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História oral


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O USO DA HISTÓRIA ORAL NA PESQUISA EM ENFERMAGEM PSIQUIÁTRICA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
THE USE OF ORAL NARRATIVES IN PSYCHIATRIC NURSING: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW LA UTILIZACIÓN DE LA HISTORIA ORAL EN LA PESQUISA DE ENFERMERÍA PSIQUIÁTRICA: REVISIÓN BIBLIOGRÁFICA
Amanda Márcia dos Santos REINALDO1, Toyoko SAEKI2, Telma Bonifácio dos Santos REINALDO3
http://www.fen.ufg.br/revista/revista5_2/historia.html
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A história oral desenvolveu-se inicialmente após a II Guerra Mundial, tendo como grande marco a criação do primeiro projeto formal de história oral, na Universidade de Columbia, Nova York (GRELE, 2001).
Deve-se registrar que esse desenvolvimento deu-se através da combinação dos avanços tecnológicos, entre eles o gravador e à necessidade de se conhecer as experiências vividas por ex-combatentes, familiares e vítimas da guerra, através dos relatos orais. 
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“De início a história oral combinou três funções complementares: registrar relatos, divulgar experiências relevantes e estabelecer vínculos com o imediato urbano, promovendo assim um incentivo à história local e imediata” (MEIHY, 1998,p.22).
Para JOUTARD (2001), a primeira geração de historiadores orais surgiu nos Estados Unidos nos anos 50, com o propósito de reunir material para historiadores futuros. Tendo ainda como característica privilegiar as ciências políticas e se ocupar da história dos que ele denomina de “notáveis”. Na Itália a pesquisa oral foi utilizada para reconstituir a cultura popular, e no México os arquivos orais registravam as memórias e recordações dos chefes da revolução mexicana, sendo estes considerados por JOUTARD (2001), como a segunda geração dos historiadores orais.
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Esta segunda geração foi marcada por uma nova concepção da oralidade, se reportando aos relatos orais das minorias étnicas, dos iletrados, dos marginalizados entre outros. É uma história vista como alternativa a todas as construções historiográficas baseadas no escrito. Desenvolveu-se à margem da Academia, baseando-se implicitamente na idéia de que se chega à “verdade do povo” graças ao “testemunho oral” (JOUTARD, 2001,p.201).
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Um dos aspectos indicativos do desenvolvimento dessa nova história oral foi a adesão de vários estudiosos entre eles Paul Thompson na Inglaterra, Mercedes Vilanova na Espanha e Danièle Hanet na França, podendo-se afirmar que foi a partir do XIV Congresso Internacional de Ciências Históricas de San Francisco, em 1975 e do primeiro Colóquio Internacional de História oral realizado em Bolonha, que se concretizou o marco fundamental da terceira geração de historiadores orais. No Equador, Bolívia e Nicarágua foram realizadas pesquisas orais sobre o mundo camponês, em Costa Rica a Escola de Planejamento e Promoção Social da Universidade Nacional em 1983, lançou um projeto com o objetivo de tentar escrever a história do país, através da narrativa do povo (FERREIRA; FERNANDES& ALBERTI, 2000).
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No Brasil em 25 de junho de 1973, foi criado o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), que buscava através dos relatos orais “pensar e entender melhor o Brasil daquele período” (CAMARGO, 1999,p.23). Cabe pontuar que a história oral no Brasil assim como no restante da América Latina, principalmente nos países que viveram governos ditatoriais, teve sua incorporação associada ao processo de redemocratização, o que diferencia o papel da história oral latino-americana da européia ou norte-americana. Outra diferença entre, a história oral brasileira e a “história oral primeiro mundista”, era o fato de não podermos utilizar os mesmos critérios analíticos usados pelos autores estrangeiros para estudar, por exemplo, a escravidão, a miscigenação, os grupos marginalizados e excluídos (MEIHY, 2000,p17). 
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Este fato em momento algum invalidou a troca de experiências acadêmicas, o próprio CPDOC-FGV no momento de maior atividade do seu Programa de História Oral, trouxe para o Brasil dois especialistas norte-americanos que apesar de não mostrarem uma preocupação maior com as questões metodológicas tinham grande experiência com o uso do gravador e as questões mais técnicas da entrevista (CAMARGO, 1999, p.23). 
