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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 41.182 - SP (2005/0010479-2)
 
VOTO
O SENHOR MINISTRO PAULO GALLOTTI: Senhores Ministros, 
acompanho a divergência.
A dificuldade encontrada para decretar a prisão preventiva é própria do 
quadro com que se defrontaram o magistrado de primeiro grau e o Tribunal de 
Justiça de São Paulo. Com a devida vênia, não há motivação que autorize a 
segregação antecipada da paciente. Isso porque, em relação a ela, nenhum dos 
requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal está presente. 
É verdade que em raras oportunidades o clamor público tem sido 
considerado por nós, mas em cenário diverso, onde o acusado revela-se pessoa 
envolvida com a criminalidade, cujo comportamento, em última análise, pode 
colocar em risco a tranqüilidade social, justificando-se a segregação antecipada, ao 
fim e ao cabo, como garantia da ordem pública.
Não é o caso dos autos.
A gravidade da imputação que se faz à paciente, inegável, sem dúvida, 
não está em consideração, como reiteradamente tem se decidido, pois a custódia 
antecipada de quem responde a uma ação penal só pode ser imposta se 
demonstrada inequivocamente sua necessidade, exceção que é a um dos mais 
caros princípios democráticos, segundo o qual a prisão só ocorrerá após o trânsito 
em julgado da sentença condenatória.
Lamentavelmente, muitos não compreendem ou não querem 
compreender o alcance de princípio tão relevante ao ser humano, reclamando a 
adoção de providência rigorosa que lhes parece ser justa, mas que de justa nada 
tem, pois simplesmente procura antecipar o cumprimento da sanção que porventura 
venha a ser aplicada.
Documento: 1925115 - VOTO - Site certificado Página 1 de 2
 
 
Superior Tribunal de Justiça
A liberdade, no Brasil, está associada ao regime democrático.
Sua garantia exige que todos respeitem o ordenamento legal, 
notadamente no que diz com os princípios fundamentais da pessoa humana, não 
sendo admissível que sentimentos pessoais possam prevalecer nesse confronto.
Não há, pois, a meu ver, justificativa para a manutenção da prisão, 
visto que não demonstrada objetivamente sua necessidade, razão porque o meu 
voto, pedindo vênia aos Ministros Hélio Quaglia Barbosa e Hamilton Carvalhido, 
concede o habeas corpus.
Documento: 1925115 - VOTO - Site certificado Página 2 de 2

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