetichismo visual. Esse fetichismo se metamorfoseia constantemente em sujeito. Assim, o objeto é sempre, em alguma medida, sujeito. Para o teórico italiano, o consumidor busca nas marcas e nos produtos o mesmo que busca para seu corpo, tornando orgânicas as mercadorias concretas. O celular, por exemplo, deve ser fino, já que as pessoas, em sua maioria, desejam ser magras, mas não extremamente fino, pois poderia ser associado à anorexia. Entre outros exemplos fabulosos, Canevacci cita um depilador íntimo desenhado por uma célebre estrela pornô norte-americana que virou um must entre mocinhas emancipadas. O produto inclui um pentinho e um útil recipiente. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 3 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 SOBRE FETICHISMOS VISUAIS E A METRÓPOLE COMUNICACIONAL A partir da ideia de bodyscape-location, Canevacci propõe uma etnografia aplicada aos fetichismos visuais. O bodyscape, grosso modo, seria um corpo-panorama que difunde fatos e surpresas. Nesse sentido, o corpo floresce também como contexto e lugar. A passagem do corpo a contexto é uma transição de bodyscape a location. Essa perspectiva é mais evidente quando o design é inspirado por um alto conteúdo erótico cheio de fetiches, o que é frequente na metrópole comunicacional. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 SOBRE FETICHISMOS VISUAIS E A METRÓPOLE COMUNICACIONAL Na contemporaneidade, é possível multiplicar os fluxos progressivos que o fetiche sempre interceptou dando a ele sua descentrada resposta relativa às diversas culturas e subjetividades. As práticas do fetiche, nos corpos ou nos objetos, são plurais, assim como são as cidades. Canevacci faz um sedutor convite a reinterpretarmos nossos corpos, nossas metrópoles e nossos fetiches. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 4 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 A IMPORTÂNCIA CRESCENTE DOS FETICHISMOS VISUAIS NA TRANSFORMAÇÃO CULTURAL A comunicação focalizada na proliferação dos novos fetichismos visuais, que se difundem na relação entre bodyscape e location: ou seja, entre os corpos-e- espaços panorâmicos espalhados nas metrópoles comunicacionais. Para retratar esse aumento excessivo de fetichismos é necessário penetrar nas composições imagéticas, sonoras e escritas que exprimem um sentir pluri- sensorial e multi-sequencial. Tais composições fetichistas são divulgadas por meio de contínuas manifestações de comunicação visual, consumos performáticos, múltiplos sujeitos, sincretismos digitais, difusão sound-scape. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 A IMPORTÂNCIA CRESCENTE DOS FETICHISMOS VISUAIS NA TRANSFORMAÇÃO CULTURAL A importância crescente dos fetichismos visuais que estão ligados à difusão tanto de tecnologias digitais quanto de estilos corporais. Entre as novas visões do fetichismo e aquelas tradicionais há disjunções que apresentam uma ruptura em relação ao passado. Graças ao complexo fluxo de fragmentação, citação, ressignificação, os códigos da cultura visual atravessam e cruzam inúmeras publicidades fetish, muitos artistas contemporâneos (body art), um certo tipo de cinema (Tarantino, Lynch, Cronenberg), todos os sites porno-web, vários estilistas cool, lugares da moda(dress-code), designers metropolitanos, até mesmo a música eletrônica; e, enfim, o panorama total das modificações corporais (piercing, escarificações , tatuagens, etc.) . FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 5 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 A IMPORTÂNCIA CRESCENTE DOS FETICHISMOS VISUAIS NA TRANSFORMAÇÃO CULTURAL Assim, é possível dizer que não há atividade expressiva da comunicação contemporânea que não tenha contínuas e perturbadoras referências aos fetichismos visuais. O corpo – seja como corpo vivo (body), seja como corpo morto (corpse) que se expande nas coisas viventes – é o cenário fluido desse novo fetichismo: é a transformação do corpo em bodycorpse (Canevacci, 2007). Um mix híbrido de vida e morte, ORGÂNICO E INORGÂNICO. Os resultados são tramas “tecidas” por constantes trânsitos de significados que são interpretados contextualmente, refutando cada simplificação arquetípica ou homologante. É importante fazer um corte transdisciplinar e performático no interior do cenário metropolitano, dentro do qual o fetichismo visual constitui um cenário constantemente móvel (uma “mobília” entre bodyscape e location). FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 A IMPORTÂNCIA CRESCENTE DOS FETICHISMOS VISUAIS NA TRANSFORMAÇÃO CULTURAL O segredo para o qual se deve voltar a atenção é a comunicação visual digital baseada em um “centro descentralizado” – material e imaterial, reprodutível e aurático – que difunde conflitos, tensões, enxertos. Para examiná-la em suas disjunções e conexões, é preciso repensar as três abordagens clássicas sobre o fetichismo: A COLONIALISTA, A MARXISTA E A FREUDIANA. Os novos fetiches digitais se caracterizam por códigos, sinais, perfis que delineiam a “perversa” fisiognomica dos novos produtos imateriais. Os resultados visíveis são fetiches semióticos que ligam em um vínculo duplo o observador e o observado, o orgânico e o inorgânico, o corpo e o produto, a pele e o pixel. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 6 ESTETICA E CULTURADE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO Os fetiches visuais se apresentam como novas subjetividades – uma video- subjetividade ou uma videocarne –, com biografias próprias e até mesmo uma biologia transorgânica própria. A transfiguração do fetichismo confirmou o uso da palavra francesa fetish, que atesta uma mudança e um aceleramento desse cruzamento entre fetichismo visual, cultura digital e estilos de consumo nos seguintes âmbitos contextuais e empíricos: FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO BODYSCAPE é o corpo panorâmico que flutua entre os interstícios da metrópole comunicacional. O sufixo –scape persegue acelerações de códigos antes invisíveis que um corpo insere por montagens sucessivas ao longo da própria figuração para construir fisionomias temporárias. O corpo de um sujeito que se envolve emdress-code é impelido a elaborar novos sistemas perceptivos – novos sensoriais – que exploram as zonas mortas entre aquilo que é conhecido é aquilo que está vindo à tona. O bodyscape arrebata as zonas mortas quando incorpora fetiches e os transfigura em zonas cosméticas. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 7 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO LOCATION é um lugar-espaço-zona-interstício que caracteriza o transurbanismo contemporâneo, cujos códigos – mais que no design exterior – são significativos no interior: é aqui que o design de cada objeto, a configuração de cada cômodo, sala, corredor, banheiro, nicho, luz-sombra, som-design, etc. acentua ao máximo a percepção de códigos fetish incorporados. O jogo dos dress-code somatizados e expostos à location produz atratores: ou seja, tensões sensoriais que movem sujeitos que vagam nos interstícios metropolitanos. Bodyscape e location são traços ou impressões digitais em um sentido duplo: como indicativos tanto de uma identidade oportuna quanto de elaboradas tecnologias visionárias. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO BODYSCAPE E LOCATION exprimem atratores sexuados em um jogo performático com contínuas citações, trocas, inversões, perversões, multiversões, subversões. Ambos são entidades de identidade fluida que não têm um gênero (masculino-feminino), um lugar (público-privado), uma ontologia (orgânico-inorgânico), uma moral (bem-mal), uma dicotomia (natureza-cultura), uma hierarquia (alto-baixo). A força de tais atratores não é opositiva (ao poder), mas percorre os territórios do outro. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 8 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO DRESS-CODE inclui uma pragmática do corpo que se modifica através de contínuas escolhas por parte de um sujeito que desafia toda identidade fixa e que brinca ironicamente com os estilos (étnico, dark, punk, fetish, folk, cosmopolita, etc.), assimila o corpo a uma arquitetura própria que mistura pele, pêlos, objetos, acessórios, cosméticos. No dress-code, os códigos não têm um significado estável, muito menos inconsciente. Os símbolos são expostos como superfície. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO Na linguagem da moda, distingue-se clothing de dress: – clothing se refere às roupas e acessórios, jóias, make-up, tatuagens, piercings singularmente presos; – dress envolve e move aquelas práticas que caracterizam escolha, incorporação, combinação, montagem, cut-up, morphing, enfim, a seleção em favor do contexto; – code, por outro lado, é um código que indica as escolhas da transformação, as lógicas sob e supra-existentes à atividade semiótica que o corpo adquire com base em escolhas construídas por parte do sujeito. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 9 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO DRESS CODE COMO LOCATION: LOCATION DO CORPO. A construção de um panorama corporal é significativa para determinar relações com o outro ou com as location. Dress-code é o fetiche que dança entre uma location é um outro ser. O dress-code encarna em você como sujeito naquele momento, naquele lugar, com aquelas pessoas: dress-code é cosmético e cosmogonia, uma senha que favorece o cruzamento (crossing) entre location e bodyscape. Dress-code expõe atratores: códigos visuais de alto valor fetish que chamam a atenção em seu movimento inter e intra-espacial. Os atratores comunicam – seduzem – o emergente. Os atratores são policêntricos e polimorfos. Os atratores brincam com os movimentos de uma pupila passageira que está bloqueada (atraída) e colada no corpo estendido dos códigos fetish. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CRUZAMENTO ENTRE FETICHISMO VISUAL, CULTURA DIGITAL E ESTILOS DE CONSUMO Toda essa constelação móvel e cambiante inventa – de modo constante, obsessivo e pudico – novos panoramas fetish que se encarnam e se atraem entre bodyscape e location. Disso prolifera uma nova carne digital que exprime a ambigüidade extrema de experimentar ao máximo cada dualismo. Porque o fetichismo tem isto de ambígua utopia: encarna possíveis metamorfoses, nem totalmente objetos nem apenas sujeitos. Coisas, lágrimas, rochas, madeira, carne, osso, pixel, marcas, produtos… FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional 10 ESTETICA E CULTURA DE MASSA Profa. Ms. Heloiza Reis heloizareis@hotmail.com APOSTILA 5 CANEVACCI, Massimo. Fetichismos visuais: corpos erópticos e metrópole comunicacional. São Paulo: Ateliê editorial, 2008. FETICHISMOS VISUAIS: novas corporalidades na metrópole comunicacional
Compartilhar