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A fundação da Associação Brasileira de História Oral (ABHO) em 1994 durante o Segundo Encontro Nacional de História Oral no CPDOC-FGV congregou historiadores orais de diferentes Estados, o que fortaleceu as trocas de experiências entre os mesmos. Essa comunhão de pesquisadores possibilitou a realização de outros eventos no país, fato que culminou com a escolha do Brasil para sediar o X Congresso Internacional de História Oral em 1998, no Rio de Janeiro, incentivando a criação de uma revista semestral e de núcleos de estudos de história oral em diferentes instituições (CAMARGO; D’ARAÚJO, 1999).
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Segundo FERREIRA & AMADO (2001,p.10) discutir os “usos e abusos da história oral” é importante para que  sejam definidos os “rumos da história oral nos próximos anos”.
“Em nosso entender, a história oral, como todas as metodologias, apenas estabelece e ordena procedimentos de trabalho – tais como os diversos tipos de entrevistas e as implicações de cada um deles para a pesquisa, as várias possibilidades de transcrição de depoimentos, suas vantagens e desvantagens, as diferentes maneiras de o historiador relacionar-se com seus entrevistados e as influências disso sobre seu trabalho – funcionando como ponte entre teoria e prática” (FERREIRA; AMADO, 2001,p.16.).
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No entanto outros estudiosos da história oral, entre eles MEIHY (1998) advogam que esta seria uma disciplina, para FERREIRA & AMADO (2001,p.31), a divergência entre os que postulam a história oral como disciplina e não metodologia está no fato destes “reconhecerem na história oral uma área de estudos com objeto próprio e capacidade (como fazem todas as disciplinas) de gerar no seu interior soluções teóricas para as questões surgidas na prática...”.
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Os que defendem que a história oral seja uma técnica, geralmente, são pessoas envolvidas na constituição e preservação de acervos orais. Estes pesquisadores utilizam as fontes orais de forma esporádica, como fontes de informação complementar, o que teoricamente justificaria essa postura (FERREIRA; AMADO, 2001). 
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É consensual, entretanto, que a história oral atingiu sua maioridade, e que apesar da discussão necessária, sobre o seu status, cada vez mais encontramos pessoas interessadas no tema.  Nos processos de mudança no campo da história oral, é inegável o empenho com que seus estudiosos têm se empenhado em divulgá-la. 
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Nesse contexto, após 40 anos de sua existência, GRELE (2001), suscita outras questões a serem discutidas, entre elas: a confiabilidade da história oral; suas realizações e como avaliar as mesmas. Para tanto o autor apresenta dois problemas relacionados que merecem solução. O primeiro se refere ao gerenciamento dos registros, onde o controle de dados torna-se cada vez mais imperativo. O segundo ponto está associado a utilidade que esses dados têm para a profissão do historiador. 
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História, tempo presente e história oral
Marieta de Moraes Ferreira
Topoi, Rio de Janeiro, dezembro 2002, pp. 314-332.
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Por que, no século XIX, a história recente, então chamada de contemporânea, tornou-se um objeto problemático? 
O ponto de partida para entender esse processo é a constatação do triunfo de uma determinada definição da história, a partir da institucionalização da própria história como disciplina universitária. Essa definição, fundada sobre uma ruptura entre o passado e presente, atribuía à história a interpretação do passado e sustentava que só os indivíduos possuidores de uma formação especializadapoderiam executar corretamente essa tarefa.
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Até 1880, a história, na França, era uma disciplina sem real autonomia, dominada pela literatura e pela filosofia e subordinada ao jogo político das conjunturas. A pesquisa histórica estava sob o controle dos eruditos tradicionais, hostis à República, e não havia um ensino especializado de história. A ausência de formação para a pesquisa histórica explica a grande heterogeneidade de normas para a sua prática.
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Gabriel Monod, fundador da Revue Historique (1876), declarava no primeiro número dessa revista que quase todos os seus predecessores eram autodidatas. Dois tipos de pessoas se destacavam como autores dos livros de história. Nas cidades, eram os profissionais liberais, notadamente os advogados, que faziam o papel de historiadores; no mundo rural, eram os quadros da sociedade tradicional, membros da Igreja e da nobreza, que dominavam os estudos históricos.
