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RELATÓRIOS DE FILME: Patch Adams

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RELATÓRIOS DE FILMES
“PATCH ADAMS”
Ravel Coelho
Ilhéus, Bahia
2016
INTRODUÇÃO
Segundo Hipócrates: "É mais importante conhecer o doente do que o tipo de doença que ele sofre”. Todavia, a relação médico-paciente é historicamente pautada no distanciamento entre aquele que necessita tratamento e o seu médico, acompanhando um modelo de saúde biomédico e hospitalocêntrico, onde o corpo humano é uma máquina que precisa ser consertada. 
O avanço da tecnologia em saúde, apesar de fornecer aos profissionais médicos maior resolutividade e a cura de doenças antes consideradas incuráveis, também teve um custo. A tecnologia tornou-se o foco central para muitos médicos, que automatizaram o tratamento, tornando a arte do exame físico, antes tão essencial ao diagnóstico e ao bem-estar emocional do paciente, algo obsoleto. Ou seja, as humanidades foram deixadas de lado em detrimento das ciências experimentais e biológicas.
A ausência ou descaso com as disciplinas das ciências humanas ou humanidades, que tratam dos aspectos do homem como indivíduo e como ser social, têm sido evocados como explicação ou motivos associados à desatenção com a totalidade do ser humano que se vem observando na prática médica, designada genericamente de desumanização da medicina. Esta exclusão acabou atingindo, também, o ensino médico, criando, assim, gerações de médicos vistos como “desumanos”, o que contribuiu para começar a atribuir à profissão uma identificação negativa diante da população leiga.
DESENVOLVIMENTO
“Patch Adams” então, nos leva a refletir sobre a natureza desumana da educação médica convencional naquele período, através de sua história de aproximação e humanização.
Hunter “Patch” Adams, após tentar cometer suicídio, interna-se em um sanatório, onde recebe o pior tratamento possível vindo de seu psiquiatra. A arrogância e indiferença do médico acabam tendo um efeito positivo em Patch, que decide ser médico para ajudar as pessoas, agindo de maneira exatamente oposta ao de seu psiquiatra. Na verdade, Patch acha que pode fugir de sua própria tristeza levando algum conforto à pessoas que enfrentam uma enfermidade
Todavia é dentro do hospital que ele percebe de onde veio a postura do homem que deveria ajuda-lo: a escola de medicina. A visão que é passada aos alunos acerca de sua própria profissão é a de que eles estão acima de seus pacientes, acima de seus problemas e o que importa é que fiquem curados de suas enfermidades. Não lhes ocorre, nem por um momento, de que aquela conduta é inadequada quando se pretende curar pessoas. 
O objetivo de Patch não é ajudar a todos, mas a quantos puder, da maneira que puder. Muitas vezes, a dor é amenizada pelo simples riso, ou por uma boa conversa, ou pela sensação de que alguém se importa. O paciente ficava mais feliz, cooperava mais com a equipe de saúde e todos ganhavam. Entretanto, algo que chamo de “a mão morta do passado”, sempre a postos para segurar as pessoas pelos ombros para que não sigam adiante nas mudanças, fazia com que a conduta de Patch obtivesse resistência por parte da universidade, única detentora da verdade absoluta sobre todas as coisas.
 CONCLUSÃO 
Muitas mudanças aconteceram desde a época em que Hunter Adams estudou medicina, mas o modelo biomédico ainda é o mais ensinado nas escolas médicas brasileiras, embora isto esteja mudando ao redor do mundo. “Patch Adams” nos faz refletir sobre as relações de hierarquia autoritárias dentro do ensino, onde os mestres sempre estão acima de seus alunos, recusando-se a ouvi-los. Nos faz refletir sobre a postura de resistência às mudanças, sobre a mão morta do passado na manutenção do status quo. Nos faz pensar, principalmente, sobre humanidade. Nas pessoas e suas relações. Nas pessoas e sua complexidade física e emocional. 
Hipócrates, o pai da medicina, disse “Curar algumas vezes, aliviar muitas vezes, consolar sempre”. Esta, que é considerada a frase que simboliza a medicina humanista, representa o esforço do médico para dar ao paciente o melhor tratamento possível, mesmo que este não seja a cura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barros, D.M. Carvalho, F.A.H. de. Pereira, H.C.P. “OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS DESUMANIZAM O ENSINO MÉDICO?”. Tear: Revista de Educação Ciência e Tecnologia, Canoas, v.1, n.1, 2012.
 “O CICLO DA VIDA: Transtornos Mentais e do Neurodesenvolvimento. Relação Médico-Paciente através da História: O humanismo médico, Walmor Picinnini. Link: www.celpcyro.org.br/joomla/images/jornada/walmorpicinnini.pdf Acesso em: 19/01/2015

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