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Foi somente no começo da III República, nos anos 1870, que o lugar da história na sociedade francesa se alterou, e as regras e práticas do métier foram fixadas, num imenso esforço coletivo para romper com o antigo estado de coisas. Preocupadas com a utilização política que os conservadores faziam da história, as novas elites republicanas se empenharam desde sua chegada ao poder em assumir o controle das instâncias de produção da memória coletiva do país.
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Foi nesse quadro de afirmação dos historiadores profissionais que se colocou uma condição indispensável para se fazer uma história científica: a visão retrospectiva. O que, exatamente, queria dizer isso?
A afirmação da história como uma disciplina que possuía um método de estudo de textos que lhe era próprio, que tinha uma prática regular de decifração de documentos, implicou a concepção da objetividade como uma tomada de distância em relação aos problemas do presente. Assim, só o recuo no tempo poderia garantir uma distância crítica. Se se acreditava que a competência do historiador se devia ao fato de que somente ele podia interpretar os traços materiais do passado, seu trabalho não podia começar verdadeiramente senão quando não mais existissem testemunhos vivos dos mundos estudados. Para que os traços pudessem ser interpretados, era necessário que tivessem sido arquivados.
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Desde que um evento era produzido ele pertencia à história, mas, para que se tornasse um elemento do conhecimento histórico erudito, era necessário esperar vários anos, para que os traços do passado pudessem ser arquivados e catalogados.
Charles Seignobos, co-autor, junto com Charles Langlois, de Introduction aux études historiques, manual publicado em 1898 que definia as regras de escrita da história, pretendia divulgar os procedimentos e princípios da prática da história científica entre os jovens estudantes e historiadores.
Na sua definição, a história tinha como objetivo descrever “por meio de documentos” as sociedades passadas e suas metamorfoses. O documento e sua crítica eram assim essenciais para distinguir a história científica da história literária (praticada pela geração precedente), ou seja, os profissionais dos ensaístas.
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Para Seignobos, a prática científica da história deveria ficar restrita ao ensino superior e aos períodos recuados. Na sua concepção, para escrever a história contemporânea, as regras da méthode historique seriam impraticáveis. 
Os historiadores de profissão deveriam portanto rejeitar os estudos sobre o mundo contemporâneo, uma vez que nesse campo seria impossível afastar os amadores.
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A separação entre passado e presente colocada dessa forma radical e as competências eruditas exigidas para trabalhar com os períodos recuados garantiram praticamente o monopólio do saber histórico aos especialistas.
Assim, os historiadores recrutados pelas universidades no século XIX eram especializados na Antiguidade e na Idade Média, períodos que exigiam o domínio de um conjunto de procedimentos eruditos. Com isso pretendia- se impor critérios rígidos que permitissem separar os verdadeiros historiadores dos amadores.
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O desprezo dos historiadores universitários pela história recente explica também o porquê da desqualificação dos testemunhos diretos. Esse campo dos estudos históricos acabou se transformando em monopólio dos historiadores amadores. A explicação para essa situação deve-se ao fato de que o período recente não exigia uma farta cultura clássica, nem o controle dos procedimentos eruditos do método histórico. Os que se interessavam pelo contemporâneo na verdade concebiam a pesquisa histórica como um meio de ação política.
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Algumas iniciativas foram feitas no sentido de romper essa barreira e ampliar o espaço temporal dos estudos históricos. Mas, em grande medida, a interdição dos estudos dos períodos recentes foi mantida.
A história contemporânea passou a ter um caráter essencialmente pedagógico, mas sua prática escapava às regras básicas do método histórico- científico. Os historiadores profissionais republicanos diziam que a história contemporânea tratava de eventos muito próximos e não era possível separá-la da política.
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Mas como justificar que historiadores profissionais como o próprio Seignobos e Lavisse escrevessem livros sobre o período recente? A resposta fornecida era que se tratava de obras de vulgarização produzidas para o ensino secundário, que tinham caráter pedagógico e deviam formar cidadãos.
Seu objetivo não era produzir fatos novos, mas divulgar interpretações novas de fatos já conhecidos. A esse argumento acrescentavam ainda esses autores que a história contemporânea, essencialmente política, se baseava em fontes oficiais. Como essas fontes eram consideradas autênticas, a crítica das fontes, própria do método histórico aplicado ao passado, podia ser dispensável.
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Essa maneira de pensar a história em geral, e o contemporâneo em particular, foi alvo de intensos debates na virada do século entre historiadores e sociólogos.6 Os sociólogos ligados a Durkheim, em particular Simiand, fizeram pesadas críticas a Seignobos e ao método de pesquisa por ele concebido para garantir a objetividade. Na sua visão, o recuo no tempo não garantia a objetividade da história, pois todo historiador é tributário da sua época.
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Os sucessores de Seignobos tentaram mostrar que era possível usar o método histórico para o estudo da época contemporânea. Essas iniciativas dos historiadores profissionais pretendiam retirar a história recente das mãos dos historiadores amadores, mas a desconfiança sobre o tempo recente permaneceu.
Depois de ter desfrutado de amplo prestígio, a concepção de história baseada nos pressupostos da méthode historique formulados pelos historiadores na segunda metade do século XIX entrou em processo de declínio.
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A fundação na França da revista Annales, em 1929, e da École Pratique des Hautes Études, em 1948, iria dar impulso a um profundo movimento de transformação no campo da história. Em nome de uma história total, uma nova geração de historiadores, conhecida como École des Annales, passou a questionar a hegemonia da História Política, imputando-lhe um número infindável de defeitos — era uma história elitista, anedótica, individualista, factual, subjetiva, psicologizante. Em contrapartida, esse grupo defendia uma nova concepção, em que o econômico e o social ocupavam lugar privilegiado.
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Essa nova história sustentava que as estruturas duráveis são mais reais e determinantes do que os acidentes de conjuntura. Seus pressupostos eram que os fenômenos inscritos em uma longa duração são mais significativos do que os movimentos de fraca amplitude, e que os comportamentos coletivos têm mais importância sobre o curso da história do que as iniciativas individuais. As realidades do trabalho e da produção, e não mais os regimes políticos e os eventos,
deveriam ser objeto da atenção dos historiadores.
O fundamental era o estudo das estruturas, em que assume a primazia não mais o que é manifesto, o que se vê, mas o que está por trás do manifesto.
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O que importa é identificar as relações que, independentemente das percepções e das intenções dos indivíduos, comandam os mecanismos econômicos, organizam as relações sociais, engendram as formas do discurso.
Daí a afirmação de uma separação radical entre o objeto do conhecimento histórico propriamente dito e a consciência subjetiva dos atores.
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http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral
A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea. Começou a ser utilizada nos anos 1950, após a invenção do gravador, nos Estados Unidos, na Europa e no México, e desde então difundiu-se bastante. Ganhou também cada vez mais adeptos, ampliando-se o intercâmbio entre os que a praticam: historiadores, antropólogos, cientistas políticos, sociólogos, pedagogos, teóricos da literatura, psicólogos e outros.
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http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral
As entrevistas de história oral são tomadas como fontes para a compreensão do passado, ao lado de documentos escritos, imagens e outros tipos de registro. Caracterizam-se por serem produzidas a partir de um estímulo, pois o pesquisador procura o entrevistado e lhe faz perguntas, geralmente depois de consumado o fato ou a conjuntura que se quer investigar. Além disso, fazem parte de todo um conjunto de documentos de tipo biográfico, ao lado de memórias e autobiografias, que permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretam acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral. Isso torna o estudo da história mais concreto e próximo, facilitando a apreensão do passado pelas gerações futuras e a compreensão das experiências vividas por outros.
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http://cpdoc.fgv.br/acervo/historiaoral
O trabalho com a metodologia de história oral compreende todo um conjunto de atividades anteriores e posteriores à gravação dos depoimentos. Exige, antes, a pesquisa e o levantamento de dados para a preparação dos roteiros das entrevistas. Quando a pesquisa é feita por uma instituição que visa a constituir um acervo de depoimentos aberto ao público, é necessário cuidar da duplicação das gravações, da conservação e do tratamento do material gravado. É o que faz o Programa de História Oral do CPDOC.

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